2x12 | ||
VOZ DE JOSH – Anteriormente em New Stages...
Continuação
imediata da última cena do episódio anterior. O jantar de ação de
graças é interrompido após Liz dizer impulsivamente que Ryan é gay.
Todos olham para o garoto, que está bastante assustado e surpreso.
KIRSTEN – (para Liz) Mas
que bobagem é essa, minha filha? (olha para todos) Mil desculpas,
pessoal, tem horas que a Elizabeth não sabe o que diz.
ELIZABETH – Mas eu sei o
que eu estou dizendo, mamãe. O Ryan me contou agora há pouco que
gostava de garotos... Eu achei que todos aqui soubessem.
KURT – (olha para
Ryan) Meu filho... O que a sua irmã está dizendo é verdade?
SUZIE – (antes que
Ryan responda) Como você tem a ousadia de perguntar isso, Kurt? É claro
que não é verdade... A Liz deve ter se enganado.
ELIZABETH – (olha para
Ryan) Eu me enganei?
RYAN – (embaraçado)
Sim... Digo... Houve uma grande confusão por aqui. Eu só disse para a
Liz que não estava interessado por nenhuma garota no momento. Ela
provavelmente interpretou errado e achou que na verdade eu era gay...
Mas eu não sou.
KURT – (ainda
desconfiado) Ryan, ninguém pensa que um garoto é gay só porque ele não
está interessado por nenhuma garota. A Liz deve ter tido motivos
maiores para dizer isso.
ELIZABETH – (percebe que
cometeu uma séria falha) Papai... O que o Ryan está dizendo é verdade.
Eu perguntei a ele como estavam os seus romances universitários e ele
me contou que não estava afim de nenhuma menina... Então, eu acabei
tirando a conclusão errada de que ele era gay... (ri bastante nervosa)
Olha como eu sou estúpida!
KURT – Essa história
está muito mal contada...
SUZIE – Kurt, se a Liz
acabou de confessar que cometeu um engano, então devemos acreditar
nela... Você sabe como são as pessoas. Às vezes dissemos algo e elas
interpretam completamente errado. Foi exatamente o que aconteceu com o
Ryan e a Liz. Afinal, o nosso filho não tem nada para esconder da
gente. (olha para Ryan) Não é mesmo?
RYAN – Sim... (ainda
confuso) Eu... Bom... É melhor eu subir para o meu quarto. Toda essa
confusão acabou me tirando o apetite. Continuem o jantar
tranquilamente. Eu não quero atrapalhar nada aqui.
SUZIE – Ryan,
sente-se... A sua irmã acabou se confundindo e já assumiu o erro. Não
vamos deixar que isso estrague o nosso feriado de ação de graças. É um
dos únicos feriados em que podemos estar juntos.
RYAN – Mãe, eu...
(saindo) Eu apenas perdi a fome, ok? Me deixa...
Ryan sai,
apressado. Close em Liz, bastante arrependida por ter provocado tal
situação.
ELIZABETH – Pessoal, eu
vou ver como o Ryan está. (se levantando da cadeira) Eu fiz uma
acusação falsa envolvendo o nome dele e acho que devo um pedido de
desculpas.
ERIC – Não se
preocupe, Liz, o Ryan não é um garoto de guardar rancor...
ELIZABETH – E eu também
quero pedir desculpas a vocês por ter estragado o jantar de ação de
graças. Era uma data importante para todos e eu acabei ferrando com
tudo... Mas foi uma interpretação errada. Tudo o que eu disse aqui
sobre o Ryan foi uma besteira sem propósito... (saindo) Eu vou até lá!
Close em todas as
pessoas que continuam na sala de jantar. Elas se olham brevemente e
voltam para as suas refeições, sem trocarem uma única palavra, já que a
confusão acabou deixando o clima bastante pesado.
CENA 02. CASA DE
SUZIE. QUARTO DE RYAN. INT. DIA.
Ryan entra em seu
quarto e caminha até a sua cama. Ele levanta um pouco o colchão e pega
uma foto que estava embaixo dele. O garoto, então, se deita na cama e
fica olhando para a fotografia em mãos. Uma lágrima rola sobre o seu
rosto. Close na foto, onde estão ele e Josh, sorridentes.
ELIZABETH – (entrando) Eu
até bateria na porta antes de entrar, mas ela está aberta...
RYAN – (escondendo a
foto) Liz, o que você está fazendo aqui? Eu pedi para que me deixassem
em paz...
ELIZABETH – Eu preciso te
pedir desculpas, Ry... Eu realmente não imaginava que você não tinha
contado para ninguém que é gay.
RYAN – (se levantando
da cama e deixando a foto sobre ela) Liz, eu tenho dezoito anos! É
claro que ninguém sabe que eu sou gay. Eu ainda estou fazendo as minhas
próprias decisões. Você queria que eu agisse como? Saísse por aí
espalhando para todo mundo que eu gosto de ter relações sexuais com
outros garotos? Ou que eu me apaixono por eles? Ou que eu ferro com a
minha vida por causa de um? Francamente...
ELIZABETH – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Ry, eu dei uma bola fora sim, mas não
era a minha intenção. Eu agi impulsivamente. Foi um erro horrível, eu
sei. Mas a última coisa que eu quero na vida é te prejudicar. Ainda
mais o meu irmão que eu estou tendo o prazer de conhecer.
RYAN – Como você acha
que eu me senti, Liz? Você se intromete na conversa dos adultos, revela
que eu sou gay e de repente todos passam a olhar para mim? Eu não sabia
onde enfiar a cara naquele momento... Agora sabe Deus o que estão
pensando sobre mim.
ELIZABETH – Ryan, eu
tentei disfarçar a situação. Eu disse que eu interpretei errado a nossa
conversa. Em pouco tempo, ninguém mais vai se lembrar do ocorrido.
RYAN – Ah, claro...
Porque você disfarçou a situação com maestria. Como o seu pai disse, a
história ficou muito mal contada e eu tenho certeza de que ele não vai
engolir tão fácil esse lance. (gritando) Parabéns, Elizabeth!
ELIZABETH – (chorando) Ry,
por favor, não fica bravo comigo... Eu fui muito burra em ter vindo até
essa casa, aberto a minha boca maldita e estragado o seu feriado ao
lado da sua mãe, mas eu estou realmente arrependida e não vou suportar
se você não aceitar as minhas desculpas.
RYAN – (se aproxima
de Liz e limpa suas lágrimas) Tudo bem, não precisa chorar... Eu não
vou ficar com raiva de você por causa disso. Mas eu preciso que você
mantenha o controle das situações. Não pode abrir a boca sem antes ter
a certeza do que vai falar. As coisas precisam ser pensadas antes de
ser ditas, ok?
ELIZABETH – Então quer
dizer que você me desculpa?
RYAN – Sim, eu não
vou deixar que esse engano atrapalhe o início da nossa relação. Eu te
contei que sou gay porque enxerguei em você uma pessoa de confiança. E
eu também preciso que você confie em mim e, principalmente, guarde os
meus segredos e não os espalhe na primeira oportunidade que tiver.
ELIZABETH – Eu não queria
fazer isso, Ry...
RYAN – (abraçando
Liz) Tudo bem, tudo bem... Você é a minha irmãzinha.
ELIZABETH – Eu acabei de
te conhecer e já estou te decepcionando.
RYAN – Não fala
assim. Você foi um presente na minha vida. Eu estou adorando a ideia de
que tenho uma irmã e tenho certeza de que passaremos bons momentos um
ao lado do outro... E também maus momentos, como este que acabou de
acontecer. Liz sorri. A câmera se afasta enquanto os irmãos Jordan continuam se abraçando. |
||
|
||
2x12 - AÇÃO DE GRAÇAS - PARTE 2 |
||
CENA 03. CASA DA
FAMÍLIA HARRIS. SALA DE JANTAR. INT. DIA.
Chelsea e seus
pais estão sentados a mesa fazendo a refeição de ação de graças. A
família não troca nenhuma palavra entre si. Em meio ao silêncio,
ouve-se apenas o barulho dos garfos e pratos.
CHELSEA – (interrompendo
o silêncio) A comida está muito boa, mamãe... Mas eu ainda não consigo
acreditar que você fez a Lucy cozinhar para a gente no feriado de ação
de graças.
CHRISTINA – Você queria
que eu fizesse o que, Chelsea? Me envolvesse na cozinha e liberasse a
empregada para curtir o feriado? É claro que não. Se a Lucy não tivesse
cozinhado hoje, não estaríamos tendo essa maravilhosa refeição. Sem
falar que ela será muito bem recompensada por ter trabalhado no feriado.
CHELSEA – Mãe, a questão
não é essa... A questão é que a Lucy também tem uma família e deveria
estar comemorando a ação de graças ao lado de seu marido e filhos. Mas
o que eu posso fazer se você só pensa em si mesma?
CHRISTINA – Eu também
estou pensando na minha família quando peço para a empregada ficar e
preparar um jantar especial para a minha querida filha universitária.
MICHAEL – Família? (ri)
Quem é você pra falar nessa palavra? Você a destruiu completamente
quando resolveu pedir o divórcio. Aliás, eu nem sei o que eu estou
fazendo aqui hoje. Nós estamos separados e fingindo um momento de
confraternização apenas para não deixar a nossa filha triste. Quanta
hipocrisia!
CHELSEA – Não fique
preocupada comigo, papai, porque eu também estou fingindo aqui. Esse é
o último lugar em que eu queria estar nesse momento. Eu poderia muito
bem ter ficado na universidade estudando. Só voltei para esta casa pelo
pouco de consideração por vocês que ainda me resta...
CHRISTINA – Querida, você
nos ofende falando dessa forma...
MICHAEL – Não, ela não
me ofende, porque a Chelsea está mais do que certa. O dinheiro usado
para este jantar poderia ter sido gasto nas suas futilidades diárias.
Pelo menos assim evitaríamos aturar tanta falsidade.
CHRISTINA – Não comece com
esse papo de “futilidades”, porque todo o dinheiro que eu tenho está
sendo gasto para refazer a minha vida após me livrar do casamento
horroroso que tive com você. E, por favor, estamos na frente da nossa
filha, ela não é obrigada a assistir a essa discussão que deveria ter
sido encerrada junto com o divórcio.
CHELSEA – Não se
preocupe com a minha presença, mamãe, porque eu tenho os meus próprios
problemas para lidar. Afinal, que tal pararmos de discutir o casamento
fracassado de vocês e falarmos sobre mim? Sim, porque meus problemas
são infinitamente maiores do que os de vocês...
CHRISTINA – Querida, o que
está acontecendo?
CHELSEA – Obrigado por
perguntar, mamãe. Vocês terminaram um casamento onde todos saíram
ganhando. Papai continua gerenciando suas filiais até em lugares que eu
duvidava que existissem na América e mamãe permanece oferecendo
jantares para as madames desocupadas do condomínio onde discutem a sua
“caótica” vida de mulher divorciada. Mãe, você quer saber o que é
realmente caótico?
CHRISTINA – Minha filha,
você está bem?
CHELSEA – (continua a
falar) Caótico, mãe, é alguém te tirar o direito de gerar filhos.
Porque, sim, se vocês me ligassem toda a semana para saber como andam
as coisas na universidade, saberiam que eu fui diagnosticada com
menopausa precoce.
MICHAEL – (surpreso)
Isso é sério, minha filha? Calma, acho que você não deveria entrar em
pânico no momento. Você sabe como esses médicos cometem erros a todo o
momento. Eu vou te levar até a clínica de um grande amigo meu. Você
estará em ótimas mãos!
Close em Chelsea,
que revira os olhos, inconformada.
CHRISTINA – Menopausa
precoce? Isso deve ser resultado das suas péssimas condições de moradia
e alimentação. Você está vivendo em um campus de universidade, Chelsea,
cercada de pessoas que transitam para lá e para cá, fazem barulho
enquanto você dorme e ainda dividem o mesmo ar que você respira. Sem
falar na comida oferecida pelo local, vai saber nas mãos de quem
passou...
CHELSEA – (coloca as
mãos no rosto) Eu não acredito que estou ouvindo isso... Quer saber,
continuem esse teatrinho ridículo que vocês armaram para me
impressionar e eu vou voltar para a universidade.
MICHAEL – Querida, não
terminamos de jan...
CHELSEA – (se levanta da
cadeira e interrompe) Uma das minhas maiores vontades em ser mãe era
justamente mostrar aos meus filhos que podem existir bons pais que não
se preocupem apenas com os números da sua empresa ou os jantares de
fofoca... (olha para a mãe) Por que é o que vocês fazem, não é?
(continua) Mas que também se preocupem com algo essencial na vida de
todo mundo: a família. (pausa) E se eu fosse vocês, pesquisava esta
palavra no dicionário para tentar ao menos descobrir o significado dela.
CHRISTINA – (assustada)
Chelsea...
CHELSEA – (saindo
debochadamente) Feliz Ação de Graças, mamãe e papai!
Close nos pais de
Chelsea, que se entreolham, sem reação.
CENA 04.
Tomada da cidade
de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais.
Anoitece.
CENA 05. CASA DE
SUZIE. SACADA. EXT. NOITE. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Kirsten está
apoiada na pequena sacada da casa de Suzie com uma taça de champanhe em
uma das mãos. Kurt surge no local.
KURT – (sorri)
Respirando ar puro?
KIRSTEN – Sim, acho que
eu precisava disso depois do turbulento jantar que tivemos... (respira
fundo) Acho que eu não deveria ter vindo.
KURT – Não se culpe,
Kirsten, você não fez nada errado. Foi a Liz que armou toda a confusão.
E você sabe como a nossa filha é inocente, ela interpretou de forma
incorreta a conversa que teve com o Ryan e acabou falando o que não
devia...
KIRSTEN – Mas eu não me
refiro ao erro da Liz... Eu só acho que eu não deveria estar na casa da
ex-mulher do homem com quem tive uma filha. É como se estivéssemos
voltando ao passado. Não deve ser fácil para ela ver a imagem de alguém
que interferiu no seu casamento.
KURT – Kirsten, fica
tranquila. A Suzie só soube agora que eu a traí alguns dias antes do
nosso casamento. Você não interferiu de forma nenhuma no meu casamento
com ela, até porque eu cometi erros muito piores depois e que
devastaram o meu casamento.
KIRSTEN – Mas agora ela
sabe, Kurt... E eu me sinto culpada por ter feito parte dos seus
primeiros erros. Se eu estivesse no lugar da Suzie, eu não iria gostar
de receber em minha casa a mulher que dormiu com meu noivo.
KURT – Porque a Suzie
sabe que você não tem nada a ver com a minha traição. Quando eu dormi
com você, eu tinha recém-noivado e preferi não te contar que eu estava
prestes a me casar. Você não sabia que eu era comprometido...
KIRSTEN – Até encontrar
inesperadamente uma aliança no bolso do seu paletó... Pena que era
tarde demais e já tínhamos concebido a sua filha de dezenove anos.
KURT – Eu tenho que
confessar que fui um marido irresponsável, imaturo e inconsequente para
a Suzie, mas todos esses erros me serviram para mostrar alguma coisa,
Kirsten. Inacreditavelmente, a Suzie conseguiu me perdoar e agora está
me ajudando com isso. Eu posso ser um homem melhor e, não sei como, mas
parece que estou conseguindo.
KIRSTEN – Você é um
homem bom, Kurt. Sempre foi e eu vivia te dizendo isso nos tempos do
colégio. Acontece que você fazia questão de sempre se meter em
enrascadas. Infelizmente, você traiu a sua mulher com uma garota dos
tempos de escola. E foi por isso que eu decidi fugir para longe e
esconder a gravidez, porque eu não queria atrapalhar ainda mais o seu
casamento e muito menos bagunçar a vida da Suzie com esta criança.
KURT – Foi uma
atitude esperta... Mas você não poderia ter feito isso, Kirsten, porque
você estava carregando uma filha minha na barriga.
KIRSTEN – Eu sei, Kurt,
mas naquele momento eu só pensava em livrar a minha filha de toda essa
confusão. Eu não queria que ela nascesse perto de um pai que estava se
casando com outra mulher. Entende? Desculpa te esconder a Liz por todos
esses anos. Eu nunca quis isso, mas eu vi a necessidade, porque eu
pensava principalmente em sua família... Na Suzie e no Ryan.
KURT – Mas eu não vou
te condenar por isso, Kirsten, porque a Liz foi o melhor presente que
você me deu nos últimos tempos. Quero dizer, eu estou passando por um
período bastante complicado na minha vida e isso tem a ver com bebidas
alcoólicas...
KIRSTEN – O que eu
espero que você conte logo para a Liz...
KURT – Eu pretendo,
eu só não quero que ela descubra tão cedo que o pai dela é, na verdade,
um alcoólatra de marca maior que está tentando se libertar do vício. Eu
quero me familiarizar com ela antes e ter certeza de que posso confiar
nela. (sorri) Mas como eu estava dizendo, a Liz foi o que de melhor
aconteceu neste período tortuoso.
KIRSTEN – Eu fico feliz
que esteja gostando do surgimento inesperado dela...
KURT – Sim, eu estou
gostando muito e agradeço por você ter permitido que ela me conhecesse.
Porque agora que tenho a Liz por perto, eu sinto que também estou me
conhecendo... Agora estou tendo a oportunidade de provar a mim mesmo
que posso ser um bom pai. O pai que nunca pude ser para o Ryan.
KIRSTEN – Que bom.
KURT – E obrigado
também por ter deixado sua vida no Texas e vindo morar em Los Angeles.
Você não sabe como me deixa contente em permitir que eu não fique
afastado da minha filha. Agora posso ter a certeza de que sempre a
terei por perto! (sorri)
Kirsten retribui
o sorriso de gratidão e coloca a taça de champanhe sobre o muro da
sacada. Então, se aproxima de Kurt e o abraça fortemente. A câmera se
distancia e percebemos que Suzie assiste ao abraço através da janela da
casa.
CENA 06. CASA DA
FAMÍLIA DAVIS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE. (Música cessa.)
Mark está sentado
em sua poltrona lendo o caderno de política de um jornal. Sua esposa
entra no local.
MARK – (tirando os
olhos do jornal) Onde está o Austin?
BARBARA – Ele está no
computador falando com o... (realça antes de dizer) namorado. Você
consegue realmente engolir esta história, meu bem?
MARK – É o nosso
filho, querida. O que podemos fazer? Sem falar que isso é tão comum nos
dias de hoje. Nós não somos os primeiros pais e nem seremos os últimos
a lidar com esta situação.
BARBARA – (sentando-se
no braço da poltrona e alisando os cabelos do marido) Eu só imaginava
um futuro diferente para o nosso Austin. Eu gostaria de vê-lo casado
com uma garota com cara de boneca, sabe? Então eles teriam filhos
maravilhosos e viriam nos visitar todos os domingos. Eu prepararia
bolos e tortas para os meus netos e os encheria de mimos...
Infelizmente, toda essa visão que eu tive foi falsa.
MARK – Mas ainda há
chances de termos netos. O nosso filho apenas não terá uma família
tradicional como todas as outras. O nosso dever é respeitar a decisão
dele e apoiá-lo como os bons pais que somos. Eu tenho que te confessar
que também não me satisfaz a ideia de vê-lo com um garoto, mas pelo
menos o nosso filho é um garoto inteligente, está se encaminhando na
vida, correndo atrás de um bom futuro e tendo um relacionamento com um
garoto com as mesmas qualidades que ele.
BARBARA – Então você
confia mesmo nesta relação?
MARK – Sim, eu
acompanhei o Josh durante quatro anos na San Francisco High School e
posso te dizer que ele foi um dos melhores alunos que já pisaram por
lá. O Josh só vai fazer bem ao Austin e temos que ficar felizes por
ele. O Austin é nosso orgulho!
BARBARA – Exatamente.
Talvez não seja tão difícil eu aceitar que o meu filho tenha um
relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo. Acho que é só uma questão
de adaptação...
MARK – E mesmo se não
o apoiássemos, de que isso adiantaria? A gente não poderia mudar o que
o Austin sente, nem poderíamos proibi-lo de fazer suas próprias
escolhas. O que nos resta é estar ao lado dele. É apoiá-lo.
BARBARA – (sorri e beija
o rosto do marido) Eu não sabia que você era tão compreensível...
MARK – Anos lidando
com centenas de crianças me serviram para alguma coisa...
A câmera se
afasta, enquanto os pais de Austin continuam sentados na poltrona
conversando.
CENA 07. CASA DE
SUZIE. QUARTO DE RYAN. INT. NOITE.
Ryan está sentado
na frente do computador. Suzie entra no quarto, apressada.
SUZIE – (fechando a
porta) Sai da frente desse computador, Ryan. Precisamos conversar!
RYAN – (se levantando
da cadeira) Mãe, está tudo bem?
SUZIE – Como você é
capaz de perguntar isso depois de tudo o que aconteceu naquele maldito
jantar de ação de graças?
RYAN – Mãe, eu não
tenho culpa se a Liz interpretou errado tudo o que eu disse para ela...
SUZIE – Interpretou
errado ou estava certa? Porque pela primeira vez na minha vida, e eu
achei que nunca haveria uma primeira vez, eu vou ter que concordar com
o seu pai. Eu tentei te defender na mesa, Ryan, mas aquela história
estava muito mal explicada...
RYAN – Mãe, você não
está voltando a duvidar de que eu sou gay, né?
SUZIE – Essa noite
você me deu motivos para isso, Ryan. Agora eu só não consigo entender
uma coisa: por que você se assumiria para a Liz sem antes conversar com
a pessoa que mais te apoiou durante a sua vida inteira?
RYAN – Mãe, esse papo
não, pelo amor de Deus... Eu vim aqui para passar o feriado com você. O
combinado era que passássemos a ação de graças juntos. Eu, você e o
Eric. Eu não tenho culpa se você quis envolver todas essas pessoas no
meio.
SUZIE – Ryan, há um
ano, eu te perguntei se você era gay e você me respondeu que não. Eu
disse que te apoiaria independente da sua opção sexual e você insistiu
em dizer que eu estava falando bobagem. Agora eu preciso saber uma
coisa e você vai me prometer que vai responder a verdade.
RYAN – Dona Suzie, eu
não tenho nada para te responder...
SUZIE – (grita) VOCÊ É GAY?
Close em Ryan,
que olha para baixo, bastante incomodado com a pergunta.
SUZIE – Não precisa me
responder mais nada. Quem cala consente. Sabe... Ryan... (balança a
cabeça negativamente) Se você está achando que eu tô brava por você ser
gay, você está muito enganado, porque isso pouco me interessa, ok? O
que me deixa enraivecida é saber que você não confiou em mim para falar
a verdade, mas confiou na sua irmã que surgiu do nada...
RYAN – (deixa uma
lágrima rolar em seu rosto) Mãe, me desculpa... Eu só não estava pronto
ainda para me assumir para a pessoa mais importante da minha vida.
SUZIE – E não estava
pronto por que, Ryan? Por medo da minha reação? Não venha com desculpas
para cima de mim, porque você sabia muito bem como eu reagiria a isso.
Eu sempre te apoiei em tudo nessa vida e sempre te garanti que ficaria
ao seu lado independente da sua opção sexual.
RYAN – (olha para a
mãe arrependido) Me perdoa...
SUZIE – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Eu não tenho o que te perdoar, meu
filho. Eu só queria que você enxergasse a sua mãe como a sua maior
amiga. Porque é o que eu sempre vou ser, Ryan. Eu vou estar aqui todas
as vezes que você precisar desabafar. Eu quero que você seja sincero
comigo, meu filho...
RYAN – (corre e
abraça a mãe) Você é a pessoa mais importante da minha vida. Foi um
grande erro te esconder isso durante todo esse tempo. Eu confio muito
em você, mãe, e prometo que não vou te esconder mais nada, por que...
(para de abraçá-la e olha em seus olhos) Eu sei que não preciso.
Suzie sorri,
emocionada, e olha para a cama, onde está a foto de Josh e Ryan e se
aproxima para pegá-la.
SUZIE – (mostra a
foto) Eu sempre soube sobre vocês...
RYAN – (ri) E desde
quando você virou sensitiva?
SUZIE – Esse é um dos
principais poderes que uma mãe tem. Elas sabem tudo sobre os filhos,
quando estão falando a verdade, quando estão mentindo... Eu sempre
soube, meu filho, e só estava esperando que você viesse me contar.
Ryan sorri, ainda
arrependido.
SUZIE – Por que vocês
não estão mais juntos?
RYAN – (cabisbaixo)
Porque talvez não era pra ser, mãe... Eu fui muito ciumento, muito
orgulhoso, não acreditei no Josh e, o mais importante de tudo, não
confiei nele. Quem vai querer namorar um cara inseguro como eu?
SUZIE – Você não é
inseguro, você só o amava. Intensamente. Acho que isso justifica o seu
ciúme exagerado. Você só precisa aprender a controlá-lo, Ryan, e não
deixar que ele afaste da sua vida as pessoas que você ama...
RYAN – É, mas a essa
altura do campeonato, não posso mais correr atrás do Josh. Ele seguiu
em frente com a sua vida e é o que eu devo fazer também. Foi um bom
momento em nossas vidas, eu o amei de verdade... Foi a primeira pessoa
por quem eu me apaixonei, sério... Mas acabou e eu preciso aprender a
lidar com essa perda.
SUZIE – (volta a
abraçar Ryan) Vocês formavam um casal muito bonito.
A imagem se
afasta enquanto mãe e filho continuam se abraçando.
CENA 08. CASA DE
MARTA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE. (Música cessa.)
Josh está sentado
no sofá com o notebook no colo. Ele digita olhando atentamente para a
tela. Marta fecha a porta e levanta as mãos para cima.
MARTA – Foram horas
que custaram a passar, mas finalmente nos livramos dela... (senta-se no
sofá e respira aliviada)
JOSH – Lembre-se que
você estará livre da Meghan por apenas algumas semanas. Logo vem o
Natal, o Ano Novo e por fim o casamento dela com o papai. Sem falar que
nesse meio tempo você terá que preparar o chá de cozinha da noiva.
MARTA – Dá para
acreditar nisso? Já não basta ter que aturar a Meghan, também vou ter
que aturar todas as amigas fúteis dela dentro da minha casa em um chá
de cozinha pré-fabricado. Sim, porque eu deveria ser a organizadora do
evento, mas pelo jeito só vou ceder o local, porque todos os
preparativos estão sendo feitos por ela e por trás das minhas costas.
JOSH – (ri) É, mãe,
parece que a Meghan é um fardo que você arranjou para a sua vida...
(fica sério) Eu só espero que ela faça o papai muito feliz, porque ele
merece alguém que o ame de verdade.
MARTA – (olha para o
filho, sensibilizada) Se ela não fizer o seu pai feliz, a gente dá um
jeito naquela cretina. (ri) Mas tenho que dizer que me senti vingada
quando derrubei o suco em cima dela...
JOSH – O que? Você
derrubou o suco propositalmente? Eu achei que tivesse sido um
acidente... Atitude sacana, dona Marta, mas devo assumir que foi
genial. (ri) Aliás, muito obrigado por ter distraído o papai depois que
ele fez a “pergunta”.
MARTA – De nada, mas
saiba que não vou te ajudar com isso por muito tempo. Ele é o seu pai e
tem todo o direito de estar por dentro da vida do filho. Por favor,
Josh, você tem que me prometer que vai contá-lo.
JOSH – Eu vou,
mamãe... Eu só quero que o casamento passe primeiro. E não estou usando
ele como desculpa. É que realmente não quero dar maiores preocupações
para o papai. (digita algo rápido no notebook) Já me despedi do Austin.
(fecha o aparelho) Chegou a hora de eu voltar para a universidade.
MARTA – (com voz
chorosa) Não, você não pode me deixar aqui sozinha e voltar para aquele
lugar tenebroso que te obriga a estudar todos os dias, acordar cedo e
ficar ao lado do Austin... Não, por favor, eu preciso de você aqui
comigo, vendo produções da Disney debaixo dos cobertores.
JOSH – (aproxima-se
da mãe e dá um beijo em seu rosto) Acho que você já está grandinha o
suficiente a ponto de não fazer mais birras, dona Marta... (indo em
direção a porta) Até o natal, mamãe!
MARTA – (se levanta do
sofá) Obrigado por ter jogado seu namorado para escanteio e vindo
passar o feriado aqui comigo, Josh. Isso representa muito para mim...
E, bom, tenho algo a mais para te dizer.
JOSH – (abrindo a
porta) O que?
MARTA – (sorri) Eu te
amo.
JOSH – (brinca) Que
pena, porque eu não. (sai rindo)
MARTA – (gritando)
Garoto, você está brincando com a sorte! (pausa) Já que não me ama, ao
menos feche a porta depois que sair. (percebe que Josh já foi) Que
garoto mal educado!
Close em Marta,
indo em direção a porta para fechá-la.
CENA 09.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. CORREDOR DOS
DORMITÓRIOS. INT. NOITE.
Josh está andando
distraidamente pelo corredor de dormitórios. Na direção contrária, vem
Ryan. Seus caminhos acabam sendo cruzados.
JOSH – Oi.
RYAN – Oi.
JOSH – Está voltando
da sua casa?
RYAN – Sim, fui
passar um feriado bem turbulento com a minha família. E você?
JOSH – Nem me fala. O
mesmo.
RYAN – Marcamos o
início do trabalho para amanhã? Você sabe... O trabalho para o qual
fomos sorteados como dupla.
JOSH – Sim, eu sei...
Por mim, pode ser. Começamos o trabalho amanhã então.
RYAN – Ótimo, daí te
conto com mais detalhes sobre a irmã que repentinamente apareceu na
minha vida.
JOSH – (ri surpreso)
O que? Você tem uma irmã?
RYAN – Dá para
acreditar? Essa é mais uma surpresa que a família Jordan nos reserva
todos os anos. (continua a andar) Boa noite.
JOSH – (ainda parado)
Ryan...
RYAN – (para de andar
e se vira) O que?
JOSH – Feliz Ação de
Graças!
Ryan sorri
gentilmente.
RYAN – Feliz Ação de
Graças!
Os garotos trocam
sorrisos e tomam as suas direções. A imagem corta rapidamente para:
CENA 10.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E
MATT. INT. NOITE.
Josh entra no
dormitório. Ele é surpreendido com a presença de Austin.
JOSH – O que você
está fazendo aqui?
AUSTIN – (se levanta da
cama) Eu cheguei da casa dos meus pais e não aguentava mais ficar
esperando você me ligar. Então resolvi vir te esperar aqui. Até
expulsei o Matt para termos um tempo a sós.
JOSH – Um tempo a sós?
AUSTIN –
(aproximando-se de Josh e tirando a camisa dele) Sim, temos que
recompensar todas as horas que passamos longe um do outro hoje e termos
a nossa ação de graças particular.
JOSH – (tirando a
camisa de Austin) Você não presta!
Os garotos riem
maliciosamente e começam a se beijar de forma calorosa. A imagem corta
rapidamente para:
CENA 11.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE RYAN E
EVAN. INT. NOITE. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Ryan entra no
dormitório. Evan está sentado em sua cama folheando um livro.
RYAN – Boa noite...
EVAN – (fecha o
livro) Boa noite. Será que podemos conversar?
RYAN – Eu tô um pouco
exausto, Evan. Digamos que a ação de graças da minha família foi
bastante agitada. E a sua, como foi?
EVAN – (se levanta da
cama) Se você não quer apenas diversão, então não precisamos ter...
RYAN – (surpreso) Do
que você está falando?
Evan se aproxima
de Ryan e o beija ardentemente.
EVAN – (interrompendo
o beijo) Podemos tentar algo mais sério.
Ryan sorri e puxa
a camiseta de Evan enquanto volta a beijá-lo.
RYAN – (interrompe o
beijo) Você não disse que não era gay?
EVAN – Não me broche
com essas perguntas fora de hora.
Ryan ri e os dois dão continuidade ao beijo.
A imagem escurece
e volta a clarear:
Imagens
alternadas de Josh/Austin e Ryan/Evan pelados sobre a cama, fazendo
sexo de forma intensa e calorosa, em diversas posições e ângulos. Eles
se beijam, passeiam com suas mãos sobre seus corpos, respiram ofegantes
e
gemem, bastante excitados. Tudo na mais perfeita sintonia. A imagem escurece. |
||
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
|
||
.aaa.
|
.aaa. | |
Navigation
Comentários: