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VOZ DE JOSH
– Anteriormente em New Stages... CENA 01. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. SALÃO DE FESTAS. INT. NOITE.
(Música: Give Me
Love – Ed Sheeran)
JOSH – (se
aproximando do garoto) Aqui está...
Josh entrega a
taça para o garoto e se senta em frente a ele. Close apenas em Josh.
JOSH – É muito bom
tê-lo de volta na universidade. Eu não sei o que seria da minha vida
sem você aqui... Definitivamente, eu não quero perder você nunca mais.
VOZ MASCULINA – Você nunca irá
me perder, Josh...
Então a câmera
revela o dono da voz. É Austin. Ele sorri para Josh.
AUSTIN – (pegando na
mão de Josh) Eu não seria capaz de deixá-lo sozinho...
JOSH – Por um
momento, eu achei que você fosse embora da minha vida definitivamente.
AUSTIN – E deixá-lo
livre para outros garotos? (ri) Você não sabe como eu sou ciumento...
Austin olha para
os casais e depois volta a se concentrar em Josh.
AUSTIN – (colocando a
taça na mesa e puxando o braço de Josh) Você me concederia a honra
dessa dança?
JOSH – (ri) Austin,
eu não sei dançar...
AUSTIN – Nem eu. Se for
para pagar mico, então pagaremos mico juntos.
Josh ri e se
levanta da cadeira onde estava sentado. Austin olha apaixonadamente
para o garoto e continua o puxando para o centro do salão. Então, larga
o seu braço e fica rodando em volta de Josh. O último garoto acompanha
as voltas que Austin dá em torno dele. Em sua observação, percebe que
todas as pessoas que estavam presentes na festa desapareceram. O garoto
se assusta e volta a se focar em Austin, mas percebe que ele também não
está mais ali.
Josh acredita que
está delirando e então fecha os olhos, tornando a abri-los após alguns
segundos. O garoto se espanta ao perceber que todas as pessoas
reapareceram, menos Austin. Josh, desesperado, começa a correr pelo
salão.
JOSH – (se dirigindo
até um casal) Vocês viram o Austin?
O casal acena
negativamente com a cabeça.
JOSH – Não é
possível... Ele estava aqui.
Josh então
caminha até outro casal.
JOSH – Vocês viram
para onde o Austin foi?
GAROTO – Josh, o Austin
morreu...
JOSH – Não...
(irritado) Ele não morreu! Ele estava aqui! Comigo! E simplesmente
desapareceu! Ele deve estar em algum lugar... Ele pode ter ido ao
banheiro. Mas por que iria sem me avisar?
GAROTA – Josh, você
está paranoico... O Austin não está mais entre nós.
JOSH – Ele está! E
ele iria dançar comigo! Ele não pode ir embora sem a nossa dança...
Josh empurra o
casal e passa entre eles. O casal olha assustado para o garoto.
Josh interrompe
seus passos e fica parado no meio do local. A câmera dá uma volta de
360º em torno dele, que olha para o salão tentando avistar o seu
namorado. Josh volta a fechar os olhos e a abri-los. Inesperadamente,
todos os estudantes foram substituídos por várias imagens do Austin. O
garoto sorri e caminha em direção a um deles.
JOSH – Austin, eu
sabia que eles estavam dizendo besteira... Você não morreria... Você
mesmo disse que não seria capaz de me deixar sozinho.
E quando Josh vai
tocar no garoto, ele simplesmente desaparece.
JOSH – Austin?
(confuso) O que está acontecendo aqui? Você disse que eu não iria te
perder.
Josh olha para os
lados e continua vendo garotos com a aparência do Austin por toda a
parte. Então, se aproxima de mais um e a situação volta a se repetir.
Quando vai tocá-lo, a imagem do rapaz desaparece. Josh caminha,
angustiado, por todo o salão, tentando encostar em todos os garotos que
estão ali, mas eles vão sumindo. Um a um. A visão de Josh começa a
ficar embaçada e o garoto cai no chão.
JOSH – Austin?
(fechando os olhos e abrindo-os freneticamente para tentar recuperar a
visão) Por que você está fugindo de mim? Por quê? Essa era pra ser a
nossa dança...
A câmera se
afasta, mostrando Josh sozinho no salão, sentado no chão e sendo
iluminado pelos vários refletores do local. Ele olha para os lados
alternadamente na tentativa de encontrar Austin. A imagem corta
rapidamente para:
CENA 02.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. DIA. (Música cessa num baque.) Josh se levanta da cama em um impulso involuntário, sendo despertado pelo sonho que acabara de ter. Com a respiração ofegante, o garoto percebe que está na realidade e deixa uma lágrima rolar sobre o seu rosto. A imagem corta rapidamente para: |
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3x02 - QUEBRANDO MUROS |
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CENA 03.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. SALA DO DIRETOR GROBAN. INT. DIA.
O diretor Groban
está fazendo algumas anotações em uma de suas papeletas. Alguém bate a
porta.
SR. GROBAN – Entre, por
favor.
A porta é aberta
pela pessoa que está atrás dela. A câmera revela Chelsea, que entra no
escritório em passos lentos, demonstrando estar um pouco receosa.
SR. GROBAN – (abandona a
caneta com a qual está escrevendo e dá um giro em sua cadeira) Ora,
ora... E não é a que a garota que tentou cometer um massacre contra os
meus alunos voltou a pisar na Universidade da Califórnia?
CHELSEA – (gagueja)
Senhor Groban, eu... eu...
SR. GROBAN – Tudo bem,
senhorita Harris. Você não está aqui para ser julgada. Por favor, feche
a porta e se sente. Nós temos muito o que conversar.
Chelsea atende ao
pedido do diretor e caminha até a cadeira a frente de sua mesa,
se sentando nela logo em seguida. O senhor Groban encara a garota,
balançando freneticamente a caneta que segura em suas mãos.
SR. GROBAN – (quebrando o
silêncio) Muito bem! Se eu não estou enganado, nós marcamos uma
reunião...
CHELSEA – Sim, para
conversarmos a respeito do meu futuro nesta universidade.
SR. GROBAN – Exatamente, um
futuro que, por um fio, você não jogou na lata de lixo.
CHELSEA – Mil desculpas,
senhor Groban, eu não estava no meu controle naquele dia...
SR. GROBAN – E este é
exatamente o meu medo. Como posso te admitir de volta nesta
universidade se a qualquer hora você pode sair do seu controle?
CHELSEA – Eu prometo que
isso jamais se repetirá. Não foi a toa que eu aceitei ser internada em
um centro psiquiátrico. O meu objetivo era me recuperar e voltar para
esta universidade totalmente determinada a seguir em frente. Isto é, se
o senhor me permitir...
SR. GROBAN – Ainda tenho
dúvidas quanto a isso... Você tem que entender que um tratamento
psicológico não apaga o que você fez no ano passado, Chelsea.
CHELSEA – Eu estou
segura disso, senhor Groban. Eu cometi um erro... Um erro muito grave,
eu reconheço... Mas eu tentei consertá-lo. Eu estava no meu limite. Em
uma fase muito complicada da minha vida. Mas eu procurei ajuda. Eu
percebi que eu fracassei. E eu não posso continuar fracassando, você
não concorda? Eu quase abri mão de tudo naquele dia.
SR. GROBAN – Chelsea, você
saiu da universidade e retornou aqui com uma arma em mãos. Trancou os
estudantes no refeitório e fez eles de reféns. Você espalhou o terror
nesta universidade. O pior poderia ter acontecido...
CHELSEA – Mas não
aconteceu.
SR. GROBAN – E você não
pode me garantir que tudo isso ficou no passado. Eu tenho medo de que
isso volte a ocorrer em qualquer momento...
CHELSEA – Não vai,
diretor Groban. E eu nunca estive tão certa em toda a minha vida. Eu
não sou louca. O tempo que eu passei naquele reformatório não foi
apenas um período de recuperação. Foi um período de reflexão. Eu
percebi que eu estava complicando a minha vida e que eu não queria
continuar alimentando todos os meus problemas. Eu estou aqui preparada
para construir uma vida nova...
SR. GROBAN – Você tem
certeza que quer isso? Você apontou uma arma para os meus alunos. Eles
não vão querer olhar mais para a sua cara.
CHELSEA – Tudo bem, eles
vão me olhar torto no início, mas eu vou fazer de tudo para recuperar a
confiança de todos...
SR. GROBAN – Os pais não
vão permitir que seus filhos tenham sua vida universitária ao lado de
uma garota que ameaçou a sobrevivência dos estudantes.
CHELSEA – Pelo amor de
Deus, eu não matei ninguém... (se levanta da cadeira) Eu não sou uma
assassina.
SR. GROBAN – Eu não quero
ter problemas, Chelsea. (se levanta também da cadeira) E eu estou
desconfiado de que o seu comportamento está sendo alterado neste exato
momento...
CHELSEA – Senhor
Groban... (coloca as mãos na mesa e encara o diretor) Fique tranquilo,
pois não vou tirar uma arma do bolso e apontá-la para o seu rosto...
(pausa) Eu aprendi muito com o meu erro nos últimos meses. Eu paguei
por ele. E agora estou aqui te pedindo uma única chance... Uma única
chance para te provar que não sou uma psicopata.
SR. GROBAN – Eu sei disso,
Chelsea... Foi por isso que eu te dei uma chance para se explicar...
CHELSEA – Eu não estou
sendo capaz de te convencer?
SR. GROBAN – Você está. Mas
cabe a mim analisar todos os detalhes desse incidente...
CHELSEA – Você quer um
tempo para pensar?
SR. GROBAN – Não. Eu vou
dar um tempo para você. Volte para o seu dormitório e volte a ter a
vida que você tinha antes. Sem todos os problemas anteriores, claro...
Me surpreenda, Chelsea. Se eu notar que você está andando na linha,
você ganhará uma outra oportunidade na universidade.
CHELSEA – Não se
preocupa com o que os pais irão dizer?
SR. GROBAN – Bom, eu tenho
algum poder nesta universidade... Eles podem dizer qualquer coisa, mas
eu não seria louco de perder uma boa aluna como você. Você tem boas
notas, é inteligente e responsável. Você é um exemplo para a
Universidade da Califórnia.
CHELSEA – Eu prometo que
você não irá se arrepender por ter me dado essa oportunidade.
SR. GROBAN – Eu espero...
(sorri) Ah! Antes que eu me esqueça... (leva a mão até o paletó e tira
um cartão de dentro dele) Eu quero que você passe a ir regularmente ao
escritório da doutora Nichols. (entregando o cartão para ela) Não por
achar que você é louca. Apenas porque acho que te fará bem.
CHELSEA – (pegando o
cartão) Acho que posso fazer isso por você... Depois do que fez para
mim. (sorri)
SR. GROBAN – Eu estou
colocando a minha mão no fogo por você, Chelsea... Eu jamais daria uma
segunda oportunidade para quem ameaçou o nome da universidade que
comando... Você é uma exceção na qual eu estou acreditando totalmente.
CHELSEA – Obrigada,
diretor Groban... Eu não vou manchar a sua credibilidade...
Chelsea sorri e
estende a sua mão. O diretor Groban reconhece a atitude gentil da
garota e a cumprimenta. Chelsea então se retira da sala. O diretor se
senta em sua cadeira e leva a caneta que segurava até a boca,
mordiscando-a, orgulhoso.
CENA 04.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CORREDOR DOS DORMITÓRIOS. INT. DIA. (Música: Back To Me Without You - The Band Perry)
Josh está sentado
no chão do corredor, com a coluna encostada na porta de seu dormitório. Chelsea caminha até ele, preocupada.
CHELSEA – Josh, não era
pra você estar em horário de aula?
JOSH – (levanta a
cabeça e olha para a garota) Chelsea, não era pra você ter sido expulsa
da universidade? (pausa) Não quis ser grosseiro...
CHELSEA – Tudo bem, eu
também achei que seria expulsa depois do incidente com a arma... Mas o
diretor Groban reconheceu o meu esforço em tentar me recuperar e
aceitou me dar uma segunda chance. É... Vocês não se livraram de mim
dessa vez! Chelsea Harris está de volta a Universidade da Califórnia.
JOSH – (esboça um
sorriso) Parabéns, Chelsea... Eu sei que você não queria fazer mal a
ninguém naquele dia.
CHELSEA – (sentando-se
do lado de Josh) O importante agora é que a velha e revoltada Chelsea
Harris está morta. Esta é uma nova versão minha que está sendo
apresentada a você.
JOSH – Eu estou
achando que a sua nova versão vai longe...
CHELSEA – O que me
parece que vai longe é essa sua tristeza... Posso saber quando irá dar
fim a ela?
JOSH – Não sei. É
complicado. Eu não queria me sentir assim, mas eu não tenho o controle
dos meus sentimentos. Já se passaram meses desde a morte do Austin, mas
tudo está vivo em minha memória como se fosse ontem.
CHELSEA – Josh, eu
entendo totalmente a sua situação. Você está se sentindo fraco porque
acabou de perder uma pessoa importante... A velha Chelsea sentia que
estava perdendo as pessoas também. O que eu posso te aconselhar sobre
essa experiência é que não vale a pena se lamentar... Eu tenho certeza
que o Austin não gostaria de te ver assim.
JOSH – Não estou
dando conta de seguir em frente, Chelsea. É muito peso sobre as minhas
costas. E respondendo a sua primeira pergunta, eu cabulei o horário de
aulas... Não consigo prestar atenção em mais nada nem absorver o que me
dizem.
CHELSEA – Você não pode
prejudicar o seu futuro universitário, Josh... (pausa) Olha, eu tenho
algo pra você. (tira um cartão do bolso da calça) O diretor Groban
pediu que eu me consultasse com essa psicóloga. Ela aconselha os
estudantes da universidade. Vai ser bom você desabafar com ela...
JOSH – Será que
adianta continuar me lembrando de tudo o que ocorreu?
CHELSEA – Indo para o
escritório dela ou permanecendo no seu dormitório, você se lembrará de
qualquer forma. Pelo menos visitando a doutora Nichols, você terá
alguém pra te ouvir. Alguém que aliviará um pouco esse peso...
JOSH – (pegando o
cartão) Obrigado, Chelsea... Eu já me sinto bem melhor depois de ter
conversado com você.
CHELSEA – (se levantando
do chão) Não precisa nem agradecer. Qualquer coisa, me procura. Como eu
te disse, Chelsea Harris está de volta a Universidade da Califórnia. E
dessa vez, só sairá no dia da formatura.
Josh ri.
CHELSEA – Nos vemos
depois! (sorri)
Chelsea sai e
caminha em direção ao seu dormitório. Close em Josh, que encara o
cartão entregue pela amiga.
CENA 05. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Tomada da cidade
de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais.
Elas são substituídas por cenários de Nova York. Surge a seguinte
legenda:
CENA 06. CASA DE
MEGHAN. SALA DE ESTAR. INT. DIA. (Música cessa.)
Meghan está
sentada no sofá folheando um álbum com as fotos de seu noivado. De
repente, a porta se abre e a câmera revela Alex. Ele entra no local com
uma mala em mãos.
MEGHAN – (fechando o
álbum, surpresa) Não! Não! Não! Me diga que eu estou sonhando! Porque
eu não posso acreditar que Alex Parker, finalmente, teve coragem de
voltar para a casa.
ALEX – Olá para você
também, Meghan...
MEGHAN – Alex, por
acaso você perdeu o seu celular? Ou você estava me ignorando? Porque eu
não sei se você checou as minhas mensagens de voz, mas mil é o número
mínimo que eu mandei. Inclusive, em uma delas, eu estava te xingando em
árabe. Sim, porque depois de ter sido deixada no altar, eu tive muito
tempo livre para me trancar dentro de casa e me ocupar com qualquer
coisa que evitasse olhar para a cara das pessoas me pedindo informações
sobre o meu noivo desaparecido.
ALEX – Meghan, eu sei
que eu tenho muitas satisfações para te dar, mas este não é o melhor
momento... Eu estou voltando agora de San Francisco e eu preciso...
MEGHAN – (interrompe)
Estava passando a lua de mel com a Marta? Eu não sei se você se lembra,
Alex, mas era comigo que você estava prestes a se casar.
ALEX – Sem sarcasmos,
por favor, Meghan...
MEGHAN – Esta é a
melhor forma que encontrei para lidar com a situação, Alex. Como você
acha que eu me senti após ser abandonada pelo homem que eu amo?
ALEX – Meghan, o meu
filho sofreu um grave acidente. Ele perdeu o seu melhor amigo. E,
consequentemente, nós dois brigamos. Eu não queria voltar para a casa
no momento. Eu precisava de um tempo ao lado do meu filho, da minha
ex-mulher. Eu precisava dar suporte a eles.
MEGHAN – E a mim?
Porque, durante todo esse tempo, você não me ligou uma única vez. Alex,
eu era a sua família. Eu era a sua nova família. E você me trocou pelo
seu passado.
ALEX – Você está
sendo egoísta, Meghan... Eu tive razões bastante convenientes para
cancelar o casamento naquele dia. O meu filho estava correndo risco de
vida.
MEGHAN – Mas
sobreviveu. Ele sobreviveria. Você poderia ter esperado o casamento
terminar para ir atrás dele. Ou então ficar ao meu lado e esperar que a
Marta te comunicasse sobre o garoto pelo telefone...
ALEX – (andando de um
lado para o outro) Eu não acredito no absurdo que estou ouvindo... Você
queria que eu deixasse o meu filho na mão, é isso?
MEGHAN – Bom, não foi
difícil pra você me deixar.
ALEX – O JOSH É O MEU
FILHO! E eu não retornei agora porque estava com medo de te enfrentar.
Eu estava bem ciente quando deixei aquela igreja e fui atrás do meu
filho... Eu estou retornando agora, porque eu tomei uma decisão, Meghan.
MEGHAN – (começa a
gargalhar) Não me diga que você vai voltar a morar com a Marta, porque
isto não me surpreenderia nem um pouco. Você me abandonou no altar
mesmo, não seria nem um pouco complicado me abandonar novamente.
ALEX – Bom, é isso
mesmo.
Meghan engole o
riso e olha espantada para Alex, concluindo que o que ela disse na
brincadeira era realmente verdade.
MEGHAN – Você não pode
estar fazendo isso comigo... (grita) Você não pode fazer isso comigo!
ALEX – Meghan, eu
preciso estar perto do meu filho. A minha única prioridade agora é
tentar reconquistar a confiança dele. O Josh está passando por momentos
complicados e eu sou culpado por uma parte deles. Eu troquei o meu
filho por um casamento que nunca deveria ter sido cogitado.
MEGHAN – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Alex, nós seríamos felizes juntos...
ALEX – Não! (grita)
Nós não seríamos! Tudo era uma mentira, Meghan. Eu aceitei te propor em
casamento porque você simplesmente invadiu a minha privacidade e
colocou uma aliança no dedo, sem saber se ela era realmente para você.
MEGHAN – Era para a
Marta?
ALEX – Poderia ser.
MEGHAN – (limpando a
lágrima com uma das mãos) Então por que você levou o casamento adiante?
Por que você não se rendeu aos braços da sua querida, adorada, perfeita
e insuperável ex-mulher?
ALEX – Porque ela me
pediu que eu me casasse com você.
MEGHAN – (começa a
balançar a cabeça negativamente) Então era isso? Vocês estavam armando
um plano de piedade para mim? Eu não preciso da piedade de ninguém,
Alex... E você não pode me abandonar mais uma vez! Você não pode
abandonar a gente!
ALEX – Eu estou
abandonando a gente, Meghan...
MEGHAN – Quando eu digo
a gente, não me refiro a eu e você... E sim a eu e... (coloca a mão na
barriga) Ao filho que eu estou esperando.
ALEX – (engole seco)
Filho?
MEGHAN – Sim. O nosso
filho. Eu estou esperando um bebê há três meses, Alex. E eu não tive o
pai dele ao meu lado durante boa parte desse período. (começa a chorar)
É isso mesmo que você vai fazer? Nos abandonar e ir morar com a sua
outra família? Bom, se o Josh aprendeu a lidar com a ausência do pai
por anos, o meu filho também conseguirá...
ALEX – (fica imóvel)
Meghan... Se você estiver realmente falando a verdade...
MEGHAN – Você está me
acusando de ser uma mentirosa?
ALEX – Não... Não é
isso... Eu abandonei você sim. Eu te deixei sozinha com as
responsabilidades de um casamento arruinado... E eu estava realmente
decidido a ir embora de Nova York... Mas eu não posso fazer isso com a
criança.
MEGHAN – Que bom que
reconhece isso.
ALEX – Mas eu também
não vou me casar com você, Meghan. Eu não te amo e nunca te amei. Eu só
vou estar aqui por causa desse bebê... Não vou repetir os mesmos erros
que cometi com o Josh. A criança não merece isso! Agora, com licença,
porque eu estou exausto.
Alex caminha em
direção ao quarto com sua mala em mãos. Close em Meghan, que se joga no
sofá, chorando.
MEGHAN – (passando a
mão na barriga descontroladamente) De onde eu tirei essa ideia absurda?
(pausa) Tudo bem, eu só preciso de um tempo para pensar... Três
meses... A barriga precisa começar a crescer em algum tempo... Tudo pra
manter o Alex por perto... Eu sou capaz de tudo!
Close em Meghan,
decidida.
CENA 07.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. ESCRITÓRIO DA DRA. NICHOLS. INT. DIA.
Close na Dra.
Nicholas. Ela segura um bloco de anotações em uma mão, uma caneta na
outra e olha atentamente para quem está deitado no divã. A câmera
revela quem é o seu paciente: Josh. DRA. NICHOLS – Josh, para começarmos a nossa conversa, eu preciso entender tudo o que aconteceu com você nos últimos tempos... Digo, desde o começo. Eu preciso entender o processo. Passo a passo.
(Música: Best Laid Plans -
James Blunt)
JOSH – Bom... Eu...
(O garoto olha o teto fixamente) Eu sou um garoto de San Francisco.
Digo, eu vivo aqui desde os meus dez anos. E desde quando cheguei à
cidade, eu nunca tive muitos amigos... Eu era um cara tímido,
anti-social... Mas tudo mudou quando entrei para a San Francisco High
School...
DRA. NICHOLS – (anotando no
bloco de anotações) Sua escola do segundo grau...
JOSH – Isso... Lá eu
comecei a conhecer amigos de verdade. E uma amiga, em especial. Chelsea
Harris. Que também será sua paciente, eu acredito. Ela entrou na minha
vida de repente e, quando eu percebi, já fazia parte dela. Então, eu
supus que ela era o grande amor da minha vida...
DRA. NICHOLS – Mas não era...
JOSH – Nunca foi. E
tive essa impressão errada mais tarde novamente. Um garoto chegou à
vizinhança. O nome dele é Ryan. Em pouco tempo, eu e Ryan nos tornamos
grande amigos. E ele me mostrou o meu verdadeiro “eu”. Quem eu era de
verdade e quem eu sempre fui... Um garoto gay. Ok, eu estou me abrindo
com você até demais. DRA. NICHOLS – Continue, Josh... Eu estou aqui para te ajudar.
JOSH – Eu me
apaixonei de verdade pelo Ryan e passei momentos maravilhosos com
ele... Momentos que me fizeram pensar que ele era, agora, o verdadeiro
amor da minha vida. Mas ele era uma Chelsea de calças. Nosso
relacionamento acabou depois de algum tempo... Por besteira... Enfim,
eu quebrei a cara.
DRA. NICHOLS – Mas a nossa
história não termina por aqui, correto?
JOSH – Não... O meu
namoro com o Ryan acabou porque um outro garoto surgiu em minha vida.
No início, o Austin era um simples amigo, mas o Ryan o enxergava como
uma ameaça. E fez com que ele se tornasse uma. Ryan era estúpido!
Estúpido! Depois do fim do relacionamento, eu e o Austin nos conectamos
e, dessa vez sim, eu jurei que ele seria a pessoa certa para mim... Mas
veio a morte, e o roubou de mim.
DRA. NICHOLS – Josh, o que
temos aqui é o mais sincero caso de perda. Em todos os momentos da sua
vida, desde Chelsea a Austin, você perdeu quem amava. De formas
diferentes, mas todas muito significativas. E isso não te transforma em
um perdedor. Te transforma em um garoto forte, com a sensação de ser um
perdedor... Mas você não é.
JOSH – E o que eu sou
então?
DRA. NICHOLS – Você é um
garoto que simplesmente provou intensamente uma das maiores fraquezas
da vida: o amor. E isso te fortaleceu muito, Josh. Você sente que não
pode seguir em frente, mas isso é um muro que você mesmo criou. E você
pode quebrar esse muro. Chelsea, Ryan, Austin... Todos te ensinaram a quebrar muros.
JOSH – A morte do
Austin bagunçou muito a minha vida, doutora... Não sei se sou capaz de
fazer de conta que isso é só imaginação da minha cabeça.
DRA. NICHOLS – Mas é. Eu
acredito em você, Josh. Acredito que você é um garoto forte. Eu quero
que você se levante desse divã agora, saia dessa sala e pense que tudo
o que aconteceu até hoje só serviu para te fortalecer. Os seus
pensamentos vão continuar bagunçando a sua vida por muito tempo ainda,
mas cabe a você continuar alimentando-os ou dar um novo começo para sua
vida.
JOSH – (se levantando
do divã e olhando para a doutora) Eu já tentei, doutora... Eu já tentei
dizer pra mim mesmo que vou seguir em frente, mas eu não consigo.
DRA. NICHOLS – Josh,
desculpa, mas eu não posso te garantir que você realmente tentou.
Analisando seu histórico escolar, você foi a poucas aulas durante esse
ano letivo, não participou das atividades extras e passa boa parte do
seu tempo no dormitório, concluo eu. Você acha que isso é realmente
tentar?
Close em Josh,
pensativo.
CENA 08.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CORREDOR DE DORMITÓRIOS. INT. NOITE. (Música cessa.)
Josh anda pelo
corredor com destino ao seu dormitório. Ryan vem em sua direção.
RYAN – Olá, Josh...
Eu estava indo mesmo ao seu dormitório. Eu queria saber se você topa ir
ao cinema comigo.
JOSH – (revira os
olhos) Ryan...
RYAN – O que? Eu
estou fazendo apenas um convite... (se aproxima um pouco mais do
garoto) Na verdade, isso é tudo uma desculpa para eu conseguir o que
acabei de demonstrar aqui... Me aproximar de você! Ou melhor, me
reaproximar.
JOSH – E por que você
está tentando isso? Por acaso, é porque o Austin saiu do seu caminho?
RYAN – Não, Josh... É
porque eu sinto que você precisa de amigos agora. Amigos que estejam ao
seu lado e te distraiam de pensamentos indesejados.
JOSH – Ah, muito bem!
Você acha que só agora que eu estou em um momento sensível da minha
vida, eu preciso de amigos? Acho que você precisa reavaliar melhor os
seus conceitos, Ryan. Porque eu passei o ano passado inteiro
necessitando da sua amizade e a única coisa que você fazia era me
julgar por algo que não cometi.
RYAN – Josh, eu...
Close em Ryan,
sem palavras. Então, inesperadamente, o garoto aproxima seus lábios aos
de Josh e o beija lentamente. Por alguns instantes, Josh fica sem
reação, mas quando se dá conta do ato, empurra Ryan.
RYAN – Consegue
entender agora? É disso que eu sinto falta... Da nossa conexão.
JOSH – Consegue
entender agora? Foi exatamente isso que o Austin fez no dia da
formatura. Me surpreendeu com um beijo e eu não soube como reagir... Em
nenhum momento, eu te traí, Ryan. E você sente falta da nossa conexão?
Muito bem, você a rompeu por causa de uma impressão errada que você
mesmo construiu...
RYAN – Josh, eu sei
que eu fui um grande tolo nos últimos tempos, mas quando eu te
dispensei da minha vida, é porque eu estava cego de ciúmes pelo Austin.
Eu sentia que ele ia roubar você de mim a qualquer momento. E foi o que
aconteceu.
JOSH – Porque você
deixou. Você não acreditou em mim, Ryan. Você não acreditou na minha
palavra e me fez passar por mentiroso durante UM ANO. Um ano me
fazendo sentir culpado por um beijo que eu não correspondi. E sabe o
mais engraçado de tudo isso? É porque você era o culpado por tudo...
Você foi o culpado por tudo desde o início!
RYAN – O que você
quer dizer com isso, Josh?
JOSH – Você só está
reconhecendo o quão foi tolo depois da morte do Austin. Se você tivesse
reconhecido isso durante as férias de verão daquele ano, eu não teria
transado com o Austin e eu não teria me envolvido com ele. RYAN – Você se arrepende por ter ficado com o Austin? (Música: Distance – Christina Perri ft. Jason Mraz)
JOSH – (deixa uma
lágrima rolar em seu rosto) Não, eu não me arrependo de nenhum momento
que passei com o Austin. Mas eu poderia ter evitado cada um deles.
(começa a chorar) Se eu não tivesse saído com o Austin em Nova York,
ele não teria vindo para San Francisco por minha causa e
consequentemente eu não teria o matado.
RYAN – Ele morreu
feliz, Josh... Ele tinha você.
JOSH – Mas ele
poderia ter vivido por muitos anos... Muitos anos... Ele poderia ter
sido feliz sem mim e por um tempo maior. (limpando as lágrimas) Você
tem uma parcela grande de culpa nisso.
RYAN – Josh, você
quer ouvir a verdade? Eu estava errado sim. Eu te entreguei de bandeja
para o Austin porque eu estava inseguro... Eu preferi sair do seu
caminho do que ver ele entrando no meu para te tirar de mim... Eu fui
hipócrita. Eu fui insensato. Eu fui um covarde...
JOSH – E você
confessou isso tarde demais. Eu acabei de ter uma conversa muito
esclarecedora agora e descobri que eu sou responsável pela minha
felicidade. Eu me culpei durante todo esse tempo por erros que não
cometi sozinho. Chega de me culpar. Está na hora de culpar os outros
também. Eu não vou carregar esse peso sozinho, Ryan. Eu reconheço minha
culpa em todos eles sim, mas eu cansei de ser testado sozinho. Eu estou
quebrando muros, Ryan.
RYAN – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Eu só espero que um dia você possa me
perdoar...
JOSH – No momento, eu
não consigo. Você esperou a tragédia toda acontecer para vir me
procurar. Não sei se estou agindo corretamente. Mas chega de agir
corretamente, não é mesmo? Não estou me tornando uma pessoa fria,
vazia, nada disso... Eu só preciso seguir em frente e me preocupar com
o que está a favor de mim. O seu egoísmo nunca esteve.
Josh continua a
caminhar.
RYAN – (com os olhos
marejados) Josh, aonde você vai?
JOSH – (limpando as
lágrimas) Já que você sugeriu... Eu vou ao cinema. Sozinho.
Josh sai. Close
em Ryan, que deixa as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. A câmera se
afasta, mostrando um garoto imóvel, enquanto o outro anda em caminhos
lentos, porém, decididos. A narração de Josh começa a ser ouvida.
JOSH – (em off) Como eu contei, eu nunca me esquecerei de nenhum momento que
passei com o Austin, mas eu não me sinto hipócrita em dizer que o meu
desejo era não ter me envolvido com ele. O Austin poderia ter vivido
muito mais sem mim. Tudo bem, você pode reconhecer que ele não teria
sido feliz como foi sem a minha presença. Mas quem garante? Quem
garante que uma pessoa nasceu para ser o grande amor da sua vida? Eu
tive três e nenhum deles realmente era. Ninguém nasceu para ninguém.
Isso é uma grande bobagem de mentes apaixonadas. Eu já estive
apaixonado e sei como é pensar assim. Relacionamentos existem a toda
hora, a todo momento... Alguns duram semanas, meses... Outros duram a
vida inteira, mas isso não quer dizer que foram almas gêmeas juntadas
pelo destino. Veja bem, você está parado em um metrô, voltando para a
casa e se depara com uma pessoa que te faz sorrir mentalmente. Você
olha para ela durante o caminho inteiro e cogita a possibilidade de se
aproximar, mas o medo te impede... O metrô para, você sai de dentro
dele e perde a oportunidade de chegar perto daquela pessoa... Você
nunca mais a vê... Bom, este poderia ter sido o amor da sua vida,
certo? E a oportunidade escapuliu de suas mãos. O que eu aprendi ao
longo de três relacionamentos é que pessoas especiais existem em toda
parte. Nenhuma está designada a ser o seu eterno amor. Elas entram na
sua vida, conquistam um espaço nela e também a deixam a qualquer
momento. Existem pessoas. E pessoas têm um dom especial: elas te
ensinam a fortalecer. A imagem escurece. |
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