3x07 - ÚLTIMO EPISÓDIO | ||
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VOZ DE JOSH
– Anteriormente em New Stages... CENA 01. UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E MATT. INT. DIA.
A imagem abre no dormitório de Josh. O garoto está
se olhando em frente ao espelho. Ele coloca o casaco e passa as mãos
sobre o cabelo a fim de ajeitá-lo. Alguém bate a porta.
JOSH
– (ainda se olhando para o espelho) Quem é?
VOZ
MASCULINA
– Entrega para o senhor Josh Parker.
JOSH
– (diz para si mesmo) Para mim? (aumenta o tom de voz) Um momento.
Josh caminha em direção a porta e a abre. Ele se
depara com um entregador que traz uma cesta de café da manhã em mãos.
ENTREGADOR
– (olhando para o papel) Por acaso você é Josh Parker?
JOSH
– Sim, eu mesmo.
ENTREGADOR
– Isso é para você.
Sem entender, Josh pega a cesta de café da manhã.
O entregador aproxima dele uma prancheta com uma caneta sobre ela. Josh,
rapidamente, assina o papel.
ENTREGADOR
– (guardando a prancheta) Tenha um bom dia.
JOSH
– Obrigado.
Josh entra no dormitório com a cesta em mãos e
fecha a porta. Ele caminha até a cama e coloca o presente sobre ela. O
garoto percebe que há um cartão colado na alça da cesta e decide lê-lo.
JOSH
– (abre o envelope e retira o papel de dentro dele) Ryan. (o garoto
sorri e começa em voz alta) Estou mandando essa cesta de café da manhã
para que você possa começar o nosso primeiro dia juntos com bastante
energia e disposição. E, claro, pensando em mim. Com amor, Ryan.
Josh sorri, apaixonado, e volta a guardar o papel
dentro do envelope. Ele se senta sobre a cama e fica observando a cesta,
encantado. A imagem corta rapidamente para: |
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3x07 - O COMEÇO DO FIM (SERIES FINALE) |
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CENA 02. CASA DE
MARTA. COZINHA. INT. DIA.
Marta está
colocando o café da manhã sobre a mesa. Alex entra no local vestindo um
terno.
ALEX – Posso saber
por que acordou tão cedo?
MARTA – (ao notar a
presença do ex-marido) Bom dia, Alex. (respondendo a pergunta dele)
Desde que o restaurante foi interditado pela vigilância sanitária, eu
não consigo mais pregar os olhos. Tiraram uma parte de mim.
ALEX – Marta, você
precisa aproveitar esse tempo sem o restaurante para descansar.
MARTA – Alex, como eu
posso descansar sabendo que a Meghan armou para que o meu local de
trabalho fosse fechado?
ALEX – Marta, eu
tenho que reconhecer que a Meghan jogou sujo com você. Muito sujo. Mas
isso não é definitivo. Em breve, você terá o seu restaurante em mãos
novamente e poderá dar continuidade ao seu trabalho. Acredite!
MARTA – Eu estou em
dúvidas quanto a isso. Encontraram baratas circulando pela cozinha,
Alex. A impressão que tiveram é de que o meu restaurante não tinha boas
condições de saúde e higiene.
ALEX – Marta, se você
quiser, nós podemos entrar com um processo contra a Meghan. Quero
dizer, vai ser complicado provar que foi ela que implantou as baratas
no restaurante, mas não é impossível. Nós podemos ir atrás daquele cara
com quem você conversou antes dele entrar na cozinha.
MARTA – Não, Alex, eu
não quero mais prosseguir com esse incidente. A Meghan já foi embora e
eu me sinto aliviada por isso. Eu não quero voltar a envolvê-la em
nossas vidas. (pausa) O que me resta agora é esperar a decisão da
vigilância sanitária.
ALEX – (se aproxima
de Marta) Não, Marta, eu não quero e nem posso continuar esperando e te
vendo nessa aflição. Aquele restaurante significa muito para você. E
você significa muito para mim. Está vendo esse terno que estou
vestindo? Hoje mesmo volto para Nova York para pedir transferência do
meu emprego para San Francisco. Quero refazer a minha vida aqui.
Próximo a você e próximo ao Josh.
MARTA – Alex, eu fico
muito feliz por você ter escolhido ficar perto do seu filho.
ALEX – Sim, e eu vou
aproveitar a viagem para ir atrás da Meghan. Você não quer voltar a
envolvê-la em nossas vidas, eu entendi, mas eu não posso deixar que ela
tire de você algo que te faz feliz e realizada profissionalmente. A
Meghan vai vir para San Francisco e vai assumir para a vigilância
sanitária que as baratas implantadas no Benton’s foram uma grande
armação.
MARTA – Alex, não
precisa se preocupar com isso.
ALEX – Marta, durante
todo esse tempo, eu vi todo o esforço e toda a dedicação que você
depositou naquele lugar. A vigilância sanitária interditou o
restaurante por achar que ele estava em condições precárias de higiene
e podem tirá-lo definitivamente de você. Como eu disse, você vai tê-lo
de volta. E eu vou fazer isso por você. Eu não quero que o sonho pelo
qual você tanto lutou para almejar acabe por causa de uma atitude da
Meghan.
MARTA – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Obrigada, Alex.
ALEX – Eu te conheço
desde quando fazíamos o segundo grau. Nós crescemos juntos,
amadurecemos juntos e aprendemos muito juntos. E ao longo de todos
esses anos, você sempre foi a mulher que eu mais admirei em toda a
minha vida. Eu fui muito burro em ter te perdido quando éramos casados.
E fui muito burro quando propus outra mulher em casamento, quando a que
eu amava de verdade estava me esperando aqui em San Francisco.
MARTA – (limpa a
lágrima que rolava sobre o seu rosto) Alex, o que você está dizendo?
ALEX – O ponto aonde
eu quero chegar é que eu estou voltando para San Francisco
definitivamente não só pelo Josh, mas por você. Quando eu chegar de
Nova York e limpar toda a sujeira que a Meghan aprontou, eu quero morar
nesta casa, dormir na mesma cama que você e quero que a gente se case
de novo.
MARTA – Alex, você
está me pedindo...
Antes que Marta
conclua o que iria dizer, Alex se ajoelha sobre o chão e tira de dentro
do bolso do paletó uma caixinha de anel, oferecendo-a a Marta.
ALEX – Você quer se
casar comigo?
Close em Marta,
emocionada.
MARTA – Claro que eu
quero.
Alex sorri e abre
a caixinha de anel, tirando a aliança que estava dentro dela. Então,
segura a mão de Marta e encaixa a aliança em seu dedo médio. Em
seguida, se levanta e se aproxima de Marta, encostando seu corpo ao
dela e lhe dando um longo e apaixonado beijo.
ALEX – (interrompe o
beijo) Escuta o que eu vou te dizer, Marta. Nós vamos recuperar o
Benton’s. Vamos recuperar a nossa família. E vamos ser muito felizes
novamente. Este é só o começo de nossas vidas. A família Parker.
Marta sorri e
volta a beijá-lo, apaixonadamente. A imagem corta rapidamente para:
CENA
03. SAN FRANCISCO HIGH SCHOOL.
SALA DO
TREINADORE ERIC. INT. DIA.
Eric está
concentrado em frente ao seu notebook. De repente, a porta se abre e
Suzie entra na sala, carregando alguns livros em mãos.
ERIC – (tira os olhos
do computador) Suzie, o que está fazendo aqui? Veio me deixar algum
recado?
SUZIE – Sim, eu vim te
dar um recado. (sorri) Eu vim dizer obrigada.
ERIC – (se levanta da
cadeira) Você está me agradecendo pelo o quê?
Eric dá a volta
em torno da mesa e se aproxima de Suzie.
SUZIE – Eu estou te
agradecendo por ter entrado na minha vida e me ensinado o verdadeiro
significado de uma relação entre um homem e uma mulher. Digo, o que eu
estou vivenciando agora, eu nunca pude vivenciar antes.
ERIC – Suzie, quando
eu me dispus a me envolver com você, eu deixei bem claro que o meu
objetivo era te fazer feliz. Era fazer você esquecer todo o seu passado
lamentável ao lado do Kurt.
SUZIE – E você
conseguiu. Eu posso dizer que hoje eu sou uma mulher muito feliz e
muito realizada. Durante todo esse tempo que estamos juntos, você
sempre esteve ao meu lado, sempre me apoiou e, acima de tudo, você
sempre me respeitou, Eric. É por isso que eu vim agradecer. E, claro,
obrigada por ter me estimulado a isso.
ERIC – Ao que?
SUZIE – A voltar me
sentir viva e ativa. Eu estava realmente decidida a deixar a San
Francisco High School e você me convenceu a não fazer isso. Você me
convenceu a levantar a cabeça e a voltar para cá. Eu segui o seu
conselho e, bem, aqui estou. (sorri) Eu estou de volta a San Francisco
High School como professora titular de História.
ERIC – Meu amor, eu
fico muito feliz por você...
SUZIE – Eric, se você
quiser, eu estou mais do que preparada para construir uma família ao
seu lado.
ERIC – Isso é o que
eu mais quero em toda a minha vida.
Suzie e Eric
sorriem um para o outro e, por fim, se beijam. A imagem corta
rapidamente para:
CENA 04.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. SALA DE AULA. INT. DIA.
A sineta da
Universidade da Califórnia começa a tocar, anunciando o fim de mais uma
aula. A professora fecha o seu livro e se despede dos alunos.
PROFESSORA – Bom,
continuamos a falar a respeito deste assunto na próxima aula. (sorri)
Até semana que vem.
Os alunos guardam
seu material na mochila e saem, apressados, restando apenas Chelsea na
sala de aula. Ela se levanta da sua carteira e caminha até a
professora, com alguns papeis em mãos.
CHELSEA – Olá,
professora. A senhora está muito ocupada?
PROFESSORA – (coloca sua
bolsa no ombro e olha para Chelsea) Não, querida, o meu horário de
aulas já acabou por hoje. Você tem alguma dúvida e quer que eu
esclareça?
CHELSEA – Não, na
verdade, eu quero falar com você sobre um projeto que estou
desenvolvendo. Um projeto que não tem nada a ver com as aulas de Drama,
mas que eu inicializei a partir de uma delas.
PROFESSORA – Querida, isso
me interessa muito.
CHELSEA – Bom, você se
lembra da aula em que falamos sobre a estrutura de um roteiro? Você
disse que os personagens eram peças essenciais numa narrativa, pois
eles que davam vida à história. E nos aconselhou a ser protagonistas de
nossas próprias vidas e conduzi-las em direção a um final feliz.
PROFESSORA – Claro que me
lembro. Pelo jeito, você prestou muita atenção no que eu disse.
CHELSEA – Sim, tudo o
que foi dito naquela aula me marcou muito, porque por um momento eu
pude reavaliar a minha própria vida e descobrir que eu era a autora
dela. No mesmo dia, eu resolvi começar a escrever sobre tudo o que me
aconteceu nos últimos anos. Colocar tudo no papel. E encontrar uma
explicação para tudo o que tinha me ocorrido.
PROFESSORA – E no que isso
resultou?
CHELSEA – (entrega os
papeis que segurava para a professora) Nestes rascunhos. Eu não sei
definir o que eu escrevi aí. Não é uma peça de teatro, não é um roteiro
de filme ou de novela. É a minha própria vida. Contada em linhas. Onde
eu sou a personagem principal e eu desabafo comigo mesma todos os
problemas e desafios pelos quais passei e venci.
PROFESSORA – Chelsea...
(folheando os papeis) Isso é maravilhoso! Você levou a minha aula em
sentido literal. Você pegou a sua vida e a transformou em uma história.
Em uma grande história. Você está a conduzindo conforme uma narrativa.
Eu não sei se você percebeu, mas está escrevendo um livro.
CHELSEA – (olha surpresa
para a professora) Um livro?
PROFESSORA – Sim, um livro.
Será que eu posso levar esses papeis comigo?
CHELSEA – Sim, claro.
PROFESSORA – Ótimo, eu
estou realmente curiosa quanto a isso. Eu prometo que lerei e te darei
a minha opinião o mais breve possível. O que eu posso adiantar,
Chelsea, é que você está no caminho certo e deve continuar investindo
nesta ideia.
CHELSEA – Mas por quê?
Quero dizer, o meu sonho sempre foi entrar para a universidade e me
dedicar inteiramente a um curso profissional de Drama, ganhar
experiência no ramo da atuação e ser uma grande atriz. Nos meus tempos
de escola, eu até era conhecida como “A Rainha do Drama”. Por que agora
eu tive essa ideia maluca de não mais ser atriz, mas autora?
PROFESSORA – Chelsea,
porque assim como um bom livro, a vida é imprevisível. Nunca sabemos o
que realmente nos espera e precisamos folhear cada página para
descobrir ao que estamos designados. (sorri) Chelsea, eu sei que é cedo
pra dizer isso, mas eu quero te apoiar neste projeto. Você passou por
muitos problemas e precisa compartilhá-los com outros jovens.
CHELSEA – Você acha que
eu devo?
PROFESSORA – Eu tenho
certeza. Os jovens precisam disso. Precisam entrar em contato com os
dilemas adolescentes.
CHELSEA – Muito obrigada
por me encorajar a isso. Eu estou muito animada com a ideia.
PROFESSORA – Então vamos
levá-la em frente. Chelsea... (balança os papeis) Isso é só o começo do
seu futuro promissor.
Close em Chelsea,
que sorri. A imagem corta rapidamente para:
CENA 05.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA. FACHADA. EXT. DIA.
Um carro preto
estaciona em frente a sede da vigilância sanitária local de San
Francisco. De dentro dele, descem Alex e Meghan.
MEGHAN – (gritando) Eu
não acredito que você me fez vir para San Francisco por causa dessa
palhaçada.
ALEX – Palhaçada que
você mesma aprontou. E como foi a autora disso, é o seu dever limpar a
bagunça.
MEGHAN – Como você pode
ter tanta certeza de que fui eu que mandei implantar aquelas baratas no
restaurante mequetrefe da Marta?
ALEX – Porque eu
conheço a Marta mais do que ninguém e sei que ela sempre zelou pelas
boas condições daquele lugar. Ela jamais deixaria que uma única barata
circulasse por lá. E, convenhamos, Meghan, depois que o restaurante foi
interditado, você fez questão de estar lá para cantar vitória em cima
da Marta.
MEGHAN – Tudo bem. Eu
confesso, eu fui a responsável pela implantação das baratas, mas saiba
que eu não me arrependo um único momento de ter feito isso. Aquela foi
a oportunidade perfeita para derrubar a Marta e eu não pude
desperdiçá-la.
ALEX – E agora você
vai entrar lá dentro e contar tudo o que está me dizendo para os
inspetores da vigilância sanitária. Chega de prejudicar os outros,
Meghan. Eu não tenho mais paciência para o seu egoísmo.
MEGHAN – Eu farei isso,
Alex, mas porque você está me pedindo. (se aproxima dele) Você sabe que
eu faço tudo por você.
ALEX – Meghan, eu já
disse para você não se aproximar de mim. Ainda mais depois de tudo o
que aprontou contra a mulher que eu amo.
MEGHAN – (começa a rir)
Você está se referindo a Marta? Alex, eu não acredito que você foi
capaz de me trocar por ela.
ALEX – Eu não
acredito que eu fui capaz de trocar ela por você. (encara Meghan com
fúria) Você é simplesmente a criatura mais nojenta e desprezível com
quem eu vivi. Agora entra lá, dê um ponto final nisso e suma
definitivamente de nossas vidas.
Close nos olhos
marejados de Meghan.
MEGHAN – E você acha
mesmo que eu vou dar essa história por acabado tão fácil assim?
ALEX – Sim, você vai.
Você não disse que faz tudo o que eu pedir? Pois bem, esse é o meu
último pedido. (diz com firmeza) Fica longe da minha família!
Meghan deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto, mas a limpa rapidamente e entra na
sede da vigilância sanitária bastante apressada. Alex tira o celular do
bolso e disca o número desejado.
ALEX – (leva o
aparelho até o ouvido) Meu amor? Prepare-se para voltar ao trabalho.
Dentro de alguns minutos, toda essa sujeira estará limpa e o Benton’s
voltará a ser seu. (tempo) Quanto a Meghan, fique tranquila, ela jamais
voltará a nos infernizar.
Close em Alex,
orgulhoso. CENA 06.
(música: Good Girl - Carrie Underwood)
CENA 07. ESTÚDIO
DE TELEVISÃO. PALCO. INT. NOITE. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
Josh, Ryan, Keith
e Matt entram, muito bem vestidos, no estúdio televisivo e caminham em
direção aos bancos da platéia. Close em Keith, eufórica.
KEITH – Quem diria
que, um dia, eu pisaria num estúdio de televisão de verdade?
MATT – Quem diria
que, um dia, a Chelsea seria a convidada especial de um programa de
entrevistas?
KEITH – (tirando o
Iphone do bolso) Mal vejo a hora de postar fotos exclusivas para todos
os seguidores do fã-clube oficial da Chelsea no Twitter.
JOSH – (se sentando
em um dos bancos) Eu estou muito feliz pela Chelsea. Ela passou por
muitos problemas nos últimos anos e, muitas vezes, pensou que não iria
ser forte o suficiente para passar por cima deles.
RYAN – (sentando-se
ao lado de Josh) Sim, ela conseguiu. E veja aonde chegou. Em um estúdio
de TV de verdade, em um programa de entrevistas de verdade, falando
sobre o livro que ela mesma escreveu sobre a sua vida.
KEITH – (sentando-se
ao lado de Matt) Livro que, devo realçar, está em primeiro lugar entre
os mais vendidos na lista do New York Times. (bate palmas eufórica) Que
orgulho de ser a melhor amiga da Chelsea. Eu sempre soube que ela seria
uma vencedora. (Música cessa.)
De repente,
outras pessoas começam a entrar no estúdio e a se acomodarem nos bancos
da plateia.
KEITH – (gritando para
as pessoas) Podem chegar, pessoal. Estão animados para a primeira
entrevista oficial da Chelsea sobre o seu primeiro livro em lançamento?
(sorri) Eu sei que estão. Se no final do programa, quiserem autógrafos
ou contratarem a autora para outras aparições na mídia, venham até mim,
porque eu sou a assessora de imprensa dela e a responsável por sua
agenda de compromissos.
MATT – (sussurra no
ouvido de Keith) Quer fazer o favor de se comportar? Aposto que não
quer ser expulsa do estúdio antes mesmo do programa começar.
KEITH – Matt, você
sabe com quem está falando? Eu sou a assessora de imprensa da Chelsea.
Este programa não receberia a ilustre presença dela hoje se não fosse
por mim. Eles não podem me expulsar.
MATT – Ok, não está
mais aqui quem falou.
KEITH – É claro que eu
queria que a Chelsea estivesse num programa de entrevistas com maior
buzz... (realça) É a palavra que todo assessor de imprensa descolado
usa... (sorri) E de renome, como no da Oprah Winfrey, por exemplo, mas
nos contentamos com este por hoje...
De repente, as
luzes do estúdio se acendem.
PRODUTOR – (apenas a voz)
Entramos no ar ao vivo em cinco segundos.
KEITH – (eufórica) Vai
começar! Vai começar! Fiquem em silêncio! Vai começar!
Close em Josh,
Ryan e Matt, quem riem. A vinheta do programa começa a ser exibida e a
apresentadora, usando um belíssimo vestido preto, entra no palco
sorridente.
APRESENTADORA – Boa noite,
senhoras e senhores. Eu sou Juliette Garner e este é o Cara a Cara. No
programa de hoje, eu tenho a honra de receber uma garota que, com
apenas 19 anos, está entre os nomes mais comentados pela mídia e pelo
público nos últimos meses. Ela acaba de lançar o seu primeiro livro,
intitulado “A Boa Garota”, que já está entre os mais vendidos, onde
relata sobre algumas dificuldades pelas quais ela enfrentou com a
cabeça erguida. (estende os braços) Com vocês, Chelsea Harris.
Chelsea, muito
elegante e aparentemente tímida, entra no palco acompanhada dos
aplausos da plateia. Ela se aproxima da apresentadora e a abraça.
Então, se vira para a plateia e acena para ela, em especial, Josh,
Ryan, Keith e Matt.
JULIETTE – (apontando uma
poltrona para Chelsea) Sente-se, querida, o programa é todo seu.
CHELSEA – Obrigada.
(sentando-se na poltrona) Eu estou um pouco embaraçada, mas é um grande
prazer estar aqui.
JULIETTE – (sentando-se à
bancada) O prazer é meu em recebê-la. (bebe um pouco de café
elegantemente) Chelsea, de onde surgiu a ideia de escrever um livro
sobre as suas próprias experiências como uma adolescente comum?
CHELSEA – Na verdade, a
minha maior inspiração para escrever este livro surgiu a partir de uma
aula de Drama que eu cursava na Universidade da Califórnia. (sorri)
Sim, o meu desejo sempre foi ser atriz e, de repente, me peguei fazendo
algo que eu jamais tinha pensado em fazer. Foi uma experiência nova e
que está me gerando resultados muito positivos.
JULIETTE – Sim, eu pude
ler alguns trechos do livro e estou amando a forma como você conduziu
os acontecimentos de forma crua, autêntica e tão natural. (sorri)
Chelsea, quando você começou a idealizar este projeto, você imaginava o
sucesso que ele seria hoje?
CHELSEA – Eu preciso ser
sincera. Quando eu comecei a desenvolver “A Boa Garota”, eu estava
muito confiante em relação a ele, eu sabia que estava no caminho certo,
mas não imaginava que ele ganharia toda a repercussão que está tendo. É
claro que o livro não seria um sucesso se eu não tivesse o apoio da
minha professora de Drama e dos meus amigos, Josh, Keith, Ryan e Matt,
que estão na plateia.
Close nos
garotos. Ao perceber que a câmera está os mostrando, Keith acena com a
mão euforicamente, querendo se destacar mais do que os outros. A câmera
volta em Chelsea.
JULIETTE – Chelsea, neste
livro, você relata sobre assuntos sérios como distúrbios psicológicos e
até mesmo estupro. Você acha que passar por essas duas situações te
ensinou a amadurecer?
CHELSEA – Não tenho a
menor dúvida. Se eu não tivesse passado por isso, eu não estaria aqui
hoje. É claro que eu não me orgulho de ter sido estuprada e de um dia
ter sido internada em um centro psiquiátrico, mas essas duas coisas me
fizeram perceber que a vida nos coloca em situações em que somos
obrigados a nos tornar mais fortes.
JULIETTE – Você tem algo
para falar às meninas que estão nos assistindo e passaram pela mesma
situação que você?
CHELSEA – Dia a dia,
mais garotas são vítimas de estupro não só na América, mas em todo o
mundo. E, quando a nossa inocência é tirada, nos sentimos fracas e
desprotegidas, sem coragem para denunciar ou procurar ajuda. No meu
caso, a pessoa que fez esta crueldade comigo está à solta até hoje e
pode estar fazendo mais vítimas, infelizmente. Mas, você, garota, que
passou por isso e conhece o agressor, não deixe que ele saia impune
diante dessa situação. Denuncie e defenda a sua dignidade feminina. E,
claro, procure ajuda. Se eu tivesse ouvido um profissional naquela
época, talvez eu não tivesse invadido o refeitório da minha
universidade e feito os meus amigos de reféns, com uma arma na mão...
Talvez eu não tivesse ido parar num reformatório. Então, não deixe que
o mesmo que aconteceu comigo volte a se repetir com você, converse com
alguém e ouça o que ele tem a dizer, pois o estupro nos torna covardes
e, quando ele ocorre, precisamos de alguém para, principalmente, nos
ouvir e não permitir que a gente saia do nosso controle. Não permita
que alguém manche a sua imagem feminina e nem se permita abaixar a
cabeça, porque este é mais um problema que podemos enfrentar e, um dia
dizer, “eu passei por isso, mas eu sobrevivi”. Bom, eu estou aqui, eu
passei por isso e eu sobrevivi.
Emocionada, a
plateia começa a aplaudir Chelsea fortemente. Close na garota,
orgulhosa. Em seguida, em seus amigos, felizes pelo sucesso de Chelsea.
A imagem corta rapidamente para:
CENA 08. CASA DA
FAMÍLIA HARRIS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Os senhores
Harris estão assistindo a entrevista da filha na televisão, sentados em
sofás diferentes. Eles conversam.
CHRISTINA – A nossa filha
fez questão de não se lembrar da gente durante a entrevista...
MICHAEL – Talvez seja
por nossa causa, Christina.
CHRISTINA – Como assim
“por nossa causa”? Michael, nós demos tudo para esta menina. Demos
dinheiro, demos uma boa vida, demos uma boa universidade...
MICHAEL – Mas não demos
o principal: o amor. Nós falhamos muito na educação da nossa filha,
Christina. Nos preocupamos demais em ensinar a ela o valor da
materialidade e nos esquecemos de mostrar o que significa uma família.
Ela aprendeu isso com os seus amigos.
CHRISTINA – Mas veja só.
Ela virou uma garota honesta e bem sucedida. Cumprimos com o nosso
papel, certo?
MICHAEL – Christina,
temos que reconhecer que nunca fomos bons pais. A Chelsea se tornou o
que é hoje, porque ela sempre foi uma garota independente e que teve o
apoio dos seus amigos. Se ela tivesse se prendido a educação que
dávamos a ela, talvez hoje a Chelsea fosse uma adolescente fútil e
individualista.
CHRISTINA – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Eu sei que nunca fui uma boa mãe para
a Chelsea, mas isso não quer dizer que eu não a ame...
MICHAEL – Eu não estou
dizendo que você não a ama, Christina. Eu também sou muito grato pela
filha que eu tenho. Mas, infelizmente, nós nunca fomos capazes de
mostrar este amor a Chelsea. Essa talvez tenha sido a razão para ela
ter se esquecido de citar os nossos nomes.
CHRISTINA – Você acha que
um dia a Chelsea irá nos perdoar por não termos sido a família que ela
sempre precisou?
MICHAEL – Não sei. Mas,
no momento, devemos ficar felizes e orgulhosos por ela ter se tornado
esta garota inteligente e aclamada por todo o país. Isso já é um começo.
Close em
Christina, que assente com a cabeça e volta a admirar a filha na
televisão. A imagem corta rapidamente para:
CENA 09. ESTÚDIO
DE TELEVISÃO. INT. NOITE.
A entrevista com
Chelsea foi finalizada e o programa já está fora do ar. A garota
caminha até Josh, Ryan, Keith e Matt, entusiasmada.
CHELSEA – (sorridente) E
então, o que acharam da minha performance?
KEITH – Eu achei que a
Juliette poderia ter vestido algo melhor para a ocasião. Ela não estava
entrevistando qualquer garota. E, sim, a maior autora jovem deste país
atualmente. E também percebi que a iluminação em você estava muito
fraca, eu...
CHELSEA – (interrompe)
Sobre a minha performance, Keith.
MATT – Não ligue para
ela, Chelsea. A Keith está levando muito a sério essa história de ser
sua assessora de imprensa.
KEITH – (olha feio
para Matt) Desculpa se eu me preocupo com a imagem da minha cliente.
JOSH – (rindo)
Chelsea, você estava ótima. Você foi sincera, simpática e se comportou
muito bem em frente às câmeras. Se alguém tinha dúvidas se deveria
comprar o seu livro, agora não tem mais.
RYAN – Faço as
palavras do Josh as minhas.
CHELSEA – (sorri) Muito
obrigada, meninos. Eu fiquei muito satisfeita com a entrevista. Eu
nunca planejei estar em um palco de televisão, concedendo uma
entrevista sobre um livro que eu jamais imaginei que iria escrever, mas
é uma experiência nova que está me deixando muito realizada. É ótimo
pisar em um estúdio e divulgar para o telespectador a mensagem que eu
quis transmitir com o livro.
KEITH – (sorri) Você
merece!
CHELSEA – Mas eu não
pude deixar de perceber a ausência do Chad. Eu deixei um convite para o
programa no dormitório dele. Vocês sabem por que ele não veio?
JOSH – (tira o
sorriso do rosto) Chelsea, eu pensei que você soubesse...
CHELSEA – (surpresa)
Soubesse o quê? Que ele não viria? Não, ele não me avisou nada. Não
confirmou se viria, nem disse que faltaria.
RYAN – Chelsea, o
Chad está voltando hoje para Fountain Valley. (olha para o relógio de
pulso) O avião dele deve sair em quinze minutos.
CHELSEA – Como assim
vocês só me avisam disso agora?
KEITH – Nós ficamos
sabendo que ele iria embora antes de deixarmos a universidade e vir
para cá. Não iríamos interromper a entrevista só para te avisar sobre a
ida do Chad.
CHELSEA – (aparentemente
chateada) Mas como ele resolve ir embora de uma hora para outra sem ao
menos se despedir de mim?
JOSH – Talvez você
devesse descobrir isso por conta própria, Chelsea.
CHELSEA – O que você
está dizendo, Josh?
JOSH – O Ryan disse
que o avião dele para Fountain Valley sai em quinze minutos. O
aeroporto de San Francisco não fica a muito tempo daqui. Você pode
tentar ir atrás dele e...
CHELSEA – (interrompe) E
pedir pra ele ficar em San Francisco? Josh, qual é, eu não pedi nem
para que ele fosse embora.
RYAN – E pela sua
cara, não está gostando nem um pouco da ideia de ele ir.
KEITH – É impressão
minha ou estamos lidando com uma garota ainda apaixonada pelo Chad aqui?
MATT – Chelsea, eu
sei que o Chad te machucou muito quando se envolveu com você e não te
contou que era um garoto comprometido. Eu até tentei te afastar dele.
Mas durante todo esse tempo, o garoto provou que estava muito
arrependido. (pausa) Eu não julgo ele. Eu também cometi muitos erros e
vocês foram capazes de me perdoar.
KEITH – Realmente,
Chelsea. O Chad ainda gosta muito de você e aposto que está indo
embora, porque pensa que você não quer mais nada com ele. Ele está indo
embora porque quer te esquecer.
CHELSEA – (confusa) Mas
eu não quero que ele me esqueça...
JOSH – Então vai
atrás do seu amor enquanto ainda é tempo, Chelsea. Você tem treze
minutos a partir de agora.
CHELSEA – Certo. Mesmo
que ele queira ir embora, ainda assim preciso vê-lo pela última vez.
(sorri) Avisem a produção que um compromisso de última hora me apareceu
e tive que sair correndo. Obrigada, gente!
Chelsea corre
apressada pelo estúdio em direção a porta de saída.
KEITH – O amor é tão
lindo... (sorri)
JOSH – Espero que ela
consiga chegar a tempo.
RYAN – Alguém
correndo para um aeroporto e tentando impedir que a pessoa que ama vá
embora me parece cena de filme.
KEITH – (sorri) Ou de
último episódio de série.
JOSH –
(levantando-se) Bom, depois me contem o que aconteceu com eles. Agora,
eu e o Ryan precisamos ir. Nós temos algo para fazer antes de voltarmos
ao dormitório.
MATT – Certo. Nos
encontramos amanhã no casamento da sua mãe?
JOSH – Sim, conto com
a presença de todos vocês. (sorri)
KEITH – Estaremos lá.
Obrigada por vir prestigiar a grande noite da Chelsea, Josh e Ryan.
RYAN – O prazer foi
nosso. (saindo) Até amanhã.
JOSH – (indo atrás de
Ryan) Até.
Keith e Matt
acenam com a mão para os garotos e se abraçam, felizes. CENA 10. CEMITÉRIO MUNICIPAL. EXT. NOITE.
(música: You're The Reason -
Victoria Justice)
A imagem abre no
vasto campo verdejante do cemitério municipal de San Francisco. O local
está escuro e é iluminado apenas pela lua. Ao fundo, ouvimos o canto de
algumas corujas. Josh está ajoelhado em frente à lápide de Austin. A
pouca distância dele, está Ryan, de pé, assistindo ao namorado.
JOSH – (sorrindo)
Olá, Austin. Achou que eu me esqueceria fácil de você? (pausa) Vim te
dizer que amanhã finalmente é o casamento dos meus pais. O segundo
casamento. E espero que este seja eterno. Ou melhor, eu tenho certeza
de que será, porque eles se amam. É uma pena você não poder estar
presente lá em carne e osso, mas sei que fará questão de estar entre
nós de alguma forma...
Close em Josh,
que se vira para Ryan e sorri para ele. Feito isso, volta a olhar para
a lápide de Austin.
JOSH – Eu e o Ryan
estamos indo muito bem. Ele me faz feliz, eu o faço feliz e nós nos
completamos. Eu e ele passamos por alguns conflitos há algum tempo, mas
fomos capazes de superá-los juntos e fazer reviver o que existia entre
a gente desde o dia em que nos conhecemos. Austin, acredite, você nunca
foi uma pedra entre eu e o Ryan. Eu e ele brigamos, porque nós dois
erramos. Você não teve culpa nisso. E você deve saber mais do que
ninguém que os momentos que passei ao seu lado foram únicos e
inesquecíveis.
Josh deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto, mas logo a limpa.
JOSH – Você faz muita
falta aqui, Austin. Os meus dias ficaram mais vazios sem a sua
presença, sem os seus sorrisos e sem o seu carisma, seu espírito de
amizade e proteção. Espero que você esteja olhando pela gente agora e
sempre. E se eu fiz algo que te machucou, me perdoe, esta nunca foi a
minha intenção. Lembra o que você disse para a enfermeira quando foi
embora? Bom, eu me lembro e nunca vou me esquecer...
Josh passa a mão
na foto de Austin estampada na lápide e então se levanta.
JOSH – Onde quer que
você esteja, eu sempre vou estar conectado a você. (sorri) Obrigado por
ter feito parte da minha vida. Durou pouco, mas foi muito significativo.
Josh vira as
costas para a lápide e se aproxima de Ryan. Então, dá a mão para o
garoto e os dois saem juntos do cemitério. A câmera volta na lápide de
Austin, destacando a sua foto e o seu nome. A imagem escurece.
CENA 11.
AEROPORTO MUNICIPAL. INT. NOITE. (Música cessa.) Close aéreo no aeroporto municipal de San Francisco. Muitas pessoas circulam pelo local, carregando suas malas, em direção ao balcão de venda de passagens ou central de desembarque. Algumas famílias se despedem; namorados se abraçam e trocam algumas lágrimas; e outros simplesmente estão sozinhos aguardando seu vôo, como é o caso de Chad. Ele está sentado em uma cadeira e olha para o relógio, impaciente. Close na entrada do aeroporto. Chelsea entra apressada e começa a andar entre as pessoas, tentando buscar o rosto de Chad. A garota se aproxima das cadeiras e vê Chad sentado de costas. Chelsea sorri e respira aliviada por ter chegado a tempo. (música: Two Is Better Than One - Boys Like Girls ft Taylor Swift)
CHELSEA –
(aproximando-se) Chad!
CHAD – (reconhece a
voz da garota) Chelsea?
Chad se levanta e
caminha até Chelsea, carregando sua mala de rodas.
CHAD – (surpreso) O
que você está fazendo aqui?
CHELSEA – Eu é que tenho
que fazer esta pergunta. (bate em Chad) O que você está fazendo
aqui?
CHAD – Chelsea... Eu
estou indo embora...
CHELSEA – Eu sei que
você está indo embora. Ao contrário, eu não estaria aqui. O que eu não
entendo é porque você decide ir para Fountain Valley de repente e tenta
pegar um vôo sem se despedir.
CHAD – Chelsea, você
anda muito ocupada com o lançamento do seu livro, indo a coletivas de
imprensa, programas de televisão, tardes de autógrafo. Eu não queria
incomodar a sua vida de famosa.
CHELSEA – Chad, eu posso
estar em alta no momento, mas isso não quer dizer que eu esqueci dos
meus amigos. Este livro não mudou quem eu sou.
CHAD – Ótimo, e você
continua a mesma garota que me recrimina por ter escondido de você que
eu tinha uma namorada.
CHELSEA – Chad, é por
isso que eu vim aqui. Eu não posso deixar você ir embora sem antes
dizer que, do fundo do meu coração, eu te perdôo. Antigamente, eu te
afastava de mim, porque eu sabia que você estaria ao meu redor mesmo
assim. Digo, no mesmo local. Mas agora, com você indo embora, eu
percebi que eu seria boba se te afastasse da minha vida.
CHAD – Mas nós agora
somos amigos...
CHELSEA – Mas eu não
quero ser sua amiga. Você sabe sobre os meus sentimentos por você.
(olha no fundo dos olhos de Chad) Se você quiser pegar este vôo, eu vou
entender, afinal, fui eu que pedi para que você me esquecesse. Mas se
você desistir da ideia de ir embora, então voltamos para o alojamento
juntos. Juntos de verdade.
Então, uma voz
feminina invade o aeroporto.
VOZ FEMININA – Vôo com
destino a Fountain Valley está pronto para decolagem.
CHELSEA – É você que
decide.
CHAD – Bom, acho que
eu já me decidi...
CHELSEA – E então?
CHAD – Acho que isso
responde a sua pergunta.
E sem pensar duas
vezes, Chad surpreende Chelsea com um beijo apaixonado. Chelsea o
corresponde. A voz feminina volta a informar que o vôo para Fountain
Valley está pronto para decolar.
CHAD – (interrompendo
o beijo) Deus, eu odeio essa voz!
Chelsea ri e
volta a beijá-lo. A câmera se afasta, mostrando os dois garotos
abraçados em meio à multidão que circula apressadamente pelo aeroporto.
CENA 12.
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. CAMPUS. ALOJAMENTO. DORMITÓRIO DE JOSH E
MATT. INT. NOITE. (Música cessa.)
Josh abre a porta
do dormitório e entra de mãos dadas com Ryan.
RYAN – (ri) Foi uma
noite exaustiva. É difícil ser amigo de celebridade.
JOSH – (sorri) O que
você acha do amigo de celebridade relaxar um pouquinho?
Josh fecha a
porta e olha para Ryan com um olhar sugestivo. Ryan se aproxima dele e
entrelaça seus braços na cintura do namorado.
RYAN – Por acaso,
você está insinuando algo?
JOSH – Bom, nós
estamos sozinhos aqui. E você disse estar cansado. Eu posso fazer algo
por você... (sorri maliciosamente) RYAN – Ok, essa ideia não me desagrada... (música: I Won't Give Up - Jason Mraz)
Josh ri e
aproxima seus lábios aos de Ryan. Os garotos se beijam calorosamente.
Após alguns instantes, Ryan interrompe o beijo e começa a encostar seus
lábios em outras regiões do rosto de Josh, até se aproximar de sua
orelha. Ryan dá mordiscadas leves no ouvido do garoto. Josh fecha os
olhos, excitado. Então, puxa a camiseta de Ryan para cima, deixando o
garoto com o peito à mostra. Ryan faz o mesmo. Josh aproxima sua boca
do peitoral de Ryan e começa a lamber seus mamilos. Close em Ryan, que
abre a boca, apreciando o momento de prazer. Josh levanta a cabeça e
sorri para o namorado. Em seguida, Ryan começa a empurrar Josh
levemente em direção a cama, derrubando-o nela. Ryan fica de pé em
frente a Josh. Josh, por sua vez, com a cabeça a altura da virilha do
garoto, desabotoa a calça de Ryan e puxa o zíper lentamente, olhando
para o namorado. Então, desce sua calça e começa a massagear a região
íntima de Ryan. A câmera sobe, mostrando Ryan, que solta alguns gemidos
ofegantes de pura excitação. Josh puxa a cueca do garoto e inicia o
sexo oral. Não vemos o ato, mas subentendemos pelos gestos de Ryan,
que pressiona a cabeça do namorado em direção ao seu corpo. Corte
descontínuo. Agora vemos Josh e Ryan completamente pelados na cama,
cobertos apenas por um lençol. Josh está por baixo e Ryan por cima.
Seus corpos estão colados um ao outro e eles realizam a penetração com
muito prazer e afeto. Seus corpos suam. Eles estão de boca aberta e
olhos fechados. Assim, Ryan chega ao ápice do prazer e inicia a
ejaculação. Eles gemem juntos, enquanto Josh arranha as costas de Ryan
com as unhas. Ryan, cansado, cai sobre o namorado e começa a beijar seu
pescoço.
RYAN – (com a
respiração ofegante) Eu te amo.
JOSH – (excitado com
os beijos de Ryan) Eu também te amo.
A câmera se
afasta, enquanto os dois garotos continuam deitados na cama, cobertos
pelo lençol, aproveitando de corpo e alma o final de seu momento
íntimo. A imagem escurece. CENA 13.
(música: I Won't Give Up -
Jason Mraz)
Tomada da cidade
de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais.
Amanhece.
CENA 14. CAMPO
VERDEJANTE. EXT. DIA. (A música tocada na cena anterior continua a ser executada nesta.)
A imagem abre em
um local belíssimo, coberto de grama verde e com muitas montanhas ao
fundo. No centro, está instalada uma espécie de coreto, onde será
realizada a cerimônia de casamento de Marta e Alex. Um tapete vermelho
está estendido no chão e, em suas laterais, estão dispostas cadeiras.
Ao lado das cadeiras, vemos pilares cobertos de arranjos de flores
brancas. A câmera explora o local, mostrando os poucos convidados:
Keith, num vestido branco, ao lado de Matt, num terno preto, eles se
olham apaixonados e se beijam; Chelsea, num vestido rosa, ao lado de
Chad, num terno preto, eles se olham e Chelsea aperta a bochecha de
Chad com uma das mãos, que retribui com um aperto em seu nariz; Suzie,
num vestido amarelo, que olha para Eric, num terno preto, e faz questão
de exibir sua aliança. No coreto, está Alex, vestindo um terno preto e
bastante apreensivo. Ao lado dele, uma realizadora de cerimônias. A
marcha nupcial começa a tocar. Marta, usando um belíssimo vestido azul
claro e carregando um buquê de rosas brancas em uma das mãos, entra no
tapete vermelho acompanhada do filho. Josh sorri para os convidados e
olha para a mãe, que também olha para ele, emocionada. Vemos Ryan
correndo pelo campo, com uma câmera nas mãos, tentando encontrar o
melhor ângulo para tirar fotos. Os dois garotos vestem ternos brancos,
ao contrário dos demais. Josh segura a mão da mãe até chegar a entrada
do coreto, onde entrega Marta a Alex.
JOSH – (diz para o
pai) Espero que você tome conta dela muito bem...
ALEX – Não tenha
dúvidas disso, meu filho. Eu vou fazer da sua mãe a mulher mais feliz
deste mundo.
MARTA – (olha para
Josh) Eu te amo, meu filho.
JOSH – (olha para a
mãe) Eu te amo, mamãe. (olha para Alex) E eu amo você também, cara. Mas
se eu souber que você não está tratando a minha mãe como uma rainha,
teremos contas para acertar. (ri)
ALEX – Fique
tranquilo.
JOSH – Eu espero que
vocês sejam muito felizes.
A família Parker
troca sorrisos. Marta dá a mão para Alex e os dois entram no coreto.
Close nos convidados, emocionados e apaixonados. Josh caminha até Ryan.
Eles dão as mãos e assistem a cerimônia juntos. A câmera se afasta,
enquanto o casamento é inicializado.
Corte descontínuo. (Música cessa.)
O casamento já
foi concluído. Os convidados estão cumprimentando os noivos. Suzie e
Eric caminham até Ryan, que está ao lado de Josh.
SUZIE – Bom dia,
pombinhos...
JOSH – Olá, dona
Suzie. Gostou da cerimônia?
SUZIE – Muito. Não
poderia ter sido mais encantadora. Seus pais formam um lindo casal.
JOSH – Obrigado.
RYAN – Agora está na
hora de você ser levada para o altar, né mãe?
SUZIE – (olha para
Eric) Bom, isso não depende de mim...
ERIC – (rindo) Fique
tranquilo, Ryan. Muito em breve, você terá outro casamento para
frequentar.
RYAN – Assim espero,
treinador. Vocês têm a minha total bênção.
SUZIE – (entrega um
envelope para Ryan) Seu pai lhe mandou hoje de manhã. Ele faz questão
que você leia...
RYAN – Mãe, não sei
se eu devo...
SUZIE – (empurra
o envelope para Ryan) Meu filho, significaria muito para ele se você
lesse a carta. Eu sei que vocês dois não possuem um bom relacionamento,
mas ele ainda continua sendo o seu pai...
Ryan segura a
carta, receoso.
SUZIE – Eu e Eric
vamos aproveitar a festa...
Suzie e Eric saem.
JOSH – Você quer ir
para um lugar longe daqui?
RYAN – (sorri) Desde
que seja com você...
Josh e Ryan saem
juntos. Close em Marta e Alex, que tiram fotos com Chelsea, Chad,
Keith, Matt, Suzie e Eric.
Corte descontínuo.
Josh e Ryan estão
sentados em uma pedra. Ryan encara o envelope, ainda com muito receio.
JOSH – (olha para o
namorado) Você não vai abrir?
RYAN – É como se
tivesse uma bomba aqui dentro.
JOSH – Se você
quiser, eu posso lê-la para você...
RYAN – Eu agradeceria.
Ryan entrega o
envelope para Josh. O garoto o abre cuidadosamente e tira de dentro
dele um papel escrito em manuscrito com muita cautela.
JOSH – (lê em voz
alta) “Querido Ryan... Eu sei que nunca fui o modelo de pai perfeito
para você. Eu sei que pisei na bola muitas vezes. E sei também que as
feridas que abri em você, talvez eu nunca seja capaz de fechá-las.
Estou te mandando esta carta hoje para dizer que sou muito grato pelo
filho que tenho e que não tenho a mínima vergonha do que você realmente
é. Eu te aceito, do fundo do meu coração. Não te obrigo a aceitar o meu
passado, mas quero que você aceite o meu presente. Não vou forçar um
bom relacionamento entre nós, só desejo que possamos trocar um aperto
de mão sincero sempre que nos vermos. Estou vivendo em Los Angeles com
Kirsten e sua meia-irmã. Elas são a minha nova família e estou zelando
por ela. Quero provar a mim mesmo que ainda posso ser feliz. Obrigado
por ter aberto os meus olhos para isso. Com carinho, do seu errante
pai”.
Josh termina a
leitura e olha para Ryan, sensibilizado. Ryan deixa uma lágrima rolar
sobre o seu rosto, mas logo a limpa para preservar o seu orgulho.
RYAN – Eu pareço um
bobo...
JOSH – Claro que não,
até eu estou emocionado com a carta. Tudo o que foi dito aqui parece
ter sido muito sincero, Ryan...
RYAN – Eu sei. Não
vou continuar julgando o meu pai pelos erros que ele cometeu no
passado. Guardar rancor não me levaria a nada. Eu fico muito feliz que
ele esteja seguindo em frente com a sua vida, longe do álcool e próximo
de uma família.
JOSH – E ele deixa
bem claro em suas palavras que, mesmo construindo uma nova família,
você não deixou de ser a dele. RYAN – Obrigado por ter feito isso, Josh. (música: San Francisco - Vanessa Carlton)
JOSH – (guardando a
carta no envelope) Não é engraçado, Ryan?
RYAN – O que?
JOSH – Como tudo
parece ter dado tão certo de repente? Quero dizer, olha onde estamos.
Neste lugar maravilhoso, cercado de pessoas que gostamos e que estão
felizes assim como a gente. Você consegue imaginar o tanto de coisas
pelas quais passamos para chegar até aqui, hoje?
RYAN – (ri) Sim, foi
um bocado de coisas... Parece que foi ontem que eu cheguei a San
Francisco e conheci você. Lembra daquele dia? Você estava indo para o
seu primeiro dia no último ano do segundo grau na San Francisco High
School e eu atravessei a rua com uma bola de basquete em mãos.
JOSH – Então
começamos a nos conhecer e nos tornamos grandes amigos. Algum tempo
depois, eu me descobri apaixonado por você, terminei com a Chelsea –
que tentou me atingir de várias formas nesse meio tempo, inclusive,
arriscando um suposto suicídio – e desabafei todos os meus sentimentos
em um bloquinho de anotações. Acabei derrubando sem querer no corredor
da San Francisco High School e ele foi parar nas mãos de Matt...
RYAN – (ri) Matt...
Você se dá conta de tudo o que aquele garoto aprontou contra a gente? E
veja, hoje, ele se tornou uma pessoa muito melhor e está feliz ao lado
de quem ama.
JOSH – Sim, e eu
estou muito feliz ao lado de quem eu amo. Se não fosse pelo Matt,
aquele bloquinho nunca teria caído em suas mãos e você não teria
descoberto o que eu realmente sentia por você. Talvez tivesse, mas as
circunstâncias poderiam ser diferentes. Sim, passamos por muitas coisas.
RYAN – E nisso tudo,
crescemos e aprendemos a amadurecer.
JOSH – Acredito que
esta seja a maior lição da vida: amadurecer. Não é fácil amadurecer.
Não é fácil acordar todos os dias e descobrir que você está se tornando
um adulto.
RYAN – São as fases
da vida, Josh. E estamos conseguindo passar por elas com muita
responsabilidade e muita maturidade.
JOSH – (lança um
olhar desafiador para Ryan) São os estágios da vida. Você está pronto
para o próximo?
E de repente, a
imagem escurece num baque e corta rapidamente para:
CENA 15. (Música continua.)
Tomada da cidade
de San Francisco com imagens dos principais pontos turísticos locais.
Surge a seguinte
legenda:
CENA 16.
(música: You Can - David
Archuleta)
*ATENÇÃO: Todos
os personagens, daqui em diante, vão ter envelhecido cinco anos (o
elenco jovem agora tem 24/25 anos). Entretanto, todo o elenco
permanecerá em seus respectivos papéis.*
VOZ DE JOSH – (narração) Eu sei que é engraçado dizer isso, mas esses cinco anos
passaram tão depressa. Muita coisa mudou desde então. Saímos da
Universidade da Califórnia, mas nossas vidas apenas começaram. Para
você ter uma ideia dessas mudanças, vamos aos fatos. Começando por
Suzie, minha querida sogra, que se casou com o treinador Eric e se
tornou a grande diretora da San Francisco High School.
A imagem corta
rapidamente para:
Suzie está
sentada em sua mesa. Ela olha para a plaquinha com o seu nome sobre a
mesa e sorri, orgulhosa. De repente, o telefone começa a tocar. Ela
respira fundo.
SUZIE – Meu primeiro
atendimento...
E então, Suzie
tira o telefone do gancho e o leva até a orelha.
SUZIE – Alô?
A tela se divide
em duas partes. Em uma fica Suzie. Na outra, o treinador Eric.
ERIC – (sorrindo)
Como vai a nova diretora da San Francisco High School?
SUZIE – (respira
aliviada) Eric, que confortante ouvir a sua voz. Minhas mãos estão
suadas. Eu estou muito nervosa, mas ao mesmo tempo me sentindo tão
confiante.
ERIC – O arrepio na
barriga é normal no primeiro dia. Não que eu já tenha sido diretor,
mas... (ri) Você me entendeu. Você vai tirar isso de letra.
SUZIE – Obrigada. Eu
prometo que vou fazer o meu melhor pela San Francisco High School.
ERIC – Viu, meu amor,
como a vida sempre nos oferece uma oportunidade para começar de novo?
Close em Suzie,
que olha ao redor de seu escritório e consente com a cabeça, muito
feliz.
A imagem corta
rapidamente para:
VOZ DE JOSH – (narração) Um ano depois ao casamento dos meus pais, minha mãe descobriu
estar grávida... De dois filhos. Sim, nesse período eu ganhei dois
irmãos. Eu estou feliz por duas razões. Feliz porque agora minha
família está maior. E feliz porque sinto que minha mãe também está
feliz mais do que nunca. E isso é tudo o que ela merece. Ela expandiu o
Benton’s para outras cidades californianas, mas o inesperado é que não
como restaurante, mas como uma grande rede de hotéis. Hoje, minha mãe é
dona de hotelaria e é conhecida como a Melhor Empresária da Califórnia.
Marta está
sentada em sua mesa assinando alguns papeis. De repente, a câmera se
afasta e mostra o seu luxuoso escritório. Ao fundo, há uma grande
janela de vidro com vista para o mar. De repente, ouvimos gritos de
crianças vindo em direção a porta. Alex a abre e seus dois filhos, um
menino e uma menina, entram em polvorosa.
ALEX – Desculpa, meu
amor, eu juro que pedi para que eles não gritassem... Mas você sabe...
(sorri) Gêmeos!
Marta se levanta
e corre em direção aos filhos, abraçando-os fortemente.
MARTA – Não tem
problema. (olha para as crianças) Joseph e Justine, posso saber o que
vocês vieram fazer aqui?
ALEX – Crianças,
digam a ela que vocês vieram tirá-la dessa empresa para tomar um
sorvete.
MARTA – (se
levantando) Alex, você sabe muito bem que eu estou atolada de trabalho.
ALEX – Isso não quer
dizer que você não possa ter um tempo com o seu marido e com seus dois
filhos. (sorri) Vamos, você tem um monte de funcionários. Eles podem
cobrir você por alguns instantes.
MARTA – Olha lá, olha
lá...
Marta, convencida
pela visita do marido e dos filhos, decide aceitar o convite. Ela
segura nas mãos das duas crianças – uma de cada lado – e beija
apaixonadamente Alex. Então, a família sai feliz e sorridente do
escritório. (Música cessa.)
A imagem corta
rapidamente para:
Chelsea anda pelo
set de gravações da saga de filmes New Stages. De repente, ela percebe
que a vendedora de café, uma jovem de aparentemente dezessete anos,
está chorando discretamente. Chelsea se aproxima, preocupada.
CHELSEA – Danna, tudo
bem com você?
DANNA – (olha para
Chelsea, limpa as lágrimas) Sim, está tudo bem... Foi só... Foi só um
cisco no meu olho.
CHELSEA – Danna, você
vende cafés nos meus estúdios desde o primeiro filme que gravamos. Eu
te conheço muito bem, mocinha.
Danna olha para
Chelsea e vê nela o apoio que precisa no momento.
DANNA – Eu descobri
que estou grávida e quando dei a notícia ao Justin, ele... (volta a
chorar) Ele simplesmente desapareceu. Eu não posso, diretora Harris,
continuar com isso sozinha. Eu tenho apenas dezessete anos.
CHELSEA – Danna, você
pensa em abortar essa criança?
DANNA – (se esquiva
com cara de espanto) Não, isso não. Eu me sentiria um monstro se
fizesse isso. Mas eu, eu também não consigo me imaginar cuidando dessa
criança.
CHELSEA – (olha para
Danna com os olhos brilhantes) Você já pensou na hipótese de entregar a
criança para uma família que esteja querendo um filho?
DANNA – Não sei,
Chelsea, tudo isso é muito burocrático...
CHELSEA – (sorri) Não
precisa ser... (pausa) O que você acha da ideia de eu ser a mãe
desta criança?
Close em Danna,
surpresa, mas ao mesmo tempo, satisfeita com a proposta de Chelsea.
A imagem corta
rapidamente para:
VOZ DE JOSH – Quem
imaginava que um dia Keith e Matt entrariam num acordo e seriam
realmente felizes juntos? Eles se casaram e estão vivendo em uma casa
grande aqui em San Francisco. Agora, estão prestes a dar boas-vindas ao
seu primeiro filho.
Matt anda de um
lado para o outro na recepção do hospital de San Francisco. Chad tenta
acalmá-lo.
CHAD – (se levanta da
poltrona e segura Matt) Acalme-se, ok?
MATT – (olha para
Chad) Eu não posso, cara. Eu não sei se estou preparado para ser pai.
CHAD – Matt, deixa eu
te dizer uma coisa. Eu nunca coloquei fé em caras como você. Inclusive,
nós tivemos os nossos desentendimentos quando eu cheguei na cidade. Mas
você me surpreendeu. Assim como a todos. (ri) Sim, eles me disseram que
você era um babaca no segundo grau. Mas, veja só, você se tornou um
cara responsável e dedicado a Keith. Eu não tenho a menor dúvida de que
você está mais do que preparado para construir uma grande família ao
lado dela.
MATT – (comovido)
Você acha?
CHAD – Eu tenho
certeza. (ri) Você será pai, cara!
MATT – Eu serei pai!
Os dois riem e se
abraçam fraternalmente.
A imagem corta
rapidamente para:
Keith está
deitada na cama de cirurgia apertando forte a mão de Chelsea. Ela sofre
uma contração. Chelsea tenta prestar algum tipo de conforto a ela.
CHELSEA – Respira,
amiga. Respira fundo, certo?
KEITH – Não dá,
Chelsea, eu tô sentindo muita dor... (grita) Por favor, peça para os
médicos tirar essa criança de dentro de mim.
CHELSEA – Calma, amiga,
vai dar tudo certo. Em pouco tempo, você estará com o seu filho nos
braços e verá que tudo isso valeu muito a pena.
KEITH – (ofegante)
Chelsea... Chelsea... Eu preciso te dizer uma coisa.
CHELSEA – (sorri) Diga.
Eu estou aqui com você.
KEITH – Eu quero... Eu
quero que você seja a madrinha do meu filho.
CHELSEA – (deixa uma
lágrima rolar sobre o seu rosto) Você está falando sério, Keith?
KEITH – Mais do que
sério. Você sempre foi a melhor amiga do mundo. Nada mais justo do que
o meu filho também ter a melhor madrinha do mundo. (começa a chorar)
Você aceita?
CHELSEA – Sem pensar
duas vezes.
E Chelsea e Keith
se abraçam fortemente. Mas, de repente, uma nova contração vem e faz
Keith gritar, assustando Chelsea.
CHELSEA – (volta a
apertar forte a mão da amiga) Respira, ok? Vai dar tudo certo.
Close em Chelsea,
emocionada, enquanto não sai de perto da melhor amiga com quem esteve
durante a sua vida inteira. (Música cessa.)
A imagem corta
rapidamente para:
VOZ DE JOSH – Ryan
decidiu abandonar as quadras de basquete. Mas isso não quer dizer que
tenha abandonado o basquete. Agora, ele se dedica a carreira de
treinador e, todas as semanas, leva o esporte aos bairros mais pobres
da Califórnia, onde repassa para as crianças tudo o que aprendeu nas
quadras ao longo dos anos. Ele é muito competente e, bem, meu grande
orgulho. Quanto a nós... Bom, nós... Acho que eu estava errado em
relação ao amor verdadeiro. Ele realmente existe e uma hora aparece em
nossas vidas. O meu apareceu há oito anos como o meu vizinho. E desde
então, o destino sempre dá um jeito de nos cruzar...
A câmera explora
um imóvel vazio, onde Josh – de frente a um imobiliário – assina um
papel sobre uma prancheta.
JOSH – (entregando a
prancheta para ele) Aqui está. Bom, acho que essa assinatura me torna o
novo proprietário da casa.
IMOBILIÁRIO – Exatamente,
senhor Parker. Eu espero que você seja muito feliz aqui.
JOSH – É o que nós
todos esperamos na vida, certo?
O imobiliário
consente. A imagem corta rapidamente para:
Josh sai de
dentro do imóvel onde estava e olha para a casa vizinha, que também
está à venda. De repente, percebe que um carro conhecido está em frente
ao imóvel.
JOSH – (diz para si
mesmo) Mas esse não é o carro do Ryan?
E,
inesperadamente, Ryan sai de dentro do imóvel vizinho. Close em sua
reação surpresa ao notar Josh.
RYAN – (se aproxima
de Josh) O que você está fazendo aqui? Não era pra você estar com os
seus pais?
JOSH – E não era pra
você estar treinando os seus alunos?
RYAN – Bom... (ri) Eu
menti. Veja... (aponta para a casa de onde saiu) Essa casa agora é
nossa.
JOSH – O que? (aponta
para a outra casa de onde saiu) Essa casa agora é nossa.
RYAN – (surpreso) O
que? Quer dizer que compramos uma casa ao mesmo tempo?
JOSH – E ainda uma
vizinha à outra?
Ryan começa a
rir. Josh faz o mesmo e, então, se aproxima do namorado, o beijando
apaixonadamente.
JOSH – (interrompe o
beijo) Acho que o nosso destino é sermos vizinhos.
Josh e Ryan riem.
A câmera se afasta, enquanto os dois garotos voltam a se beijar, em
meio às duas casas recém-compradas por eles. A imagem congela. |
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