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HOT 3!

Seas - 1x07

Série de Rafael Oliveira
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TEASER


 

  1. EXT. PORTO DE SANTOS - DIA:

    Uma filmadora filma vários carros de polícia, vans de emissoras e pessoas diversas frente ao Empire, até que uma MULHER, segurando um microfone e script, ENTRA no plano.


     

    VOZ MASCULINA (O.S.)

    A gente entra em três, dois, um... No ar!


     

    MULHER

    (ao microfone)

    Bom dia a todos. Nós estamos em frente ao Empire, o navio da companhia de cruzeiros SEAS. (desvia pro papel; retorna à filmadora) O clima aqui é de tensão e de muita tristeza. De acordo com o subdiretor geral da embarcação, o capitão do navio, Búlgaro Damasceno, de 79 anos, faleceu assim que Empire atracou aqui, no Porto de Santos. O corpo foi levado ao IML e toda a tripulação está em intenso luto.


     

  2. EXT. EMPIRE - DIA:

    Sonoplastia: "Make it Rain", por Ed Sheeran. CÂMERA filma no navio de cima.

    BÚLGARO (V.O.)

    Eu sabia que ia dar certo. (pausa) Fingir a própria morte é como nascer de novo, só que com nova identidade, nova vida, novas chances, porque quando a única saída é se entregar ao seu inimigo, é mais fácil adiantar o serviço e matar a si mesmo.


     

  3. INT. EMPIRE - HOUSE PINK - DIA:

    Vazio, sem brilho, sem festa.

    BÚLGARO (V.O.)

    O prazer de ver a dor e as lágrimas nos olhos dos invejosos, que gostariam de fazer o serviço sujo, é superior a qualquer boa gargalhada. (pausa) Eu estou vivo e farei de tudo para recuperar o que é meu.


     

  4. INT. EMPIRE - ÁREA DA TRIPULAÇÃO - DIA:

    Em um quadro, as fotos de toda a tripulação. Estão, ali, as fotos de Caio, Lianna, Kênia e Lívia também.


     

    BÚLGARO (V.O.)

    Porque, ao entrar em meu navio, essas meninas fizeram um pacto, e não podem sair dele nem tão cedo. Todas são minhas. E quanto aos infiltrados em meu sistema...


     

  5. INT. EMPIRE - CABINE DE MAURO E REGINA - DIA:

    CÂMERA vai buscar, sobre o criado mudo, a foto do casal, abraçados.


     

    BÚLGARO

    Desejo apenas uma coisa para eles: a morte.

    FECHA na foto e a SONOPLASTIA encerra-se abruptamente. FADE OUT.

    FIM DO TEASER ATO I

 


 

 



1x07 - JUNTOS ATÉ O FIM


 

  1. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALA DE INTERROGATÓRIO - DIA:

    POV DE ALGUÉM - A figura de Orlando vai se formando.

                       ORLANDO

                       (com eco)

    Tá me ouvindo, Caio? Fala comigo!

    Orlando dá tapas no rosto dessa pessoa. Respiração ofegante.

    ENTRA Regina.


     

    REGINA

    Caio, respira fundo. Você passou mal, mas já tá tudo bem.


     

    A visão vai ganhando vida e, logo, abre-se completamente, com Regina e Orlando próximos, assustados.

    VOLTA À CENA.

    Caio está caído no chão. Todos ao redor.

                       MAURO

    O que será que ele tem?

                       ORLANDO

    Vem, Mauro, me ajuda a colocar ele numa cadeira.


     

    Mauro encara Orlando por alguns segundos, mas vai. Posicionam-se com o corpo de Caio, completamente zonzo.

    ORLANDO (cont.)

    Em um, dois, três!

    Fazem força e, enfim, levantam Caio, que começa a tossir muito. Põem-no sobre a cadeira. Ele abaixa a cabeça e tosse muito. Regina olha-o, penalizada.

                       ORLANDO (cont.)

            Caio...

    Ele tosse.

                       ORLANDO (cont.)

    Caio, o que você tá sentindo?

    Nisso, Caio levanta a cabeça e revela sangue saindo de seu nariz.


     

    CAIO

    (dificuldade) Eu preciso de ajuda.

    CLOSE nos olhares surpresos.


     

  2. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - CORREDOR - DIA:

    Clark vem andando; vai de encontro a Débora, que caminha em sua direção.


     

    CLARK

    Você queria falar comigo, Débora?

    DÉBORA

    Sim, senhor. É sobre os seguranças que o senhor mandou seguir a ambulância. Um deles foi morto, como o senhor sabe. E o outro...

    Retornou/


     

    CLARK

    (surpreso) Retornou? Ele está vivo?


     

  3. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - ESCRITÓRIO - DIA:

    Débora abre a porta e ENTRA junto de Clark. Encaram algo fora da tela/


     

                       CLARK

    Mas que diabos/

    E a câmera gira para revelar um dos homens de Clark, presente no episódio passado, sentado numa cadeira e com o rosto todo sujo de sangue, além das roupas sujas e rasgadas.


     

    CLARK (cont.) Meu Deus...

                       DÉBORA

              Ainda não é tudo, senhor/

                       CLARK

            O quê?

    Débora aproxima-se e faz sinal para o homem, que abre a boca. Sangue sai, vazando pelos cantos da boca. Clark tem reação enojada.


     

                       DÉBORA

    Arrancaram sua língua.

    CLOSE no homem. ALTERNA em Clark.


     

  4. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALA - DIA:

    Clark fulo. Débora mais atrás. Caio vem sendo trazido, na direção oposta, por Mauro e Orlando.

                       CLARK

    Mas o que é isso?

                       ORLANDO

    O garotão passou mal, senhor.

    Clark encara Caio por alguns segundos.

                       DÉBORA

    Venham. Por aqui, por favor.

    Eles seguem Débora, em direção a outro ponto. Clark observa a tudo. Sua respiração ofega; pupilas dilatadas...


     

  5. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SUÍTE DE CLARK - DIA:

    ABRE na janela, que dá para uma vista bonita.

    CORTA para Clark, que ENTRA, rápido, e escora-se numa cadeira, ofegante.


     

    O lugar é amplo, moderno. Tem uma cama, computador, TV, armário e uma grande sacada.


     

    Clark abre o armário e abre um perfume. Olha pra trás; certifica-se de que está sozinho e toma um gole do líquido. Guarda o objeto dentro do armário e fecha os olhos. Sua respiração vai voltando ao normal.

    CORTE DESCONTÍNUO PARA O BANHEIRO.

    Clark cuspindo e tossindo muito ali. CORTE DESCONTÍNUO.

    Alguém bate à porta. Clark com uma toalha de rosto, próximo a cama, respirando fundo. Orlando ENTRA.

    ORLANDO

    Senhor, ele foi medicado e/


     

    CLARK

    Você sabe muito bem o motivo dessas pessoas estarem na mansão. Apenas faça seu trabalho, Orlando.

    ORLANDO

    Eu cheguei em mau hora? Volto depois/


     

    CLARK

    Chegou. Volte quando tiver notícias realmente importantes. Eu já vi que temos um doente aqui e que, provavelmente, não poderá estar em nossas negociações.

    ORLANDO

    Talvez, logo, Caio deixe de ser um problema.

    Clark joga a toalha sobre a cama; anda por ali. CLARK

    Está tão ruim assim?

    ORLANDO (cont.)

    O menino tem um tumor no cérebro; pouco tempo de vida.

                       CLARK

                       (sorri)

    Ufa! Menos um problema.

    Orlando olha pra Clark, meio confuso.

                       ORLANDO

    Desculpe, mas achei que estivesse interessado no que eles sabem.

    CLARK

    Qual era a função desse menino no navio? Qual a relação dele com Búlgaro? Até que ponto conhecia a companhia?

    Orlando vai falar, mas/

    CLARK (cont.)

    Ótimo. Ele é indiferente. Nada que os outros não saibam. (tempo) Concentre-se em ter o endereço de Búlgaro. Se ele estiver com as mulheres, então, ótimo: dois

                       (MAIS)


     

    CLARK (cont.) coelhos em uma só cajadada só!

    Agora, se você me der licença, eu tenho coisas particulares a resolver.

    Orlando encara-o.


     

    ORLANDO

    Sim, senhor.

    Orlando vira-se e SAI. Bate a porta.

    Repentino, Clark vai até um quadro grande, preso à parede, e retira-o. Revela um cofre. Digita a senha, então, e pressiona o botão. O cofre abre-se.


     

    POV DO INTERIOR DO COFRE - Os olhos de Clark encaram, fixamente, um envelope, dentro da estrutura. Ele mete uma das mãos lá dentro e retira o objeto.

    VOLTA À CENA.

    Clark bate o cofre e ergue seus olhos para frente.

    FECHA no envelope, que, em letras vermelhas, tem escrito: "ÚLTIMOS CONSELHOS".


     

  6. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - QUARTO - DIA:

    Débora, Lianna, Regina e Mauro no lugar, grande, com banheiro e armário. Caio está sobre uma maca, tomando soro na veia.


     

    DÉBORA

    Ainda bem que tínhamos esse quarto. (pausa) Era do pai de um dos nossos aliados. Estava muito doente e precisou ficar aqui.

    Regina acaricia o braço de Caio, que dorme.

    REGINA

    Eu queria entender porque não levar ele pra um hospital. Olha como ele tá... (mãos à boca) Um tumor...

    DÉBORA

    Eu sinto muito, mas vocês chegaram a pouco tempo e não podem sair assim. São regras da facção.

    REGINA

    Então é isso: é uma facção. Criminosa? O que vocês fazem? Em? Matam? Roubam? Orlando me falou que vocês são investidores do Empire, à procura de justiça com o capitão.

    Me desculpa, mas eu não acredito nem um pouco nisso. Justiça? Pelas meninas? (pausa) Eu queria falar pro tal Clark, que eu sinto muito, mas que nossos objetivos não são os mesmos/


     

                       MAURO

    Regina/

                       DÉBORA

    Eu não tenho autonomia para falar mais do que eu já falei, Regina. O senhor Clark disponibilizou um médico e ele está a caminho.

    MAURO

    Pera aí, então é sério? Ele vai ficar aqui, sem nenhuma estrutura?

    DÉBORA

    Ao que tudo indica, ele será tratado aqui, já que agora os senhores também fazem parte da facção/


     

                       REGINA

    Eu não faço parte de nada, menina! Você tá louca?

                       DÉBORA

    Não, não estou louca. Você não quer, está tentando ir embora, mas eu acho melhor entender que esse lugar é perfeito e ideal para todos. Há acomodações, comida, bebida, negócios, dinheiro, tudo aqui dentro. Eu também relutei muito, depois de que saí do na/ (mãos à boca)

                       REGINA

    Pera aí, você/

                       DÉBORA

                       (percebe o que falou)

    Não, não é isso que a senhora tá achando.


     

                       REGINA

    É isso, sim. Claro que é, menina! Você quase falou navio/

                       DÉBORA

    Não/

                       REGINA

    Claro que sim! Você veio pra cá por causa de um navio? Você conhece Búlgaro? O sistema de prostituição? (alto) Fala!

    DÉBORA

    Me desculpem, eu não posso falar mais nada!

    E ela vira-se e vai saindo, apressada.

    REGINA

    Pera aí, menina! Começou agora termina/

    Mauro segura Regina.


     

                       MAURO

    Deixa ela, Regina.

    Regina encara-o, pensativa, e vira-se para Caio.

                       REGINA

    Não é possível, Mauro...

                       LIANNA

    Calma, Regina. Por lo menos ahora, estamos todos a salvo de Bulgaro.

                       REGINA

    Será mesmo, Lianna? Eu não confio nesse lugar. Você viu? Em? Viu a reação dessa mulher? Isso tudo é muito estranho. Dizem ser contra Búlgaro, mas, ao mesmo tempo, mostram-se como ele.

                       LIANNA

    Yo estibe pensando en esso. Y si, a diferencia de lo que encontramos, están todos en busca de la justicia, como nosotros?


     

    REGINA

    Você está dizendo que eles são nossos aliados? Aliados, assim, que nos ameaça com uma arma? Que não deixa a gente sair daqui de nenhuma maneira?


     

    LIANNA

    Yo no sé...

    REGINA

    Isso pra mim é ilusão, Lia. São todos iguais! E esse lugar, essas pessoas, estão aqui para destruir Búlgaro, porque têm interesses muitos maiores que o capitão!

    MAURO

    Tudo bem, Regina, só não se precipite.


     

                       REGINA

    Você também acredita que investidores do navio, assim como Orlando nos falou, estão querendo justiça pelo que Búlgaro fez a essas meninas? A nós? E que, por ironia do destino, fomos pego por eles para colaborar? (ri, irônica) Olha pra essa casa, Mauro. Isso aqui nada mais é do que mais uma aberração em nossas vidas. (pausa) Eu não sei vocês, mas eu não vou me juntar a essas pessoas.


     

  7. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALA - DIA:

    Débora desce a escadaria, mas para em dos degraus. Seca as lágrimas, porém, assim que Luciano surge, atrás dela.

    LUCIANO

    Débora, Clark está chamando você no quarto dele. Pra agora.

    DÉBORA

    Certo, obrigada.

    Débora SAI. Luciano continua a descer as escadas.


     

  8. INT. FÁBRICA ABANDONADA - SALA - DIA:

    CÂMERA imersa num galão d’água, mostra Lívia, olhos fechados, contendo o ar


     

    CÂMERA também imersa revela Kênia, prendendo a respiração, com os olhos abertos.


     

    Ambas, enfim, são emersas de dois baldes, grandes, por dois homens: dentre eles, Dil. Elas respiram fundo, cansadas e molhadas.

    Búlgaro revela-se frente as duas.

    BÚLGARO

    Eu vou tentar pela segunda vez. Onde estão os outros?

                       LÍVIA

                       (berra)

    A gente não sabe!!!

                       BÚLGARO

    Impossível!!! Vocês são lerdas ou o quê?! Não entenderam ainda o que eu quero? Eu quero as coordenadas para encontrar o restante. Ou vocês ainda não entenderam que existe um tesouro muito grande com cada de um vocês? Vocês carregam a verdadeira missão, Lívia. A missão de reerguer o império SEAS!

    KÊNIA

    Você é louco. Você é completamente louco!!!


     

    BÚLGARO

    Sabe, Kênia, quando eu fui convidado para gerir SEAS no Brasil, eu me achava um completo idiota, realmente. Louco! E era, acredite. Não sabia o que era ganhar dinheiro, o que era ter o prazer de acordar e me olhar no espelho/


     

    KÊNIA

    Eu teria levado um susto, se estivesse no seu lugar, seu velho babão, nojento, horrível!


     

                       BÚLGARO

                       (ri)

    A idade me tomou. Você está certa. Mas eu tinha lá minhas qualidades, garota. Sempre fui muito esperto. Referência para a escola Naval, eu conquistei o espaço que muitos não conquistaram, Kênia. Até SEAS me chamou. (pausa) E, olha: uma proposta milionária. Chefiar um esquema gigante, além de ser, oficialmente, o capitão do maior navio do mundo era maravilhoso.

    Deixei de ser um simples diretor nacional para um grande chefe. (pausa) É claro, ganhei meus inimigos; perdi outros; ganhei amigos, acredite/

    KÊNIA

    Não é possível que nenhum inimigo seu não tenha tido coragem de te matar. O monstro que você é/


     

    Búlgaro faz sinal para Dil, que lança a cabeça de Kênia para dentro do balde. Ela esperneia; bate no balde, desesperada. Lívia observa ao lado.

    BÚLGARO

    Eu vou continuar a minha história só para você, Lívia. Apenas se comporte, tudo bem?

                       LÍVIA

    Eu não quero ouvir a sua história.

    Búlgaro abaixa, cara a cara com ela.

                       LÍVIA (cont.)

    Eu já disse que não sei onde estão.

                       BÚLGARO

    Não seja idiota. Você fugiu do navio com eles, estava com eles naquela cidade/

    LÍVIA

    Não! (pausa) Não! Aí que você se engana, Búlgaro! Não!!! Caio, Regina e Mauro não fugiram com a gente.


     

    BÚLGARO

    Como assim?

    Nisso, Kênia é levantada, tossindo muito. Dil deixa-a cair no chão.


     

    LÍVIA

    Eles foram depois, não sei como, porque o plano inicial era que nos encontrássemos no subterrâneo e escapássemos pela descarga do navio. O problema é que deu a hora e Regina e Mauro não apareceram/

    BÚLGARO

    Chega. Eu já sei do resto.

    LÍVIA

    Eu, Kênia e Lianna chegamos à cidade.


     

    BÚLGARO

    Mas minha equipe foi mais rápida, é claro.


     

    LÍVIA

    Sim. (pausa) Nós não nos falamos, não tínhamos ideia dos planos um dos outros. Pra gente... Pra gente, Regina e Mauro ainda estavam no navio, presos.

    BÚLGARO

    Orlando, sempre com suas cagadas, deixou-nos Caio de presente. Aquele filho da puta!

    LÍVIA

    Eu não sei se você percebeu, mas não sabemos de mais nada.

    BÚLGARO

    Minha querida... (sorri)Eu estou, realmente, surpreso com seu instinto protetor. (ri) Você não sabe de mais nada.

    Búlgaro levanta-se e mira Kênia.

    BÚLGARO (cont.)

    E você, negra? (ri) Prova que é útil pra alguma coisa, vai.


     

    KÊNIA

    Eu não sei de nada.

    BÚLGARO

    Para, para, para! Eu to farto dessa frase. Você sabe de muita coisa, garota, e é por isso que você tá aqui, porque, se fosse qualquer outro tripulante, estaria bem longe, divertindo-se ao fim de mais uma temporada no maior navio do mundo. Enxergue-se! (pausa) Nas entrevistas de emprego, é comum fazermos perguntas que questionem os candidatos sobre eles mesmos.

    Que tal você me convencer de não te matar? Um bom jogo, não acha?

    LÍVIA

    Eu já falei, Búlgaro. Chega. Eu já disse tudo. Kênia esteve comigo durante todo esse tempo/

    BÚLGARO

    (alto)

    Você já acabou sua entrevista, Lívia. Minha conversa, agora, é com Kênia. (pausa) E então? Vamos, me dê um motivo para não acabar com você agora, aqui, garota.

    Kênia encara-o, medrosa.

    BÚLGARO

    Eu estou esperando.

    E Dil surge próximo a ela, com um facão em mãos, deixando todos tensos.


     


     

    FADE IN:


     

    FIM DO ATO I ATO II

    FADE OUT.

  9. INT. FÁBRICA ABANDONADA - SALA - DIA:

    CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA ANTERIOR.

    Búlgaro frente a frente com Kênia, sob os olhares de Lívia e Dil.


     

                       KÊNIA

    Tudo bem.

                       BÚLGARO

    Vamos. (pausa) Antes, eu vou até te dar um conselho, menina: a primeira coisa que vier na sua mente deve ser descartada. Fique com a segunda opção que tiver, mas não exagere.

    KÊNIA

    Obrigada. (pausa) Eu tenho um bom motivo para... Para não morrer, capitão.


     

    BÚLGARO

    Boa premissa! Vamos, termine a frase. Qual é o motivo?

    Kênia começa a gargalhar.

    KÊNIA

    Eu jamais gostaria de te encontrar no inferno, seu demônio!


     

    Búlgaro não acredita e pega Kênia pelos cabelos. Ele toma a faca das mãos de Dil e ameaça-a. Kênia ri. Lívia assustada.

    LÍVIA

    Pelo amor de Deus, Búlgaro.

    KÊNIA

    Deixa, Lívia! Vai, Búlgaro! Vai, capitão! Acaba comigo. Me mata! Chega disso. Eu to cansada; eu perdi tudo. (choro misturado aos risos) Eu não me importo. Eu não me importo com nada, se morrer. Agora, vai, acaba com isso, seu mostro. (berra) Acaba com isso!!!

    BÚLGARO

    (muito nervoso) Então morre, vadia!


     

    Búlgaro dá um berro de ódio e, no clímax, a porta é escancarada. Flávio ENTRA.


     

    FLÁVIO

    Capitão! Nós achamos eles! Achamos onde a facção está se reunindo!

    CLOSE em Búlgaro. Ele solta Kênia e joga a faca para o lado.


     

  10. INT. FÁBRICA ABANDONADA - SALA DE CÂMERAS - DIA:

    Um mapa aberto em um dos monitores. Flávio e Búlgaro observam fotos da mansão e um caminho traçado do ponto em que estão até lá.


     

                       BÚLGARO

    Ótimo trabalho, Flávio.

                       FLÁVIO

    E o que o senhor pretende fazer?

                       BÚLGARO

    Vou convocar algumas pessoas. Nós vamos até lá e pegaremos tudo o que é nosso por direito.

                       FLÁVIO

    E como planeja isso, senhor?

                       BÚLGARO

    Daqui a algumas semanas, farão um encontro. (pausa) A facção foi criada há muito tempo e minha pouca experiência com ela serviu para algumas coisas. Há um encontro mensal entre todos os participantes.

                       FLÁVIO

    Pera aí, eu não to entendendo/

                       BÚLGARO

    (ri)

    Há mais ou menos vinte anos surgiu a facção. Um grupo secreto, formado por empresário que tinham o único objetivo de crescer financeiramente/

                       FLÁVIO

    Com ilegalidade, presumo.

                       BÚLGARO

    Com o único método que se cresce no Brasil. Ou você acredita, meu caro

                       (MAIS)


     

    BÚLGARO (cont.)

    companheiro, que alguma coisa sobrevive nesta terra de índio sem corrupção?

    Búlgaro anda de um lado pro outro.

                       FLÁVIO

    E quem está no comando da facção?

                       BÚLGARO

    Eu tenho minhas apostas. Ninguém que você conheça. Só gostaria que estivesse pronto para que, em poucos dias, estejamos na ação, Flávio.


     

    FLÁVIO

    Sim, senhor.

    BÚLGARO

    Ótimo. Agora... E sobre o assunto que você tratou por mim?

    FLÁVIO

    Está resolvido.

    Flávio retira um cartão de dentro do bolso e entrega a Búlgaro.


     

    BÚLGARO

    (observa o cartão) Ótimo.


     

  11. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALA DE INTERROGATÓRIO - DIA:

    A porta é aberta e Regina ENTRA. Ela observa Clark, sentado de um lado da mesa, com a perna cruzada.

                       REGINA

    Por que me chamou aqui?

                       CLARK

    Sente-se, Regina, por favor.

    Regina, meio deslocada, senta-se.

                       REGINA

    Sobre a sua secretária?


     

                       CLARK

                       (ignora)

    Não, não, não... É sobre você.

                       REGINA

    Sobre mim?

                       CLARK

    Quando você chegou aqui, o interesse da facção em tê-la foi tamanho, que nós nos assustamos, realmente.


     

    REGINA

    Como assim?

    CLARK

    Nós soubemos dos seus planos com Lívia, a tripulante que ainda não está conosco. Soubemos que você se arriscou e que sobreviveu a tudo dentro do navio, inclusive, lutando contra o capitão Búlgaro.

    REGINA

    Por que você luta contra ele? O que ele te fez?

    CLARK

    A mim? (sorri) Búlgaro trapaceou. Não só com as tripulantes do navio. Búlgaro não pagou os investidores como devia/

    REGINA

    Então o seu impasse com ele é uma questão financeira?

    CLARK

    Não, Regina. A minha questão com Búlgaro é pessoal. Búlgaro é um monstro. Alguém como ele não merece o que teve e, por isso, merece a morte. A facção se reuniu, entrou em consenso e definiu que o melhor era apagarmos o capitão.

    REGINA

    Continua sendo por motivos financeiros. (pausa) Olha, me desculpa. Eu sinto muito, mas as suas ideias são totalmente diferentes das minhas.

    Regina levanta-se.

                       CLARK

    Será mesmo? Você não acha que lutar contra o capitão é o interesse de todos? Porque não importa o motivo, Regina, se o final vai ser o mesmo. Ou você se importa, realmente, em apertar o gatilho no lugar de um de nossos homens? Em?

                       REGINA

    Eu me importo.

    CLOSE em Clark, surpreso.

                       CLARK

    Você vai se tornar uma assassina. Sabe disso, não sabe?

                       REGINA

    Aquele homem ameaçou as pessoas que eu mais amo.

                       CLARK

    Ele quase matou a sua mãe, Regina/

                       REGINA

                       (corta-o)

    Como você sabe da minha mãe? Em?

                       CLARK

    Eu salvei a sua mãe, Regina. Eu contive um dos atiradores de Búlgaro na hora do disparo e, graças a mim, ela está viva.

                       REGINA

    Eu não acredito.

                       CLARK

    Eu imaginei.

    Uma parte da parede abre, repentina, e uma TV sai de dentro dela. Búlgaro olha para o vidro preto e faz sinal.


     

    Surge um vídeo, gravado de longe, da cena em que um dos homens da facção salva Tonica do atirador. As lágrimas brotam nos olhos de Regina.


     

    FLASHBACK DE CENA NÃO EXIBIDA - Uma bebê está no colo de Tonica, bem mais nova. Ela sorri.

    VOLTA À CENA.


     

    FLASHBACK DE CENA NÃO EXIBIDA - Tonica chora, deitada numa maca. Regina ao seu lado, acariciando seus cabelos.

    VOLTA À CENA.

    FLASHBACK DE CENA NÃO EXIBIDA - Tonica bate palmas para Regina, vestida de noive e segurando um buquê, no quarto de casa.

    VOLTA À CENA.

    Regina arregala os olhos, ao ver que sua mãe estava na mira de uma arma.


     

    FLASHBACK DE CENA NÃO EXIBIDA - Tonica entrega as passagens da viagem para Regina e Mauro.

    VOLTA À CENA.

    Nisso, o homem dá tiros nos joelhos do atirador.

    CLARK (cont.)

    Neste momento, ele estava tentando descobrir para quem o atirador trabalhava.

    REGINA

    (lágrimas) E para quem?

    CLOSE em Clark.


     

    CLARK

    Para o capitão Búlgaro, Regina.

    FLASHBACK - Tonica beija Regina, à entrada do Empire. VOLTA À CENA.

    O vídeo termina e a TV volta para o interior da parede, que se fecha. Regina está paralisada. Silêncio por alguns segundos.


     

    CLARK (cont.)

    Eu salvei sua mãe e a única coisa que eu quero é você ao meu lado, Regina. Eu quero que você esteja ao lado da facção para lutar contra Búlgaro.

    CLOSE em Regina. Lentamente, ela vira-se para ele.


     

                       REGINA

                       (lágrimas)

    Eu vou procurar esse demônio até esgotarem as minhas forças e eu vou mata-lo, querendo você ou não.

                       CLARK

    Você está conosco, Regina?

    Ela encara-o; seca as lágrimas.

    CLARK (cont.) Contra Búlg/

                       REGINA

                       (corta-o)

    Eu estou com a facção.

    CLOSE em Regina, bem séria. Clark sorri.

                       CLARK

    Você fez uma ótima escolha.

    A porta abre-se e, então, Tonica ENTRA. Regina levanta e vai até a mãe.


     

                       REGINA

    Mãe!!! Mãe!!! Mãe!!!

    Elas abraçam-se e choram juntas.

    Clark vira-se e encara o abraço de mãe e filha.


     

  12. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SUÍTE DE CLARK - DIA:

    Clark despeja uísque num copo de vidro e vira-se para alguém fora da tela.


     

    CLARK

    Finalmente, ela tá do nosso lado. (pausa) E você sabe o que isso indica, né? Ela fará todos: Lianna, o marido e o doente, todos ficarem do nosso lado.

    CÂMERA gira e revela Luciano.

    LUCIANO

    Você sabe, Cla... Eu, sinceramente, não tenho o mínimo interesse nessa operação.


     

                       CLARK

                       (sorri)

    Não? E em Orlando?

                       LUCIANO

                       (sorri)

    Eu estava falando da operação...

                       CLARK

    Não perca a oportunidade de cobrar suas dívidas, Luciano...

    LUCIANO

    Certamente, não.

    CLARK

    Ah, já ia me esquecendo. Marque a reunião mensal para daqui a duas semanas. Eu quero, acima de tudo, comemorar a entrada de novos aliados à facção.

    LUCIANO

    E se Búlgaro aparecer por aqui?

    CLARK

    Na minha época de escola, penetras pagavam alto preço por invasões... Ora, faremos valer a lei da juventude!

    Ambos riem.


     

  13. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - QUARTO - DIA:

    Um MÉDICO (alto, cabelo e barba rala, 40 e poucos anos), escuta os batimentos cardíacos de Caio, acordado. Regina, Mauro e Lianna ao lado.

                       MÉDICO

    E então, me descreva exatamente o que você sente.

    CAIO

    Um pouco de pressão na parte de trás da cabeça, como... Como sinusite, sabe?

                       MÉDICO

    Tudo bem. Eu recomendei alguns exames - e eles serão feitos em breve. Enquanto isso, você está

                       (MAIS)


     

    MÉDICO (cont.) medicado e terá que seguir alguns procedimentos diários. (pausa) O

    seu caso não é grave, Caio, e ainda temos como insistir numa quimioterapia. Você sabe de um risco diário, que existe, mas, acima de tudo, você sabe que pode ficar curado.

    CAIO

    Obrigado, doutor.

    MÉDICO

    Eu vou prescrever tudo e deixarei com a secretária. Até mais e melhoras, Caio.

    CAIO


                                OBRIGADO.
     

    O médico vira e SAI. Bate a porta.

    REGINA

                       (sorri)

    E então, meu querido?

    CAIO

                       Eu vou ficar bem.

    REGINA

    Vai, vai sim. (sorri) Vai dar tudo certo.


     

  14. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - CORREDOR - DIA:

    Mauro e Regina, no calor de uma discussão.

    MAURO

    Você... Você seu uniu à facção?

    REGINA

    Sim, Mauro.

    MAURO

    Mas porque fez isso.

    REGINA

    Por causa da minha mãe. Ela tá aqui, Mauro, a minha mãe tá aqui!


     

                          


     

                           MAURO

    Tá aqui? Mas como assim?

       REGINA

    É, Mauro, foi tudo muito de repente. É que o Clark... Ele... Ele salvou a minha mãe. O Búlgaro ia matar ela. Estava lá, eu vi o vídeo!


     

                           MAURO

    Meu Deus. E cadê ela, eu quero ver a minha sogra?!

                           REGINA

    (ri)

    Calma. Ela vai trazer as roupas e tudo. Vai voltar mais tarde.

                           MAURO

           Que bom.

                           REGINA

    Ai, Mauro, eu to tão, mas eu to tão feliz em ter a minha mãe ao meu lado.


     

                           MAURO

    E a felicidade te fez aceitar a parceira com a facção? Você não tinha dito/

                          REGINA

    Agora é diferente, Mauro. Ele tentou matar a minha mãe e eu não vou perdoar. Seja por motivos distintos da facção, seja pelo o que for... Eu quero matar aquele desgraçado.

                          MAURO

    Eu não te reconheço, falando assim.

                           REGINA

        Nem eu, Mauro.


     

  15. EXT. SANTOS - DIA:

    Os dias e as noites vão passando com efeito de velocidade.

  16. EXT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - DIA:

    Efeito da cena anterior permanece. Várias pessoas arrumam o salão e preparam a festa da facção.


     

  17. EXT. MANSÃO DA FACÇÃO - SUÍTE DE CLARK - NOITE:

    Mãos de Clark amarram o cadarço dos sapatos pretos.

    Clark levanta-se e encara-se no espelho; dá uma última conferida na gravata.

    CORTE DESCONTÍNUO.

    Enfim, retira o quadro da parede. Digita a senha e abre o cofre.

    POV do interior do cofre revela a caixa vazia. CLOSE em Clark.


     

    FADE IN:


     

    FIM DO ATO II ATO III

    FADE OUT.


     

  18. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

    Música solene tocando ao fundo. Mulheres de longo, homens engravatados; movimento generalizado pelo salão, lotado de mesas, cadeiras e bela decoração.


     

    Clark aponta por ali. Aborda Débora, dentro de um vestido vermelho.


     

                       CLARK

                       (entre os dentes)

    Eu preciso de certificar da câmera. Houve um roubo no meu quarto.

                       DÉBORA

                       (estranha)

            Como?

                       CLARK

    Venha comigo, por favor.

    Clark segura nos braços de Débora e a leva para a saída do salão.

  19. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALA - NOITE:

    Um computador passa cenas em preto e branco do quarto de Clark.


     

    CLARK

    Só pode ser nesse horário. É o único, o único horário que estive fora do quarto.


     

    Surgem as seguintes imagens: Orlando, conversando com Clark; Luciano conversando com Clark; Clark falando ao telefone; de repente, Débora ENTRA no quarto. Ela olha pelos cantos do quarto e some do PV.

    CLOSE em Clark.


     

    CLARK (cont.)

    Mas o que significa isso, Débora? O que você fazia no meu quarto?

    FLASHBACK - Débora lembra-se:

    Débora desce a escadaria, mas para em dos degraus. Seca as lágrimas, porém, assim que Luciano surge, atrás dela.

    LUCIANO

    Débora, Clark está chamando você no quarto dele. Pra agora.

                       DÉBORA

    Certo, obrigada.

    VOLTA À CENA.


     

                       DÉBORA

    Foi o Luciano, senhor.

                       CLARK

           Como?

                       DÉBORA

    Foi ele! Ele encontrou comigo nas escadas, mandou que eu fosse ao seu quarto. O senhor não pode acreditar que eu esteja furtando seus pertences/


     

    CLARK

    Mas é claro que não, Débora. Não vou julgá-la porque não vi nada, mas... É, no mínimo, errado que você entrar em meu quarto sem autorização.


     

    DÉBORA

    Claro, senhor. Eu falhei. Mas eu... Eu juro que não peguei nada. Isso foi uma armação.

    CLARK

    Eu não gostaria que você acusasse um amigo sem provas. O Luciano sempre me apoiou e não me trairia agora.


     

    DÉBORA

    Se o senhor me permite, vou procurar e provar que Luciano esteve comigo no corredor/

    CLARK

    Eu não quero que você prove nada. (pausa) Agora... Eu vou procurar o que foi furtado e, em breve, darei um retorno a você. Agora, vamos voltar pra festa. A noite promete ser longa.


     

  20. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

    Clark conversa com um HOMEM, engravatado, acompanhado de uma MULHER. Riem. Do outro lado, estão Regina, Mauro e Lianna, bem vestidos.


     

                       REGINA

    Essa roupa... Até que caiu bem.

                       LIANNA

                       (ri)

    Usted estás linda!

    Mauro segura na mão dela; sorri.

                       MAURO

    Essas pessoas são tão elegantes, finas.


     

    REGINA

    Só por fora, Mauro.

    MAURO

    Eu pensei que você tinha mudado de ideia sobre a facção.


     

    REGINA

    Salvaram minha mãe, me mostraram o lado mais sujo do Búlgaro e estão me dando a oportunidade de acabar com esse bandido. É só o que eu quero.


     

                       LIANNA

    Yo siento por Caio...

    MAURO

    Ele devia ter contado pra gente sobre a doença.

                       REGINA

    E adiantaria alguma coisa? Nós estamos nas mãos da facção e é só isso!


     

    CORTA para Débora, que vem descendo as escadas. Ela vê Luciano e vai na direção dele.

                       DÉBORA

    Escuta aqui: como você teve coragem de ser tão baixo? Quer me destruir, faça por meios lícitos. Mostra que eu não tenho cacife suficiente pra tá aqui. Em, Luciano? Mostra!

                       LUCIANO

    Do que você tá falando, Débora?

    Encara-a da cabeça aos pés.

                       LUCIANO

                       (mexe no vestido)

    Você está linda. Digna, como se fosse pra um... Pra um bordel. (e ri)


     

    DÉBORA

    Você é patético. Eu sei que foi você e eu vou provar pro Clark que o que roubaram do cofre está com você! Você é o grande ladrão.

    LUCIANO

    É impossível provar alguma coisa que não aconteceu, minha querida. Talvez... No seu planeta... Isso seja possível.


     

    Luciano ri. Um garçom passa próximo, carregando uma bandeja com bebida, e ele pega uma taça; manda beijos pra ela e SAI. Close em Débora, transtornada.


     

    CORTA para a orquestra, posicionando-se no palco. Clark sobe alguns degraus e chega ao palanque, testando o microfone.

    CLARK

    Boa noite a todos os senhores e senhoras aqui presentes!


     

    CORTA RÁPIDO PARA:


     

  21. EXT. FÁBRICA ABANDONADA - NOITE:

    Três carros pretos, parados frente à estrutura, arrancam, indo embora, apressados.


     

  22. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

    Todos viram-se para Clark e aplaudem.

                       CLARK

                       (sorridente)

    É uma honra receber todos vocês aqui. Eu estou, realmente, impactado: pela primeira vez, depois de três anos, a facção tem novos integrantes. Peço que se levantem: Regina, seu marido, Mauro e Lianna.

    Esses levantam, meio sem graça.


     

  23. INT. CARRO - NOITE:

                       CLARK

    (V.O.)

    Esses são os novos contribuintes à nossa sociedade, unida não só por investimentos, mas por lealdade.


     

    Búlgaro no banco da frente. Dil dirige. Lívia e Kênia estão atrás, amarradas e caladas com um pano.

  24. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

                       CLARK

    A facção, agora, tende a crescer. Efetuaremos nosso maior projeto: vamos recuperar o Empire e os investimentos feitos no navio.

    Búlgaro será, finalmente, destruído.

    Sorrisos pela plateia.


     

  25. EXT. RODOVIA - NOITE:

    Os três veículos, um atrás do outro.


     

  26. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

    Todos seguram taças de champanhe.

                       CLARK

    Vamos brindar a chegada de novos nossos; vamos brindar a recuperação de nossos investimentos; vamos brindar a facção!

    Clark levanta sua taça.

                       CLARK

    (alto) Um brinde!


     

  27. EXT. MANSÃO DA FACÇÃO - PORTÃO - NOITE:

    Os três carros, em alta velocidade, vêm em direção ao grande portão de entrada à mansão. TRÊS SEGURANÇAS sacam as armas, vão para frente do portão e atiram contra os carros.

    Entretanto, são blindados; continuam, avançam sobre o portão

    - que cai - e atropelam os seguranças. Seguem para o interior da mansão.


     

  28. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

    Luciano, correndo, sobe no palanque e fala algo no ouvido de Clark, que responde fora de áudio. Luciano desce do palanque rapidamente. Clark vai ao microfone.


     

    De repente, um grande estrondo: todos olham para as janelas e para a porta do salão. Estruturas metálicas, de proteção, descem e selam as entradas. Forte burburinho.


     

                       (CONTINUA)


     

    Em Regina, Mauro e Lianna.

                       REGINA

    Mas o que é isso?

                       MAURO

    Um ataque, só pode.

                       LIANNA

    Búlgaro? CORTA para Clark.

                       CLARK

    Acalmem-se. Acalmem-se, senhores. Estamos seguindo um protocolo de segurança. Ao que tudo indica... (pausa) Estamos no meio de uma invasão.


     

    Mais burburinho. Clark abandona o posto e desce as curtas escadas. Débora vem em sua direção, rápida.

                       DÉBORA

    Senhor, as estruturas da biblioteca e do segundo salão não estão funcionando! Eles vão entrar por lá!

    Clark sofre um baque.

                       CLARK

    Débora, vamos reunir os líderes familiares. Dê armas. Nós vamos combater, caso entrem.

                       DÉBORA

    Sim, senhor.

    Débora SAI. Regina, Mauro e Lianna chegam por trás.

                       REGINA

                       (afoita)

    Clark, você pode me dizer o que está acontecendo?

                       CLARK

                       (vira-se, sorri)

    Claro que posso. Chegou o seu grande dia, Regina. Búlgaro veio nos visitar.

    CLOSE em Regina.


     

  29. EXT. MANSÃO DA FACÇÃO - NOITE:

    Os carros andam de um lado pro outro. Tiros para o alto são escutados.

    Búlgaro está escorado em um dos carros, falando com Flávio.

                       FLÁVIO

    E agora?

                       BÚLGARO

    Já mandei revirarem a casa. Não vai ser um dispositivo de segurança da facção que vai me impedir de pegar o que é meu.

    De repente, Dil vem correndo.

    DIL

    Senhor! Senhor! Achamos uma entrada!

    CLOSE em Búlgaro, esperançoso.


     

  30. EXT. MANSÃO DA FACÇÃO - JARDIM - LATERAL - NOITE:

    Os vidros de duas janelas estão fechados, mas sem tela de proteção. Búlgaro chega ali e vê todos os seus capangas observando a janela, de armas em punhos.

    BÚLGARO

    O que vocês estão esperando, imbecis? Ataquem!


     

    Búlgaro vai pra cima de um deles, toma a arma e dá um tiro na janela, destruindo o vidro.

    BÚLGARO (cont.)

    (alto) Protejam-se!

    Todos vão para trás de árvores, muros.

    Um HOMEM surge à janela e atira contra a árvore.

    Búlgaro, noutro ponto, mira-o e atira, certeiro, matando-o.

                       BÚLGARO

                       (berra)

    Na primeira oportunidade, invadam a casa! Invadam!!!

    A troca de tiros entre facção e grupo de Búlgaro segue, intensa: outro HOMEM da facção surge à janela, atirando contra um dos homens de Búlgaro, que, agora, cai, morto.


     

  31. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - CORREDOR - NOITE:

    Clark apressado. Orlando vem na direção contrária.

                       ORLANDO

    Eu não estava lá, soube agora.

                       CLARK

    Pelo amor de Deus, temos que conter isso. Esses imundos vão entrar na mansão.


     

    ORLANDO

    O que o senhor pretende?

    CLARK

    Vamos dar armas pra todo mundo. Se uns não conseguem salvar tudo, que cada um salve a si mesmo.


     

  32. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALA DE ARMAS - NOITE:

    Orlando, Clark, Luciano, Débora, vários outros HOMENS entram na sala e vão pegando armas.


     

  33. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - SALÃO - NOITE:

    Clark entrega uma arma para Regina, junto de uma lanterna.

    CLARK

    Eu fiz questão de vir até você e entregar. Cadê seu marido, a menina?


     

    REGINA

    Eles foram pegar o colete. Preferem não pegar em armas.

    CLARK

    Nós reservamos os coletes para crianças e mulheres, mas, nesse caso, não tem problema.

    REGINA

    Ótimo. Eu respeito o Mauro. Ele não sentiu o que eu senti.


     

                       (CONTINUA)


     

    CLARK

    Então faça jus ao seu sentimento e acabe logo com isso, Regina.

                       REGINA

    Onde eles estão?

                       CLARK

    Em breve... Aqui.

    CLOSE em Regina. De repente, as luzes se apagam. Regina leva um susto. Clark e Regina acendem suas lanternas.


     

    CLARK (cont.) Insuficiência de energia. No protocolo, toda energia é cedida às paredes metálicas.

    Ouvimos fortes barulhos, vindos de longe.

    CLARK (cont.)

    Proteja-se, Regina, e cumpra aquilo que combinamos.


     

    Clark SAI, rápido. CLOSE em Regina. Ela olha pros lados e se vê perdida na imensidão escura, ao som de berros e gritos, que...


     

  34. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - CORREDOR - NOITE:

    ...vem daqui. Várias pessoas correm, com lanternas, mas são pegas pelos homens de Búlgaro, que atiram friamente.


     

    Búlgaro vem atrás, junto de Flávio, olhando pros lados, com a arma em punhos, rápidos.

    BÚLGARO

    Cadê vocês, meninas?

    FLÁVIO

    Eu acho que não estão aqui. Vamos ao salão?


     

    DIL (V.O.)

        Capitão.

    Búlgaro vira-se e dá com Dil.

                       DIL

    O senhor vai querer ver isto.

  35. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - QUARTO - NOITE:

    Dil, Flávio e Búlgaro observam o corpo de Caio, dormindo. Búlgaro ri.


     

                       BÚLGARO

    Idiota! Saiu do navio para morrer aqui! Vamos, desligue o aparelho dele, logo.

                       FLÁVIO

    Capitão/

                       BÚLGARO

    Faça o que eu estou mandando.

    Quando Dil vai soltar os cabos, eis que a porta do banheiro se abre e Lianna sai de lá, com uma arma em mãos.


     

    EFEITO SLOW MOTION - ela dá um berro e atira nas costas de Dil, que cai no chão, de olhos esbugalhados.

    VOLTA À VELOCIDADE NORMAL.

    Búlgaro arregala os olhos. Flávio, então, levanta a arma e dá um tiro no peito de Lianna, que cai no chão, morta.

                       FLÁVIO

    (berra) Não!!!!!

    E ele vai para cima de Dil.

                       FLÁVIO

                       (chorando)

    O meu irmão, não!!! Não!!!

    Búlgaro assusta-se.


     


     

                           BÚLGARO

                             Irmão?


     

                          FLÁVIO

    (desesperado) Meu irmão!!!

    Búlgaro vai até Lianna e mede seus batimentos cardíacos.

                       BÚLGARO

    Ela está morta.


     

    TENSÃO.

    Flávio abraça-se à Dil, que sangra, aos pés da maca de Caio.


     

    Búlgaro levanta-se, comovido, e SAI. Em Flávio.

                       FLÁVIO

    Nós estaremos... Nós estaremos para sempre juntos. Para sempre.

    PLANO GERAL.


     

  36. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - QUARTO DE CLARK - NOITE:

    Clark de costas, olhando para a janela, protegida pela tela.

    ZOOM-OUT vai tomando o quarto, até revelar Búlgaro, atrás dele, com as mãos nos bolsos da calça.

    BÚLGARO

    Eu já estou aqui.

    Clark vira-se, sereno.

                       CLARK

    É bom revê-lo, capitão.

                       BÚLGARO

    O nosso acerto de contas, Clark... Chegou.


     

    CLARK

    Finalmente, não acha?


     

  37. INT. MANSÃO DA FACÇÃO - QUARTO DE ORLANDO - NOITE:

Orlando ENTRA, rápido, e joga a arma sobre a cama. Passa a mão no rosto, tenso. De repente, o cano de uma arma invade a tela - e a nuca de Orlando. Ele vira-se, lentamente, e dá de cara com Regina, séria, de colete e lanterna, mirando-o.


 

Troca de olhares entre ambos. Rapidamente, ele olha pra sua arma, mas ela não está mais lá.

REGINA

Levanta. (tempo) Eu disse: levanta!

Ele levanta-se, vira-se para ela e ergue as mãos.

REGINA (cont.) Você não achou que eu tinha perdoado tudo o que você fez, achou?


 

                   ORLANDO

(ri, medroso)

Regina, perdoar, não; mas... Agora nós fazemos parte da mesma equipe e, se você me matar, Clark não irá perdoar sua traição.

                   REGINA

Clark autorizou, Orlando.

                   ORLANDO

Como é que é?

                   REGINA

Você ama jogar com as pessoas, não ama? Pois bem, chegou sua hora de pegar por tudo, Orlando. Você vai morrer pelas minhas mãos e eu vou ter o prazer de cuspir na sua cara, seu porco! (berra) Desgraçado!

CLOSE em Orlando, surpreso.

REGINA (cont.)

Será uma noite longa, Orlando. Uma noite de muitos acertos de conta.

No embate...

FADE TO BLACK.



 Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
 
 
 REALIZAÇÃO
 
 
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