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CAPÍTULO 18 | ||
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| CENA 01 | Manhã. Universidade Campelo Costa. Interior. Lanchonete do campus. Continuação do capítulo anterior. Luciano passa a mão na boca, em seguida as duas mãos por seu cabelo loiro. Fabiana está com os olhos marejados, quase chorando. Tensão no ar. LUCIANO: Não pode ser verdade... FABIANA: Eu também gostaria que não fosse. LUCIANO: Isso não podia ter acontecido Fabiana, não podia! FABIANA: Mas aconteceu. Luciano perde o controle. LUCIANO: Quer saber? A culpa é sua! FABIANA: (surpresa) Quê? LUCIANO: (exaltado) Aquele dia... Ele percebe que os dois já chamam atenção das outras pessoas no local e diminui o tom de voz. LUCIANO: Aquele dia eu avisei que tava sem proteção e mesmo assim você quis continuar. FABIANA: (angustiada) Você só pode tá brincando comigo... Olha... Aqui não é o melhor lugar pra gente conversar. | CENA 02 | Hospital Regional. Interior. Quarto de Celso. Dr. Humberto, Suzana, Jaqueline e Igor se encontram no local. Jaqueline está emocionada, lágrimas escorrem de seus olhos. JAQUELINE: Eu não acreditei quando a Celina me ligou dando a notícia... DR. HUMBERTO: Ele acordou na noite passada. Fomos todos pegos de surpresa já que seu estado vegetativo não apresentava grandes alterações. Mas ao que parece, as estruturas cerebrais responsáveis pela consciência melhoraram. JAQUELINE: (para Celso) Eu pedi tanto a Deus...! Pedi tanto que você acordasse meu amor... SUZANA: (para Igor) Eles são namorados? IGOR: É. Mais ou menos... Lentamente e com muita dificuldade, Celso mexe a mão apertando a mão de Jaqueline. JAQUELINE: Ele tá ouvindo a gente. Ele apertou minha mão! MÚSICA: “Em busca da fé - Chimarruts”. Sonoplastia baixa. Jaqueline beija Celso nos lábios. Ele deixa uma lágrima descer pelo seu rosto. DR. HUMBERTO: É importante que ele fique rodeado das pessoas que ama. Igor fala para Suzana, baixinho. IGOR: Acho melhor sairmos daqui então. Suzana contém o riso. Fim da sonoplastia. | CENA 03 | República Universitária Laços de Amizade. Int. Fabiana e Luciano chegam de repente, surpreendendo Celina e José que estavam na sala. Os dois passam sem falar com eles e vão em direção aos quartos. O casal de mexicanos se entreolha. JOSÉ: ¿Que pása con ellos Celina? [o que está acontecendo com eles Celina?] CELINA: (deduzindo) Peleas de casal. [brigas de casal.] CORTA PARA, Interior do quarto Uva. Fabiana entra sem cerimônia, Luciano a segue, ambos ainda nervosos. FABIANA: É muito fácil agora pra você me culpar, não é?! Mas você podia ter sido mais consciente e ter me dito não àquele dia. LUCIANO: (ri nervoso) Ah tá bom...! Que homem numa hora dessas ia dizer não a uma mulher só por que tá sem camisinha?! FABIANA: Um homem que tem consciência das consequências de seus atos. LUCIANO: E por que VOCÊ não parou então?! A culpa é sua garota. Fabiana tenta se acalmar. FABIANA: Tudo bem Luciano. Ficar se culpando agora não resolve nada, tanto eu quanto você, somos os únicos culpados nessa história, não há como negar. O que está feito, está feito. Silêncio. Luciano anda de um lado para o outro com as mãos na cabeça, preocupado. Fabiana está com medo. FABIANA: O que nós vamos fazer? Ele continua em silêncio, para o desespero dela. FABIANA: (grita) Me diz o que nós fazemos fazer Luciano?! Ele hesita por um instante, mas fala. LUCIANO: Nós...? Não existe “nós” Fabiana. Eu não quero ser pai. Eu não vou assumir essa criança. Ela começa a chorar. FABIANA: Você não pode me deixar sozinha nessa roubada. LUCIANO: Eu não quero esse filho! FABIANA: E você acha que eu quero?! Por um momento eles cruzam o olhar, e a mesma ideia invade o pensamento deles. LUCIANO: Você sabe que tem uma solução pra isso. Ela afirma com a cabeça. LUCIANO: E aí? FABIANA: (hesitante) Eu não sei se... Tenho coragem. LUCIANO: Pensa bem garota. Somos jovens demais pra isso. Temos uma vida inteira pela frente. Um filho agora seria o fim de todos os nossos planos para o futuro. É a nossa única saída. Fabiana encara o namorado, receosa. Ele induz sua resposta com a cabeça. LUCIANO: Vai ser melhor pra todo mundo. FABIANA: Nós vamos acabar com uma vida. LUCIANO: Nós só vamos fazer o que é melhor no momento. Só isso. | CENA 04 | Bairro Santa Felícia. Interior. Casa de Carlos. Trajando uma calça jeans preta e uma camiseta branca, ele caminha até a porta, abrindo-a em seguida. Percebe-se a presença do homem de olhos fundos, do capítulo anterior. Carlos faz sinal para ele entrar. RONALDO: Foi mais fácil do que eu pensei. CARLOS: Quê que tu fez com o cara? RONALDO: Nada demais. Só ameacei contar pra mulherzinha gostosa dele o que ele anda aprontando quando não tá em casa. Ele quis saber por que eu tava atrás daquelas fotos, mas também não dei satisfação. (debochado) E depois me perguntou: quem me garante que depois que eu te der as fotos tu não vai mostrar a minha mulher? Eu falei pra ele assim: quem garante é minha palavra de honra seu almofadinha! Bandido também tem palavra. Os dois caem na risada. Ronaldo entrega um envelope amarelo a Carlos, que pega imediatamente. Ele abre, admirando as fotos que estão lá dentro. CARLOS: Boa. Essas fotos vão ser de muita serventia. Os dias de ‘madame’ da Janaína tão contados. RONALDO: Missão dada é missão cumprida. Carlos caminha até seu guarda-roupa e retira de cima dele uma caixa, a qual abre e retira uma quantia em dinheiro. Ele volta para a sala. CARLOS: O combinado. Carlos entrega o dinheiro a Ronaldo, que confere nota por nota. RONALDO: Certinho. Como eu imaginei. Precisando cara, é só me chamar. CARLOS: Tô sabendo. Agora ‘vamo’ tomar uma cerva bem gelada pra comemorar! RONALDO: Só se for agora! | Cena 05 | Universidade Campelo Costa. Exterior. Fim da aula.
Música: “El
mariachi loco”. MARCELO: Ué, cadê a Fabi e o Luciano? CLÁUDIO: Acho que rolou um estresse entre o casal. O Luciano recebeu um sms da Fabiana no meio da aula e foi ver o que ela queria, e até agora! BRUNA: Que estranho... CLÁUDIO: Estranho ou não, quem tem seus problemas que resolvam depois! Hoje é dia de comemoração galera! ‘Bora’ todo mundo pro Ponto! | Cena 06 | Condomínio Almirante. Interior do corredor. Jaqueline, Igor e Suzana caminham pelo corredor até chegarem às portas de seus apartamentos. JAQUELINE: Você parece não ter ficado feliz com a volta do seu filho à vida, dona Suzana. SUZANA: Oh querida, é claro que fiquei. Acontece que não sou muito de demonstrar emoções. É de mim sabe. Sempre fui assim. JAQUELINE: Eu se fosse a senhora, deixava essa bobagem de lado e aproveitaria a partir de agora a chance que tá tendo de se reaproximar dele. O Celso é um cara maravilho. IGOR: Quem vê você falando assim nem percebe que você é completamente apaixonada pelo cara. Suzana sorri de leve. Jaqueline não gosta do comentário do irmão. SUZANA: Deixa meu rapaz. O amor é assim mesmo, nos deixa bobo. Você está certa Jaque. E eu espero que seja feliz com meu filho. Digam que mandei um beijo pra Isabel. Suzana dá uma piscadela para Igor, e em seguida entra em seu apartamento. Jaqueline não percebe. JAQUELINE: E você quer que eu acredite que tá tendo um caso com essa mulher?! Faz favor né Igor. Ela mal fala com você. IGOR: Olha garota, você é mesmo muito sem noção. Não viu a piscadela que ela me lançou?! Mas tudo bem debocha enquanto pode. Vou te provar que é verdade. | Cena 07 | Bar Ponto de Encontro. Interior. Chad e Melissa estão namorando no balcão central, enquanto os funcionários organizam as mesas para o almoço. Os republicanos entram pela porta fazendo a bagunça de sempre. CLÁUDIO: Namorando na hora do expediente casal?! Pode não hein...! BRUNA: Que belo exemplo está me dando chefinho. MARCELO: Se é assim, a gente também pode né. Marcelo beija Bruna. Valeska põe o dedo na língua e finge que vai vomitar. CHAD: Que é isso minha gente! Vocês tão vendo coisa. Eu só tava tirando um cisco do olho de minha donzela. MELISSA: (derretida) Ai ‘mô’, adoro quando você me chama de donzela. VALESKA: Isso é demais pra mim... Melissa lança-lhe um olhar mortal. Mas Valeska não espera para ver e se retira dali. CLÁUDIO: Ih já vai tarde ô sua azeda! MELISSA: Não sei como essa aí ainda tem coragem de aparecer por aqui. VANESSA: Ai gente, agora não é hora pra isso. CHAD: É isso aí Vanessinha, pra frente é que se anda. Mas então... Quê que ‘cês’ mandam? MARCELO: Bebida pra todo mundo! Hoje a gente tem um motivo mais que especial pra comemorar. MELISSA: Ah é? E eu posso saber que motivo é esse? CLÁUDIO: O Celso acordou do coma! CHAD: (exagerado) Que maravilha! MELISA: Que notícia fantástica. Graças a Deus aquele santo saiu do sono profundo. Maldade demais tudo isso que aconteceu né. Ele não merecia. BRUNA: É. Mas parece que agora vai ficar tudo bem. O mais difícil passou, com um pouco de paciência ele vai se recuperar por completo. CHAD: Então é isso. Em homenagem ao nosso companheiro que voltou a viver, bebida por conta da casa pros republicanos! Comemoração geral. CHAD: Menos pra você Bruninha, que já está em serviço. BRUNA: Mas eu me contento com um suco de tomate. Não bebo mesmo. CHAD: Então tá!
| Cena 08 | São Paulo. Exterior Passagem de tempo. O dia dá lugar a noite estrelada. Close na fachada da República Universitária Laços de Amizade. | Cena 09 | República Universitária Laços de Amizade. Interior do quarto Maçã. Bruna vem vindo do banheiro. Fabiana está jogada na cama, desanimada. Sonoplastia baixa. BRUNA: Quê que tá acontecendo Fabi? Que cara é essa? FABIANA: A de sempre amiga. BRUNA: Só que sem aquele sorriso contagiante que eu adoro. Fala comigo amiga. Hoje de manhã você e o Luciano sumiram, estão brigados, é isso? FABIANA: É. BRUNA: Você sabia desde sempre que ele não é um garoto fácil. Mas vocês se gostam. Confia em mim, vai ficar tudo bem. Agora melhora essa cara vai, vamos descer antes que a Celina... As palavras de Bruna são interrompidas por um grito vindo do andar de baixo. (off) La cena se sirve! [O jantar está servido] Bruna e Fabiana se entreolham e sorriem de leve. CORTA PARA, República. Interior da sala. Todos estão reunidos à mesa para a refeição. CELINA: Hoy, la cena tendrá un sabor muy especial para todos nosotros. El sabor de esperanza y felicidad. Felicidad que se ha visto sacudida en las últimas semanas por el hecho que se lo ocurrió con mis hijos amados, Celso e Cláudio, pero que ahora está acerca de volver por completo. Es por Celso que agradecemos el día de hoy, por su recuperación. [Hoje o jantar terá um sabor muito especial pra todos nós. O sabor da esperança e da felicidade. Felicidade que foi abalada nas últimas semanas pelo que aconteceu com meus filhos amados, Celso e Cláudio, mas que agora está perto de voltar por completo. É pelo Celso que agradecemos o dia de hoje, pela sua recuperação.] Bruna, Vanessa, Fabiana e Cláudio estão mais emocionados que os demais. MARCELO: Tá todo mundo muito feliz pela melhora dele, Celina. Isso aqui não é a mesma coisa se falta um de nós, mas o importante é pensar que logo logo ele tá de volta, estudioso como sempre. CLÁUDIO: É isso aí pessoal. Nada de tristeza. O pior já passou. VANESSA: Ai gente para se não eu choro. BRUNA: Vamos comer. Quero provar logo essa macarronada do José, e tenho que voltar ao trabalho. JOSÉ: Espero que a todos le gusten. [espero que todos gostem] | Cena 10 | Condomínio Almirante. Apartamento 210. Int. Suzana termina de jantar, sozinha, sentada a uma mesa redonda e pequena, na sala de estar. Enquanto leva a taça de vinho a boca e toma o último gole da mesma, ouve-se a campainha tocar. Ela sorri enigmaticamente. Levanta-se e caminha em direção a porta do apartamento, abrindo-a em seguida. Close nela. SUZANA: Eu sabia que você voltaria bebê. Mas o que significa isso? Close na visita. É Igor que está com uma filmadora posicionada na direção dela. Ele entra no apartamento e continua filmando-a. IGOR: Significa que hoje eu quero filmar tudo com você. Suzana deixa escapar um sorriso sacana. SUZANA: Garotos... Gostam de uma novidade! IGOR: Você não?! SUZANA: Claro que sim... Igor se aproxima dela e lhe dá um beijo quente nos lábios, enquanto filma. Os dois vão para o quarto. | Cena 11 | Bairro Santa Felícia. Casa de Carlos. Interior. Ouve-se o som de alguém bater na porta. Ele vai atender imediatamente. Ao abrir a porta, close em Luciano parado, de frente para o pai. CARLOS: Não acreditei quando ‘tu’ disse que vinha. Luciano entra sem pedir licença. LUCIANO: Tô precisando de um favor. Carlos fecha a porta. CARLOS: (irônico) Claro. Saudade é que não haveria de ser né. LUCIANO: Não vamos começar com a ladainha de sempre e que não leva a nada. Aconteceram umas coisas aí e eu ‘tô’ precisando de dinheiro. CARLOS: (curioso/preocupado) Quê que aconteceu? Vê lá hein moleque, não vai se meter com gente perigosa... LUCIANO: (irônico) Tipo você? CARLOS: (bravo) ‘Tu’ me respeita que eu sou teu pai. LUCIANO: Minha namorada ‘tá’ grávida. A gente não quer essa criança e ela vai fazer um aborto. Carlos balança a cabeça, pensativo. CARLOS: Garoto esperto. Puxou a mim. Tá certo. Um filho agora só iria atrapalhar tua vida. LUCIANO: ‘Me poupa’ dos teus “conselhos”. Eu só vim aqui porque é a única pessoa que eu conheço com quem posso contar no momento. Vai poder me ajudar ou não? CARLOS: Ajudo, mas tem uma coisa... LUCIANO: (impaciente) Que coisa? CARLOS: Tu vai ter que me dizer onde a Janaína tá morando, ou melhor, aonde é o escritório do advogadozinho de merda que tá sustentando ela... LUCIANO: Você só pode tá de brincadeira... CARLOS: Eu não sou homem de brincadeira moleque. E aí?! É pegar, ou largar... Close em Luciano, encurralado. Carlos está com um maço de dinheiros nas mãos. Enquanto Luciano passa a mão no queixo, em dúvida. CARLOS: E então? Tô esperando tua resposta. LUCIANO: Eu não posso fazer isso. A Janaína já sofreu demais na sua mão. CARLOS: Eu só quero falar com ela. LUCIANO: Falar o quê? Acha que alguma coisa que disser vai fazê-la voltar? Você só pode tá de brincadeira! Depois de tudo que... Carlos o corta grosseiramente. CARLOS: O dinheiro tá aqui há poucos centímetros da tua mão. A decisão é tua. E eu acho que eu sei qual vai ser. Carlos o encara firme. Luciano devolve o olhar, pensa um pouco e aceita o dinheiro. CARLOS: Garoto esperto! | CENA 12 | Condomínio Almirante. Apartamento 210. Int. Vindos do quarto, Suzana e Igor caminham até a porta. Ele está contrariado, e ainda está veste sua blusa regata azul. IGOR: Qual é o seu problema? Vai ser sempre assim? Depois do amor, o dissabor?! SUZANA: Vocês garotos de hoje são tão dramáticos. O que você sabe do amor? IGOR: (desconfiado) Você não é casada não né? É a única explicação pra me expulsar da sua casa feito um bandido, toda vez que venho. Suzana mostra-lhe a mão esquerda. SUZANA: Está vendo aliança no meu dedo querido? Não. Logo, eu não sou casada. Agora, chispa. Igor lembra-se de algo. IGOR: Minha câmera! Esqueci no quarto. SUZANA: Vai buscar, rápido. Igor corre até o quarto e rapidamente retorna com a filmadora na mão direita. SUZANA: Não se esqueça de me fazer uma cópia de nosso filminho. Adorei a brincadeira. Suzana abre a porta. Do outro lado, Cláudio está em posição de tocar a campainha. Close no rosto dos três, um por vez, Suzana, Igor e Cláudio, ambos surpresos com a situação. CLÁUDIO: O que esse cara tá fazendo aí?! IGOR: A pergunta é: o que VOCÊ faz aqui? SUZANA: Ah não! Vocês que são jovens, que se entendam. Boa noite, rapazes! Suzana empurra Igor para fora de seu apartamento e se despede deles com um sorriso de leve e um tchauzinho cínico. Fecha a porta logo em seguida. Do lado de fora, Igor e Cláudio estão desconfiados. CLÁUDIO: E essa câmera na tua mão? IGOR: Ih qual foi cara! Desde quando eu te devo satisfações? CLÁUDIO: (tentando deduzir algo) Você e a mãe do Celso... Vocês não tão... Igor diz que sim com a cabeça e corta a fala de Cláudio. IGOR: E pelo visto eu não sou o único né. Igor entra no apartamento 209 batendo a porta na cara de Cláudio, que está frustrado. | CENA 13 | São Paulo. Exterior. MÚSICA: “Filosofia de bar – Jovelina e Seu Jorge”. Passagem de tempo. Fim de noite. Nasce um novo dia. Close na fachada do escritório de Darlan. | Cena 14 | Escritório de Darlan. Interior do local. Recepção. Uma mulher de terninho social escuro fala ao telefone, distraída. Fim da sonoplastia. Carlos adentra ao local sem cerimônia e se dirige até a mulher. CARLOS: Eu quero falar com esse advogadozinho de porta de cadeia! Ele taí?! SECRETÁRIA: O senhor marcou hora? CARLOS: (grosso) Que mané hora! Carlos ignora a secretária indo em direção a uma porta cuja plaquinha diz “Dr. Darlan Rezende”. Ele invade a sala de Darlan, que se assusta. DARLAN: Mas o que significa isso? SECRETÁRIA: Eu tentei impedir, senhor. CARLOS: Eu vim te mandar ‘a real’ sobre a piranha da Janaína. Darlan olha para a secretária, que se retira imediatamente. DARLAN: (intrigado) Quem é você? CARLOS: Não interessa quem eu sou. Eu só vim abrir teu olho granfino. A Janaína é não é quem tu pensa. (ele enfatiza) Ela é uma prostituta! Close em Darlan, horrorizado com a revelação de Carlos. DARLAN: Mas que absurdo é esse?! Quem você pensa que é pra entrar no meu escritório e difamar minha mulher desse jeito? Saia daqui imediatamente. CARLOS: A tua mulher já se deitou com toda a macharada de São Paulo! Inclusive comigo. E eu tenho provas do que eu to falando, bacana. Carlos oferece o envelope amarelo com as fotos à Darlan, que hesita por um instante. CARLOS: Vai preferir ser corno sem saber meu chapa?! Darlan arranca o envelope das mãos de Carlos e o abre imediatamente. As fotos mostram Janaína com um cliente, em momentos de intimidade. Close em Darlan, sua expressão é indecifrável. Uma lágrima escorre pelo seu rosto. CARLOS: Eu já dei meu recado. Agora tu é que sabe se vai querer dormir com uma mulher que já passou pela mão da cidade toda. Carlos dá um sorriso debochado, e sai, batendo a porta. Darlan senta na cadeira, limpa as lágrimas do rosto e soca sua mesa de vidro. | CENA 15 | Condomínio Almirante. Apartamento 209. Interior do quarto de Igor. Ele está vestido com o uniforme da escola, sentado na frente do computador. Jaqueline entra no local. JAQUELINE: (debochada) Pornografia a essa hora da manhã Igor? Tá realmente complicado pra você hein, meu filho. Ele fala com a atenção voltada para o computador. IGOR: Eu não iria te chamar pra ver pornografia comigo né maninha. Se bem que o que tenho pra te mostrar não é recomendado para menores de 17. Mas, como eu prometi que ia te provar. Eis a prova. Igor clica duas vezes em um arquivo na área de trabalho do PC, que se abre imediatamente. É um vídeo onde aparecem ele e Suzana, na noite anterior, no momento em que ele chega a sua casa. JAQUELINE: (incrédula) Fala sério... IGOR: Vai dizer que é montagem agora?! Close na tela do computador. Suzana e Igor se beijam, ela tira a blusa do rapaz. Jaqueline não acredita no que vê. JAQUELINE: Meu Deus... Que vaca! Igor fecha a janela do vídeo. IGOR: Chega. Como eu disse, o conteúdo é impróprio para menores. Ele ri debochado. Jaqueline bufa de raiva. JAQUELINE: Inacreditável. Imagina quando o Celso souber disso... IGOR: E tem mais maninha, ao que parece, ela também anda de ‘lancinho’ com o Cláudio, que se diz melhor amigo do Celso. Imagina se eles fossem inimigos hein. Abre o olho garota. JAQUELINE: Vocês homens não prestam mesmo. IGOR: (incrédulo) Quê?! Garota, sua sogrinha é quem fica tentando caras mais novos, beleza?! E ‘vamo’ combinar que ela tá com tudo em cima. Que cara negaria fogo?! Se tem alguém aqui que não presta, bom, não sou eu. ‘Bora’ pra aula antes que a mãe comece a nos expulsar. Igor desliga o monitor do PC e pega sua mochila em cima da cama. Jaqueline continua chocada. | CENA 16 | Universidade Campelo Costa. Int. A movimentação está intensa nos corredores do andar de cima do campus. Luciano e Fabiana estão conversando, tensos, encostados nas grades de proteção. De onde o casal está é possível ver a movimentação no pátio principal do campus, no andar de baixo, onde estão vários alunos. LUCIANO: Eu já tenho o dinheiro. FABIANA: Eu ainda não me decidi. Bravo, ele segura com força no braço dela. LUCIANO: Como não?! Já está tudo certo. Não tem volta, Fabiana. Você vai tirar essa criança, por bem ou por mal. FABIANA: Me solta. Que estupidez é essa agora? Quê que tá acontecendo com você?! Fabiana se solta, e sai quase chorando. Luciano passa mão pelo cabelo, preocupado. Close em Bruna e Marcelo, que lá do andar de baixo assistiram a cena. BRUNA: Tá acontecendo alguma coisa entre eles. MARCELO: Mas a Fabiana não te falou? BRUNA: Sim, mas acho que não falou tudo. Tem mais coisa aí. Os dois andam muito desconfiados. Você viu como o Luciano foi agressivo com ela? MARCELO: Sim, exagerado até. Vou ver se arranco alguma coisa dele depois. BRUNA: E eu dela. Vamos, a aula já vai começar. | CENA 17 | Escritório de Darlan. Interior. Desolado, ele está sentado em sua cadeira, pensativo. Lágrimas escorrem pelos seus olhos. As fotos espalhadas pela mesa de vidro, assim como outros objetos que compõem sua escrivaninha. Alguém bate na porta. Lentamente, a secretária abre-a, mas permanece atrás dela. Darlan se faz de forte, e enxuga as lágrimas, discretamente. SECRETÁRIA: Dr. Darlan... Está tudo bem? Aquele seu cliente está aí fora, posso mandá-lo entrar? DARLAN: Eu não quero falar com ninguém. SECRETÁRIA: Mas ele disse que é importante. DARLAN: Eu não vou receber mais ninguém por hoje. Estou indo pra casa. SECRETÁRIA: Tudo bem, senhor. A secretária fecha a porta. O semblante de Darlan é sério. | CENA 18 | Bela Vista. Mansão Rezende. Interior. Sala de estar. Janaína está entediada, sentada no sofá, zapeando os canais da TV. A empregada surge no local. EMPREGADA: A senhora deseja alguma coisa dona Janaína? JANAÍNA: Um serviço qualquer que me distraia. Você tem algum na cozinha pra me oferecer, Zuleide? ZULEIDE: Não senhora. O doutor Darlan me mata se souber que pus a senhora pra fazer meus serviços domésticos. JANAÍNA: Essa vida de ‘madame’ não é pra mim, Zuleide. Mas respondendo a sua pergunta, não preciso de nada não. Preocupe-se com o almoço, pra quando o Darlan chegar. A empregada se retira. Janaína volta a se distrair com a TV. Alguém entra grosseiramente pela porta, assustando Janaína. Ao perceber a presença de Darlan, ela vai animada em direção em sua direção. JANAÍNA: Meu amor, que bom que veio mais cedo. Antes que Janaína lhe envolvesse em um abraço, Darlan dispara sua mão no rosto dela, que vira o rosto com a força da pancada. DARLAN: (bravo) Sai da minha casa. Close em Janaína, apavorada com a reação do namorado. | CENA 19 | Universidade Campelo Costa. Intervalo das aulas. Ext. No pátio central que dá acesso a saída do campus, muitos estudantes circulam e ocupam o local, aos poucos. Close em Luciano e Cláudio, sentados em um banco. Cláudio fala empolgado de algum assunto. Luciano está com pensamento distante. CLÁUDIO: Qual foi Luciano?! Eu to te falando do meu dilema amoroso com uma coroa mais velha, e tu tai no mundo da lua cara. Quê que tá pegando? LUCIANO: Nada não cara. Umas paradas aí que tenho que resolver. Mas fala aí, que história cabeluda é essa? CLÁUDIO: Tô te falando! E o pior ainda não contei, a coroa é a mãe do Celso. LUCIANO: (surpreso) Como é que é? CLÁUDIO: Desde o dia em que a conheci no hospital, ela não parou de investir em mim cara. Eu sei que pegar mãe de amigo é inaceitável, mas na boa, não tem quem resista àquela maravilha de mulher. Eu duvido que tu resistiria. LUCIANO: Você tem noção do que tá fazendo cara? O Celso é nosso amigo. Ele nunca vai te perdoar por isso. Logo você! CLÁUDIO: Eu sei, eu sei. Já vacilei tanto com ele. Minha consciência tá pesada. O Celso não merece a mãe gostosa e desnaturada que tem. Eu me sinto mal por isso, mas ela é um pedaço de mau caminho Luciano. Tu sabe, a carne é muito fraca. E pra piorar... Acho que ela tá pegando o ‘zé mané’ do Igor também. LUCIANO: O quê? Mas que tipo de mulher é essa Suzana? CLÁUDIO: Do tipo que curte caras mais novos ué. LUCIANO: Cara, na boa. Se você realmente dá valor a uma amizade na vida, sai fora enquanto é tempo. Escuta o que to te falando. Isso não se faz. Luciano sai em direção à lanchonete, deixando Cláudio pensativo. CORTA PARA, lanchonete do campus. Marcelo está sozinho, sentado a uma mesa, tomando suco. Luciano senta-se numa cadeira vazia na mesma mesa. LUCIANO: Cadê a Bruna? MARCELO: Deve estar com a Fabi. Queria mesmo falar contigo. LUCIANO: Sobre? MARCELO: Você e a Fabiana. Quê que tá rolando? LUCIANO: (grosso) Não é da sua conta. MARCELO: Não precisa atirar pedras, Luciano. Sou teu amigo cara. Só quero te ajudar. LUCIANO: (nervoso) Ajudar? Ninguém pode me ajudar agora, Marcelo. Ninguém! Luciano deixa Marcelo falando sozinho. MARCELO: Quê que deu nele?! | CENA 20 | Universidade Campelo Costa. Em algum local do campus. Ext. O ambiente parece um jardim, poucas pessoas transitam por ali. Fabiana está sentada na grama verde, encostada em uma árvore grande. Bruna avista a amiga e demonstra uma expressão de “até que enfim de encontrei”. Ela caminha até Fabiana. BRUNA: Oi. Posso me sentar?! Fabiana dispara a fala. FABIANA: (desequilibrada) Por que tem que ser assim Bruna? Por que isso tinha que acontecer? Eu não sei o que fazer. Eu não quero me arrepender depois. Eu to desesperada... BRUNA: Calma amiga. Me fala o que está acontecendo? Eu quero te ajudar. FABIANA: Eu... BRUNA: Você...? Fabiana desconversa. FABIANA: Eu e o Luciano. A gente tá brigando demais... BRUNA: Você tem certeza que é só isso Fabi? FABIANA: Claro Bruna. O Luciano não é o mesmo de antes. Eu to confusa, com medo, sei saber o que fazer... Bruna está desconfiada. BRUNA: Você sabe que pode contar comigo pra tudo né? Tudo MESMO. Fabiana olha para Bruna, mas desvia rapidamente o olhar, assentindo com a cabeça. | CENA 21 | Bela Vista. Mansão dos Rezende. Interior da sala principal. Janaína aparentemente recomposta do tapa que levara está horrorizada com a atitude inesperada de Darlan, que por sua vez, permanece frio como uma pedra de gelo. DARLAN: Até quando você pretendia esconder de mim suas sujeiras?! JANAÍNA: (chocada) Do que você tá falando? DARLAN: (grita) Eu estou falando disso! Ele joga o envelope em cima da mesinha de centro. Janaína o observa, receosa, mas o abre. Ao ver o conteúdo das fotos, seu semblante amedrontado se transforma em tristeza. Ela geme a fala. JANAÍNA: Eu... Eu ia te contar. DARLAN: (agressivo/grita) Quando? Hein Janaína?! Quando você ia me contar? Quando a imprensa inteira descobrisse e deixasse o país todo a par do tipo de mulher com qual eu estou me relacionando? Uma prostituta! JANAÍNA: (grita) Não fala assim comigo! (normal) Eu ia te contar... Janaína tenta se aproximar dele. DARLAN: Não chega perto de mim. JANAÍNA: Eu tive medo Darlan. Tive medo da sua reação. DARLAN: E com toda razão. Como você acha que eu reagiria ao saber que a mulher a quem eu dei tudo, por quem eu me apaixonei perdidamente... Já passou pelas mãos de sabe Deus quantos homens! JANAÍNA: Me perdoa... Eu sei que errei ao esconder isso de você. Mas o que eu sinto por você é verdadeiro. Eu te amo de verdade. E nunca vou amar outro homem com tanta intensidade. DARLAN: Você devia ter me contado antes. JANAÍNA: Eu não tive escolha. Você não sabe o que eu passei quando cheguei a São Paulo... DARLAN: Nem quero saber. E nada do que você disser será suficiente ‘pra’ me convencer. Nada justifica você vender seu corpo por dinheiro. Pior. Nada justifica você enganar um homem que fez tudo por você... TUDO!... Eu te amava Janaína... Ela tenta novamente se aproximar dele. JANAÍNA: (nervosa) Meu amor, escuta... Olha nos meus olhos. Eu sei que errei em não contar desde o início, mas eu sou um ser humano como outro qualquer, tenho defeitos. A vida não foi generosa comigo, meu amor... Vamos esquecer isso, vamos recomeçar. Por favor. DARLAN: Com certeza vou esquecer. Assim como um dia esquecerei que você passou pela minha vida. E francamente Janaína, você acha que um advogado de prestígio nacional como eu vou ter minha imagem associada a alguém como você? JANAÍNA: O que você quer dizer com isso? DARLAN: Eu quero dizer que acabou. Vou sair, e quando voltar, não quero te encontrar por aqui. Quero você fora da minha casa, o quanto antes. Darlan se retira friamente dali. Close em Janaína, arrasada e com um mar de lágrimas no olhar. |
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