CENA 01. APTO FERNANDA E PAULA. SALA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Fernanda e Carla cara a cara.
FERNANDA:
- Sai da minha casa agora!
CARLA:
- Vamos juntas então. Tá na cara que a Paula mandou você embora.
FERNANDA:
- A Paula não mandou nada. Estou saindo por vontade própria. Olha só, não
sei porque eu estou te dando explicações da minha vida. Sai daqui, garota!
Fernanda pega Carla pelo braço, vai levando até a porta, mas Carla se solta,
volta para sala.
CARLA:
- Não adianta tentar me tirar daqui. Já falei que eu só saio depois de
resolver essa história com você.
FERNANDA:
- Que história?! A gente não tem história nenhuma!
CARLA:
- Claro que tem! Não de minha parte, é claro, mas desde o momento em que
você resolveu invadir a vida do meu homem a nossa história se cruzou.
FERNANDA:
- Então você é a famosa Carla. O Diogo falava de você.
CARLA:
- Falava é? Ele te disse que eu sou a mulher da vida dele?
FERNANDA:
- Ele dizia que você era sufocante.
Carla não gosta do comentário.
FERNANDA:
- Se você fosse a mulher da vida dele, ele não teria se envolvido comigo.
Portanto, Carla, pode baixar a bola. Nessa confusão toda, você é a que menos
importa.
CARLA:
- Você se acha muito, não é, Fernanda? Tem a Paula, tem o Diogo, o
Gabriel... Todo mundo caidinho por você.
FERNANDA:
- Você conhece o Gabriel?
CARLA:
- Não interessa!
FERNANDA:
- Você realmente está sabendo demais da minha vida. É o quê? Agente do FBI?
Ou louca, psicopata?!
CARLA:
- Louca foi você de se meter no meu caminho. Você não sabe do que eu sou
capaz.
FERNANDA:
- É uma ameaça?
CARLA:
- Você não presta. Você é suja.
FERNANDA:
- Eu não vou admitir que você fale esse tipo de coisa aqui dentro do meu
apartamento. Vai embora!
CARLA:
- Você é uma vagabunda! Se envolve com um cara, depois namora uma mulher. E
agora, quer outro homem de novo? Que espécie de ser humano é você? Você é
vulgar, baixa, bagaceira!
FERNANDA:
- Cala a boca!
CARLA:
- Eu tenho pena dessa criança. Esse bastardinho vai comer o pão que o diabo
amaçou. Um pobre coitado, legítimo filho da p/
Fernanda acerta um tapa no rosto de Carla, que se apoia na parede com o
impacto. Encara Fernanda, que está visivelmente com raiva.
FERNANDA:
- Lava muito bem essa boca para falar do meu filho, sua cobra!
CARLA:
- Vaca!
Carla parte para cima de Fernanda, lhe acertando um tapa no rosto. Fernanda
revida. Carla novamente acerta outro tapa em Fernanda e em seguida empurra a
outra contra a mesa. Fernanda bate com a barriga no móvel e cai no chão,
sentindo dores.
CARLA:
- Isso é pra você aprender a nunca mais se meter no meu caminho. Esquece o
Diogo, sua vadia. Ele é meu, está ouvindo? Ele é meu!
Carla pega sua bolsa e vai embora, enquanto Fernanda permanece deitada, com
dores.
CENA 02. BAR. INT. NOITE.
Matheus conversa com Paula, sentados à mesa do bar.
PAULA:
- Eu não sei se eu vou conseguir superar essa traição da Nanda. Ela foi
muito cruel.
MATHEUS:
- Você precisa dar tempo ao tempo, Paula. Não vai ser hoje que você vai
superar isso. Mas também precisa estar disposta a tentar.
PAULA:
- Sabe o que eu fiquei me perguntando? Por quê? Por que ela fez isso comigo,
Matheus? Ela me prometeu que nunca iria me abandonar. E aí eu vejo ela aos
beijos com outro cara!
MATHEUS:
- A síndrome do Gabriel voltando.
PAULA:
- Pois é! Se fosse o idiota do Gabriel eu até entenderia, porque ele vive
cercando, forçando alguma coisa. Mas o Diogo... Foi algo tão sorrateiro. Se
fez de amigo e deu o bote. Igual cobra.
MATHEUS:
- O que você precisa fazer agora é tentar esfriar a cabeça, por mais difícil
que seja. A Nanda vai passar um tempo lá em casa, justamente para que vocês
possam pensar em tudo isso que aconteceu e achar uma solução.
PAULA:
- Eu não sei se vou conseguir superar isso.
MATHEUS:
- Você vai voltar pra casa? Eu fiquei de buscar a Nanda.
PAULA:
- Não. Eu preciso falar com uma pessoa antes.
MATHEUS:
- Quer que eu te leve?
PAULA:
- Não precisa. Eu chamo um carro no aplicativo. Obrigada.
MATHEUS:
- Eu vou falar pra você a mesma coisa que eu falei para a Nanda. Eu estou do
lado das duas. Só quero que vocês fiquem bem, independente de estarem juntas
ou não, porque vocês são minhas amigas e eu sempre vou torcer pelas duas.
PAULA:
- Obrigada, Matheus. Obrigada por tudo isso.
Os
dois se abraçam, fraternos.
CENA 03. APTO ALEX. INT. NOITE.
Alex abre a porta, Mariana entra. Ele entra logo depois, fecha a porta.
Mariana fica a observar o local com certa desconfiança.
ALEX:
- É estranho pra você voltar aqui?
MARIANA:
- Depois do que eu descobri sobre você, tudo aqui é estranho. Parece uma
farsa.
ALEX:
- Mas dessa vez não tem farsa nenhuma.
MARIANA (irônica):
- Ah, claro.
ALEX:
- Olha só, Mari, eu sei que eu errei com você, que eu menti algumas vezes,
te enganei. Eu confesso, fiz tudo isso sim. Mas eu não fiz por maldade, para
me aproveitar de você.
MARIANA:
- Fez por que então, Alex? Por brincadeira? Coisa mais sem graça!
ALEX:
- Não! Eu menti porque eu te amo e queria te preservar de algumas coisas.
MARIANA:
- Se você me amasse como diz, deveria era ser sincero comigo. Desde sempre!
Eu te abri a minha vida, te levei na minha casa para conhecer minha família.
Pensa no papelão que eu passei com toda essa história, Alex!
ALEX:
- Se eu fosse sincero com você, desde o início, você sofreria demais,
Mariana. Ou provavelmente não acreditaria em mim, era muito arriscado. É
tudo muito duro.
MARIANA:
- Tudo o quê? O que mais você tem para me contar?
Alex hesita. Mariana o encara, pressionando.
MARIANA:
- Fala, Alex! O que mais de tão importante você tem para me dizer?
ALEX:
- Eu, eu ainda não posso.
MARIANA:
- Ah faça-me o favor, Alex! Eu vou embora.
Ela
se prepara para ir, mas ele a segura com força. Se beijam com fervor.
MUSIC ON:
(My boo – Usher feat. Alicia Keys)
Ela
tenta resistir. Ele resiste, ela se rende. O casal se deixa levar pelo
desejo.
CENA 04. APTO FERNANDA E PAULA. SALA. INT. NOITE.
MUSIC OFF.
Matheus entra e se choca com a cena de Nanda jogada no chão, sentindo dores.
MATHEUS:
- Meu Deus, o que aconteceu aqui, Nanada?
Corre para ajudá-la a sentar no sofá.
FERNANDA:
- A Carla, ex do Diogo, esteve aqui.
MATHEUS:
- Como assim? Vocês brigaram?!
FERNANDA:
- Eu jamais vou deixar que aquela mal-amada falasse mal do meu filho.
MATHEUS:
- Eu não acredito que ela teve a coragem de bater em você! Você tá grávida!
FERNANDA:
- Ela é uma descarada, capaz de tudo. (sente dor) Eu apanhei mas ela também
levou uns bons tapas naquela cara de sonsa.
MATHEUS:
- Mas gente! Teve MMA aqui na sala! Fica aí, deitadinha, que eu vou ver se
acho um remédio pra passar sua dor.
FERNANDA:
- Não, Matheus. Vamos embora. Não quero ficar aqui quando a Paula chegar.
MATHEUS:
- Tem certeza?
FERNANDA:
- Tenho.
MATHEUS:
- Não acha melhor a gente procurar um médico? Tem certeza que está bem,
Nanda?
FERNANDA (levanta-se):
-
Tenho sim. Vamos, vamos logo.
MATHEUS:
- Tudo bem. Eu pego sua bolsa.
Matheus carrega a bolsa de Fernanda enquanto vão saindo do apto.
CENA 05. CASA OLÍVIA. SALA. INT. NOITE.
Olívia e Túlio jantam.
OLÍVIA:
- Acho que desta vez eu acertei no tempero!
TÚLIO:
- Você sempre acerta, Olívia.
OLÍVIA:
- Ah não, Túlio. No nosso último jantar/
TÚLIO (interrompe):
-
Isso faz tanto tempo...
OLÍVIA (retoma):
- No nosso último jantar, eu lembro que a comida ficou salgada e a gente
teve que pedir uma pizza! (risos) Que vergonha.
TÚLIO:
- Uma vez na vida, quem nunca passou a medida na cozinha?
A
campainha toca.
TÚLIO:
- Esperando mais alguém?
OLÍVIA:
- Claro que não. Deve ser algum vizinho.
Olívia sai da mesa, vai até a porta. Ao abrir, CAM foca Paula.
OLÍVIA (surpresa):
-
Paula?
PAULA (entrando):
- Oi, Olívia. Será que a gente pode conversar? O assunto é muito sério!
Paula vê Túlio.
PAULA:
- Ah, desculpa. Eu não sabia que você estava com visita. Eu não quero
atrapalhar.
OLÍVIA:
- Não, Paula, entra. Fica calma.
Olívia acompanha Paula até o sofá. Túlio se aproxima.
TÚLIO:
- Paula! Como vai? E a Fernanda, cuidando bem desse bebê?
Paula não consegue disfarçar o desconforto. Olívia percebe.
OLÍVIA:
- Túlio, se você não se importa...
TÚLIO:
- Não, claro que não. Eu vou indo, a gente conversa amanhã.
PAULA:
- Desculpa, gente. Eu não queria atrapalhar.
TÚLIO:
- Não se preocupe, Paula. Está tudo bem. (a Olívia) Eu te ligo.
OLÍVIA:
- Está bem.
Túlio sai. Olívia senta-se ao lado de Paula no sofá. Silêncio.
PAULA:
- A Nanda e o Diogo estão juntos.
OLÍVIA:
- Eu não sei nem o que dizer.
PAULA:
- Foi muito ruim descobrir tudo. Eu vi os dois se beijando. Acho que tão
cedo eu não vou conseguir esquecer essa cena.
OLÍVIA:
- Olha, Paula, eu/
PAULA (interrompe):
-
Eu vim aqui porque eu sei que você tinha algo para me falar sobre o Diogo e
não falou naquele dia. Era sobre isso não era? Você já sabia que o Diogo era
o doador do material?
OLÍVIA:
- Sim. Eu sabia que ele era o doador.
PAULA:
- E como a Nanda descobriu isso?! Como ela teve acesso ao Diogo? Porque
seria muita coincidência deles terem se conhecido na Joquer e/
OLÍVIA:
- A Nanda me pediu.
PAULA:
- Pediu?
OLÍVIA:
- Por isso mesmo que eu até achei melhor o Túlio ir embora. Isso vale o meu
emprego na clínica. A Nanda me pediu para saber a identidade do doador. Eu
hesitei porque sei que é proibido, é antiético. Mas ela insistiu tanto! Eu
achei que não pudesse fazer mal se eu revelasse a identidade do doador, pelo
contrário.
PAULA:
- Então ela já sabia do Diogo desde o início!
OLÍVIA:
- E por culpa minha. Eu que cometi esse erro terrível. Quando vi os dois no
restaurante, eu fiquei sem saber o que fazer!
PAULA:
- Restaurante? Você estava lá hoje?
OLÍVIA:
- Não, isso foi antes. Eu saí para jantar com o doutor Túlio depois do
expediente e vi os dois jantando num clima bem suspeito. Eu não queria me
meter nessa história, então achei melhor ficar quieta. Mas ao que parece, a
Nanda e o Diogo estão se envolvendo há muito tempo.
PAULA (levanta-se):
- E
eu vivendo feito uma idiota! Todo mundo sabendo e eu, nada!
OLÍVIA:
- Me perdoa, Paula! Eu sei que eu deveria ter te contado desde quando eu
soube, mas eu não sabia que essa história iria chegar nesse ponto!
PAULA:
- A Nanda foi embora de casa, e agora eu já não sei o que vai ser da gente.
OLÍVIA:
- Oh, minha amiga... Eu sinto muito!
Olívia abraça Paula, carinhosa.
PAULA:
- Desculpa atrapalhar o seu jantar com os meus problemas. Eu já vou pra
casa.
OLÍVIA:
- Não prefere ficar, Paula?
PAULA:
- Não, Olívia. Eu vou pra casa mesmo. É melhor. Obrigada por me ouvir.
OLÍVIA:
- Sempre que você precisar, eu estarei aqui.
Olívia acompanha Paula até a porta. Paula vai embora. Olívia fica pensativa,
um tanto chateada.
CENA 06. CASA DIOGO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Diogo, Tereza e Cristóvão jantam. Tereza Cristóvão percebem o silêncio do
filho.
TEREZA:
- Está tudo bem, Diogo? Você está tão quieto, mal tocou na comida.
CRISTÓVÃO:
- Algum problema com a Joquer?
DIOGO:
- A Joquer está muito bem. Eu é que não estou legal. A minha vida não está
legal.
TEREZA:
- Então conte pra gente, o que você está passando?
DIOGO:
- Eu briguei com a Fernanda.
CRISTÓVÃO:
- Fernanda é a moça que estava conosco na livraria, no lançamento do livro
da sua mãe?
DIOGO:
- Essa mesma.
TEREZA:
- Mas brigaram por quê?
DIOGO:
- Ah, deixa pra lá, mãe. Bobagem.
TEREZA:
- Não me parece bobagem, Diogo, a partir do momento que você não consegue
nem fazer uma refeição com a sua família.
Diogo silencia sob os olhares de Tereza e Cristóvão. Decide falar.
DIOGO:
- Eu e a Fernanda estávamos tendo um caso. O problema foi que a namorada
dela descobriu.
TEREZA:
- Só um minuto, isso ficou um pouco confuso pra mim. Você falou que a
NAMORADA dela descobriu... Fernanda é bissexual, isso?
DIOGO:
- Ela tem, ou tinha, uma namorada, a Paula. A gente estava se envolvendo às
escondidas. Mas aí hoje foi tudo por água abaixo.
CRISTÓVÃO:
- Confesso que essa história é surpreendente.
TEREZA:
- Eu também estou surpresa. Meu filho, você sabendo que a moça já era
comprometida, deveria ter evitado se envolver.
DIOGO:
- Mas a gente tem como evitar o amor, mãe? A gente consegue escolher por
quem vai se apaixonar, por quem vai nutrir uma vontade imensa de estar
junto, de viver cada momento do dia? Eu me apaixonei pela Fernanda como eu
nunca me apaixonei por ninguém! Ainda mais que...
CRISTÓVÃO:
- Ainda mais que?
DIOGO:
- Vocês lembram que eu havia contado sobre a doação de material genético
para a clínica de fertilização?
TEREZA:
- Eu lembro.
DIOGO:
- A Fernanda e a Paula planejaram ter um filho e fizeram o processo de
fertilização. Elas escolheram o doador 175. Esse foi o meu número no
cadastro da clínica.
Tereza e Cristóvão se olham surpresos.
CRISTÓVÃO:
- Então isso significa que/
DIOGO (interrompe):
- A
Fernanda está grávida, esperando um filho meu.
TEREZA (surpresa):
- Gente! Diogo!
DIOGO:
- Agora eu não sei o que fazer. Eu não quero perder a Fernanda.
TEREZA:
- Mas você descobriu isso tudo hoje? A gravidez, que você era o doador?
DIOGO:
- Não. Eu já sabia disso tem um tempo. Foi por isso que eu e a Fernanda nos
aproximamos, acabamos nos envolvendo. Mas hoje, se não fosse a Carla...
CRISTÓVÃO:
- A Carla está envolvida nisso... Claro!
TEREZA:
- Cristóvão!
CRISTÓVÃO:
- Não precisamos fingir que a gente não sabe que onde tem o dedo da Carla,
tem problemas, Tereza.
TEREZA:
- Foi a Carla que fez vocês brigarem?
DIOGO:
- Desde que ela descobriu, sabe-se lá como, minha ligação com Fernanda, ela
não tem nos deixado em paz. Foi ela que levou a Paula até onde eu e a
Fernanda estávamos.
CRISTÓVÃO:
- Ela espalhou a pólvora e acendeu o fósforo.
DIOGO:
- Bem isso, pai... (levanta-se) Eu vou subir, to precisando descansar. Hoje
o dia foi difícil.
TEREZA:
- Vai, meu filho. Descansa. E dê tempo ao tempo. Ele é o melhor remédio
mesmo.
DIOGO:
- Obrigado.
Diogo sai.
TEREZA:
- Cristóvão, eu ainda não consigo acreditar nessa história toda. O Diogo e
essa moça, Fernanda, vão ter um filho!
CRISTÓVÃO:
- No fundo, não é bem assim, Tereza. O Diogo foi apenas o doador do material
genético. Isso não dá para ele a condição de pai legítimo. A partir do
momento em que ele fez a doação, ele abriu mão dos direitos sobre a criança.
O filho é da Fernanda e da companheira dela, a Paula.
TEREZA:
- Mas pelo jeito que eu vi nosso filho aqui na mesa, ele com certeza vai
brigar para ter participação na vida dessa criança. Ainda mais que ele e a
Fernanda tiveram um caso, um envolvimento.
CRISTÓVÃO:
- Se ele realmente for levar essa história a fundo, ele precisa ter
consciência de que não vai ser fácil.
Cristóvão volta a jantar, enquanto Tereza permanece pensativa.
CENA 07. APTO LISA. SALA. INT. NOITE.
Pedro, Lisa e Helena à mesa do jantar.
LISA:
- E como foi na agência, Pedro?
PEDRO:
- Foi tranquilo. A R3 sempre cheia.
HELENA (a Pedro):
-
Você vai fazer novos trabalhos por lá?
PEDRO:
- Sim. Começo nos próximos dias. Vamos ter o Rio Moda. Vou desfilar para a
Gonzales Fashion.
HELENA:
- Eu tive muitos vestidos da Gonzales Fashion. Da época que aquela
estilista, a Rosana, era a criadora.
LISA:
- Na verdade não era ela, né mãe? Depois descobriram a farsa. Quem criava as
roupas era a Silvinha.
HELENA:
- Que fim levou a Rosana?
PEDRO:
- Foi presa. E pelo visto continua até hoje.
LISA:
- Agora você falou do Rio Moda, lembro que fiz muitos desfiles para eles. A
Illana não mudou de ideia com relação à minha volta para a agência?
PEDRO:
- Eu tentei.
Lisa baixa o olhar, cabisbaixa.
PEDRO:
- A Mari vai ficar no seu lugar, na campanha.
LISA:
- Pelo menos uma notícia boa. A Mari é uma pessoa especial. Merece.
Lisa solta os talheres.
HELENA:
Já terminou?
LISA:
- Perdi a fome.
HELENA:
- Mas seu prato ainda tá cheio, menina.
Lisa ignora e levanta da mesa. CAM detalha a barriga um pouco saliente por
trás do vestido. Ela vai até a janela, acaricia a barriga.
LISA:
- Se não tivesse você aqui dentro.
HELENA:
- Lisa! O que você está dizendo?!
LISA:
- Estou dizendo o que eu estou sentindo, mãe. Essa gravidez não me trouxe
nada de bom até agora.
PEDRO (aproxima-se):
-
Lisa, por favor, não diga isso! As coisas vão melhorar, acredite.
LISA:
- Quando, Pedro? Quando essa criança nascer e eu não tiver condições de
criar? Eu não sei se você percebeu, mas eu to sem trabalho, sem perspectiva,
sem nada.
PEDRO:
- Eu vou te ajudar com isso.
LISA:
- Você não é o pai, Pedro! Você não tem nenhuma obrigação de me ajudar com
isso. E eu não posso ficar te puxando pra traz porque cometi esse erro!
HELENA:
- Um filho nunca é um erro, Lisa.
LISA:
- Eu estou farta, eu estou farta disso tudo! (saindo) E me deixem sozinha!
Lisa vai para o interior do apto.
HELENA:
- Ela anda muito triste nos últimos dias.
PEDRO:
- A Lisa precisa entender que não há como voltar atrás nos fatos. Agora ela
precisa cuidar do filho.
HELENA:
- Eu nunca a vi agir assim. Eu estou ficando preocupada, Pedro. Com medo que
ela faça alguma besteira.
PEDRO:
- Eu não vou deixar, dona Helena! E eu preciso que a senhora me ajude nisso.
A Lisa precisa muito da gente agora.
CLOSE em Helena um tanto apreensiva.
CENA 08. COPACABANA. BAR. EXT. NOITE.
Vini e Bruno conversam enquanto tomam uma cerveja, sentados nos bancos do
balcão.
VINI: -
Quer dizer que dona Isaura tá pegando no teu pé por causa da gravidez da
Lisa.
BRUNO: -
Só
você vendo, cara. Me deu a maior dura.
VINI: -
E
tu já pensou no que vai fazer quando a criança nascer?
BRUNO: -
Sei
lá, velho. Eu ando meio perdido nessa história. Não queria que tivesse sido
assim.
VINI: -
Agora já era, parceiro.
Vini olha para alguém fora da CAM.
BRUNO: -
Eu
gosto da Lisa, sabe. Mas um filho agora não tava nos meus planos. Eu ainda
tinha muita coisa pra fazer. (percebe) qual foi, Vini?
Bruno olha na direção do amigo, que ergue o copo de cerveja em direção a
alguém. CAM revela Roberta entrando no bar, sorri para Vini.
BRUNO: -
Ih
já vi tudo. Mui amigo você hein.
VINI: -
Ah
Bruninho, não me leve a mal, mas uma dessas não dá pra deixar escapar.
BRUNO: -
Entendi. Eu vou indo então. Não quero atrapalhar tua conquista.
VINI:
- É por isso que eu te amo!
BRUNO:
- Sai fora ow!
Bruno se afasta e cruza com Roberta, que vem em direção a Vini.
VINI:
- Tá perdida, sereia?
ROBERTA:
- A procura do meu tritão!
VINI:
- Ao que tudo indica, sua busca se encerra aqui. Me acompanha?
ROBERTA:
- Claro.
Ele
faz gesto para o bartender.
VINI:
- Um copo pra donzela aqui, por favor!
E
ficam ali, trocando olhares.
CENA 09. APTO MATHEUS. QUARTO HÓSPEDES. INT. NOITE.
Fernanda arruma suas coisas no quarto. Tempo e Matheus entra.
MATHEUS:
- Conseguindo se organizar?
FERNANDA:
- Sim! Eu não lembrava que você tinha uma ótima estrutura aqui.
MATHEUS:
- Ter sido filho de pais ricos me trouxe alguns benefícios (risos). Mas eu
trocaria tudo para tê-los do meu lado novamente. Me sinto sozinho nesse
apartamento enorme.
FERNANDA:
- Lembro que logo que eles faleceram, eu e a Roberta viemos pra cá, ficamos
2 semanas com você. Lembra?
MATHEUS:
- Como esquecer! Vocês foram incríveis. Me ajudaram a superar bastante
coisa.
FERNANDA:
- E hoje você está me estendendo a mão.
MATHEUS:
- Amigos são para isso também. Nas horas boas e nas difíceis. O momento é
complicado, mas eu sei que você e a Paula vão se entender.
FERNANDA:
- Vamos torcer para que isso aconteça mesmo.
MATHEUS:
- Você tem certeza que está bem? Não quer consultar seu médico, por causa da
queda/
FERNANDA (interrompe):
-
Não se preocupa, Matheus. Está tudo bem. Agora eu vou deitar e pronto, fica
tudo certinho.
MATHEUS:
- Qualquer coisa, você grita! Pelo amor de Deus não vai me ter essa criança
aqui no meio da noite!
FERNANDA:
- Pode ficar tranquilo que isso não vai acontecer. Obrigada por tudo.
Os
dois se abraçam.
FERNANDA:
- Amo você.
MATHEUS (brinca):
- Sai fora que eu gosto é de boy.
Fernanda ri.
MATHEUS:
- Também amo você. Fica bem.
Matheus sai. Fernanda deita-se na cama, pensativa.
CENA 10. CASA MILTON. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Carla entra batendo a porta. Verônica está no sofá e levanta.
VERÔNICA: -
Finalmente você apareceu!
CARLA: -
Ai
mãe, to sem paciência pros seus chiliques agora tá?
E
vai subindo as escadas. Verônica vai atrás. CAM segue as duas.
VERÔNICA: -
Aonde era que você tava?
CARLA: -
Espairecendo.
VERÔNICA: -
Resposta mais vaga impossível, Carla!
CARLA: -
Ai
mãe, me deixa!
VERÔNICA: -
Não
enquanto você não me disser onde esteve o dia todo.
Carla abre a porta do quarto e ENTRA. Veronica junto.
CARLA: -
Quer saber onde eu tava? Tá bom, vou te contar.
Senta na cama.
VERÔNICA: -
Fala, menina.
CARLA: -
Fui
ao encontro da vagabunda da Fernanda.
VERÔNICA: -
Com
que objetivo, Carla?
CARLA: -
Como com que objetivo, mãe? Resolver de uma vez por todas essa história. A
gente brigou.
VERÔNICA:
- O que? Como assim brigaram?
CARLA:
- Brigando, oras! Saímos no tapa, cena típica de novela das nove. Você
precisava ver como deixei a cara dela.
VERÔNICA:
- Minha filha, como você chegou a esse ponto?!
CARLA:
- Aquela sonsa precisava de uma lição. Ela nunca mais vai se meter no meu
caminho!
Em
Verônica, chocada com a filha.
CENA 11. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
MUSIC ON:
(Do romantismo a Roma antiga – Baia)
Takes da noite carioca e sua movimentação peculiar. Mostra a baia de
Guanabara, aos poucos o dia vai nascendo.
CORTA:
CENA 12. APTO FERNANDA E PAULA. QUARTO. INT. DIA.
CAM
entra pela janela e mostra Paula dormindo na cama de casal. Tempo e ela
acorda, se vira para o lado, percebendo que está sozinha. Senta na cama,
passa a mão pelos cabelos desgrenhados. Observa no criado-mudo um
porta-retratos com a foto dela e de Nanda, sorridentes. pega o objeto, olha
por um tempo, coloca na primeira gaveta do móvel. Vai para o banheiro.
CENA 13. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA O&K. INT. DIA.
MUSIC FADE.
Fernanda mostra algo no computador para Walter e Laisla.
FERNANDA:
- E
aí, nesta parte aqui, a gente abre, porque a vista para o campo vai ser
privilegiada.
WALTER:
- Fernanda, está ótimo!
LAISLA:
- Fora que, com este deck fazendo o prolongamento, essa parte de fora da
casa vai ser super bem aproveitada.
FERNANDA:
- A ideia é justamente essa. Não tem lógica uma casa de campo não ser
explorada do lado de fora, não é?
WALTER:
- Tem razão. O cliente vai adorar. Nem parece que você ficou afastada daqui
por um tempo. Voltou com o mesmo empenho de sempre.
LAISLA:
- É a nova fase, Walter! Fernanda vai ser mamãe, está super amorosa. Falando
em amor, e a Paula, como está? A gente precisa marcar alguma coisa, não é?
Fernanda tenta disfarçar o desconforto.
FERNANDA:
- A Paula está bem.
LAISLA:
- Ela é uma companheira e tanto né! Eu acho lindo o amor de vocês.
WALTER:
- Eu também acharei lindo você me mostrar a sua parte naquele projeto de São
Gonçalo, Laisla.
LAISLA:
- Ai chefinho, estás pronto! Vem cá na minha mesa que eu te mostro.
Walter e Laisla se afastam. Fernanda fica pensativa. Ela desvia o olhar
quando percebe Danilo a encarando. Ele sai de sua mesa e vai em direção à
mesa de Fernanda.
FERNANDA:
- Algum problema, Danilo?
DANILO:
- Nenhum.
FERNANDA:
- Ótimo. Com licença, eu preciso trabalhar.
Danilo sorri cínico, e sai. Fernanda suspira, tenta se concentrar no
trabalho.
CENA 14. APTO OSVALDO. SALA. INT.DIA.
Osvaldo vem do corredor, passando pela sala encontra Regina no sofá,
expressão preocupada.
OSVALDO:
- O que foi, meu amor?
REGINA:
- A Mariana não dormiu em casa.
OSVALDO:
- Não? Tem certeza?
REGINA:
- Absoluta. A cama dela está do jeito que eu vi quando saí ontem. Ela não
dormiu em casa. Liguei no celular dela e só chama. E eu estou preocupada com
isso. E você também deveria estar!
OSVALDO:
- Calma, Regina. Não é a primeira vez que a Mari dorme fora de casa. E
outra, notícia ruim corre rápido. Logo mais ela está chegando aqui.
REGINA:
- Você sempre protegendo a Mariana.
OSVALDO:
- E você sempre nessa pilha de nervos. Deixa a menina curtir. (beija Regina)
Estou indo para o escritório. Quando ela chegar, me avisa que eu converso
com ela.
Regina não responde. Osvaldo sai.
REGINA:
- Era só o que me faltava a Mariana começar a ficar rebelde.
Regina pensativa.
CENA 15. APTO ALEX. QUARTO. INT. DIA.
CAM
detalha o visor do celular de Mariana no criado mudo ao lado cama: 13
chamadas não atendidas de MÃE.
Na
cama, Alex e Mariana dormem, envoltos nos lençóis. Ela com a cabeça no peito
dele.
Corta.
CENA 16. MOTEL. QUARTO. INT. DIA.
Local simples, sem muito luxo. Vini e Roberta deitados na cama, enrolados em
um lençol. TOCA o alarme de um celular. Vini acorda no susto, olha pro lado
e vê Roberta dormindo.
VINI
(comemora): - Ah, muleke!
Pega o celular e desliga o alarme. Se aconchega em Roberta lhe dando beijos.
VINI:
- Acorda, gata. A gente tem que ir.
Ela
vai despertando, sorridente.
ROBERTA (manhosa):
- Bom dia, tritão! E que tritão hein!
Eles riem, safados.
VINI:
- Detesto ter que te acordar assim, mas a gente tem que ir.
ROBERTA:
- Mas, já?
VINI:
- O dever me chama. Mas oh, ainda dá tempo da gente tomar uma chuveirada.
Bora?
ROBERTA:
- Com certeza.
CENA 17. CASA ELIANE. COZINHA. INT. DIA.
Eliane lavando a louça. Tito entra, senta-se na mesa, próximo da mãe.
Silêncio.
ELIANE:
- E seu pai?
TITO:
- Não sei. Acho que já saiu.
ELIANE:
- Você não vai se atrasar para o serviço.
TITO:
- Estou com tempo ainda.
Silêncio.
TITO:
- É verdade mesmo, mãe? É séria essa história do divórcio?
Eliane para com a louça, desliga a torneira, vira-se para o filho.
ELIANE:
- Sabe, meu filho... É muito triste você viver uma relação onde só o que
existe é ausência.
TITO:
- Vocês estão juntos há tanto tempo.
ELIANE:
- E hoje eu estou vazia. De amor, carinho, afeto. Quando era mais jovem, eu
olhava as novelas na televisão e sonhava em ser igual àquelas mocinhas, que
casavam com os galãs e eram felizes! Recebiam muito amor daqueles homens! Eu
não me importava se o meu futuro marido fosse feio, pobre, gordo, alto... Eu
só queria o amor. Eu sempre quis amor! E isso, infelizmente, o seu pai não
conseguiu me dar. Em todos esses anos. Foi muito cômodo por um bom tempo.
Mas eu cansei da comodidade. Eu li num livro uma vez, há muito tempo, que a
vida é movimento. E eu estava parada. Agora eu quero andar!
TITO:
- Eu sinto muito, mãe.
ELIANE:
- Não sinta! Por favor, não sinta. Você é o melhor presente que o seu pai me
deu. E eu te amo muito, desse meu jeito durona, turrona, mas é amor. Tenha
plena certeza disso.
PAULA (O.S):
-
Ainda tem um pouquinho desse amor para mim?
Eliane olha para fora da tela e CAM revela Paula, na entrada da cozinha. As
duas sorriem, uma para outra. Tito se aproxima, abraça a irmã, feliz.
TITO:
- Que surpresa boa!
PAULA:
- Bom ver você também, Tito.
ELIANE:
- Oi filha. Pode falar. Estou sentindo que o seu coração está cheio. Igual
o meu.
PAULA:
- Eu só preciso de um pouco de colo, mãe. Acho que depois de tantos anos, só
você pode me dar o que eu preciso agora.
Eliane se emociona, abre os braços para a filha. Paula se aconchega nos
braços da mãe, que a envolve amorosa. Tito sorri, aos poucos vai saindo,
deixando as duas à sós. Mãe e filha, aos poucos, vão se agachando, abraças,
escoradas no balcão da cozinha. Eliane acomoda Paula em seu abraço, enquanto
a filha, com a cabeça em seu colo, chora.
CENA 18. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Take rápido do dia na cidade maravilhosa. A movimentação costumeira
indicando passagem de tempo.
CENA 19. APTO TOMÁS E GUSTAVO. SALA. INT. DIA.
Gustavo no sofá, fala ao telefone.
GUSTAVO (ao telefone):
-
Hoje eu consegui sair mais cedo, por isso estou te ligando agora. (T) Sim,
mesmo eu saindo cedo, o dia foi corrido no hospital...
Tomás chega da rua, Gustavo não percebe. Tomás fica atento à conversa.
GUSTAVO (ao telefone):
-
Ah, Matheus, a gente precisa se encontrar novamente, tenho algumas coisas
para conversar com você.
Tomás se aproxima arrancando o celular das mãos de Gustavo.
TOMÁS:
- O que você tem para falar com esse tal de Matheus que não pode falar pra
mim?
GUSTAVO (surpreso):
-
Tomás! O que você está fazendo aqui?
TOMÁS:
- Eu também saí mais cedo da aula. Ainda bem né, porque assim eu consegui
pegar sua conversinha com esse tal de Matheus... Matheus, o mesmo nome que
você me chamou outro dia, na cama! Quem é Matheus, Gustavo?
GUSTAVO:
- Nada a ver, Tomás. (levanta-se) Não tem conversinha nenhuma.
TOMÁS:
- Você acha que eu sou idiota, Gustavo?
GUSTAVO:
- Eu acho que você anda estressado, isso sim.
TOMÁS:
- Você não vai sair assim, tá me ouvindo? Eu exijo explicações.
GUSTAVO:
- A gente conversa quando você tiver mais calmo.
Tomás pega um objeto de porcelana, da mesa de centro, e joga contra a
parede.
GUSTAVO:
- Você está louco?! Quase me acertou.
TOMÁS:
- Se eu descobrir que você tá me traindo, Gustavo, eu não respondo por mim.
GUSTAVO:
- Mas que maluquice é essa agora, Tomás? Quer saber? Eu vou dar uma volta,
deixar você esfriar a cabeça. (saindo) Assim não tem como a gente falar
qualquer coisa.
TOMÁS:
- Espera! Gustavo, espera!
Gustavo espera.
TOMÁS:
- Desculpa, me desculpa. É que eu tenho muito medo de te perder. Me
desculpa.
Gustavo sai batendo a porta. Tomás fica ali, se recompondo.
CENA 20. CASA SOLANO. INT. DIA.
A
campainha TOCA. Tempo e Isaura entra, vai em direção a porta. Ao abrir, CAM
revela Lauro.
ISAURA:
- Que bom que você veio.
LAURO:
- Eu dei a minha palavra, não dei?
ISAURA:
- Pode entrar.
Bruno vem de dentro da casa.
BRUNO:
- Estou indo para a Joquer e (percebe Lauro) O que este cara está fazendo
aqui?
LAURO:
- Este cara é o seu pai, Bruno.
BRUNO:
- Não estou falando com você!
LAURO:
- Mas eu estou aqui para falar com você, garoto.
ISAURA:
- Escute o que o seu pai tem a dizer, Bruno.
BRUNO:
- Eu não vou ouvir nada que saia da boca desse cara. Ele não é nada meu.
Bruno vai saindo, quando Lauro o detém, segurando pelo braço.
LAURO:
- Você só vai sair daqui quando terminar de ouvir tudo o que eu tenho pra te
falar, moleque!
Os
dois ficam a se encarar, sob os olhares apreensivos de Isaura.
CENA 21. AP DE LISA. QUARTO. INT. DIA
Lisa observa a barriga saliente no espelho, desanimada. Helena vai entrar no
quarto, mas para, observando a filha. Decide se aproximar.
HELENA:
- Sua barriga está cada vez mais linda, Lisa.
LISA:
- Está crescendo rápido.
HELENA:
- Você vai ver que ser mãe é um verdadeiro presente!
Lisa esboça um sorriso.
HELENA:
- Eu estou indo ao shopping. Me acompanha?
LISA:
- Não, mamãe. Eu vou ficar por aqui mesmo.
HELENA:
- Você precisa sair, minha filha. Não pode ficar só dentro deste
apartamento. Por que não chama o Pedro para ir ao parque, ao museu?
LISA:
- Eu quero ficar sozinha agora, mãe. Só isso.
HELENA:
- Tudo bem. Bom, eu vou saindo. Qualquer coisa, liga para o meu celular. Eu
não demoro.
Helena beija a filha e sai, fechando a porta. Lisa volta a encarar o
espelho. CAM detalha seu semblante sério. Com o punho, ela acerta o espelho,
que se quebra em vários pedaços. A mão dela sangra.
LISA:
- Nenhuma dor pode ser maior que isso.
Lisa pega um pedaço de caco de vidro, começa a passar o objeto em volta da
barriga, tentando criar coragem, enquanto se encara no restante do espelho
que continua na moldura.
CENA 22. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA O&K. BANHEIRO. INT. DIA.
Fernanda sai do reservado e vai até o espelho, abre a nécessaire, começa a
retocar a maquiagem. Tempo e ela começa a sentir dores abdominais.
FERNANDA:
- Ai, socorro! Alguém.
A
dor aumenta e ela geme, segura a barriga, deixando-se cair no chão.
FERNANDA:
- Alguém me ajuda, por favor!
CAM detalha o
ventre de Fernanda, e sua roupa manchada de sangue. |
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