CENA 01. APTO FERNANDA E PAULA. SALA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Fernanda flagra o beijo de Paula e Olívia.
Ela faz barulho na porta e as duas percebem sua presença.
PAULA (surpresa):
- Nanda?
FERNANDA:
- Desculpa, eu não queria atrapalhar. Eu não deveria ter vindo.
Fernanda sai. Paula se apressa e vai atrás dela. Olívia permanece pensativa
no sofá.
CENA 02. PRÉDIO FERNANDA E PAULA. PORTARIA. INT. NOITE.
Fernanda vai saindo na portaria, quando é alcançada por Paula.
PAULA:
- Nanda, espera! O que você viu não foi nada sério.
FERNANDA:
- Você não precisa me dar satisfações de nada, Paula. O que eu vi ficou bem
claro para mim. Você já fez a sua escolha. Agora eu percebi que a Olívia era
realmente muito mais do que uma amiga.
PAULA:
- Você não tem o direito de falar comigo dessa forma. A Olívia é minha
amiga, sim, o beijo não muda nada do que eu sinto por ela. Ou por você.
Muito diferente da sua situação com o Diogo.
FERNANDA:
- Não coloca o Diogo nessa história, Paula! Não tem nada a ver. O pivô da
vez não é ele, é a Olívia, a sua amiga tão prestativa. Agora eu sei o
porquê. Ela gosta de você e esperou eu me afastar para cair em cima.
PAULA:
- A Olívia jamais faria isso.
FERNANDA (enfática):
- Ela fez! E eu vi tudo claramente. Eu realmente fui uma idiota em pensar em
vir aqui para falar com você, acertar as contas. Acho que, de certa forma,
essas contas já estão certas.
PAULA:
- Não é assim, Nanda. Você sabe.
FERNANDA:
- Eu já não sei de mais nada, Paula. Não sei de mais nada.
Fernanda sai, apressada, na chuva. Faz sinal para um táxi na rua, que para.
Ela embarca, sob o olhar entristecido de Paula.
CENA 03. APTO FERNANDA E PAULA. SALA. INT. NOITE.
Paula entra chateada, senta-se no sofá, com pesar. Olívia vem da cozinha,
senta-se ao lado de Paula.
OLÍVIA:
- Ela não quis ouvir você.
PAULA:
- A gente não devia ter feito isso, Olívia.
OLÍVIA:
- Você não precisa se culpar. Você é livre para fazer o que quiser.
PAULA:
- Não, eu não sou livre. Não sei se quero ser.
Silêncio.
OLÍVIA:
- Eu não vou calar o que eu sinto por causa da Fernanda.
PAULA:
- Mas eu preciso desse tempo de silêncio para mim, Olívia. Eu preciso.
OLÍVIA:
- Tudo bem, eu já entendi. (levanta-se) A gente se fala melhor amanhã.
Obrigada pelo jantar. Fica bem.
Olívia pega sua bolsa e sai. Paula se joga no sofá, chora.
CENA 04. CASA ELIANE. SALA. INT. NOITE.
Eliane abre a porta para João, que entra todo molhado, ainda um pouco
trôpego. Ela lhe oferece uma toalha.
ELIANE:
- Toma. Se seca. Vai pegar uma pneumonia, capaz de morrer.
JOÃO:
- Eu só posso morrer depois que tiver o seu perdão.
ELIANE:
- Você não sabe o que está falando, João. Está bêbado. Nem toda a água da
chuva foi capaz de tirar o cheiro do álcool que está entranhado em você.
JOÃO:
- Eu bebi, sim! Não nego... Mas eu bebi porque eu estou triste com os erros
que eu cometi contigo, Eliane.
ELIANE:
- Deixe de bobagem.
JOÃO:
- Eu não deveria ter sido rude com você. Você é a mulher da minha vida. Eu
te amo!
ELIANE:
- Quem ama não bate, João! Não bate, não espanca, não humilha! Quem ama
respeita, aceita as escolhas, aceita a renúncia do outro!
JOÃO:
- Quem ama também aceita o amor do outro, Eliane. Eu quero que você aceite o
meu amor, eu quero que me aceite também, poxa! Eu não sei viver sem você. Eu
juro (ajoelha-se) que nunca mais levanto a mão pra você. Eu prometo!
ELIANE:
- Levanta, João!
JOÃO:
- Me aceita, Eliane! Eu amo, você, meu amor... Eu te amo!
Eliane encara João, um tanto balançada.
JOÃO:
- Pelos nossos bons momentos juntos.
ELIANE:
- E nós tivemos bons momentos juntos, João?
JOÃO:
- Se a gente não teve, podemos construir juntos a partir de agora. É só você
me aceitar.
ELIANE:
- Eu não sei/
JOÃO:
- Por favor, Eliane. To te implorando, eu não sou nada longe de você.
Eliane se ajoelha de frente para João. Os dois trocam olhares. Ele se
aproxima dela, lhe dá um beijo. Eliane corresponde ao beijo de João.
CENA 05. APTO MATHEUS. QUARTO MATHEUS. INT. NOITE.
Matheus está deitado, assistindo TV. TOCA um celular. Ele pega o aparelho no
criado-mudo, vê a chamada de Gustavo.
MATHEUS:
- Ah minha Nossa Senhora da Tentação... Não posso, Gustavo. Desculpa. Não
posso.
Ele
devolve o celular pro criado-mudo e observa entristecido.
CENA 06. APTO GUSTAVO E TOMÁS. QUARTO. INT. NOITE.
Gustavo, ao telefone, estranha o sumiço de Matheus.
GUSTAVO:
- Que coisa isso! Primeiro me dá bolo, agora não me atende... (desliga o
telefone) Aconteceu alguma coisa, será?
Tomás entra.
TOMÁS:
- Algum problema, meu amor?
GUSTAVO
(disfarça): - Nada não.
TOMÁS (desconfia/fingido):
- Você parece um tanto ansioso, ou preocupado com alguma coisa. Ou alguém.
GUSTAVO:
- Não tem nada disso não, Tomás. Está tudo bem. Só algumas coisas para
resolver no hospital.
TOMÁS:
- Está tudo bem, mesmo?
GUSTAVO:
- Sim, tudo bem.
TOMÁS:
- Ótimo! Porque eu tenho proposta para fazer para você e eu precisava mesmo
que você estivesse bem para ouvir.
GUSTAVO:
- Proposta?
TOMÁS:
- Sim. Nós já estamos juntos a tanto tempo, que eu pensei que a gente
poderia fazer uma viagem para celebrar o nosso amor. Europa, um, dois meses.
O que você acha? Uma viagem romântica?
GUSTAVO:
- Uma viagem romântica, agora?
TOMÁS:
- Isso, agora. Lembrei que em breve você vai entrar de férias, então a gente
pode aproveitar e sair. (abraça Gustavo) Nosso amor é tão lindo. Ele precisa
ser celebrado, até porque, ele nunca vai ter fim, não é?
Gustavo esboça um sorriso, enquanto Tomás o beija.
TOMÁS:
- O que acha? Aceita minha proposta?
GUSTAVO:
- Eu gostei da ideia, mas preciso pensar primeiro, me organizar lá no
hospital.
TOMÁS:
- Tudo bem. Mas não demora porque precisamos reservar passagens, hotéis,
tudo.
GUSTAVO:
- Sim, tudo bem.
Tomás beija Gustavo e sai. Gustavo fica pensativo.
CENA 07. APTO OSVALDO. SALA. INT. NOITE.
Osvaldo chega feliz e encontra Regina calada.
OSVALDO:
- O contrato do ano! Eu consegui! Agora sim, posso dar segmento ao meu
projeto pessoal! Finalmente, deu certo! (percebe Regina) O que foi, meu
amor? Está se sentindo bem?
REGINA:
- Péssima. Eu estou péssima, Osvaldo.
OSVALDO:
- Mas o que aconteceu que te deixou assim?
REGINA:
- A sua filha, Osvaldo, foi embora de casa.
OSVALDO (surpreso):
- Como é que é?! A Mariana foi embora de casa?!
REGINA:
- Foi. Aquela mal-agradecida foi embora.
OSVALDO:
- Mas como?! Me explica isso direito, Regina!
REGINA:
- Foi embora! Eu tentei abrir os olhos dela para a realidade da vida, mas
ela preferiu continuar vivendo nesse mundo de ilusões!
OSVALDO:
- Regina, você não poderia ter deixado isso acontecer!
REGINA:
- E você queria que eu fizesse o quê, Osvaldo? Amarrasse a Mariana no pé da
mesa? Eu a deixei sair, sim. Mas ela volta. Ela vai voltar.
OSVALDO:
- Vamos atrás dela!
REGINA:
- Ela vai voltar, Osvaldo! Tenho certeza. Mariana não vai viver sem esse
luxo aqui.
OSVALDO:
- Mas eu não posso viver sem minha filha!
REGINA:
- Não seja dramático. Mariana já está bem grandinha. Essa rebeldia dela vai
acabar logo logo, quando a fome, ou a falta de sapatos novos, bater à porta
dela. Espera pra ver.
Regina se retira.
OSVALDO:
- Eu não posso ficar aqui parado.
Osvaldo pega o telefone, disca.
CENA 08. APTO LISA. QUARTO LISA. INT. NOITE.
Mariana e Lisa sentadas na cama. O telefone de Mariana tocando.
MARIANA:
- É o meu pai.
LISA:
- Atende, Mari! Diz que você está aqui!
MARIANA:
- Não posso, Lisa. Senão é capaz da minha mãe aparecer e eu não quero nem
olhar para a cara dela!
LISA:
- Devo confessar que sua mãe nunca foi a melhor pessoa do mundo, Mari. Me
senti muito mal daquela vez visitando sua casa. Mas o que ela fez de tão
errado assim para que você a rejeite tanto?
MARIANA:
- O Alex, quando era garoto de programa, tinha a minha mãe como cliente,
Lisa. Eles tiveram um caso.
Lisa se mostra chocada.
MARIANA:
- E eu descobri tudo hoje, dando um flagra nos dois na cama dele.
LISA;
- Meu Deus! Eu não sei o que me deixa mais estarrecida. Se é o fato da
relação dos dois, dela ser cliente do seu namorado, ou o fato dela se
envolver com o Alex que é negro; considerando que sua mãe é extremamente
racista.
MARIANA:
- Foi horrível, Lisa. Eu desejei muito não ter visto aquilo. Mas agora que
eu já vi, que eu já sei de tudo, eu preciso recomeçar. Não posso ficar presa
nas lamentações. A carreira de modelo está andando, mas ainda devagar.
LISA:
- Fiquei sabendo que você ficou no meu lugar na campanha.
MARIANA:
- Fiquei muito feliz em substituir você, porque sei que você é uma modelo
muito competente. E ter essa oportunidade é sinal de que eles confiam no meu
trabalho. Mas claro, sei que você possa estar chateada por isso.
LISA:
- Eu fiquei um pouco sim. Um pouco não, muito! (risos) Mas eu estou em outra
fase na vida. Preciso compreender quais são as minhas prioridades.
MARIANA:
- Eu também preciso ver as minhas prioridades. E a primeira delas é grana.
Eu preciso ganhar dinheiro. Vou ver com a Illana se ela não tem mais
campanhas, ou outros serviços que eu possa fazer para ganhar um extra.
LISA:
- Por favor, Mari, não faça isso!
MARIANA:
- O que foi, Lisa? O que tem de errado em pedir um extra?
LISA:
- Não tem nada de errado, mas evita falar com a Illana sobre isso. Vai ser
melhor pra você.
MARIANA:
- Por quê?
LISA:
- Por nada.
MARIANA:
- Pode falar, Lisa. Eu quero saber. A Illana não gosta disso, desse tipo de
pedido?
LISA:
- Pelo contrário. A Illana gosta e até procura garotas que queriam ganhar um
extra, fora dos serviços de modelo da agência...
MARIANA:
- Então?
LISA:
- A Illana agencia meninas para o book rosa.
MARIANA:
- Book rosa?
LISA:
- Um catálogo de meninas que fazem prostituição de luxo.
Mariana se mostra surpresa.
LISA:
- Ela já insistiu diversas vezes para que eu entrasse no catálogo. Disse que
eu teria grandes ganhos, mas eu nunca quis. Não é perfil para mim. Não julgo
quem faça, cada um sabe das suas necessidades. Mas eu não quero isso para
mim.
MARIANA:
- Gente, a Illana então é uma cafetina camuflada na agência.
LISA:
- Pelo amor de Deus, Mari, isso que eu estou te falando não pode sair daqui
de dentro. Eu não sei se mais alguém sabe, mas de qualquer forma, não conte
isso para ninguém, nem comenta, nada!
MARIANA:
- Pode deixar, Lisa.
LISA:
- E se você for fazer isso mesmo, tome muito cuidado. Esse mundo não é um
mar de rosas, apesar do nome.
Mariana fica pensativa com os dizeres de Lisa.
CENA 09. APTO MATHEUS. QUARTO. INT. NOITE.
Fernanda entra apressada, se joga na cama, aos prantos.
FERNANDA:
- Ai, Fernanda... Por que você deixou o tempo passar?
Ela
chora, entristecida.
MUSIC ON:
(Do Romantismo à Roma antiga – Maurício Baia)
CENA 10. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.
Imagens da cidade ao amanhecer. Takes do dia surgindo, o sol brilhando após
uma noite chuvosa. Imagens do Cristo, do Pão de Açúcar, da baía de
Guanabara.
MUSIC FADE.
CENA 11. JOQUER. SALÃO. INT. DIA.
Diogo reunido com a equipe da danceteria. Bruno e Rick também no local.
DIOGO:
- E como eu já havia adiantado outro dia para vocês, a nossa casa será sede
de um dos eventos mais badalados do Rio. A Mega Festa.
RICK:
- Aquele famoso baile à fantasia?
DIOGO:
- Esse mesmo. Nós entraremos como parceiros neste evento, junto com outros
patrocinadores. E olha só, tem tudo para ser o evento do ano na noite
carioca!
BRUNO:
- Eu já tenho aqui os modelos dos convites personalizados para os
convidados, como você havia pedido, Diogo.
DIOGO:
- Ótimo, Bruno. Como a festa vai ser em poucos dias, precisamos estar bem
alinhados para que tudo funcione perfeito aqui na Joquer. Bar, banheiros,
iluminação, climatização, tudo.
RICK:
- E a decoração?
DIOGO:
- O outro parceiro vai ser responsável por isso. Aliás, devem estar vindo
aqui hoje ainda. Preciso que você os recepcione, Rick. Eu não poderei estar.
RICK:
- Vai dar entrevista para falar sobre o caso das fotos? (risos)
DIOGO:
- Não. Irei para a delegacia mesmo.
Rick para de rir.
DIOGO:
- Quem fez essa sacanagem comigo vai pagar na Justiça. Brincou com a pessoa
errada. Se a Carla não se importa, eu me importo.
Rick engole a seco, disfarça.
DIOGO:
- Bora trabalhar, então? Todo mundo sabe o que fazer.
A
equipe vai se dispersando. Diogo olha no relógio e sai, sem se despedir de
ninguém. Rick o observa, desconfiado.
CENA 12. APTO MATHEUS. SALA. INT. DIA.
A
campainha TOCA insistentemente. Matheus vem do apressado do quarto.
MATHEUS:
- Nossa! Vai tirar o pai da forca?
Matheus abre a porta, CAM revela Gustavo.
MATHEUS (surpreso):
- Gustavo?! O que você está fazendo aqui?
GUSTAVO:
- Só assim para eu poder falar com você.
MATHEUS:
- Como é que você achou meu endereço?
GUSTAVO:
- A Roberta me passou.
MATHEUS:
- Que biscate! Ela não podia!
GUSTAVO:
- Não podia por quê? (entrando) Por que você está fugindo de mim, Matheus?
Não foi ao nosso encontro, não atende minhas ligações... O que tá pegando?
Eu te fiz alguma coisa?
Matheus fecha a porta e vai em direção ao outro.
MATHEUS:
- Não, você não fez nada, além de me deixar apaixonado. Mas sabe de uma
coisa, Gustavo, eu vi que a gente não pode continuar nessa história.
GUSTAVO:
- Como assim?
MATHEUS:
- Eu estou aqui, livre, pronto para viver qualquer história de amor com
você. Mas e você, Gustavo? Você não está livre pra mim. E nós não podemos
seguir sendo injustos. Nem comigo, nem com você e muito menos com o seu
namorado.
GUSTAVO:
- Eu sei que isso tudo pode ser confuso. Está sendo confuso para mim também.
Mas eu juro que eu vou dar um jeito nisso. Eu só não posso ficar longe de
você, Matheus. Você me deu o gás de vida que eu estava precisando!
MATHEUS:
- Mas não é do meu lado que você está agora, Gustavo. Você está longe dessa
fonte de gás. Eu não posso decidir sobre a sua vida. Mas eu preciso
preservar o meu amor para não me machucar. Você não sabe o quanto eu rezei
pedindo pra Deus me dar um boy gato como você. Mas ele me trouxe você com um
desafio, né? Eu, no momento, não estou com estrutura pra isso.
GUSTAVO:
- Você está terminando comigo, é isso?
MATHEUS:
- Eu não sei o que eu estou fazendo direito, Gustavo. Você é tudo de bom, em
todos os sentidos, mas não está cem por cento comigo. Eu não quero metade de
ninguém. Não seria justo pra gente.
GUSTAVO:
- Tudo bem. Eu entendo você.
MUSIC ON:
(Give me love – Ed Sheeran)
Gustavo se aproxima de Matheus, segura-lhe o rosto e lhe beija.
GUSTAVO:
- Eu prometo que vou dar um jeito nisso. E quero que você me prometa que não
vai mais fugir de mim.
MATHEUS:
- Promessa feita. Mas eu preciso de mais um beijo para concretizá-la de
fato.
Gustavo sorri e beija Matheus novamente, apaixonado.
CENA 13. ESCRITÓRIO O&K. INT. DIA.
MUSIC OFF.
Fernanda trabalha em sua mesa quando Laisla se aproxima, deixando um par de
ingressos em cima da mesa.
FERNANDA:
- O que é isso?
LAISLA:
- Como assim, o que é isso? Você não conhece os cartões verdes?
FERNANDA:
- Não.
LAISLA:
- Meu amor! Esses cartões são os passaportes para a maior e melhor festa à
fantasia do Rio de Janeiro!
FERNANDA:
- Olha! Não sabia disso não! Você vai com quem?
LAISLA:
- Com você!
FERNANDA:
- Comigo? E quem disse que eu vou?
LAISLA:
- Eu estou dizendo, Nanda. Eu consegui esses ingressos com uma amiga de uma
amiga de uma amiga que conseguiu com uma outra amiga que trabalha numa das
produtoras do evento. Nanda, você precisa sair, espairecer e essa festa é
ótima! Vamos comigo. Vai ser ótimo!
FERNANDA (lendo o convite):
- Na Joquer...
LAISLA:
- Pois então, este ano é lá. Eu nunca fui, mas dizem que o lugar é
fantástico!
FERNANDA:
- É mesmo. É a danceteria do Diogo.
LAISLA:
- Diogo? Aquele bonitão do hospital?
FERNANDA:
- O próprio.
LAISLA:
- Então é nessa que a gente vai! Sua chance também de fisgar o rapaz, porque
ele ainda deve ser louco por você.
FERNANDA:
- Eu não estou com cabeça para isso, Laisla.
LAISLA:
- Tudo bem, falamos sobre isso depois. Mas já deixamos combinado. Você vai
comigo!
FERNANDA:
- Certo, eu vou.
Laisla vibra, se afasta animada. Fernanda fica a observar o convite.
CENA 14. DELEGACIA DE CRIMES VIRTUAIS. INT. DIA.
Em
cortes descontínuos e fora do áudio, Diogo depõe para o delegado de crimes
virtuais, acompanhado de Cristóvão. O escrivão vai registrando todo o
depoimento de Diogo, que fala sob os olhos atentos do pai e do delegado.
CENA 15. DELEGACIA DE CRIMES VIRTUAIS. EXT. DIA.
Diogo e Cristóvão vão saindo da delegacia.
CRISTÓVÃO:
- Agora é aguardar que eles vão fazer as investigações. Material eles têm
bastante.
DIOGO:
- Eu só quero que esse caso seja resolvido logo, pai. Preciso tocar minha
vida em paz.
CRISTÓVÃO:
- Vai dar tudo certo, você vai ver.
Os
dois seguem em direção ao carro parado em frente à delegacia.
CENA 16. CASA ELIANE. SALA. INT. DIA.
Eliane abre a porta para Paula, que vai entrando com algumas sacolas de
compras do mercado.
PAULA:
- O Tito me mandou uma mensagem ainda de manhã, falando sobre a sessão de
filmes aqui e eu resolvi comprar algumas coisas pra gente.
ELIANE:
- Não precisava se incomodar, Paula.
PAULA:
- Tem chocolates, pipoca...
João aparece na sala.
JOÃO:
- Vamos ter cinema em casa, hoje, então?
PAULA (surpresa):
- O que esse canalha está fazendo aqui?!
JOÃO:
- Ei, menina, modere seu tom de voz. Está debaixo do meu teto.
PAULA:
- Essa casa não é sua! Você deveria estar era na cadeia! Mãe, como esse cara
entrou aqui?
ELIANE:
- Filha, o João me procurou, ele está arrependido do que fez.
PAULA:
- Como é que é?!
ELIANE:
- Ele reconheceu que agiu errado. Ele prometeu não me bater mais.
JOÃO:
- Eu amo a sua mãe. Vou respeitar o nosso amor.
PAULA:
- Você é um canalha!
Paula acerta um tapa em João.
ELIANE (chocada):
- Paula!
PAULA:
- Cínico, ordinário!... (a Eliane) E você, não aprendeu depois de tudo o que
ele te fez?!
ELIANE:
- O João reconheceu o erro dele, minha filha!
JOÃO:
- Meu amor, a Paula está querendo envenenar o nosso amor. Não deixa, Eliane!
PAULA:
- Você é louco! Um aproveitador! É claro! Aqui tem casa, comida, roupa
lavada...
ELIANE:
- Chega, eu não quero saber de discussão aqui dentro.
PAULA:
- Eu também não quero ficar nem mais um minuto aqui dentro. Eu quero que
você se exploda, João! E você, dona Eliane, depois não diga que eu não
avisei.
Paula se retira, com muita raiva.
JOÃO:
- Vai, vai agourar em outra freguesia... Desculpa, meu amor, mas a sua filha
é invejosa. Só porque ela não está feliz, fica tentando estragar a
felicidade dos outros.
ELIANE:
- Ela só quer o meu bem.
JOÃO:
- Mas o seu bem sou eu, Eliane. Sua filha precisa aceitar isso. Nosso amor é
mais forte que qualquer coisa.
João abraça Eliane, que se conforta no peito dele, enquanto ele esboça um
sorriso, satisfeito, triunfante.
CENA 17. CASA ARTHUR E NORMA. SALA. INT. NOITE.
Norma fazendo tricô, enquanto Arthur escuta rádio. No ambiente, apenas a
trilha sonora que toca no rádio. Silêncio entre os dois. De repente, começa
uma música, Arthur se anima.
ARTHUR:
- Olha aí, Norma! Lembra dessa música?
NORMA (puxa na memória):
- Essa música...?
ARTHUR:
- Sim! Foi a música de apresentação da Nanda na formatura da pré-escola...
Ela, de bailarina, dançando com um coleguinha de soldadinho de chumbo.
NORMA:
- Nossa, é verdade! Eu lembro que a mamãe ficou a noite inteirinha fazendo a
roupa da Nanda, porque a da escola havia ficado pequena.
ARTHUR (nostálgico):
- E ela dançou tão bem, você lembra? Parecia uma princesa.
NORMA:
- Foi uma apresentação muito linda.
Silêncio entre eles. Apenas som ambiente.
ARTHUR:
- Eu estou com saudade.
NORMA:
- Eu também sinto saudade dessa época, da pureza das crianças e desses
eventos escolares que mobilizam toda a família. É bom para o crescimento das
crianças.
ARTHUR:
- Não, Norma. Eu estou com saudades da Nanda. Da minha filha.
Arthur se emociona. Norma observa o marido com ternura. Ela se aproxima
dele, o abraça, também emocionada.
NORMA:
- Oh, meu amor...
Norma conforta o marido, que não consegue conter a emoção.
CENA 18. AGÊNCIA R3. SALA ILLANA. INT. NOITE.
Illana vai pegando sua bolsa na cadeira, indo em direção à porta quando
Mariana entra.
ILLANA:
- Opa! Mari?
MARIANA:
- Oi, Illana. Eu preciso falar com você.
ILLANA:
- Sinto muito, minha querida, mas eu já estou de saída. Viu o horário? Está
tarde.
MARIANA:
- Eu sei, mas é urgente.
ILLANA:
- Duvido que tenha algo tão urgente que não possa ser tratado amanhã, meu
bem.
MARIANA:
- É sobre o book rosa.
Illana se surpreende, fecha a porta, apressada.
ILLANA:
- Nunca mais repita isso aqui dentro nesse tom, está ouvindo?
MARIANA:
- Tudo bem.
ILLANA:
- O que você quer?
MARIANA:
- Eu quero entrar.
ILLANA:
- Como é que é?
MARIANA:
- Eu quero ser agenciada por você. Me aceita?
Closes alternados entre as duas.
CENA 19. CASA MILTON. SALA. INT. NOITE
Gabriel e Carla conversam.
GABRIEL:
- Você não cansou ainda de ter tantos jornalistas pegando no seu pé por
causa dessas fotos vazadas?
CARLA:
- Cansei um pouco. Jornalista é bicho chato. Mas eu não posso negar que isso
me deu um up. Minhas redes sociais bombam de seguidores e o que é melhor,
muita gente apoiando a minha volta com o Diogo.
GABRIEL:
- Volta essa que nem aconteceu.
CARLA:
- Mas vai acontecer, tenha plena certeza disso. Até porque, a essa altura, a
vadia da Fernanda não vai querer saber do Diogo nem pintado de ouro.
GABRIEL:
- Não fala assim da Nanda, por favor.
CARLA:
- E tem mais... Ele estava tão bêbado aquele dia que nem lembra que nós
transamos.
GABRIEL:
- Você conseguiu transar com ele ainda?!
CARLA:
- Aham. E se tudo der certo, estarei grávida.
GABRIEL:
- Você é maluca, sabia?
CARLA:
- Eu nunca estive tão sã em toda minha vida. Assim que o Diogo souber que eu
estou grávida dele, eu duvido ele me abandonar. O que ele mais quer é um
filho e eu vou conseguir dar isso pra ele e de forma natural.
GABRIEL:
- Você é realmente obcecada por ele, hein.
CARLA:
- Ele é o homem da minha vida. Eu sou capaz de tudo para ter o Diogo comigo.
De tudo!
Carla sorri, satisfeita.
CENA 20. CASA DIOGO. SALA. INT. NOITE.
Diogo, Tereza e Cristóvão conversam. TOCA um telefone e Diogo atende.
DIOGO (ao telefone):
- Alô? (T) Sim, é ele. (T) Oi, delegado!
TEREZA:
- Eles já tem alguma notícia então!
DIOGO (ao telefone):
- Sim, sei... (T) Então, o que vocês descobriram? (T) Como é que é?!
CRISTÓVÃO:
- O que foi, meu filho?
DIOGO (ao telefone):
- Claro. Amanhã sem falta. (T) Certo, obrigado! (desliga)
TEREZA:
- O que foi que eles descobriram, Diogo?
DIOGO:
- Há indícios de que não houve roubo de fotos nenhum, mamãe.
TEREZA:
- Não?
DIOGO:
- A polícia conseguiu identificar de onde saiu o e-mail, ou melhor, os
vários e-mails contendo as fotos que foram parar na imprensa. E todos os
e-mails saíram do computador identificado como C Ferreto.
CRISTÓVÃO:
- Ferreto? Isso significa...
DIOGO:
- Significa que os e-mails saíram do computador da Carla.
Na surpresa e
Tereza e Cristóvão. CLOSE final em Diogo, atônito com a descoberta. |
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