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VOZ DE JOSH – Anteriormente em New Stages...
FUNCIONÁRIA – Bom dia, em
que posso ajudá-lo?
RYAN – Ué, cadê a
funcionária que trabalhava aqui antes?
FUNCIONÁRIA – Ela está com
um forte resfriado e pediu um afastamento. Enquanto isso, eu estou a
substituindo aqui na central de suporte.
RYAN – (fala para si
mesmo) Deve ter sido praga dos alunos.
FUNCIONÁRIA
– O que?
RYAN – Nada. É que a
outra funcionária não era muito simpática com os estudantes. (sorri)
Mas então, eu vim aqui porque eu preciso de uma informação.
FUNCIONÁRIA – Certo, espero
que esteja à minha disposição.
RYAN – Eu gostaria de
saber em que dormitório fica o aluno Ryan Jordan.
FUNCIONÁRIA – (se vira para
o computador) Um momento, por favor. (digita algo no teclado, olha para
a tela e volta a se virar para Ryan) Dormitório 28. Segundo andar.
RYAN – Você pode me
dizer o nome do estudante que divide o dormitório com ele?
FUNCIONÁRIA – (olhando para
o computador) O aluno Ryan Jordan divide o dormitório com Evan McGrath.
RYAN – (confuso) Evan
McGrath? (comenta consigo mesmo) Parece que já ouvi esse nome antes...
FUNCIONÁRIA – Perdão, rapaz?
Posso lhe ser útil em mais alguma coisa?
RYAN – (se levantando
da cadeira) Não. Eu já tenho o que precisava saber. Muito obrigado.
FUNCIONÁRIA – De nada.
Qualquer dúvida, nos procure. Tenha um excelente dia de estudos.
A funcionária
sorri. Ryan sai da sala apressado.
CENA 03.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. CORREDOR DE
DORMITÓRIOS. INT. DIA.
Ryan anda de um
lado para o outro no corredor de dormitórios. Um garoto de óculos passa
e Ryan decide barrá-lo.
RYAN – Bom dia. Será
que você conhece algum aluno aqui da universidade chamado Evan McGrath?
O garoto acena
negativamente com a cabeça e continua o seu percurso. Close em Ryan,
insatisfeito.
Corte
descontínuo. Ryan continua em pé no corredor atrás da informação que
procura. Um jovem passa correndo pelo corredor e também é interrompido
por Ryan.
RYAN – Eu estou
procurando por um Evan McGrath. Por acaso você o conhece?
JOVEM – Desculpa, mas
eu estou realmente atrasado para a minha aula.
E o jovem volta a
correr, apressado.
RYAN – (bufa) E custa
responder sim ou não?
Corte
descontínuo. Ryan está sentado no chão do corredor. Duas garotas passam
por ele rindo e conversando. Ryan se levanta e aproxima-se delas.
RYAN – Olá, será que
vocês podem me ajudar?
GAROTA 1 – E eu seria
louca de recusar ajuda para um gatinho como você? (passa a mão pelo
peito de Ryan) Miau!
RYAN – (sorri
constrangido) Evan McGrath. Vocês já ouviram esse nome antes?
A segunda garota
começa a rir.
RYAN – O que foi?
Você o conhece?
GAROTA 2 – O certo seria
você perguntar quem não o conhece. Evan McGrath, figurinha já colada no
meu álbum. (ri)
RYAN – Será que vocês
saberiam me dizer onde ele mora?
GAROTA 1 – Sim, nós
estivemos no seu apartamento há algum tempo atrás. Parece que ele dá
festas lá toda semana. Por que? Você foi convidado para alguma festinha
dele e quer saber o endereço?
RYAN – Não, é que...
(decide agilizar o processo) Exato. Vocês podem me dar o endereço?
GAROTA 2 – (sorri
maliciosamente) Pra você eu dou tudo, gatinho.
RYAN – Ótimo. Mas no
momento, eu só estou precisando do endereço do tal garoto mesmo.
Ryan tira sua
mochila das costas, a abre e retira de dentro dela um caderno,
entregando-o para uma das meninas.
RYAN
– Você pode
anotar aqui.
GAROTA 1 – Não posso
anotar sem uma caneta.
RYAN – Ah, claro, a
caneta... (também retira uma caneta de dentro da mochila e dá para a
menina) Aqui está.
GAROTA 1 – (anota o
endereço no caderno) Bom... Prontinho. (entrega o caderno para Ryan) É
neste local aí.
RYAN – Muito obrigado.
GAROTA 2 – E se a
festinha estiver chata, liga pra gente que nós damos um jeitinho de
aparecer por lá e deixar tudo bem mais divertido pra você.
RYAN – Mas eu nem
conheço as duas...
GAROTA 1 – Não foi à toa
que eu anotei o meu número logo embaixo do endereço. (passa a mão no
rosto de Ryan) Estamos à sua disposição vinte e quatro horas por dia.
As garotas saem
rindo. Close em Ryan, assustado.
RYAN – (fala para si
mesmo) Tem certeza que eu estou numa universidade? Bom... Mas o
importante é que chegou a hora de conhecer o meu colega de quarto
invisível. Ryan observa o endereço anotado pela garota. Então, sorri orgulhoso e sai apressado. |
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2x08 - O COLEGA DE QUARTO |
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CENA 04. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. CORREDOR DAS SALAS DE AULAS. INT. DIA. O sinal toca anunciando o final de mais uma aula. Chelsea sai apressada da sala de aula onde estava e toma o seu caminho. Chad corre atrás dela a fim de alcançá-la. CHAD – (aproximando-se da garota) Olá, Chelsea... CHELSEA – (continua a andar) Chad, não tenho tempo para conversas avulsas agora. Preciso ir até a biblioteca fazer algumas pesquisas antes da minha próxima aula. CHAD – (puxa o braço de Chelsea impedindo que ela continue a andar) Até quando você vai me ignorar? CHELSEA – Até quando eu puder, Chad. Você me usou. Escondeu que tinha uma namorada e ainda por cima disse que estava interessado por mim apenas pra me levar pra cama. (pausa) Se você ainda tem algum respeito pela sua querida namorada, se afasta de mim.
(música:
Broken-Hearted Girl - Beyoncé) CHELSEA – Apesar de ainda querer acabar com a cara daquela vadia, eu dou razão para ela. Não deve ser fácil descobrir que o namorado a traía com todas as meninas que apareciam em sua frente. CHAD – Você não me conhece, Chelsea... CHELSEA – Realmente, eu não conheço. E fui muito burra em ter transado com um cara que eu só sei o nome. CHAD – Em todos os momentos que estive com a Hilary, eu fui fiel... Eu procurei ser o cara mais leal deste mundo com ela, Chelsea, e por um momento eu consegui... Mas daí veio a universidade, eu me mudei para San Francisco, nós começamos a nos ver pouco. Eu me senti sozinho. CHELSEA – E resolveu se aproximar da primeira tola que batesse na sua porta. CHAD – Não, porque eu nunca tive a intenção de ser infiel com a Hilary. CHELSEA – Mas você foi. CHAD – (aumenta o tom de voz) Porque era você, Chelsea... (percebe que alguns alunos circulam pelo corredor e volta a diminuí-lo) Eu sei que eu jamais deveria machucar a Hilary, mas eu não me arrependo do que fiz. Por você, valeu a pena. CHELSEA – Chad, eu não posso negar que adorei tudo que vivemos juntos... Mas foi passageiro e eu prefiro esquecer. Eu não posso ficar com um cara que escondeu de mim que tem uma namorada. CHAD – Eu agi muito mal em não ter te contado sobre a Hilary e terminado tudo com ela antes de te procurar... Mas eu estava cego por você, Chelsea. Eu não aguentava mais te ver e não poder beijar a sua boca, sentir minhas mãos na sua pele... CHELSEA – Chad, eu acho melhor você tomar o seu rumo... Eu tenho realmente o que fazer e não quero continuar insistindo nisso. Eu fui bastante verdadeira ao me entregar de corpo e alma a você. Pena que você não agiu da mesma forma. CHAD – Sabe o que me irrita, Chelsea? É essa sua mania de querer ser sempre certinha, andar nos trilhos sem desvios ou deslizes. As pessoas erram, você sabia? Você nunca errou? CHELSEA – Eu já errei sim, Chad. Mas em todas as vezes que eu errei, eu não sabia o que me esperava ao me arriscar. Ao contrário de você que sempre teve consciência de tudo e mesmo assim não deu um basta antes que as coisas ficassem piores. CHAD – Ótimo, desculpa se durante todo esse tempo eu agi errado só pra poder estar com você. CHELSEA – Não, Chad, você agiu errado porque quis. Porque se quisesse estar comigo, você teria sido sincero desde o início e não teria me envolvido nessa confusão. CHAD – Chelsea, me escuta... Vamos deixar isso no passado. A Hilary foi embora, eu terminei com ela, nós dois podemos começar do zero... CHELSEA – Não dá para acertar as coisas depois que tudo começou errado, Chad. CHAD – É possível sim, basta você querer. Eu prometo que vou ser sincero daqui pra frente e pensar duas vezes antes de fazer qualquer coisa que possa vir a te machucar. CHELSEA – Eu não posso, Chad. Depois de tudo o que aconteceu, eu prometi a mim mesma que vou fechar o meu coração para balanço. Ninguém mais entra na minha vida. Assim não corro mais o perigo de me iludir por causa de ninguém. Agora eu preciso ir... Chelsea ameaça a sair, mas Chad volta a puxá-la para o braço. CHAD – Chels... CHELSEA – Me deixa ir, Chad... (Música cessa.) E, inesperadamente, Matt surge no corredor. MATT – Você não ouviu ela? Deixa a Chelsea em paz... CHAD – (solta Chelsea e se vira para Matt) Posso saber quem é você? MATT – Eu sou amigo da Chelsea e não vou permitir que você fique incomodando ela. CHELSEA – Muito obrigada, Matt. Infelizmente, eu não posso continuar aqui para ver no que isso vai dar. Bom dia a todos. Chelsea sai, apressada. Closes alternados entre Chad e Matt, que se encaram firmemente. CHAD – A Chelsea é apaixonada por mim, ok? Eu fui muito burro em desperdiçar a chance que eu tinha com atitudes tolas, mas eu estou disposto a ganhar uma nova oportunidade. E eu vou fazer o que for possível para conseguir. MATT – Não, porque eu não vou deixar. Eu fiquei sabendo da história do clube e não posso permitir que você volte a iludir a Chelsea. Ela é uma menina muito boa e não merece sofrer... CHAD – Quem é você pra querer falar pela Chelsea? MATT – Eu já disse que sou amigo dela. E como um bom amigo, eu tenho a obrigação de defendê-la. Eu estou te alertando, Chad... Se você não ficar longe da Chelsea, eu vou ser obrigado a te procurar novamente. E dessa vez não vai ser pra ter um papo cordial. CHAD – O que você vai fazer? Me bater? MATT – Não vai ser nenhum problema pra mim fazer isso. Aposto que uma surra não vai doer a metade do que doeu os “machucados” que você fez na Chelsea. Matt sai. Close em Chad, sem reação. CENA 05. EDIFÍCIO. TERCEIRO ANDAR. CORREDOR DE APARTAMENTOS. INT. DIA. Ryan segura em mãos o papel onde a menina anotou o endereço de Evan. RYAN – (olha para o papel e depois para a porta) É aqui mesmo... Ryan bate na porta. Ninguém o atende. Então decide bater mais algumas vezes. Novamente, sem resultado. Ele já está quase resolvendo ir embora, quando Evan abre a porta. Ele ainda está de pijama, o que sugere que estava dormindo. Close em Ryan, surpreso ao reconhecer o garoto. RYAN – (rindo inconformado) Era só o que me faltava... Eu sabia que já tinha ouvido o seu nome antes. EVAN – Ah, é? E quem falou? Alguma gatinha? Aposto que elogiou o meu desempenho na cama... Porque, modéstia à parte, eu sou muito bom. (sorri) O que Ryan Jordan quer no meu humilde apartamento? RYAN – É sobre isso mesmo que quero falar com você... Eu posso saber por... E de repente o celular de Evan começa a tocar. EVAN – Só um minuto... O garoto entra no apartamento, pega o celular e volta a sair. EVAN – (olhando para o identificador de chamadas) Deve ser mais uma garota implorando pelo Evan aqui... (ri) Aposto que você entende isso, não é mesmo, Ryan? Tem pegado muitas garotas? RYAN – Cara, eu vim aqui para falar sobre algo importante... EVAN – Vamos falar então. (olha para o relógio do celular) Droga, estou quinze minutos atrasado para a minha aula. Ah, mas quer saber, dane-se, já perdi quinze minutos mesmo. RYAN – Eu não sei se você sabe, mas todo celular vem com um acessório chamado “alarme”. É muito útil para te ajudar a acordar antes do início da sua aula. EVAN – (batendo no peito de Ryan) Muito obrigado, campeão. Mas acho que já sou grandinho o suficiente a ponto de não precisar de alguém dizendo o que devo fazer. RYAN – Olha, Evan... Eu só vim até aqui porque eu me senti na obrigação de te avisar que você tem um dormitório na universidade. Infelizmente, é o mesmo que o meu, mas o que eu posso fazer? E desde quando eu cheguei à universidade, ainda não te vi nenhuma vez por lá. EVAN – Sim, eu sei... Às vezes eu passo por lá para buscar algum recado que deixaram pra mim. RYAN – E o que você está fazendo neste apartamento? EVAN – É o lugar onde eu moro. Eu e mais dois amigos. A gente divide as despesas. RYAN – Então quer dizer que você mantém duas moradias? EVAN – Sim, claro. Um homem prevenido vale por dois. Quando as coisas apertarem por aqui, eu vou para o dormitório... RYAN – Não, cara, você vai ter que escolher uma opção ou outra, porque você não vai ficar guardando vaga em um dormitório onde você não mora. EVAN – Vai me dedar? RYAN – Sim. EVAN – Olha, vamos ter uma festinha aqui hoje à noite. Começa às sete e não tem hora para terminar. Apareça, você toma alguns drinques e deixa de ser careta por algumas horas. Combinado? RYAN – Não, eu não quero ser convidado pra festa nenhuma. Eu quero que você vá até a universidade e cancele sua vaga no alojamento... EVAN – Começa às sete, ok? Evan entra no apartamento e fecha a porta na cara de Ryan. Close no garoto, surpreso. RYAN – Eu não sei por que ainda me preocupo com as pessoas... Mas era de se esperar que meu colega de quarto invisível fosse, na verdade, Evan McGrath. (sai irritado) CENA 06. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. BIBLIOTECA. INT. DIA. Chelsea está sentada à uma mesa da biblioteca fazendo a leitura de um livro atentamente. Ao seu redor, estão pessoas que fazem o mesmo ou conversam em tom baixo. O celular, que estava sobre a mesa, começa a tocar, tirando o foco da garota. CHELSEA – (pegando o celular) Uma mensagem? (pausa) Dos meus pais? (pausa) Me convidando para um jantar num restaurante? (pausa) Hoje à noite? (fecha o livro) Ótimo, parece que mais um problema está chegando... Porque Chelsea é como um imã de problemas. Close na garota, enfurecida. CENA 07. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. DIA. Josh abre um pouco a porta do dormitório e enfia a cabeça entre ela para certificar-se de que não há ninguém no dormitório. Então, abre-a por inteiro e puxa Austin para dentro, fechando-a logo em seguida. JOSH – Hoje está tudo limpo por aqui... AUSTIN – Se você tivesse feito isso no dia que a sua mãe estava aqui... JOSH – Na hora, eu fiquei desesperado, mas sabe que foi até uma boa a minha mãe flagrar a gente se beijando? É claro que eu não queria que ela descobrisse dessa forma, mas sei lá, agora estou mais sossegado sabendo que não preciso esconder a minha sexualidade pra ninguém. AUSTIN – Seu pai ainda não sabe... JOSH – E, por enquanto, eu não vou contar. Não é uma prioridade minha neste momento. Meu pai deve estar muito cheio com os preparativos do casamento. Não quero que ele tenha mais uma preocupação. (pausa) E você, quando vai se assumir? AUSTIN – Como se meus pais se importassem com a minha vida. São tão ligados ao trabalho que nem vão dar atenção quando eu disser que sou gay. JOSH – Não fale assim, Austin... AUSTIN – Mas é verdade, Josh. Meu pai não se importa se eu estou com algum problema nos estudos. Agora deixa alguém falar para ele que um dos alunos da San Francisco High School está com um mau desempenho escolar. O velho já fica de cabelo branco. JOSH – (ri) Mas não é por isso que você vai esconder deles a sua sexualidade... AUSTIN – Eu vou contar, fica tranquilo. (aproxima-se de Josh) E quando isso acontecer, eu vou fazer questão de apresentar o meu namorado a eles. (música: Feel So Close - Calvin Harris) JOSH – Eu te amo, Austin... AUSTIN – Eu também te amo, Josh... (entrelaça seus braços na cintura de Josh) Mas você sabe que o Matt não aprova mais a minha entrada neste dormitório, né? JOSH – E você acha que eu vou perder a chance de irritar o Matt? Sabe o que deveríamos fazer? Transar na cama dele!! AUSTIN – (ri) O que? JOSH – Sim, vamos transar na cama dele. AUSTIN – (olha feio para o namorado) Josh... JOSH – (beijando Austin provocadamente) Você não quer? (olha para o namorado) AUSTIN – (sorri maliciosamente) É claro que eu quero. E eles se beijam calorosamente. Enquanto se entrega ao beijo, Josh tira a camisa de Austin, empurrando-o para cima da cama de Matt logo em seguida. Austin ri. Josh também. CENA 08. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.) Tomada da cidade de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais. Anoitece. CENA 09. RESTAURANTE. INT. NOITE. (Música cessa.) Chelsea entra no restaurante, elegantíssima. Ela usa um vestido preto e carrega uma bolsa simples no ombro. Um recepcionista caminha até ela. RECEPCIONISTA – Olá, posso arranjá-la uma mesa? Está à espera de mais alguém? CHELSEA – (sorri) Na verdade, eu vou jantar com os meus pais. Casal Harris. RECEPCIONISTA – Ah sim. Eles já chegaram e estão aguardando você. Permita-me te acompanhar até a mesa onde seus pais estão sentados. O recepcionista sorri e sai. Chelsea o acompanha. Os pais avistam a garota e, em sincronia, levantam a mão ao alto para chamar a atenção dela. A mulher olha feio para o marido, que abaixa a mão. RECEPCIONISTA – (aproximando-se da mesa) A senhorita Harris já chegou. Com licença. (saindo) CHELSEA – (sentando-se à mesa) Olá, papai. Olá, mamãe. (fala formalmente) A que devo a honra desse ilustríssimo e raro convite? SR. E SRA. HARRIS – (falam juntos) Chelsea... A mulher volta a olhar feio para o marido, que se cala imediatamente. Ela olha para a filha. CHRISTINA – Chelsea, eu e o seu pai marcamos este jantar porque chegamos a uma decisão e, como nossa única filha e herdeira, nos vimos na obrigação de te informar. CHELSEA – Ah sim, qual é a decisão? Resolveram comprar mais um edifício e estão pensando em batizá-lo com o meu nome? Porque, sinceramente, eu não estou interessada em ter pessoas morando dentro de mim. (sorri sarcasticamente) CHRISTINA – Não, querida, é algo muito mais sério... CHELSEA – Mãe, eu não estou nem um pouco interessada com o que vocês têm para me dizer. Eu só aceitei vir a este jantar porque eu não queria deixar os meus pais na mão. Mas é exatamente isso que vocês têm feito comigo ultimamente. MICHAEL – Chelsea, eu e sua mãe nunca deixamos você na mão. Mandamos seu dinheiro todo mês para suprir as suas necessidades durante o seu período universitário. CHRISTINA – (olha para o marido) Michael, eu não sei se você percebeu, mas eu e a Chelsea estamos tentando ter uma conversa aqui... CHELSEA – Viu como vocês são? É exatamente nesse ponto que eu queria chegar. Vocês só pensam em dinheiro e mais dinheiro. Já passou pela cabeça de vocês ligar para a filha e perguntar se está tudo bem? Porque eu não sou tão fútil a ponto de dinheiro consolar as minhas tristezas. CHRISTINA – (leva sua mão até a de Chelsea) Querida, você está bem? CHELSEA – Ótima hora para se perguntar isso, mãe. MICHAEL – (olha para a esposa) Christina, acho melhor você ir direto ao assunto. CHRISTINA – Chelsea, ultimamente eu e seu pai estamos passando por alguns desentendimentos. Você me entende? Eles têm se tornado cada vez mais frequentes e muitos acabam não tendo solução. Então nós decidimos que vamos nos divorciar... CHELSEA – (surpresa) O QUÊ??? CHRISTINA – Não há motivos para espanto, querida. Hoje em dia, a separação se tornou tão comum que nem deveria necessitar de tanta cerimônia. Mas como você é uma boa filha, resolvemos marcar este jantar para oficializar pessoalmente o nosso divórcio. Close em Chelsea, totalmente sem reação após ouvir que seus pais estão encerrando o casamento. MICHAEL – Mas não se preocupe, querida, sua mãe e eu já conversamos e vai ser um divórcio totalmente pacífico. CHRISTINA – Pacífico até o momento que o divórcio for assinado, porque depois que ocorrer a divisão de bens e eu morar na minha própria casa, eu não quero mais nenhum tipo de contato com o seu pai. A não ser relacionado a assuntos que envolvam a minha querida Chelsea. MICHAEL – Como se eu quisesse algum contato com uma alpinista social que se casou comigo apenas para crescer socialmente e se tornar uma dondoca fútil e seca. CHRISTINA – Eu posso ser tudo isso que você falou, mas não se esqueça que, durante todos esses anos, eu fui a esposa que cuidava de todos os seus negócios, enquanto você me exibia como um artigo de luxo nas festas com seus sócios e clientes. MICHAEL – Realmente, você se via na obrigação de cuidar dos meus negócios, afinal, eram eles que sustentavam o seu luxo e comodidade. CHRISTINA – Exatamente, pois um bom marido deve sempre presentear sua esposa com bolsas de grife, perfumes franceses, casacos de pele e joias caríssimas. CHELSEA – Eu vou sair daqui antes que eu vomite na cara de vocês... Chelsea se levanta da mesa. Ela fica esperando que os pais percebam que ela está de saída, mas sem resultado. A garota sai apressada pelo local, enquanto seus pais continuam trocando farpas a respeito do casamento fracassado. CENA 10. EDIFÍCIO. TERCEIRO ANDAR. APARTAMENTO DE EVAN. INT. NOITE. (música: Titanium - David Guetta feat. Sia) A câmera explora o apartamento de Evan, lotado de jovens que bebem, se drogam e trocam beijos. O local está escuro, mas é iluminado por luzes psicodélicas. Ryan entra no apartamento, engasgado com a fumaça artificial que é dispersa no lugar. Evan o avista e se dirige até ele. EVAN – E não é que Ryan Jordan decidiu vir para a minha festa? RYAN – É mesmo necessário você ficar usando o meu sobrenome toda hora? EVAN – Ué, se eu fosse você, iria gostar. Seu sobrenome é o mesmo de um grande atleta do basquete. Pena que você não tem o mesmo talento que ele. (ri) RYAN – Não tô com saco para ouvir os seus sarcasmos, Evan. Eu só vim aqui mesmo pra tentar te convencer a abandonar a sua vaga no alojamento da universidade. EVAN – (entrega uma garrafinha de cerveja para ele) Relaxa, cara. Você acabou de chegar à festa. Apenas beba, dance e pegue quantas gatinhas quiser, porque temos várias aqui. RYAN – Você sabe que tá dando pra ouvir a música desde a entrada do prédio, né? (bebe um gole da cerveja) Não tem medo que alguém chame a polícia e acabe com a sua farra? EVAN – E quem seria louco de fazer isso? Esse edifício ama as nossas festas. Olha aquela velhinha! Evan aponta para uma senhora que se diverte entre os jovens. EVAN – Vamos, Ryan, não vai querer dar uma de careta, né? A imagem corta rapidamente para: CENA 11. EDIFÍCIO. FACHADA. EXT. NOITE. (Música cessa.) Duas viaturas policiais com a sirene ligada estacionam em frente ao edifício. Saem dois policiais de cada carro e, rapidamente, invadem o edifício. A imagem corta rapidamente para: CENA 12. EDIFÍCIO. TERCEIRO ANDAR. CORREDOR DE APARTAMENTOS. INT. NOITE. Os quatro policiais andam pelo corredor de apartamentos acompanhados de uma mulher de camisola. MULHER – (gritando) A minha paciência já se esgotou com esses adolescentes inúteis. Toda semana é essa mesma bagunça. Eu tenho um filho de dois anos para criar e não consigo acalmá-lo em meio a esse bordel gratuito. (desesperada) Acabem com essa festa! Acabem! Os policiais entram no apartamento de Evan. JOVEM – (grita) Os tiras chegaram! E, em multidão, os jovens começam a sair correndo do apartamento. No meio da fuga, alguns são apreendidos, enquanto outros conseguem evacuar do prédio. Ryan e Evan saem juntos. Um dos policiais tenta correr atrás deles, mas não os alcançam. CENA 13. RUA ESCURA. EXT. NOITE. Ryan e Evan ainda correm por uma rua sem muito movimento, apenas iluminada pela luz dos postes locais. Eles estão suados e ofegantes. RYAN – (rindo) Por que ainda estamos correndo? EVAN – (diminuindo a velocidade) Não sei, mas acho que conseguimos despistar os policiais. RYAN – Não se esqueça que aquele é o lugar onde você mora. Uma hora vai ter que voltar lá. EVAN – (ri) E quem disse que eu vou voltar? RYAN – De quem é o apartamento? EVAN – É do pai de um dos colegas com quem eu dividia o lugar. É, acho que não resta a menor dúvida que, depois dessa noite, o garoto vai ser deserdado. RYAN – E você não vai estar lá pra apoiá-lo? EVAN – E levar a culpa pela bagunça? Acho que você não me conhece direito, Ryan Jordan. Ninguém mandou aquele garoto querer dividir o apartamento comigo. RYAN – (ainda ofegante) Você não presta... EVAN – Vamos pra nossa casa. RYAN – Nossa casa? EVAN – Sim, vamos para o alojamento. (ri) Agora você entendeu porque devemos ter sempre uma segunda opção. RYAN – Eu só espero que você também não queira dar festas em nosso dormitório. EVAN – Quem sabe?! Close nos garotos que se olham e riem. CENA 14. PRAÇA DE LAZER. EXT. NOITE.
(música:
Wide Awake - Katy Perry) RYAN – (aproxima-se e reconhece a garota) Chelsea? CHELSEA – (limpando as lágrimas) Oi, como você me achou aqui? RYAN – Eu estava de passagem... (senta-se ao lado dela) Tudo bem com você? CHELSEA – Meu mundo está desmoronando. Não sei, mas a cada dia que passa eu pareço estar chegando cada vez mais perto de um grande abismo. RYAN – Por quê? (ri) Por acaso quebrou uma unha? Chelsea olha feio para o garoto. Ryan continua rindo. RYAN – Desculpa, mas é que eu não quis perder a piada. CHELSEA – Por que gastou seu tempo vindo até aqui? A gente ao menos se conhece e, na única vez que conversamos, acabamos discutindo. RYAN – Porque muitas vezes eu estive na fossa, Chelsea, e não tinha ninguém ao meu lado para perguntar se eu estava bem. (sorri) O que aconteceu? CHELSEA – Meus pais decidiram se separar. RYAN – Bom, eu já conheço esse filme... CHELSEA – (deixa uma lágrima rolar) Sabe, eu nunca tive uma ligação muito forte com os meus pais. Não via a hora de vir para a universidade para finalmente me livrar das cobranças do casal Harris. Mas eu nunca, nunca esperava que um dia eles fossem se separar. Porque você tem essa imagem, entende? (começa a chorar) De que seus pais vão estar sempre juntos. Não importa se eles se preocupam com você, mas eles se preocupam com o casamento. RYAN – Você sabe que eu também tenho pais divorciados, não sabe? Eu também sempre criei na minha cabeça a imagem de que meus pais estariam juntos até o fim de suas vidas. E, infelizmente, não foi bem isso que aconteceu. Meu pai não colaborou para que isso acontecesse. E, no final de tudo, foi bom. Porque depois de tantos conflitos, eles finalmente puderam recomeçar suas vidas. É difícil acreditar, mas hoje meu pai está se tratando do vício e minha mãe está podendo...sorrir. Você pode sorrir, Chelsea. CHELSEA – Pelo menos você conheceu seus pais, Ryan. Você pôde entender porque o casamento deles terminou. Por que tudo chegou a esse ponto. Mas eu nunca tive a oportunidade de conhecer os meus pais. Não por falta de vontade, mas porque eles nunca se abriram comigo. E agora eles estão se divorciando e eu nem sei o por quê... RYAN – (limpa a lágrima de Chelsea) Quem sabe o fim do casamento seja o momento perfeito para você começar a conhecê-los. Individualmente. Pode parecer que eu já conhecia meus pais antes, mas eu só pude realmente entendê-los quando eles passaram a viver por si. Tente compreendê-los, Chelsea. CHELSEA – Obrigada, Ryan. RYAN – E vá pra casa. Uma garota bonita como você não pode ficar sozinha na praça. Principalmente chorando. Faça como eu falei. Apenas sorria, ok? Chelsea sorri. O garoto sorri de volta, se levanta do banco, volta a se aproximar de Evan e segue seu caminho ao lado dele. Close em Chelsea, ela se levanta do banco e abre os braços. O vento forte bate em seus cabelos, fazendo com que eles voem no ar. A garota sorri. CENA 15. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE RYAN E EVAN. INT. NOITE. (Música cessa.) Evan está sentado em sua cama. Ryan está à procura de sua escova de dente. RYAN – (ao encontrá-la) Estou indo para o banheiro. Quer vir? EVAN – Não, tudo bem, eu vou depois. (pausa) Será que eu posso usar o seu notebook enquanto isso? RYAN – Claro, fique à vontade. EVAN – Valeu... (ri e complementa) Ryan Jordan. Ryan ri também e sai do quarto. Evan se levanta da sua cama e vai em direção a cama de Ryan. Ele se senta nela e pega o notebook. Close na tela do computador: Evan digita algo na barra de endereços do navegador e links com a mesma letra começam a aparecer. Entre eles, está um site gay. Evan olha surpreso para o link e então decide clicar nele. Repentinamente, Ryan entra no dormitório. Evan fecha o site rapidamente. RYAN – Voltei... Esqueci a pasta de dente. Você pode não acreditar, mas eu sempre a esqueço. EVAN – (olha firmemente para Ryan) Fecha a porta. RYAN – O que? EVAN – (coloca o notebook de lado) Fecha a porta e vem aqui. Ryan estranha o que o garoto acabara de dizer, mas decide obedecê-lo. Então fecha a porta e se aproxima de Evan, que começa a puxar a sua calça. RYAN – Cara, o que você está fazendo? EVAN – Apenas relaxe. Evan puxa a calça de Ryan até os joelhos. Em seguida, começa a abaixar a sua cueca. A imagem corta para o rosto de Ryan, ainda estranhando a situação. Então, sua expressão assustada acaba sendo substituída por uma de prazer. O garoto fecha os olhos, aparentemente excitado, sugerindo assim que Evan está fazendo sexo oral nele. EVAN – (apenas a voz) Isso é bom? RYAN – (abrindo os olhos) Continue. Ryan sorri maliciosamente e volta a fechar os olhos. Ele leva as mãos até a cabeça de Evan e a pressiona freneticamente em direção ao seu corpo. A câmera se afasta, destacando Ryan, que começa a suar e gemer de tanto prazer. A imagem escurece. |
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AUTOR
So Small - Carrie Underwood (Tema de Abertura) Bruno Olsen Diogo de Castro
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