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CAPÍTULO 09 | ||
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CENA 01. CASA DIOGO. QUARTO. INT. DIA Continuação do capítulo anterior. Tereza espera uma resposta de Diogo. TEREZA: - Então, meu filho? você ama mesmo a Carla? Está aceitando de coração aberto esse casamento? Ele solta a mão dela, se afasta. DIOGO: - Claro, mãe. Que pergunta boba. TEREZA: - Não precisa esconder nada de mim, Diogo. DIOGO: - Eu não estou escondendo nada. Eu só estou um pouco surpreso com a velocidade com que as coisas estão acontecendo na minha vida. Só isso. TEREZA: - As coisas devem acontecer no tempo que você permitir. Não quando os outros querem. DIOGO: - Eu não estou sendo forçado a nada, mãe. Tereza fica a observá-lo até que se levanta da cama, se aproxima dele. Afaga seus cabelos e em seguida o beija no rosto. TEREZA: - Conta comigo para o que você precisar. Saiba que eu e seu pai estaremos sempre prontos para apoiar você. DIOGO: - Eu sei disso, mãe. Obrigado por se preocupar. TEREZA: - Em qualquer coisa, em qualquer decisão. Tereza se afasta, sai do quarto. Diogo se olha no espelho, pensativo. CENA 02. APTO PAULA E FERNANDA. SALA. INT. DIA. Fernanda na janela, observando o parquinho da quadra próxima do prédio. Paula se aproxima. PAULA: - No próximo ano você vai estar lá em baixo. FERNANDA (sorri): - Com o nosso filho. Ou será filha? PAULA: - Você tem preferência? FERNANDA: - Não tenho não. PAULA: - De uma coisa eu tenho certeza. Ele vai ser bonito igual a mãe. FERNANDA: - Qual das duas? As duas riem, se beijam. Fernanda se afasta, sai. Paula continua na janela, observando a rua. Tempo e Fernanda retorna, bebendo água, senta-se no sofá. FERNANDA: - Sabe o que eu estava pensando? Como os meus pais vão reagir a isso. PAULA (vira-se para Fernanda): - Eu acho um pouco cedo você falar alguma coisa, Nanda. Sei que a ansiedade é grande, mas acho que a gente pode guardar isso pra nós. Pelo menos por enquanto. FERNANDA: - É, você tem razão. A minha vontade era de anunciar hoje, no aniversário do meu pai. Mas você tem razão. É melhor manter isso em segredo. PAULA: - Precisamos ir até à clínica de fertilização. FERNANDA: - Onde está o papel que você tinha? PAULA: - Vou buscar. Paula sai. Fernanda pensativa, suspira. Paula retorna como papel, entrega para Fernanda. FERNANDA: - Clínica Bertolini. PAULA: - Pesquisei pelo site e também nos órgãos de fiscalização de medicina, saúde, tudo. É uma clínica bem conceituada. Médicos competentes, pelos comentários dos pacientes. E o melhor de tudo, cabe no nosso orçamento. FERNANDA: - Eu nem acredito, Paula... Nem acredito! PAULA: - Pode acreditar, meu amor. Nossa família vai se formar. As duas sorriem, felizes. CENA 03. CASA SOLANO. COZINHA. INT. DIA. Bruno sentado à mesa, quando Isaura chega pela porta dos fundos, carregando as compras da feira. ISAURA: - Ainda bem que você tá de pé, Bruno. Pensei que não fosse levantar cedo, depois da hora que chegou. BRUNO: - Se eu realmente ficar lá, esse vai ser meu horário mãe. Chegarei tarde, ou cedo, sempre. ISAURA: - Isso não tá certo. Você precisa aproveitar melhor seu tempo, com algum curso, alguma coisa. BRUNO: - O que não está certo é você continuar se encontrando com meu pai às escondidas. BAQUE em Isaura. Encara Bruno. ISAURA: - Isso é jeito de falar comigo? BRUNO: - Ele esteve aqui, agora de manhã. Te procurando. ISAURA (desconfortável): - Há tempos que não vejo seu pai. BRUNO: - Ele não é meu pai. E não precisa mentir para mim. ISAURA: - Ele é o seu pai. BRUNO (se altera): - Ele não é meu pai! (baixa o tom) Nunca foi. E você sabe disso. ISAURA: - Por mais que ele tenha feito você sofrer, com a ausência, você não pode negar o fato de ter o sangue dele aí, correndo dentro de você, Bruno. Eu queria que tivesse sido diferente, eu queria que o Lauro fosse outro homem e/ BRUNO: - Mas ele não é. E isso não vai mudar agora. Se você ainda gosta dele, apesar de todos os pesares, eu sinto muito. Muito mesmo. Mas só te peço uma coisa, mãe: não obrigue a mim nem ao meu avô a conviver com isso novamente. A gente não precisa passar por essa história de novo. Bruno se levanta da mesa, vai saindo. ISAURA: - Onde você vai? BRUNO: - Esfriar a cabeça. Depois eu volto. Bruno sai da cozinha. Em Isaura, frsutrada. CENA 04. CASA ELIANE. SALA. INT. DIA. O telefone toca. Chama muitas vezes, até que Eliane entra na sala para atender. ELIANE (ao telefone): - Alô? (T) Oi meu filho... (T) Que bom, Tito! (sorri) Fico feliz por você, meu amor! (T) Tá certo, se cuida!(T) Tá bom. (desliga) João chega no local, sem camisa, suado, vindo da rua, carregando uma enxada. ELIANE (empolgada): - Tito conseguiu o emprego naquela agência que a Bia indicou! JOÃO: - Pelo menos ele vai começar a ajudar aqui. Não fica tudo nas minhas costas. ELIANE: - Eu pensei que você fosse ficar feliz pela conquista do seu filho. JOÃO: - O Tito não tá fazendo mais que a obrigação dele, Eliane. Na idade dele, eu já dava duro pra ajudar em casa. ELIANE: - Os tempos são outros, João. Tudo muda, menos você, com esse coração de pedra. Eliane se afasta. João não dá bola, volta para a rua. CENA 05. JOCKER. INT. DIA. Diogo e Rick conversam, sentados em uma mesa. Rick fala com Diogo, que está com pensamento longe. RICK: - E então eu pensei em fazer no próximo flyer da festa, uma foto com a Lisa, a amiga da Carla ou com alguma outra mulher que a gente veja por aqui e (percebe Diogo) Ei! Psiu! Diogo volta a si. RICK: - Não ouviu nada né? DIOGO: - Desculpa, Rick. Cabeça voando... RICK: - Eu percebi. O que tá pegando? Ah, já sei. O seu casamento com a Carla. DIOGO: - Está tão na cara assim? RICK: - Que você não quer casar com ela? Sim, está. DIOGO: - Eu quero casar com ela. Mas não agora. RICK: - Então diz isso pra ela. Antes que seja tarde demais. DIOGO: - Eu sei. Eu vou falar com ela sobre isso, mas agora eu quero falar sobre a Jocker. (levanta-se, caminha) Isso é o que me deixa empolgado de verdade. Eu investi tanto nisso aqui, Rick. Não quero deixar de lado agora que tá dando certo, para casar, entende? Rick concorda com a cabeça. DIOGO: - A Carla não entende que, neste momento, a minha cabeça está voltada para isso aqui. RICK: - Se você falar com sinceridade, ela vai entender. Você não estará enganando ninguém se disser que agora não quer casamento. DIOGO (volta para a mesa): - É isso mesmo. RICK: - Podemos voltar a falar sobre a divulgação da nova festa? DIOGO: - Claro. Mas antes, eu quero que você providencie para mim, um relatório das finanças. Rick se surpreende. RICK: - Relatório de finanças? DIOGO: - Sim, Rick. Um relatório que tenha tudo sobre a Jocker. RICK: - Mas as finanças estão boas, tudo sob controle. A casa cheia praticamente todas as noites, não tem como estar dando errado, não é? DIOGO: - Eu sei, Rick. Mas é justamente por isso. Se está dando certo, eu quero saber o quanto está indo bem. Até para melhorar o que pode não estar tão bem assim. Você consegue isso para amanhã? RICK: - Amanhã? Acho que sim. DIOGO: - Ótimo. Agora sim, vamos falar da festa. Você pensou em alguém para estampar o flyer? RICK: - Sim, eu tinha pensado na Lisa, amiga da Carla... Os dois seguem conversando fora do áudio. CENA 06. CASA ARTHUR E NORMA. COZINHA. INT. DIA. Norma lida com as panelas no fogão. Arthur entra trazendo bebidas em algumas sacolas. ARTHUR (indo para geladeira): - Tem lugar aqui? NORMA: - Para tudo isso, claro que não tem... Aliás, por que tudo isso, Arthur?! Não convidamos muitas pessoas não. ARTHUR: - Deixa, Norma. Meu aniversário, poxa. Quero variedades. Humberto vai pirar quando ver esses drinks aqui. NORMA: - Como se ele não tivesse coisa melhor em casa. ARTHUR: - Pelo menos vai saber que eu não fico pra trás nisso, oras... (guarda as bebidas) Falou com a Nanda? NORMA: - Ainda não. Mas logo mais eu ligo pra ela. ARTHUR: - Não esquece de avisar que a amiga dela pode vir. NORMA (vira-se para Arthur): - Pode deixar que eu aviso que a namorada dela pode vir. Arthur não dá bola, termina de guardar as bebidas e sai. Norma fica pensativa. CENA 07. SHOPPING. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. DIA. Tito e Bia comem na praça de alimentação. BIA: - O bom de você começar a trabalhar lá é que vamos poder ir pro serviço juntos. TITO: - É, vai ser legal ter companhia. BIA: - Sabe que eu estava pensando aqui? Naquilo que a gente vinha conversando... Sobre eu e o Gabriel. Vou seguir mesmo seu conselho. Tito ouve, calado, mexendo na comida do seu prato. BIA: - Vou marcar um encontro com ele, pra logo mais. Não vou conseguir ficar com essa dúvida por muito tempo. Não acha? Tito não responde. BIA: - Ei, Tito, tô falando com você! TITO: - Desculpa, Bia... Sinceramente? Eu acho que você precisa tomar cuidado pra não se machucar. Só isso. BIA: - O Gabriel jamais me machucaria. Ele é um cavalheiro. TITO: - Que bom. Estou torcendo para dar certo. BIA: - Eu sei, Tito. Obrigada, meu amigo! Não sei o que seria de mim sem você... (pega o celular na bolsa, começa a digitar) já vou mandar uma mensagem pra ele agora! Bia fica teclando no celular, enquanto Tito baixa o olhar para o prato de comida, sem vontade de comer. CAM desvia para outro ponto da praça de alimentação. Mostra Alex e Mariana, trocando um beijo carinhoso em uma das mesas do local. MARIANA: - Adorei esse seu convite para almoçar. Ontem nem nos falamos direito. ALEX: - Foi corrido, meu amor. Mas agora temos esse tempinho aqui antes de você ir pra agência. MARIANA: - Essa vida de modelo é corrida. ALEX: - Eu posso te perguntar uma coisa? MARIANA: - Claro, meu amor. Pode falar. ALEX: - Você faz só trabalho de modelo lá na agência? MARIANA: - Sim. (risos) Teria outro trabalho pra fazer lá se não só de modelo? ALEX: - Tem razão. Pergunta boba a minha (ri, disfarça) MARIANA: - Acredito que todo mundo que trabalhe lá seja só modelo. A agência é muito bem conceituada no mercado. ALEX: - É, fiquei sabendo. MARIANA: - Amor, vamos pedir logo porque eu preciso voltar. Não posso perder muito tempo porque tenho sessão de fotos logo mais. ALEX: - Claro, vamos sim. Eles pegam o cardápio e ficam a escolher o pedido. CAM retorna para a mesa de Tito e Bia. BIA (animada): - Ele aceitou falar comigo! Ai, meu coração! Estou nervosa! TITO: - Relaxa. BIA (levanta-se): - Eu preciso ir pra casa agora! Você vem comigo? TITO: - Não, eu vou terminar de comer. Preciso fazer outras coisas ainda. Pode ir tranquila. E boa sorte no seu encontro. BIA: - Obrigada, Tito! Bia se aproxima, beija Tito no rosto e sai. Ele fica entristecido na mesa. CENA 08. CASA HUMBERTO. JARDIM. INT. DIA. Selma e Regina caminham pelo jardim. Regina com uma pequena prancheta, faz anotações, enquanto Selma lhe mostra os pontos do jardim. SELMA: - E então aqui, é aquele quiosque que eu falei. REGINA: - Nossa, vai ficar num ponto muito bom. SELMA: - O Humberto queria mais pro canto. Mas eu preciso aqui. Acho que se tem um espaço melhor para trabalhar e também para circular. REGINA: - Tem toda razão. Depois a gente trabalha um paisagismo aqui, fica lindo demais. SELMA; - Que ótimo, Regina. Eu fico feliz de você ter aceitado fazer esse projeto pra mim. REGINA: - Só você mesma pra me provocar a isso, Selma. Arquitetura pra mim ficou lá atrás... Mas você é minha amiga. Então eu faço. SELMA: - Obrigada mesmo. Eu também, na verdade, queria uma companhia, alguém pra conversar. Eu fico muito sozinha aqui em casa. Humberto e o Gabriel sempre na empresa. REGINA: - Sei bem como é. Lá em casa não muda muito não. Osvaldo trabalhando direto, e a Mariana agora é modelo. Ninguém para em casa. Eu até que aproveito. Faço meu pilates, vou no salão, faço compras... Procuro sempre ocupar meu tempo. Você deveria fazer o mesmo. SELMA: - Pois é... Vou começar a pensar melhor nisso. Neste instante, a empregada de Selma, uma moça negra (30 anos, cabelo crespo, gordinha) se aproxima das duas, com o telefone em mãos. Regina observa a moça. EMPREGADA: - Com licença, dona Selma. Telefone pra senhora. Seu Humberto. (entrega o telefone) SELMA: - Obrigada. Com licença, Regina. Selma se afasta para falar com o Humberto. EMPREGADA: - A senhora deseja alguma coisa? REGINA (seca): - Desejo que você não me dirija a palavra. EMPREGADA (surpresa): - Como? REGINA: - Isso mesmo que você ouviu. Pode sair daqui de perto de mim. E se abrir a boca, faço a Selma te colocar no olho da rua. Agora sai! Vamos, sai... A empregada se afasta, chocada. Regina disfarça. Selma retorna. SELMA: - Humberto querendo saber se vamos mesmo no aniversário do pai da Fernanda. REGINA: - Pai da ex do Gabriel? Vocês ainda mantém relações? SELMA: - Nem tanto quanto antes, mas sim, ainda nos falamos. Arthur faz questão da nossa presença. REGINA: - Admiro essa civilidade de vocês. As duas riem. CENA 10. TÁXI.INT. DIA. Paula e Fernanda no banco de trás do táxi. Fernanda ao celular. FERNANDA (ao telefone): - Que ótimo, mãe! Eu fico tão feliz com isso! (T) Claro, ela tá aqui do meu lado. Vou dar a notícia pra ela agora mesmo! (T) Obrigada! Também te amo! (T) Até à noite! Beijão! (desliga) PAULA: - O que foi? FERNANDA: - Meu pai quer nós duas na festa hoje. PAULA: - Como é que é?! Ele está doente, não está? FERNANDA: - Para, Paula! (risos) Minha mãe falou que ele está agindo super normal com isso. E que partiu dele mesmo que você fosse junto comigo lá. PAULA: - Eu fico feliz por você, Nanda, porque eu sei que é uma das coisas que você mais queria na vida. Mas eu ainda acho que tem coisa errada aí. Seu pai, do nada, mudar de ideia com relação a gente. FERNANDA: - Vai ver ele quer colocar um ponto final nessa situação. Quer bandeira branca, paz! PAULA: - É, pode ser... (olha na janela) Ali! (ao taxista) Para ali moço, por favor. CORTA: CENA 11. CLÍNICA BERTOLINI. EXT. DIA. Paula e Fernanda descem do táxi. As duas trocam olhares, cúmplices. FERNANDA: - Está preparada? PAULA: - Vamos lá! As duas entram de mãos dadas na clínica. CORTA: CENA 12. CLÍNICA BERTOLINI. INT. DIA. Paula e Fernanda entram. O ambiente é sofisticado, amplo, bem decorado. Nas paredes, fotos de casais felizes, mulheres gestantes. Nanda se encanta. FERNANDA: - Só de entrar aqui, a gente já sente uma sensação bacana. PAULA: - É realmente igual ao que mostra no site. FERNANDA: - Mas será que o valor dá mesmo? Isso tudo tem jeito de ser muito mais do que a gente tem, Paula. PAULA: - Vamos torcer para que não seja, Nanda. FERNANDA: - Com quem a gente pode falar, será? Sei lá, pra conhecer mesmo né, como funciona? PAULA: - Vamos ali na recepção. As duas se aproximam da bancada da recepção, que está vazia. FERNANDA: - Não tem ninguém. Uma moça (negra, 30 anos, cabelos cacheados, magra, vestindo uniforme da clínica) se aproxima por trás das duas. MOÇA: - Pois não? Paula e Fernanda se viram para a moça, que as recepciona com um lindo sorriso. Paula reconhece a moça. PAULA: - Esse sorriso... (surpresa) Olívia! OLÍVIA: - Paula! As duas se abraçam, fortemente, felizes. Fernanda observa, contente também. PAULA: - Nanda! Essa aqui é a Olívia! Minha amiga de infância! (a Olívia) Menina, você continua linda! OLÍVIA: - E você também! Nossa, quanto tempo, Paula! PAULA: - Pelo menos uns 15 anos, desde que você foi para os Estados Unidos. OLÍVIA: - Mas você continua a mesma, esse olhar intrépido... (à Nanda) Tem gênio difícil, não tem? Teimosa! FERNANDA: - Oh, se tem! (risos) PAULA: - Para! Eu melhorei, vai... (risos) OLÍVIA: - O bom é poder ver você novamente, Paula!... E sua mãe, e Tito? PAULA: - Mamãe continua com o João. Não sei como ela aguenta, mas enfim. E o Tito tá lá... Um moço lindo! Você precisa ver!... Eu não moro mais com eles. Agora estou com a Nanda (segura a mão de Nanda, beija seu dorso) e estou vivendo o momento mais feliz da minha vida. Fernanda sorri, graciosa, para Paula. PAULA: - Nanda, a Olívia acompanhou praticamente tudo da minha vida. Da parte que eu decidi me assumir gay até quando eu saí de casa a primeira vez... Sabe tudo, tudo, tudo! OLÍVIA: - Quase tudo, né? Depois que eu fui embora, a gente perdeu contato, mas agora eu estou de volta ao Rio de Janeiro, definitivamente. Trabalhado aqui na clínica... Aliás, falando nisso, vocês estão aqui por quê? Fernanda e Paula trocam olhares. OLÍVIA: - Ai, claro, que burrada a minha! (risos)... Vocês querem ser mães, isso? FERNANDA: - A gente se gosta tanto... Um filho selaria de vez essa nossa história tão bonita. PAULA: - É um amor tão forte que a gente decidiu por formar nossa família. Então viemos aqui conhecer. OLÍVIA: - Então vocês vieram no lugar certo. Aqui é uma das mais renomadas clínicas de inseminação artificial do país. Pode acreditar, meninas. Vocês serão mães eu já me sinto feliz da vida em poder participar desse momento! Fernanda e Paula se mostram animadas. Olívia também, sorrindo feliz. CENA 13. APTO LISA. SALA. INT. DIA. Lisa lendo um livro no sofá, de frente para a varanda. O local é claro, poucos móveis. Da varanda, vê-se a Lagoa Rodrigo de Freitas. A campainha toca. Lisa vai até a porta. Abre. É Bruno. Os dois se encaram, em silêncio, por um instante. LISA: - Oi, Bruno. BRUNO: - Posso entrar? LISA: - Claro. Lisa dá espaço para Bruno passar e fecha a porta. LISA: - Você quer alguma coisa? Água, café? BRUNO: - Nada não. Eu na verdade só quero te fazer uma pergunta. LISA: - Pode fazer. BRUNO: - Você ficou com vergonha de me ver trabalhando de garçom na danceteria, não ficou? Pode falar! LISA: - Calma, Bruno... Eu/ BRUNO (interrompe): - Ficou né?! Eu sei que ficou, Lisa! LISA: - Eu não disse nada! BRUNO: - Nem precisa. Eu lembro da sua amiga rindo da minha cara, lembro de você com vergonha sim de toda a situação. LISA: - Eu não sabia que você era o garçom, fiquei surpresa, só isso. BRUNO: - Mas que diferença faz eu ser o garçom ou o dono do lugar?! Você iria gostar mais de mim se fosse o contrário? Porque desde aquele dia, você não me ligou, não me deixou recado, nem nada, Lisa. Parece que está me evitando. LISA: - Não é isso, Bruno! Eu nunca evitei você! BRUNO: - Até saber que eu era o garçom. LISA: - Para com isso! Não fica se colocando como vítima na história, poxa! Eu tive dias de muitos trabalhos, correria mesmo. BRUNO: - Eu vi a sua correria na rede social, com sua amiga loirinha e rica no shopping. LISA: - Você anda cuidando a minha vida? Além de garçom é espião, é isso? BRUNO: - Eu só queria tentar entender porque você fez isso comigo. Eu que gostei tanto de você! LISA: - Gostou? BRUNO: - Gostei. Porque depois daquela nossa noite aqui, eu aprendi a amar você, Lisa. Eu fiquei e ainda estou completamente apaixonado por você! Mas eu não sei até onde eu posso ir, porque eu não quero ser um estorvo na sua vida, na sua vida com seus amigos ricos e descolados... Eu nunca tive isso, Lisa. Eu sempre tive que ralar. Sempre tive que abrir mão do que eu queria para ajudar em casa. Sabe aquela boa e velha realidade do negro suburbano carioca?! Ela está aqui, na sua sala! Eu sempre ralei e perdi por ser negro, como você. Mudamos pra zona sul há pouco tempo, porque meu avô ganhou uma indenização da empresa onde ele trabalhava e conseguiu comprar a casa nova. A zona sul virou um espaço novo, onde eu conheci alguém que me tirou do chão, mas que sente vergonha de mim. Ela se aproxima de Bruno, o segura pelo rosto, firme. LISA: - Eu também ralei muito para estar onde eu estou. Enfrentei muito preconceito também. Ouvi os mais diversos impropérios que uma mulher negra pode ouvir na sua vida. E não desisti. Graças a Deus, tive pessoas ao meu lado que me ajudaram muito e hoje consigo ter uma carreira de modelo estável, que pelo menos paga as minhas contas. A boa e velha história da suburbana da baixada que se esforça na capital e vence, está aqui nesta sala, na sua frente, Bruno. A zona sul virou minha morada, onde eu conheci um cara que mexeu comigo como nenhum outro fez e que ao invés de acreditar que eu estou apaixonada por ele, prefere pensar que ele me faz mal... Esse cara é um bocó! Lisa larga o rosto de Bruno, se afasta até a varanda. Olha para a rua, olhos marejados. Bruno pensativo, fica a observar Lisa. BRUNO: - Você falou o que? LISA: - Eu falei que estou apaixonada por você. (vira-se) E que não tem diferença nenhuma se você é o garçom ou dono daquela danceteria. Não me interessa! Interessa a sua essência, o seu caráter, seu jeito. Me interessa você, Bruno. Só você! MUSIC ON: (Beija eu – Marisa Monte) Bruno sorri, encarando Lisa. Ela retribui, emocionada. Bruno se aproxima de Lisa, a beija. Os dois trocam carinhos. Aos beijos, caem sobre o sofá, despindo-se. MUSIC OFF. CENA 14. CLÍCIA BERTOLINI. CONSULTÓRIO. INT. DIA. Fernanda e Paula conversam com Olívia e mais um homem (50 anos, pele morena, cabelo curto, castanho escuro), trajando jaleco branco da clínica. HOMEM: - De porte dos exames solicitados, a gente já começa o processo de inseminação. Qual das duas vai receber o óvulo? FERNANDA: - Eu, doutor. HOMEM: - Fernanda, é isso? FERNANDA: - Isso. HOMEM: - Nós vamos então utilizar seus óvulos e fazer a inseminação com o material genético que vocês irão escolher. Todas as características do componente masculino para a geração desta nova vida que vai crescer aí dentro de você. OLÍVIA: - Meninas, o doutor Túlio é um dos melhores médicos da área. Vocês podem ter certeza de que será um procedimento de muito sucesso. TÚLIO; - É válido lembrar que este processo de inseminação artificial tem uma taxa de sucesso entre 25 e, até 40 por cento. Pode parecer pouco, mas depende da saúde da paciente, no caos do homem também, da saúde do doador. PAULA: - Doutor, quais os cuidados que a gente vai precisar ter depois que confirmar a gravidez? Tem alguma recomendação especial para a inseminação? TÚLIO: - Não. Os cuidados são de uma gravidez gerada de forma natural, digamos assim. Pelo que vocês me passaram antes, são duas mulheres de hábitos saudáveis, o que ajuda muito. Recebo muito casais que alguns problemas de saúde afetam. FERNANDA: - É comum casais gays virem aqui para fazer inseminação? TÚLIO: - Não é tão recorrente. Mas acontece sim. A maioria tem a opção da adoção. Por isso que eu fico feliz em ver vocês, duas mulheres jovens, determinadas, que se amam tanto... Dá pra ver no olhar de vocês essa paixão... fico feliz de ver que vocês desejam gerar isso, dentro de uma das duas... Gerar esse fruto de amor. Um filho é um fruto de amor. OLÍVIA: - E por favor, que eu seja madrinha! (risos) PAULA: - Agora que encontrei você, não desgrudo mais, Olívia! FERNANDA: - Nem eu, Olívia! Adorei você! Minha amiga, minha irmã, tudo minha agora! (risos) TÚLIO: - Olívia sempre arrematando os pacientes com essa energia. (risos) OLÍVIA: - Ah, doutor. As pessoas procuram a gente para gerar vida. Tem coisa melhor que isso? Contribuir para a vida? Então eu fico feliz mesmo, distribuo boas vibrações por aí sim!... E vou torcer muito por vocês, meninas. Vocês merecem. Fernanda e Paula se olham, confiantes. CENA 15. AGÊNCIA R3. SALA ILLANA. INT. DIA. Illana trabalhando em sua mesa, quando alguém bate à porta. ILLANA (grita): - Entra! Alex abre a porta, vai entrando. ILLANA: - Pode fechar a porta. Passa a chave. Alex faz o que ela diz. ILLANA: - Eu não queria atrapalhar sua tarde de folga, mas você vai precisar se acostumar com isso. ALEX; - Isso o quê? ILLANA: - A nem sempre ter tarde de folga. Ou você tá pensando em recusar dinheiro fácil? ALEX: - Olha só, Illana, eu/ ILLANA (interrompe): - Nem pensa em dar pra trás agora, porque eu consegui um lance pra você, meu querido. Que se desse, até eu iria. Illana pega um cartão e entrega para Alex. ALEX: - Motel... ILLANA: - Seu primeiro programa e num dos motéis mais caros do Rio. E a cliente tá pagando e muito bem! Então, meu querido, capricha. ALEX: - Isso é tão estranho. ILLANA: - Você é o primeiro homem que eu vejo que fica pensando demais quando se fala em sexo. Alex, transar e ganhar dinheiro. Simples. Você precisa para se manter, vai te ajudar a abrir contatos, a crescer na vida. ALEX: - Você subiu na vida assim? ILLANA: - O assunto aqui é o Alex e não a Illana. Por favor, na hora marcada, como diz aí no cartão, cheirosinho, depiladinho... ALEX: - Ei! ILLANA: - Higiene, meu amor! ALEX: - Eu só vou te pedir uma coisa: nenhuma palavra com a Mari sobre isso. ILLANA: - Você acha que eu sou amadora, Alex? Ninguém além de nós dois precisa saber disso. ALEX: - E eu também quero a Mari fora desse esquema todo, tá legal? ILLANA: - Tá querendo me ensinar a gerenciar os negócios? Alex se aproxima da mesa de Illana, fica cara a cara com ela. Os dois se encaram, sérios. ALEX (firme): - Eu quero a Mariana fora disso. Tá legal? ILLANA (sussurra): - Você vai se atrasar, Alex. Ele se afasta, mas sem tirar os olhos, firmes, de Illana. Ela praticamente nem respira até que Alex sai da sala. Illana solta o ar, um tanto aliviada. Ela fica pensativa. CORTA RÁPIDO. CENA 16. SALA ILLANA. EXT. DIA. Do lado de fora, Alex respira fundo, observa o cartão. ALEX: - Você precisa de grana, Alex... Precisa ter força pra pegar aquele desgraçado que matou seu pai. Vamos lá... Só uma fase. E sai. CENA 17. VISTA CHINESA. EXT. DIA. Gabriel e Bia no mirante da Vista Chinesa. Os dois contemplam a paisagem do Rio, ao entardecer. BIA: - Eu sempre quis vir aqui. É tão mágico ver o Rio daqui de cima. GABRIEL: - Moramos num verdadeiro paraíso. Claro que tem alguns que querem destruir, gente sem noção do quanto isso é bonito e importante. Mas ainda sim, é um paraíso. BIA: - Obrigada por me trazer aqui. GABRIEL: - Não precisa agradecer não, princesa. (beija Bia) Você me disse que precisava conversar então nada melhor do que vir para um lugar bacana, pra gente falar em paz. BIA: - Então... Eu nem sei por onde começar, Gabriel. GABRIEL: - Começa pelo começo. Simples. BIA: - Eu fico com vergonha (ri, envergonhada) GABRIEL: - Não precisa ter vergonha não, Bia. Pode falar... Embora eu já desconfie do que você quer dizer. BIA (estranha): - Desconfia?! Mas como?! GABRIEL: - Pelos sinais. (sacana) Vocês, meninas mais novas, ficam deslumbradas com qualquer coisa que a gente, homens mais velhos que vocês, faz. A ida na danceteria, os presentes, jantares em lugares legais, a Vista Chinesa... BIA: - Então você já sabe que/ GABRIEL (interrompe): - Já sei que você se apaixonou por mim. Na verdade, eu soube desde o nosso primeiro encontro. BIA: - E você nunca disse nada, por quê?! GABRIEL: - Pra não estragar o nosso lance, Bia. Antes de qualquer coisa, eu quero que você saiba que eu não estou apaixonado por você. Bia “se choca” diante da revelação de Gabriel. GABRIEL: - Eu te acho muito legal, linda demais, corpo bonito. Mas o nosso lance é sair de vez em quando, balada e cama. BIA: - Você tá saindo comigo só para transar, é isso?! GABRIEL: - Não! Claro que não é só para isso. Você é uma menina bacana, como eu já falei. Tem boa conversa, me faz bem. Mas só. Falar de amor, de paixão com você... É um pouco fora da minha realidade. Deveria ser fora da sua também. Eu sempre amei e amo até hoje, uma única mulher. Fernanda. E é com ela que eu vou ficar. Enquanto ela não está comigo, eu vou me divertindo. Bia acerta um tapa no rosto de Gabriel. Ela, com os olhos marejados. GABRIEL: - Mão pesada, hein, menina! BIA (entrando no carro): - Me leva embora daqui. Agora! GABRIEL: - Claro, vamos sim. Bia enxuga a lágrima, tentando se manter forte. Gabriel entra no carro, fica a observar a garota, que não o encara. GABRIEL: - Olha só, Bia. Eu não queria magoar você. Mas eu achei que você entenderia depois do segundo ou terceiro encontro, que a gente não iria namorar. Que não era esse o lance. BIA: - Só me leva embora, Gabriel. Por favor. Eu quero ir pra minha casa. Gabriel não insiste, liga o carro e parte. Bia olhando pela janela, deixa lágrima cair em seu rosto. CENA 18. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA. Imagens panorâmicas da cidade na transição do dia para a noite. Takes gerais da cidade iluminada, as luzes dos carros nas rodovias. CENA 19. APTO MATHEUS. INT. NOITE. Matheus conversa com Roberta no chão da sala, assistindo tv. MATHEUS: - Que bom que você veio pra cá, miga. Estava me sentindo carente. ROBERTA: - Eu jamais te deixaria na mão, amigo. Prova disso que desmarquei meu PA pra vir aqui. MATHEUS: - PA? ROBERTA: - Pau amigo. MATHEUS (risos): - Nossa, miga! ROBERTA: - Meu amor, Robertinha aqui gosta de brincar também, ué. MATHEUS: - Eu também gosto. Mas sei lá... To me sentindo carente, mas não de sexo. Talvez de um amor. ROBERTA: - Você quer namorar, Matheus?! MATHEUS: - Eu quero. Qual o problema? ROBERTA: - Você não pode estar bem. Esse Rio de Janeiro inteiro pra gente desfrutar de solteirice e você querendo namorar, na flor da idade, como diria minha mãezinha! MATHEUS: - Esse é o problema, Roberta. Você, mulher, consegue fácil, fácil alguém. To pensando até em fazer terapia pra ver se o problema não é comigo mesmo, porque eu só atraio gente estranha. ROBERTA: - Deixa de ser bobo, Matheus! O lance é que você fica fixo nessa história de ter alguém e esquece de curtir de boa. Uma hora vai aparecer alguém. Mas você tem que estar livre para o que vier antes, entende? Matheus fica pensativo. ROBERTA: - Não digo pra sair por aí beijando qualquer boca. Mas pra estar livre pra beijar quando surgir. MATHEUS: - Eu só falto andar com plaquinha nos lugares, amiga! Outro dia eu me perguntei se não voltei a ser BV de novo, de tanto tempo que faz a última vez! Pra mim tá bem difícil. Nem na boate gay eu consegui um boy! ROBERTA: - Seu caso é sério mesmo. Matheus, será que não fizeram urucubaca pra ti? MATHEUS (espantado) - Será?! Mas quem, meu Pai?! Eu to sempre de boa com todo mundo! ROBERTA: - Sei lá, amigo. Sempre tem gente querendo fazer o mal por aí. No teu caso, desejaram que você não pegasse mais ninguém pro resto da vida! MATHEUS: - Vira essa boca pra lá! ROBETA: - Já sei! Uma amiga da faxineira lá do prédio tem uma conhecida que é amiga de uma mãe de santo, lá em Padre Miguel. MATHEUS: - Nossa! ROBERTA: - Vou pegar o contato dela e nós vamos lá. Mesmo que não seja nada, ela pode ajudar a abrir teus caminhos, abrir teu corpo, tua boca, te abrir todo! MATHEUS: - Que forte isso, hein amiga! ROBERTA: - Mal não vai fazer, mas pelo menos vamos saber o que pode te ajudar a sair dessa seca braba! Matheus se mostra indeciso, enquanto Roberta o encara confiante. CENA 20. CASA ELIANE. QUARTO TITO. INT. NOITE. Tito está deitado em sua cama, pensativo, quando escuta barulho de carro. Ele salta rapidamente, vai para a janela, escondido. De seu ponto de vista, vemos Bia descer do carro de Gabriel, entristecida, e entrar apressada em casa. Gabriel parte. TITO: - Estranho. Tito fecha a cortina do quarto. CENA 21. APTO LISA. SALA. INT. NOITE. Lisa abre a porta do apto para Bruno sair. Clima de paz, romance. Os dois se beijam na porta, apaixonados. LISA: - Você é louco. BRUNO: - Louco por você. LISA: - A gente não se protegeu de novo. Tá errado. Na próxima não rola. BRUNO: - Hummm... LISA: - Tô falando sério, Bruno. Não podemos nos arriscar assim. BRUNO: - Tem razão. De repente, Pedro surge, saindo do elevador. Pedro se surpreende ao ver Bruno e Lisa na porta do apto. LISA: - Pedro? PEDRO: - Oi... BRUNO: - Olá, tudo bem? Pedro acena com a cabeça. PEDRO: - Lisa, será que a gente pode conversar? BRUNO: - Bom, vou deixar você em paz. Eu preciso me arrumar porque logo mais tenho que estar na Joquer. Bruno beija Lisa. Pedro desvia o olhar, incomodado. Bruno se afasta, cumprimenta Pedro e entra no elevador. O elevador sai. Pedro ainda no corredor, encarando Lisa. LISA: - O que você quer falar comigo, Pedro? PEDRO: - Não sabia que você já estava trazendo outro pra dentro de casa. LISA: - O quê?! Me nego a ouvir isso... (entrando) Pedro entra atrás de Lisa no apto e fecha a porta. PEDRO: - Nosso primeiro apartamento, Lisa. LISA: - Pedro, de uma vez por todas: o que aconteceu entre a gente, acabou! Foi muito bacana, vivemos momentos felizes, mas a-ca-bou! PEDRO: - Eu sou um idiota mesmo em me prestar vir até aqui para saber como você está, como foram suas fotos para a nova campanha... Mas aí eu recebo um soco no estômago logo na entrada. Você e o garçom da Joquer aos beijos. LISA: - E daí que ele é o garçom? Não diminui ele em nada isso. PEDRO: - Você é uma modelo em plena ascensão! Precisa estar melhor relacionada. Deveria saber disso. LISA: - Eu agradeço e muito os seus conselhos, mas você não é meu agente e nem o dono da agência. Portanto, acho que não temos mais nada pra falar, Pedro. Por favor, pode ir. PEDRO: - Você está apaixonada por ele? LISA: - Pedro, por favor. Eu não quero brigar com você, é sério. PEDRO (seco): - Eu vou perguntar mais uma vez. Você está apaixonada por ele? Silêncio. Pedro encara Lisa, aguardando resposta. Ela não diz nada, olhando para ele. PEDRO: - Você ainda vai reconhecer que o cara pra você, sou eu. LISA: - Tchau, Pedro. Pedro sai, bate a porta do apto. Lisa fica pensativa, se joga no sofá. CENA 22. APTO OSVALDO. INT. NOITE. Osvaldo e Mariana na mesa do jantar. Regina chega na sala, vestida elegantemente num macacão preto. As joias ostentam sua beleza. OSVALDO: - Mas você vai sair e nem me avisa nada, amor? MARIANA: - Você está linda, mãe! REGINA: - Obrigada, filha. Ah, Osvaldo, eu te avisei, mas você sempre enfiado nos negócios, nem lembrou. Eu tenho um jantar com as meninas do pilates. Depois elas querem dar uma esticadidinha. OSVALDO: - Esticadinha onde?! MARIANA: - Viu, papai?! Mamãe agora deu pra ir em baladas! (risos) REGINA: - Que exagero! (risos) Um outro barzinho talvez, uma música ao vivo. Nada demais... (beija Osvaldo) Não demoro. E por favor, não ponham fogo no apartamento. Regina sai. OSVALDO: - E você, filha, não vai sair também? Está uma noite tão bonita. MARIANA: - Eu bem que queria, mas fiquei sem companhia. O que me resta é estudar o que eu preciso, porque talvez eu comece a fazer comerciais pra TV. OSVALDO: - É mesmo?! Que maravilha! Então em breve eu verei minha filha na telas por aí! MARIANA: - Eu estou tão empolgada! Tomara que dê certo! OSVALDO: - Vai dar sim. Você se esforçando, vai longe! Mariana levanta-se do seu lugar, abraça Osvaldo e sai. Ele continua jantando. O celular dele toca. OSVALDO (ao telefone): - Eu ia ligar para você logo mais. (T) Certo, justamente para avisar disso. Eu já organizei os contratos como você pediu, coloquei alguns aditivos que vão passar facilmente pelos auditores. (T) Amanhã mesmo estará na sua empresa. (T)Certo, como combinamos. (T) Boa noite. (desliga) CENA 23. CASA ARTHUR. SALA. INT. NOITE. Aniversário Arthur. Alguns convidados já na casa. Arthur conversa com Selma e Gabriel. ARTHUR: - Eu fico muito feliz de ver vocês aqui. SELMA: - Nós que agradecemos o convite, Arthur. E Norma, onde está? ARTHUR: - Está por aí! Deve estar repondo alguma bandeja de salgadinho. Sempre fica uns sozinhos ali e ela vai lá trocar. Cadê Humberto? GABRIEL: - Papai foi fazer uma ligação. Humberto se aproxima. SELMA: - Sempre ligado nos negócios. HUMBERTO: - A minha vida são os meus negócios, Selma. E eles não tem hora para precisar de mim. ARTHUR: - Isso é a fala de um homem importante! (cumprimenta Humberto) Que bom que você veio, Humberto. Fiquem à vontade! Tem espaço aqui, tem na outra sala. Vocês são de casa! Humberto e Selma se afastam. Arthur se aproxima de Gabriel. ARTHUR: - A Nanda vem. GABRIEL (se empolga): - Vem mesmo? ARTHUR: - Vem ela e aquela ridícula da Paula. Se eu não chamasse a Paula, a Nanda não viria. Mas é aqui que você vai agir. Vou deixar vocês à sós. Você precisa ser certeiro, Gabriel. A Paula flagra você e a Nanda juntos e fim de papo. GABRIEL: - Mas a Nanda é difícil de dobrar, Arthur. Não é simples. Parece até que você não conhece sua filha. ARTHUR: - E parece que você nunca foi pra cama, com uma mulher um tanto, digamos assim, animada... GABRIEL: - O senhor tá querendo que eu vá pra cama com a Nanda, bêbada? ARTHUR: - É o único jeito dela ceder e da Paula perceber que não tem chance! Gabriel encara Arthur, surpreso. GABRIEL: - O senhor é genial. Nunca tinha pensado nisso. ARTHUR: - Você é a minha aposta. GABRIEL: - Pode deixar que eu vou cumprir essa missão com o maior prazer. Neste instante, Solano e Isaura chegam à casa de Arthur. Norma vem do corredor e os recepciona. NORMA: - Sejam muito bem-vindos à nossa casa! SOLANO: - Muito obrigado! ISAURA: - Ficamos felizes com o convite. Estamos aqui a pouco tempo, então não temos ainda aquela integração com a vizinhança. NORMA: - Para tudo se tem um começo. Fiquem à vontade. (procura Arthur, o vê falando com Gabriel) Arthur! Arthur se aproxima. NORMA: - Seu Solano e Isaura! ARTHUR: - Solano! Bem-vindo! SOLANO: - Primeiro, meus parabéns e saúde! Segundo, parabéns pela bela esposa que tens. Uma mulher encantadora. ARTHUR: - Encantadora mesmo. Mas é minha, seu Solano! Tira o olho! (risos) NORMA: - Arthur! SOLANO: - Longe de mim a cobiça! Apenas um cortejo sincero. NORMA: - Eu fico lisonjeada com o elogio. Mais uma vez, obrigada e fiquem à vontade. Solano e Isaura vão para a outra sala. ARTHUR: - E a Nanda? Nem sinal ainda... Será que ela vem mesmo? NORMA; - Claro que vem. Ela me confirmou. Fica calmo, vai recepcionando o pessoal que eu vou ver o que precisa servir de petiscos. Norma se afasta. Arthur se mostra ansioso. CENA 24. MOTEL. SUÍTE. INT. NOITE. Alex um tanto nervoso dentro do quarto do motel. Ele está apenas de cueca branca, sem camisa. Ele se encara diante do espelho. O corpo é atlético, em forma. ALEX: - Relaxa, Alex. É só uma fase. Ouve-se batidas na porta. Ele respira fundo, abre. É Regina, de costas. ALEX: - Pois não? Regina tira da bolsa uma venda e entrega para Alex. REGINA; - Coloca nos meus olhos. É minha primeira vez nesse motel. Quero ser surpreendida. Alex obedece e venda os olhos de Regina. REGINA: - Agora me pega no colo, me leva para dentro do quarto, sobre a cama. Alex pega Regina no colo. Ela se aproxima do pescoço dele, sente seu perfume. Alex, com Regina no colo, fecha a porta do quarto, caminha com ela em direção a cama. Regina ainda seduzida pelo cheiro dele. REGINA: - Para, para, mudei de ideia. Me coloca no chão. Alex deixa Regina no chão. REGINA: - Tira minha venda, devagar. Quero ver quem é esse homem cheiroso por demais. Alex tira a venda dos olhos de Regina. Sorrindo, aos poucos, ela abre os olhos. De repente, o sorriso de Regina some ao ver que Alex é negro. Regina se retrai. REGINA: - Que merda é essa?! ALEX (sem entender): - Como é? Eu fiz o que estava no cartão... Não era pra esperar de cueca? REGINA: - Não era pra você estar aqui comigo! Não era pra ser você! Um... Um... Preto! Alex se choca com os dizeres de Regina. Os dois ficam a se encarar. CENA 25. CASA CARLA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE. Diogo, Tereza e Cícero são recepcionados por Milton e Verônica. Estão todos sentados na sala de estar, ampla e bem decorada. CÍCERO: - Prazer em rever você, Milton! MILTON: - Digo o mesmo, Cícero. Acho que a última vez que nos vimos foi no aniversário da Carla, no Copacabana Palace. VERÔNICA: - Nossa, tanto tempo assim, gente? Aquela festa marcou a noite carioca! TEREZA: - Lembro que foi muito comentada. VERÔNICA: - E eu lembro que você não foi, Tereza. TEREZA: - Eu estava escrevendo meu último livro. Precisava de um pouco de calmaria, paz. Estava em Petrópolis. VERÔNICA: - Petrópolis é engraçadinha, bonitinha... Mas quando eu quero paz, eu vou para Paris. Não há melhor lugar no mundo para ter paz do que pelas ruas de Paris. MILTON: - Principalmente se você estiver caminhando pela rua com sacolas de compras de lojas de grife, não é? VERÔNICA: - Bingo! (risos) CÍCERO: - Nossa lua-de-mel foi em Paris, não é querida? Foram dois meses muito bem aproveitados na Cidade Luz. TEREZA: - Achei tudo lindo. Mas confesso que prefiro Nice. DIOGO: - Mais sua cara mesmo, mamãe. VERÔNICA: - Nice é linda! Eu adoro também! MILTON: - Vamos combinar que a França como um todo é encantadora. VERÔNICA: - Foi lá que encomendamos a Carla, não é, Milton? (risos) MILTON: - Foi é? Nunca sei disso... (risos) CÍCERO: - Elas adoram lembrar destes detalhes. VERÔNICA: - Gente, isso faz parte da história do casal. Aposto que a Tereza sabe quando vocês encomendaram o Diogo. Cícero e Tereza trocam olhares, cúmplices, com Diogo. TEREZA: - O Diogo chegou no nosso terceiro para o quarto ano de casamento. E ele já veio com três meses de vida. VERÔNICA: - Como assim?! DIOGO: - Eu sou adotado, Verônica. VERÔNICA: - Gente, eu estou chocada! A Carla nunca me disse nada! CÍCERO: - E lá se vão mais de trinta anos... VERÔNICA: - Mas adotaram por quê? Neste instante, Carla chega na sala. CARLA: - Já chegaram! CÍCERO: - A pouco tempo. E muito bem recepcionados. MILTON: - Para melhorar a recepção, que tal um escocês 12 anos? CÍCERO: - Aceito. Milton vai até a copa. Carla cumprimenta Cícero e Tereza. Senta-se ao lado de Diogo, o beija. CARLA: - Você está lindo! DIOGO: - Você também, Carla. Linda. VERÔNICA: - São ou não são, um casal de televisão?! Lindos! CARLA: - E hoje a noite será especial. Uma noite única. Carla se mostra feliz ao lado de Diogo. Ele esboça um sorriso. CENA 25. CASA ARTHUR. SALA. INT. NOITE. Arthur e os convidados, conversando, festa acontecendo. Ele no centro da sala, conversando com algum dos convidados, quando de repente, para de falar, encarando a porta da casa. CAM vai buscar Fernanda chegando de mãos dadas com Paula. As duas se aproximam. Norma vai pro lado de Arthur. Fernanda sorri. Paula um pouco retraída. Arthur encara as duas. Ao fundo, Gabriel observa a chegada de Fernanda e Paula, sorri, cínico. ARTHUR: - Filha... Que bom que você veio. FERNANDA: - Feliz aniversário, pai. NORMA: - Seja bem-vinda, Paula. PAULA: - Obrigada. ARTHUR: - Tenham certeza de que será uma noite inesquecível. Para todos. Gabriel se aproxima deles. Paula se retrai. GABRIEL: - Boa noite, meninas. Nada melhor que uma festa para a gente se encontrar novamente. Não acham? Arthur coloca a mão sobre o ombro do rapaz. Gabriel sorri, encarando Fernanda e Paula, que estranham aquilo tudo. |
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