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Escolhas da Vida - Capítulo 23

Estações da Vida - Novela de Édy Dutra com colaboração de Diogo de Castro
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CAPÍTULO 23
 
     
     
     
     
 
 
 

CENA 01. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA O&K. BANHEIRO. INT. DIA.

 

Continuação do capítulo anterior. Fernanda caída no chão, com dores e sangramento.

 

FERNANDA: - Socorro!

 

Laisla entra no banheiro e vê Fernanda caída. Se apressa em ajudar.

 

LAISLA: - Fernanda! Meu Deus!


FERNANDA
: - Me ajuda, Laisla! Meu filho... Eu estou perdendo o meu filho!


LAISLA
: - Calma, amiga! (grita) Socorro! Alguém ajuda aqui!

 

Laisla tenta levantar Fernanda, quando Danilo entra.

 

DANILO: - Que gritaria é essa, gente?


LAISLA
: - Danilo! Ajuda aqui! A Fernanda está com sangramento.

 

Danilo as observa por um instante.

 

LAISLA: - Vamos, Danilo! A gente precisa levar ela para um hospital, rápido!


FERNANDA
: -  Tá doendo muito!


DANILO
: - Vem, vamos no meu carro.

 

Danilo pega Fernanda no colo e sai com ela, seguido de Laisla.

 

CENA 02. APTO LISA. QUARTO LISA. INT. DIA.

 

Lisa alisando a barriga com um pedaço do espelho cortado, enquanto se encara no pedaço de espelho que ficou na moldura.

 

LISA: - Eu posso sofrer um pouquinho... Só um pouquinho. Mas depois passa.

 

CAM detalha a mão de Lisa, que começa a forçar, lentamente, a ponta do espelho contra a barriga. Alguém entra assustando Lisa. CAM revela Pedro.

 

PEDRO (chocado): - Lisa!

 

Ele segura a mão dela, que resiste. Ele consegue tirar o pedaço do espelho das mãos dela, se corta. Lisa chora, se desespera.

 

LISA: - Por que você tinha que aparecer? Eu tava prestes/


PEDRO
: - A fazer uma loucura! Lisa! Ainda bem que eu cheguei a tempo. Você não está passando bem!

 

Pedro pega um lenço, enrola em sua mão para estancar o sangue. Lisa o observa.

 

LISA: - Não era pra machucar você.


PEDRO
: - Você não deveria machucar ninguém, Lisa.


LISA
: - Mas se a vida me machucou, eu tenho o direito de dar o troco!


PEDRO
: - Matando o próprio filho?! Você tem noção do que você está fazendo? Isso é caso de psiquiatria! Loucura total!


LISA
: - Não briga comigo, Pedro! Estou farta das pessoas me dando sermão!


PEDRO
: - Mas é o que você merece agora. Lisa, a vida não machucou você. Ela apenas está te mostrando que existem outras formas de vivê-la. E seu filho faz parte disso agora. Nunca mais tente uma loucura dessas, ouviu?

 

Lisa concorda, vai até a cama, senta-se. Pedro se aproxima dela, a encara. Os dois trocam olhares.

 

LISA: - Eu não sei o que eu faço de mim. Me ajuda, Pedro? Por favor.


PEDRO
: - Calma. Eu to aqui, do seu lado.

 

Pedro abraça Lisa, confortando-a.

 

CENA 03. APTO ALEX. SALA. INT. DIA.

 

Alex e Mariana se organizam para sair.

 

MARIANA: - Mais de dez chamadas não atendidas da minha mãe.


ALEX
: - Ela ficou preocupada. Você não disse que ia dormir fora.


MARIANA
: - Ela não precisa saber de tudo da minha vida também.


ALEX
: - Você não vai falar da gente, não é?


MARIANA
: - Relaxa. Não vou dizer não. Eu invento qualquer desculpa... (se aproxima de Alex) Você não sabe o quanto foi bom ter você do meu lado, estar em seus braços. Estou tão feliz com a gente junto, de novo!


ALEX
: - Você é o amor da minha vida, Mariana. Sofri demais longe de você.


MARIANA
: - Eu também sofri. Mas agora, sem mentiras. Não é?


ALEX
: - Sem mentiras. Vamos?


MARIANA
: - Vamos sim. Amo você.


ALEX
: - Eu amo você ainda mais!

 

Os dois se beijam, felizes.

 

CENA 04. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

 

Matheus chega aflito quando encontra Laisla e Danilo.

 

MATHEUS: - Você que é a Laisla, não é?


LAISLA
: - Sim, sou eu!


MATHEUS
: - Cadê a Nanda? Como ela está?


LAISLA
: - Ela foi lá para dentro, com os médicos. Ainda não deram notícias.


MATHEUS
: - Minha Nossa Senhora! Ela não pode perder esse baby! Como foi que aconteceu?

 

Em Danilo, que olha torto para Matheus.

 

LAISLA: - Eu não sei direito. Encontrei ela caída e sangrando no banheiro do escritório. Por sorte o Danilo ouviu nossos gritos e ajudou.


MATHEUS
: - Você é o Danilo?

 

Danilo concorda com a cabeça.

 

MATHEUS: - Muito obrigado!

 

Ele dá as mãos. Danilo recusa.

 

DANILO: - De nada.


MATHEUS (constrangido)
: - Já avisaram os familiares? A Paula?


LAISLA
: - A Nanda pediu para avisar você e mais um outro rapaz, apenas.


MATHEUS
: - Outro rapaz?

 

Neste instante Diogo chega no local.

 

DIOGO: - Você é o Matheus, não é? Amigo da Nanda.


MATHEUS
: - Sou eu sim. E você é o Diogo.


LAISLA
: - Isso, esse moço que ela pediu pra chamar.


DIOGO
: - Como ela está?


LAISLA
: - Ainda não temos notícias.

 

Laisla se afasta.

 

DIOGO: - Tomara que esteja tudo bem com a Nanda e com o nosso filho.


MATHEUS
: - Com a Nanda e o filho dela com a Paula, você quis dizer.


DIOGO
: - Já vi que você está do outro lado.


MATHEUS
: - Eu estou do lado do que é certo e melhor para a minha amiga. Só isso.


DIOGO
: - O melhor para a Nanda é a Paula? Engraçado, não a vejo por aqui.


MATHEUS
: - Ela vai vir, até porque eu faço questão de avisar. Olha, Diogo, você é um gato, sabia? De verdade. Mas tem tomado atitudes que não estão sendo legais não. Com licença.

 

Matheus se afasta. Diogo disfarça, quando percebe o olhar de Danilo, que logo se levanta e sai.

 

CENA 05. CASA ELIANE. PÁTIO. EXT. DIA.

 

Eliane e Paula conversam.

 

PAULA: - E aí, durante todo esse tempo, eu estava sendo enganada, mamãe. É difícil admitir isso. A pessoa que eu mais amei me traindo.


ELIANE
: - Eu sei como você se sente, filha. Infelizmente, quando se trata de traição, eu tenho vasta experiência com o João aqui em casa. Mas, vamos corrigir as coisas. Você ainda ama a Fernanda. E, pelo pouco que eu vi daquele dia do nosso almoço, ela também ama você.


PAULA
: - Quem ama não trai!


ELIANE
: - Quem ama erra também, Paula. E erra sem querer. É clichê isso, mas todos merecem uma segunda chance, não é? Eu tenho certeza que a Nanda deve estar muito arrependida do erro que ela cometeu.

 

Em Paula pensativa.

 

ELIANE: - Desde criança, você sempre foi muito esquentadinha! Uma pimenta!

 

Paula ri.

 

ELIANE: - Deixa essa ardência de lado, baixa esse fogo que consome sua cabecinha turrona e vai atrás da Nanda. Ela é a mulher da sua vida. Não perde isso não, filha. Não faça como sua mãe. Não deixe ficar tarde para descobrir que pode ser feliz.

 

Paula sorri, esperançosa. As duas se abraçam. Tempo e um celular TOCA. Paula saca o aparelho do bolso, observa.

 

PAULA: - é o Matheus.


ELIANE
: - Atende.


PAULA
(ao telefone / simpática): - Oi, Matheus! (T) Claro, pode falar. (T) Como é que é?!

 

CLOSE na aflição de Paula.

 

CENA 06. CASA SOLANO. QUARTO BRUNO. INT. DIA.

 

Bruno entra, seguido de Lauro, que fecha a porta.

 

BRUNO: - Eu não tenho muito tempo. Tenho que trabalhar.


LAURO
: - Agora você vai ter o tempo que for necessário. O que tenho para falar com você é sério.


BRUNO
: - Depois de todos esses anos sem dar as caras, você vem querer ter uma conversa séria comigo? Ah, por favor!


LAURO
: - Pra você ver, como a gente pode se arrepender dos erros que a gente cometeu no passado. Uma hora a gente precisa reparar isso tudo para seguir adiante, sem culpas.


BRUNO
: - Veio me pedir perdão?


LAURO
: - Também, por que não? Mas o foco aqui não sou eu, é você. A sua mãe me contou, Bruno, que você vai ser pai.


BRUNO
: - Ela não tinha esse direito!


LAURO
: - Quem não tinha o direito de fazer o que fez foi você, Bruno. Você acha certo pedir para a mãe do seu filho tirar a criança? Você acha certo seu filho crescer sem o pai por perto?!


BRUNO
: - Foi o que aconteceu comigo esse tempo todo, Lauro.


LAURO
: - E aí você quer perpetuar essa história triste da sua vida com um inocente que pode ter a chance de receber todo o amor que você pode dar?! Bruno, você não percebe que tem nas mãos a chance de fazer o seu filho muito mais feliz e que o meu erro não pode jamais ser repetido por você?!

 

Bruno pensativo.

 

LAURO: - Eu fui um covarde! Um canalha com você, com a sua mãe... Seu avô me odeia até o último fio de cabelo e com razão. Mas eu estou tentando me redimir. É tarde? Não sei, mas eu não posso deixar que isso continue crescendo entre a gente. E quando sua mãe me falou do que você está passando, eu fiquei preocupado. Eu jamais imaginaria essa história se repetindo. Isso não pode acontecer, Bruno. Não seja um canalha com o seu filho. Você é um homem feito, inteligente, tem um lindo futuro pela frente. E seu filho precisa fazer parte disso. É a maior riqueza que você vai ter na vida. Eu demorei para perceber isso e hoje eu me sinto muito feliz de poder estar reparando meu erro. Não faz isso, Bruno.

 

Bruno encara Lauro, baixa o olhar. Lauro senta-se ao lado do filho.

 

LAURO: - Eu sei que a gente pode ser amigo. Ou não. Não quero forçar nada com você, embora a nossa aproximação me deixasse feliz demais. Eu demorei para perceber o quão egoísta eu fui ao não participar da sua vida, Bruno.


BRUNO
: - Eu sofri muito com isso. Você não sabe o quanto!


LAURO
: - Eu realmente não sei. Mas me dói saber que meu neto pode sofrer na mesma medida, mesmo tendo a chance de viver tudo diferente. Você sabe o que precisa fazer, Bruno.

 

Lauro levanta, caminha em direção à porta.

 

BRUNO: - Obrigado.

 

Lauro para, vira-se para o filho.

 

BRUNO: - Obrigado.

 

Lauro sorri, tenro, sai. Bruno se joga na cama, pensativo.

 

CENA 07. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

 

Paula chega apressada, apreensiva. Laisla se aproxima.

 

LAISLA: - Oi, Paula!


PAULA
: - Laisla, e a Nanda?!


LAISLA
: - Ninguém sabe. Os médicos não deram notícias até o momento. Mas, como é que você soube?


PAULA
: - O Matheus me avisou.

 

Paula vê Danilo.

 

PAULA: - O que esse cara tá fazendo aqui?


LAISLA
: - Foi ele que me ajudou com a Nanda.


PAULA
: - Jura? Achei que ele tivesse repulsa.


LAISLA
: - Mas ajudou. Está calado desde que chegou aqui. Já perguntei se ele queria ir embora mas falou que fica.


PAULA
: - Talvez esteja mudando os conceitos dele com relação ao amor, ao relacionamento entre duas mulheres. Você viu o Matheus?


LAISLA
: - Ele disse que ia falar com a mãe da Nanda, que fica chato dar uma notícia dessas por telefone.


PAULA
: - Tem razão. Eu vou ver se falo com a Roberta.

 

Paula se afasta, pega o celular para discar quando percebe Diogo, mais afastado. Ele se aproxima.

 

DIOGO: - Finalmente você aqui.


PAULA
: - O que você está fazendo aqui, Diogo?


DIOGO
: - Eu estou dando apoio pra Nanda, já que foi ela que me pediu para estar aqui.


PAULA
: - Como é que é?


DIOGO
: - Isso mesmo. Ela não te chamou, não é? Pois é. Acho que realmente, ela está fazendo a escolha da vida dela.


PAULA
: - Você é um cretino. Se aproveitando da situação para ficar do lado dela!


DIOGO
: - Ela é a mãe do meu filho. É o mínimo que eu poderia fazer. Além disso, a gente se ama. Não tem como evitar.

 

Paula acerta um TAPA no rosto de Diogo. Que encara como se não esperasse por aquilo. Danilo se aproxima rápido, afasta Paula. Laisla também chega junto.

 

DANILO (segurando Paula): - Ei, vocês estão loucos?! Aqui é um hospital!


PAULA
: - Você é um canalha, Diogo! Cretino!


DIOGO
: - Você é maluca, Paula.


LAISLA
: - Gente, calma! Por favor!


PAULA
: - Esse cara não deveria estar aqui!


LAISLA
: - Diogo, por favor, é melhor/


DIOGO
: - O quê? Ir embora?! Por quê? Foi a Nanda que pediu para que eu viesse. Foi você mesma que ligou, Laisla.


DANILO
: - Mas agora não tem como vocês dois ficarem por aqui. É melhor um de vocês ir pra casa.


LAISLA
: - Faça isso, Diogo. Eu mando notícias. Não vamos piorar as coisas por aqui.


PAULA
: - Vai embora!

 

Diogo hesita um pouco, mas vai embora. Danilo solta Paula.

 

DANILO: - Achei que vocês fossem sair aos socos e pontapés aqui dentro.


PAULA
: - Você não deveria ter me segurado, porque era isso mesmo que aquele cara ia levar. Socos e pontapés!


LAISLA
: - Calma, Paula. Vem, vamos beber uma água.

 

Laisla se afasta com Paula.

 

DANILO: - Gente maluca.

 

CENA 08. CASA ELIANE. SALA. INT. DIA.

 

Eliane sentada no sofá, bebe café na xícara. João entra cambaleando, visivelmente alcoolizado.

 

JOÃO (grita): - Eliane! Cadê você?! Eliane!


ELIANE
(levanta-se): - Pra quê gritar desse jeito? Estou aqui.

 

João se aproxima.

 

ELIANE: - Bêbado a essa hora.


JOÃO
: - Eu não estou bêbado. Eu tomei uns goles para esfriar a cabeça.


ELIANE
: - Esfriar a cabeça e encharcar a cara!


JOÃO
: - Que história é essa de você querer a separação?


ELIANE
(ri, debochada): - Só depois que a bebida entrou no seu corpo é que você assimilou a conversa?! Ou ela te eu coragem pra falar o que não tem coragem quando está sóbrio? Francamente, João. É por essas e outras que sim, eu vou me separar de você. Tá entendido?

 

João acerta um TAPA em Eliane, que cai sobre o sofá.

 

JOÃO: - Você é minha mulher. Não tem essa droga de separação não.


ELIANE
: - Droga é você na minha vida! (levanta) Essa foi a última vez que você levantou a mão pra mim!

 

João pega Eliane pelo braço, aperta.

 

JOÃO: - Você anda muito respondona! Deve ser influência daquela sua filha pervertida!


ELIANE
(tenta se soltar): - Lava a boca para falar da minha filha, João! E solta o meu braço, está me machucando!


JOÃO
: - Cala a boca! E me respeita! Eu não quero mais ouvir essa história de separação aqui dentro da minha casa!

 

João acerta outro tapa em Eliane, que cai no chão.

 

JOÃO: - Agora você vai aprender a respeitar o teu homem!

 

Ele pega Eliane pelos cabelos, a levanta e vai seguindo com ela para o interior da casa. No áudio abafado pelos cômodos internos, ouve-se os gritos de Eliane e os sons de tapas.

 

CENA 09. CASA NORMA. SALA. INT. NOITE.

 

Norma serve um café a Matheus no sofá. Artur está numa poltrona lendo jornal.

 

NORMA: - Você ainda não me disse o motivo da visita, Matheus. Tá tudo bem?


MATHEUS
: - Na verdade eu gostaria que o motivo fosse outro.

 

Artur para de ler o jornal e fica atento a conversa.

 

NORMA: - Ai meu Deus, aconteceu alguma coisa? Não me deixa nervosa, por favor.


MATHEUS
: - Olhar, você tem que me prometer que vai ficar calma.


ARTUR
(grosso): - Fala de uma vez, garoto! Não vê que tá deixando ela pior?


NORMA
(aflita): - Aconteceu alguma coisa a Fernanda?


MATHEUS
: - Sim. Ela estava no escritório quando começou a passar mal, sentiu dores, sangrou. Mas está tudo bem, eu só não quis dar a notícia por telefone.


NORMA
: - Vamos pra esse hospital agora.


ARTUR
: - Vou pegar a chave do carro.

 

O casal entra rumo a dentro. Matheus toma um gole de café.

 

MATHEUS: Ai, ninguém merece ser o porta-voz de notícia ruim!

 

CENA 10. JOQUER. SALA DIOGO. INT. DIA.

 

Carla abre a porta e encontra Rick na mesa de Diogo.

 

CARLA: - Você está onde sempre quis, hein, Rick!


RICK
: - Do que você está falando?


CARLA
: - Desta cadeira aí. Você sempre quis estar aí, sentado nela.


RICK
: - Não viaja, Carla. Estou aqui resolvendo uns pepinos do seu amado Diogo, que saiu voando daqui.


CARLA
: - Saiu é? Foi pra onde?


RICK
(irônico): - Ele não te falou?


CARLA
: - Deixa de ser idiota, Rick! Fala logo, onde o Diogo foi?


RICK
: - Foi para o hospital.


CARLA
: - Ele está bem?!


RICK
: - Ele está ótimo. Quem parece que não está bem é a Fernanda.

 

Carla senta sobre a mesa, de frente para Rick.

 

CARLA: - Fala tudo!


RICK
: - Alguém ligou para o Diogo avisando que a Fernanda estava no hospital. Parece que teve um sangramento.


CARLA
: - Deus é bom! Deus é muito bom! Essa vagabunda vai perder a criança hoje!


RICK
: - Credo, vira essa boca pra lá.


CARLA
: - Era só o que me faltava você torcendo pra essa piranha, Rick. Isso que ela tá passando é pouco. Ela precisa de mais.

 

Em Carla, pensativa.

 

RICK: - O que você está tramando?


CARLA
: - Eu preciso da cartada final, oras! Essa vagabunda precisa perder o bebê e o Diogo, de uma vez por todas! E você vai me ajudar.


RICK
(se afasta): - Não, não, Carla. Eu já me meti em confusão demais.


CARLA
(faz doce): - Ah, Rick, por favor...

 

Carla abre a bolsa, retira um maço de dinheiro, mostra para Rick.

 

CARLA: - Eu sei pagar bem, você me conhece.


RICK
: - O Diogo é meu amigo.


CARLA
: - Duvido que amizade põe comida na sua mesa. Ou por acaso, quando você vai numa loja de grife, você paga o que compra com um abraço carinhoso no caixa?! Me poupe! Todo mundo tem um preço, Rick. E eu sei que o seu está aqui nas minhas mãos.


RICK
: - Eu não sou barato, Carla.


CARLA
: - Tá bom. Aqui está uma parte só.


RICK
: - Agora tá ficando interessante.

 

Carla entrega o dinheiro para Rick, que guarda no bolso.

 

RICK: - O que eu preciso fazer? Não quero me sujar com o Diogo.


CARLA
: - Não se preocupe. Você só vai precisar ser o ombro amigo do Diogo, como sempre foi. Amigo mesmo hein?! Ele está passando por esse momento complicado com a vagabunda da Fernanda, então ele vai precisar de um amigo verdadeiro, como você, por perto.

 

Carla ri, cínica. CLOSE em Rick, estranhando a proposta.

 

CENA 11. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA

 

MUSIC ON: (Vida real – Engenheiros do Hawaii)

 

Takes da cidade em sua rotina diária. Tempo na movimentação urbana entre as pessoas, trânsito, comércio, etc. Cai a noite.

 

CENA 12. APTO LISA. SALA. INT. NOITE.

 

MUSIC FADE.

 

A campainha TOCA. Tempo e Pedro surge indo em direção à porta.

 

PEDRO: - Será que a dona Helena esqueceu a chave de casa?

 

Pedro abre a porta. CAM revela Bruno.

 

PEDRO: - Bruno?


BRUNO
: - A Lisa está por aí?


PEDRO
: - Não, ela não está.

 

Lisa surge atrás de Pedro.

 

LISA: - Quem é, Pedro? (vê Bruno) Bruno?


BRUNO
: - A gente precisa conversar, Lisa.


PEDRO
: - Ela não tem mais nada pra falar com você, cara. Deixa a gente em paz!


BRUNO
(entrando): - Eu vim para falar com a Lisa. E só saio daqui depois dessa conversa.


PEDRO
: - Ei, cara!


LISA
: - Deixa, Pedro.

 

Pedro se cala, mesmo não gostando.

 

BRUNO: - É importante, Lisa. Para você e para mim.

 

Os dois ficam a se olhar.

 

CENA 13. APTO OSVALDO. SALA. INT. NOITE.

 

Mariana chega em casa e Regina vai ao seu encontro, furiosa.

 

REGINA: - Você está ficando louca, Mariana?!


MARIANA
: - Oi, mãe! Boa noite pra senhora também.


REGINA
: - Não me venha com gracinhas, menina! Onde você esteve, Mariana? Desde ontem sumida! Sem notícias nem nada! Você não viu as ligações no seu celular?!


MARIANA
: - Eu vi.


REGINA
: - E por que não me retornou?! Eu estava em frangalhos! Chamei seu pai a pouco tempo para irmos até a delegacia para dar você como desaparecida!


MARIANA
: - Nossa mãe, que drama! Não é para tanto. Eu só dormi fora de casa, nada demais. E estou bem, como você pode ver.


REGINA
: - Você esqueceu que tem família, pai, mãe?! Dormiu fora de casa onde?! Espero que não tenha sido na casa de nenhuma dessas suas amigas modelos emergentes do subúrbio! Mariana do céu! Você não estava escondida em nenhuma favela, não é?!


MARIANA
: - Chega mãe! Acabou o interrogatório?


REGINA
: - Não, não acabou! Até porque você não respondeu nenhuma das minhas perguntas. Onde foi que você passou a noite?! E com quem?! Me fala!


MARIANA
: - Eu passei a noite com o Alex.

 

Choque de Regina.

 

MARIANA: - Passei a noite nos braços dele, na cama dele.


REGINA
: - Como é que é?!


MARIANA
: - Isso mesmo. Passei a noite fazendo amor com o homem da minha vida!

 

Regina não se controla e acerta um TAPA no rosto de Mariana. As duas ficam a se encarar.

 

CENA 14. APTO LISA. SALA. INT. NOITE.

 

Lisa, Pedro e Bruno sentados no sofá.

 

BRUNO: - Eu preferia ter essa conversa a sós.


LISA
: - O Pedro fica.


BRUNO
: - Ok. Como quiser.


PEDRO
: - E então?


BRUNO
: - Lisa, eu sei que eu fui um babaca com você. Quando você me contou da gravidez eu acabei enfiando os pés pelas mãos. Na verdade, eu fiquei desesperado, e com medo, confesso.


PEDRO
: - Não to gostando do rumo dessa prosa.

 

Bruno encara o rival.

 

LISA: - Pedro, deixa ele falar.


BRUNO
: - A verdade é que eu ainda não tinha percebido a grande burrada eu tava prestes a cometer.


LISA
: - Não to entendendo onde você quer chegar.


BRUNO
: - Eu cresci sem a presença do meu pai, Lisa. Nunca tive uma referência paterna, a não ser meu vô, que apesar de sempre ter feito o melhor que podia, não substituía o lugar de um pai. E eu decidi que não posso cometer o mesmo erro.


LISA
: - Então, quer dizer que você tá voltando atrás na sua decisão?


BRUNO
: - É. Eu vou assumir nosso filho, Lisa.


PEDRO
: - Mas é muita cara de pau da sua parte vir aqui com esse discursinho de pobre coitado depois de tudo que você fez pra Lisa.


LISA
: - Pedro/


PEDRO
(bravo): - Não, Lisa! Agora eu vou falar. Fique sabendo que a Lisa não precisa de você pra nada. A gente tá junto agora e eu não vou admitir que você chegue perto dela. Tá me ouvindo?


BRUNO
: - Eu sou o pai do filho dela.


PEDRO
: - Mas é comigo que ela tá agora. E eu não vou permitir que você estrague isso. Vai embora daqui, Bruno. Sai e não volta mais!

 

Bruno encara Lisa.

 

LISA: - É melhor você ir.


BRUNO
: - Tá certo. Eu vou. Mas isso não acaba aqui.


PEDRO
: - Sai!

 

Bruno se levanta e vai embora. Pedro tenta se acalmar, passa a mão no rosto. Close final Lisa, confusa.

 

CENA 15. JOQUER. INT. NOITE.

 

MUSIC ON: (My way – Calvin Harris)

 

Som ambiente. Takes da boate lotada, a todo vapor. Muita gente se diverte ao som da música, dançam, conversam, bebem. CAM vai buscar Vini entre as pessoas, procura por alguém. Bruno chegar por trás.

 

BRUNO: - Tá perdido, moleque?


VINI: -
Ae, Bruno!

 

Eles se cumprimentam.

 

VINI: - Procurando minha sereia.


BRUNO: -
A mesma do bar em Copacabana aquele dia?


VINI: -
Cara, ce me acredita que eu não sei o nome dela.


BRUNO: -
Tá de brincadeira?!


VINI: -
Sério, cara. A gente se curtiu a noite toda e eu não perguntei o nome. E o pior é que eu fiquei amarradão.


BRUNO: -
Ih ó lá, tá apaixonado!


VINI: -
Apaixonado não, mas que eu queria encontrar aquela sereia de novo, com certeza!


BRUNO: -
Então, boa sorte aí na missão, o dever me chama!


VINI: -
Vai lá.

 

Se cumprimentam. Bruno se afasta.

 

VINI: - Ah, sereia! Como é que eu vou fazer pra te encontrar!

 

CENA 16. JOQUER. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

 

O som ambiente continua, mas abafado. Diogo mexe no notebook. Rick está em pé, perto da mesinha de bebidas com um copo de wisky na mão.

 

RICK: - Mas ela tá bem, cara?


DIOGO: -
Não tive como saber. A maluca da Paula me expulsou de lá. (tira os olhos do PC e encara Rick) Ce acredita que ela me deu um tapa na frente de todo mundo no hospital?


RICK: -
Que louca, velho! E você?


DIOGO: -
Eu nada, né. Não ia revidar. A amiga dela me aconselhou a sair e eu achei melhor, pra evitar o pior. Mas o que eu queria mesmo era ficar, até porque se tinha alguém de inconveniente lá era a Paula. A Nanda pediu pra eu ir lá, não ela.


RICK: -
Ce tá mesmo a fim dessa mulher hein.


DIOGO: -
A Fernanda é a mulher da minha vida. E eu não vou abrir mão dela, muito menos agora.


RICK: -
Vai uma bebida aí pra esfriar a cabeça?


DIOGO: -
Pode ser.


RICK: -
É pra já.

 

Rick se vira para a mesinha, prepara o drink de Diogo. CAM detalha o momento em que Rick retira da jaqueta um frasco pequeno com pós, despejando no copo de Diogo. Mistura com o dedo, serve a Diogo logo em seguida.

 

DIOGO: - Obrigado.

 

Diogo toma o primeiro gole. Rick volta a seu posto, pega o celular e começa a mexer. CAM detalha o visor onde Rick escreve a palavra “feito”, escolhe o destinatário da mensagem: Carla. Clica em enviar. Rick volta a encara Diogo, que já toma o último gole do drink.

 

CENA 17. APTO TOMÁS E GUSTAVO. SALA. INT. NOITE.

 

Luz apagada. Gustavo chega da rua. Acende a luz clareando o ambiente.

 

GUSTAVO (estranha): Ué... Tomás?

 

Ele joga as chaves na mesa mais próxima e vai rumo a dentro.

 

CORTA:

 

CENA 18. APTO TOMÁS E GUSTAVO. QUARTO. INT. NOITE.

 

Gustavo abre a porta e entra em seguida. Observa Tomás dormindo na cama.

 

GUSTAVO: Que estranho Tomás dormindo tão cedo.

 

Ele dá de ombros. Desabotoa a blusa deixando-a pendurada no cabide, em seguida, retira carteira, celular dos bolsos, coloca no criado mudo. Tira a calça ficando apenas de cueca e se encaminha para o banheiro.

 

Tempo e Gustavo abre os olhos, levanta-se, se aproxima da porta do banheiro, ouve-se barulho do chuveiro. Ele retorna e vai até o cabide, vasculhando a blusa e depois a calça de Gustavo, não acha nada. O celular no criado mudo sinaliza a chegada de mensagem. Tomás se aproxima, pega o aparelho.

 

TOMÁS: Será que eu abro?

 

CLOSE nele, na dúvida.

 

CENA 19. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.

 

Artur se aproxima de Norma, oferecendo um café no copo plástico. Eles estão próximos ao balcão de atendimento.

 

NORMA: - Obrigada. E esses médicos que não aparecem pra dar notícia.


ARTUR
: - Calma, ficar nervosa não ajuda em nada.


NORMA
: - Ainda bem que nossa filha tem com quem contar em horas como essas. Roberta e Matheus estão aqui desde cedo, aqueles colegas do trabalho também saíram agora pouco.


ARTUR
: É. Mas eu ainda acho que ela poderia escolher melhor as companhias.

 

Artur encara Matheus e Roberta, que estão sentados no sofá, não percebem nada.

 

MATHEUS: - Ai mona só você mesmo pra ficar com um boy magia e não perguntar o nome, trocar um contatinho! Que espécie de caçadora é você?


ROBERTA: -
Ai Matheus, foi tudo tão natural que a gente acabou deixando as formalidades de lado.


MATHEUS
: - Nossa, foi tão bom assim, é?


ROBERTA
(fala): - Se foi bom? Foi Além!!! Você precisa ter visto o tamanho do tritão!

 

Artur olha torto pros dois.

 

MATHEUS: - Fala baixo, Roberta! Estamos num hospital.


ROBERTA
: - Desculpa, não consegui conter. É que quando lembro... Ui!


MATHEUS
: Mas o que você vai fazer agora?


ROBERTA: -
Vasculhar nas redes sociais né, vai que eu dou sorte.


MATHEUS: -
Se é magia pode tá na minha lista de amigos hein. Já pensou?


ROBERTA: -
Sem querer ofender, Matheuzinho, mas acho difícil.


MATHEUS: -
Ai gente e esses médicos que não aparecem pra dar notícia!


ROBERTA: -
Cadê a Paula?

 

Matheus procura.

 

MATHEUS: - Ué. Ela tava aqui agorinha.

Eles ficam sem entender.

 

CENA 20. HOSPITAL. QUARTO. INT. NOITE.

 

Fernanda está na cama. A porta se abre e Paula vai entrando.

 

FERNANDA: - Paula! Como entrou aqui?


PAULA
: - Surpresa?


FERNANDA
: - Não, é que/


PAULA
: - É que você preferiu chamar o Diogo e não entende o fato de eu estar aqui? Vamos resolver essa história de uma vez por todas?

CLOSE final em Fernanda, surpresa com a atitude de Paula.

 
     
     
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autor
Édy Dutra

colaboração
Diogo de Castro

elenco
Rafaela Mandelli como Fernanda
Andréia Horta como Paula
Henri Castelli como Diogo
Francisca Queiroz como Carla
Caetano O’Maihlan como Rick
Gabriela Durlo como Roberta
Sidney Sampaio como Matheus
Marcello Melo Jr como Bruno
Aisha Jambo como Lisa
Paulo Gorgulho como Arthur
Sônia Braga como Norma
Maria Ceiça como Isaura
Milton Gonçalves como Solano
Maurício Gonçalves como Lauro
Eliete Cigarini como Eliane
Léo Rosa como Gabriel
Bernardo Mesquita como Tito
Juliana Lohmamm como Bia
Roberto Bomtempo como João
Giuseppe Oristânio como Walter
Cinara Leal como Laisla
Felipe Folgosi como Danilo
Fernanda Nobre como Ivete
Eduardo Lago como Dr. Túlio
Aline Borges como Olívia
Cissa Guimarães como Verônica
Jonas Bloch como Milton
Gisele Fróes como Selma
Odilon Wagner como Humberto
Totia Meirelles como Tereza
Zecarlos Machado como Cristóvão
Zezé Motta como Helena
João Gabriel Vasconcellos como Pedro
Daniel Erthal como Vini
Maria Maya como Illana
José de Abreu como Osvaldo
Malu Galli como Regina
Luma Costa como Mariana
Jonathan Haagensen como Alex
Antônio Pitanga como Dionísio
Guilherme Winter como Gustavo
Pierre Baitelli como Tomás

trilha sonora
Amanhã ou Depois - Nenhum de Nós (Abertura)
Vida real – Engenheiros do Hawaii
My way – Calvin Harris

produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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Proibida a cópia ou a reprodução
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