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CAPÍTULO 07 | ||
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CENA 01. APTO IAGO. QUARTO. INT. NOITE. Sob a luz do computador e de costas para a câmera, o homem de meia-idade digita no celular. CORTA PARA CENA 02. MANSÃO PATO. QUARTO LUA. INT. NOITE. Lua encara o celular. LUA: Não, Iago, não é para digitar, é pra gravar áudio. Lua envia uma mensagem. Em seguida o celular emite um som. LUA (lendo): Infelizmente eu não vou poder gravar áudio. Estou na sala e meus pais estão por perto. Eles ficam fazendo perguntas e quero ficar de boa, sem interrupções. Você entende? Lua revira os olhos. LUA: Fazer o que né? Ela digita a resposta rapidamente e envia. Recebe uma chamada, no visor do aparelho a foto de Larissa. Lua atende. A cena se divide ao meio, mostrando o quarto de cada uma. LUA: Oi, Lari. LARISSA: To tão triste, amiga. LUA: O que foi? LARISSA: Lembra do teste que eu fiz? LUA: Sim, o teste pra modelo na R3. O resultado já saiu? LARISSA: Sim, eles me ligaram. LUA: E aí? LARISSA: Não passei. Larissa chora. LUA: Lari, sinto muito. O que eles falaram? LARISSA: Eu não consegui atingir as expectativas. To gorda. LUA: Como assim? Eles disseram isso pra você? LARISSA: Nem precisou né. LUA: Você é tão magrinha. LARISSA: Parece que não o suficiente. Fiquei a semana toda comendo frutas, saladas e tomando água. Agora recebo essa notícia. Estou abalada. LUA: Calma, amiga. Será que eles não podem rever o teste? LARISSA: Não. Se eu quiser vou ter que me inscrever de novo e passar por todo o processo seletivo. LUA: Lari, fica tranquila, você tem talento, é a menina mais bonita que conheço. Sua hora vai chegar. LARISSA: Obrigada. Não me leve a mal, mas agora eu preciso desligar. Vou tomar banho e tentar dormir. LUA: Tudo bem. Se cuida. Lua desliga. CORTA PARA CENA 03. CASA LARISSA. QUARTO. INT. NOITE. Larissa joga o celular na cama se levanta, indo em direção ao frigobar. Tira vários doces, volta pra cama, abre vários de uma vez e come compulsivamente por um tempo. LARISSA: Gorda! Gorda! Gorda! Ela joga os doces pra longe. Vai até o espelho, observa o corpo, levanta a blusa, toca a barriga. CENA 04. MANSÃO PATO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE. (MUSIC ON: BALA DE PRATA – FERNANDO E SOROCABA) Amanda sentada mexe no celular. Pato entra e coloca as mãos nos olhos dela. Amanda sorri. Pato pula o sofá e surpreende a jovem com um beijo. Ele acaricia as pernas dela. AMANDA: Você estava com saudades? PATO: Muita. Eu achei que você não ia aceitar o convite. AMANDA: Eu fico com receio. A gente aqui, na sua casa, sei lá. PATO: Que que é, tá com medinho agora? Não to te reconhecendo. Cadê aquela garota de atitude que é pura adrenalina? AMANDA (sorri): Tô aqui! PATO: Vamos subir? AMANDA (morde os lábios): Apressadinho você né. PATO: Tu me deixa doido, garota. Eles se beijam calorosamente. Pato passa a mão na perna dela, esquentando o clima. Leonardo e Kátia entram. Ela se surpreende com a cena. Leonardo tosse. O casal se afasta. MUSIC OFF. PATO: A gente já tava de saída ou melhor, “de subida”. KÁTIA: Não vai nos apresentar sua… Namorada? PATO: Essa aqui é a Amanda. Esses são meu pai, Leonardo, e a esposa dele, Kátia. Kátia encara Amanda, que percebe. AMANDA: Prazer. Leonardo franze a testa, não entendendo a atitude dela. PATO: Bom, a gente já ia subir. (a Amanda) Vamos? AMANDA: Vamos. Pato sobe a escada animado, Amanda o segue. LEONARDO: Que estranho. KÁTIA: Estranho? Que pouca vergonha, isso sim! Eles estavam se pegando no nosso sofá, Leonardo. LEONARDO: Eles são jovens, meu amor. Nós também tivemos nossos momentos né. KÁTIA: Eu não acredito que você vai acobertar a pouca vergonha do seu filho sob nosso teto! A Lua também é jovem. Imagina se ela se depara com essa promiscuidade protagonizada pelo irmão mais velho. Pior, se fosse ela com um namoradinho qualquer?! Você realmente encara essa cena deplorável como normal? Leonardo respira fundo. LEONARDO: Isso é coisa da idade, amor. Mas, ok. Amanhã eu vou ter uma conversa com o Pato. KÁTIA: Assim espero. CENA 05. MANSÃO PATO. QUARTO DELE. INT. NOITE. (MUSIC ON: SOMETHING JUST LIKE THIS – THE CHAINSMOKERS & COLDPLAY) Pato e Amanda se pegando na cama. O celular dele toca no criado-mudo. CAM detalha a chamada de Diego, que não é atendida. Amanda se levanta, retira a camisa de Pato, gira e joga no chão. Em seguida solta a alça do vestido, que cai no chão. Ela deita na cama e os dois se beijam. MUSIC OFF. CENA 06. APARTAMENTO DIEGO. QUARTO. INT. NOITE. Diego olha para o celular, deitado na cama. DIEGO: Que vacilo hein, Pato. Me deixou no vácuo, não retornou à ligação. Diego joga o celular por ali e aproxima-se da mesa do computador, senta na cadeira, liga o monitor. Abre uma página do navegador e digita. Carrega a página. DIEGO (lendo): Conquistas à moda antiga. A serenata funciona como uma declaração de amor, composta por uma música romântica. Um grupo de cantores se reúnem no local escolhido e o responsável pela serenata segura um buquê de flores. A música inicia e todos aguardam à espera da dama da noite. Além da serenata, conquistar a mulher através de uma sequência de cartas com mensagens românticas é outra opção de derrete o coração das mulheres. Diego ri do que lê. DIEGO: Bizarro. Mas, não custa tentar! Tu ainda vai cair na minha rede, Nanda. Ele se concentra na pesquisa. CENA 07. MANSÃO PAULINHA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE Na mesa Rubens, Mirtes e Paulinha terminam a sobremesa. RUBENS: Paula, o que leva uma garota de 16 anos a ir para num hospital por ingerir comprimidos além da conta? MIRTES: Por que esse assunto agora, Rubens? RUBENS: Não se meta, Mirtes. Minha conversa com a nossa filha. PAULINHA: Você resolveu se preocupar comigo? RUBENS (sério): Não me venha com ironias. Apenas responda a minha pergunta. MIRTES (preocupada): Rubens… RUBENS: Eu não vou perguntar outra vez. Paulinha revira os olhos, bufa. PAULINHA: Eu briguei com a minha melhor amiga na escola. Terminei com meu namorado. Na verdade, eu nem sei se eu namorava. Enfim, esses foram os motivos. Eu tenho problemas, sabia? RUBENS: Faça-me o favor. E você julga que esses são motivos suficientes pra colocar a própria vida em risco? Você é muito mimada mesmo, sabia? PAULINHA: É só isso que você sabe fazer, já reparou? Criticar as minhas atitudes sem se dar conta do porquê delas. RUBENS: Porque não existe uma razão de ser. Você sempre age com imaturidade com o intuito de me provocar. As coisas que você faz são por pura birra. PAULINHA: Você não se importa comigo. RUBENS: Escuta bem o que eu vou te dizer. Se você não mudar esse comportamento infantil, você vai pra um internato. MIRTES: Você não pode sair decidindo sobre a vida da nossa filha sem me consultar, Rubens. RUBENS: Considere-se “consultada”. Não estou agindo pelas costas de ninguém. Além do mais eu sou o homem dessa casa e tomo as decisões que julgar necessárias. Este é um ultimato, Paulinha. PAULINHA: Eu não vou pra lugar nenhum. RUBENS: Isso só depende de você. Você não é mais criança. Você é uma adolescente e precisa se comportar como tal, mostrar que está amadurecendo. Tudo o que você precisa, eu e sua mãe te damos. O que falta? PAULINHA (desabafa): Amor. Carinho. Atenção! Eu to cansada de ser invisível nessa casa. Rubens sente as palavras da filha, que começa a chorar. PAULINHA: Você não passa de um estranho pra mim. E quer saber? Até que a ideia do internato não é de todo ruim. Afinal, que diferença faz pra você se eu vou estar perto ou longe não é mesmo?! Paulinha sai correndo dali. Rubens encara Mirtes. MIRTES: Satisfeito? RUBENS: Isso tudo é culpa sua. MIRTES (chocada): O que? RUBENS: Claro que é. Enquanto eu me viro pra dar a melhor vida que vocês podem ter, você fica colocando nossa filha contra mim. MIRTES: Eu não vou admitir que você repita isso de novo. Eu tenho me aproximado cada vez mais da nossa filha sim, mas eu nunca seria capaz de colocá-la contra o próprio pai. Não me culpe pela sua incapacidade de amar! Hoje você dorme na sala. Mirtes se retira. Rubens respira fundo, passa a mão nos cabelos. CENA 08. CASA NANDA. SALA. INT. NOITE. Estela concentrada vendo o filme. Ela limpa as lágrimas. Celo cochila. Nanda com cara de paisagem vê as cenas. Os créditos finais começam a subir na TV. ESTELA (grita): Nãooo. Celo acorda assustado. CELO: Que foi mulher? NANDA: Adivinha? ESTELA: O filme acabou. CELO: E precisa gritar desse jeito? Quase me borrei todo. ESTELA: Vamos ver o segundo filme? NANDA: Mãe, já deu né. To com sono. CELO: Eu também. ESTELA: Você dormiu o filme todo, roncou feito um porco. CELO: Igual um porco? ESTELA: Sim. Eu quase não entendi as falas, a sorte é que eu decorei muitas partes do filme. CELO: Ah é? Eu ronquei? Estela concorda. Celo alcança uma almofada e acerta a esposa. Ela revida acertando uma almofada na cabeça de Celo. O casal inicia uma guerra de almofadas. Nanda se afasta e observa com ar de reprovação. Os pais se divertem. NANDA: Pelo visto eu sou a única adulta nesta casa. Boa noite pra vocês. Nanda se retira enquanto seus pais seguem brincando com as almofadas. CENA 09. CASA CAIO. QUARTO HEITOR E SELMA. INT. NOITE. Deitado na cama, Heitor lê um livro. Selma entra e deixa a porta entreaberta. Ela alcança o creme na estante e passa nas pernas, apoiando-as numa cadeira. Heitor tira a atenção do livro e observa a mulher. HEITOR: Se for uma tentativa de me seduzir, tá dando certo. SELMA: Bobo. To só cuidando da pele, a idade tá chegando né. HEITOR: Você é feito vinho, meu amor. SELMA: Huuum... O que você anda lendo, hein? HEITOR: Sabe de uma coisa. Estou feliz pelo Caio. SELMA: Nosso menino está crescendo. HEITOR: Confesso que eu tinha um certo receio. SELMA (franze a sobrancelha): Receio de que, Heitor? HEITOR: Eu achava que nosso filho fosse diferente. SELMA: Diferente como? HEITOR: Ah, diferente ué. SELMA: Seja mais direto, Heitor. HEITOR: Gay. Eu achava que o Caio fosse gay. SELMA: Só por que ele nunca namorou? HEITOR: Selma, os jovens de hoje vivem tendo rolos. Eu mesmo tive a primeira namorada com 14, e olha que eram outros tempos. O Caio nunca comentou nada comigo. Já tava começando a ficar preocupado. SELMA: Quando você era jovem você conversava com o seu pai sobre suas namoradas? Heitor pensativo. SELMA: Adolescentes não costumam desabafar com os pais, muito menos falar sobre assuntos desse tipo. HEITOR: É. Pode ser. Heitor volta a leitura do livro. Selma termina de passar o creme, coloca na estante, junta-se ao marido na cama. SELMA: Mas, Heitor, e se o seu filho fosse gay, você deixaria de amá-lo? Heitor coloca o livro no criado-mudo. SELMA: Agora quem está esperando uma resposta sou eu. HEITOR: Selma, esqueça minha pergunta. Nosso filho não é gay. SELMA: E se fosse? Você não respondeu minha pergunta. HEITOR: Não sei, Selma. Não sei. Eu prefiro mil vezes que ele seja homem como eu. Vamos dormir? Em Selma, insatisfeita. CAM busca Caio atrás da porta ouvindo a conversa. CORTA PARA CENA 10. CASA CAIO. QUARTO DELE. INT. NOITE. Caio diante de um espelho, olha no próprio olho, pensativo. Enquanto Caio fala, inserir compilação de cenas: (MUSIC ON: FLASHLIGHT - JESSIE J) CAIO (off): Às vezes eu paro pra pensar na minha vida, naquilo que eu sou, mas não consigo encontrar respostas. 1. Nanda deitada, mexe no celular. Ela observa uma foto de Pato. Ela beija o aparelho, vira pro lado pra dormir. 2. Amanda e Pato deitados na cama. CAIO (off): E as vezes acho que prefiro fugir da verdade. Qual é o meu problema, afinal? Eu sei que sou diferente. 3. Andréia e Ricardo caminham pela praça. O celular dele toca, no visor aparece o nome “mãe”. Andréia desvia o olhar, demonstrando desconforto. 4. Da escada, Paulinha observa o pai dormindo no sofá. Ela sobe. CAIO (off): Será que algum dia eu vou conseguir encarar de frente? Eu não quero sentir isso. Eu não posso desapontar as pessoas ao meu redor. 5. Lua concentrada no celular. Ela vê uma foto do Iago, sorri, volta a digitar. 6. O homem de meia-idade mexe no celular. Ele troca de janela e mostra a foto de várias meninas. 7. Diego retira um papel da impressora. Dobra e coloca em um envelope. Ele sorri, satisfeito. CAIO (off): Apesar da Paulinha ser minha amiga, talvez essa seja a oportunidade que eu preciso para começar a responder as dúvidas que permeiam minha mente. CORTA PARA CENA 11. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE. Carros percorrem as movimentadas avenidas. A noite vai desaparecendo rapidamente, surgindo o sol. MUSIC OFF. CENA 12. MANSÃO PATO. SALA DE JANTAR. INT. DIA. Leonardo, Kátia e Pato estão na mesa tomando café. Leonardo e Kátia se entreolham. LEONARDO: Pato, preciso falar com você sobre ontem à noite. PATO: Fala aí, mandei bem na escolha da gata né? LEONARDO: Ela é bonita sim. A propósito, aonde está? PATO: Já foi embora. Ela começou a trabalhar numa empresa e não queria chegar atrasada. LEONARDO: Ah é? E ela não disse qual era a empresa? PATO: Nem perguntei. Mas, o que que tá pegando? LEONARDO: Não foi adequado trazer a moça pra dormir aqui, no seu quarto. PATO: Ah qual é, seu Leonardo, vai bancar o careta, agora? Aposto que na minha idade você fazia igual. LEONARDO: Isso não está em discussão. O fato é que eu espero que isso não se repita. Principalmente porque sua irmã poderia ter presenciado o momento de intimidade de vocês no sofá. Eu entendo que na sua idade os hormônios estão a flor da pele, o que é bastante natural, mas você precisa entender que existem alguns limites que precisam ser respeitados. Pato encara Kátia. PATO: Isso é coisa sua né? KÁTIA: Eu realmente conversei com o Leonardo a respeito. E eu sei que você não dá a mínima pra minha opinião, mas, aquela menina não me engana. Eu conheço bem esse tipo de mulher. PATO: Tem certeza que conhece esse tipo de mulher? KÁTIA: Sim, conheço uma alpinista social de longe. Está se aproximando de você por interesse. Aquela garota é muito mais velha que você, Pato. PATO (rindo): E daí? Por que ela é mais velha não pode se interessar por mim? Você nem conhece a Amanda pra falar assim dela. KÁTIA: Depois não diga que não avisei. PATO: Não se mete na minha vida. LEONARDO: Sem discussões logo cedo, por favor. Não vamos estragar o clima do café da manhã. Mas, independente da opinião da Kátia sobre sua namorada, Patrício, reitero o que disse anteriormente. Evite trazer a garota pra dormi aqui com você, se não por uma ordem minha, pelo menos em respeito a sua irmã mais nova. PATO: Ok. Entendi. Mas eu só vou fazer isso por causa da Lua. LUA (O.S): O que que tem eu? Lua chega já se sentando na mesa. PATO: Nada não, baixinha. Bobeira. KÁTIA: Onde você tava, garota? Desse jeito vai se atrasar pra escola. LUA: Dormi demais. KÁTIA: Aposto que ficou a noite toda no celular. LUA: Não começa, mãe. LEONARDO: Bom, to indo pra empresa. (levanta-se da mesa) PATO: Vou aproveitar a carona. E toma um gole do suco. LEONARDO (a Kátia): Você leva a Lua? KÁTIA: Claro. LEONARDO: Tenham um bom dia. Leonardo sai junto de Pato. Lua se serve de suco. LUA: Que que tava rolando aqui quando eu cheguei? KÁTIA: Nada demais. Seu pai estava aconselhando seu irmão. LUA: E onde é que eu entro nessa história? KÁTIA: O Pato, como irmão mais velho, precisa servir de exemplo pra você. LUA: Ah, tá. O Pato é um destrambelhado, mãe. As vezes eu é que pareço a irmã mais velha, todo mundo sabe disso. KÁTIA: Não tenho dúvidas disso. Meninas costumam amadurecer mais rápido que meninos. LUA: Ai, mãe, não vejo a hora de completar 15 anos. KÁTIA: Tá chegando, filhota. Estou prevendo um festão. Inclusive, já ando fazendo uns contatos e vendo alguns espaços. Vai ser um evento pro Rio de Janeiro não se esquecer! LUA: Vai ser o dia mais feliz da minha vida. KÁTIA: Vai si, filha. Eu garanto! Em Lua, contente. CENA 13. CARRO LEONARDO. INT. DIA. Leonardo dirige. Pato está no banco do carona. LEONARDO: Porque você provoca tanto a Kátia? Será que não podemos viver em paz, em harmonia? PATO: Até poderíamos, mas você optou por transformar a vida da sua família em um inferno. LEONARDO: Você pode não concordar com as minhas decisões, mas precisa aceitar. A Kátia é minha mulher e você deve respeito a ela. PATO: Eu posso respeitá-la, mas ela precisa colaborar. LEONARDO: Como assim? PATO: Ela não precisa invadir meu espaço como fez hoje, ontem, anteontem e todos os dias. Ela tem que focar na Lua e me esquecer, eu não me importo com ela, e prefiro que ela faça o mesmo. Em Leonardo. PATO: Você entende? LEONARDO: Ela faz isso pro seu bem. PATO: Eu dispenso. Odeio quando ela tenta agir como minha mãe. Ela não é, nunca vai ser. LEONARDO: A Kátia não tem a intenção de ocupar o lugar da sua mãe. Mas, vou falar com ela a respeito. PATO: Ok. LEONARDO: E essa garota que você levou ontem pra casa, estão namorando? PATO: A Amanda é legal. Gosto dela. A gente tá se curtindo. Por que? LEONARDO: Nada. Só curiosidade mesmo. Esse final de semana combinei com a Kátia de irmos pra casa de praia. Vocês poderiam/ PATO: Ahn, não. Esquece. LEONARDO: Ok. Mas, nada de festas na minha ausência, ok? PATO: Tudo bem. Nada de festa. Em Pato. CENA 14. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO FUNDAMENTAL. INT. DIA. Andréia concentrada escreve no caderno. Larissa entra, joga a mochila na cadeira. ANDRÉIA: Bom dia pra você também. LARISSA (brava): Não tem nada bom. Você não viu a mensagem que mandei no grupo? ANDRÉIA: Vi e não acredito que eles não te escolheram. LARISSA: Eu to gorda. Fora de forma. Como alguém vai me escolher assim, parecendo uma baleia? Larissa senta na cadeira, super chateada, chora. ANDRÉIA: Ei, calma. Não foi dessa vez, mas numa próxima pode ser que dê certo. O que você não pode é desistir. LARISSA: Eu to péssima. A impressão que tenho é que não sirvo pra nada. Beto se aproxima. BETO: Oi. Larissa encara Beto. LARISSA: Que foi? BETO: Sem querer eu ouvi a conversa. LARISSA: Coisa feia ouvir a conversa dos outros. BETO: Desculpe, você falou alto e não teve como não escutar, mas quero te dizer que você não precisa se preocupar com a opinião dos outros. Larissa olha pra ele. Andréia olha pra Larissa. BETO: Eu sei que nunca conversamos, eu sou novo na turma, mas saiba que você não está gorda e se falaram ou deram a entender isso, saiba que essa pessoa é tola e esse tipo de gente não faz bem pra gente. LARISSA: Só que esse tipo de gente são modelos das mais requisitadas no mundo. Sabem do que tão falando. ANDRÉIA: Valeu a tentativa, Beto. Andréia ri. Larissa limpa as lágrimas. LARISSA: Mas, obrigada pelas palavras. Não esperava. BETO: Relaxa. Uma menina bonita como você não merece ouvir esse tipo de coisa. Larissa sorri. BETO: Eu posso te dar um abraço? Larissa balança a cabeça, se levantando. Beto e Larissa se abraçam. Lua entra na sala bem na hora, vê a cena e logo faz gesto pra Andréia, surpresa. CENA 15. COLÉGIO. SALA DO PRIMEIRO ANO. INT. DIA. Nanda entra. Vai até a mesa, abre o zíper da mochila e pega o caderno, coloca na carteira. Ela procura por algo na bolsa e encontra uma carta. NANDA (surpresa): Que é isso! Ela olha para os lados, não há ninguém. Nanda abre e lê. “Em alguns momentos acho que estou pensando em você, nos momentos restantes, tenho plena certeza!”. Garoto Apaixonado NANDA (sorri): Que lindo! Ela guarda a carta dentro do caderno e sai. CENA 16. COLÉGIO FRAN VICENTINI. BIBLIOTECA. INT. DIA. O professor de Português (47 anos, cabelos grisalhos, usa óculos, veste uniforme da escola) conversa com os alunos. PROFESSOR: Vou sortear duplas e vocês farão uma resenha crítica de um livro para entregar e apresentar na semana que vem. O livro deverá ser escolhido agora, por isso os trouxe até aqui. A decisão deve ser tomada em conjunto entre a dupla. Bom, vamos ao sorteio DIEGO: Puta sacanagem isso aí, Arnaldo. A turma ri de Diego. ARNALDO: “Sacanagem” é o senhor utilizar-se desses termos demasiadamente chulos dentro de uma biblioteca. Tenha modos, rapaz! Você será o primeiro a apresentar o trabalho (a turma zoa Diego). Vamos ver com quem você vai ficar. Arnaldo olha a lista de presença. Nanda entra, senta próxima de Paulinha e Caio. NANDA: Vocês não vão acreditar no que aconteceu. PAULINHA: O que? NANDA: Gente, eu to surpresa. CAIO: Conta logo, Nanda. NANDA: Eu tenho um admirador secreto. Paulinha e Caio mostram-se surpresa. Arnaldo percebe a conversa paralela. ARNALDO: Fernanda! Você foi buscar o caderno e voltou cheia de assuntos, levante-se por favor. NANDA (cochicha): Me ferrei. Nanda fica de pé. ARNALDO: Temos aqui duas pessoas super comunicativas. Fernanda e Diego. Os dois não ficam em silêncio e adoram atrapalhar a minha aula, pois bem, vocês formam a primeira dupla pra realização do trabalho, e serão os primeiros a apresentarem. Diego sorri. NANDA: Ah não, professor. Eu não quero fazer trabalho com o Diego. ARNALDO: Prefere tirar nota zero? Em Nanda, encurralada. CENA 17. COSMÉTICOS LAMBERTINI. SALA LEONARDO. INT. DIA. Amanda abre a porta. Leonardo para de digitar. AMANDA: Me chamou senhor? LEONARDO: Sim. Quero saber quem é você. Amanda vai se sentando, faz a desentendida. AMANDA: Não entendi sua pergunta. LEONARDO: Quais são as suas intenções com a minha família? Por que omitiu o namoro com o meu filho? O que você pretende, garota? AMANDA: Não to entendendo o teor da conversa, senhor Leonardo. LEONARDO: Eu explico. Você apareceu aqui no meu escritório pedindo emprego, dizendo que era apenas amiga do meu filho e, pra minha surpresa, me deparo com você na minha casa, no meu sofá, com uma intimidade que vai muito além da amizade com o Patrício. Tudo isso me parece muito conveniente pra você. Então vou repetir mais uma vez e desta vez espero que responda, o que você pretende? AMANDA: Pelo amor de Deus, senhor Leonardo, não me interprete mal. Eu apenas não queria ser contratada por ser a namorada do dono da empresa, quer dizer, do filho do dono. Todo mundo sabe que futuramente os negócios da família vão recair sobre o Patrício. LEONARDO: E por que não contou a ele que está trabalhando comigo? AMANDA: Pelo mesmo motivo. E agora vejo que tenho razão. Eu gosto do seu filho. E se pra provar isso eu tiver que abrir mão dessa oportunidade de trabalho, eu farei. Leonardo a encara, pensa um pouco. LEONARDO: Não será necessário. AMANDA: Então eu posso ficar? LEONARDO: Pode. Mas, Amanda, você está trabalhando comigo e eu não admito que meus funcionários omitam informações de qualquer natureza. Estamos entendidos? AMANDA (sem graça): Sim, senhor. LEONARDO: Ok, assunto encerrado. Agora avise a equipe de marketing que eu solicito uma reunião às 15 horas. AMANDA: Tudo bem, senhor. Com licença. Amanda caminha e deixa cair a agenda. AMANDA: Que desastrada! Ela abaixa para pegar em ritmo lento. Leonardo a observa. Ela percebe. Sai em seguida. CENA 18. ACADEMIA EQUILÍBRIO. INT. DIA. Local movimentado, música eletrônica no ambiente. Muitos clientes nos aparelhos, esteiras, na área de musculação, etc. Heitor e Emílio caminham pelo ambiente observando os alunos. Um jovem afeminado se aproxima. RAPAZ: Ai prof, socorro. Eu derrubei os pesos e não to conseguindo pegar. Você pode me ajudar, por favor? EMÍLIO: Claro, vamo lá. O rapaz e Emílio se afastam. Heitor percebe uma mulher fazendo exercício errado, se apressa em ajudar. HEITOR: Você precisa deixar a coluna mais ereta. O movimento de agachar pode ser mais devagar pra ter um melhor aproveitamento do exercício. (a mulher segue as dicas) Isso, bem melhor. MULHER: Obrigada. Heitor faz gesto com a cabeça e sai, Emílio vem ao seu encontro. HEITOR: E aí, ajudou a gazela? EMÍLIO: Acho que ele tava mais a fim de tirar uma casquinha do que pedir ajuda. HEITOR: A gente tem que passar por cada uma viu. EMÍLIO: Ossos do ofício, meu amigo. HEITOR: Viu o jeito que tava vestido? Que depravação. EMÍLIO: Pega leve, Heitor. A gente precisa ser cauteloso com esse tipo de comentário no ambiente de trabalho, cara. Principalmente na posição de professor, agindo de forma preconceituosa desse jeito tu pode se dar mal. HEITOR: Pouca vergonha. Você aprova uma coisa dessas? Se você tivesse um filho gay você aceitaria? EMÍLIO: Heitor, no papel de pai eu preciso apoiar meu filho. Se eu não fizer isso, que tipo de pai eu seria? HEITOR: To te estranhando. Cadê aquele macho alfa da época da faculdade? EMÍLIO: Aprendeu que preconceito não leva ninguém a nada. Melhor coisa que fiz foi passar a lecionar numa escola. A realidade de lá muda nossa cabeça, cara. Graças a Deus hoje me considero uma pessoa melhor, lido bem com a diversidade e devo tudo isso a experiência de ser professor de adolescentes que diariamente se descobrem. Tu deveria experimentar. HEITOR: Dispenso, pelo menos aqui na academia tem uns brotinhos malhados pra gente admirar. EMÍLIO: Deixa a Selma ouvir isso. HEITOR: Brincadeira, cara. Eu amo minha esposa. Mas, voltando ao assunto anterior, ainda bem que não passo por isso. O meu Caio é só orgulho. Tá até namorando. EMÍLIO: Ah, bacana. Caio é um menino gente boa. Não tem muita aptidão pra atividade física, mas é um bom aluno. HEITOR: Orgulho do pai! Uma mulher faz sinal pra eles irem ajudar. HEITOR: Deixa que eu vou. EMÍLIO: Vai lá. Heitor sai, sob o olhar de Emílio. CENA 19. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DO FUNDAMENTAL. INT. DIA. Lua, Andréia e Larissa reunidas em grupo fazendo trabalho. LUA: Que cena mais fofa foi aquela da Lari e do Beto? ANDRÉIA: A Lari se lamentou pela reprovação no teste, ele ouviu a conversa e veio dar conselho para ela. LUA: Que romântico. LARISSA: Meninas falem baixo, pelo amor de deus. ANDRÉIA: Ela ta toda boba. Acho que agora desencalha. LUA: Até parece que ela precisa desencalhar. Os meninos dessa escola vivem dando em cima. Ela é que não da bola. LARISSA: Não quero pensar nisso. Meu foco é emagrecer. Lua e Andréia sorriem. ANDRÉIA: E o crush virtual, Lua, novidades? LUA: Acredita que ontem ele me deixou no vácuo? Mandei mensagem de voz e ele não respondeu. LARISSA: Que horror. ANDRÉIA: Engraçado, mandar foto depravada e pedir nudes ele tem coragem. LUA: Verdade, mas dei desconto porque os pais estavam por perto e iam fazer um monte de perguntas, eu sei bem como é isso. Mas hoje ele não me escapa. LARISSA: Isso aí, cobra mesmo. Em Lua. CENA 20. COLÉGIO FRAN VICENTINI. REFEITÓRIO. INT. DIA. As turmas do ensino médio estão no local fazendo a refeição. Nanda, Paulinha e Caio carregam a bandeja com lanche. Acomodam-se nos bancos da mesa. NANDA: To revoltada. Não acredito que vou ter que fazer trabalho com o idiota do Diego. Que azar. PAULINHA: Somos duas, amiga. Vou fazer com o Pato. É a mesma coisa que fazer sozinha. Lembram daquele trabalho que o Pato e Diego não fizeram nada? NANDA: Todos né? Eles riem. NANDA: Não sei como aqueles dois passam de ano. CAIO: Eu sei. Novamente eles riem. PAULINHA: Pois então. Acho que nessa história quem deu sorte foi o Caio. Vai fazer com o nerd da sala. CAIO: O Grego é legal, mas não vou me aproveitar da inteligência dele. Nanda morde o sanduíche. PAULINHA: Agora para tudo. Nanda que história é essa de admirador secreto, menina? CAIO: É, conta pra gente. Nanda põe o sanduíche na bandeja e mesmo mastigando, retira a carta do bolso. Paulinha arranca o papel das mãos dela. PAULINHA (lendo): “Em alguns momentos acho que estou pensando em você, nos momentos restantes, tenho certeza!”. Garoto apaixonado. CAIO: Não tinha um codinome melhor, não? PAULINHA: Isso é o de menos, Caio. Quem você acha que é, Nanda? NANDA: Não faço a mínima ideia, mas confesso que fiquei derretida com as palavras. CAIO: Claramente copiadas de algum site de relacionamento. PAULINHA: Ce tá azedo hoje hein, namorado? CAIO: É que ce não me deu nenhum beijo ainda. PAULINHA: Não seja por isso. Paulinha dá um selinho em Caio. NANDA: Que fofo! #APaixãoTomaContaDoColégio. Eles se divertem. CAM procura por Pato e Diego que estão sentados em outra mesa. DIEGO: Ta vendo aquele sorriso da Nanda? PATO: O que tem? DIEGO: Mudei de estratégia. Mandei uma carta de amor anônima. Vou conquistar a Nanda à moda antiga. PATO: Pelo visto ta dando certo. DIEGO: Ela tá achando que tem um admirador secreto. PATO: Pena que essa aposta já tá mais do que ganha. DIEGO: Como assim? PATO: A Amanda tá cada vez mais na minha, cara. A hora que eu quiser, consigo a prova de que finalizei a mina. Ontem ela dormiu lá em casa. DIEGO: Tu só fala, mas prova que é bom, não tem. PATO: To sendo legal contigo, mas na hora que quiser, acabo com isso. E vai ser no fim de semana. DIEGO (desconfia): É? Como? PATO: Meu pai vai pra casa de praia no final de semana com a chata da mulher dele. DIEGO: E aí? PATO: Isso quer dizer que a casa é só nossa! DIEGO: Ah, muleke! Diego e Pato fazem o cumprimento deles. DIEGO: Quer dizer então que vai rolar festinha? PATO: Com tudo que tem direito! DIEGO: Já vou divulgar pra geral! PATO: Vai ser um fim de semana inesquecível! Diego sorri. CENA 21. COSMÉTICOS LAMBERTINI. RECEPÇÃO. INT. DIA Movimentação comum a um escritório. Amanda trabalha em seu computador. Há algumas pessoas esperando, sentadas, lendo jornais e revistas. Kátia chega no lugar e se depara com ela. KÁTIA: O que você tá fazendo aqui? Amanda mostra o crachá. AMANDA: Seu marido me contratou. KÁTIA: Como é que é? AMANDA: Ele não te contou? Estranho. Kátia ri com discrição e deboche. KÁTIA: Eu sei o que você tá querendo fazer, garota. AMANDA: Não entendi, senhora. KÁTIA: Eu conheço bem o seu tipo. Já tive que me livrar de muitas como você. Bonita, atraente, ambiciosa, mas com péssimo gosto pra maquiagem. AMANDA: A senhora está me ofendendo. KÁTIA: Não vem esse papinho pra cima de mim. Sei bem o que você pretende. Tá usando o filho pra chegar ao pai. Mas, vou logo te avisando: fica longe do meu marido. CLOSES alternados entre elas. |
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autores GABO OLSEN DIOGO DE CASTRO colaboração IGOR FEIJÃO elenco NICOLAS PRATTES como PATO ALICE WEGMANN como NANDA JOSÉ VICTOR PIRES como DIEGO LETÍCIA NAVAS como PAULINHA JOÃO VITHOR OLIVEIRA como CAIO LARISSA MANOELA como LUA ERIBERTO LEÃO como LEONARDO TALITA CASTRO como KÁTIA JUAN ALBA como HEITOR CAROLINA FERRAZ como SELMA ÂNGELA LEAL como NANÁ JANDIR FERRARI como MARCELO ÂNGELA DIP como ESTELA DALTON VIGH como RUBENS LUCIANA VENDRAMINI como MIRTES FILIPE BRAGANÇA como GREGO LUCAS COTRIM como DJ RAISSA CHADDAD como LARISSA NICHOLAS TORRES como RICARDO HESLAINE VIEIRA como ANDRÉIA GABRIEL SANTANA como ISMAEL CARLA FIORONI como JULIANA MARCELLO AIROLDI como ARNALDO VERA ZIMMERMANN como LÚCIA SANDRA PÊRA como VANICE WAGNER SANTISTEBAN como ALFREDO MARISOL RIBEIRO como MILENA JIDDÚ PINHEIRO como RAMIRO trilha sonora SIPPIN' ON SUNSHINE - AVRIL LAVIGNE (ABERTURA) BALA DE PRATA – FERNANDO E SOROCABA SOMETHING JUST LIKE THIS – THE CHAINSMOKERS & COLDPLAY FLASHLIGHT - JESSIE J produção CRISTINA RAVELA Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência. REALIZAÇÃO Copyright © 2018 - WebTV www.redewtv.com Todos os direitos reservados Proibida a cópia ou a reprodução |
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