CENA 01. CASA ARTHUR E NORMA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Fernanda surpreende a todos com o pedido
de casamento à Paula.
FERNANDA:
- Então, Paula, aceita se casar comigo?
Arthur e Norma se olham surpresos.
PAULA (emocionada):
- É claro que eu aceito, meu amor! Eu quero, sim, casar com você!
Fernanda se levanta e abraça, Paula, emocionada.
PAULA:
- Você ainda vai me matar do coração!
FERNANDA:
- Não antes de você dizer “sim” no altar.
PAULA:
- Hoje é o dia mais feliz da minha vida!
NORMA:
- Meninas, as alianças!
Fernanda e Paula trocam alianças diante de Arthur e Norma. Elas trocam um
beijo, casto, mas apaixonado. Arthur se aproxima.
ARTHUR:
- Nunca foi fácil eu abrir a cabeça para isso tudo. Eu já imaginava tanta
coisa quando eu via a Nanda com você, Paula. Eu queria proteger a minha
filha de um mal que, depois eu percebi, que eu mesmo causava. A minha ideia
de proteção era tirar a Nanda de onde ela mais se sentia e estava segura,
que era ao seu lado.
PAULA:
- O preconceito te deixou cego, Arthur.
ARTHUR:
- O preconceito quase me deixou sem aquilo que eu mais amo, que é a minha
família. Eu estava sendo contra o amor. Porque é isso que eu vejo aqui nesta
sala, agora, neste exato momento. É o amor! Agora a ficha vai caindo e eu
vou percebendo que tanta coisa boa eu perdi, por causa dessa burrice de
preconceito! Vocês vão me dar um neto, vão se casar, estão lutando juntas
para ter uma vida digna. Eu não posso reclamar de nada. E nem posso desejar
mal algum para vocês.
FERNANDA:
- Pai...
ARTHUR:
- Eu só quero que vocês me perdoem.
Arthur se ajoelha diante de Fernanda e Paula.
FERNANDA:
- Pai, não precisa disso.
ARTHUR (firme):
- Nanda, eu preciso. Eu quero que vocês me perdoem por todo o sofrimento que
causei. Estou aqui, de coração aberto, pronto para ser um novo homem, um
novo pai, um novo marido... E agora, um novo sogro e avô também. Por favor,
meninas, me perdoem.
Paula e Fernanda se olham, ajoelham-se junto de Arthur e o abraçam,
emocionadas.
MUSIC ON:
(Do romantismo à Roma antiga - Instrumental - Maurício Baia)
FERNANDA:
- Eu amo você, pai.
PAULA:
- A gente perdoa por tudo, Arthur. Por tudo.
Eles levantam.
ARTHUR:
- Vocês não fazem ideia do quanto isso faz bem ao meu coração.
Norma enxuga as lágrimas.
MUSIC FADE.
NORMA:
- Eu sonhei tanto com esse dia!
FERNANDA:
- Eu também, mãe!
PAULA:
- Tem alguma coisa no forno? Acho que está começando a cheirar...
NORMA (lembra-se):
- O jantar!
Norma sai, apressada. Fernanda, Arthur e Paula riem enquanto se levantam. A
campainha TOCA.
ARTHUR:
- Você chamou mais alguém, Nanda?
FERNANDA:
- Não.
ARTHUR:
- Eu vou atender.
Arthur vai em direção a porta e abre. CAM revela Diogo.
FERNANDA:
- Diogo?
PAULA (a Fernanda):
- O que esse cara tá fazendo aqui?
Fernanda fica sem entender.
DIOGO:
- Desculpe vir sem avisar. Posso entrar?
CLOSES alternados entre Diogo, Fernanda e Paula.
CENA 02. PRÉDIO APTO RICK. EXT. NOITE.
Rick caminha pela calçada nas proximidades de seu prédio. Seu andar é
cuidadoso, observando para ver se não está sendo seguido. Chega ao portão do
prédio quando dois homens saem de um carro comum em sua direção.
HOMEM 01:
- Senhor Rick Palhares?
Rick se vira, surpreendido.
HOMEM 01: -
Finalmente conseguimos encontrar você.
RICK: -
Quem são vocês?
HOMEM 02:
- Polícia. (mostra distintivo)
HOMEM 01:
- Você está preso por tráfico de drogas.
HOMEM 02:
- Queira nos acompanhar, por favor.
Acuado, Rick sai correndo pela calçada, os homens não se movem. Rick é
interceptado por outros dois agentes que estavam à espreita, na esquina. Os
homens começam a carregar Rick em direção ao carro.
RICK:
- Eu não fiz nada! Me soltem!
As pessoas ao redor ficam a observar a cena.
CENA 03. APTO MATHEUS. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Matheus serve o jantar para Gustavo, senta-se em frente a ele, na mesa.
MATHEUS:
- Então o Tomás te mandou embora.
GUSTAVO:
- Sim. Eu senti que ele quis fazer algum tipo de jogo comigo. Para eu
implorar em ficar na casa um pouco mais, para ele poder ter domínio sobre
mim. Mas eu não caí no jogo dele.
MATHEUS:
- Ele vai usar de todas as artimanhas para ter você por perto.
GUSTAVO:
- Eu não quero mais, Matheus. Minha história com o Tomás tomou um rumo que
não tem mais volta. Só o final... (segura a mão de Matheus) Eu quero um
recomeço pra minha vida. E eu sei que posso conseguir isso com você.
MATHEUS:
- Eu fico feliz que você queira reconstruir a sua vida ao meu lado,
Gustavo... (levanta-se) Mas...
GUSTAVO:
- O que foi?
MATHEUS:
- Eu não tenho certeza disso.
GUSTAVO (surpreso):
- Como assim, Matheus?
MATHEUS:
- Eu quero ter a certeza de que você está fazendo isso de coração e não por
uma simples carência, por uma briga com o Tomás. Eu não quero fazer meu
coração de bobo.
Matheus vai saindo.
GUSTAVO (confuso):
- Aonde você vai?
Matheus faz sinal pra ele esperar. Sai. Tempo e ele retorna com um pequeno
maço de dinheiro, coloca sobre a mesa.
GUSTAVO:
- Que é isso?
MATHEUS:
- Sei que a vida de um médico de hospital público não é tão fácil. Aqui tem
uma pequena quantia que você pode usar, para ficar num hotel bacana, pelo
menos até encontrar um lugar melhor.
GUSTAVO:
- Matheus...
MATHEUS:
- Por favor, Gustavo, pense bem no que você quer, de verdade. Eu esperei
tanto por um amor verdadeiro. Não quero me aventurar e quebrar a cara. Você
realmente está disposto a estar comigo? Para sempre?
GUSTAVO:
- Eu gosto de você, Matheus! Claro que eu quero estar junto de você!
MATHEUS:
- Tem muita gente que gosta de mim e que eu também gosto, Gustavo. Mas no
momento eu preciso de alguém que me ame. Talvez seja esse detalhe que a
gente precisa ajustar. Por isso que você precisa pensar bem no que quer.
Gustavo se levanta.
GUSTAVO:
- Eu vou provar pra você que eu não vou te machucar.
MATHEUS:
- É o que eu mais quero.
Gustavo pega o dinheiro na mesa, guarda no bolso. Pega suas malas e vai em
direção à porta. Matheus o segue, abre a porta.
GUSTAVO:
- Obrigado pelo jantar. Estava ótimo.
MATHEUS:
- Vou ter que confessar que era lasanha congelada. Eu sou um zero à esquerda
na cozinha.
Gustavo ri.
GUSTAVO:
- Eu sei disso. Mas foi ótimo por ter você como companhia, por ter me
acolhido por algumas horas. E por ter jogado limpo comigo. A gente se vê.
Matheus assente. Os dois ficam a se olhar. Gustavo vai embora. Matheus fecha
a porta atrás de si, pensativo, confuso.
CENA 04. CASA ELIANE. QUARTO ELIANE. INT. NOITE.
João e a amante se surpreendem com o flagra de Eliane. João visivelmente
alcoolizado.
ELIANE:
- Que merda é essa?!
JOÃO (vestindo-se):
- Tu não tinha que estar no mercado, mulher?!
ELIANE:
- Eu saio um minuto e você traz uma vagabunda pra minha casa, para a minha
cama?!
Eliane puxa a mulher pelo cabelo, a empurra para fora do quarto,
bruscamente. A mulher não revida, pega o vestido no chão e sai, apressada,
deixando Eliane e João a sós.
ELIANE:
- Você é um canalha, João! Um canalha!
JOÃO:
- Tu tá fazendo escândalo a toa, Eliane. Qual homem que não dá suas
escapadinhas?
ELIANE:
- Não me interessa! Que nojo, João! Na minha cama! O mínimo de respeito esse
lugar merecia. (dá uns tapas nele) Era o lugar onde eu deitava com você, seu
infeliz!
JOÃO (se defendendo):
- Não teve nada demais, me deixa. Já chega, ela já foi embora. Muda o disco.
ELIANE (se afasta):
- Ainda por cima está bêbado! Eu não posso estar vivendo isso, não posso...
Dentro da minha própria casa, meu marido me traindo com uma vagabunda, uma
piranha de esquina!
JOÃO:
- Cala a boca. Não me torra a paciência, Eliane.
ELIANE:
- E eu preocupada, pensando num jantar diferente, em fazer algo bacana pra
nós. E você se esfregando com uma ordinária!
JOÃO (grita):
- Eu já falei que é pra você calar a boca!
ELIANE (grita):
- E se eu não calar, você vai fazer o quê?
João acerta um tapa no rosto de Eliane, que cai no chão, próxima da parede.
Ela o encara, espantada, com a mão sobre a face.
JOÃO:
- Eu mandei você calar a boca. Não quero ser confrontado.
ELIANE:
- Você prometeu que nunca mais iria tocar um dedo em mim desse jeito.
JOÃO:
- Mas tu fica enchendo o saco! Fica pedindo.
Eliane se levanta, parte para cima de João, com tapas e socos. Ele se
defende, empurra Eliane, que bate com as costas no criado mudo. Ela fica
caída, sente dores.
ELIANE:
- Filho da mãe...
JOÃO:
- Você tá chata hoje, hein. Vai pro inferno e me deixa em paz.
João sai do quarto, exaltado. Eliane permanece caída, chorando. Ela se
levanta, com dificuldades, vai até o telefone, do outro lado da cama. PLANO
DETALHHE da mão de Eliane discando a sequência de números 180. ABRE PLANO de
Eliane esperando a ligação completar.
V.O ATENDENTE (telefone):
- Central de Atendimento à Mulher, boa noite.
ELIANE (ao telefone):
- Boa noite. Eu gostaria de fazer uma denúncia.
Ela segue falando ao telefone, fora do áudio.
CENA 05. CASA ARTHUR E NORMA. INT. NOITE.
Diogo diante de Nanda, Paula e Artur. Norma entra, empolgada.
NORMA:
- O jantar tá servido! (percebe o clima) Você aqui?
PAULA (a Nanda):
- Você ainda não me disse o que esse cara veio fazer aqui, Nanda.
DIOGO:
- Fica tranquila. Ela não sabia de nada.
NANDA:
- Não mesmo.
ARTUR:
- Olha, rapaz, acho que não é o melhor momento tá bom?!
DIOGO:
- Como eu disse, não vim atrapalhar. Mas, acredito que independente de
qualquer coisa, esse é o momento ideal.
PAULA:
- Se você veio aqui pra dizer/
DIOGO:
- Não é nada disso, ok? Eu juro que vim em paz.
NANDA:
- Eu não to entendendo, Diogo. Qual o motivo da sua vinda, afinal?
DIOGO:
- Eu andei pensando bastante em tudo que aconteceu. Entre nós.
PAULA (brava):
- Eu não to acreditando nisso!
DIOGO:
- Quando falo “entre nós”, isso inclui você, Paula. Afinal, isso aqui sempre
se tratou de nós três, por mais que não fosse como eu quisesse.
PAULA:
- Foi você que se meteu na minha história com a Nanda. Que conversa mais
descabida é essa agora, hein?
DIOGO:
- Eu sei. Você tem razão. Eu pensei muito sobre toda a nossa história, em
tudo que aconteceu desde que nós nos conhecemos. E não é nada fácil vir até
aqui pra dizer isso, mas (encara Nanda), to deixando o caminho livre, Nanda.
NANDA:
- O que?
DIOGO:
- Eu me dei conta de que, apesar de ter sido sincero e verdadeiro tudo o que
a gente viveu, eu não posso ficar entre vocês.
PAULA:
- Espera, você tá dizendo que/
DIOGO:
- Vocês não precisam mais se preocupar comigo. To abrindo mão de você,
Nanda. E do nosso filho.
NANDA (surpresa):
- Diogo...
DIOGO: -
E
não pense que tá sendo fácil pra mim, pensei muito antes de vir até aqui,
mas, por mais que eu tente afastar vocês duas, tá muito claro que o amor de
vocês é mais forte. Espero, sinceramente, que consigam ser felizes.
PAULA:
- Por essa, eu não esperava.
NORMA:
- Muito nobre sua atitude, rapaz.
DIOGO:
- Eu não vou mais atrapalhar a vida de vocês. Bom, era só isso que eu tinha
pra dizer.
Diogo se prepara pra ir.
PAULA:
- Espera, Diogo.
DIOGO:
- Algum problema?
PAULA:
- Não, não. Eu só queria dizer que, da minha parte não tem rancor. O que
passou, passou.
DIOGO:
- Fico feliz. De verdade.
ARTUR:
- Bom, se está tudo resolvido, vamos comemorar. As fortes emoções só estão
começando, ainda tem muita coisa até o casamento de vocês né.
NORMA
(repreende): - Artur!
DIOGO:
- Ah, vocês vão se casar?
PAULA:
- É. A Nanda acabou de fazer o pedido.
NANDA:
- E ela aceitou.
DIOGO:
- Que bom. Olha, se quiserem, podem usar a Joquer pra fazer a festa, será um
prazer recebê-las.
NANDA:
- Sério, Diogo?
DIOGO:
- Claro.
PAULA:
- Obrigado pela gentileza.
NORMA:
- Que bom que tudo se resolveu. Mas, vamos jantar senão a comida esfria.
Você vem com a gente, Diogo?
DIOGO:
- Ah não, melhor não.
ARTUR:
- Eu se fosse você, não recusava. A comida dessa mulher é dos deuses!
NANDA:
- E aí? Fica?
DIOGO:
- Tá bom, eu fico.
Eles comemoram.
CENA 06. DELEGACIA. INT. NOITE.
Rick, algemado, diante do delegado e com um policial à escolta. A porta se
abre e por ela passa Pedro (sem algemas), acompanhando de outro agente da
polícia. Rick e Pedro se encaram, mas não se falam.
RICK:
- Eu já disse que sou inocente.
DELEGADO:
- Todos somos, até que se prove o contrário. Que é o seu caso.
RICK:
- Como assim? Ninguém tem nada contra mim.
DELEGADO:
- Nós temos provas concretas de que você, com o auxílio de Pedro
Mascarenhas, plantou a cocaína no terno de Bruno Fernandes, na tentativa de
incriminá-lo. Ao que tudo indica por questões pessoais considerando que
segundo relatos dos funcionários da danceteria que os dois trabalham, ambos
viviam se desentendendo.
PEDRO:
- E onde é que eu entro nessa história, posso saber?
DELEGADO:
- Os mesmos funcionários relataram que você e Bruno brigaram diversas vezes
nas dependências da boate por causa de uma modelo.
PEDRO:
- Isso não prova nada.
DELEGADO:
- De fato. O que realmente comprova as motivações de vocês bem como o crime
praticado é um vídeo gravado por um dos presentes na festa a fantasia, que
mostra toda a ação planejada contra o suspeito na tentativa de incriminá-lo.
RICK:
- Eu quero falar com meu advogado.
PEDRO:
- Eu também.
DELEGADO:
- Vamos providenciar isso. Por enquanto, aguardem na cela, por favor.
RICK:
- Como é que é?
PEDRO:
- Mas isso é um absurdo!
RICK:
- Eu não vou me juntar aqueles bandidos.
PEDRO:
- Eu tenho nível superior!
DELEGADO:
- Levem os dois.
os dois são levados pelos agentes.
DELEGADO:
- Playboizinhos de merda.
O
delegado balança a cabeça em negativo.
CENA 07. APTO ILLANA. QUARTO. INT. NOITE.
Illana e Lauro na cama, abraçados um ao outro.
ILLANA:
- Eu não senti pena do Osvaldo, não. Mas é uma sensação muito estranha ver
aquele homem cair, derrotado em plena sua frente.
LAURO:
- Ele teve o que mereceu. Final triste para quem sempre plantou coisas
ruins.
ILLANA:
- Então vamos falar de quem plantou coisas boas? Como foi o jantar lá com o
seu filho?
LAURO:
- Foi muito bom. O olho do Bruno brilhava, vendo a família ali, os amigos...
A namorada dele, a Lisa.
ILLANA:
- Confesso que eu desdenhei um pouco desse romance, mas a Lisa levou adiante
a gravidez, comprou a briga mesmo. Que bom! Fico feliz por ela, pela
coragem.
LAURO:
- Eles se amam muito. E agora vão poder viver em paz, sem ninguém
atrapalhando a felicidade deles.
ILLANA:
- Esse é o meu sonho também. Viver em paz, sem ninguém atrapalhando a minha
felicidade. Eu só queria você comigo do meu lado nisso tudo. Nada é completo
sem você, Lauro. Sabe que, quando você me falou desse jantar, eu fiquei
chateada.
LAURO:
- Chateada? Por quê?
ILLANA:
- Porque você ia estar lá, na sua antiga família, com a Isaura.
LAURO:
- Illana, eu gosto da Isaura. Mas não mais como minha esposa, com aquele
desejo de que ela seja minha mulher. Eu gosto dela pelo o que ela representa
na vida do nosso filho. Ela foi muito forte em criar o Bruno sem que eu
estivesse ao lado, ajudando. Ela supriu meu erro. Mas não se preocupa, que
da próxima vez, eu levo você junto.
ILLANA:
- Sim, para ser apresentada como uma simples amiga.
LAURO:
- Não. Você será apresentada como minha mulher.
MUSIC ON:
(Amante não tem lar - Marília Mendonça)
Illana se surpreende, mostra-se feliz.
ILLANA:
- Como é que é?
LAURO:
- Eu amo você, Illana. E prometo que, a partir de hoje, estarei sempre do
seu lado.
Ela monta nele, ficam olho no olho. Beijam-se com desejo.
CENA 08. APTO LISA. SALA. INT. NOITE.
MUSIC FADE.
Bruno na porta de Lisa.
LISA:
- Não precisava ter me trazido até aqui, eu pegava um táxi.
BRUNO:
- E você acha que eu ia perder a oportunidade de poder ficar um pouco mais
com os dois amores da minha vida?
Bruno dá um selinho em Lisa, ajoelha-se e beija a barriga dela, já crescida.
BRUNO:
- Vocês são os bens mais valiosos que eu tenho.
LISA:
- Eu fiquei com tanto medo, Bruno.
BRUNO:
- Confesso que eu também fiquei, mas agora já passou. Os responsáveis vão
pagar pelo que fizeram. E a gente vai seguir nossa vida, juntos.
Helena chega na sala.
HELENA:
- Ouvi umas vozes, vim até aqui para ver... Bruno!
BRUNO:
- Boa noite, dona Helena.
LISA:
- Eu falei que o Bruno era inocente, mãe. Agora está ele aqui, livre. Foi
comprovada armação pra cima dele.
HELENA:
- Mas que gente sem coração faria algo assim?
LISA:
- O Pedro era um dos envolvidos.
BRUNO:
- Ele não aceita o nosso amor. Assim ele não consegue ser feliz e não quer
que ninguém mais seja.
LISA:
- Mas nós seremos, meu amor. Seremos muito felizes!
HELENA:
- Eu vou deixar vocês conversarem à sós.
BRUNO:
- Na verdade eu só vim deixar a Lisa. Não posso demorar.
HELENA:
- Então não demore. Boa noite pra vocês.
Helena se retira.
LISA (abraça Bruno):
- Eu amo você!
BRUNO:
- Eu que amo mais! Muito, muito mais!
Os dois se beijam, carinhosos.
CENA 09. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE
Take rápido do dia amanhecendo.
CENA 10. DELEGACIA. INT. DIA.
Eliane, Tito e Bia sentados lado a lado no banco de espera. Paula e Fernanda
chegam em seguida, vão ao encontro deles.
PAULA (abraçando Eliane):
- Mãe...
ELIANE:
- Está tudo bem, filha.
PAULA:
- O que aquele cretino fez com você?!
ELIANE:
- Já está tudo bem.
TITO:
- Ela já fez exame de corpo delito e os resultados saem logo. Mas o médico
disse que aparentemente não tem nada grave.
FERNANDA:
- Acho que agora essa história precisa de um fim, dona Eliane.
ELIANE:
- E ela terá, Fernanda. Pode ter certeza que terá.
Os agentes da polícia entram trazendo João, algemado. Ele se espanta ao ver
Eliane por ali.
JOÃO:
- Eliane! Estão me prendendo!
PAULA:
- Você merecia muito mais, seu monstro!
JOÃO:
- Eliane! Você me denunciou? Se deixou levar pelas intrigas dos seus filhos,
é isso? Você está acabando com o nosso amor!
ELIANE (firme):
- Nosso amor acabou quando você levantou a sua mão pra mim pela primeira
vez, João. Desde esse dia, a gente já não tinha mais amor um pelo outro. Eu
cansei de viver numa prisão de sentimentos, de relacionamento, de vida.
BIA:
- Você nunca mais vai encostar um dedo nela, João.
JOÃO (ajoelha-se):
- Eliane, meu amor... Eu amo você! Eu sei que eu errei, mas foi um deslize.
Você sabe que o meu coração é todo seu! E eu sei que você também me ama! Não
segue com isso não, retira a queixa e vamos voltar a viver felizes, como
antes!
TITO:
- Não dá ouvidos pra ele, mãe!
JOÃO
(a Tito): - Você está contra o seu pai, garoto? Quer o quê? O
fim da sua família?
TITO:
- Eu quero é justiça, João. Justiça.
ELIANE:
- E você terá, meu filho. Eu não retiro nada da queixa. Você não volta mais
pra minha casa, João. E nem para a minha vida. Por mim pode apodrecer nessa
cadeia.
Os policiais levantam João e seguem com ele para o interior. Eliane chora,
consolada pelos filhos.
TITO:
- Você fez o certo, mãe.
PAULA:
- Tem que ser forte. O João não merece o carinho e o amor que você tem.
ELIANE:
- Eu não sei o que seria de mim sem vocês aqui, do meu lado.
FERNANDA:
- Todos nós estaremos sempre com você, Eliane. Somos uma família.
BIA:
- Exatamente, uma família.
Todos se abraçam, se confortando.
CENA 11. AGÊNCIA R3. SALA ILLANA. INT. DIA.
Illana conversa com Mariana e Alex.
ILLANA:
- Eu fico feliz que vocês estejam juntos. E que, principalmente, você tenha
voltado para o nosso casting, Alex.
ALEX:
- Eu também. E agora trabalhando apenas como modelo. Tanto eu quanto a Mari.
MARIANA:
- É verdade. Não quero mais aquela experiência. Nunca mais. Aliás, Illana,
você também poderia deixar isso de lado. Você não precisa manchar seu nome
com a prostituição.
ILLANA:
- Eu sei disso. E vou parar mesmo. Acho que eu realmente estou virando uma
nova mulher. Menos racional, mais sentimental. Com um outro olhar para a
vida.
MARIANA:
- Essa mudança certamente tem o nome de Lauro...
ILLANA:
- O amor faz milagres, minha filha!
ALEX:
- Quem diria que a dama de ferro seria domada.
Eles riem.
ALEX:
- Bom, a gente vai indo nessa, para não te atrapalhar.
ILLANA:
- Até porque vocês também têm compromissos, não é? O Rio Moda está chegando
e eu quero meus modelos bombando nas passarelas!
MARIANA:
- Parece um sonho! Eu vou desfilar pela GF!
ILLANA:
- Gonzales Fashion. Meu amigo Mauro Gonzales sempre competente.
ALEX:
- É verdade que a ex-mulher dele, tal de Rosana Pereira morreu mesmo, na
cadeia?
ILLANA:
- Se morreu, não sei. Mas que ela mereceu aquela surra toda que divulgaram
na imprensa, isso sim. Aquela lá aprontou demais. Mas sem fofocas, gente!
Vamos lá que ninguém tá com a vida ganha!
Alex e Mariana se despedem de Illana e saem. Illana volta-se para o
computador, quando seu telefone toca. Ela atende.
ILLANA (ao telefone):
- Alô? (T) Sim, sou eu. (T) Você? (T) Um favor, é? Sei... (T) Claro, sei
onde fica, já almocei ali algumas vezes. (T) Tá ok, te encontro lá neste
horário. (desliga) O que será agora?
Illana fica pensativa.
CENA 12. COPACABANA. EXT. DIA.
Matheus e Roberta fazem caminhada pelo calçadão lotado de pessoas.
ROBERTA:
- Matheus, me desculpa, mas agora você foi muito burro. O Gustavo estava na
sua mão, de mala e cuia, e você mandou o cara embora?
MATHEUS:
- Eu quase me arrependi depois disso, mas no fundo eu sei que fiz o certo,
Roberta.
ROBERTA:
- O certo seria eu afogar você nesse mar...
MATHEUS:
- Ai, para! Se ele realmente gosta de mim como ele fala, ele vai
entender. Eu quero ter a certeza absoluta de que o Gustavo é o cara certo.
ROBERTA:
- E pra isso você manda ele embora?
MATHEUS:
- Mandei.
ROBERTA:
- Péssima ideia.
MATHEUS:
- Se ele voltar, é porque realmente vale a pena. E aí sim eu sei que posso
me entregar de olhos fechados.
ROBERTA:
- Ai, amigo, eu juro que eu queria ter um pouquinho dessa sua mente
romântica. Eu sou muito bruta, sabe?
MATHEUS:
- Sério? Nem percebi (ri, debochado)
ROBERTA:
- Eu vejo o Vini e já quero agarrar ele com todas as forças, beijar muito,
apertar, morder!
MATHEUS:
- Canibalismo, amiga?!
ROBERTA:
- Não, é amor!... É o meu jeito meiga!
Os dois seguem caminhando, conversando.
CENA 13. HOSPITAL. INT. DIA.
Gustavo entrega uns prontuários na recepção quando Tomás se aproxima.
TOMÁS:
- Gustavo.
GUSTAVO:
- Oi, Tomás. Como vai?
TOMÁS:
- Eu fiquei preocupado.
GUSTAVO:
- Comigo? Por quê?
TOMÁS:
- Eu achei que você fosse voltar para a nossa casa.
GUSTAVO:
- Para a sua casa, você quis dizer.
TOMÁS:
- A gente não precisa disso, Gustavo.
GUSTAVO:
- A gente precisa disso sim, Tomás. De tempo. Aliás, não existe mais a
gente, nós. Não temos mais história.
TOMÁS:
- Por que você está fazendo isso comigo? Eu não sei viver sem você, Gustavo!
GUSTAVO:
- Infelizmente, ou melhor dizendo, felizmente, Tomás, você vai ter que
aprender a viver sem mim. Não seria bacana continuarmos juntos, sendo que eu
estou amando outra pessoa.
TOMÁS:
- O Matheus?!
Gustavo assente. Tomás não consegue conter as lágrimas.
GUSTAVO:
- Eu preciso voltar para o trabalho. E eu desejo que você siga feliz em seu
caminho, com muita luz, amor, muitas coisas boas, porque você merece.
TOMÁS (rancoroso):
- Pois eu desejo que você seja muito infeliz, Gustavo. Que essa história
suja de vocês seja recheada de tristeza...
GUSTAVO:
- Sinto muito por você, Tomás. Não pelo nosso relacionamento que acabou, mas
pelo o que você tem no coração. É isso que você tem para dar para as
pessoas? É dessa forma que você deseja encontrar alguém para amar? Pensa
nisso. Vai ser melhor pra você.
Gustavo se afasta. Tomás enxuga as lágrimas, triste. Vai saindo do hospital,
um tanto desolado.
CENA 14. RESTAURANTE. INT. DIA.
Illana conversa com Regina, numa mesa mais afastada do restaurante.
REGINA:
- Tem falado com a Mariana?
ILLANA:
- Sim. Hoje mesmo. Estava com ela na sala antes de você ligar. Mas creio que
você não tenha me chamado para vir aqui falar sobre a Mari.
REGINA:
- Não foi mesmo. Como eu havia dito, eu preciso de um favor seu.
ILLANA:
- Diga, estou toda ouvidos.
REGINA:
- Eu preciso de trabalho, Illana. Com essa história da morte do Osvaldo, a
Justiça está confiscando tudo o que eu tenho. Inclusive o apartamento...
Estou na lama!
ILLANA:
- Sério isso?
REGINA:
- Eu não sei o que fazer, Illana. Eu estou perdida! Nunca pensei em ter que
trabalhar à essa altura da vida. Os amigos, se afastaram, os trabalhos como
arquiteta estão zerados. Ninguém quer fazer projetos com a esposa de um
empresário corrupto, assassino. Eu não tenho pra onde correr. Que
humilhação!
Illana pensativa.
REGINA:
- Você não tem nada para me dizer?
ILLANA:
- Eu só tenho uma única oportunidade para você.
REGINA:
- Fala, pode falar.
ILLANA:
- Eu disse hoje mesmo que iria parar com isso, mas... Enfim... Como está o
seu corpo?
REGINA:
- Meu corpo? (percebe) Illana... Você não tá querendo...
ILLANA:
- É o único jeito que eu posso te ajudar. Te agenciando como garota de
programa. Eu tenho uma cartela de clientes de luxo. Você vai ganhar bem, vai
conseguir se manter. Não com todo esse luxo que você tinha, mas dá pra tocar
a vida.
Regina se mostra surpresa.
ILLANA:
- E aí, topa?
Close na reação de Regina.
Em outro ponto, Verônica, Gabriel, Milton e Carla numa mesa.
MILTON:
- A que devemos a honra do convite, Gabriel?
VERÔNICA:
- Na verdade a ideia foi minha.
GABRIEL:
- Foi nossa. Chamamos vocês dois aqui pra anunciarmos oficialmente nosso
romance.
MILTON:
- Vocês estão namorando?
VERÔNICA:
- É. Nós estamos. Por que o espanto?
MILTON:
- Espanto algum. Isso não me surpreende. E pra falar a verdade até acho bom,
pode ser que namorando um dos jovens mais ricos da sociedade carioca, você
consiga outra conta bancária pra arruinar.
VERÔNICA:
Ai, que deselegante, Milton!
GABRIEL:
- Mas, e você Carla, o que acha da novidade?
Ela não responde.
VERÔNICA:
- Carla?
CARLA:
- Hã? Sim?
GABRIEL:
- Você não ouviu nada do que conversamos?
CARLA:
- Me desculpem, estou com a cabeça em outro lugar. Do que se trata?
MILTON:
- Bom, sua mãe estava nos dizendo que está de namorico com o Gabriel. Sendo
assim, um brinde ao novo casal do Rio.
Milton ergue a taça com vinho. Gabriel e Verônica fazem o mesmo, Carla
também, mas permanece dispersa.
CENA 15. APTO FERNANDA E PAULA. INT. DIA.
Som ambiente.
MUSIC ON:
(Shiver down my spine – Claudia Leitte)
Fernanda e Paula fazem a refeição.
PAULA: -
Bom que a Ivete me deu uns minutinhos a mais de almoço hoje, pra gente poder
almoçar juntas.
NANDA: -
Precisamos acertar tudo pro nosso grande dia.
PAULA: -
Quero que seja tudo perfeito.
NANDA: -
Muito legal o Diogo ter cedido a Joquer né, depois de tudo que aconteceu,
não esperava essa atitude dele.
PAULA: -
Eu muito menos. Também fiquei muito surpresa. Mas então, o que precisamos
providenciar?
NANDA: -
Eu aproveitei que o movimento no escritório estava ameno e andei fazendo
algumas anotações, e também desenhei o layout da festa, já que conheço o
lugar, dá uma olhada.
Nanda entrega uma pasta a Paula, que abre e admira.
PAULA (analisando): -
Como as pessoas reagiram no seu trabalho?
NANDA: -
Foi tranquilo. Nosso relacionamento não é segredo pra ninguém, ainda mais
depois daquele episódio no evento da empresa. Lembra?
PAULA: -
Não tem como esquecer. Tá tudo lindo, Nanda. Você pensou em todos os
detalhes.
NANDA: -
Não to muito convicta quanto a mesa do bolo, talvez fosse melhor colocar num
lugar mais estratégico.
PAULA: -
Tá perfeito. Além do mais, temos muita coisa pra fazer em pouco tempo. Andei
vendo com alguns fornecedores do supermercado, acho que conseguimos servir
um banquete bacana por um preço legal.
NANDA: -
Que ótimo. Mal posso esperar pra te ver vestida de noiva.
PAULA: -
A recíproca é verdadeira.
Elas se dão as mãos.
NANDA: -
Eu to muito feliz.
PAULA: -
A partir de agora vai ser sempre assim.
Nanda balança a cabeça, confirmando. CAM desvia dela indo em direção a
janela do apartamento. Emenda com cena seguinte.
CENA 16. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
MUSIC CONTINUED.
Takes descontínuos dos dias passando na cidade maravilhosa.
LEGENDA:
Meses depois.
CENA 17. DANCETERIA JOQUER. EXT. DIA.
Na entrada da boate, muitos convidados chegando ao casamento de Fernanda e
Paula. Danilo e Laisla chegam juntos, de mãos dadas, ela ajeita a gravata
dele.
MUSIC OFF.
LAISLA:
- Você está gatão, Danilo!
DANILO:
- Eu nem sabia mais como se usava um terno.
LAISLA:
- Fiquei hiper feliz com o convite da Nanda para que a gente fosse
padrinhos.
DANILO:
- E eu aprendi uma lição: o amor não faz escolhas, nem tem regras. Ele só
quer ser vivido e pronto.
LAISLA:
- Que lindo isso, meu gato! Vem, vamos entrando.
Os dois vão rumo a dentro. Em outro ponto, descendo do carro, Matheus,
Gustavo, Roberta e Vini.
ROBERTA:
- Matheus, você veio voando nesse carro!
GUSTAVO:
- Isso que vocês estavam no banco de trás! Imagine como eu fiquei, sentado
no banco do carona.
MATHEUS:
- Desculpem, meu amores, mas como padrinho do casamento, eu não posso chegar
depois da noiva!
VINI:
- Qual noiva?
Os quatro riem.
ROBERTA:
- Eu queria ter visto as roupas delas.
MATHEUS:
- Menina, eu vi. É babado!
ROBERTA:
- Ai, me conta!
MATHEUS:
- Não posso! É surpresa!
GUSTAVO:
- Vamos entrando então, pessoal.
Gustavo vai conduzindo eles até a entrada.
CORTA PARA
CENA 18. DANCETERIA JOQUER. INT. DIA.
A
pista principal da danceteria está organizada para a cerimônia de casamento.
Cadeiras enfileiradas acomodam os convidados. A decoração, repleta de rosas,
cria um ambiente romântico ao lugar.
Num dos pontos, Norma conversa com Eliane. Atrás delas, Tito e Bia.
ELIANE:
- Finalmente vamos poder celebrar esse amor.
NORMA:
- É incrível que, como depois de tanto tempo, a gente nunca tenha se
encontrado, Eliane.
ELIANE:
- Eu era muito cabeça dura para isso tudo. Achava errado, vergonhoso. Hoje
eu vejo como eu fui burra. Agora estou aí, amando tudo isso, esse casamento.
Ansiosa pela chegada do neto!
NORMA:
- O Arthur também vibrou quando soube que a Nanda estava esperando um
menino. Vai se realizar levando o garoto para torcer pelo Flamengo!
As duas riem.
BIA:
- Que sonho isso tudo, não é? Toda essa história da sua irmã e da Fernanda.
Agora estão aqui, casando.
TITO:
- Muito louco mesmo. Mas no fundo eu sabia que isso iria acontecer.
BIA:
- Fazendo previsões, amor? (risos)
TITO:
- Não. (risos) Mas é o lance do amor, Bia. Elas merecem todo esse momento
lindo. Assim como a gente.
BIA:
- Nós vamos casar?
TITO:
- Eu quero casar com você. Você aceita se casar comigo?
BIA:
- É claro que eu aceito! Eu amo você!
Os dois se beijam, carinhosos.
Em outro ponto do salão, Bruno e Lisa, já com o bebê nos braços, um menino.
Ao lado deles, Solano e Isaura.
ISAURA:
- Como meu neto está calminho.
LISA:
- Isso porque ele mamou antes de vir pra cá. Senão era aquela briga durante
o casamento.
SOLANO:
- Ele está certo. Quem é que fica feliz com fome, não é mesmo? (risos)
BRUNO:
- E esse moleque sabe reclamar de fome, viu? Não economiza no choro!
ISAURA:
- Oh, não falem assim do bebê da vovó!
Isaura mima o bebê, que sorri para ela.
Próximo do altar montado no fundo da pista, está Diogo. Matheus se aproxima
dele.
DIOGO:
- Vejam só se não é o padrinho de casamento mais elegante do Rio de Janeiro!
MATHEUS:
- Claro que é! Eu investi muito para isso!
Diogo ri.
DIOGO:
- O que manda?
MATHEUS:
- Eu vim te agradecer.
DIOGO:
- Agradecer a mim?
MATHEUS:
- É. Obrigado por essa sensibilidade de permitir deixar o amor da Nanda e da
Paula seguir adiante. Foi muito nobre da sua parte, tudo isso.
DIOGO:
- O amor delas seguiria adiante mesmo se eu não quisesse. Eu apenas aceitei
essa verdade e respeitei. A Fernanda é uma mulher especial, assim como a
Paula. Elas merecem ser felizes. O que eu fiz hoje foi ajudar para isso.
MATHEUS:
- E eu espero que você também seja feliz. Merece também.
DIOGO:
- Obrigado, Matheus.
Os dois se abraçam, fraternos.
CENA 19. CASA MILTON. QUARTO CARLA. INT. DIA.
Alguém bate à porta. Tempo, e a porta se abre. Milton vai entrando no local
e se surpreende ao ver Carla toda produzida.
MILTON:
- Carla! Você está linda, filha!
Carla veste um vestido vermelho escarlate, tomara-que-caia, esvoaçante da
cintura pra baixo. Os cabelos louros e cacheados estão com brilho. Carla
borrifa perfume em si, de frente ao espelho, com olhar confiante.
CARLA:
- Gostou, papai?
MILTON:
- Muito! Onde é essa festa de gala que você vai? Não vi nada nos jornais
sobre algum evento deste nível hoje.
CARLA:
- A festa é na Joquer.
MILTON:
- E o Diogo sabe que você vai lá? Ele já disse para que você não apareça
por lá, Carla.
CARLA (vira-se para Milton):
- O Diogo não manda na minha vida, papai. Mas não se preocupe. A minha
passagem por lá será breve. Mas marcante.
Carla esboça um sorriso sarcástico. Milton a observa, um tanto apreensivo.
CENA 20. CASA OLÍVIA. COZINHA. INT. DIA.
Olívia coloca vinho em duas taças, deixa a garrafa na mesa e pega as taças
indo em direção a SALA DE ESTAR,
No sofá, Túlio está a sua espera.
OLÍVIA:
- É suave. Não tinha outra garrafa... (entrega taça para Túlio) Você me
pegou de surpresa, eu nem consegui sair para comprar algo.
TÚLIO:
- Como se eu precisasse de tratamento especial.
OLÍVIA:
- Você é um homem refinado, tem bom gosto. Eu sei disso.
TÚLIO:
- Mas o vinho está ótimo. Tendo a sua companhia, tudo fica melhor.
Olívia sorri. Silêncio.
TÚLIO:
- Pensei que você estivesse no casamento.
OLÍVIA:
- Eu não fui convidada. E mesmo que tivesse sido, eu não iria. Seria uma
situação muito...
TÚLIO:
- Desgastante.
OLÍVIA:
- Constrangedora. Melhor assim.
TÚLIO:
- Por um momento você realmente pensou que fosse ficar entre o amor da Paula
e da Fernanda?
OLÍVIA:
- Sim. Eu quis me entregar e me entreguei mesmo. Achei que pudesse fazer a
Paula esquecer a Fernanda e focar em uma nova vida. Tanto para ela quanto
para mim. Mas... Elas são a prova de que o amor, quando é de verdade, nada
nem ninguém separa. E eu admito que passei um pouco da conta.
TÚLIO:
- E agora? Está preparada para viver uma nova vida?
OLÍVIA:
- Eu não tenho outra saída, Túlio. Não posso me fechar para o mundo. Eu
estou de mudança para São Paulo em alguns dias, então já estou me preparando
para uma nova experiência.
TÚLIO:
- Você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, não é? Mesmo não
trabalhando mais lá na clínica.
OLÍVIA:
- Eu sei. Obrigada por estar comigo mesmo eu tendo renegado seu amor antes.
TÚLIO:
- Somos amigos, acima de qualquer coisa. E você não renegou o meu amor por
maldade. Foi para ser feliz com outra pessoa. E foi sincera comigo. Eu
aceitei e respeito muito isso. E, Olívia, desejo que você seja muito feliz.
Independentemente se estiver sozinha ou com alguém do lado. O importante é
você estar feliz.
Olívia se emociona, abraça Túlio com carinho, que corresponde ao afeto da
amiga.
CENA 21. DANCETERIA JOQUER. INT. DIA.
CAM PANORÂMICA. TOCA em som ambiente a marcha nupcial. Fernanda e Paula
entram juntas, vestidas de noiva. Fernanda com a barriga bem saliente no
vestido. Elas caminham sob o tapete vermelho, sorrindo e admirando a todos
até chegarem na frente do juiz de paz.
JUIZ:
- Estamos aqui reunidos para celebrarmos o amor dessas duas jovens
apaixonadas.
Enquanto acontece a cerimônia, Carla chega, sem ser notada, está usando
óculos escuros e carregando consigo uma bolsa. Disfarçadamente, ela retira
uma pequena garrafa e vai espalhando um líquido pelo local. Cortes
alternados entre o juiz, as noivas, os convidados e a ação de Carla. CAM
retorna ao juiz.
JUIZ:
- Se existe alguém contra a união das jovens Fernanda Meireles e Paula
Ferreira, que fale agora, ou cale-se para sempre.
CARLA:
- Eu tenho!
Carla retira os óculos e se dirige ao centro. Todos se surpreendem.
DIOGO:
- Carla?!
FERNANDA:
- O que essa mulher está fazendo aqui?!
CARLA:
- Fernanda... Paula... Eu não poderia deixar de vir até aqui desejar toda a
minha infelicidade do mundo para vocês duas!
PAULA:
- Alguém manda ela embora! Tirem ela daqui!
CARLA:
- Cala a boca! Ninguém vai tocar um dedo em mim!
DIOGO:
- Carla, por favor! Aqui não é o seu lugar.
CARLA:
- Esse lugar é muito mais meu do que dessas duas vagabundas! (burburinho
entre os convidados) Vocês todos aqui são uns doentes, celebrando essa união
ridícula! Mas não se preocupem. Vocês todos irão queimar no inferno. Mas
esse inferno, começa aqui!
Carla retira da bolsa uma caixa de fósforo já riscando um palito e jogando
no chão. O fogo rapidamente se alastra pelo local.
CARLA:
- Acharam mesmo que eu ia deixar por isso mesmo?!
Ela ri, maquiavélica, enquanto as pessoas entram em pânico. |
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