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VOZ DE JOSH
– Anteriormente em New Stages...
CENA 01. CENTRO
PSIQUIÁTRICO. SALA DO DR. EDWARDS. INT. DIA.
A imagem abre na
sala do doutor Edwards, que está sentado à sua mesa, lendo alguns
papeis. De repente, a porta do local é aberta, despertando a atenção do
homem. Ele olha para cima e sorri ao ver quem está entrando. A câmera
revela Chelsea, vestida de branco e com uma expressão bastante séria.
DR. EDWARDS – (se levanta
com uma ficha em mãos e caminha até Chelsea) Olá! (olha para o relógio
de pulso) Não é que a minha nova paciente é bastante pontual?
CHELSEA – (fria) Olá.
Será que podemos começar isso logo? Nós dois já sabemos por que estamos
aqui...
DR. EDWARDS – (sorri)
Estamos aqui para conversar...
CHELSEA – (fingindo
acreditar no que ele diz) Ok.
A câmera mostra
duas cadeiras que estão no centro da sala. Uma de frente para a outra.
O Dr. Edwards e Chelsea se sentam. Ele tira uma caneta do bolso do
paletó e começa e encarar a garota.
CHELSEA – (incomodada) O
que está olhando?
DR. EDWARDS – Você é uma
garota muito bonita...
CHELSEA – (indiferente)
Obrigada pela parte que me toca.
DR. EDWARDS – (nota a frieza
da garota e se concentra em sua ficha) Qual é o seu nome?
CHELSEA – Chelsea
Harris...
DR. EDWARDS – Sua idade?
CHELSEA – 19 anos.
(pausa rápida) Você não está anotando! Por que perguntar informações
que já contêm em sua ficha?
DR. EDWARDS – (com bastante
calma) Eu quero que você se apresente para mim, Chelsea.
CHELSEA – Mas você já
sabe tudo sobre a minha vida. Ou vá me dizer que não procurou saber
todos os detalhes do meu passado antes de receber uma garota com
possíveis distúrbios psicológicos em seu belíssimo escritório? (sorri
ironicamente)
DR. EDWARDS – Chelsea, eu
estou tentando criar um vínculo entre a gente aqui... Uma conexão.
CHELSEA – Não, você está
tentando me manipular! É o que todos têm feito ultimamente e é
exatamente o que VOCÊ está fazendo agora. Mas eu vou te dizer uma
coisa, Dr. Edwards, eu não sou maluca. Eu não sei o que eu estou
fazendo neste lugar. E eu não sei por que você está perdendo o seu
tempo comigo.
DR. EDWARDS – Chelsea, se
acalme... Ninguém aqui está dizendo que você é maluca. Eu não quero te
manipular de forma alguma. Pelo contrário, eu quero ser o seu amigo.
Talvez seja o que você esteja precisando neste momento. Um amigo.
CHELSEA – Ótimo. Você
tendo piedade.
DR. EDWARDS – Não, como seu
amigo, eu estou aqui para te ajudar. Você não está neste centro
psiquiátrico porque ficou maluca. Mas sim porque você está precisando
ser ouvida.
Close no rosto de
Chelsea. Sua expressão entediada desaparece rapidamente. A garota
começa a se interessar pelo o que o Dr. Edwards está dizendo.
DR. EDWARDS – Eu sei que
você passou por muitos problemas recentemente. E você tem razão, todos
estão listados aqui na minha ficha. (pausa) Mas é muito simples eu ler
palavras jogadas em uma folha. Eu quero ir além disso. Quero ouvir da
sua boca tudo o que aconteceu com você.
CHELSEA – (comovida)
Talvez eu queira dizer...
DR. EDWARDS – Então diga.
(olha para o relógio de pulso) Ainda temos quarenta minutos de
consulta. Você acha que é tempo suficiente para você se abrir comigo?
Chelsea acena
positivamente com a cabeça.
DR. EDWARDS
– Ótimo. Então
desabafe comigo. E lembre-se sempre: você não veio parar neste lugar
porque está com um parafuso a menos. (ri) Você está aqui, pois pessoas
estão interessadas em te ouvir... Vamos te ouvir!
Chelsea sorri,
agradecida.
CHELSEA – Tudo começou
no início deste ano, quando eu me interessei por um garoto que estava
comprometido com outra. Ok, isso parece ser um típico caso fútil de
adolescente. Mas, acredite, eu sou muito diferente de todos os outros
adolescentes... A câmera se afasta, enquanto Chelsea continua a contar tudo o que lhe acontecera para o Dr. Edwards. Este, por sua vez, escuta a garota atentamente e faz algumas anotações quando necessário. |
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2x17 - LIMITES |
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CENA 02.
Tomada da cidade de
San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais até
chegar à fachada da San Francisco High School. A imagem corta
rapidamente para:
CENA 03. SAN
FRANCISCO HIGH SCHOOL. PÁTIO. INT. DIA. (Música continua.)
Suzie está andando
distraidamente organizando alguns livros em sua bolsa. De repente, a
mulher é surpreendida com um braço que a puxa para dentro de uma sala de
dispensa. A imagem corta para:
CENA 04. SAN
FRANCISCO HIGH SCHOOL. SALA DE DISPENSA. INT. DIA. (Música cessa.)
Continuação imediata
da cena anterior.
SUZIE
– (se assusta ao perceber que se trata de Mitch) O que você está fazendo
aqui?
MITCH
– (fechando a porta da sala de dispensa) Você não acha que precisamos
conversar?
SUZIE
– Mitch! Abra essa porta. Este lugar é reservado apenas para os
funcionários da San Francisco High School.
MITCH
– Chegou agora na escola e quer me ensinar todas as regras do local? Não
sei se você sabe, professorinha Suzie, mas eu já estava aqui antes de
você substituir o nosso professor de História.
SUZIE
– Diga logo o que você quer comigo, Mitch, porque eu tenho uma aula em
alguns minutos e não posso deixar os meus alunos esperando.
MITCH
– (se aproximando de Suzie) Pode ficar tranquila, o que temos para fazer
é bem rapidinho. Eu só preciso da sua colaboração, claro...
E Mitch empurra Suzie
em direção a parede e começa a beijá-la calorosamente. Close na mulher,
que tenta se esquivar do garoto. Sem saber o que fazer, ela o empurra
fortemente e corre até a porta, mas o garoto volta a puxá-la.
MITCH
– (irritado) Você não vai fugir de mim mais uma vez sem antes fazermos o
serviço completo. Eu apostei com um amigo que conseguiria te pegar até o
fim do ano. Você não vai embora daqui até eu ganhar esta aposta.
SUZIE
– Então quer dizer que tudo isso se trata de uma aposta? Sinto muito em
lhe informar, Mitch, mas eu não vou participar desta palhaçada.
MITCH
– Vai negar que está louca para ser tratada como uma mulher de verdade?
Porque eu posso fazer isso por você. Duvido muito que o treinador ainda
esteja dando conta de um mulherão como você.
SUZIE
– Eu não acredito que estou ouvindo tanta estupidez. Onde está o seu
cérebro, garoto? Eu sou a sua professora e o mínimo que peço de você é
educação. Será que eu não fui clara o suficiente em nossa última
conversa?
MITCH
– Sim, você foi bastante clara, mas quem disse que eu dou ouvidos para
tudo o que me dizem? (passando a mão no corpo de Suzie) Você atravessou
o meu caminho... Apostas são feitas para serem cumpridas... E eu sou um
homem de palavra!
Suzie, sem pensar
duas vezes, dá um tapa no rosto do garoto, que leva sua mão até ele para
esconder a dor. Suzie abre a porta do quartinho e ameaça a sair, mas
volta.
SUZIE
– Eu deixei bem esclarecido que caso isso jamais voltasse a ocorrer, eu
não contaria nada ao diretor do colégio. Mas você ultrapassou todos os
limites, Mitch. E esta é uma escola. Talvez seja o último lugar onde
você possa aprender algo de bom.
Suzie sai, apressada.
Close em Mitch, que tira a sua mão do rosto. Ele bufa, enfurecido.
MITCH
– Isso não vai ficar assim!!!
A imagem corta
rapidamente para:
CENA 05.
SAN FRANCISCO HIGH SCHOOL.
PÁTIO. INT. DIA.
Mitch caminha em
direção a um grupo de garotos que está sentado em um banco do pátio.
MITCH
– Olá, galera. Tudo em cima?
O grupo de garotos
cumprimenta Mitch.
MITCH
– Eu estou precisando de uma informação muito valiosa... Será que vocês
podem me ajudar?
GAROTO 1
– Se estiver ao nosso alcance... Por que não?
MITCH
– Conhecem a professora nova?
GAROTO 2
– A gostosa da Suzie?
GAROTO 3
– Impossível não conhecer, né?
MITCH
– Ela mesmo. Ouvi a galera comentando outro dia que ela tem um filho
gay. Vocês sabem se isso é verdade?
GAROTO 1
– É verdade sim. E esses boatos são espalhados desde o ano passado,
quando ele ainda estudava aqui. Dizem que o garoto até circulava com o
namorado pelos pátios da escola.
MITCH
– (sorri maliciosamente) Interessante. E vocês sabem o nome dele?
GAROTO 2
– Hum... Eu sei o primeiro. Ryan!
GAROTO 3
– Ryan Jordan!
GAROTO 1
– (olha para o terceiro garoto) Como você sabe o último nome dele? (tira
sarro) Por acaso, já o conheceu de perto? (gargalha)
GAROTO 3
– Babaca, claro que não! Eu conheço o nome do cara, porque ele era o
melhor jogador de basquete do treinador Eric no ano passado. O cara
mandava muito bem em quadra. Cheguei a ver alguns jogos onde ele
participou.
MITCH
– Ryan Jordan! Era tudo o que eu precisava saber...
GAROTO 2
– Podemos saber por que você está tão interessado neste garoto, Mitch?
Não vá me dizer que resolveu mudar de time?
MITCH
– Tá me estranhando? Eu gosto de mulheres. E quando uma delas resolve me
dispensar, eu preciso fazer com que ela se arrependa disso... Enfim, não
posso dar muitos detalhes agora. Em questão de tempo, vocês irão ver o
que estou planejando!
Mitch sai, rindo.
Close no grupo de garotos, sem entender.
CENA 06.
SAN FRANCISCO HIGH SCHOOL.
SALA DE INFORMÁTICA.
INT. DIA.
Mitch entra na sala
de informática da escola e caminha em direção a um dos computadores. O
garoto se senta na cadeira e digita algum site na barra de endereços do
navegador. Vemos que o Facebook é aberto. Mitch faz o seu login e digita
na barra de buscas o nome “Ryan Jordan”. Notamos que o primeiro perfil
encontrado é o de Ryan. Mitch o abre e fica encarando a foto do garoto.
MITCH
– (para si mesmo) Quem mandou a sua mamãe brincar comigo... (ri)
A câmera se afasta,
enquanto o garoto continua vasculhando o perfil de Ryan.
CENA 07. CENTRO
PSIQUIÁTRICO. ÁREA DE LAZER. EXT. DIA.
Keith anda lentamente
pelo campo verdejante do local. Ao seu redor, vários pacientes vestidos
de branco aproveitam o belo dia que faz em San Francisco. Keith fica
observando o comportamento estranho de cada um. Um deles corre até a
garota. É um jovem que aparenta ter 25 anos.
PACIENTE
– Olá...
KEITH
– (sorri) Olá... Tudo bem com você?
PACIENTE
– Mais ou menos. O meu coelho morreu hoje.
KEITH
– (tira o sorriso do rosto) Que pena... Você tinha um coelho?
PACIENTE
– Sim, mas ele era invisível, porque não permitem a entrada de animais
aqui.
KEITH
– (ri) Ah sim... Aposto que ele era um ótimo amigo.
O jovem assente
positivamente com a cabeça.
PACIENTE
– Você também veio passar um tempo aqui?
KEITH
– Não, eu vim visitar uma amiga...
PACIENTE
– Ah, ela também estava precisando de férias...
KEITH
– Sim, mas ela sairá daqui em pouco tempo. Ela não é lou... (percebe que
está falando com um paciente) Ela também está fazendo apenas uma visita.
PACIENTE
– O seu cabelo é engraçado...
KEITH
– (ri) Você acha?
PACIENTE
– Sim, ele é vermelho...
KEITH
– Eu gosto de ser diferente.
PACIENTE
– Eu também sou diferente. É por isso que estou aqui.
KEITH
– Mas é legal ser diferente, não é mesmo? Já imaginou como o mundo seria
sem graça se todos fossem iguais? Blargh. Eu não queria
ser igual a ninguém.
PACIENTE
– (sorri) Você é legal. Posso te dar uma coisa?
KEITH
– Não se incomode comigo.
PACIENTE
– Não é incômodo nenhum. Eu poderia até fazer uma mágica para ela
surgir, mas como não sou mágico... (tira uma flor de dentro do paletó)
Eu colhi hoje pela manhã.
KEITH
– (pegando a flor) É muito bonita... (close em seus olhos marejados)
Muito obrigada, eu nunca recebi um presente tão especial como este de
ninguém... (sorri) Agora eu preciso ir ver a minha amiga.
PACIENTE
– Claro. Mas antes, posso saber qual é o seu nome?
KEITH
– Keith. (sorri)
PACIENTE
– Prazer em te conhecer.
O jovem sorri e dá as
costas para Keith. Ela ameaça sair, mas estaciona no mesmo lugar onde
está.
KEITH
– (gritando) Hey!
O paciente volta a se
virar para Keith.
PACIENTE
– Sim?
KEITH
– Você não me disse o seu nome...
PACIENTE
– O meu nome é Jacob.
KEITH
– Boa sorte, Jacob!
Keith sorri e sai
andando em direção a sede do centro psiquiátrico. Ela olha para a flor,
admirada.
CENA 08. CENTRO
PSIQUIÁTRICO. SALA DO DR. EDWARDS. INT. DIA. (Música cessa.)
O Dr. Edwards está
concentrado na leitura de alguns papeis. Alguém bate a porta.
DR. EDWARDS
– (levantando a cabeça) Entre!
A porta é aberta.
Keith entra.
KEITH
– Olá! Eu atrapalho?
DR. EDWARDS
– Claro que não... Mas você não me parece ser alguma paciente.
KEITH
– Não. Na verdade, eu estou aqui para ouvir sobre outra paciente.
Chelsea Harris. Minha melhor amiga.
DR. EDWARDS
– Ah sim... Ela me falou sobre você.
KEITH
– Espero que tenha falado bem...
DR. EDWARDS
– E por que não falaria?
KEITH
– Porque eu e a Chelsea tivemos alguns desentendimentos recentemente. Eu
estava com muito medo de vir até aqui, porque eu receava que ela se
recusasse a me ver. Mas chega um momento que temos que encarar...
DR. EDWARDS
– A Chelsea só falou coisas boas sobre você, Keith. Independente do que
aconteceu entre vocês, ela não guarda nenhuma mágoa. E aposto que vai
adorar te ver. (sorri) Você veio em um bom momento. A Chelsea está se
sentindo muito sozinha. Ela precisava ser visitada por alguém.
KEITH
– (surpresa) O que? A família dela não veio vê-la?
DR. EDWARDS
– Até agora, não. E pelo o que a Chelsea me contou, ela não tem um bom
relacionamento com os pais...
KEITH
– Mas isso não justifica eles não se preocuparem com a saúde da filha. A
Chelsea está passando por um momento complicado. É obrigação deles a
apoiarem.
DR. EDWARDS
– Não foi à toa que a Chelsea disse que você era a única família que ela
tinha...
KEITH
– (deixa uma lágrima rolar sobre o seu rosto) Ela disse isso?
O Dr. Edwards
confirma com a cabeça.
KEITH
– Doutor, será que você pode me dizer se a Chelsea está bem?
DR. EDWARDS
– Ela está bem sim, Keith. A Chelsea não é louca. Ela só está
sobrecarregada com todo o estresse emocional que sofreu nos últimos
tempos. Em pouco tempo, ela poderá voltar para a casa...
KEITH
– Que bom. Mas você sabe me dizer o que fez com que ela ameaçasse alguém
com um revólver?
DR. EDWARDS
– (surpreso) Keith,
eu achei que você soubesse...
Keith se aproxima da
mesa de Dr. Edwards e se senta em uma cadeira.
KEITH
– (assustada) O que?
DR. EDWARDS
– A Chelsea foi estuprada impiedosamente...
Close em Keith, sem
reação com a notícia.
KEITH
– (gaguejando) Pe..pelo Chad? Porque era nele que ela queria atirar...
DR. EDWARDS
– Não foi pelo Chad. Foi por algum covarde que ela encontrou na rua. Mas
duas semanas após o Natal, o Chad foi até o quarto da Chelsea com a
intenção de se reconciliar com ela. Os dois acabaram tendo um momento
íntimo e a Chelsea enxergou no Chad o estuprador. É normal que pacientes
de estupro tenham essas visões...
KEITH
– Daí, descontrolada, a Chelsea pensou que colocando a culpa no Chad...
DR. EDWARDS
– (complementa) ...Ela estaria se vingando do estuprador.
KEITH
– Meu Deus... Agora tudo faz sentido. Eu só não consigo acreditar que
alguém foi capaz de fazer isso com a minha amiga.
DR. EDWARDS
– Tem muita gente covarde nesse mundo, Keith.
Close em Keith, que
concorda com a cabeça. A imagem corta rapidamente para:
CENA 09.
SAN FRANCISCO HIGH SCHOOL.
CORREDOR DE SALAS DE
AULA. INT. DIA.
A sineta toca,
anunciando o fim da última aula do dia na San Francisco High School. Os
alunos saem de suas respectivas salas de aula, eufóricos e apressados.
Por fim, vemos Suzie andando no corredor. Ela se despede de alguns
alunos. O treinador Eric vem apressado em sua direção.
SUZIE
– (surpresa) Amor, aconteceu alguma coisa?
ERIC
– (ignora a pergunta de Suzie) Para onde você está indo agora?
SUZIE
– Eu vou até a sala da direção. Tenho uma queixa a prestar ao diretor
Davis.
ERIC
– Não sem antes ver isso...
O treinador Eric puxa
o braço de Suzie, levando-a para fora do corredor das salas de aula.
SUZIE
– Para onde estamos indo, Eric?
Close em Suzie,
confusa.
CENA 10.
SAN
FRANCISCO HIGH SCHOOL. PÁTIO.
INT. DIA.
Suzie e Eric chegam
ao pátio do colégio. Vemos que os alunos, que estavam eufóricos para ir
embora, agora estão parados no pátio, encarando as paredes da escola e
trocando cochichos entre si.
SUZIE
– (tirando um dos papeis que estão colados na parede) Mas o que está
acontecendo aqui?
A câmera revela o
local por completo, mostrando as paredes lotadas de papeis estampados
com a foto de Ryan e os seguintes dizeres: “O FILHO DA
PROFESSORA SUZIE É GAY”.
Suzie olha para os
alunos, constrangida. Entre eles, está Mitch, que ri maliciosamente.
Suzie encara o garoto, enfurecida, e resolve tomar uma atitude.
ERIC
– (segura o braço de Suzie) Aonde pensa que vai?
SUZIE
– Eu preciso tirar satisfações com um dos meus alunos, Eric. Me solte!
Eric obedece a
namorada. Suzie caminha até Mitch e o segura pelo braço.
SUZIE
– Venha até a minha sala! Eu achei que você tinha ultrapassado todos os
limites quando me prendeu naquela sala de dispensa. Mas agora percebi
que não há limites para você!
Suzie e Mitch se
encaram.
CENA 11.
SAN FRANCISCO HIGH SCHOOL.
SALA DA PROFESSORA
SUZIE. INT. DIA.
Suzie está sentada
sobre a sua mesa. Mitch está de frente para ela.
SUZIE
– Então, o que você tem a me dizer?
MITCH
– Eu não tenho mais nada para te dizer. Tudo o que eu tinha já foi posto
em prática naquele pátio.
SUZIE
– (grita) Mitch, você se dá conta da besteira que acabou de fazer?
MITCH
– Ninguém mandou você não contribuir com a minha aposta. (sorri
sarcasticamente) Você me ameaçou dizendo que ia contar tudo para o
diretor. Eu me vinguei colocando fotos do seu filho em todas as paredes
do colégio.
SUZIE
– Mitch, o que eu não consigo entender é o que o meu filho tem a ver com
toda essa situação. Esse era um problema restrito a nós dois. E eu
estava resolvendo isso. Agora, você expôs a minha família para todo o
colégio. Como você quer que eu me sinta?
MITCH
– Eu quero que você se sinta arrependida, professora Suzie. Você me
recusou e eu não quis deixar barato. Agora, se quiser que eu tire todos
aqueles papeis do colégio, diga que não vai contar nada ao diretor e que
vai cumprir a aposta comigo.
SUZIE
– Eu não vou cumprir nada com você. E acho que nem preciso contar ao
diretor tudo o que aconteceu, porque depois dessa baderna que você
aprontou na escola, não restam dúvidas de que você será expulso. Eu só
espero que, ao sair daqui, você repense todas as suas atitudes e pelo
menos crie um pouco de vergonha na sua cara, Mitch.
MITCH
– É, parece que eu consegui cutucar o ponto fraco da professora Suzie...
A sua família! Não deve ser nada fácil ter um filho gay, não é mesmo?
SUZIE
– (puxa o braço do garoto bruscamente) Escuta aqui, seu moleque... Não
envolva mais a minha família nisso tudo. Eu não te dou esse direito. O
meu filho é gay sim, mas isso não o torna menor que ninguém. Pelo
contrário, o Ryan é um garoto maravilhoso e o meu maior orgulho...
MITCH
– Não, esse papo ridículo não, por favor...
SUZIE
– E sem dúvidas, ele tem muito mais caráter do que você. Sabe por quê?
Porque ele nunca precisou fazer mal a ninguém para chegar aonde chegou.
Ao contrário de você, que para se tornar o garoto mais popular do
colégio, precisa ficar fazendo apostinhas ridículas com seus amigos...
Close em Mitch, que
começa a se sentir ofendido com o que a professora Suzie diz.
SUZIE
– E digo mais... A partir do momento que você coloca a família de outra
pessoa no jogo, lembre-se que a sua família também está sujeita a isso.
O mundo dá voltas, Mitch. Um dia, você ri do problema alheio. No outro,
você está passando por ele.
MITCH
– O que você quer dizer com isso?
De repente, o diretor
Davis entra na sala de aula.
DIRETOR MARK DAVIS
– Com licença, dona Suzie... Será que posso conversar com o Mitch?
Close em Mitch,
assustado.
CENA 12. CENTRO
PSIQUIÁTRICO. QUARTO DE CHELSEA. INT. DIA.
Chelsea está deitada
em sua cama lendo um livro. A porta abre lentamente. Keith coloca sua
cabeça para dentro do local.
KEITH
– Será que posso entrar?
CHELSEA
– (sorrindo) Keith!
Keith entra no quarto
e fecha a porta. Chelsea se senta na cama.
CHELSEA
– (fechando o livro) Que bom que você se lembrou de mim!
KEITH
– Eu jamais me esqueceria de você, Chelsea...
CHELSEA
– Não sei. Ainda mais depois do que eu aprontei na universidade. Eu
apontei uma arma para os alunos.
KEITH
– Você estava fora de si, Chelsea. Agora, está sendo tratada. Em breve
você poderá voltar para a universidade...
CHELSEA
– (fica cabisbaixa) Não sei se me aceitarão de volta. (levanta a cabeça)
Mas eu preciso arcar com as minhas consequências, não é mesmo?
Independente do que acontecer no futuro, eu já me sinto feliz por não
ter feito mal a ninguém...
KEITH
– Até parece que você seria louca de disparar aquela arma... (ri) Você
não é capaz de fazer mal até a uma mosca.
Chelsea também ri.
CHELSEA
– Keith, me desculpa por ter desdenhado a nossa amizade... Desde que eu
cheguei aqui, eu tenho pensado muito em tudo o que me aconteceu...
Pudera, eu fico presa entre quatro paredes brancas praticamente o dia
inteiro... (ri) E eu percebi que eu fui ridícula em agir daquela forma
com você.
KEITH
– Esqueça isso, Chelsea...
CHELSEA
– Não dá para esquecer, Keith... Eu nunca tive nada com o Matt, logo, eu
não tinha o direito de querer te proibir de se envolver com ele. A
verdade é que eu andava muito vulnerável. Eu estava muito triste e me
incomodava ver alguém tendo a oportunidade de ser feliz. (pausa) Eu fui
muito egoísta em querer te incluir nos meus problemas, Keith...
KEITH
– Tudo bem. Não se preocupe com isso. Mesmo tendo a sua aprovação, nunca
vai rolar nada entre eu e o Matt...
CHELSEA
– Por que não? Eu acho que vocês dois dariam um ótimo casal. (sorri)
Keith também sorri,
confusa.
KEITH
– Mas eu também tenho que te pedir desculpas... No dia em que
discutimos, eu não deveria ter falado daquela forma com você. Pelo
contrário, eu precisava ter sido compreensível.
CHELSEA
– Você não falou nada mais do que a verdade, Keith... (sorri) E
aproveitando que estamos nesse momento de pedir desculpas, eu preciso
que você me perdoe por eu ter te escondido algo tão importante que
aconteceu nos últimos dias, bagunçou a minha vida e provocou aquele
espetáculo estúpido no refeitório da universidade.
KEITH
– Não, não diga nada... O doutor Edwards já me contou sobre isso. E eu
lamento muito por você, Chelsea. Tudo isso poderia ter sido evitado se
eu não tivesse correspondido ao beijo do Matt naquela noite.
CHELSEA
– Tudo isso poderia ter sido evitado se eu não tivesse sido tão infantil
a ponto de fugir da universidade por pensar apenas em mim mesma.
Acredite, a culpa não foi sua.
KEITH
– Talvez a culpa tenha sido daquele maldito blecaute...
CHELSEA
– (ri) Totalmente!
Chelsea estende a mão
para Keith.
KEITH
– (segurando a mão de Chelsea) Você sempre vai ser a minha melhor
amiga...
CHELSEA
– Você também sempre será a minha melhor amiga. Obrigada por estar aqui.
KEITH
– Amigas nunca abandonam uma a outra.
Chelsea e Keith
trocam sorrisos entre si.
CENA 13. DASHER
COMPANY. ELEVADOR. INT. DIA. (Música cessa.)
Mitch entra no
elevador da empresa de seu pai e aperta um botão do painel eletrônico
para subir ao segundo andar. O celular do garoto começa a tocar.
MITCH
– (tirando o aparelho do bolso e atendendo a ligação) Oi, mãe. (pausa)
Eu estou aqui na empresa do meu pai. Preciso conversar com ele. (pausa)
Ok, logo estou indo para a casa.
Mitch encerra a
ligação e volta a colocar o celular no bolso. As portas do elevador se
abrem e o garoto sai de dentro da cabine, caminhando em direção ao
escritório do pai. A imagem corta rapidamente para:
CENA 14. DASHER
COMPANY. ESCRITÓRIO DO SR. DASHER. INT. DIA.
Mitch abre a porta do
escritório do pai e entra sem pedir licença.
MITCH
– (distraído) Oi, pai... Eu...
As palavras do garoto
são substituídas pela sua reação de susto. Ele está surpreso com o que
vê. A câmera revela o seu pai beijando outro homem. Seus paletós estão
jogados no chão, sugerindo que estavam prestes a tirar suas roupas. O
pai de Mitch interrompe o beijo e se esquiva, assustado, ao perceber que
o filho está ali.
SR. DASHER
– Mitch... O que você está fazendo aqui?
Close em Mitch, ainda
sem palavras. De repente, a voz de Suzie começa a ecoar em sua cabeça.
VOZ DE SUZIE
- A partir do momento que você coloca a família de outra pessoa no jogo,
lembre-se que a sua família também está sujeita a isso. O mundo dá
voltas, Mitch. Um dia, você ri do problema alheio. No outro, você está
passando por ele.
Perturbado, o garoto
sai correndo do local. Close no pai de Mitch, que passa a mão em sua
cabeça, desesperado. E depois no homem que estava o beijando. Ele volta
a vestir o seu paletó. A imagem corta rapidamente para:
CENA 15. UNIVERSIDADE
DA CALIFÓRNIA. DORMITÓRIO DE RYAN E EVAN. INT. DIA.
Ryan está se vestindo
para o seu treino de basquete. Sem camisa, o garoto procura por algo em
seu armário.
RYAN
– (para si mesmo) Onde será que o Evan guardou o meu uniforme? Bom, ele
deve ter se confundido e guardado no armário dele...
Ryan fecha o seu
armário e caminha até o de Evan. Ele abre uma das gavetas e começa a
procurar por sua camiseta. De repente, o garoto se assusta com algo que
encontra. Ainda confuso, Ryan tira para fora da gaveta um saquinho com
um pó branco dentro dele.
RYAN
– (surpreso) Mas o que é isso? O Evan está guardando cocaína dentro do
nosso dormitório?
Close em Ryan,
espantado.
CENA 16. UNIVERSIDADE
DA CALIFÓRNIA. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. DIA.
Josh está deitado em
sua cama fazendo a leitura de um livro. O garoto ouve alguém batendo a
porta.
JOSH
– (gritando) Quem é?
Josh não ouve nenhuma
resposta. Então, fecha o livro e se levanta da cama, caminhando em
direção a porta.
JOSH
– (abrindo-a) O que você está fazendo aqui?
A câmera revela
Austin, que está com o seu corpo apoiado no batente da porta.
AUSTIN
– Foi complicado tomar essa atitude, mas acho que já estava na hora de
eu vir te procurar.
JOSH
– (sorridente) Austin! Você não sabe como eu estou feliz em te ver!
AUSTIN
– Será que eu posso entrar?
JOSH
– Claro, que cabeça a minha! Entre, fique à vontade!
Austin entra no
dormitório. Josh fecha a porta e coloca suas mãos no bolso, sem saber o
que dizer ou fazer.
AUSTIN
– Depois do que aconteceu com a Chelsea no refeitório, eu fiquei
pensando muito sobre a gente... E eu cheguei a uma conclusão, Josh.
JOSH
– (tirando sarro) Resolveu apontar uma arma para mim assim como a
Chelsea fez com você e comigo naquele dia? (ri)
AUSTIN
– Não, não é isso! Eu fiquei muito orgulhoso em ver como você lidou com
a situação. Você enfrentou a Chelsea de frente e conseguiu convencê-la a
abandonar a arma. Sem falar que foi linda a forma como você me defendeu.
Eu pensei muito sobre isso e acho que eu devo acreditar em você...
JOSH
– (surpreso) Austin, quer dizer que...
AUSTIN
– (interrompe) Eu vou esquecer aquele momento embaraçoso onde você disse
o nome do... Você sabe. E vou acreditar que foi apenas uma confusão da
sua parte. Mas eu preciso que você me prometa, Josh, que tudo o que
aconteceu entre você e o Ryan ficou no passado...
JOSH
– (se aproximando de Austin) Eu prometo! O Ryan é uma página virada na
minha vida. Você é o meu presente. E eu te juro que nunca mais vou
deixar que qualquer deslize meu atrapalhe o nosso relacionamento. Eu te
amo de verdade, Austin... E eu não quero que você duvide disso nunca.
AUSTIN
– Eu também te amo, Josh. (sorri)
JOSH
– Eu também fiquei muito orgulhoso por você ter entrado na minha frente
no momento em que a Chelsea apontava a arma para mim. Você arriscou a
sua vida por minha causa.
AUSTIN
– Só fiz isso porque eu tinha a absoluta certeza de que ela não iria
atirar... (ri)
JOSH
– (rindo também) Bobo!
AUSTIN
– (fica sério) Eu seria louco sim de arriscar a minha vida por você.
JOSH
– Não diga isso, Austin...
AUSTIN
– Eu estou sendo sincero com você, ué...
JOSH
– Mas você nunca precisará arriscar a sua vida por mim. Estaremos sempre
juntos.
Josh sorri e aproxima
seus lábios aos de Austin. Os dois garotos se beijam, apaixonados.
AUSTIN
– (interrompe o beijo) Sabe o que deveríamos fazer? Visitar a Chelsea.
Acho que ela está precisando do apoio de amigos em um momento como este.
JOSH
– Não se esqueça que ela quis atirar em você!
AUSTIN
– Ela estava descontrolada, Josh... Agora ela está em lugar onde
receberá cuidados especiais.
JOSH
– Pois eu acho uma ótima ideia. Deveríamos também levar um presente.
AUSTIN
– Que tipo de presente?
Involuntariamente,
Josh olha para o criado-mudo onde está um porta-retrato com uma foto
dele ao lado de Chelsea.
JOSH
– Acho que já tive uma ideia...
Os garotos voltam a
se beijar, muito felizes.
CENA 17. CENTRO
PSIQUIÁTRICO. QUARTO DE CHELSEA. INT. DIA.
Josh e Austin entram
no quarto de Chelsea carregando um grande mural de fotos nas mãos.
Chelsea, surpresa com a visita deles, se levanta da cama e olha admirada
para o presente. Os garotos colocam o mural na parede e a abraçam.
Chelsea retribui, emocionada. Ela volta a se sentar na cama. Os garotos
fazem o mesmo, sentando um de cada lado da garota. Eles conversam, riem
e se divertem. A câmera se afasta e explora todo o local, indo em
direção ao mural de fotos pregado na parede. Nele, vemos várias fotos de
Chelsea e de seus amigos. Amigos, o maior bem que ela conseguiu
preservar em meio a todos os problemas pelos quais passou. A imagem escurece. |
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TRILHA SONORA
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