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CAPÍTULO 08 - CAPÍTULO ESPECIAL | ||
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| CENA 01 | CASA DE CARLOS / SALA / INT. / DIA. Continuação do capítulo anterior. Luciano ainda em pé, com a foto de Bruna na mão, repete a pergunta. LUCIANO: E aí, conhece ou não a Bruna? JANAÍNA: (eufórica) Claro que eu conheço. Ela é minha filha. LUCIANO: (atônito) Filha? Mas como? Janaína se aproxima de Luciano, ainda eufórica, e o puxa para sentar no sofá da sala. JANAÍNA: Você a conhece, Luciano? LUCIANO: Sim. Ela ‘tá’ morando na mesma república que eu. Janaína abre um sorriso, seus olhos brilham. Ela olha para cima e junta as mãos, em agradecimento. JANAÍNA: Muito obrigada Senhor. Muito obrigada! Ela volta-se para Luciano segurando suas mãos, dando-lhe um pequeno susto. JANAÍNA: Luciano, você tem que me levar até essa república. Eu preciso explicar tanta coisa à minha filha. Ela chegou aqui em casa de repente, viu uma situação constrangedora e saiu sem rumo. Desde esse dia eu não paro de pensar nela, sozinha nessa cidade tão perigosa. E agora você me dá uma notícia maravilhosa dessas? Você não sabe o quanto me deixa feliz! LUCIANO: Mas que coincidência, meu Deus! Você e a Bruna, mãe e filha? JANAÍNA: A vida nos prega cada peça. Mas então, você me leva até lá? LUCIANO: Claro. Claro. Mas eu não sei em que circunstâncias vocês se encontraram Janaína. Aliás, eu até imagino. Você disse que foi uma situação constrangedora. Acho que ainda não é o momento de você falar com ela. Andaram acontecendo uns problemas chatos com amigos nossos. O clima lá em casa tá pesado. Talvez esse encontro agora não seja uma boa. Você entende? JANAÍNA: (contrariada) Tudo bem. Eu entendo. Mas tem que ser o mais rápido possível. Promete que assim que der você vem aqui e me leva lá? LUCIANO: Prometo. Eu te ligo dando notícias. JANAINA: Obrigada. Você tirou um peso das minhas costas. LUCIANO: Bom, eu fico em feliz em poder ajudar. (p)Sabe Janaína, você é o que eu tenho mais próximo de uma mãe. Ela se emociona. JANAINA: Oh Luciano! Saiba que eu também tenho muito carinho por você. Sei que você não concorda com as coisas que o Carlos faz, você não é como ele. Eles se abraçam. | CENA 02 | REPÚBLICA / QUARTO MORANGO / INT. / DIA. Vanessa está apoiada na janela com olhar distante, olhos vermelhos e maquiagem borrada das lágrimas. Valeska entra furiosa no quarto e fala sem parar, enquanto anda ligeiramente pelo quarto, inconformada. VALESKA: (brava) Quem ele pensa que é? ‘Me trocar’ por aquela interiorana sem sal que mal sabe falar! O Marcelo deve ter algum problema sério, só pode. Quem em sã consciência me dispensaria assim, do nada? Mas deixa estar, ele vai se arrepender quando cair na real e perceber que trocou filé mignon por carne de quinta. (ela grita) Que ódio! Valeska se dá conta que enquanto tagarelava, Vanessa não esboçou reação alguma, continua paralisada olhando para o lado de fora da janela. VALESKA: Vanessa, ouviu o que eu disse, garota? O Marcelo terminou comigo. Vanessa enxuga as lágrimas com as duas mãos e vira-se para a irmã. VANESSA: (voz embargada) Você sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer. VALESKA: Sabe o que me deu mais raiva? Ele teve o disparate de dizer que aquelazinha é melhor do que eu. Como ele ousa me comparar a ela? Eu sou muito superior àquela mosca morta. VANESSA: No mínimo você provocou. Valeska não percebe o estado da irmã e estranha sua reação. VALESKA: Que é isso garota? Tá do lado dela agora? Vanessa cruza o quarto em direção ao banheiro. Ela para na porta que está aberta. VANESSA: (desanimada) Não, Val. Claro que não. Você vai fazer o que agora? VALESKA: O que você acha, querida? Vou fazer o que toda vilã que preze faz. Me vingar! VANESSA: Eu vou tomar banho. Vanessa fecha a porta na cara da irmã, que não gosta nada disso. | CENA 03 | CONDOMÍNIO ALMIRANTE / APARTAMENTO 209 / SALA / INT. / DIA. Hora do almoço. Sentados à mesa estão Igor e Jaqueline, tentando se recuperar do que aconteceu mais cedo. Isabel entra pela porta da casa cruzando a sala de estar e jogando as sacolas de compras que carregava nas duas mãos, além de sua bolsa, no sofá. Ela se junta aos filhos à mesa. ISABEL: Cheguei na hora, meus amores? JAQUELINE: Sim, mãe. ISABEL: E como foi o primeiro dia de aula? IGOR: Como sempre. ISABEL: Espero que “como sempre” signifique que foi bom. IGOR: Não espere. Silêncio. Isabel observa os filhos que trocam olhares desconfiados enquanto começam a comer. ISABEL: Tá acontecendo alguma coisa que eu não sei? Jaqueline quase se engasga. JAQUELINE: (nervosa) Não, mãe. Claro que não. O que poderia estar acontecendo? ISABEL: Não sei. Me diz você, filha! IGOR: Você tá cada vez mais paranoica mãe. Igor levanta-se de repente da mesa e joga o lenço em cima do prato. IGOR: Perdi a fome. Ele se retira, deixando Isabel ainda mais desconfiada. Jaqueline olha para o prato. | CENA 04 | SÃO PAULO / BAIRRO DA REPÚBLICA / EXT. / DIA. MUSIC ON: (Flor do meu Jardim – Faluja) O sol se põe aos poucos e dá lugar a noite enluarada. Takes do bairro onde se localiza a república com a rotina calma do lugar. CAM mostra a fachada da república. Corta para. | CENA 05 | REPÚBLICA / QUARTO MAÇÃ / INT. / NOITE. Bruna está navegando na internet, sentada de frente para o computador. Alguém bate na porta e a abre devagar. Bruna gira e fica de frente para a pessoa que acabara de entrar. É Celina. MUSIC OFF. CELINA: Puedo hablarte un poquito? [Posso falar um pouquinho com você?] Bruna se mostra envergonhada, mas assente com a cabeça. Celina entra e sem perceber deixa a porta entreaberta, se aproximando de Bruna, puxando um puf para sentar-se perto dela. CELINA: Creo que ya sabes cuál es el asunto. [Acredito que você já sabe qual é o assunto.] BRUNA: Sei sim. CELINA: Te he recebido en nuestra casa con todo mi amor, cuando necesitaste. Te he ayudado cuando en el momento más difícil... [Te recebi em nossa casa com todo meu amor, quando você precisou. Te ajudei no momento mais difícil...] Bruna a interrompe. BRUNA: Olha, Celina. Se for por causa do trabalho que eu prometi conseguir, não precisa se preocupar/ É a vez de Celina a interromper. CELINA: No, no, no... No es eso. Voy a intentar ser directa contigo. Es que aún no me has dicho que te ha pasado cuando te encontré en la plaza, sola, llorando. Solo dijiste que hubiera salido de casa. Creo que ya es el momento de cuentarme qué pasó contigo, si?! [Não é isso. Vou tentar ser direta com você. É que você ainda não me disse o que aconteceu quando te encontrei naquela praça, sozinha e chorando. Só disse que tinha saído de casa. Acho que é o momento de me contar o que aconteceu, sim?] Bruna engole em seco, mas fala. BRUNA: Você tem razão, Celina. Eu vou te contar o que aconteceu comigo. Corte de cena para o CORREDOR que dá acesso a todos os quartos. Valeska, vinda do quarto Morango caminha e percebe as vozes de Celina e Bruna. Curiosa, ela se encosta próxima a porta para ouvir a conversa alheia. Corta para o interior do QUARTO Maçã. BRUNA: Eu vim do interior pela bolsa de estudos que ganhei na Campelo Costa. Minha mãe já morava aqui em São Paulo há algum tempo. Fui criada praticamente pelos meus avós. Aproveitando a oportunidade que tive de ingressar na universidade, resolvi vir de vez pra cá e fazer uma surpresa pra ela. A gente sempre teve contato e apesar dela não ter me criado eu nunca deixei de tê-la como mãe, eu até tinha orgulho da coragem e determinação que ela teve ao sair do interior e tentar a vida na cidade grande, a gente que mora em cidade pequena tem esse desejo, sabe. Bom, no fim das contas quem teve a surpresa foi eu. Bruna começa a chorar. BRUNA: Você não sabe o que eu descobri. Me envergonho só de lembrar. CELINA: ¿Qué descobriste, hija? [O que descobriu filha?] BRUNA: (chorando) A minha mãe... ela virou uma prostituta! Celina se surpreende pondo a mão na boca. Corte de cena para o CORREDOR, CLOSE em Valeska boquiaberta com a revelação de Bruna. | CENA 06 | REPÚBLICA / SALA / INT. / NOITE. Reunidos no sofá central estão Marcelo, do lado esquerdo do ponto de vista da TV; Luciano e Fabiana, estes abraçados e trocando beijos no lado direito do sofá. MARCELO: Eu preferia quando vocês só se pegavam no quarto. FABIANA: Ih Marcelo. Que foi? Tá carente? Tá aí sozinho porque quer, meu filho... Luciano ri. Marcelo finge que não entende e muda de assunto. MARCELO: Mas então?! Que barra esse acidente do Celso né. Como pode uma coisa dessas acontecer assim do nada. FABIANA: Se é que foi do nada. LUCIANO: Por que diz isso? Fabiana se solta de Luciano e se ergue no sofá gesticulando enquanto fala. FABIANA: Vocês não acharam a reação do Cláudio exagerada demais? Tudo bem que ele tivesse ao volante, mas daí a se culpar daquele jeito? Qualquer um diria que o acidente foi proposital, ou algo do tipo. LUCIANO: Realmente, eu nunca vi o Cláudio tão desesperado. Ele tinha plena consciência de que a culpa era dele. (abismado) Ele chorou, gente! MARCELO: Eu acho uma reação perfeitamente normal. Ele dirigia. Nessa situação a pessoa acha que poderia ter evitado de alguma maneira. Sei lá. FABIANA: Eu achei esquisitíssimo. MARCELO: Então você acha que não foi um acidente, Fabi? FABIANA: Eu acho que sim, mas que de alguma forma o Cláudio tinha consciência de que poderia acontecer, entende?! Todos se confundem por um momento. Alguém bate na porta. Fabiana corre para ver quem é e ao abrir se depara com Igor. IGOR: Oi. Eu queria falar com o Cláudio ou o Celso. Eles tão por aí? Close em Fabiana, estranhando a visita. | CENA 07 | REPÚBLICA / QUARTO MAÇÃ / INT. / NOITE. CELINA: Dios mío! No me lo podría imaginar.... BRUNA: (amargurada) Você imagina como eu fiquei? O pior foi às circunstâncias em que eu a encontrei. Foi constrangedor, Celina. Eu fiquei sem chão. Você imagina o que é ter na imagem de alguém seu espelho e de repente ele se quebrar? Descobrir que na verdade era tudo mentira! Que aquela pessoa não era nada do que parecia ser! Eu não quero vê-la nunca mais, Celina. Nunca mais! CELINA: Nunca digas nunca, chica. Su madre debe tener sus razones. [Sua mãe deve ter suas razões.] (forçando o português) Você a deixou se explicar? BRUNA: Eu só pensei em ir embora daquele lugar imediatamente. E, além disso, pra mim não tem justificativa que me faça entender. CELINA: Quizá, no! ¿Pero no cree usted que ella tiene derecho a explicar? Por más difícil que sea, todos merecemos una segunda oportunidad. Usted solo está herida con todo esto. Además, ella es su madre y los lazos serán mas fuertes que el rencor. El tiempo dirá. [Talvez não! Mas você não acha que ela tem o direito de se explicar? Todos merecemos uma segunda chance. Você só está ferida com tudo isso. Além disso, ela é sua mãe e os laços serão mais fortes que o rancor. O tempo dirá.] BRUNA: Se ela tem as razões dela sinceramente não me interessam saber. Isso tudo ‘tá’ sendo muito difícil pra mim. Eu só quero esquecer que essa mulher existe. Por favor, enterramos esse assunto aqui, ‘tá’ certo? CELINA: Como quieras. | CENA 08 | REPÚBLICA / SALA / INT. / NOITE. Fabiana caminha para o centro da sala, Igor a segue logo atrás. FABIANA: Você não é aquele carinha que tem uma ‘rixa’ com os meninos? IGOR: Mais ou menos. Igor cumprimenta Marcelo e Luciano que continuam sentados no sofá. LUCIANO: É ele mesmo. O que você quer aqui? IGOR: Eu tenho uma parada pra resolver com eles. Pode ser? MARCELO: Não ficou sabendo do acidente? Igor estremece e gagueja. IGOR: Não... não. O quê que houve? FABIANA: Não sabemos ao certo. IGOR (temor): Mas tá tudo bem com eles, não tá? FABIANA: O Cláudio tá lá em cima com braço e perna imobilizados. Já o Celso... LUCIANO: Ele entrou em coma. Igor quase tem um treco. IGOR: Coma? No nervosismo dele. | CENA 09 | CONDOMÍNIO ALMIRANTE / APARTAMENTO 209 / SALA / INT. / NOITE. Jaqueline está deitada no sofá lendo uma revista. Isabel vem vinda do quarto. ISABEL: Cadê seu irmão? JAQUELINE: Saiu. ISABEL: Na hora do jantar? Disse se demorava? JAQUELINE: Até parece. Isabel tira os pés da filha de cima do sofá e senta-se junto dela. ISABEL: Tudo bem. Vamos esperar um pouco e aproveitamos pra conversar. Com o Igor é mais complicado, mas com você eu sei que consigo conversar honestamente. JAQUELINE: Que papo é esse, dona Isabel? ISABEL: Você pensa que eu não percebi o seu comportamento e do seu irmão o dia todo? Desconfiados, aflitos. Quê que tá acontecendo, Jaque? JAQUELINE: Não tá acontecendo nada, mãe. Deixa de imaginar o que não existe. Jaqueline levanta-se quase fugida da sala. ISABEL: Volta aqui menina, eu ainda não acabei. Jaqueline ignora a mãe. ISABEL: Estão aprontando alguma. Pressinto isso. | CENA 10 | REPÚBLICA / SALA / INT. / NOITE. Luciano, Fabiana e Marcelo continuam na sala. Igor não está mais presente. LUCIANO: Qual é a desse cara? MARCELO: Visita mais estranha hein. FABIANA: Eu disse pra vocês. Tem mais coisa nessa história que a gente não sabe. Esse Igor não é amigo nem do Cláudio, nem do Celso. Veio fazer o quê aqui? LUCIANO: Será que sabe de alguma coisa a respeito do acidente? MARCELO: Eu já to começando a te dá crédito, Fabi. Essa história tá ficando muito esquisita. FABIANA: Modo Sherlock Holmes ativado! | CENA 11 | REPÚBLICA / QUARTO / INT. / NOITE. Cláudio está na cama com travesseiros apoiando a perna engessada, com cara de poucos amigos. Alguém bate na porta. CLÁUDIO: Entra! Igor abre a porta e fica de frente para Cláudio que encara o inimigo com ódio. CLÁUDIO: (bravo) Quê que ‘tu’ tá fazendo aqui, moleque? Close em Igor, tenso. |
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