| ||
CAPÍTULO 01 | ||
|
||
|
||
CENA 01. TAKES. RIO DE JANEIRO. DIA.
SONOPLASTIA: (Estrela sorridente –
Luciana Mello)
Imagens da Cidade Maravilhosa. Dia de sol. Corcovado, o
Cristo Redentor. Turistas passeiam por Copacabana, o
mar. Banhistas lotam a praia. Pão de Açúcar, a região da
Urca.
CORTA:
CENA 02. CASA ARTHUR E NORMA. SALA. INT. DIA.
Arthur (50 anos, alto, forte, cabelos curtos, escuros,
algumas mexas brancas) sentado em sua poltrona,
folheando o jornal. Norma (50 anos, magra, cabelos
pretos, lisos, compridos) no sofá, costura a camisa do
marido, enquanto Fernanda (28 anos, magra, alta, cabelos
lisos, compridos, escuros, pele clara), escorada na
parede, conversa com eles.
MUSIC FADE
NORMA: - Mas esse projeto é grande
então, minha filha?
FERNANDA: - É sim, mãe. O escritório
vai lucrar bastante. E eu vou morrer trabalhando!
NORMA (dando uns pontos): - Mas isso
faz parte, Nanda. Dinheiro só vem com trabalho mesmo.
FERNANDA: - Eu sei, mamãe. E eu já
estou me programando para isso. Comprei uma mesa de
desenho nova. Vão entregar nos próximos dias.
NORMA: - Mas o que aconteceu com a mesa
que eu e seu pai te damos?
FERNANDA: - Na mudança para o
apartamento, acabou quebrando. A empresa do frete até
pagou o seguro, mas não tinha conserto. Tive que comprar
uma nova.
NORMA: - Aposto que foi uma fortuna!
FERNANDA: - Não foi barato não, mas deu
pra levar. É coisa que eu preciso, não tem como ficar
sem.
Norma percebe Arthur calado.
NORMA: - E você Arthur, não vai falar
nada? Tá aí calado feito um monge.
ARTHUR: - Estou ouvindo a conversa de
vocês.
FERNANDA: - Você acha que vai dar certo
esse serviço do escritório, papai?
ARTHUR: - Acho que vai sim, embora como
você mesma disse, não vai ter descanso. Se tivesse
ficado com o Gabriel/
FERNANDA: - De novo essa história, pai?
NORMA (tom): - Por favor, vocês dois.
ARTHUR: - Quando eu estou calado,
reclamam. Quando dou minha opinião, reclamam também. Não
sei o que eu faço agora!
FERNANDA: - Pode dar a sua opinião sim,
mas não sobre um assunto que já está encerrado.
ARTHUR: - Ele esteve aqui outro dia.
FERNANDA (olhando para Norma): -
Esteve?
Norma confirma com a cabeça. Fernanda não gosta.
FERNANDA: - E o que ele queria? Já sei,
falou as mesmas coisas de sempre.
ARTHUR: - Ele te ama, minha filha. E eu
não sei como você o despreza tanto!
FERNANDA: - Eu até gosto do Gabriel,
sabe.
ARTHUR: - Mas então?!
FERNANDA: - Mas gostar é diferente de
amar! Eu não estou mais com ele e ele precisa entender
isso, pai!
ARTHUR: - Quem não entende nada é você,
Nanda. Ele é um cara legal.
FERNANDA: - Eu sei disso. Em nenhum
momento eu falei que ele não era. Mas eu estou feliz
assim. E eu não quero que vocês dois fiquem dando corda,
esperança pro Gabriel sobre mim.
NORMA: - Vocês não! Seu pai!
ARTHUR: - Ele é um ótimo partido!
Estudioso, um grande executivo, culto, formado, sabe
como se portar! Tem garbo!
FERNANDA: - E gruda mais que chiclete
no sapato.
ARTHUR: - Um ciúme apimenta a relação.
NORMA (impressionada): - Você anda
estudando sobre relacionamentos amorosos, Arthur?
ARTHUR: - Os programas de TV, nas
revistas... Todo mundo sabe disso, Norma.
NORMA: - Mas o Gabriel era meloso
mesmo.
ARTHUR: - Norma! De que lado você está?
NORMA: - Estou do lado do que é melhor
para todos.
FERNANDA: - Até que enfim uma voz
sábia!
ARTHUR: - Sua mãe só pode estar ficando
louca!
NORMA: - Eu só quero que tudo fique
bem, com a Nanda feliz e o Gabriel também, só isso.
Estando eles juntos ou não.
ARTHUR: - E você acredita mesmo que ela
vai ser feliz levando essa vida totalmente depravada e
sem pudores?
CLÍMAX.
FERNANDA: - Pai!
NORMA: - Arthur, isso é jeito de falar?
ARTHUR: - Eu vou subir.
Arthur se retira da sala, um pouco indignado. Norma olha
para Fernanda, que tenta esconder a chateação. Fernanda
pega sua bolsa e sua pasta no sofá.
NORMA: - Não liga para o seu pai,
filha.
FERNANDA: - Tudo bem, mãe. Eu já estou
me acostumando. (beija Norma no rosto). Fica bem.
NORMA: - Você também, meu anjo. Deus te
ilumine.
Fernanda vai embora. Norma fica um pouco sentida. Volta
para o sofá, pega a camisa e continua sua costura.
CORTA:
CENA 03. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Takes do Rio de Janeiro, do centro da cidade, muita
movimentação. Trânsito intenso, pessoas indo e vindo.
CORTA:
CENA 04. ESCRITÓRIO ARQUITETURA O&K. INT. DIA.
CAM mostra o interior de um escritório
de arquitetura. Fernanda está em sua mesa, trabalhando.
Um colega se aproxima, analisa o desenho dela. A
cumprimenta pelo trabalho. Fernanda volta-se para o
serviço, concentrada.
Passa um tempo, o celular de Fernanda avisa a chegada de
uma mensagem. Ela pega o aparelho e lê a mensagem. Abre
um sorriso carinhoso.
CENA 05. RESTAURANTE. INT. DIA.
Paula (30 anos, magra, estatura mediana, cabelos curtos,
pretos), Roberta (27 anos, morena, cabelos ondulados,
alta, corpo escultural) e Matheus (25 anos, cabelo
curto, castanho, pele clara, porte atlético) estão
sentados em uma mesa, conversando.
ROBERTA: - E aí, ligou pra Nanda?
PAULA: - Mandei uma mensagem.
MATHEUS: - Ai, tomara que ela venha
mesmo! Adoro esses nossos almoços assim!
PAULA: - Só espero que não demore
muito. Meu horário de almoço hoje está apertadíssimo.
ROBERTA: - Muito trabalho?
PAULA: - Aquele supermercado me cansa,
sabia? Às vezes tenho vontade de largar tudo e ir embora
de lá.
MATHEUS: - Tá louca? E como vai manter
o apartamento? Vocês se mudaram há pouco tempo!
PAULA: - Eu sei, penso muito nisso
também. Não quero sobrecarregar a Nanda. Ela batalha
bastante.
MATHEUS: - Falando nela...
Fernanda se aproxima da mesa.
FERNANDA: - Oi gente! Demorei?
ROBERTA: - Quase nada amiga, fica fria.
MATHEUS: - Nanda, como você está linda!
Ela senta ao lado de Paula.
FERNANDA: - Obrigada, Matheus! Você
também tá um gatinho sabia?
MATHEUS: - Academia, meu amor! Estou
indo quase todos os dias!
PAULA: - Cuidado pra não viciar. Homem
bombado demais não é legal.
ROBERTA (debochada): - Você fala como
se gostasse da coisa, Paula.
PAULA: - Mas eu sou mulher, minha
querida. Sei o que é bonito e o que não é, mesmo não
curtindo.
Ela ri.
MATHEUS: - Mas quem disse que eu estou
indo malhar? Eu vou lá pra ver os boys suando, sem
camisa no vestiário, com aqueles corpões sarados! Ai, me
dá até arrepios!
Todos riem.
FERNANDA: - Já fizeram os pedidos?
ROBERTA: - Ainda não. Estávamos
esperando você.
PAULA: - O que você vai querer?
FERNANDA: - O mesmo que você.
Elas trocam um beijo no rosto. Roberta faz sinal para o
garçom, que se aproxima e entrega os cardápios.
CENA 06. RESTAURANTE. EXT. DIA.
Em frente ao restaurante, na calçada, Roberta e Matheus
conversam, enquanto aguardam Paula e Fernanda, que estão
um pouco mais adiante.
FERNANDA: - Hoje estive na casa dos
meus pais.
PAULA: - E aí?
FERNANDA: - E aí que a visita estava
numa boa até que meu pai tocou no assunto Gabriel e a
gente meio que teve uma discussão.
PAULA: - Que chato isso. Não gosto
quando você briga com seus pais.
FERNANDA: - Também não. Foi mais meu
pai. Minha mãe tenta sempre manter o equilíbrio.
PAULA: - Ela aceita mais do que ele.
FERNANDA: - É, um pouco. Ela respeita.
Pelo menos não demonstra tanta rejeição.
Paula olha a hora no relógio.
PAULA: - Preciso ir. Meu horário de
almoço já acabou.
FERNANDA: - Bom trabalho para você
então.
PAULA: - Pra você também.
As duas se aproximam, se olham fixamente, como se fossem
se beijar, mas apenas se abraçam. Se afastam.
FERNANDA: - Até à noite.
Paula acena para Fernanda. Fernanda retribui e acena
para Matheus e Roberta, que também a cumprimentam.
Fernanda segue. Paula vai embora acompanhada de Roberta
e Matheus.
CENA 07. SUPERMERCADO COMPRE AKI. INT. DIA.
Supermercado com movimento grande. Paula trabalha no
caixa, passando mercadorias de uma cliente. Tito (19
anos, cabelos curtos, escuros, magro) entra no mercado.
Para próximo da porta, olha para todos os lados,
procurando por alguém. Ele a encontra e se dirige até o
caixa. Paula atende outro cliente.
TITO: - Paula?
PAULA (surpresa / passando as compras):
- Tito? O que você está fazendo aqui?
TITO: - Eu preciso falar com você.
PAULA: - Agora?
TITO: - Seria bom...
Paula olha para os lados, até encontrar Ivete (30 anos,
magra, loira, cabelo comprido). Paula faz sinal. Ivete
se aproxima.
IVETE: - O que foi Paula?
PAULA: - Você pode ocupar aqui, só um
pouquinho? Preciso resolver um assunto.
IVETE: - Tudo bem. Mas só hoje hein?
PAULA: - Não se preocupa, não vai
acontecer outra vez. Vamos Tito.
CORTA:
CENA 08. RUA QUALQUER. CALÇADA. EXT. DIA.
Um pouco longe do supermercado, Tito e Paula conversam
enquanto caminham.
PAULA: - O que a mamãe aprontou desta
vez?
TITO: - Está lá, bêbada.
PAULA: - De novo?! Não acredito!
TITO: - Desta vez foi pra valer. Brigou
com o João.
PAULA: - Brigaram por quê?
TITO: - Viu ele se engraçando com outra
no boteco da esquina.
PAULA: - Seu pai também não dá um pouco
de sossego, né?
Tito olha para o chão, um pouco constrangido,
envergonhado. Paula percebe.
PAULA: - Desculpa Tito, não falei por
mal. Mas poxa, parece que nunca tem paz naquela casa. Eu
fico preocupada é com você.
TITO: - Mas eu me viro, dou um jeito. O
que eu não consigo é ver a mamãe naquele estado.
PAULA: - Vamos lá, eu vou falar com
ela.
Os dois seguem caminhando, agora um pouco mais
apressados.
CENA 09. CASA ELIANE. SALA. INT. DIA. Paula e Tito entram na casa. A sala está escura, janelas fechadas. Tito vai abrindo as cortinas e janelas, clareando o ambiente, enquanto Paula vai em direção ao QUARTO,
de Eliane. O cômodo é sem luxo, mas com mobília
conservada. Paula observa no chão, garrafas de vodka,
cachaça e maços de cigarro. Eliane (50 anos, magra,
cabelo pretos, curtos, aparência cansada) está de pé, de
frente para a janela, olhando para rua, fumando um
cigarro. Paula fica observando-a.
ELIANE: - O Tito já foi fazer fofoca
pra você, não é?
PAULA: - Ele está preocupado.
ELIANE: - Eu não preciso que ninguém se
preocupe comigo.
PAULA: - Mas ele se preocupa com você e
quer te ajudar, mesmo que você não queira.
ELIANE (ríspida): - Ele que não perca o
tempo dele comigo. Não quero que sinta pena, que sinta
dó, não quero que sinta nada!
PAULA: - Por que você faz isso?
E
ELIANE: - Isso o quê?
PAULA: - Se humilha assim, se destrói
desse jeito? Você não precisa disso. O João/
ELIANE (fala alto): - Não fala o nome
desse homem aqui dentro! Não quero ouvir nada sobre ele!
Nada!
PAULA: - Quer saber? Eu não vou falar
nada mesmo. Até porque, cedo ou tarde você vai voltar
para os braços dele, como sempre fez.
ELIANE: - Você não tem direito nenhum
de falar sobre as minhas atitudes. Eu faço da minha vida
o que eu bem entender.
PAULA: - Já vi que foi perda de tempo
eu ter vindo aqui. Eu vim mais pelo Tito, coitado.
Eliane joga o cigarro pela janela.
ELIANE: - É, vai cuidar da sua vida que
você ganha mais. Vai! Fica lá com a tua namoradinha,
aquela franguinha metida a romântica, vai! (ri)
PAULA: - Você diz isso porque não
conhece a Nanda.
ELIANE: - E nem quero conhecer! Só pode
ser uma vadia da rua, uma qualquer.
CLÍMAX. Paula se aproxima de Eliane e a
segura fortemente pelos braços, a sacudindo.
PAULA (irritada): - Não fala assim
dela, eu disse!
ELIANE (gritando): - O que é? Vai bater
em mim agora? Vai virar a mão na cara da sua mãe?! Anda!
Bate, Paula! Você sempre foi tão corajosa, tão
audaciosa, dona de si. Bate agora! Desce a mão na cara
da sua mãe, que te amamentou, que te colocou no mundo!
PAULA: - Mas que nunca me deu amor como
deveria. E nunca me apoiou quando eu precisei!
ELIANE: - Sobre o amor, talvez eu tenha
falhado sim. Mas, sobre te apoiar... Eu sempre te
apoiei. Só que eu nunca vou concordar com esse seu
lesbianismo chulo.
Paula solta a mãe, se afasta, tenta se acalmar.
ELIANE: - Eu nunca vou concordar com
isso. Pra mim, essa é a maior vergonha que você me
causou e que ainda me causa.
Paula olha séria para Eliane, que acende mais um
cigarro. A primeira se afasta, vai embora sem se
despedir da outra, que senta na cama, pensativa,
enquanto traga o cigarro.
CORTA:
CENA 10. CASA ELIANE. SALA. INT. DIA.
Tito está sentado no sofá, apreensivo. Paula entra.
TITO: - E aí, falou com ela?
PAULA: - Não adianta. O jeito é você
não se preocupar, Tito. Tudo vai voltar ao normal, como
sempre.
TITO: - Vocês brigaram, não é? Eu ouvi
os gritos.
Paula fica com os olhos marejados. Tito abraça a irmã.
PAULA: - Eu não queria que fosse assim.
TITO: - Eu também não.
Nesse instante, João (55 anos, magro, barbudo, careca)
entra em casa, um pouco alcoolizado. Tito e Paula o
olham.
JOÃO: - O que foi? Estão parados aí me
olhando por quê? Não sou palhaço pra ficar chamando
atenção. Vão procurar o que fazer!
João vai indo em direção ao quarto. Tito olha preocupado
para Paula.
PAULA: - Não se preocupa, Tito. Eu
preciso ir agora, voltar pro serviço. Mas fica calmo.
Qualquer coisa, me liga. Tudo vai ficar bem. Você sabe.
TITO: - Obrigado, Paula. Amo você.
PAULA: - Também te amo, mano.
Paula beija Tito no rosto e vai embora. Ele senta-se
novamente no sofá. Fica pensativo.
CENA 11. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA O&K. INT.
DIA.
Fernanda trabalha em sua mesa, concentrada. Um Office
boy entra no escritório carregando uma grande buquê de
rosas vermelhas. Todos no escritório param para ver. O
entregador se aproxima da mesa de Fernanda.
OFFICEBOY: - Dona Fernanda?
FERNANDA (surpresa): - Sim?
OFFICEBOY: - São pra você.
O Office boy entrega o buquê para Fernanda. Os colegas
do escritório comentam, curiosos, um pouco eufóricos.
Fernanda recebe o buquê surpresa, um pouco espantada.
Assina o papel para o entregador, que vai embora.
Fernanda admira impressionada o presente. Laisla (26
anos, negra, cabelos cacheados, volumosos, corpo
sensual) se aproxima.
LAISLA: - Menina, que buquê lindo é
esse?!
FERNANDA: - Sabe que eu não sei!
LAISLA: - Que maravilha! Quem me dera
ganhar um assim. Vê logo o cartão de quem é!
Fernanda abre o cartão. Laisla olha com expectativa.
Fernanda não esboça nenhuma reação de ânimo. Laisla
estranha.
LAISLA: - Então, mulher? Não vai dizer
de quem é? Parece até que não gostou do presente...
FERNANDA: - Gostar eu até gostei.
LAISLA: - E aí?
FERNANDA: - É do meu ex, o Gabriel.
LAISLA: - Ah, mas então esse cara
continua muito, mas muito apaixonado por você! Porque
ninguém manda um buquê lindo desses se não sente mais
nada.
FERNANDA: - Aí é que está. Ele ainda
gosta de mim, mas eu não gosto mais dele.
LAISLA: - E o que diz no cartão?
FERNANDA: - É um convite pra jantar com
ele, hoje.
LAISLA: - Ai que romântico! E você não
vai?
FERNANDA: - Não.
LAISLA: - Ai Fernanda, dá uma chance
pro rapaz!
FERNANDA: - Não, não, sem chances
(risos)
LAISLA: - E aí, o que você vai fazer
com as flores? Vai jogar fora?
FERNANDA: - Pelo contrário. Eu achei
muito lindas as flores. Vou levar pra casa, colocar num
vaso bem bonito, pra enfeitar.
Laisla se afasta. Fernanda concorda, fica observando o
buquê.
CENA 12. RIO DE JANEIRO. DIA. EXT.
SONOPLASTIA: (Estrela sorridente –
Luciana Mello)
Takes do Rio em sua movimentação no centro. Transição do
dia para a NOITE. PANORÂMICA da cidade
destacando as luzes que emanam dos prédios, dos carros
no trânsito.
CENA 13. APTO FERNANDA E PAULA.
SALA. INT. NOITE.
MUSIC OFF.
Escuro. Fernanda abre a porta do apartamento. Só se vê a
claridade da luz do corredor do prédio e sua silhueta na
sombra. Fernanda entra, deixa a porta aberta, tenta
ligar a luz, percebe que não há energia no apto.
FERNANDA: Não acredito nisso.
Ouve-se os passos dela caminhando pelo local.
CORTE DESCONTÍNUO de Fernanda colocando uma
vela sobre a mesa. O local está iluminado por várias
delas. Observa-se o buquê de rosas dentro de um vaso
sobre um armário. Fernanda pega um radinho de pilhas no
móvel e liga o aparelho, que toca o refrão da música
Estrela Sorridente – Luciana Mello, no ambiente.
Ela sai de cena.
CORTA:
CENA 14. APTO FERNANDA E PAULA. COZINHA. INT.
NOITE.
Fernanda abre a geladeira, retira alguns alimentos,
coloca sobre a mesa. Pega uma panela, começa a preparar
o jantar.
CENA 15.
AVENIDA. ÔNIBUS. INT. NOITE.
MUSIC OFF.
Paula está sentada no ônibus, cansada do serviço. Está
longe, pensativa, olhando a movimentação do lado de
fora. O ônibus passa em frente a um restaurante e
CAM se aproxima da fachada do mesmo.
CENA 16. RESTAURANTE CHIQUE. INT. NOITE.
O restaurante está com bom movimento. Em uma das mesas,
mais central, está Gabriel (30 anos, cabelos lisos
curtos, pretos, porte atlético, usa óculos de grau,
veste blazer preto), sentado, sozinho. Está um pouco
ansioso, olha a hora no relógio. O garçom aparece para
servi-lo. Ele agradece e dispensa o serviçal.
GABRIEL (frustrado): Eu já devia saber.
CENA 17. APTO FERNANDA E PAULA. COZINHA. INT.
NOITE.
Fernanda prepara a comida, dançando também ao som de uma
música qualquer vinda do radinho de pilhas. Ouve-se o
barulho na porta. Ela sorri e desliga o fogão.
CORTA:
CENA 18. APTO FERNANDA E PAULA. SALA. INT.
NOITE.
Paula entra carregando sacolas ao mesmo tempo em que
Fernanda.
PAULA: - Sem luz ainda?!
FERNANDA: - Parece que só amanhã mesmo.
Fernanda a ajuda com as sacolas.
PAULA: - Ai que saco isso, viu? Falei
pra você que a gente deveria ter ficado naquele outro
apartamento que a gente viu. Esse aqui é muito precário,
nem elevador tem! As paredes estão mofadas...
FERNANDA: - Mas é mais perto do meu
serviço, mais perto do centro, mais barato. E com o
tempo a gente resolve tudo.
PAULA: - Lá vem você com essa história
de tempo novamente.
FERNANDA: - Não posso fazer nada se eu
estou sempre certa de que o tempo é o melhor remédio
para tudo. A gente não esperou pra ficar juntas aqui?
Então, agora é ter tempo para arrumar o nosso cantinho
como a gente quer.
PAULA (carinhosa): - Você sempre me
confortando, me dando força.
FERNANDA: - Vai lá, toma um banho que
eu já estou quase terminando o jantar.
PAULA (salienta): - Banho com água
fria, né?
FERNANDA: - Você vai ter que fazer esse
sacrifício.
Paula vai em direção ao quarto reclamando. Fernanda
volta para a cozinha carregando as sacolas.
CENA 19. RESTAURANTE CHIQUE. INT. NOITE.
Gabriel já parece perder as esperanças. Toma um gole do
vinho. Aguarda. O garçom se aproxima novamente.
GARÇOM: - O senhor gostaria de fazer o
pedido agora ou vai esperar mais um pouco?
Gabriel pensa um pouco.
GABRIEL: - Não vou querer mais nada
não, obrigado. Pode trazer a conta.
GARÇOM: - Como quiser, senhor. Com
licença.
Gabriel pega o telefone, disca o número e aguarda.
GABRIEL: - Alô? Seu Arthur? Sou eu,
Gabriel. (T) Ela não veio. (T) Não, eu esperei e nada.
Já pedi a conta, eu estou indo embora. (T) Não adiantou
muito não. (T) Sem problemas... (T) Sei... (T) Acha que
é uma boa? (T) Tá certo, vou fazer isso! Boa noite.
Desliga. Gabriel pega a pequena caixa que está sobre a
mesa. Abre. PLANO DETALHE
de um anel de ouro com brilhantes. Ele fecha a caixa.
CENA 20. APTO FERNANDA E PAULA. SALA. INT.
NOITE.
Fernanda coloca o jantar na mesa. Paula entra.
PAULA: - O cheiro está maravilhoso!
FERNANDA: - Bom que gostou!
PAULA (sentando-se): - Que flores são
essas? São lindas!
FERNANDA (servindo Paula): - São lindas
mesmo.
PAULA: - Comprou?
FERNANDA: - Aham.
PAULA (tom): - Pensei que fosse mais
uma do, ce sabe...
FERNANDA: - Não. Gabriel parou com
isso.
PAULA: - Ainda bem! Porque ô carinha
insistente viu. Ele não desiste! Fica ligando, mandando
recados... É muita cara de pau!
FERNANDA: - Calma, Paula! Calma!
PAULA: - É que eu me irrito com isso!
Ele não te deixa em paz, poxa!
FERNANDA: - Mas eu não estou na dele!
Estou aqui, com você! Pronto.
Paula fica mexendo na comida, tentando se acalmar.
Fernanda a observa, risonha. Paula percebe.
PAULA: - O que foi?
FERNANDA: - Você fica tão lindinha
quando está irritada.
PAULA: - Ah, para Nanda. Assim eu fico
até sem jeito.
FERNANDA: - E assim você fica mais
bonita ainda.
As duas se olham, carinhosas.
CORTA:
CENA 21. CASA ARTHUR E NORMA. SALA. INT. NOITE.
Arthur coloca o telefone no gancho. Norma surge por ali.
NORMA: - Quem era no telefone?
ARTHUR (sentando-se no sofá): - Pessoal
do bar chamando para o jogo hoje. Mas eu quero ficar em
casa.
NORMA: - Só isso mesmo?
ARTHUR (assiste a TV): - Aham.
Norma se aproxima, senta ao lado dele no sofá, se
aninham. Silêncio. Apenas o som da TV, noticiário.
NORMA: - Sobre o que você falou pra
Nanda hoje aqui em casa/
ARTHUR: - Eu falei o que tinha que ser
dito, Norma. É o que eu penso, no que é melhor para a
nossa filha.
NORMA: - Ah, você sabe o que é melhor
pra Nanda, então?
ARTHUR: - A Nanda era tão feliz com o
Gabriel, até conhecer essa louca que desgraçou a vida
dela. Afastou nossa filha da gente.
NORMA: - Quem está afastando a Nanda da
gente é você, com esse comportamento agressivo, Arthur.
ARTHUR: - Eu não quero mais falar sobre
isso, Norma. Até porque, cedo ou tarde a Nanda e o
Gabriel vão voltar e/
NORMA: - Ah, eles vão voltar?! (ri,
irônica)
ARTHUR (continua): - Eles vão voltar e
aí eu vou poder dizer, em alto e bom tom, que eu sempre
tive razão nessa história toda!
Retorna o silêncio. Apenas o som da TV. Norma balança a
cabeça negativamente.
CENA 22. APTO FERNANDA E PAULA. INT. NOITE.
Fernanda e Paula sentadas no sofá, comendo brigadeiro de
panela.
PAULA: - Nanda, esse seu brigadeiro é o
melhor que eu já comi na minha vida! Dos deuses!
FERNANDA: - Fazia muito tempo que eu
não comia. Está uma delícia mesmo!
As luzes se acendem no ambiente. Fernanda e Paula se
olham surpresas.
PAULA: - A luz voltou!
FERNANDA: - Que ótimo! Eu pensei que
fosse só amanhã!
PAULA: - Que maravilha que veio hoje!
Vou apagar as velas.
Fernanda apaga as velas da sala. Paula vai para a
cozinha. Fernanda volta para o sofá, com a panela de
brigadeiro. A campainha toca.
PAULA (vinda da cozinha): - Deixa que
eu atendo.
Fernanda acompanha Paula até o corredor.
FERNANDA: - Quem será a essa hora?
Paula abre a porta. CAM enquadra
Gabriel. Fernanda e Paula se surpreendem.
FERNANDA: - Gabriel?!
PAULA: - O que você está fazendo aqui,
cara?!
GABRIEL (ignora Paula): - Eu esperei
você para jantar, Nanda, mas você não apareceu. Então
pensei em vir aqui saber o que houve. Posso entrar?
PAULA (irritada): - Mas você só pode
estar brincando!
GABRIEL: - Então? Vai me deixar entrar,
Nanda? PLANO GERAL de Gabriel e Paula encarando Nanda, que está encurralada. |
||
CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO: |
||
CENA
APTO FERNANDA E PAULA. INT. NOITE.
Gabriel espera a
resposta de Fernanda.
GABRIEL: - E então? Posso entrar?
PAULA: - Mas é claro que não! Cara de
pau! Sai logo daqui antes que/
FERNANDA: - Deixa, Paula.
PAULA (encara Nanda/surpresa): - Como é
que é? Não, Nanda, eu não acredito que você vai deixar
esse cara entrar aqui na nossa casa!
GABRIEL (sutil): - Você fala como se de
fato fossem um casal.
PAULA (enfatiza): - Nós somos um
casal! ... |
||
NESTA SEGUNDA, CAPÍTULO INÉDITO DA NOVELA "ESCOLHAS DA VIDA" |
||
CENA
APTO FERNANDA E PAULA. INT. NOITE.
FERNANDA: - Será que é tão difícil de
entender isso? É tão difícil respeitar minha decisão?
GABRIEL: - É difícil sim, Nanda. É
muito difícil. E sabe por quê? Porque eu ainda amo você.
Amo muito. E me dói profundamente ver que... Tudo o que
a gente viveu, que a gente construiu juntos/
FERNANDA: - Nós não construímos nada
juntos, Gabriel. Não aumenta as coisas.
GABRIEL: - Toda a nossa relação foi por
água abaixo quando você conheceu essa louca aí e
resolveu apostar numa aventura.
FERNANDA: - Aventura?! ... |
||
REALIZAÇÃO Copyright © 2016 - WebTV www.redewtv.com Todos os direitos reservados Proibida a cópia ou a reprodução |
||
.aaa.
|
.aaa. | |
Navigation
Comentários: