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VOZ DE JOSH –
Anteriormente em New Stages...
CENA 01.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. SALA DE AULA. INT. DIA.
A imagem abre em
uma sala de aula da Universidade da Califórnia. O professor da
disciplina explica o conteúdo da matéria atentamente. Close em Josh e
Austin que olham um para o outro e sorriem. Atrás deles, um pouco mais
ao fundo, está Ryan, que encara os garotos.
PROFESSOR – Aproveitando
esta matéria, eu vou dividir a sala em duplas e cada uma será sorteada
com um respectivo tema sobre o que estamos estudando. Vocês terão duas
semanas para realizar as pesquisas e desenvolver o trabalho. Lembrando
que o tempo para a apresentação permanece igual: dois minutos para a
introdução, quatro minutos para o desenvolvimento das ideias e mais
dois minutos para a conclusão. Certo?
Os alunos acenam
positivamente com a cabeça.
PROFESSOR – (olhando para
a caderneta) E a primeira dupla sorteada é formada pelos alunos Joshua
Parker e... (olhando para a classe) Ryan Jordan. Estão presentes?
Close em Josh,
que engole seco ao ouvir que seu parceiro de dupla será Ryan. Austin
olha para o namorado e percebe que ele está incomodado com a ideia. A
câmera vai até Ryan, que ao notar a reação dos dois garotos, levanta a
mão.
PROFESSOR – Pois não,
senhor Jordan? Possui alguma indagação?
RYAN – Sim. Será que
eu posso fazer o meu trabalho com outra pessoa?
PROFESSOR – Desculpa,
senhor Jordan, mas isso não será possível. Eu deixei bem claro que as
duplas seriam sorteadas por mim. Lembre-se que você está em uma
universidade. Deve se preocupar com as suas atividades curriculares e
não com quem você irá realizá-las. Estamos entendidos?
RYAN – (acenando a
cabeça afirmativamente) Sim, senhor.
PROFESSOR – Ok, vamos
seguir com a divisão das duplas.
Close em Josh,
que permanece assustado com o que acabara de acontecer, enquanto ainda
é observado por Austin.
CENA 02.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. CORREDOR DE
DORMITÓRIOS. INT. DIA.
Josh e Austin
andam silenciosamente pelo corredor.
AUSTIN – (quebrando o
silêncio) Tem alguma coisa te incomodando?
JOSH – (olha surpreso
para Austin) Não... Claro que não... Por que você acha isso?
AUSTIN – Não sei, você
está quieto desde que ouviu que seu parceiro de dupla é o Ryan.
JOSH – Não é isso...
Eu fiquei surpreso porque não esperava ter que me reaproximar do Ryan
tão cedo. Você sabe que as coisas não terminaram muito bem entre eu e
ele...
AUSTIN – Mas já faz
parte do passado, Josh. Talvez seja a hora de vocês esquecerem tudo o
que aconteceu antes e se tornarem amigos... Ou pelo menos pararem de se
comportar de forma estranha ao ouvirem falar no nome do outro.
JOSH – Austin, você
não está com ciúmes por eu ser o parceiro do Ryan, né?
AUSTIN – Claro que não,
Josh, eu só quero ter a certeza de que você está bem quanto a isso.
Porque pela a sua reação, parece que você não esqueceu o Ryan ainda...
JOSH – Eu esqueci,
Austin. Eu só estou dizendo que não vai ser fácil dividir o mesmo
espaço com uma pessoa que me machucou muito...
AUSTIN – Em relação a
isso, você não precisa se preocupar. Você e o Ryan vão fazer apenas um
trabalho juntos, não precisam conversar nada além do tema proposto,
muito menos olharem um para a cara do outro. Você faz o seu trabalho,
vem embora e está tudo acabado. O que me diz?
JOSH – É... Você está
certo... Não tem razão para eu ficar encanado com isso. É só um
trabalho. (sorri)
AUSTIN – (para de andar
e olha para Josh) E se por acaso esse cara voltar a dar em cima de
você, é só me contar que eu vou correndo tirar satisfações com ele.
JOSH – (ri) Então
quer dizer que agora eu tenho um escudo para me proteger?
AUSTIN – Eu vou te
proteger sempre.
Austin sorri.
Josh retribui o gesto. Eles continuam andando pelo corredor.
JOSH – Tem algum
compromisso para essa tarde?
AUSTIN – Sim, eu vou
até a casa do meu pai. Depois do que aconteceu com o velho, eu me vejo
na obrigação de ficar de olho nele. Ainda mais agora que a minha mãe
voltou para Nova York... Falando nela, o que achou da senhora Davis?
Close em Josh,
embaraçado.
JOSH – Ela parece ser
uma mulher... uma mulher bastante rígida.
AUSTIN – (estranhando o
comportamento do namorado) Que foi, Josh? Aconteceu alguma coisa entre
você e a minha mãe?
JOSH – Não... Foi só
uma conversa que tivemos que não me agradou muito...
AUSTIN – (preocupado)
Josh, então você está esperando o quê pra me contar?
JOSH – Eu quero te
contar, Austin. Mas é a sua mãe, eu não quero que você pense que eu
estou te pondo contra ela.
AUSTIN – Exatamente!
Ela é a minha mãe e você é o meu namorado. O que acontece entre os dois
me interessa muito.
JOSH – É que...
(pausa) Sua mãe pediu para que eu me afastasse de você. Ela acha que
fui eu que te influenciei a ser gay.
AUSTIN – (surpreso) O
quê? Eu não acredito que a minha mãe falou essa bobagem para você... E,
peraí, de onde ela tirou a ideia de que eu sou gay? Quer dizer... Eu
sou, mas não era pra ela saber.
JOSH – Eu também não
entendi a origem da conversa, Austin, mas ela deve ter visto algo que a
fez desconfiar da gente.
AUSTIN – Talvez essa
seja a oportunidade perfeita, Josh...
JOSH – Oportunidade?
Que oportunidade?
AUSTIN – A oportunidade
de eu me assumir para os meus pais. Não tem mais razão para esconder
isso deles. Eu sou o que sou e eles vão ter que respeitar isso.
Principalmente, respeitar você. Minha mãe foi muito cara de pau em te
colocar a culpa.
JOSH – Não se
preocupe com isso... O que me surpreende é ver uma diretora de escola
não aceitando a opção sexual alheia.
AUSTIN – A minha mãe
não é uma mulher preconceituosa, Josh... Ela só não esperava que isso
acontecesse com o filho dela. Poderia acontecer com todos os seus
alunos, menos com Austin Davis. (ri) Talvez ela só precise de um tempo
para se adaptar a ideia.
JOSH – E você vai
mesmo se abrir com os seus pais?
AUSTIN – Sim, eu vou...
Hoje eu vou me assumir para o meu pai. Vai ser complicado, mas eu vou
resistir. Quanto a minha mãe, vou esperar mais um pouco. Ela está em
Nova York e não quero dar a notícia por telefone. Não sou tão covarde a
esse ponto.
JOSH – Lembra o apoio
que você me deu quando minha mãe descobriu sobre a gente? Saiba que eu
vou fazer o mesmo com você.
AUSTIN – (pegando na
mão de Josh) Muito obrigado, amor...
JOSH – (olha feio
para Austin) O que você está fazendo?
AUSTIN – Nós somos
assumidos, amor... Não tem mais razões para esconder o que a gente
sente um pelo outro...
JOSH – Mas nós
estamos em uma universidade, Austin. (solta a mão do namorado) E além
do mais, você ainda nem chegou a se assumir... Então baixa a sua bola,
ok? (ri)
AUSTIN – Você dispensou
andar de mãos dadas comigo, mas lembre-se que eu posso fazer coisa
muito pior... Como... Declarar o meu amor por você na rádio da
universidade.
JOSH – Você não seria
louco...
AUSTIN – Pode apostar
que eu seria...
A câmera se
afasta enquanto os dois garotos continuam andando, rindo e conversando. |
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2x10 - A NOTÍCIA |
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CENA 03. CASA DE
SUZIE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
A campainha toca.
Suzie desce a escada em direção a porta.
SUZIE – (abrindo-a)
Você? O que faz aqui?
A câmera então
revela Kurt.
KURT – Olá, Suzie...
Desculpa aparecer sem telefonar antes, mas é que eu estou realmente
precisando falar com você... Será que posso entrar?
SUZIE – (receosa)
Claro...
KURT – (entrando na
casa) Não precisa ficar com medo. Eu não vim te ameaçar. Eu só quero
ter uma conversa a sós mesmo... Aquele treinador está?
SUZIE – (corrige)
Eric. (fecha a porta) O Eric está trabalhando. Sente-se.
Kurt senta-se no
sofá.
SUZIE – Você quer
alguma coisa? Uma água, um suco?
KURT – Não precisa se
preocupar comigo, Suzie. Por favor, se sente. O que eu tenho para
tratar com você é urgente.
SUZIE – (sentando-se
ao lado de Kurt) Claro... Eu ainda estou meio atordoada com a sua
visita. Eu realmente não esperava te ver de novo.
KURT – O meu último
desejo neste momento era voltar a atrapalhar a sua vida, Suzie... Mas
eu vi a necessidade de te preocupar, porque eu estou precisando muito
de ajuda.
SUZIE – Fale, Kurt...
Por acaso os tratamentos não estão resolvendo?
KURT – Não, os
tratamentos estão caminhando perfeitamente bem. (sorri esperançoso)
Inclusive, eu não coloco mais um pingo de álcool na boca desde toda
aquela confusão que aconteceu... É que uma garota simplesmente apareceu
na minha vida, Suzie.
SUZIE – (ri) O que?
Você quer que eu te ajude a conquistar uma garota?
KURT – Não, Suzie...
Eu não sei como te dizer isso, mas... Essa garota faz parte do meu
passado. Do nosso passado, na verdade. Muito antes da gente se casar.
SUZIE – Agora você me
deixou curiosa, Kurt... O que quer dizer com isso?
KURT – (olha
firmemente para os olhos da ex-esposa) Eu tenho uma filha, Suzie.
SUZIE – (balança a
cabeça negativamente) Não, eu vou fazer de conta que não ouvi isso...
Você só deve estar tirando uma com a minha cara.
KURT – Eu sei que é
duro pra você ouvir isso... Mas foi um erro, Suzie. Mais um dos meus
imperdoáveis erros. Eu só preciso que você esqueça os detalhes e se
disponha a me ajudar.
SUZIE – Não tem como
eu não me apegar aos detalhes, Kurt... Quem é esta garota? Quantos anos
ela tem? De onde veio? Por que ela apareceu?
KURT – Um ano a mais
que o Ryan.
SUZIE – (ri
inconformada) Quer dizer então que você engravidou outra mulher um ano
antes de saber que eu estava grávida, Kurt? Vale lembrar, inclusive,
que você ficou maluco quando soube que seria pai.
KURT – Eu nunca soube
desta gravidez, Suzie. A menina apareceu subitamente na minha casa e
disse que eu era o pai dela. Eu estou tão surpreso quanto você!
SUZIE – (deixa uma
lágrima rolar em seu rosto) Não bastou ter me feito sofrer com o seu
vício incontrolável em bebidas, Kurt... Você também me traiu. E um ano
antes de termos nosso filho. Nós estávamos prestes a nos casar, Kurt.
Você fez questão de me machucar desde o início.
KURT – Desculpa,
Suzie... Eu sinto muito, ok? Eu sei que você não merecia tudo o que eu
fiz com você. Mas a verdade é que você não me merecia. É por isso que
eu estou te procurando. Eu preciso de ajuda, eu preciso consertar esse
erro, eu preciso ser um homem melhor.
Close em Suzie.
Outra lágrima volta a rolar em seu rosto. A imagem corta rapidamente
para:
CENA 04. EFEITO
FLASHBACK. LOS ANGELES. SALÃO DE FESTAS. INT. NOITE. (Música cessa.)
Estamos de volta
ao ano de 1993. Uma grande celebração de noivado acontece no local.
Kurt (aos seus 23 anos) está trajando um terno e conversa com os seus
dois padrinhos.
PADRINHO 1
– Cara, você não
vai acreditar quando eu te contar quem está de volta à cidade... Uma
dica: era a menina mais gata dos nossos tempos de colegial.
PADRINHO 2 – Bons tempos,
bons tempos...
KURT – (ri) Vamos, me
contem logo...
PADRINHO 1 – Kirsten Lewis.
Encontramos ela esta semana. Tá ainda mais bonita do que antes. É, o
tempo é generoso com algumas pessoas... (empurra levemente o outro
padrinho) Bem que ele podia ser com você, né cara? (ri)
PADRINHO 2 – (ri
forçadamente) Ótima piadinha. (volta a ficar sério)
KURT – (surpreso) O
que ela veio fazer de volta em Los Angeles?
PADRINHO 1 – Ela terminou a
sua faculdade em Berlim e sentiu falta das terras americanas. Então
decidiu voltar. O que eu acho ótimo, porque mulheres bonitas deveriam
ser proibidas de sair da América.
KURT – Cara, eu acho
que seria muito bom reencontrá-la... Eu e a Kirsten tivemos bons
momentos
no segundo grau.
PADRINHO 2 – (ri) E quem
não se lembra? O diretor te flagrou várias vezes beijando a menina
pelos corredores do colégio.
KURT – Era um
relacionamento inocente... A verdade é que a Kirsten foi a minha melhor
amiga durante toda a minha adolescência. Seria ótimo revê-la,
abraçá-la, matar as saudades daqueles tempos... Vocês sabem onde ela
mora?
PADRINHO 1 – Sim, mas toma
cuidado, cara... (aponta para a aliança no dedo de Kurt) Você acabou de
ficar noivo e a Suzie é uma moça maravilhosa. Não merece nenhum chifre.
KURT – E desde quando
eu te dei permissão pra falar assim da minha mulher? Vai, esperando o
que pra pegar mais bebida? É a noite do meu noivado e eu não quero
miséria. Vamos beber, galera!
Os três caras
riem. Close na aliança de Kurt. A imagem corta rapidamente para:
CENA 05. EFEITO
FLASHBACK. LOS ANGELES. APARTAMENTO DE KIRSTEN. QUARTO DE KIRSTEN. INT.
DIA.
Kurt e Kirsten
estão deitados na cama cobertos por um lençol. Eles se beijam
calorosamente.
KURT – (interrompe o
beijo) Eu estou tão feliz por você ter voltado...
KIRSTEN – (sorri) Kurt,
desde o dia em que pus os meus pés em Berlim, eu não consegui parar de
pensar um minuto em você. Eu acho que você... Eu acho que você é o amor
da minha vida.
Close em Kurt,
que engole seco.
KURT – Olha, eu
preciso ir ao banheiro... Daqui a pouco eu volto, ok?
Kirsten acena
positivamente com a cabeça. Kurt se levanta da cama, apenas de cueca, e
se dirige em direção ao banheiro. Close na moça, que se senta na cama e
pega o casaco de Kurt que estava um pouco longe dela. Ela ameaça
dobrá-lo, mas um objeto cai de seu bolso sobre o lençol. Close em
Kirsten, que olha assustada para ele: trata-se da sua aliança de
noivado. Ela leva a mão até o anel e o levanta, olhando firmemente para
ele, bastante assustada.
KIRSTEN – Eu não
acredito que você me enganou, Kurt...
A mulher ouve os
passos de Kurt e, imediatamente, guarda a aliança em seu casaco.
KURT – (entrando no
quarto) O que você acha da gente repetir a dose?
KIRSTEN – (abalada) Eu
acho que talvez seja melhor você ir embora, Kurt...
KURT – (surpreso)
Ok... Tudo bem... Vamos continuar nos vendo?
KIRSTEN – Não sei, é
melhor eu não te prometer nada. Mas... A gente se vê por aí. Quem sabe.
Close em Kurt,
sem entender a reação da mulher e, em seguida, em Kirsten, ainda
assustada. A imagem corta rapidamente para:
CENA 06. CASA DE
SUZIE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Continuação
imediata da terceira cena deste episódio.
SUZIE – (limpando a
lágrima) Tudo bem, Kurt... Do que adianta eu me lamentar pelo passado?
O importante é que já demos um fim neste sofrimento, certo? Sem falar
que a menina não tem culpa pelo pai que você é... (olha feio para Kurt
e em seguida ri) Eu vou te ajudar!
KURT – Obrigado,
Suzie.
SUZIE – Me diga, de
que forma eu posso te ajudar?
KURT – (cabisbaixo)
Eu não sei como dizer isso... (levanta a cabeça) Eu vou precisar parar
de pagar a pensão do Ryan.
SUZIE – O que? Eu sei
que uma nova filha apareceu na sua vida, Kurt, mas você não pode se
esquecer que você tem um que sempre fez parte dela.
KURT – Eu não me
esqueci do garoto, eu só não posso me comprometer com ele agora sabendo
que tem uma menina precisando conhecer o pai. Eu quero recompensá-la
por todo o tempo perdido, Suzie. E, infelizmente, eu estou sem trabalho
e minhas economias já estão chegando ao fim...
SUZIE – Não, tudo bem.
Você tem uma filha e precisa se responsabilizar por ela. Eu tenho
certeza que o Ryan vai compreender. Sem falar que meus pais me deixaram
uma generosa herança, o suficiente para continuar mantendo eu e meu
filho vivos. (sorri) E também estou tendo uma ideia aqui...
KURT – Posso saber
que ideia?
SUZIE – Por enquanto,
não... Mas o que eu posso adiantar é que eu não quero mais ficar
parada. Não quero continuar gastando o dinheiro dos meus pais sabendo
que posso manter a minha família com o meu próprio esforço. (sorri)
Talvez uma nova vida esteja começando pra gente, Kurt...
KURT – Obrigado por
me entender, Suzie... Eu quero ser realmente um ótimo pai para a
Elizabeth.
SUZIE – Elizabeth?
Este é o nome dela? Pois saiba que eu adoraria conhecê-la, mas... Você
tem certeza de que ela é a sua filha, né?
KURT – Ainda não, mas
eu conversei com a Kirsten e ela aceitou que a filha fizesse um exame
de DNA. Não por desconfiança minha, mas para garantir que tudo fique
esclarecido.
SUZIE – Ótimo.
KURT – E pode ficar
tranquila, Suzie, a partir de hoje eu volto para Los Angeles e começo a
busca por um novo emprego. Em pouco tempo, eu volto a pagar a pensão do
Ryan fielmente. Eu só preciso que você limpe a minha barra por alguns
meses até eu me restabelecer.
SUZIE – (segura
firmemente a mão de Kurt) Boa sorte com a sua nova filha, Kurt. Eu sei
que apesar dos seus erros passados, você vai conseguir ser um bom pai
para ela. E qualquer coisa, me procura, ela é a irmã do Ryan e vou
adorar ajudá-la.
KURT – Ok. Muito
obrigado. (sorri) Você conta para o Ryan?
SUZIE – Sim... Acho
que ele vai gostar de saber que tem uma irmã.
Kurt e Suzie
sorriem.
CENA 07. (A música tocada na terceira cena deste episódio continua a ser executada nesta.)
Tomada da cidade
de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos da cidade.
CENA 08.
CONSULTÓRIO MÉDICO. RECEPÇÃO. INT. DIA. (Música cessa.)
Chelsea está
terminando de ser atendida por uma recepcionista. Ao seu lado, está
Keith, que a faz companhia no local.
RECEPCIONISTA – Senhorita
Harris, o doutor Danes já vai chamá-la. Peço que aguarde mais alguns
instantes aqui na recepção.
CHELSEA – (aflita) Ok.
Obrigada.
Chelsea e Keith
saem do balcão de atendimento e caminham até as poltronas, onde se
sentam para aguardar ao chamado.
CHELSEA – (com as mãos
aparentemente trêmulas) Depois que eu entrar naquela sala, a minha vida
pode mudar completamente, Keith...
KEITH – Eu já disse
pra você parar de pensar no pior, não disse, Chelsea? Você se protegeu
durante a sua primeira vez e, por mais que você queira questionar, as
camisinhas são sim muito seguras.
CHELSEA – Keith, qual
outro motivo faria com que a minha menstruação atrasasse?
KEITH – Pode ser uma
simples coisa. E você está a tornando em uma grande preocupação. Vamos
aguardar o médico, ok? Eu tenho certeza que ele te dará boas notícias.
CHELSEA – (olha para a
amiga) E se, por acaso... Ok, eu sei que você não está levando a sério
essa história da camisinha ser segura em apenas 97% dos casos e eu
fazer parte dos outros 3%, mas... E se por acaso, o que eu estiver
pensando realmente acontecer?
KEITH – (leva sua mão
até a de Chelsea) Eu vou estar com você, Chelsea... Porque é pra isso
que as amigas servem e eu jamais te deixaria num momento como esse. Se,
por acaso, uma gravidez vier a acontecer, eu vou estar ao seu lado, te
apoiando, não importa qual seja a sua decisão.
CHELSEA – Muito
obrigada, Keith. (sorri)
SECRETÁRIA – (entrando na
recepção) Senhorita Harris.
CHELSEA – (levanta-se da
poltrona) Sou eu.
SECRETÁRIA – Me acompanhe.
O doutor Danes irá atendê-la.
CHELSEA – (apontando
para Keith) Ela pode me acompanhar?
SECRETÁRIA – Sim.
A secretária
sorri e sai. Keith aperta forte a mão da amiga, encorajando-a, e as
duas seguem os passos da secretária.
CENA 09.
CONSULTÓRIO MÉDICO. ESCRITÓRIO DO DOUTOR DANES. INT. DIA.
Chelsea e Keith
entram no escritório.
CHELSEA – Olá, doutor...
A câmera revela
Dr. Danes, que estava centrado em alguns papéis, mas desvia o olhar
assim que escuta a voz de Chelsea.
DR. DANES – Olá, querida.
Pode se sentar. (olha para Keith) Veio acompanhada?
CHELSEA – (sentando-se
na cadeira) É, ela é a minha melhor amiga. Veio me dar uma força caso
aconteça o pior.
KEITH – (também se
sentando) Eu sou a Keith. Prazer em conhecê-lo. Eu também sou atendida
neste consultório, mas a minha ginecologista está de férias pelo o que
a recepcionista informou. Ela é ótima, doutor, mas aposto que você
também faz um ótimo trabalho, afinal, é o seu trabalho, não é mesmo?
Chelsea cutuca a
amiga para que ela pare de falar.
KEITH – (olha para
Chelsea) Desculpa, eu estou tão nervosa quanto você...
DR. DANES – (pega o
envelope de Chelsea) Senhorita Harris, quando você veio fazer os
exames, o seu principal receio era que estivesse grávida.
CHELSEA – Exatamente...
E então, eu estou?
DR. DANES – Quanto a isso,
você pode ficar sossegada. Você não está grávida.
Chelsea sorri e
respira aliviada.
KEITH – (batendo
levemente na amiga) Viu? Eu não disse que isso era ideia maluca da sua
cabeça? (olha para o doutor) Quer dizer então que está tudo bem com a
minha amiga?
DR. DANES – Não
exatamente. (olha seriamente para Chelsea) Senhorita Harris, eu tenho
uma notícia não tão agradável para lhe dar. Você não se importa em
estar acompanhada?
CHELSEA – (tira o
sorriso do rosto) Claro que não. Como eu disse, a Keith é a minha
melhor amiga. Não tenho nada para esconder dela. Mas me diga, doutor,
que notícia é essa?
DR. DANES – Eu sinto muito
em te dizer isso, senhorita Harris, mas você foi diagnosticada com
menopausa precoce.
CHELSEA – (um pouco
alterada) Menopausa precoce? Isso parece ser algo ruim... É ruim, não é
doutor?
DR. DANES – Em termos,
Chelsea, porque você pode se adaptar a ela. Mas, infelizmente, a
menopausa precoce tira alguns direitos de você...
CHELSEA – Como por
exemplo...?
DR. DANES – A menopausa
precoce é um problema que ataca o sistema reprodutor feminino, fazendo
com que os ovários sejam lesionados e os impeçam de fabricar hormônios
femininos. Tentando ser mais claro, você não poderá ser mãe, Chelsea.
Close em Chelsea,
surpresa com o que acabara de ouvir. Uma lágrima rola sobre o seu rosto.
CHELSEA – (desesperada)
Como isso é possível, doutor? Eu sou uma garota saudável. Eu me
alimento nas horas certas, durmo a quantidade ideal de horas por dia,
me exercito... Você só pode estar de brincadeira comigo. Eu sou uma
garota saudável!
DR. DANES – Chelsea, um
dos fatores que podem ter acarretado o problema é o estresse diário.
Você por acaso passou por algum tipo de conflito emocional recentemente?
CHELSEA – Isso não vem
ao caso. Eu sou uma garota de 18 anos, a minha vida adulta só está
começando agora. (grita) Você não pode me impedir de ter filhos, você
não pode me impedir que eu seja uma mulher. (batendo na mesa) Eu não
posso ter isso.
DR. DANES – Senhorita
Harris, eu sei que é difícil para uma mulher ouvir isso, mas você
precisa se controlar, ok?
CHELSEA – Me controlar?
Eu vou dar é um fim nessa palhaçada. Muito obrigada, doutor, mas a sua
ajuda não foi nem um pouco útil. (se levanta) Vamos, Keith, eu não
tenho mais nada para fazer aqui.
Chelsea sai, apressada. Keith se levanta da cadeira, aflita.
KEITH – Mil desculpas,
doutor... A Chelsea é uma pessoa muito calma, mas você sabe como é...
DR. DANES – Sim, eu sei
perfeitamente, tente acalmá-la.
KEITH – Eu farei isso.
A imagem corta
rapidamente para:
CENA 10.
CONSULTÓRIO MÉDICO. FACHADA. EXT. DIA.
Chelsea está
sentada na sarjeta da calçada, chorando. Keith caminha até ela e
senta-se ao seu lado.
KEITH – Amiga, está
tudo bem com você?
CHELSEA – (olha para
Keith, irritada) Como você pensa que eu estou, Keith? Eu acabei de
descobrir que eu não posso ser mãe. Como assim, eu venho para um
consultório acreditando que eu estou grávida e, em cinco minutos, me
tiram o direito de ser mãe?
KEITH – Calma,
Chelsea, isso não quer dizer que você não possa ser mãe... É claro que
você tem esse direito. Você pode adotar uma criança. O processo é
complicado, mas eles verão que você é uma ótima pessoa. Sem falar que,
dependendo do lugar de adoção, você pode até escolher a carinha da
criança... E então? Você escolhe a mais bonita!
CHELSEA – Para de falar
asneira, Keith. (grita) Aliás, me deixa em paz.
KEITH – Chelsea, eu só
estou tentando te tranquilizar...
CHELSEA – Eu não quero
ficar tranquila. A única coisa que quero neste momento é ficar sozinha.
Será que eu posso?
KEITH – (atendendo ao
pedido da amiga) Ok... Então eu vou para a universidade... À noite a
gente conversa. Qualquer coisa, você me liga.
CHELSEA – (grita) Sai,
Keith!
Keith se levanta
da sarjeta, assustada, e toma o seu caminho. Close em Chelsea, que
continua chorando após receber a triste notícia de que não pode ser mãe.
CENA 11.
Tomada da cidade
de Los Angeles com imagens dos principais pontos turísticos do local.
CENA 12. LOS
ANGELES. RUA QUALQUER. EXT. DIA. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Kurt anda pelas
ruas de Los Angeles sem uma direção fixa. Ele encara as pessoas e
carros que transitam por ali e, muitas vezes, passa a mão pela cabeça,
preocupado. Então avista um boteco e decide entrar. A imagem corta
rapidamente para:
CENA 13. LOS
ANGELES. BAR. INT. DIA. (Música continua.)
Kurt entra no
local e se senta em um banquinho em frente ao balcão de atendimento.
ATENDENTE – (indo até
Kurt) O que deseja?
KURT – Um copo de
uísque, por favor... Sem gelo.
ATENDENTE – Um instante.
O atendente
caminha até a prateleira de bebidas e pega uma garrafa de uísque. Ele
serve a bebida em um copo e o leva para Kurt.
ATENDENTE – (colocando-o
sobre o balcão) Aqui está.
KURT – (olha
gentilmente para o atendente) Obrigado.
Close em Kurt,
que encara o copo de uísque por alguns instantes.
KURT – (em
pensamento) Eu não posso fazer isso... Eu não posso
colocar meses de tratamento no lixo por causa de um mísero copo de
bebida... Eu não posso afastar a única pessoa que resta na minha vida
por causa desse vício maldito.
E Kurt fecha os
olhos, atordoado. Ele, então, os abre, se levanta do banquinho e tira do
seu bolso alguns trocados, colocando-os sobre o balcão.
Tomada da cidade
de San Francisco.
CENA 15. PARQUE
URBANO. EXT. DIA. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
A câmera explora
o belíssimo parque urbano da cidade de San Francisco. Muitas crianças,
acompanhadas de suas mães ou babás, estão no local, brincando e se
divertindo nos brinquedos ao ar livre. Chelsea anda lentamente pelo
lugar, observando as crianças e deixando algumas lágrimas rolarem sobre
o seu rosto. Chelsea, então, se aproxima de um balanço e se senta nele,
impulsionando seu corpo calmamente no brinquedo. De repente, notamos
que uma bola vem em direção aos seus pés. Uma garota com aparentemente
seis anos vai buscá-la. Chelsea interrompe o balanço e pega a bola.
CHELSEA – (olhando para
a menina) A bola é sua?
MENINA – Sim, você pode
me dar?
CHELSEA – Claro que eu
posso. (entregando a bola para a garotinha) Ela é sua.
MENINA – (com a bola em
mãos) Por que você está chorando?
CHELSEA – (sorri)
Digamos que eu estou triste...
MENINA – Minha mãe
disse que não podemos chorar em dias bonitos, pois eles são feitos para
a gente sorrir.
CHELSEA – (limpa as
lágrimas) E a sua mãe te ensinou direitinho. Pode ficar tranquila
porque eu não vou mais chorar, ok?
MENINA – Legal, porque
hoje está um lindo dia. Você quer brincar comigo?
CHELSEA – Não, mas eu
prometo que vou ficar te assistindo.
MENINA – Obrigada...
Você é muito bonita!
CHELSEA – Você também é
muito bonita.
A menina sorri e
sai correndo com a bola em mãos. Close em Chelsea, que volta a
impulsionar o seu corpo no balanço e observar as crianças. De repente,
ela ouve uma voz ao seu lado.
VOZ – Tudo bem com
você?
A câmera revela
Josh, que também está sentado no balanço, impulsionando o seu corpo.
CHELSEA – Josh, o que
você está fazendo aqui?
JOSH – Eu sempre ando
pelo parque... Esse é um dos lugares mais calmos de San Francisco.
CHELSEA – É... (olhando
para as crianças) É um lugar encantador.
JOSH – Você por acaso
estava chorando?
CHELSEA – (sorri) Acho
que deu para perceber, né? (volta a ficar séria) Josh, sabe quando
muitas coisas ruins começam a acontecer em sua vida e você tem a
sensação de que irá explodir a qualquer momento?
JOSH – Você está se
sentindo assim?
CHELSEA – Eu estou quase
próxima disso. Definitivamente, os últimos dias não foram fáceis pra
mim. (olha para Josh) Hoje eu descobri que não posso ter filhos.
JOSH – (olha comovido
para Chelsea) Você está falando sério?
CHELSEA – Queria eu
estar brincando. Mas foi a mesma pergunta que eu me fiz quando o médico
disse que fui diagnosticada com menopausa precoce... Quer dizer, como
vai ser a minha vida de agora em diante?
JOSH – Normal,
Chelsea. Eu sei que essa não é a melhor notícia que uma pessoa poderia
receber, ainda mais você sendo uma mulher, mas... Você pode seguir em
frente.
CHELSEA – Essa é a parte
difícil... Seguir em frente... Porque eu não vejo um caminho a minha
frente, sabe? (começa a chorar) É como se a minha visão estivesse
escura, embaçada... Poxa, eu sou uma mulher, eu tinha o sonho de gerar
um filho, ser a mãe que a minha mãe nunca se deu ao trabalho de ser...
Eu queria mostrar a alguém que eu sou alguém nesta vida, entende? E me
tiraram esse direito, Josh...
Josh deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto e segura uma das mãos de Chelsea.
JOSH – Chelsea, eu
não sei ao certo o que te dizer agora, porque infelizmente eu não sou o
melhor conselheiro do mundo, mas você vai poder sim ser uma grande mãe.
Não importa se o filho seja de sangue ou não. Te tiraram o direito de
gerar um filho, mas você está enganada em pensar que te tiraram o
direito de ser mãe... Porque eu sei que você vai ser uma mãe incrível,
assim como a pessoa incrível que você é. E você é alguém nesta vida,
alguém que tem o meu total respeito, alguém que me ensinou muitas
coisas, principalmente a me descobrir.
CHELSEA – (limpando as
lágrimas) Obrigada por tentar me consolar, Josh, você está sendo muito
gentil... Mas eu sinceramente não sei como será daqui pra frente.
Nenhum cara vai querer se casar com uma mulher sabendo que ela é
infértil. Eu não vou poder ter a minha família.
JOSH – Vai sim, para
de dizer bobagem, porque você vai sim. Você vai encontrar um cara que
será capaz de enxergar as suas infinitas qualidades e que vai te fazer
muito feliz. Porque é o que você merece, Chelsea... Ser feliz. Muito
feliz!
CHELSEA – (olha para
Josh) Esse cara poderia ter sido você... Ainda continua gay?
JOSH – (ri) Sim, eu
continuo gay. Mas eu sou o seu amigo, certo? Eu estou aqui com você
agora e nós vamos passar o resto do dia juntos.
CHELSEA – Tendo que me
ver chorar?
JOSH – E quem disse
que você vai chorar? Olha o lugar lindo onde estamos. Sorria, Chelsea.
Você pode ser maior do que qualquer problema.
Chelsea sorri.
JOSH – E a diversão
começa agora...
Josh impulsiona o
seu corpo no balanço com muita força, permitindo que o brinquedo o leve
a uma altura bastante considerável.
JOSH – Vamos,
Chelsea, me acompanhe...
Chelsea ri e
também impulsiona o seu corpo com muita intensidade a fim de alcançar a
mesma distância que Josh. A garota ri e permite-se ser levada pelo
brinquedo.
A câmera se
afasta, enquanto os dois garotos disputam quem chega a uma altura
maior. A sua frente, várias crianças brincam, sorriem e se divertem,
desfrutando do maravilhoso dia ensolarado que faz em San Francisco. A imagem escurece. |
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