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CAPÍTULO 20 | ||
CENA 01. APTO FERNANDA E PAULA. INT. NOITE Continuação do capítulo anterior. Paula pressiona Fernanda. PAULA: - Então, Nanda? Não vai me responder sobre essa foto aqui? (mostra o celular) FERNANDA (despista): - Eu nem sabia dessa foto, Paula. Estou tão surpresa quanto você. PAULA: - Nanda, por favor. Não me faça de boba! Eu não mereço ser tratada como uma idiota! FERNANDA: - Eu encontrei o Diogo quando eu passava por uma livraria. Ele me chamou, eu conversei com ele, por pouco tempo. Você sabe que o Diogo é conhecido. Uma jornalista nos viu, pediu uma foto e a gente fez, pronto. Foi isso. Eu não tenho culpa se ela colocou dessa forma no site. PAULA: - Pouco me importa a forma como ela colocou isso no site. O que está me incomodando é essa intimidade toda que o Diogo tem com você, para se referir a vocês dois como um casal. Se isso não é verdade, por que ele não desmentiu? Por que essa brincadeirinha sem graça com você? As duas ficam a se encarar. PAULA: - Aliás, essa aqui é a mesma roupa que você usou no happy hour com o pessoal do seu trabalho. (desconfia) Se é que houve happy hour, não é? Será que esse encontro já não estava programado e só eu não sabia? FERNANDA: - Eu encontrei o Diogo depois do happy hour, Paula e/ PAULA (grita): - Chega! Chega de mentir para mim, Nanda! Silêncio. Paula vai até a janela, tenta segurar as lágrimas. Fernanda baixa o olhar, constrangida. PAULA: - O Diogo pode ser um cara muito bacana, como você diz. Mas eu não quero mais ele com a gente. FERNANDA: - Com a gente? PAULA (vira-se): - Com você! FERNANDA: - Você não tem o direito de escolher com quem eu falo ou deixo de falar, Paula. A gente nunca foi assim. PAULA: - Mas vai ser preciso ser assim agora, Nanda. Não dá pra levar essa história como se fosse algo normal. Está na cara que o Diogo está apaixonado por você! Só você que não percebe... (encara) Ou percebe? FERNANDA: - Eu tenho o Diogo apenas como um amigo. Nada mais. PAULA: - Então trate de deixar isso muito claro para ele. Senão quem vai ter que fazer isso, sou eu. Paula se aproxima de Fernanda, lhe entrega o celular. PAULA: - Espero que você apague isso do seu telefone. Não tem porquê guardar esse tipo de coisa. Fernanda pega o celular, enquanto Paula segue em direção ao quarto. Fernanda observa a foto por um instante. Ela deleta a foto do celular, pensa um pouco e se retira. CORTA: CENA 02. QUARTO. INT. NOITE. Paula deitada na cama, chorando. Tempo e Fernanda entra, para diante da cama, observa Paula. PAULA: - Eu achei que já tivesse superado o fantasma que o Gabriel trazia pra gente. Mas eu sinto que estou vivendo de novo esse medo! (tenta segurar as lágrimas) A gente está construindo uma família, Nanda. Uma coisa que eu nunca tive na minha vida. Eu não quero perder isso. Eu não quero perder você! Fernanda se aproxima dela. FERNANDA: - Você não vai me perder, Paula! Eu estou aqui! Nós estamos juntas nessa! É assim que vai ser. Paula abraça Fernanda, com força. PAULA: - Eu amo tanto você! Promete que não vai me deixar? Promete que a gente vai ser feliz apesar de tudo que possa acontecer? FERNANDA: - Eu nunca vou deixar você. Eu te amo. As duas trocam olhares e se beijam, carinhosamente. CENA 03. APTO ALEX. SALA. INT. NOITE. Illana senta-se no sofá, encarando Alex. ILLANA: - Não adianta ficar me olhando com essa cara de espanto, Alex. Eu só saio daqui depois que você me contar sobre esse seu segredo aqui no Rio de Janeiro. ALEX: - Você não desiste mesmo, hein! ILLANA: - Meu amor, eu não posso parar nunca. Com nada. Se eu paro, o mundo me engole. E eu quero é engolir o mundo. E também engolir você se não me falar logo o que te prende nessa cidade. ALEX: - Tá certo. Ele senta no sofá, próximo dela. ALEX: - Você promete não abrir a boca para ninguém? Isso é algo muito sério. ILLANA: - Alex, fala logo! ALEX: - Tudo bem. Eu cheguei aqui no Rio atrás de vingança. ILLANA (surpresa): - Vingança?! Você? ALEX: - Vingança não, justiça... (confuso) Ou vingança, mesmo, sei lá! ILLANA: - Mas a troco de quê? ALEX: - Eu morava em São João da Barra, trabalhava de pedreiro com meu pai. Um dia, a gente voltava pra casa depois de muitas horas de trabalho... FLASHBACK, CAPÍTULO.02. CENA 37 SÃO JOÃO DA BARRA. ESTRADA. EXT. NOITE. Alex percebe as luzes vindo de trás dele e de Dionísio. ALEX: - Ih, papai... Vem vindo um carro em alta velocidade ali atrás. DIONÍSIO: - Eles vivem correndo nessas rodovias. Acham que são pilotos de Fórmula 1! ALEX: - Vem um pouco mais para o canto, papai. Alex tenta proteger Dionísio. Osvaldo se aproxima com o carro, tentando manter o controle. Porém, ele não consegue segurar o volante e acaba avançando sobre pai e filho. O carro acerta Alex e Dionísio, que cai alguns metros depois. FIM DO FLASHBACK, Illana chocada, mão na boca. ILLANA: - Meu Deus! Que horror! ALEX: - Eu e meu pai ficamos caídos e o carro parado alguns metros mais adiante da gente. Eu lembro que levantei, tentei ajudar meu pai e pedir socorro para o motorista. FLASHBACK, CAP 03. CENA 03. SÃO JOÃO DA BARRA. ESTRADA. EXT. NOITE. Alex levanta-se com dificuldade e vê o corpo de Dionísio no chão. Ele se apavora, corre para ajudar o pai, que está desacordado. ALEX (segura Dionísio): - Pai! Acorda, pai! Alex vê o carro parado mais adiante. ALEX (grita): - Ajuda aqui! Você acertou a gente! Ajuda aqui, por favor! Osvaldo observa tudo pelo retrovisor. Apreensivo, ele liga o carro novamente, pega a estrada e sai, acelerando. Alex fica desesperado. ALEX: - Filho da mãe! Pai! Acorda, pai! DIONÍSIO (fraco): - Alex... ALEX: - Pai, por favor! Aguenta firme, eu vou conseguir ajuda pra você! DIONÍSIO (fraco): - Eu amo você, Alex. Eu amo você, meu filho. Dionísio não resiste. Alex chora com o pai nos braços. FIM DO FLASBACK, Alex se emociona. ILLANA: - Meu Deus, Alex! Por que você nunca me falou sobre isso? Eu poderia ter ajudado a encontrar esse cara, esse bandido que não deu ajuda pra vocês! Assassino!... ALEX: - Eu lembro de ter visto um pouco do rosto dele, assustado ao volante, antes de fugir. Eu lembrei que a placa era do Rio. E então eu decidi vir pra cá, atrás desse cara. ILLANA: - Uma missão e tanto! É como achar agulha no palheiro! ALEX: - Mas eu achei, Illana. Depois de tanto tempo, eu consegui encontrar esse cara. ILLANA: - E então?! Você entregou ele para a polícia?! ALEX: - Não. ILLANA: - Por que não, Alex?! Esse cara causou a morte do seu pai! ALEX: - Eu não entreguei ele para a polícia, porque ele é o pai da pessoa por quem eu me apaixonei aqui. ILLANA (surpresa): - Como é que é?! Esse cara que matou o seu pai... É o pai da Mariana?! ALEX: - Esse mesmo, doutor Osvaldo. ILLANA: - Gente, to chocada! Esse cara é um dos homens mais poderosos do Rio de Janeiro! ALEX: - E eu não sei? Pensa como eu fiquei quando eu descobri que o cara que matou o meu pai é adorado pela filha... Mas você não sabe do pior... Acabei descobrindo outras coisas desse assassino. ILLANA: - Essa história está me deixando nervosa. ALEX: - O Osvaldo opera um esquema de propina, faz favores comerciais para grandes executivos. Alex pega o celular, mostra as fotos que tirou de Osvaldo. ALEX: - Está vendo isso aqui? Eu segui ele. Recebendo grana. Esses mesmos caras que pagaram ele, outro dia apareceram na TV, como donos de um novo empreendimento imobiliário na zona oeste, num espaço que antes era reserva ambiental. ILLANA: - Meu Deus! ALEX: - Eu pesquisei muito sobre esse cara, Illana. O Osvaldo é um bandido! Quem garante que não tenha outras mortes, outras tantas falcatruas no currículo? ILLANA: - Eu não quero nem pensar! Gente, pobre da Mari... Pobre da Regina. ALEX: - Regina que se lasque! Outra que merece se ferrar! Se aproveita dos golpes do marido, preconceituosa. Mas agora você sabe porque eu não posso sair do Rio de Janeiro. Eu não posso deixar esse cara se dar bem. Ele precisa pagar por tudo o que ele já fez. Infelizmente, eu tenho que abrir os olhos da Mari para o mal que a família dela já causou. ILLANA: - Você sabe que isso é muito difícil, muito delicado, complicado. Mexer com gente desse tipo, pode sair caro. ALEX: - Eu estou disposto a pagar o que for, Illana, para fazer justiça. Para vingar a morte do meu pai! ILLANA (levanta-se): - Depois de tudo o que eu ouvi, eu ainda acho melhor você deixar essa história. ALEX: - Como é que é? ILLANA: - Vai ser melhor pra você, Alex. Ouça o que eu estou te dizendo. Chegar até o Osvaldo, ainda mais na sua situação, com a família toda contra você, pode ser perda de tempo e custar a sua vida. ALEX: - Eu já falei e repito: eu vou até o fim para ver esse bandido pagando pela morte do meu pai! Seja com a prisão, ou com a vida! ILLANA (segura Alex): - Você nem é louco, Alex! Você não é louco! (se afasta) Onde eu estava com a cabeça quando decidi que queria saber do seu segredo? Agora estou aqui, toda nervosa... Eu não sei como ajudar. Na verdade, eu não posso e nem pretendo fazer isso. Quero viver livre de confusão. Só peço, por favor, que você não faça nenhuma bobagem. ALEX: - Não se preocupa, Illana. Eu também não quero que você se envolva. Essa luta é minha. ILLANA: - Bem, eu vou indo nessa... (saindo) Por favor, Alex, pensa bem no que eu te disse. Alex acompanha Illana até a porta. Ela sai. Alex fecha a porta atrás de si, pensativo. CENA 04. CASA SOLANO. QUARTO BRUNO. INT. NOITE. Bruno e Vini surpreendidos com a chegada de Isaura. ISAURA: - Foi isso mesmo que eu ouvi, Bruno? Você vai ser pai?! VINI: - Não foi bem isso não, dona Isaura. ISAURA (firme): - Vinícius, eu peço, por favor, que você vá para a sua casa. Eu preciso ter uma conversa muito séria com o Bruno. BRUNO: - Mãe! ISAURA: - Por favor, Vinícius. VINI: - Tá certo. A gente se fala depois, Bruno. Com licença. Vini sai. Isaura fica a encarar o filho. ISAURA: - Estou esperando você começar a me contar. BRUNO: - A senhora não tem nada que ficar ouvindo a conversa dos outros atrás da porta. ISAURA: - Então você queria esconder essa história de mim e do seu avô? Bruno, você está passando bem? Eu não estou te reconhecendo! BRUNO: - Não, mãe. Eu não estou bem! Estou a ponto de explodir! Silêncio. ISAURA: - Quem é a moça? BRUNO: - A senhora não conhece. ISAURA: - Quem é a moça? BRUNO: - Lisa. Conheci ela lá na danceteria. Ela é modelo. ISAURA: - Por que vocês não se cuidaram, Bruno? Tão jovens! BRUNO: - Eu sei, mãe! Eu sei! Mas a gente esqueceu! Aconteceu! Pronto! Tá feito! ISAURA (enfatiza): - “A gente esqueceu!”... Que irresponsabilidade! Não foi essa a educação que eu te dei. BRUNO: - Ah não mãe, não começa. ISAURA: - Bem, agora o que você vai fazer? Já viu o que essa moça tá precisando, pra ajudar na gravidez? BRUNO: - Já, mas não vai adiantar muito não. ISAURA: - Por que não? Toda mulher precisa de apoio nesse momento, seja financeiro ou moral, sentimental. É um momento delicado na vida dela também. BRUNO: - Eu pedi pra ela tirar a criança, mãe. ISAURA (chocada): - Você o quê?! BRUNO: - Eu pedi para a Lisa tirar a criança. Eu não estou preparado para ser pai, não está nos meus planos isso. Mas ela me disse que não ia tirar. Ela está insistindo nessa história de ter o bebê. A gente brigou e não se fala mais. Isaura fica a encarar Bruno perplexa. BRUNO: - O que foi, mãe? Está tudo bem? ISAURA: - Não, Bruno. Não está nada bem. Está tudo errado. Tá tudo errado! Isaura parte para cima de Bruno, lhe dando uns tapas no rosto, pelo corpo. Ele se defende. BRUNO: - Para, mãe! Para com isso! Isaura continua a dar tapas em Bruno, que cai pela cama. Ela se afasta, exausta. ISAURA: - Eu não criei um monstro! Eu não criei você para ser um canalha, um cafajeste! Não! Eu não criei você para ser um homem que foge das suas responsabilidades, que foge do compromisso. Eu não criei você, Bruno, para abandonar uma mulher que está esperando um filho seu, seja do seu desejo ou não! Eu não criei você para ser uma cópia do seu pai! Bruno sente as palavras de Isaura, se cala. Ela tenta se acalmar. ISAURA: - Eu não posso crer que a minha história esteja se repetindo agora, na minha frente. Justo por você, Bruno! Você que tanto sentiu a falta de um pai, que tanto me cobrou o fato dele não estar com a gente nos natais, nos verões, nos dias de frio, nas apresentações da escola, nos seus aniversários... Você, Bruno, o mais prejudicado nessa história toda, não poderia, jamais, repetir o mal que você sofreu. Bruno senta-se na cama, chora. ISAURA: - Pobre dessa moça! Teve que ouvir essa barbaridade que você disse! Tirar um filho, Bruno, é o pior crime que um pai pode fazer! Um ser humano pronto para receber amor, carinho, afeto... E você querendo colocar isso tudo fora?! BRUNO (grita): - Eu não tenho como criar um filho agora! Não dá! Ela se aproxima dele, segura firme nos seus ombros. ISAURA: - Olha bem para mim! Bruno encara a mãe. ISAURA: - Um filho, Bruno, é para a vida toda. É um pedaço de você que fica no mundo. E esse pedacinho de gente, precisa de amor, muito amor. Você pode não amar essa moça, não casar com ela. Não importa. Mas o seu filho, esse vai ser sempre uma continuação da sua vida. Ou melhor, a razão de você continuar vivendo! Não interessa mais nada. Não interessam os seus planos, os seus desejos de viagens, nada! O seu filho deve ser o ponto principal da sua vida. Não seja uma cópia do seu pai, Bruno. Só você sabe o quanto sofreu. Não queira que seu filho sofra o mesmo que você. Você tá me ouvindo? Ele engole em seco. Isaura se afasta, seca as lágrimas. ISAURA: - Eu não vou contar para o seu avô sobre essa história. Não antes de você se acertar com essa moça, o que eu espero que seja o quanto antes. BRUNO: - Você não pode decidir as coisas por mim, mãe. Eu tenho que ter autonomia nas minhas decisões. ISAURA: - Tá certo. Eu só peço que a sua decisão não prejudique a vida de um inocente. Só isso. Isaura sai. Bruno deita sobre a cama, chora. CENA 05. DANCETERIA JOQUER. INT. NOITE. Som ambiente toca “My way – Calvin Harris”. PLANO GERAL mostra a casa cheia, galera dançando na pista, se divertindo. Carla surge triunfante na entrada da boate. Ela avista Rick no balcão, vai até ele. CARLA: - Boa noite, Rick. RICK (surpreso): - Carla? CARLA: - Seu chefinho tá por aí? RICK: - Está sim. Mas eu acredito que ele não queria receber visitas. CARLA: - E desde quando eu sou visita, Rick? Eu sou da casa já, vi isso aqui tudo crescer, ganhar vida. Aliás, hoje está bem movimentado hein! RICK: - Sim, hoje está um dia daqueles! Faturamento alto! CARLA: - Eu vou subir. RICK: - Melhor não. Depois complica para o meu lado. CARLA: - Fica frio que não tem nada de ruim. Aliás, hoje pode ser o recomeço da minha história com o Diogo. Pode apostar. Carla sai, confiante. Rick a observa. RICK: - Quem segura essa mulher! CENA 06. APTO TOMÁS E GUSTAVO. QUARTO. INT. NOITE. Gustavo organiza algumas camisas no guarda-roupas, quando Tomás chega por trás, pulando sobre ele, brincando. GUSTAVO (surpreende-se): - Ei! Cuidado, Tomás! TOMÁS: - Peguei você! Os dois caem sobre a cama, aos risos. GUSTAVO: - Quase me matou de susto. TOMÁS: - Anda com o coraçãozinho muito frágil, doutor. Melhor consultar um médico! (sobe em Gustavo) Eu não sou formado, mas conheço umas técnicas medicinais ótimas para fortalecer o coração. GUSTAVO (ri): - Técnicas medicinais? Desconheço. TOMÁS: - Não conhece? São ótimas... São três técnicas que deixam qualquer pessoa novinha em folha! GUSTAVO: - E quais são? TOMÁS: - Beijo na boca. (beija Gustavo), é uma delas... A primeira, na verdade... A segunda é sexo! Daquele bem gostoso, sabe? GUSTAVO: - Olha aí! TOMÁS: - E a terceira é uma boa chuveirada a dois... Depois dessas três técnicas, duvido que você continue sentindo sustinhos assim. Tomás se deita sobre Gustavo, beijando seu pescoço. Gustavo acha graça. GUSTAVO: - Nossa, Matheus, você está com a corda toda. Tomás para, levanta-se (ainda sobre Gustavo). TOMÁS: - Matheus? GUSTAVO (percebe o erro / finge): - Matheus? TOMÁS: - Sim, você me chamou de Matheus. Quem seria esse rapaz? GUSTAVO: - Chamei é? Nem percebi. Sei lá. Acho que ouvi na televisão, enquanto eu estava arrumando as minhas camisas antes de você chegar e me jogar na cama... Devo ter ficado com o nome na cabeça. TOMÁS: - Hummm... GUSTAVO: - Com ciúmes, é? TOMÁS: - Eu? Imagina... Eu sei que você é só meu e vai ser sempre só meu... O que você só precisa lembrar é que o único nome que você não pode tirar da sua cabeça é Tomás. O resto, não precisa guardar não. GUSTAVO: - Entendido! Tomás! Tomás! Tomás! (abraça-o) Meu ciumentinho. TOMÁS: - Ah, para... (risos) Tomás sai da cama. TOMÁS: - Eu só vim avisar você que o jantar está pronto. Não demora muito aí, tá ok? GUSTAVO: - Eu posso tomar um banho antes? TOMÁS: - Claro, te espero. Gustavo sai da cama, vai direto para o banheiro. Tomás pensativo. Corta. CENA 07. APTO MATHEUS. QUARTO. INT. NOITE. Matheus e Roberta conversam, sentados na cama dele. ROBERTA: - Finalmente tomou coragem para atacar o médico bonitão hein! MATHEUS: - Para, Roberta! (risos) Não quero ser um destruidor de lares. Ele é casado, esqueceu? ROBERTA: - Mas você mesmo disse que ele não anda muito contente nessa vidinha de casado não. Acho até que é por isso que eu não caso, não me apaixono. Essas coisas de casal, logo logo tem gente infeliz. MATHEUS: - Nada a ver. Nem todo casal é assim. Tem gente que vive feliz há anos. Lógico, crises acontecem, mas nada capaz de abalar o amor de duas pessoas. ROBERTA: - Você acha que Gustavo está passando por essa crise? MATHEUS: - Eu não sei dizer. Só sei que ele pareceu muito à vontade comigo, parecia mais leve. ROBERTA: - Ele pode estar apaixonado por você! Já pensou? MATHEUS: - Eu não quero nem pensar porque já fico nervoso! ROBERTA: - Eu só digo uma coisa: quero ser a madrinha. MATHEUS: - Madrinha do que, sua louca? ROBERTA: - Como do que, Matheus? Do casamento ué! MATHEUS: - Você surtou né! Eu nem estou namorando o boy ainda e você já está pensando em casamento? ROBERTA: - Só você que não quer enxergar o final feliz dessa história aí. “Mathavo” tem tudo pra dar certo! Super shipo! MATHEUS: Boba! Matheus fica pensativo, um tanto esperançoso. CENA 08. DANCETERIA JOQUER. SALA DIOGO. INT. NOITE. Diogo analisa alguns papéis em sua sala, quando Carla entra no local, sem bater. DIOGO (olhando os papéis): - Rick, o Bruno está de licença hoje então você cuida dos... (levanta o olhar) Carla?! CARLA: - Como vai, Diogo? DIOGO: - O que você está fazendo aqui? CARLA: - A resposta da sua pergunta é tão óbvia, que nem precisava ter perguntado. Vim ver você. DIOGO: - Por favor, Carla, eu estou trabalhando, vá embora. CARLA: - Você já foi mais gentil. DIOGO (impaciente): - E você, mais conveniente. Eu estou TRABALHANDO. CARLA: - Pois se eu fosse você, dava uma pausa no trabalho e prestava mais atenção no que tenho pra dizer. Diogo deixa os papéis de lado, encara Carla. Ela se acomoda em uma das cadeiras em frente a mesa dele. CARLA: - Assim que eu gosto! Toda a sua atenção voltada pra mim. DIOGO: - Fala logo, o que você quer? CARLA: - Eu já sei de tudo. DIOGO: - Tudo o quê? CARLA: - Do seu segredo, da doação de material genético para clínica de fertilização, da utilização deste material na gravidez de uma vagabunda chamada Fernanda e que, (irônica) olha só a coincidência, está tendo um caso com você! CLOSE na surpresa de Diogo. DIOGO: - Como você sabe disso? CARLA: - Sua pergunta acaba de confirmar. Mas não interessa saber como eu descobri, quem falou, nada, nada, nada. DIOGO: - Pois então, se você já sabe da verdade, pode ir embora e me deixar em paz? CARLA: - Acho que você ainda não entendeu, Diogo. Eu sei de tudo isso, mas a Paula, a namorada da sua amante, ainda não sabe. E olha que eu tenho como provar tudo viu. DIOGO (irritado): - Você está me chantageando, Carla? Que joguinho mais baixo esse seu, hein! CARLA: - Você já imaginou, a Paula descobrindo toda a verdade do caso entre você e a Fernanda? As duas terminam o namoro, a Fernanda vai ficar arrasada porque a Paula vai descobrir tudo isso através de você. A pobrezinha não vai querer nem mais olhar para a sua cara! DIOGO (levanta-se): - Através de mim? Você só pode estar ficando louca! CARLA: - Eu estou mais sã do que você imagina. Ora, Diogo. Você acha que a Paula acreditaria se eu falasse alguma coisa? A revelação vai ter mais impacto se partir de você. Uma carta, uma mensagem... (pega o celular, mostra a foto do site onde Diogo e Fernanda estão juntos) Uma foto num dos principais sites de coluna social do Rio de Janeiro! Você foi tão bocó, que me deu boa parte das provas para esse dossiê. Menino, eu já imagino a Fernanda chorando, morrendo de ódio por você ter posto a vida dela na lama. DIOGO: - Você não seria capaz de fazer isso. CARLA: - Duvida?! Os dois ficam a se encarar. DIOGO: - O que você quer? É dinheiro? CARLA: - Eu gosto de grana sim, mas por favor, assim você me ofende, Diogo. O que eu quero é simples: você. Será que você não entende que eu te amo? Que eu sou perdidamente apaixonada por você e capaz de qualquer coisa para ter você ao meu lado? Eu só quero que você volte a me amar, Diogo. Se é que um dia você chegou a fazer isso de fato. DIOGO: - Eu gostei muito de você, Carla. CARLA: - Gostar não é amar. Eu quero amor, Diogo. Eu quero ver esse brilho nos olhos que você tem quando fala no nome dessa vagabunda chamada Fernanda. Essa mulher é uma piranha, ordinária, que arruinou a nossa vida! DIOGO: - A gente já estava ruim muito antes da Fernanda entrar na minha vida. Não misture as coisas. CARLA: - E você não me faça perder a paciência, Diogo. Ela dá volta na mesa, sentando no colo de Diogo. CARLA: - Volta pra mim. Vamos viver como a gente vivia antes, como nos velhos tempos. É só você dizer que sim, que eu jogo fora tudo isso que eu tenho, que eu esqueço essa história toda. Eu amo você demais! Eu amo você, eu só vou ser feliz com você do meu lado, Diogo! Eu vivo só por causa de você, meu amor! Ele a tira de cima. DIOGO: - Não, Carla! Não dá mais, você sabe que não! E ainda por cima vem fazer chantagem? CARLA: - Eu estou te dando a oportunidade de sair fora desse jogo imundo e ficar comigo, como era antes. Deixa as sapatas viverem a vida delas e você volta pra mim! DIOGO: - Você só pode estar ficando louca! CARLA: - Não duvide de mim, Diogo! Você não sabe do que eu sou capaz! Por amor, eu faço qualquer coisa! DIOGO: - Depois que você tentou me atropelar, eu não duvido de mais nada! Mas se a sua ideia é tentar me fazer ter medo de você, pode desistir, Carla. Eu estou apaixonado pela Fernanda, e eu sei que a gente pode ser feliz juntos. Então, perdeu o seu tempo vindo aqui com toda essa baboseira de documentos e papéis. Agora, por favor, dá o fora daqui? CARLA: - Você é muito suicida mesmo, hein! Diogo pega Carla pelo braço, vai levando até à porta da sala. DIOGO: - Eu estou sem paciência para as suas ameaças bobas, Carla! Cai fora! CARLA: - Você não pode fazer isso comigo, Diogo! Você vai pagar caro! DIOGO: - Pode mandar a conta que eu pago! Diogo expulsa Carla, fecha a porta na cara dela. DIOGO: - Preciso ligar para a Fernanda. Diogo pega o celular, pega o número de Fernanda na agenda, mas para. DIOGO: - Ela deve estar com a Paula essa hora. Vou ter que fazer isso amanhã mesmo, sem falta. CENA 09. DANCETERIA JOQUER. INT. NOITE. Carla desce as escadas que dão acesso aos escritórios. Rick a encontra no caminho. RICK: - Ele te correu de lá, não foi? CARLA: - Diogo acha que eu estou brincando. Mas ele não perde por esperar. RICK: - O que você vai fazer? Carla fica pensativa. RICK: - Carla, está tudo bem? CARLA: - Você vai me ajudar, Rick. RICK: - Eu? CARLA: - Você mesmo. Só você vai poder fazer isso pra mim. RICK: - Ih, me deixa fora dessa sua jogada aí, Carla. Eu não quero e nem posso me queimar com o Diogo. O cara é meu amigo. Carla abre a bolsa, retira um maço de dinheiro e entrega nas mãos de Rick, que se surpreende. RICK: - Nossa! Muita grana! Quanto tem aqui? CARLA: - O suficiente para você fazer o que eu quero. Então, topa? Os dois trocam olhares. CORTA: CENA 10. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE MUSIC ON: (Give me love – Nego Joe) Take da madrugada carioca com o fluxo de carros em Copacabana. No mesmo take a cidade vai amanhecendo, céu azul, dia ensolarado, pessoas em sua rotina matinal. CORTA: CENA 11. CASA ARTHUR E NORMA. SALA DE ESTAR. INT. DIA. MUSIC OFF. Fernanda conversa com Norma. NORMA: - Minha filha, você disse que ia resolver essa situação! E agora, essa foto com esse rapaz! FERNANDA: - Eu sei que eu deveria ter feito isso antes, mãe. Eu não queria que a Paula soubesse de alguma coisa. NORMA: - Você tem que pensar no futuro da sua relação com a Paula, Nanda! Ela se dedicou tanto por vocês, por esse relacionamento. Para essa família que vocês estão formando! FERNANDA: - Eu sei, mãe. Por isso mesmo que eu vim até aqui. Eu pensei muito à noite e acho que o melhor a fazer é realmente me afastar do Diogo. Para sempre. Eu amo a Paula, eu preciso preservar tudo isso que a gente construiu. Por mais que eu sinta algo pelo Diogo, eu não posso jogar pela janela toda essa história de amor com a Paula. NORMA: - É a melhor decisão que você poderia tomar na sua vida, Nanda. O telefone de Fernanda toca. Ela olha o visor. FERNANDA: - É o Diogo! NORMA: - Atende logo! E já marca encontro com ele para resolver de vez essa situação. Fernanda atende. FERNANDA: - Alô? (T) Oi, Diogo, bom dia! (T) Tudo bem. (T) Conversar? Hoje? Norma faz sinal para ela aceitar. FERNANDA: - Claro, posso. Onde você quer me encontrar? (T) Sei, sei onde fica. (T) Tudo bem, a gente se encontra por lá então, nesse horário. (T) Beijo. (desliga) NORMA: - E então? FERNANDA: - Ele me chamou para almoçar, disse que tem um assunto importante para falar comigo. Eu vou aproveitar e terminar esse caso com ele. NORMA: - Vai firme, minha filha. Arthur chega da rua e se surpreende ao ver Fernanda no local. Ela se levanta, rapidamente, abre sorriso ao ver Arthur. FERNANDA: - Oi, pai! Arthur encara Fernanda, não responde, vai para dentro. Ela encara Norma, decepcionada. NORMA: - Oh, minha filha, não fique assim. FERNANDA: - Tudo bem, mãe. Eu já devia estar acostumada. NORMA: - Apesar de tudo isso, o seu pai ama você, eu sinto isso. Norma abraça Fernanda, acarinhando a filha. CENA 12. DANCETERIA JOQUER. ESCRITÓRIOS. EXT. DIA. Diogo sai da sua sala, segue pelo corredor. Tempo e Rick sai de outro espaço, cuidando para não ser visto por Diogo. Ele pega o telefone, disca. RICK: - Alô, Carla? Sou eu, Rick. (T) Sim, consegui ouvir. Ele chegou cedo aqui na Joquer, porque eu falei pra ele que precisava resolver uns esquemas do alvará. (T) Claro, atraí ele pra cá. Por sorte, consegui pegar a ligação dele para essa tal de Fernanda. (T) Sim, eles vão almoçar juntos. Anota aí o local. CENA 13. RUA. EXT. DIA. Paula conversa com Olívia, caminhando pela rua. PAULA: - Eu fiquei muito triste porque o almoço de família terminou por causa daquele animal do João. OLÍVIA: - Olha, Paula, eu não sei porque sua mãe continua com ele. PAULA: - Nem eu. Sem o João a minha mãe poderia viver uma vida tão bacana! Me sinto mal por ela, às vezes. OLÍVIA: - Sei. Mas, é só por ela que você tá mal? PAULA: - É, mais ou menos. OLÍVIA: - Eu te conheço. Tem mais coisa aí te deixando chateada. PAULA: - Tem sim, Olívia. OLÍVIA: - Pode me falar, eu sou sua amiga. PAULA: - Eu não sei nem por onde começar a contar, porque só de lembrar, eu já fico mal. OLÍVIA: - Nossa, é tão grave assim? PAULA: - Não é grave, mas me traz de volta um medo que eu não queria ter de novo. As duas param na calçada, próximas do mercado onde Paula trabalha. OLÍVIA: - Pode falar, Paula. PAULA: - Eu vi uma foto da Nanda com um cara, juntos numa festa. CLOSE na apreensão de Olivia. OLÍVIA: - A Nanda com um cara? Como assim? PAULA: - A foto saiu num site daquela jornalista, Cristina Ravela. OLÍVIA: - Sei quem é. Conceituadíssima. PAULA: - Confesso que eu não conhecia, não conheço, nem acompanho esse tipo de coisa. Mas fiquei sentida. Esse cara é amigo nosso, mas as mensagens que ele mandou para ela, me deixaram muito chateada. OLÍVIA: - Você por um acaso, tem essa foto aí? Paula pega o celular, procura. Olívia aguarda, um tanto ansiosa. PAULA: - Está aqui. Olívia olha a foto, desconfortável. OLÍVIA: - Olha só, amiga, eu gosto muito da Nanda, mas acho que você precisa ter uma conversa muito séria com ela. Principalmente sobre esse rapaz aí. PAULA: - Sobre o Diogo? Você o conhece? O telefone de Paula TOCA. Ela vê o número. PAULA: - É a Charlote. OLÍVIA: - Eu vou precisar ir para a clínica, mas a gente conversa depois. PAULA: - Não, Olívia, espera! Eu quero saber o que você tem a dizer sobre o Diogo! OLÍVIA: - Outra hora conversamos com calma. Eu não quero atrapalhar você. Olívia sai, apressada. Paula desconfia, mas deixa passar. Ela atende o telefone. PAULA: - Oi, Charlote! Sumida! (T) Estou bem e você? (T) Conversar comigo, urgentemente? (T) Sim, podemos almoçar juntas sim. Mas você pode me adiantar alguma coisa sobre essa nossa conversa? (T) Um assunto que me interessa? Nossa, assim você me deixa curiosa, ansiosa, nervosa! (risos) (T) Tá combinado. (T) Sim, sei onde fica essa praça. (T) Tá certo, nos encontramos nesse horário então, Até logo! (desliga Paula desliga, surpresa. PAULA: - Que estranho esse convite! Entra no mercado. CENA 14. CASA ELIANE. QUINTAL. EXT. DIA. João sentado em um banco, arrumando a máquina de cortar grama. Tito está próximo, cuidando de outro aparelho. Ao longe, na porta da casa que dá para o pátio, Eliane os observa. Os rapazes fazem suas atividades em silêncio. Eliane pensativa, os observa. ELIANE: - João! João ergue os olhos paras Eliane. ELIANE: - Eu quero o divórcio. João a encara. Tito ergue a cabeça, surpreso. Eliane sai da porta, caminha em direção aos dois. Ela se aproxima, encara João, que se levanta e fica frente a frente com ela. JOÃO: - Como é que é? ELIANE: - Eu quero o divórcio. Eu vou me separar de você. Os dois ficam a se encarar, sob o olhar atento de Tito. CENA 15. AGÊNCIA R3. SALA ILLANA. INT. DIA. Illana conversa com Pedro. ILLANA: - Então, você e a Lisa voltaram. PEDRO: - Ela descobriu que o homem da vida dela sou eu. Simples. ILLANA: - Nossa, Pedro, como eu gostaria de ter essa sua confiança, essa disposição de lutar por alguém que se ama. Eu ando é perdendo as esperanças com o amor. PEDRO (brinca): - Pra se ter o amor, é preciso ter um coração. ILLANA: - Ai, seu cachorro! Bate nele. PEDRO: - Eu to brincando Illana. Mas, pra se ter amor é preciso querer que ele venha, Illana. Enquanto você só pensar nos negócios, nunca vai ter alguém do lado. ILLANA: - Vou refletir sobre isso. PEDRO: - Aproveita e pensa também na situação da Lisa aqui na agência. ILLANA: - Já pensei. A Lisa não volta mais para a R3. Não adianta insistir. PEDRO: - O sonho da Lisa é ser modelo, Illana, você sabe. Não deixa ela de fora, é a vida dela! ILLANA: - A Lisa que pensasse nisso antes de decidir engravidar e esconder de mim essa situação. Poderíamos ter encontrado uma solução para isso. PEDRO: - Aborto? ILLANA: - Tantas modelos por aí fazem. Ela não seria a primeira nem a última. Mas as regras aqui na agência são bem claras. E eu não costumo voltar atrás nas minhas decisões, você sabe. PEDRO: - Mas e a campanha? E o contrato com as peças do exterior, como fica? ILLANA: - Eu já arrumei alguém para ocupar o lugar da Lisa. PEDRO: - Quem? Alguém bate à porta. Mariana põe a cabeça pra dentro da sala. MARIANA: Atrapalho? ILLANA: - Não, querida. Entra. Tava mesmo querendo falar com você. MARIANA: - Oi, Pedro. Ele a cumprimenta. ILLANA: - Mari, você já pensou em ser estrela de uma campanha de uma marca internacional? Mariana abre um largo sorriso. Pedro encara Illana, que retribui ao sorriso da outra. CENA 16. PRAÇA. EXT. DIA. Paula e Carla se cumprimentam com um abraço e beijos no rosto. PAULA: - Como você está, Charlote?! CARLA (ríspida): - Tudo bem. (se afasta) PAULA (estranha): - Mesmo? Você parece diferente. CARLA: - Sim, eu estou diferente. Por dois motivos: o primeiro deles é que eu não me chamo Charlote. PAULA: - Não? CARLA: - Não. Meu nome é Carla. Acho até que eu morreria se meu nome fosse Charlote. Eca, nome de velha. PAULA: - Por que você mentiu seu nome? Qual o propósito disso? CARLA: - O propósito disso é o segundo motivo. Carla retira da bolsa uma pasta e entrega para Paula. CARLA: - Essa pasta é um pequeno dossiê que eu consegui juntar. Nesse dossiê, tem todas as provas que confirmam o envolvimento do meu noivo, Diogo, com a sua namorada, Fernanda. CLOSE na expressão de surpresa de Paula. Ela encara Carla. CARLA: - Eu descobri que o Diogo doou material genético na mesma clínica que você e a Fernanda fizeram tratamento para engravidar. PAULA: - Não, para. Isso está me deixando confusa. CARLA: - Sim, é difícil de acreditar, mas é verdade. Está tudo aí. E o que talvez possa ser a maior coincidência do mundo, não é. O Diogo foi o doador que vocês escolheram para a fertilização. E é com o Diogo que a sua namorada, a Fernanda, está se envolvendo agora. PAULA: - Isso não pode ser verdade. Isso não está acontecendo. CARLA: - Você deve estar se perguntando como eu consegui isso tudo né? Foi simples. Eu me aproximei de você, usei meus conhecimentos do teatro... E você, bobinha, caiu na minha. Chegar até sua casa, descobrir as provas que eu precisava para saber da participação do Diogo na vida de vocês foi simples. Ele é o pai da criança que está na barriga da Fernanda. E a essa hora, eles devem estar juntinhos, rindo da sua cara. PAULA (atordoada): - Já chega! Você está querendo o quê, afinal? Por que você está me dizendo isso? CARLA: - Ué, eu estou te dizendo isso porque eu sou uma pessoa boazinha e não suporto ver alguém sendo passado pra trás. Mentira, não sou não. Eu estou é com muita raiva de ter sido trocada pela Fernanda. Eu quero o meu noivo de volta e acredito que você também não queria perder a sua namorada para um homem! PAULA: - Eu não perdi a Nanda! CARLA: - Não seja ingênua, Paula. Ela está esperando um filho dele. Isso já basta para você estar fora dos planos de vida dela. Paula está perplexa, com o dossiê em mãos, sem saber o que fazer. CARLA: - Neste exato momento, o Diogo e a Fernanda devem estar almoçando, juntinhos como um belo casal, em um restaurante aqui perto. Se quiser, eu te levo lá e você mesma tira essa história a limpo. PAULA: - Eu não sei se estou preparada para isso. A Nanda não faria uma coisa dessas comigo. CARLA: - Você é bem ingênua mesmo hein, garota? PAULA: - Eu confio na Nanda! CARLA: - Então, vem comigo. É a chance que você tem de saber de toda a verdade! Carla encara Paula, esperando uma resposta. CENA 17. RESTAURANTE. INT. DIA. Diogo e Fernanda conversam. DIOGO: - Eu preciso falar algo importante com você. Eu até ia ligar ontem, mas eu lembrei que você pudesse estar com a Paula. Eu não queria atrapalhar. FERNANDA: - Até porque você já causou desconforto demais. DIOGO: - Como assim? O que foi que eu fiz? FERNANDA: - A Paula viu a mensagem que você mandou com a nossa foto. Eu sabia que aquela foto iria causar alguma coisa, eu sabia! DIOGO: - Desculpa. Eu não fiz por mal, agi sem pensar, na empolgação. FERNANDA: - A Paula ficou desconfiada. DIOGO: - Eu imagino. Mas não se preocupa, eu vou tomar mais cuidado da próxima vez. FERNANDA: - Não vai mais ter próxima vez, Diogo. Diogo se surpreende. Em uma mesa mais ao fundo, observando a conversa dos dois, está Rick, de óculos escuros, para não ser reconhecido. FERNANDA: - Eu quero aproveitar essa conversa para colocar um ponto final na nossa relação. DIOGO: - Você não pode fazer isso, Fernanda. Não pode fazer isso com a gente! FERNANDA: - Eu posso. Eu posso e eu vou fazer. Eu amo a Paula, Diogo. DIOGO: - Mas eu sei que você também me ama, Fernanda! Eu vejo isso nos seus olhos. Por mais que você fale que não, o seu olhar te entrega. FERNANDA: - Mas eu não posso ficar empurrando essa situação. Não dá mais. Eu estou construindo uma família com a Paula! Ela é super importante na minha vida! Eu não quero perder isso, Diogo. DIOGO: - E eu não quero perder você! Será que você não entende? FERNANDA: - Quem não está entendendo é você! Fernanda levanta-se da mesa e vai em direção à saída. Diogo a segue. Rick fica atento. CENA 18. CASA MILTON. INT. DIA. Verônica deitada em um divã à beira da piscina. Gabriel se aproxima, de sunga, trazendo dois drinques. Oferece um para ela. GABRIEL: - Um brinde à esse sol do Rio de Janeiro! VERÔNICA: - Eu prefiro o sol da Europa, menos nocivo, mas confesso que o sol daqui deixa essa cidade ainda mais bonita. GABRIEL: - E ajuda no bronzeado! VERÔNICA: - Com toda a certeza! GABRIEL: - Obrigado pelo convite para a piscina. Lá em casa estamos sem. E eu não gosto muito da água do mar nem desses parques aquáticos, clubes. Acho a água nesses lugares um pouco anti-higiênicas. VERÔNICA: - E você tem toda razão. Como alguém pode nadar tranquilo na mesma água que outras tantas pessoas utilizam? Sabe-se lá da onde vieram. Por isso que piscina, só na minha casa ou na casa de quem eu realmente conheça. GABRIEL: - Sua casa (risos) VERÔNICA: - Força do hábito. Casa do Milton. Mas um pouco minha também, já que minha filha mora aqui. Aliás, ela disse que ia ligar para avisar quando estivesse livre do compromisso, para a gente ir almoçar. GABRIEL: - Compromisso é? VERÔNICA: - Sim, saiu toda apressada depois do café. GABRIEL: - Humm... E ela não disse nada, aonde iria? VERÔNICA: - Nada. Só espero que ela não faça nenhuma besteira! GABRIEL: - Espero o mesmo. Bom, enquanto espero, vou dando um mergulho. VERÔNICA: - Faça isso. A água está bem convidativa. GABRIEL: - Vem junto. VERÔNICA: - Não, eu não... Fico aqui olhando você. GABRIEL: - Ah, Verônica! Pode vir, vamos! Gabriel pega Verônica nos braços e pula com ela na piscina. Os dois riem, brincam na água. Aos poucos se aproximam, trocam olhares. VERÔNICA: - A água está boa mesmo, não é? GABRIEL: - Está sim. Ótima. Eles se encaram por um instante. Em seguida, se beijam, avassaladores. Tempo e Milton se aproxima da piscina, pirragueia para chamar atenção, surpreendendo Gabriel e Verônica. VERÔNICA: - Milton! MILTON: - Não sabia que a minha piscina tinha virado o novo point de namoro do Rio de Janeiro. Verônica e Gabriel trocam olhares, envergonhados do flagrante de Milton. CENA 19. RESTAURANTE. EXT. DIA. Fernanda sai apressada. Diogo logo atrás, a vê caminhando pela calçada e a segue. DIOGO: - Fernanda! Espera! FERNANDA (apressada): - Não há mais nada para a gente conversar, Diogo. Ele se apressa. DIOGO: - A gente não pode terminar assim, Nanda! Rick observa Diogo e Fernanda seguindo pela calçada, e atravessa a rua, cuidando para não ser visto. Diogo alcança Fernanda, a pega pelo braço. DIOGO: - Você vai me ouvir, sim! FERNANDA: - Você está me machucando. Me solta! DIOGO: - Não solto! Não solto porque você precisa saber também que o que eu sinto por você não é um sentimento de papel, que se amassa e joga fora! É amor, Fernanda! (firme) Amor! Fernanda baixa a guarda, Diogo solta o braço dela. DIOGO: - Eu sei que é errado, que a gente fez errado desde o início. Eu sei que tem a Paula. Mas eu não posso sufocar o que eu estou sentindo por você por causa de uma outra pessoa. FERNANDA: - Mas isso também está me sufocando, Diogo. Eu estou muito confusa com os meus sentimentos! Eu preciso de um tempo para colocar a cabeça no lugar! DIOGO: - Nós vamos ter um filho, Nanda. FERNANDA (repreende): - Eu e a Paula vamos ter um filho. DIOGO: - Por mais que você diga isso, o pai dessa criança sou eu, você sabe disso e não há como mudar essa história. Eu sei que você precisa de um tempo para pensar, mas porque esse tempo tem que ser longe de mim? Por que eu preciso sofrer com essa distância? FERNANDA: - Eu também vou sofrer, Diogo. Mas vai ser melhor assim. Vai ser o certo. Fernanda se afasta, vai atravessar a rua. Diogo a segue, a puxa pelo braço novamente, no meio da rua. DIOGO: - Eu não posso deixar você ir embora assim. Diogo puxa Fernanda, que se vira e o beijo acontece, com entrega. Ao fundo, um carro freia bruscamente, surpreendendo os dois. CORTA PARA o interior do carro, onde Carla (ao volante) e Paula observam a cena. |
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autor Édy Dutra colaboração Diogo de Castro elenco Rafaela Mandelli como Fernanda Andrea Horta como Paula Henri Castelli como Diogo Francisca Queiroz como Carla Caetano O’Maihlan como Rick Gabriela Durlo como Roberta Sidney Sampaio como Matheus Marcello Melo Jr como Bruno Aisha Jambo como Lisa Paulo Gorgulho como Arthur Sônia Braga como Norma Maria Ceiça como Isaura Milton Gonçalves como Solano Maurício Gonçalves como Lauro Eliete Cigarini como Eliane Léo Rosa como Gabriel Bernardo Mesquita como Tito Juliana Lohmamm como Bia Roberto Bomtempo como João Giuseppe Oristânio como Walter Cinara Leal como Laisla Felipe Folgosi como Danilo Fernanda Nobre como Ivete Eduardo Lago como Dr. Túlio Aline Borges como Olívia Cissa Guimarães como Verônica Jonas Bloch como Milton Gisele Fróes como Selma Odilon Wagner como Humberto Totia Meirelles como Tereza Zecarlos Machado como Cristóvão Zezé Motta como Helena João Gabriel Vasconcellos como Pedro Daniel Erthal como Vini Maria Maya como Illana José de Abreu como Osvaldo Malu Galli como Regina Luma Costa como Mariana Jonathan Haagensen como Alex Antônio Pitanga como Dionísio Guilherme Winter como Gustavo Pierre Baitelli como Tomás trilha sonora Amanhã ou Depois - Nenhum de Nós (Abertura) Give me love – Nego Joe
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