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VOZ DE JOSH
– Anteriormente em New Stages... CENA 01. SAN FRANCISCO. RUA QUALQUER. EXT. NOITE. (música: Circles - Colbie Caillat)
A imagem abre em
uma rua qualquer da cidade de San Francisco. Entre as pessoas que andam
por ela, está Ryan. Em passos lentos, o garoto caminha por uma calçada,
sem um rumo definido. Ele olha para vitrines de lojas e pessoas que se
locomovem por ali, de mãos dadas com seus namorados ou conversando com
amigos. A câmera se aproxima do garoto. Uma lágrima rola sobre o seu
rosto. A voz de Josh começa a ecoar em seus pensamentos, deixando claro
que ele ainda não se esqueceu da conversa com o ex-namorado.
VOZ
DE JOSH
– (ecoando) Eu passei o ano passado inteiro necessitando da sua amizade
e a única coisa que você fazia era me julgar por algo que não cometi...
Ryan interrompe
os seus passos. O garoto olha para os lados, sem saber mais para onde
caminhar. A voz de Josh continua o perseguindo.
VOZ
DE JOSH
- Em nenhum momento, eu te traí, Ryan. E você sente falta da nossa
conexão? Muito bem, você a rompeu por causa de uma impressão errada que
você mesmo construiu...
Em sua
observação, Ryan acaba avistando um bar noturno. O garoto limpa as
lágrimas que rola sobre o seu rosto com uma das mãos e decide caminhar
até lá. Ao se aproximar da entrada, ele respira fundo e então resolve
entrar. A imagem corta rapidamente para:
CENA 02. SHOPPING
CENTER DE SAN FRANCISCO. ALA DO CINEMA. INT. NOITE. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Close em Josh
saindo de uma sala de cinema, sugerindo que a sessão de filme que ele
estava assistindo acabara de terminar. Algumas pessoas vêm atrás dele,
tomando direções diferentes pelo shopping. O garoto caminha até a
escada rolante que transporta para o andar de baixo, mas antes de
chegar nela, seu celular começa a tocar.
JOSH – (tirando o
celular do bolso e atendendo a ligação) O que? (close em sua expressão
confusa) Onde o Ryan
está? (pausa) Bêbado? (pausa) Tudo bem, eu estou indo até aí. Só me
passe o endereço. (pausa mais demorada) Certo, eu sei onde fica.
O garoto encerra
a ligação e volta a colocar o celular em seu bolso.
JOSH – Era só isso
que me faltava...
Josh bufa e pisa
na escada rolante. O garoto é levado para o andar de baixo com uma
expressão bastante preocupada. A imagem corta rapidamente para:
CENA 03. BAR
NOTURNO. INT. NOITE. (Música cessa.)
Josh entra no bar
noturno, apressado. Ele caminha até um dos balconistas.
JOSH – Boa noite. Um
tal de Joe me ligou. Será que você pode me dizer quem é?
JOE – (estende a
mão) Prazer, meu nome é Joe.
Josh ignora o
cumprimento com as mãos e saúda o balconista com um leve aceno de
cabeça.
JOE – (esquiva o
braço) Pelo jeito, você deve ser o Josh. Eu te liguei porque tem um
carinha aqui no bar precisando da sua ajuda...
JOSH – E posso saber
por que você ligou justamente para mim? Aposto que eu não era o
único contato na agenda do celular dele.
JOE – Não, mas foi o
Ryan que me mandou ligar para você. Ele disse que você é o melhor amigo
dele...
JOSH – (ri
debochadamente) Essa é ótima! (volta a ficar sério) Posso saber onde
ele está?
JOE – No banheiro.
(ri) Colocando tudo o que bebeu para fora. É, aquele garoto ainda não
sabe virar um copo não...
JOSH – Isso não
aconteceria se você não tivesse vendido bebida alcoólica para um menor
de 21 anos. Está entre as leis dos Estados Unidos. Eu pensei que essa
espelunca seguisse pelo menos uma delas. (saindo) Com licença.
JOE – (gritando para
que Josh possa ouvir) Não venha por a culpa em mim não, carinha. Foi o
seu amigo que pediu as bebidas. Se alguém coloca dinheiro no meu
balcão, eu apenas o sirvo. O cliente é que manda!
Close em Josh,
que dá de ombros para Joe.
CENA 04. BAR
NOTURNO. BANHEIRO. INT. NOITE.
Ryan está
ajoelhado em frente a uma das privadas, vomitando. Josh se aproxima
dele e segura seus ombros.
JOSH – Já terminou?
RYAN – (levantando a
cabeça e limpando a boca com uma das mãos) Josh, o que você está
fazendo aqui?
JOSH – Não foi você
que pediu para que o balconista me ligasse? Então... Estou aqui para te
ajudar. Apesar de ter a plena consciência que vou me arrepender mais
tarde por ter feito isso...
RYAN – Desculpa,
Josh, eu não queria te dar trabalho...
JOSH – Tudo bem,
Ryan. Mas acho que já está na hora de você aprender a lidar sozinho com
as suas próprias responsabilidades.
RYAN – Você está
certo... Você está completamente certo. Por favor, não se preocupe
comigo, eu vou ficar bem.
JOSH – Eu vou
continuar preocupado enquanto eu não te levar para o alojamento. Venha!
(puxando um dos braços de Ryan e o ajudando a levantar) Você vem comigo
para a universidade...
RYAN – (sem
equilíbrio) Josh, eu já disse que você não precisa se preocupar
comigo...
Josh entrelaça um
dos braços de Ryan em volta de seu próprio pescoço, permitindo que o
garoto se apóie nele. Com muita dificuldade, Josh vai o levando para
fora do banheiro.
JOSH – Cale a boca,
Ryan. Eu não estou nem um pouco a fim de aguentar o seu bafo de onça
durante o caminho inteiro.
Ryan ri, ainda
bêbado. A imagem corta rapidamente para: |
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3x03 - NOVOS COMEÇOS |
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CENA 05.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE CHELSEA E
KEITH. INT. NOITE.
Keith entra
distraída no dormitório com alguns livros em mãos. Ela estranha ao
perceber que a luz já está acesa.
KEITH – (coloca os
livros em sua frente como se eles fossem um escudo de proteção) Posso
saber quem está aqui? Acho bom você sair correndo do meu dormitório,
porque eu fiz aulas de jiu-jítsu durante a minha infância e você não
vai querer enfrentar Keith Hurly.
CHELSEA – (saindo por
trás da porta com algumas roupas em mãos) Keith, está tudo ok. Sou eu,
a Chelsea. Você já pode abaixar esses livros...
KEITH – (surpresa)
Chelsea, o que você está fazendo aqui?! Digo, não era pra você estar
no...
CHELSEA – (complementa)
Centro psiquiátrico? Acredite, nos últimos dias, todo mundo tem me
perguntado isso... Mas a boa notícia é que eu já concluí o meu
tratamento e fui aceita de volta na universidade.
KEITH – (jogando os
livros no chão) Chelsea, isso não é uma boa notícia... É uma notícia
maravilhosa! (abraça a amiga) Eu não acredito que voltarei a ser colega
de quarto de Chelsea Harris. (interrompe o abraço) Mas me diga, o que
você fez para te aceitarem de novo aqui?
CHELSEA – Uma boa
conversa com o diretor Groban. Ele acreditou que eu estou disposta a
mudar o meu comportamento e resolveu me dar uma nova oportunidade...
KEITH – E há quanto
tempo você está livre? Quero dizer, por que você não me ligou avisando
que sairia da internação?
CHELSEA – Porque eu
decidi fazer uma surpresa para você. Não gostou?
KEITH – Adorei. Eu
sempre tive a certeza de que você daria a volta por cima e voltaria
para esta universidade com a cabeça erguida.
CHELSEA – (tira o
sorriso do rosto) Não estou com a cabeça tão erguida assim... Eu ainda
estou com medo do que os outros estudantes vão pensar quando virem que
voltei para cá.
KEITH – Deixa comigo,
porque se eu souber de alguém que desaprovou o seu retorno, esta
pessoa terá que lidar de frente com Keith Hurly.
CHELSEA – Ah sim... Da
mesma forma que lidou com o suposto invasor que você achou que estava
aqui? (ri) Se defendendo com livros?
KEITH – Não duvide dos
meus métodos de defesa, Chelsea. Eu fui muito bem preparada fisicamente
quando eu era criança...
CHELSEA – (ainda rindo)
Tudo bem... Eu não estou duvidando... Venha! Me ajude a guardar as
minhas roupas neste armário. Quem diria que você teria que voltar a
dividir as gavetas comigo.
KEITH – (empurra
Chelsea levemente) Tudo bem, não é nenhum problema pra mim...
CHELSEA – (sorri para
Keith) Eu estou feliz por estar de volta.
KEITH – Eu estou feliz
por você estar de volta. Recuperada e bem mais disposta do que antes!
As duas amigas
trocam sorrisos. CENA 06. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. NOITE. (música: Truth - Jason Reeves)
Josh abre a porta
com a mão que está vaga e ajuda Ryan a entrar no dormitório.
RYAN – Josh, o que
você está fazendo? O meu dormitório não é aqui...
JOSH – Para um
bêbado, a sua percepção até que está bem apurada, hein? (pausa) Eu sei
que esse não é o seu quarto, mas hoje você vai dormir aqui...
RYAN – E você vai
dormir aonde?
JOSH – Não se
preocupe comigo, Ryan. (aproxima o garoto da cama e o empurra levemente
sobre ela) Apenas deite aí e tente descansar. Você está precisando...
RYAN – Josh, eu quero
conversar com você...
JOSH – Eu também
quero MUITO conversar com você, Ryan. Mas quando você estiver
completamente sóbrio. Enquanto isso, deite e durma. Amanhã nos
falaremos...
Ryan acena
positivamente com a cabeça e se deita sobre a cama. O garoto se remexe
um pouco, mas logo acaba adormecendo. Close em Josh, que senta ao seu
lado e fica o encarando, com uma expressão preocupada. A imagem corta
rapidamente para:
CENA 07. (Música continua.)
São exibidas
imagens dos principais pontos turísticos da cidade de San Francisco até
chegar à fachada da Universidade da Califórnia. Amanhece.
CENA 08.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. CORREDOR DAS SALAS DE AULA. INT.
DIA. (Musica cessa.)
Keith está
caminhando em direção a uma das salas de aula. Matt corre até ela.
MATT – (respirando
ofegante) Bom dia, Keith...
KEITH – (sorri) Bom
dia, Matt. Voltando de sua corrida matinal?
MATT – Não, eu estava
correndo atrás de você. Aliás, é o que eu tenho feito desde o ano
letivo passado, né?
KEITH – Matt, não
vamos desenterrar essa história, ok?
MATT – Não dá, Keith.
Não dá mais para fazer de conta que nada existe entre a gente. Eu juro
que tentei te esquecer durante as férias de verão, mas não teve um
único dia em que eu não pensei em você... E, confessa, aposto que o
mesmo
aconteceu com você.
KEITH – (não dando o
braço a torcer) Não aconteceu! Satisfeito?
MATT – Não minta para
mim, Keith... Seu nariz vai crescer.
KEITH – Tá, e se eu
tivesse pensado? Isso não quer dizer que eu deva correr até os seus
braços e jurar amor eterno ao seu lado. Nós estamos bem desse jeito,
Matt. Afastados um do outro.
MATT – Keith, não vá
me dizer que você virou uma versão de cabelos vermelhos da Chelsea...
Ela me enrolou com esse papo de “não é possível” durante longos meses e
eu fui obrigado a esperar. Mas desta vez, eu não vou deixar que a
situação volte a se repetir. Eu não vou te esperar.
KEITH – Ótimo, não
espere. Não quero que ninguém fique criando expectativas em cima de mim.
MATT – Eu disse que
não vou te esperar, mas isso não quer dizer que eu vou desistir. Eu
quero que você me dê uma chance agora, Keith. E eu não vou aceitar um
não como resposta. A menos que você tenha argumentos convincentes...
KEITH – Eu tenho... E
vários!
MATT – (encara a
garota) Cite-me um.
KEITH – Bom... (pausa)
Deixa eu ver aqui... (sem ter o que dizer) Eu tenho muitos argumentos,
Matt. E são tantos que eu não consigo nem te dizer um.
MATT – Viu, isso
prova que assim como a Chelsea, a sua intenção também é me enrolar...
Hoje à noite, sairemos juntos, Keith. Este será o nosso primeiro
encontro.
KEITH – MATT, EU NÃO
POSSO!!
MATT – E posso saber
qual é o seu medo?
KEITH – Eu tenho medo
de me envolver com você. Sabe por quê? (fala seriamente) Porque eu
gosto
de você, Matt. Como eu nunca gostei de alguém. Eu nunca senti isso por
ninguém... É sincero, é verdadeiro e me causa arrepios. Eu nunca me
interessei por ninguém. Tudo não passava de sexo casual e daí apareceu
você...
MATT – E por que isso
te dá medo, Keith?
KEITH – Porque o amor
é estúpido. O amor enfraquece as pessoas, o amor torna as pessoas
ridículas. Ridiculamente ridículas. Absurdamente ridículas. Eu tenho
pavor de gente apaixonada. Eu não quero ser uma garota tola
apaixonada...
MATT – Quer dizer
que... (pausa) Eu sou o primeiro garoto por quem você se apaixona
sinceramente?
KEITH – Ótimo, fiz a
minha contribuição para o aumento do seu egocentrismo...
MATT – (segura o
braço de Keith) Não, não é isso... Eu só estou lisonjeado por ser a
primeira pessoa a conquistar o seu coração, Keith.
KEITH – Sim, veja o
trabalho porco que você fez...
MATT – E eu te
asseguro que você não precisa ter medo, porque você não vai se tornar
uma garota tola só por amar alguém...
KEITH – Vou me tornar
o quê?
MATT – Feliz. Porque
eu quero te fazer feliz. Me dê a chance deste primeiro encontro e eu
prometo que você não irá se arrepender...
KEITH – (sorri
convencida) Ok, Matt. Você venceu. Eu passo às oito no seu dormitório.
MATT – Eu é que
deveria passar às oito no seu.
KEITH – Viu? Mais um
costume ridículo das pessoas apaixonadas. Que são tão ridículas quanto
o amor. Agora, se me dá licença, eu preciso ir para a minha aula...
Keith continua o
seu caminho.
MATT – (ainda parado)
Keith...
KEITH – (se vira para
trás) O que foi, Matt?
MATT – (sorrindo)
Valeu à pena ter esperado as férias de verão inteiras por você...
Close em Keith,
sensibilizada com o que o garoto acabara de dizer. Porém, ela dá de
ombros e continua a andar, evitando demonstrar os seus sentimentos por
Matt. CENA 09. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. BIBLIOTECA. INT. DIA.
Chelsea está
sentada à uma mesa fazendo a leitura de um livro. Chad entra na
biblioteca e se aproxima da garota, sentando-se na cadeira ao lado.
CHAD – Olá...
CHELSEA – (tira os olhos
do livro e olha para Chad) O que... O que você está fazendo aqui?
CHAD – Eu vim ver
como Chelsea Harris está.
CHELSEA – Como você
soube que eu estava na biblioteca?
CHAD – Eu perguntei
para a Keith.
CHELSEA – Bom, como você
percebeu, eu estou ótima.
De repente, duas
garotas ameaçam entrar na biblioteca, mas ao verem Chelsea no local,
interrompem seus passos.
GAROTA 1 – Acho melhor
não entrarmos. É capaz desta garota maluca nos prender aqui e apontar
uma arma para a nossa cara...
GAROTA 2 – É mesmo. Não
dá para acreditar que uma universidade de renome como esta aceita de
volta alunos que ameaçam a educação interna. As garotas saem, murmurando.
(música: Unwell
- Matchbox Twenty)
CHAD – (olha para
Chelsea) Se você quiser, eu posso ir atrás delas...
CHELSEA – Tudo bem,
Chad. Eu tenho que me acostumar com comentários como estes. Eles vão se
tornar cada vez mais frequentes... (fecha o livro) Você também não tem
medo de dividir o mesmo espaço com uma garota recém-saída de um centro
psiquiátrico?
CHAD – Eu deveria
ter, já que naquele dia eu era a sua vítima principal... Mas, acredite,
você não me assusta nem um pouco.
CHELSEA – Mil desculpas,
Chad... Depois do que aconteceu, nós nunca mais tivemos a oportunidade
de conversar, então eu aproveito o momento para pedir desculpas...
CHAD – Não se
preocupe com isso, Chelsea. Eu até pensei em te visitar no centro
psiquiátrico, mas não queria te incomodar com a minha presença.
CHELSEA – Ou você não
queria se aproximar de uma garota internada em um reformatório?
CHAD – Não, nada
disso. Eu só estava... Eu só estava com medo de atrapalhar o seu
tratamento. Quero dizer, foi por minha causa que você foi parar lá.
CHELSEA – Não, Chad, eu
tive uma visão errada sobre você. Como você já deve ter descoberto, eu
fui assediada na noite de Natal e não consegui ver o rosto do
canalha... Alguns dias depois, você me procurou para pedir desculpas e
eu te levei para a cama. Eu não estava tendo o controle sobre os meus
atos. Então, eu vi em você o rosto do estuprador... O rosto que eu não
conhecia.
CHAD – E decidiu se
vingar de mim achando que eu era o estuprador...
CHELSEA – Sim. O
psicólogo que estava cuidando do meu tratamento disse que é normal que
as vítimas de estupro enxerguem o rosto do agressor em pessoas
próximas... Quando eu entrei no refeitório, fiz os alunos de reféns e
apontei uma arma para você e para o Josh, eu só queria me defender...
Coisa que não pude fazer naquele dia.
CHAD – Eu te entendo,
Chelsea. Mas ainda assim me vejo culpado pelo o seu transtorno
psicológico. Se eu não tivesse escondido de você o meu namoro com a
Hilary, o seu primeiro ano na universidade não teria te afetado tanto.
CHELSEA – Você não é o
único culpado desta história, Chad. Tem o divórcio dos meus pais, a
descoberta de que eu não posso ter filhos, o estupro na noite de
Natal... Tudo isso contribuiu para a atitude drástica que eu tomei no
final do ano letivo. Tudo bem que os meios não justificam os fins, mas
eu estava realmente prestes a explodir.
CHAD – Eu fico feliz
que esteja de volta... E eu estou realmente disposto a me tornar o seu
amigo, Chelsea.
CHELSEA – Tudo bem. Na
minha atual situação, amizades são muito bem-vindas.
CHAD – (sorri) E não
vou colocar nenhuma pressão em cima de você em relação ao nosso
envolvimento. Eu ainda gosto muito de você, Chelsea. E não sei se um
dia esses sentimentos ficarão no passado, mas eu prometo que vou te
respeitar...
CHELSEA – Obrigada, Chad!
CHAD – Há quanto
tempo você deixou o centro psiquiátrico?
CHELSEA – Há algumas
semanas, mas eu não informei ninguém, com exceção do Josh. Ele foi o
primeiro a me ver depois que eu saí do tratamento. Fui até o cemitério
prestar a minha solidariedade ao Austin...
CHAD – É, eu fiquei
sabendo sobre a morte do Austin...
CHELSEA – A Keith teria
descoberto antes, mas ela viajou com os pais durante as férias de
verão, então não tinha como me visitar no centro psiquiátrico. Enfim,
eu queria fazer uma surpresa a todos quando voltasse para cá.
CHAD – Eu espero
sinceramente que tudo dê certo para você este ano...
CHELSEA – Vai dar, Chad.
Eu preciso provar a mim mesma que eu posso ser feliz.
CHAD – Você pode!
Os garotos trocam
sorrisos.
CENA 10. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Tomada da cidade
de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais.
Anoitece. CENA 11. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. NOITE.
(música: You Give Me Something -
James Morrison)
Josh está deitado
em sua cama, estudando. Vários livros estão distribuídos ao seu redor.
Alguém bate a porta.
JOSH – Entra!
A porta se abre.
Ryan dá os primeiros passos para dentro do dormitório, receoso.
JOSH – (fechando o
livro e se levantando da cama) Ryan...
RYAN – Eu passei o
dia inteiro evitando você, mas uma hora ou outra, eu teria que te
encarar, então resolvi deixar de ser covarde por pelo menos uma vez na
vida.
JOSH – (caminha até a
porta e a fecha) Ótimo, porque nós precisamos realmente conversar,
Ryan...
RYAN – Josh, eu sei
que o que eu fiz na noite passada foi horrível e...
JOSH – (interrompe)
Horrível? Foi inaceitável, Ryan. Como você se permite colocar uma gota
de álcool na boca depois de todo o histórico com o seu pai? Será que
você não consegue enfiar na sua cabeça que seu pai era um alcoólatra?
Filhos podem adquirir algumas manias dos pais...
RYAN – Josh, você me
viu uma vez bêbado e não falou nada...
JOSH – Porque eu
pensei que aquela seria a sua primeira e a última vez, mas novamente eu
te vi em estado caótico por causa da bebida... Você quer se tornar o
Kurt, Ryan?
RYAN – Não, Josh,
longe de mim querer herdar o vício do meu pai.
JOSH – (se
aproximando de Ryan) Então você precisa me prometer que nunca mais irá
beber de novo. Ou pelo menos que irá beber moderadamente.
RYAN – Eu prometo,
Josh. Do fundo do meu coração, eu prometo. Eu só entrei naquele bar
ontem à noite, porque eu estava atormentado com tudo o que você tinha
me dito. Foi um erro. E você foi um grande amigo.
JOSH – Eu não poderia
te deixar sozinho naquele banheiro imundo...
RYAN – Eu não merecia
nada do que você fez por mim. Por um ano, eu duvidei da sua lealdade e
te chamei de mentiroso. E depois de tudo isso, você ainda é capaz de
ter piedade de mim.
JOSH – Ryan, por
favor...
RYAN – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Muito obrigado por tudo, Josh. Por ter
me trazido pra cá, por ter dado a sua cama para eu dormir, por ter
cuidado de mim durante a noite inteira. Você provou ser um amigo de
verdade. Amigo que eu nunca consegui ser pra você.
Josh deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto. Ryan se aproxima do garoto e o abraça
fortemente. Ambos, sem o controle da situação, acabam aproximando seus
lábios e se beijando apaixonadamente. A câmera mostra a porta. De
repente, ela se abre. (Música cessa
num baque.) Kurt e Elizabeth entram. Closes nos dois,
assustados com o flagra. CENA 12. RESTAURANTE. INT. NOITE.
(música: All About Us - He Is We
ft. Owl City)
A câmera explora
o belíssimo e refinado restaurante, lotado de casais que jantam e
conversam ao som de uma música ambiente. A câmera se aproxima da mesa
onde Keith e Matt estão postos.
MATT – (sorrindo para
Keith) E então, gostou do lugar em que eu te trouxe?
KEITH – Eu estou muito
brava com você, Matt. Não acredito que vai gastar todo o dinheiro que
seus pais te dão mensalmente só para me trazer em um restaurante
luxuoso. Poderíamos ter ido a um lugar mais barato.
MATT – Não, você
merece o melhor. E não se preocupe com os gastos, Keith, eu estou
correndo atrás de um emprego. Em breve faço 19 anos, já está na hora de
eu arranjar a minha própria renda.
KEITH – Quem diria,
Matt Brooks se tornando um cara responsável...
MATT – Bom, eu estou
tentando...
KEITH – Você
amadureceu muito desde os nossos tempos de San Francisco High School,
Matt. Você era um garoto mimado, arrogante, egoísta e veja só o que se
tornou. Se eu te conhecesse hoje, eu jamais pensaria que um dia você
foi aquele Matt.
MATT – As pessoas
mudam, Keith. E eu estou tentando melhorar a cada dia...
KEITH – Alguma razão
especial?
MATT – Não sei, mas
desde que eu comecei a fazer isso, eu me sinto uma pessoa bem melhor e
digna da amizade dos outros. Digna também do amor.
KEITH – Matt, não
acredito que vamos falar sobre isso novamente...
MATT – É para isso
que estamos aqui, Keith. Este é um primeiro encontro oficial. E eu
espero que seja o primeiro encontro de muitos. Eu sei que você sempre
me viu como o garoto popular da San Francisco High School, que estava
sempre pegando no seu pé e no da Chelsea... Mas veja bem, você percebeu
a minha mudança. Será que eu não mereço o seu crédito?
KEITH – Você merece
sim, Matt. O que você não merece é se apaixonar por uma garota que não
consegue levar o amor a sério...
MATT – Esta é mais
uma coisa que temos em comum. Eu também era totalmente contra as
pessoas apaixonadas e agora eu sou uma delas. Podemos aprender juntos
do que se trata este sentimento.
KEITH – Mesmo que eu
me torne uma pessoa ridícula?
MATT – Seremos
ridículos juntos. Ridículos e apaixonados.
Keith sorri e
apoia seus cotovelos na mesa para chegar um pouco mais perto de Matt.
Então, o beija apaixonadamente.
MATT – (abrindo os
olhos após o beijo) Isso é um sim?
KEITH – Isso deveria
ter ficado para o fim do encontro, mas... É um “podemos tentar”.
MATT – (segurando a
mão de Keith) Eu vou convertê-lo em um sim. (sorri)
Keith e Matt se
olham, apaixonados.
KEITH – Viu, eu já
estou ridiculamente apaixonada...
Os garotos riem.
CENA 13.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E
MATT. INT. NOITE. (Música cessa.)
Continuação
imediata da décima primeira cena deste episódio. Close em Josh e Ryan,
aflitos.
RYAN – Pai? Liz? O
que vocês estão fazendo aqui?
LIZ – Por favor,
Ryan, nos desculpe... A gente foi até o seu dormitório e viu o bilhete
na porta dizendo que você tinha vindo até aqui. Então o papai quis
aproveitar a oportunidade para rever você e o seu melhor amigo.
KURT – (rindo
sarcasticamente) Eu não acredito que estou vendo isso... Só pode ser
uma brincadeira. Não é mesmo, Ryan? Aposto que é um ensaio para uma
peça de teatro da universidade.
RYAN – Dói para você
assistir a uma cena como esta, pai?
KURT – Dói? Que
pergunta mais idiota é essa, Ryan? Claro que dói, eu não coloquei um
filho no mundo para vê-lo beijando outro garoto.
RYAN – E eu jamais
imaginei que um dia veria a minha família sendo destruída por causa do
vício do meu pai em alcoolismo. (sorri ironicamente) Mas não estamos
aqui para julgar, não é mesmo?
KURT – (começa a
suar) Quer dizer que... Quer dizer que no dia da ação de graças
passada... Quer dizer que quando a Liz soltou durante o jantar que você
gostava de garotos... Não era um engano! Ou era?
RYAN – Não era, pai.
E eu só não desmenti aquele dia porque eu não estava certo se você
merecia saber sobre a minha vida. Nós nunca fomos próximos de verdade.
Pra que eu abriria a minha vida para você?
KURT – Porque eu
estou provando ser um homem melhor. Eu mereço a confiança do meu filho.
RYAN – Toda a
confiança que eu tinha por você, eu joguei no lixo quando você decidiu
trocar a sua própria família pela bebida. Tudo bem, eu aceitei te
perdoar e fingir de conta que o passado ficou no passado. Mas como eu
disse, eu só aceitei fingir... Porque decepções como esta a gente nunca
esquece.
KURT – Ryan, você
está fugindo completamente do assunto... Eu flagrei você beijando este
garoto e exijo uma satisfação.
RYAN – Não há
satisfação para ser dada aqui, pai. O que você tinha que saber já foi
visto pelos seus próprios olhos. Se você não está satisfeito, se você
não colocou um filho no mundo para ser homossexual, então a porta da
rua é a serventia da casa.
KURT – Ryan, eu quero
que você se afaste desse garoto...
Close em Josh,
que assiste a conversa entre pai e filho com muita tensão.
RYAN – Quem é você
para vir até a universidade onde eu estudo e exigir que eu me afaste do
único garoto que eu amei na minha vida? Nem você eu amei tanto quanto
eu amo o Josh...
KURT – Eu sou o seu
pai e você ainda me deve um pingo de respeito...
RYAN – Pai, seu
pedido foi recusado. Quando eu te pedi para abandonar a bebida, você
não fez isso por mim. Eu estou te retribuindo desta forma. E diferente
de você, eu não afasto as pessoas que eu amo. Quer dizer, eu agi como
você no último ano. Eu afastei o Josh, mas eu estou disposto a
reconquistar a amizade dele.
KURT – Eu não
acredito que eu tenho um filho gay... Gay!
RYAN – Um filho gay
que tem mais dignidade que você. Agora, por favor, saia do meu
dormitório...
ELIZABETH – Por favor,
pai, é melhor fazermos o que o Ryan está pedindo...
KURT – Eu não sei por
que perdi o meu tempo vindo até aqui... Escute aqui, Ryan, não pense
que eu vou engolir esta história tão facilmente.
RYAN – Espero que o
senhor se engasgue com ela.
Kurt olha furioso
para Ryan e deixa o quarto. Elizabeth encara Ryan.
ELIZABETH – Você foi muito
duro com ele, Ryan...
RYAN – Você queria
que eu agisse como, Liz? O cara entrou no dormitório do Josh e disse
que não aceitaria um filho gay.
ELIZABETH – Você também
tentou afastá-lo enquanto ele era um alcoólatra...
RYAN – Não, eu e
minha mãe tentamos tirá-lo do vício e ele nunca nos ouviu. A gente não
o afastou, ele mesmo se afastou da gente.
ELIZABETH – E por que
continuar o afastando? Ele está indo ao Alcoólatras Anônimos
assiduamente, prometeu se tornar um pai melhor e consequentemente um
homem de dignidade.
RYAN – Que homem de
dignidade entra aqui e pede para que eu me distancie de quem eu amo?
Você sabe por que eu não contei para ele que eu sou gay? Porque eu
sabia que ele teria essa atitude. Que ele seria totalmente
preconceituoso.
ELIZABETH – Ryan, você
pode acabar se arrependendo depois de tudo o que disse...
RYAN – Liz, você está
conhecendo uma nova versão do Kurt. Uma versão que, infelizmente, eu
não tive a sorte de conhecer. Ele está sendo um bom pai para você. E me
machuca saber que todo o amor que ele dedica a você, um dia ele poderia
também ter dedicado a mim. Você é sortuda por enxergar este novo homem,
mas eu não consigo mais.
ELIZABETH – Você poderia
ter sido mais paciente, Ryan. É normal que os pais reajam desta forma
ao descobrirem sobre a sexualidade dos filhos. Se você tivesse dado uma
chance para ele, conversado com calma, talvez ele pudesse te entender...
RYAN – Não há mais
entendimentos entre eu e o Kurt. Não há mais relacionamento de pai e
filho entre nós dois. Eu juro que tentei, mas existe uma grande pedra
entre nós e nenhum consegue tirá-la do meio. Desculpa, Liz, mas talvez
seja melhor assim... Afastar o Kurt de vez da minha vida. Aproveite bem
cada momento com ele, você é uma boa garota e merece um pai de verdade.
Ou pelo menos um pai que está tentando ser... As decepções passadas
impedem que eu o enxergue assim.
ELIZABETH – Tudo bem,
Ryan. Me desculpa por ter o trazido até aqui sem te avisar. Se eu
tivesse te ligado, avisando que viríamos, nada disso teria acontecido. RYAN – Tem coisas que precisam acontecer.
(música: The
Only Exception - Paramore)
Elizabeth se
aproxima de Ryan e o abraça.
ELIZABETH – (terminando o
abraço) Eu desejo tudo de bom para vocês dois... (sorri e sai)
Close em Ryan,
constrangido com o que Liz acabara de dizer.
RYAN – (se virando
para Josh) Me desculpa pelo beijo...
JOSH – Tudo bem. Nós
fizemos isto juntos.
RYAN – E me desculpa
também pelo o que você acabou de presenciar. Como a Liz disse, eu fui
bastante duro com o meu pai, mas foi o melhor a fazer. Não existia
relacionamento sincero entre eu e ele. E por mais que tentássemos,
nunca iria existir. E sobre eu dizer que não consigo perdoá-lo pelas
decepções passadas, tudo bem se você também não quiser me perdoar por
todo o mal que eu te fiz.
JOSH – Sabe, Ryan,
existe algo muito bonito entre a gente. Não devemos guardar no passado
só por causa de tudo o que aconteceu entre nós dois no último ano.
Seria um grande desperdício...
RYAN – Quer dizer que
você me perdoa por eu ter sido um tolo, um covarde, um egoísta?
JOSH – Sim, hoje você
aprendeu muito com o seu pai. Aprendeu a não ser como ele e a
enfrentá-lo de frente. Você não foi nem um pouco covarde...
RYAN – Podemos ser
amigos de novo?
JOSH – Amigos e
eternos vizinhos.
Ryan sorri e se
aproxima de Josh.
RYAN – Eternos
vizinhos.
Os dois garotos
se abraçam.
RYAN – (ainda o
abraçando) Prometo que não vou te beijar dessa vez...
Os garotos riem.
A imagem escurece. |
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