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CAPÍTULO 08 | ||
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VOZ DE ANTÔNIA – Anteriormente em Garotas do Rio...
Laura olha surpresa para Fábia, que está com os olhos marejados. FÁBIA – Então o que eu mais temia, ou melhor, o que eu sequer supunha, aconteceu. Você foi a mandante desse sequestro. LAURA – Espera aí, eu posso explicar, minha filha. FÁBIA – Não me chama de filha. Eu vim aqui porque o Tony me contou toda a sujeira, toda a chantagem que você fez com ele. Como um ser humano pode ser tão vil? Como você pôde ser tão pérfida? Laura passa a mão pelos cabelos, olha profundamente nos olhos de Fábia e deixa escapar uma lágrima. SIRLENE – Tua mãe nunca prestou, Fábia. Ela só usa e descarta. Foi assim a vida toda. Ingenuidade sua abrigá-la na sua casa, entre seus amigos. Ela só causa destruição. FÁBIA (a Marcela) – Eu imagino o quanto você sofreu nas mãos desses dois. O quanto sofreu em saber que a minha mãe, que nos últimos meses eu venerava, era o pior dos seres humanos. MARCELA – Foi muito difícil pra mim. Eu não tinha provas, eu queria contar pra você, mas não podia. Laura se aproxima de Fábia. LAURA – É mentira. Tudo um complô. Não tá vendo que até a Sirlene eles trouxeram? Tá na cara que armaram pra mim, filha. Puxaram minha ficha e viram que não sou amiga dessa daí. FÁBIA – Eu tô com nojo de você e dessa sua dissimulação. Eu ouvi muito bem o que você disse. Que articulou esse sequestro. Eu também vi os comprovantes de depósitos que o Tony fez pra sua conta. SIRLENE – Fala de uma vez, cascavel. Você tá cercada. Sua máscara acabou de cair. Laura olha para todos. Olhar final em Fábia. FÁBIA – Confessa, Laura. Abre o jogo e deixa a gente conhecer a sua verdadeira face. Em Laura. CENA 02. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SUÍTE DO CASAL. INT. DIA. Antônia pálida, se desequilibra e quase cai. Wanessa a segura. WANESSA – O que tá acontecendo? ANTÔNIA – Eu também não estou entendendo nada. Antônia anda pelo quarto, olha para o tablet e, em seguida, o joga na cama com fúria. ANTÔNIA – É ela! É a Anunciação. Mas dessa vez ela foi baixo demais. WANESSA – Mas é verdade o que ela publicou? ANTÔNIA – Eu não acredito que você tá suspeitando de mim, Wanessa. Wanessa fica meio sem jeito. WANESSA – Mas é que você ficou tão desorientada, jogou o tablet com tanta raiva na cama. Por um instante eu achei que pudesse... ANTÔNIA (por cima) – Eu sou uma figura pública. Dependo da minha imagem para poder trabalhar. Entende a gravidade que uma notícia falsa dessas causa? Antônia coça a cabeça, anda de um lado para o outro em desespero. |
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MÃE TÓXICA | ||
CENA 03. AP LAURA. SALA. INT. DIA. Laura olha fixamente para Fábia. LAURA – É a verdade que você quer? Fábia faz que sim com a cabeça. LAURA – Então é a verdade que você vai ter. Toda a verdade. Close na apreensão de Sirlene, Nenzin, Marcela e Fábia. Laura respira calmamente e sorri. LAURA – Eu vim realmente pro Rio disposta a tirar dinheiro seu. Já algum tempo que acompanhava sua vidinha de sucesso como jornalista. Agora quem diria que uma sapatão adolescente que dá em cima do marido da mãe teria futuro na Cidade Maravilhosa. FÁBIA (gritando) – Eu não dei em cima do seu marido e você sabe disso. LAURA (séria/calma) – Cala a boca. Quem vai dizer as verdades aqui agora sou eu. Vocês não pediram isso? Então aguentem caladas cada palavra que eu vou dizer. Eu posso ser má, mas coisa que eu não sou é burra. Por isso, ao ver seu crescimento, ver que você tava bem de vida, eu decidi me aproximar. O Nenzin realmente arrumou treta com um cara aí, mas era dívida pequena, coisa pouca. FÁBIA – Então não era 50 mil como você queria? LAURA – Acha que eu viria num ônibus xexelento de Valença até aqui, tentaria tirar uma boa grana de você pra ter que dar tudo pra bandido? Só se eu fosse muito burra. SIRLENE – A dívida do seu marido era de uns 5 mil no máximo. Viciado em cocaína. LAURA – Mas chegando aqui, vi que você não iria me dar esse dinheiro tão fácil. Eu precisava te reconquistar. Então contei uma historinha triste, me fiz de vítima dos ataques do Nenzin e pronto, menos de uma hora depois eu tava lá instalada no seu apartamento e com a garantia de um empreguinho. Mas você acha mesmo, Fábia Bueno, que eu saí de Valença pra limpar chão pra madame pisar em Copacabana? Eu tava ali como atriz, aliás, uma atriz bem melhor que essa sua amiga. Mas antes de começar o papel de empregadinha, eu fiz algo mais cruel. Era o golpe de misericórdia que faltava. Laura ri e vai até a cristaleira e se serve de uma dose de uísque. NENZIN – Ah, mas esse trunfo também é meu, meu amor. Eu comecei a te ajudar aí. FÁBIA (confusa) – Do que vocês tão falando? Laura dá uma golada no uísque. LAURA – Sério que não se lembra do curto-circuito que gerou um incêndio na Gazeta Carioca? Fábia fica chocada. FÁBIA – Foi você? NENZIN – O fogo quem provocou fui eu. Mas a ideia foi sim da sua brilhante mamãezinha. LAURA – Tinha mandado Nenzin investigar a sua vida no trabalho enquanto eu tava lá te surpreendo com meu dramalhão mexicano. Ao perguntar sobre você, ele viu a rixa que a tal secretária da chefe tinha de você. E depois ele viu geral indo embora e me ligou. Naquele momento eu vi que precisava bancar a heroína. Então ele lavou a mão de um técnico lá que desligou as câmeras do circuito interno do prédio. MARCELA – Com que dinheiro? LAURA – Eu vendi a casa e um carro que tínhamos em Valença. Eu vim decidida a quadruplicar esse valor, a ter vida boa, custe o que custar. Fábia chora em silêncio.
LAURA –
Aguenta firme. Eu vou continuar: com o circuito interno das câmeras
desligado e sem ninguém no seu andar, Nenzin então subiu com um simples
canivete e sabia o que fazer...
=INÍCIO DO FLASHBACK= CENA 04. GAZETA CARIOCA. CORREDOR. INT. DIA. SONOPLASTIA: SUSPENSE. Nenzin vai andando bem devagar pelo corredor. Ao chegar próximo a sala de Fábia, ele saca um canivete e corta alguns fios. Pouco depois, ele risca a ponta de metal de um fio na ponta de metal de outro fio e começa um curto-circuito.
NENZIN –
Desculpa, linda, mas mamãe precisa reinar.
=FIM DO FLASHBACK=
CENA 05. AP LAURA. SALA. INT. DIA. FÁBIA – Então foi você, Nenzin? Foi você que incendiou o jornal. Nenzin sorri. Fábia se escora na parede, fica desorientada. Marcela se aproxima, a abraça. MARCELA (dó) – Fábia... FÁBIA (triste) – A minha mãe, Marcela. Eu fui enganada, desprezada, humilhada pela segunda vez. MARCELA – Vem, vamos sair daqui. FÁBIA – Não. Tenho contas a acertar com essa mulher. Acho que chegou a hora da gente resolver todas as pendências. SIRLENE – Quais pendências, minha flor? Fábia se aproxima de Laura, a olha com raiva. FÁBIA – Do passado. Do presente. Eu quero resolver tudo. Não deixar mal-entendidos. Por isso, queria que todos se retirassem. É algo entre Laura e eu. LAURA (irônica) – Algo pessoal. Entre mamãe e filhinha. MARCELA – Tem certeza, Fábia? Essa mulher pode ser perigosa, pode atentar contra a sua vida. FÁBIA – O pior ela já fez comigo. Se quando pequena e indefesa, eu consegui resistir, não será hoje que ela irá me destruir. LAURA – Anda, gente, vaza daqui. Ela quer fazer toda uma encenação de novela mexicana. Deixa. Quer ser o centro das atenções. Claro que uma melancia faria o mesmo efeito com menos esforço, mas cada um com sua concepção. Sirlene, Marcela e Nenzin saem. LAURA – Pronto! Agora estamos eu e você. Como queria. Fábia e Laura se olham, muito sérias. Tensão no ar. CENA 06. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA. Tony está sentado, cabeça recostada na mesa. Olha triste para o nada. Lu entra. LU – Tony, vi que não saiu da sua sala depois que a Fábia teve aqui. O que foi? TONY – Oi, Lu. É, não deu boa hoje não. A casa caiu. Lu se senta de frente para Tony. LU – Tá falando do seu caso com o Diego? Tony a olha surpreso. LU – Não precisa fazer essa cara. Eu já sabia antes mesmo de acontecer. Tava no ar o desejo, a atração que você sentia por esse menino. Só não via quem não queria. TONY – Justamente esse ver que eu tô com medo. Eu posso ser desmoralizado, perder meu casamento. E tudo por culpa de um desejo. LU – Talvez o Felipe nunca te perdoe, mas joga limpo com ele de uma vez, antes que alguém conte. Tony se levanta, anda de um lado para o outro, meio desorientado. Ele para próximo a janela, olha a movimentação externa. TONY – O problema não é esse, Lu. O problema é bem maior. LU – Diego tá te ameaçando, tá fazendo chantagem? TONY – Ele é a maior vítima disso tudo. Acho que só se deitou comigo pra manter o emprego, porque realmente precisa. LU – Mas então o que é? Tony respira fundo e olha para Lu. TONY – Laura. Ela colocou câmeras no almoxarifado e gravou algumas transas minhas. Ela tá me chantageando, tá ameaçando colocar esses vídeos na internet. Eu tô pirando, compreende? Jamais imaginei uma coisa dessas. Lu se levanta e abraça Tony, que chora. CENA 07. AP LAURA. SALA. INT. DIA. Laura e Fábia se encaram. Clima tenso. Silêncio absoluto no ambiente. LAURA – O que mais você quer, garota? Já ouviu tudo da minha boca, já sabe que eu não presto. Aliás, já sabia bem antes. Sabe que pra uma jornalista bem sucedida, você é bem ingênua. Caiu na minha conversa outra vez. Fábia nega com a cabeça. FÁBIA – Como que eu pude? Como que eu pude? Laura acende um cigarro e fuma despreocupada. FÁBIA – Até agora eu não compreendo o que me fez te aceitar dentro da minha casa. No seio dos meus amigos. Olha a desgraça que você causou pra Marcela, pro Tony. Sabe Deus pra mais quem. Como que eu pude, meu Deus? LAURA – Não vem agora querer bancar a desmemoriada. Você me aceitou porque o laço consanguíneo falou mais forte que a razão. O seu desejo de relação perfeita te fez colocar uma pedra no passado. Acorda, menina. FÁBIA (saindo) – Eu não quero ouvir mais nada. Laura corre e se põe diante da porta. FÁBIA – Sai da frente, Laura. Me deixa passar. Quero ir embora, quero ficar longe de você. LAURA – Você vai ficar. Vai ouvir tudo. FÁBIA (gritando) – Sai da minha frente, seu verme! LAURA (gritando) – Vai se alterar? Resolver subir nas tamancas? Pois então eu vou subir nas minhas também, vamos ver quem é que vai ficar mais alta agora. Fábia se surpreende, recua e se senta no sofá. Laura respira fundo. FÁBIA – Você é tóxica. LAURA – Eu odeio você. Você destruiu a minha vida. Fábia a olha incrédula. LAURA – Você estragou os meus planos, os meus sonhos. FÁBIA – Por que eu descobri essas suas chantagens baratas? Esse sequestro? LAURA – Claro que não, garota. Tô falando do passado. Falando do seu pai, do único homem que amei de verdade e me abandonou quando eu contei que estava grávida de você. Close no olhar triste de Laura.
LEGENDA: Valença, RJ – 1982 CENA 08. DISCOTECA CELEBRARE. EXT. NOITE. PANORAMA na fachada toda decorada com discos de vinil coloridos. Letreiro em neon verde e vermelho, traçando o nome da discoteca. Uma enorme porta vermelha em formato de vitrola dá acesso à área interna. Laura (15 anos, ruiva, cabelos longos e encaracolados, calça e terno em prata brilhoso) está na fila de entrada junto com outras garotas. CENA 09. DISCOTECA CELEBRARE. SALÃO. INT. NOITE. SONOPLASTIA: BOOGIE OOGIE OOGIE – TASTE OF HONEY. PLANO GERAL. Muita gente dançando, alegria. CAM passa pelo salão até achar Laura num canto fumando e conversando com uma moça loira. MOÇA – Daqui a pouco ele chega, Laura. É questão de tempo. LAURA – É muito importante essa conversa com ele, Sandra. Não dá pra esperar, entende? SANDRA – Até eu fiquei curiosa agora. LAURA – Deixa de ser prafrentex, vai! Laura joga o resto do cigarro por ali, enquanto Sandra dança e olha o ambiente. Pouco depois, um homem branco, alto, aparentando ter entre 28/30 anos, aproxima-se delas. LAURA (alegre) – Poxa, Maurício, achei que não viria mais. Tô aqui te esperando. MAURÍCIO – Me esperando? Tomou o bonde errado então. Eu não marquei nada contigo. Laura fica visivelmente triste. Maurício se aproxima de Sandra e a beija com excitação no pescoço. SANDRA (se esquivando) – Tô fora, Maurício. Tu é mais rodado nesse canto do que pneu de opala velho. Sandra se afasta, sumindo na multidão. Laura puxa Maurício para um canto mais reservado. Close nos dois. MAURÍCIO (impaciente) – Já te falei que não sou cachorro pra ser adestrado. Eu sou solto. LAURA – Eu tô grávida. Maurício permanece indiferente. LAURA – Não vai dizer nada? MAURÍCIO – Aposto que nem sabe quem é o pai. Laura dá um tapa no rosto de Maurício, que revida. MAURÍCIO – Andou com Deus e o mundo e quer jogar essa culpa pra cima de mim? Comigo não, violão. Eu tô é fora. Ainda bem que amanhã tô pegando o bonde e partindo pra longe. Maurício se afasta. Laura vai atrás. CENA 10. DISCOTECA CELEBRARE. RUA. EXT. NOITE. Sonoplastia cessa. Uma pequena garoa cai na rua vazia. Maurício sai apressado e Laura vai atrás, se aproxima e começa a lhe dar tapas nas costas. LAURA (batendo/ com raiva) – Seu canalha! Eu me entreguei pra você, só pra você! Olha o que você tá fazendo comigo. Maurício vira-se e segura os braços de Laura com força. Olha em seus olhos. MAURÍCIO – Você foi só diversão. Quero que você e esse seu filho vão pra puta que pariu. Maurício empurra Laura, que cai no chão. Ele segue andando. LAURA (gritando/ caída) – Eu vou me matar! Ouviu, Maurício? Eu vou me matar. MAURÍCIO – É um favor que você faz. ÂNGULO ALTO. Laura sentada no chão, chuva caindo sobre ela, que chora. SONOPLASTIA: RELICÁRIO – NANDO REIS CENA 11. CASEBRE. EXT. DIA. Uma mulher morena (55 anos, cabelo curto) empurra Laura na calçada e joga um saco plástico cheio de coisas próximo a ela, que chora. MÚSICA CESSA. MULHER – Aqui eu não admito depravadas, ainda mais prenhas. Vá procurar o pai dessa criatura. Foi embaixo dele que tu se enfiou, agora é embaixo dele que tu vai ficar. Ou vai pra Casa de Prazeres da Solange. Lá é o lugar de ordinárias feito você. Laura pega o saco e começa a caminhar. Chora muito.
=FIM DO FLASHBACK=
CENA 12. AP LAURA. SALA. INT. DIA. LAURA – Se você soubesse metade das humilhações que passei, garota. Tudo por causa de você. Tive que fazer programa grávida, apanhei, fui estuprada. Fábia levanta-se, mas desvia o olhar. FÁBIA – Acho que chega. Lá no passado, a decisão foi sua. O descuido foi seu, não meu. Eu não tenho culpa. Laura segura Fábia pelos braços, a olha com raiva. LAURA (dura) – Odeio você! Desgraça, infeliz! Eu passei seis meses te excomungando, rezando pra abortar, torcendo pra você nascer morta! MORTA! Fábia se desvencilha e dá um tapa em Laura, que cai no chão. FÁBIA – Se você tá aí despejando seu ódio, o seu veneno, é porque sabe melhor do que ninguém, que mesmo com uma mãe que me odeia, que desejou a minha morte, que fechou os olhos para os abusos que eu sofria e me expulsou de casa, eu saí por cima. Sou vitoriosa. Trabalho honestamente e conquisto as minhas coisas. Eu saí bem diferente de você, sua canalha, que precisa mentir, precisa chantagear e atentar contra a vida dos outros pra poder conseguir um pouco de dinheiro. Dinheiro sujo que não traz felicidade. Você é mal amada, sempre foi. (voz embargada) Mal amada, invejosa e vai pagar com a vida cada maldade, cada sofrimento que fez as pessoas ao seu redor passarem. Fábia começa a chorar. LAURA – Eu espero que guarde bem essas suas palavras, pois vai se arrepender de cada uma delas quando tiver que pagar o seu quinhão de miséria. Porque uma praga eu te rogo aqui, mulher. Aqui e agora. Um câncer há de comer essa sua boca. Vermes e larvas vão ocupar essa sua língua que vai estar podre. Pode esperar por isso! Laura dá um tapa leve na boca de Fábia, que sai correndo do apartamento. CENA 13. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SUÍTE DO CASAL. INT. DIA. Antônia está sentada de frente para o espelho, se maquiando. Wanessa entra. WANESSA – Péssimas notícias! Antônia para de se maquiar e olha para Wanessa. ANTÔNIA – A notícia já espalhou? WANESSA – Sim! E foi efeito dominó. Acabaram de ligar da produção da novela e cancelaram sua participação. Deram desculpas de que o autor mudou os rumos da novela, mas a gente sabe qual foi o motivo. ANTÔNIA (cabisbaixa) – Eu tô decepcionada, Wanessa. Minha carreira tá por um fio. Antônia se levanta, vai até o parapeito e olha com tristeza. ANTÔNIA – Confiança... É isso que faz a gente se ferrar. WANESSA – Hã? O que? ANTÔNIA (disfarçando) – Não é nada. Antônia pega a sua bolsa e vai saindo. CENA 14. APARTAMENTO FAMÍLIA QUEIRÓS. SALA DE ESTAR. INT. DIA. Antônia vai saindo apressada, Wanessa vai atrás. WANESSA – Aonde você vai, mulher? ANTÔNIA – Resolver um assunto que tá entalado aqui. Já volto! Antônia sai, bate a porta forte. Em Wanessa assustada. CENA 15. COPABAR. SALÃO. INT. DIA. Marcela e Sirlene entram apressadas, vão até Lu, que está limpando o balcão. MARCELA – Oi, Lu, Tony está aí? Lu olha desconfiada para Sirlene. Marcela percebe. MARCELA – Ela é de total confiança, Lu. LU – Tony tá lá em cima. Vai lá! Marcela e Sirlene se afastam, indo em direção a sala de Tony. LU (pra si) – Essa estória do Tony não vai acabar bem. CENA 16. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA. Tony está sentado em sua mesa digitando algo no computador, quando alguém bate a porta. TONY – Entra! Marcela e Sirlene entram. MARCELA – Meu amigo! Marcela e Tony se abraçam fortemente. MARCELA – Essa é uma pessoa muito especial. O nome dela é Sirlene. SIRLENE – Prazer! Tony e Sirlene se cumprimentam. TONY – Não tô tão bem, mas sentem-se. Todos se sentam. MARCELA – A Fábia descobriu a verdadeira cobra que é a mãe dela. Foi ela a mandante do meu sequestro, sabia? TONY – A Laura é perversa. É uma psicopata que usa as pessoas, que só se aproxima por conveniência. Eu me sinto até envergonhado. MARCELA – Mas de que? SIRLENE – Provavelmente ela deve ter aprontado com você, não é? Tony assente com a cabeça SIRLENE – Eu conheço bem a Laura, de outros carnavais. Ela não é gente. MARCELA – Mas do que você tá falando? SIRLENE – A Laura expulsou a Fábia de casa. Tudo por culpa do Nenzin. TONY – Ela fez isso? SIRLENE – Isso não é nada. Fez coisa muito pior, gente. Eu me lembro como se fosse hoje, quando a Laura...
LEGENDA: VALENÇA, RJ – 1997 CENA 17. CASA DE LAURA. QUARTO. INT. DIA. Fábia (15 anos, ruiva) se levanta da cama enrolada em um lençol e chorando, enquanto Nenzin termina de se vestir e a olha com desejo. NENZIN – Pode dizer que você gostou, garota. Gosta toda vez que eu sei. Fábia chora copiosamente. Nenzin se aproxima e segura forte em seu rosto. NENZIN – Você é minha amante. Eu te deflorei, eu fico com você pra sempre. Segredo nosso. Se contar pra alguém, pra sua mãe...juro que mato ela e mato você. Agora se veste e bana daqui, vadia gostosa. CENA 18. CASA DE LAURA. SALA. INT. DIA. Fábia sai enrolada no lençol, quando Laura a surpreende. LAURA – Piranha! Laura parte pra cima de Fábia e lhe dá um tapa no rosto. FÁBIA – Mãe, foi ele. Foi aquele mostro do Nenzin... Ele me obrigou, senão. Laura dá outro tapa em Fábia, fazendo-a cair no chão. LAURA – Cala a boca, sua imunda. Eu suspeitava disso já, foi por isso que vim pra casa mais cedo. Eu trabalhando pra te dar as coisas e você dando pro seu padrasto. Nojenta. Nesse instante, Nenzin sai assustado do quarto. NENZIN – O que tá acontecendo aqui? LAURA – Você! Você trepando com a minha filha. Desvirginando essa menina. NENZIN – Ela se insinuava. Colocava roupas decotadas, andava de camisola pela casa. Sou homem. Deu mole eu como mesmo. A culpa é dela. Fábia chora muito, até que vomita. LAURA – Olha a sujeira que você fez, Fábia. FÁBIA – Eu vou limpar. LAURA – Vai sim, mas antes vamos na Madame Nicanô. Você vai abortar essa criança. FÁBIA – Que criança? Fábia e Nenzin se assustam. LAURA – Você acha que sou burra? Tem dois meses que você não usa absorvente, tava reclamando de tontura, agora vomita aqui na sala. Tu tá prenha, desgraça. NENZIN – Puta que pariu, mais essa agora... LAURA – Dois imbecis. Em Fábia, chorando.
=FIM DO FLASHBACK=
CENA 19. COPABAR. SALA DE TONY. INT. DIA. MARCELA – Coitada da minha amiga. Então é por isso que ela tem essa aversão aos homens? SIRLENE – Depois disso tudo, ela realmente abortou e veio morar na minha casa, a minha mãe abrigou. Aí ela começou uma amizade mais colorida com uma garota. Foi aí que a Laura a expulsou de vez da cidade. Foi terrível. TONY – Alguém precisa parar a Laura. Precisamos fazer alguma coisa. SIRLENE – Depois de hoje, acho que ela vai sumir do mapa. Em Sirlene. CENA 20. AP. LAURA. QUARTO. INT. DIA. Laura e Nenzin estão retirando as roupas do armário e colocando em malas de viagem. LAURA (apressando) – Bora, cara! A gente tem que dar o fora o quanto antes. Daqui a pouco esse lugar vai estar cercado de camburão. NENZIN – Você acha que a Fábia seria capaz? LAURA – Tem Fábia, tem Sirlene, tem Marcela, tem a bicha velha do Tony. Eu não posso dar mole, não. É piscar o olho e um deles pode estar agora numa delegacia. NENZIN – Mas e o nosso dinheiro? Como a gente vai viver? Ah não, Laura, eu não me arrisquei e me sujei a toa. Laura fecha a mala, se aproxima de Nenzin e o acaricia. LAURA – Eu tenho dinheiro pra gente viver um tempinho. A gente vai só refrescar a mente pra bolar um plano final. NENZIN (sensual) – Se você tá dizendo, minha gata. Nenzin e Laura se beijam. CENA 21. STOCK-SHOTS. EXT. DIA. SONOPLASTIA: ELA É CARIOCA – ADRIANA CALCANHOTO. Takes de pessoas correndo pela orla iluminada. Bares agitados com jovens, muito riso. MÚSICA CESSA. CENA 22. APARTAMENTO DE FÁBIA. SALA. INT. DIA. Fábia está sentada no sofá, bastante triste. A campainha toca. FÁBIA (pra si) – Só espero que não seja ela. Fábia levanta-se a abre a porta. Sorri. CAM mostra Antônia muito séria. FÁBIA – Que bom que você veio. Marcela a empurra com força e entra. Fábia fecha a porta e volta-se para ela. FÁBIA – O que tá acontecendo, Antônia? ANTÔNIA – Eu que pergunto, Fábia: O que deu em você? FÁBIA – Sobre o quê? ANTÔNIA – Não se faça de sonsa. Tô falando da matéria. Da minha vida. Você conseguiu destruir a minha vida. Fábia se aproxima, Antônia lhe dá um tapa. FÁBIA – Que isso? Eu não tô entendendo nada. ANTÔNIA – A matéria. Tá no site. Sua coluna divulgou que eu não sei de quem é o meu filho. Fábia fica perplexa. ANTÔNIA – Não precisa fazer esse teatrinho comigo. Eu confiei em você, achei que fosse minha amiga. Olha o que você fez. Fábia pega o celular e olha a reportagem. Fica abismada. FÁBIA – Não... Não pode ser... Não fui eu, juro! ANTÔNIA – Como que não foi você? Só pode ter sido você. Só você sabia. A Marcela ficou sabendo bem depois. Aliás, quem colocaria no site? Na sua coluna? Tá tentando me passar um atestado de mais burra do que já fui. FÁBIA – Você tá ficando louca. Olha pra mim, Marcela. Acha realmente que eu seria capaz? ANTÔNIA – Você é um verme. Eu nunca mais quero botar meus olhos em você. Baixa, mal amada. Merece toda a infelicidade do mundo. Antônia se aproxima e cospe no rosto de Fábia, que chora. ANTÔNIA – Você me dá nojo. Gentinha como você não deveria existir. Antônia sai. Em Fábia chorando. CENA 23. AP. MARCELA. COZINHA. INT. DIA. Marcela está cozinhando, enquanto Sirlene põe a mesa. SIRLENE – Essas últimas emoções me deixaram com um apetite danado. MARCELA – Tô fazendo um franguinho com creme tailandês. Fica divino. SIRLENE – Eu imagino. A campainha toca. MARCELA – Atende pra mim, Sirlene? Sirlene deixa os talheres em cima da mesa e sai. Marcela continua cozinhando. MARCELA (tom alto) – Sirlene, quem é? Nesse instante, Sirlene volta acompanhada de Patrick. PATRICK – Sou eu. Acho que a gente precisa conversar. Marcela olha assustada para ele. SIRLENE – Eu vou descer e comprar umas laranjas para fazer um suco. Sirlene sai. Marcela e Patrick ficam se olhando. CENA 24. TÁXI. INT. DIA. Antônia está no banco de trás, pensativa. O taxista segue dirigindo. TAXISTA – A senhora vai ficar onde em Ipanema? Antônia desliga-se dos pensamentos. ANTÔNIA – Oi? TAXISTA – A senhora disse que iria ficar em Ipanema, mas onde exatamente? ANTÔNIA – Não sei onde eu estou com a cabeça, me desculpa. Eu vou pra Botafogo. O senhor, por gentileza, me leva até lá. Em Antônia, aflita. CENA 25. AP. MARCELA. COZINHA. INT. DIA. Patrick diante de Marcela. MARCELA – O que você tá fazendo aqui? PATRICK – Acho que ficou tudo mal resolvido entre nós e preciso muito conversar com você. MARCELA – Nada ficou mal entendido. Tudo está bem entendido. Eu vi, Patrick. Eu vi! PATRICK – Foi uma armação da... MARCELA (por cima) – Nem fala o nome dessa infeliz dentro da minha casa. Desde o início do nosso namoro eu te avisei, falei pra se afastar, que ela se insinuava, que queria você. Mas eu era taxada de neurótica, de louca. Taí o resultado. Patrick se ajoelha na frente de Marcela. PATRICK – O que é que eu tenho que fazer pra provar que não estou mentindo? MARCELA – Seja homem, se levante e assuma seus erros. Não tô aqui pra te apontar o dedo, mas também não quero viver com você. Já foi, já passou. Some da minha vida. (GRITA) Sai daqui! Patrick, com os olhos marejados, sai. Marcela se escora numa parede e chora. CENA 26. APÊ PIETRO. HALL. INT. DIA. Antônia se aproxima da porta do apartamento de Pietro e toca a campainha. Ele atende. PIETRO – Antônia? Que surpresa boa. ANTÔNIA – Só me abraça, por favor! Antônia e Pietro se abraçam e acabam se beijando, nesse instante Mimi chega. MIMI – Por isso o seu celular tá dando desligado, Pedro. Você tá com cliente. Pietro e Antônia param de se beijar e olham surpresos para Mimi, que também se surpreende. MIMI (surpresa/ a Antônia) – Você? PIETRO – O que você está fazendo aqui, Mimi? Antônia se afasta de Pietro. Olha para os dois. ANTÔNIA – Vocês se conhecem de onde? MIMI – Do site. Provavelmente o mesmo que você o achou. ANTÔNIA – Site? MIMI – Para de fazer a Alice, Antônia. O site de garotos de programa. Antônia fica estarrecida. Olha para Pietro. ANTÔNIA – Você é... MIMI (por cima) – Garoto de programa. E dos bons, minha nega. Closes alternados em Antônia e Pietro. Clima de tensão. A tela junta metade da face de Antônia e Pietro, formando um novo rosto. |
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autor Wesley Alcântara
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