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Talismã - Capítulo 02

Talismã - Novela de Édy Dutra
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CAPÍTULO 02
 
     
     
     
     
 
 
     
 

CENA 01. AGE AQUARIOUS. CAMARIM. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Marilu se insinua para Tarcísio.

MARILU: - E então, o que acha da minha proposta?

TARCÍSIO: - Você é rápida, decidida.

MARILU: - Tem coisas que a gente não pode deixar passar.

Tarcísio a pega pela cintura. Os dois se aproximam ainda mais.

TARCÍSIO: - Amanhã. Me espera amanhã que eu venho.

Marilu se afasta, vai até à penteadeira. Pega caneta e papel, anota o endereço e entrega para Tarcísio.

MARILU: - Tu me acha lá. Pode ir que é tranqüilo, discreto. Vai dar pra se divertir e muito.

Tarcísio sorri. Henri chega na porta.

HENRI: - Acabou a hora da visita.

Tarcísio guarda o papel no bolso saindo em seguida. Henri entra.

HENRI: - Que homem é esse?!

MARILU: - Não sei, Henri. Mas mexeu comigo, viu? Me fez subir um calor que eu nunca senti antes.

HENRI: - Tá bom, acreditei agora.

MARILU: - É sério! Esse cara tem algo diferente.

HENRI: - Parece um homem careta, frustrado com a vida e nada mais, Marilu! Esquece isso!

MARILU: - Ele tem pinta de ser rico.

HENRI: - Pinta todo mundo tem, agora ser rico é outros quinhentos.

MARILU: - Então deixa eu ter essa certeza. Depois a gente vê o que faz.

HENRI: - Ih quando você começa com essas suas idéias aí...

MARILU: - Me deixa aqui pensando, Henri. Vai lá cuidar da boate  vai.

HENRI: - E eu vou mesmo. Hoje o negócio tá quente!

Henri sai. Marilu fica pensativa.

CENA 02.CASA TARCÍSIO. SALA JANTAR. INT. NOITE.

Sentados à mesa, Agda, Elizabeth, Rafael e Vitória fazem a refeição noturna.

ELIZABETH: - Pensei que seu pai viesse com você, Rafael. Ele ficou para alguma reunião na empresa?

RAFAEL: - Pra falar a verdade mamãe, quando eu saí da Amaro o papai já não estava mais lá. Nem ele nem o Paulo. Devem ter ido resolver algum assunto fora.

VITÓRIA: - Talvez acertar os últimos detalhes do novo contrato de vendas.

ELIZABETH: - É, talvez seja isso mesmo. Ele vinha comentando muito sobre esse contrato com os europeus.

AGDA: - Ele poderia ao menos ter avisado, não é? É uma desfeita muito grande deixar a família esperando na hora da refeição.

RAFAEL: - Não é preciso fazer drama também, vovó. Não é a primeira vez que isso acontece.

AGDA: - Mas é preciso conservar as boas maneiras, Rafael.

VITÓRIA: - Falando em boas maneiras, hoje por pouco eu não dou um jeito naquelazinha.

ELIZABETH: - Como assim, Vitória?! O que você fez com a Mayra?

RAFAEL: - Saiu no tapa com ela?

VITÓRIA: - Não sai porque o Fabrício não deixou. Senão eu tinha dado um jeito naquela oferecida.

AGDA: - Modere suas palavras na mesa, Vitória.

VITÓRIA: - Desculpa vó.

AGDA: - E também modere suas atitudes! A troco de quê você partiria para a ignorância contra a Mayra?

VITÓRIA: - Pelo mesmo motivo de sempre, vovó. Ela vive se oferecendo pro Fabrício, que é meu namorado. E ela sabe disso e mesmo assim continua dando em cima. Mas uma hora eu pego ela de jeito e aí ela vai ver com quem está lidando.

RAFAEL: - Eu não quero nem estar perto quando isso acontecer! (risos)

AGDA: - É essa a educação que você deu para os seus filhos, Elizabeth?

ELIZABETH: - Ela só está defendendo o que é dela, mamãe.

AGDA: - Dessa forma?

VITÓRIA: - Vovó, cada um luta com aquilo que tem. A Mayra não usa o corpo pra conseguir o que quer? Eu vou fazer como ela. Vou usar as mãos, as unhas bem afiadas!

Rafael e Elizabeth riem. Agda desaprova com a cabeça.  

CENA 03. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE.

Lívia veste sua roupa. Na cama, um homem de aparência envelhecida, desleixado.

HOMEM: - Teu dinheiro tá ali em cima da cadeira.

Lívia pega o dinheiro, guarda na bolsa.

HOMEM: - Mas eu vou reclamar. Eu paguei pra ter uma mulher e não uma múmia na cama.

LÍVIA: - Se teve a múmia, já foi demais.

HOMEM: - Eu queria era prazer, sua vagabunda! Nem pra isso tu serviu! Inútil!

LÍVIA; - Cala essa boca! Tu não tem o direito de falar assim comigo!

HOMEM: - Eu falo contigo como eu bem entender! Você é que não tem o direito de falar nada! Vende o corpo de noite pra comer de dia. Não tem onde cair morta. Depende de mim pra viver e quer falar alguma coisa!... Te enxerga vadia.

Lívia sente as palavras.

HOMEM: - Agora sai daqui antes que eu me arrependa e pegue meu dinheiro de volta. Vai embora, cachorra.

Lívia sai do quarto rapidamente.

CENA 04. PENSÃO BEM QUERER. INT. NOITE.

Todos estão sentados à mesa, jantando. Muita conversa, agitação.

TATIANA: - Dona Alaíde, sua comida é divina! Esse tempero é tudo!

ALAÍDE: - Obrigada Tati, mas não precisa elogiar muito não, porque mês que vem não tem desconto no aluguel não.

OSCAR: - Mas a Tatiana tem razão. Esse teu tempo, Alaíde, foi o que me conquistou.

ALAÍDE: - Ô, meu bem... (beija Oscar)

KLÉBER: - Gente, gente! Eu queria dizer pra vocês que eu, a partir de amanhã, serei o músico do restaurante Europa-Brasil!

TATIANA: - Aquele chiquetérrimo da Paulista?!

KLÉBER: - Esse mesmo!

JONAS: - Parabéns Kléber! Você merece!

OSCAR: - É isso aí meu garoto!

ALAÍDE: - Então eu vou buscar uma cerveja pra comemorar isso!

Alaíde levanta-se da mesa e sai.

TATIANA: - E você Wanda, tá quietinha...

OSCAR: - Nada fora do normal, diga-se de passagem.

WANDA: - Eu estou esperando o Jonas falar do belo dia que ele teve hoje.

Jonas se surpreende. Eles ficam sem entender.

WANDA: - Afinal, ele estava inseguro, mas conseguiu o que queria.

JONAS: - Como a senhora sabe?

OSCAR: - Quando eu falo que essa mulher é esquisita, ninguém acredita em mim.

TATIANA: - É verdade isso, Jonas?

JONAS: - É sim.

Alaíde chega com duas garrafas de cerveja.

ALAÍDE: - Vamos brindar!

KLÉBER: - Pera aí, dona Alaíde, que parece que tem mais notícias pra chegar.

ALAÍDE: - Tem é?

JONAS: - Tem sim, mãe. Eu apresentei um projeto para uns empresários lá da agência e eles aprovaram.

OSCAR: - Mas esse é o meu menino!

ALAÍDE: - Oh, meu Deus, que maravilha! Eu queria que ele fosse doutor, fosse médico, mas ele quis porque quis fazer essa coisa de comercial! Agora tá aí, me dando orgulho maior que esse Brasil!

TATIANA: - Parabéns Jonas! Você merece!

OSCAR: - Vamos comemorar!

Nesse instante, Carla chega na pensão.

CARLA: - Opa! Cheguei na hora da festa, é isso?

KLÉBER: - Estamos comemorando o meu novo emprego de músico e o projeto do Jonas que foi aprovado na agência.

CARLA: - Parabéns rapazes! Eu também quero participar dessa comemoração!

OSCAR: - Aqui do meu lado tem um lugar, Carlinha.

ALAÍDE (cutuca Oscar): Não tem nada não, Carla. Aqui quem vai ficar sou eu. Você pode ficar aí, do lado da Wanda, que tem um espacinho aí sobrando.

Carla se acomoda, enquanto Jonas serve a cerveja para brindarem.

CENA 05. CARRO TARCÍSIO. INT. NOITE.

Tarcísio e Paulo no carro que trafega pela avenida.

PAULO: - Eu ainda não sei porque você quis embora justo na hora do show da loirinha da barra de ferro.

TARCÍSIO: - Eu já vi o que tinha que ver lá, Paulo.

PAULO: - E gostou?

TARCÍSIO: - É, gostei. Você tinha razão. Esse lugar ia me fazer bem. E de fato, fez.

PAULO: - Minhas dicas nunca falham, meu caro. A Age Aquárious é um celeiro de mulher bonita e também barata né?

TARCÍSIO: - Mas eu não to pelo preço. Tô pela qualidade. E pelo o que eu pude ver, ali tem qualidade de sobra.

PAULO: - Mas então pelo o que eu vejo você já tem seu alvo de caça!

TARCÍSIO: - Você falando parece que eu sou um lobo voraz atrás da presa.

PAULO: - Nós homens somos assim, Tarcísio. Eternos caçadores!

TARCÍSIO: - Aquela hora que eu te disse que iria no banheiro, eu fui atrás daquela moça do show, a tal de Diana.

PAULO: - Você foi atrás dela?! Não acredito! Ela é a estrela da casa!

TARCÍSIO: - Eu fui, entrei no camarim dela, conversamos.

PAULO: - E aí?!

TARCÍSIO: - E aí que amanhã nós vamos nos encontrar. Mas ninguém pode ficar sabendo, Paulo! Por favor!

PAULO: - Tarcísio, minha boca é um túmulo, você sabe disso. Eu só quero é que você aproveite essa nova fase da sua vida. Essa curtição de juventude depois dos 50.

Tarcísio segue dirigindo. Paulo fica pensativo.

CENA 06. CORTIÇO. QUARTINHO. INT. NOITE.

Lívia entra no quarto, Alexandre está sentado na cadeira, esperando. Ela vai direto na porta, ver seu filho.

ALEXANDRE: - O moleque dormiu o tempo inteiro, nem sentiu tua falta. Cadê o dinheiro?

Lívia pega o dinheiro na bolsa e entrega para Alexandre.

ALEXANDRE: - Só isso?

LÍVIA: - Eu peguei a minha parte. Essa aí é a tua.

ALEXANDRE: - Tá me achando com cara de palhaço, Lívia?

LÍVIA: - Eu to fazendo o que a gente combinou!

ALEXANDRE: - Quem comanda aqui sou eu!

Alexandre tira a bolsa das mãos de Lívia, pega o resto do dinheiro.

LÍVIA: - Esse dinheiro é meu, Alexandre! Você não pode pegar!

ALEXANDRE: - Cala a boca que esse dinheiro é meu! Já falei quem manda aqui!

Alexandre dá alguns trocados para Lívia e fica com a maior parte do dinheiro.

LÍVIA: - Só isso? Você acha que eu consigo viver com isso? Que eu consigo comprar o que teu filho precisa com isso?

ALEXANDRE: - Tá achando ruim? Faz mais programa, te vira!

LÍVIA: - Desgraçado!

Lívia vai para bater em Alexandre, mas ele a segura firme e a empurra sobre a cadeira.

ALEXANDRE: - Escuta aqui, Lívia. Tu anda reclamando demais. A minha paciência contigo tá acabando. Ou tu melhora esse teu jeito ou eu vou ter que tomar umas atitudes aí que tu não vai gostar nem um pouco.

LÍVIA: - Você é um monstro.

ALEXANDRE: - E tu uma vagabunda, ordinária. Viu só? Até nisso combinamos... Deixa de ser florzinha porque aqui não tem isso não. Abre teu olho comigo, senão até esse quarto imundo aqui tu perde. E aí sim eu quero ver tu se virar.

Alexandre vai embora. Lívia chora.

CENA 07. APTO MARCOS. SALA. INT. NOITE.

Marcos entra e encontra Onira sentada no sofá, assistindo TV.

MARCOS: - Oi mãe, acordada ainda?

ONIRA: - Oi meu filho. Sabe que eu até deitei na cama pra dormir, mas acabei perdendo o sono. Vim pra sala fiz um chá e comecei a ver esse filme aí. Bem interessante até. E você, chegando à essa hora?

MARCOS: - Fiz um happy hour com o pessoal da faculdade. Nos encontramos num barzinho na Vila Madalena e acabei perdendo a hora.

ONIRA: - Não vou nem perguntar se jantou. Deve ter comido um monte de porcarias.

MARCOS: - Comida de boteco é bom mamãe! (risos)

ONIRA: - Bom não sei pra quem. Pra começar, boteco não é nem lugar bom de ser freqüentado, meu filho. Não é ambiente pra você, um rapaz culto, estudado.

MARCOS: - Nada a ver mãe. Tem gente de tudo quanto é jeito, cultura, estilo, freqüentando botecos.

ONIRA: - Mesmo assim, eu tenho os meus motivos para não gostar desse tipo de lugar.

MARCOS: - A senhora não sabe o que está perdendo.

ONIRA: - E nem quero saber, Marcos. Eu prefiro ir até o restaurante do seu tio, que por sinal, é um dos melhores da cidade. Deveria ter levado os seus amigos lá.

MARCOS: - Da próxima eu levo.

ONIRA: - E aquela sua namoradinha, a Cris, tava junto nesse grupo?

MARCOS; - Ih, o que você quer saber, hein, dona Onira?

ONIRA: - Nada, apenas uma pergunta.

MARCOS: - Estava sim, mas nós não reatamos, nem tivemos recaídas, nada. Ela estava acompanhada do namorado, um lutador de jiu-jítsu.

ONIRA: - Que pena, meu filho. Eu gostava tanto dela. Linda, loira, aqueles olhos claros. A mulher perfeita pra você.

MARCOS: - Segundo os seus conceitos, não é? Mas eu to vendo que esse papo ainda vai render e o que eu quero mesmo é cair na cama e dormir. Amanhã o dia será cheio. Fechamos hoje uma nova conta pra agência.

ONIRA: - Que bom meu filho, fico feliz!

Marcos se aproxima, beija Onira.

MARCOS: - Boa noite mãe.

ONIRA: - Boa noite, durma com os anjos.

Marcos sai. Onira continua na sala. Ela muda de canal na TV, e num dos canais, mostra um telejornal, onde o âncora é um repórter negro. Onira para naquele canal.

ONIRA: - Como deixaram isso?

CENA 08. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Tarcísio entra e se dirige às escadas. Agda vem da cozinha, com um copo d’água, quando avista o genro.

AGDA: - Um pouco tarde para uma reunião de negócios, não acha?

Tarcísio volta.

TARCÍSIO: - Agda, acordada ainda?

AGDA: - Vim pegar um copo d’água na cozinha. E você, resolveu o que tinha que resolver dos contratos da Amaro?

TARCÍSIO: - Sim. Fiz isso tudo durante o dia e foi muito proveitoso.

AGDA: - E a reunião de agora à noite?

TARCÍSIO: - Que reunião?

AGDA: - Esperamos por você no jantar e o Rafael comentou que talvez você estivesse em alguma reunião e/

TARCÍSIO: - Eu não estive em reunião alguma. Estava resolvendo uns assuntos meus.

AGDA: - Pelo o que eu saiba, os seus assuntos, depois do trabalho, são sua família.

TARCÍSIO: - Então você anda sabendo pouco, Agda. Muito pouco.

AGDA: - Não pense que eu engoli isso, pois você está muito enganado.

TARCÍSIO: - Olha só Agda, é tarde, eu quero dormir em paz, então me poupe dessa sua conversa chata. E outra. Aqui, você pode cuidar da vida de todo mundo, menos da minha.

AGDA: - Eu só exijo que me respeite, Tarcísio. Você só é o que é hoje graças ao meu dinheiro.

TARCÍSIO: - E você só tem o que tem hoje graças ao meu esforço e trabalho em fazer o seu montinho de dinheiro crescer. Não me venha cobrar nada que você também não possa me dar.

Tarcísio sobe as escadas. Agda o observa.

AGDA (para si mesma): - Petulante.

CORTA PARA

 

CENA 09. QUARTO TARCÍSIO E ELIZABETH. INT. NOITE.

Apenas a luz do abajur ligada. Tarcísio entra, com cuidado para não fazer barulho. Elizabeth está deitada na cama, dormindo. Ele a observa, fica pensativo.

CENA 10. SÃO PAULO. EXT. NOITE.

MUSIC ON: Retratos e canções – Paulinho Moska

Takes alternados da cidade na transição de noite para o dia. Mostra os prédios e o sol nascendo ao horizonte. CORTA PARA o Rio de Janeiro, com o Cristo Redentor, as praias, as ruas. Movimentação das pessoas.

CORTA PARA

CENA 11. PRAÇA. EXT. DIA.

MUSIC FADE.

Lívia passeia com Pedro, acompanhada de sua amiga, Ritinha.

LÍVIA: - Eu não to mais agüentando, Ritinha. O Alexandre tá cada dia pior.

RITINHA: - Cá pra nós, amiga, ele nunca foi flor que se cheire. Não sei como você conseguiu ter um filho com ele.

LÍVIA: - Ele me enganou, Ritinha! Me prometeu mundos e fundos, uma mar de rosas... E eu boba, idiota, acreditei. Agora to aqui, nessa vida que não me faz feliz um momento sequer.

As duas sentam-se num banco, enquanto Pedro vai brincar no escorrega.

LÍVIA: - Eu to pensando seriamente em largar tudo e recomeçar a minha vida.

RITINHA: - Como? O Alexandre te caça até no inferno se for preciso. Ele não se cansa de dizer aos quatro cantos que tu é a melhor mulher do ramo.

LÍVIA; - Mas não é vida, Ritinha, não adianta. Eu vivo num caos total. E eu não posso criar o Pedro nesse mundo. Não dá.

RITINHA: - E o que você vai fazer então? Fugir?

LÍVIA: - Ainda não sei. Eu também não posso sair assim, sem ter pra onde ir, sem me preparar. Mas se for preciso eu fujo sim. Pra bem longe. Pra além do inferno se for preciso. E o Alexandre nunca mais vai sequer sentir meu perfume.

CENA 12. CASA ALFREDO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Alfredo e Inês entram, vindos de outro cômodo.

ALFREDO: - Como é bom tomar um café da manhã desses... Me sinto mais disposto!

INÊS: - Eu também, adoro isso. Vou até aproveitar esse dia bonito que está fazendo, e vou dar uma volta pelo bairro. Quero passar naquela floricultura e comprar umas flores aqui pra casa, e também para a Beth, pelo jantar.

ALFREDO: - É hoje a grande noite.

INÊS: - O Tarcísio não tem comentado nada sobre o jantar? Por que a Beth tá uma pilha!

ALFREDO: - Você sabe como é o Tarcísio, discreto, poucas palavras.

INÊS: - A noite hoje vai ser especial! Linda!...

ALFREDO: - Eu bem que queria poder concordar com você, meu bem, mas/

INÊS: - O que foi, Alfredo? Tá sabendo de alguma coisa?

ALFREDO: - Eu não to sabendo de nada não. Só acho que depois de tantas conturbações, não vai ser uma festa que vai deixar o Tarcísio e a Elizabeth juntos por muito tempo.

INÊS: - Você está dizendo que/

ALFREDO: - Eu não estou dizendo nada. Apenas a minha opinião. Espero que eu esteja errado.

Alfredo sai. Inês fica pensativa.

CENA 13. APTO MARILU. SALA. INT. DIA.

Paulo e Marilu conversam.

MARILU: - Eu fiquei chocada quando você me disse que levaria um amigo lá. Eu imaginava mais um velho caquético. Mas quando eu vi aquele homão!

PAULO: - O Tarcísio nem é tudo isso, Marilu.

MARILU: - Com ciúmes é? Deixa de bobagem. Mas fala aí, ele ficou caidinho pela beldade aqui, não ficou?

PAULO: - Depois que você dançou pra ele lá na mesa, ele ficou impressionado com você. Aí eu insisti pra ele ir até o camarim falar contigo.

MARILU: - Ele foi! O Henri tentou impedir, mas eu consegui despistar.

PAULO: - E o que ele disse pra você?

MARILU: - Que ficou impressionado comigo e queria me ver. Aí eu usei meu charme e ficamos de nos encontrar, a sós.

PAULO: - Você não perde tempo mesmo.

MARILU: - Só to fazendo o que a gente combinou. Eu atraio o ricaço enquanto você aos poucos vai tomando conta da empresa.

PAULO: - É isso mesmo. O Tarcísio tá muito ligado na Amaro... (irônico) Se ele se desliga da empresa e se foca mais nos assuntos do coração, eu, muy amigo, posso controlar a empresa pra ele. Coloco os filhos dele pra escanteio e aí sim, domino tudo.

MARILU: - Ele tem filhos é?

PAULO: - Tem sim. Dois. Rafael e Vitória.

MARILU: - Crianças?

PAULO: - Que crianças o quê! Rafael é o braço direito dele na empresa e a Vitória designer de jóias.

MARILU: - Interessante. E a mulher dele, faz o que?

PAULO: - É uma dondoca complexada. Os dois estão em crise no casamento. Por isso eu consegui levá-lo lá na boate.

Nesse instante, Sarah chega no local, com uma roupa justíssima.

SARAH: - Ô nêga, tu não sabe do bafo que deu na portaria do prédio, só por causa da minha saia/ (vê Paulo no local) Ah desculpa, não sabia que tu tava com cliente aqui.

MARILU: - Cliente nada. Paulo é meu amigo.

SARAH: - Hum, saquei. Olha só, não vou demorar muito não. Só vou tomar uma ducha e cair pra rua de novo. Com um dia lindo desses eu quero é aproveitar!

Sarah se retira.

PAULO: - Quem é essa?

MARILU: - Minha colega de apartamento. Um porre. Trabalha na boate também.

PAULO: - Mas, como é que você vai se encontrar com o Tarcísio? Onde? Aqui, com essa mulher junto? Ela pode estragar tudo! O Tarcísio é todo desconfiado.

MARILU: - Calma, deixa comigo. Eu sei fazer a minha parte.

Paulo olha um tanto desconfiado para Marilu, que se mostra confiante.

CENA 14. PARQUE IBIRAPUERA. EXT. DIA.

Beatriz e Vitória caminham pelo parque.

BEATRIZ: - Eu ainda nem sei com que roupa eu vou nessa festa, Vitória! Não quero fazer feio na casa dos meus sogros (risos)

VITÓRIA: - É isso aí, gostei de ver! (risos)

BEATRIZ: - Se seu irmão me ouve falando isso, é capaz dele ter um surto.

VITÓRIA: - Por que? Pensei que vocês dois já estivessem de boa.

BEATRIZ: - Nós estamos bem, mas você sabe como é o Rafael. Eu gosto dele, mas também cansa um pouco esse lance de só ficar. Eu quero mais que isso.

VITÓRIA: - É, o Rafa tá numa de se focar no trabalho. Ele quer estar bem preparado pra assumir o lugar do papai na empresa. É ele o sucessor.

BEATRIZ: - Eu sei disso e respeito também. Acho muito legal da parte dele querer ajudar no controle dos negócios da família. Mas ele também precisa cuidar do coração.

VITÓRIA: - É verdade.

BEATRIZ: - Será que ele já tem outra pessoa e por isso não quer assumir nada comigo?

VITÓRIA: - Não, Beatriz, imagina! Pensamento positivo, amiga. Nós vamos ser cunhadas, sim!

As duas riem.

CENA 15. RIO DE JANEIRO. CORTIÇO. QUARTO. INT. DIA.

Lívia brinca com Pedro no quarto, quando Alexandre entra no local.

LÍVIA (a Alexandre): - Vê só como ele tá feliz, brincando, sadio... (a Pedro) Não é filho? Lindo da mamãe!

ALEXANDRE: - Ce mima demais esse garoto.

LÍVIA: - Só estou dando amor. Pelo menos o meu ele vai ter e muito.

ALEXANDRE: - Mas agora tu vai ter que parar um pouco. Tenho um lance pra você.

LÍVIA: - Eu já vou, Alexandre. Só vou preparar o almoço do Pedro e/

ALEXANDRE: - Não tem nada de depois, Lívia. É agora.

Lívia olha surpresa para Alexandre.

ALEXANDRE: - Tenho um programa pra você agora, num hotel de luxo.

LÍVIA: - Você tá louco?! Sabe muito bem que eu não faço programa de dia, que eu fico cuidando do meu filho! Que palhaçada é essa, Alexandre?

ALEXANDRE: - Não é palhaçada não. O cara é graúdo, tá oferecendo um bom dinheiro e/

LÍVIA: - Eu não vou. Pode desmarcar isso, mandar outra no meu lugar. Eu não vou!

ALEXANDRE: - Ah, não vai?

Alexandre se aproxima de Pedro e pega a criança no colo.

LÍVIA: - Deixa o meu filho aí!

ALEXANDRE: - É meu filho também. E eu vou dar uma voltinha com o garoto. Talvez eu volte, talvez não.

LÍVIA: - Larga ele, Alexandre! Ele tá assustado!

ALEXANDRE: - Se arruma, fica bem bonita que um táxi vai vir pra te pegar. Ele já sabe onde é o hotel. Quando você fizer todo o serviço, eu te entrego o filhinho.

LÍVIA: - Devolve o meu filho!

ALEXANDRE: - Eu já falei que vou devolver só depois que você fizer o programa e entregar o dinheiro aqui na minha mão. Caso contrário, você nunca mais vai ser essa criança.

LÍVIA: - Monstro! Eu te odeio!

ALEXANDRE: - Ao invés de ficar me xingando, deveria estar se arrumando pro cliente. Não demora muito não. É feio deixar cliente esperando.

Alexandre sai com Pedro nos braços. Lívia fica aflita.

CENA 16. SÃO PAULO. ACADEMIA. INT. DIA.

Carla está malhando em frente ao espelho. Ao fundo, entrando na academia, Breno e Plínio conversam.

BRENO: - Eu fiquei de perna bambas cara, quando eu tive que falar com aquele bando de empresário.

PLÍNIO: - É assim mesmo Breno. Eu já to acostumando com isso. Lá na agência a gente tem que fazer a apresentação dos projetos para os clientes cara a cara.

BRENO: - Mas você tem facilidade pra comunicação. A minha comunicação é outra, bem diferente. A começar que não é de homem pra homem e sim, de homem pra mulher...

PLÍNIO (debochado): - Falou o senhor pegador!

BRENO: - Vai tirando sarro vai.

Breno vê Carla malhando e fica “hipnotizado”.

MUSIC ON: Zero - Liniker

PLÍNIO: - Ei mano, o que foi?

BRENO: - Não pode ser verdade...

PLÍNIO: - O que não pode ser verdade? Pirou?

BRENO: - Eu vou lá falar com ela.

PLÍNIO: - Falar com quem cara? A gente não vai treinar?

BRENO (saindo): - Vai começando aí sem mim.

Concentrada nos exercícios em frente ao espelho, Carla por um instante desvia o olhar e vê Breno. A música segue em som ambiente.

CARLA (pra sim mesma): - Não pode ser...

Breno se aproxima. Carla continua os exercícios.

BRENO: - Coincidência demais nós aqui, não é?

CARLA: - Muita. Confesso que fiquei surpresa.

BRENO: - Eu também. Não estou acostumado a ver beldades assim tantas vezes seguidas.

CARLA: - Obrigada pelo elogio.

Breno corre o olhar sobre o corpo de Carla.

BRENO: - Benzadeus!

CARLA: - Falou alguma coisa?

BRENO: - Não! Quero dizer, tá muito ocupada?

CARLA: - Já estou quase terminando a série.

BRENO: - Então não vou te atrapalhar. Até porque daqui a pouco seu namorado pode chegar e acho que ele não vai gostar e/

CARLA: - Eu não tenho namorado. (para o exercício) E você não atrapalha em nada não.

BRENO: - Sendo assim, topa um suco?

CARLA: - Claro.

MUSIC OFF.

CENA 17. CASA TARCÍSIO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Tarcísio está analisando uns documentos em sua mesa, quando Elizabeth abre a porta.

ELIZABEHT: - Atrapalho?

TARCÍSIO: - Claro que não. Entra.

Elizabeth entra.

ELIZABETH: - Contratos da empresa?

TARCÍSIO (olhando os papéis): - Pequenos relatórios que eu trouxe para analisar em casa, com mais calma.

ELIZABETH: - Está analisando com calma também o significado da nossa festa de hoje?

Tarcísio deixa os papéis.

TARCÍSIO: - Claro. Eu sei o quanto isso é importante pra você.

ELIZABETH: - Na verdade é para nós dois.

TARCÍSIO: - Como queira.

ELIZABETH: - Eu quero que seja uma noite muito especial, Tarcísio.

TARCÍSIO: - E vai ser, tenha certeza disso.

ELIZABETH: - Eu conto muito com o seu apoio, com a sua entrega.

TARCÍSIO: - Não se preocupe, Beth. Vai sair tudo bem, como você planejou e deseja.

Tarcísio levanta-se, organiza os papéis numa pasta.

ELIZABETH: - Vai sair?

TARCÍSIO: - Vou até a empresa, levar esses documentos.

ELIZABETH: - Mas hoje?

TARCÍSIO: - Eu quero deixar tudo organizado, para ter certeza de que não faltará nada para as próximas negociações.

ELIZABETH: - Não se atrase, Tarcísio. Por favor. Essa é a nossa noite.

Tarcísio se aproxima, beija Elizabeth na testa.

TARCÍSIO: - Eu não vou estragar a sua noite, querida.

Tarcísio sai.

ELIZABETH: - A nossa noite, querido. A nossa noite.

Elizabeth fica pensativa.

CENA 18. CASA FAUSTO. JARDIM. EXT. DIA.

Fausto e Lorena conversam à beira da piscina.

LORENA: - É hoje o jantar na casa do Tarcísio. As bodas de casamento.

FAUSTO: - Faz tempo que não vejo Tarcísio. Um bom tempo. Te falei que o genro dele, o Fabrício, trabalha lá na clínica?

LORENA: - Sim, acho que você chegou a comentar comigo.

Mayra vai chegando para dar um mergulho na piscina. Ela retira a canga e cai na água.

LORENA: - Mas eu não o conheço pessoalmente.

FAUSTO: - É um rapaz jovem, muito dedicado.

LORENA: - Mayra deve conhecer... Mayra! Mayra!

Mayra chega até a beira da piscina.

LORENA: - Você conhece o namorado da filha do Tarcísio, da Vitória?

MAYRA: - Conheço sim. O Fabrício. Trabalha lá na clínica. Por que?

FAUSTO: - Nada não. Estávamos comentando que hoje é a festa de bodas do casamento do Tarcísio, na casa dele. E aí lembrei que esse rapaz trabalha conosco.

MAYRA: - Festa hoje?!

LORENA: - Sim.

MAYRA: - E nós vamos, né?

LORENA: - Claro que vamos, querida. Tarcísio é um grande amigo meu.

Mayra sai apressada da piscina.

MAYRA: - E vocês não me avisam nada! Eu preciso comprar um vestido novo! (a si mesma) Ainda mais que o Fabrício vai estar.

Mayra sai rapidamente.

FAUSTO: - Essa menina vai me levar à falência com tantas compras.

Lorena ri.

CENA 19. RIO DE JANEIRO. HOTEL. SUÍTE. INT. DIA.

O cliente, um homem de cerca de 45 anos, abre a porta do quarto. Aparece Lívia, num vestido curto, preto. Ela sorri, tentando disfarçar o seu mal estar com a situação.

CLIENTE: - Não imaginava uma moça tão linda.

LÍVIA: - Obrigada.

O cliente dá licença para Lívia, que entra. Procura mostrar desenvoltura.

CLIENTE: - Aceita uma bebida?

LÍVIA: - Não, obrigada. Eu queria ir direto ao assunto.

CLIENTE: - Rápida você.

LÍVIA: - Desculpa, desculpa... Se você quiser, a gente pode conversar antes, sem problemas. Eu é que estou um pouco apressada. Na verdade eu não tenho nem cabeça pra isso agora. (senta-se na cama) Não sei o que eu estou fazendo aqui!

CLIENTE: - Calma, fica calma.

O cliente pega um copo d’água e entrega para Lívia, que chora.

LÍVIA: - Desculpa, desculpa... Deve estar me achando uma louca.

CLIENTE (entrega a água): - Imagina.

LÍVIA: - Olha, eu não quero estragar o seu dia. Vamos lá, a gente deita aqui e/

CLIENTE: - Não moça, eu não quero não. Você não está bem. E eu não ficaria bem nessa situação.

LÍVIA: - Eu estou passando por um momento difícil.

CLIENTE: - Eu sei que essa vida de vocês, garotas de programa, não é fácil.

LÍVIA: - Não é mesmo. Você vira um simples objeto nas mãos de pessoas que você nem conhece. Imagina como eu fico, quando chego em casa, vejo meu filho. Que futuro eu vou dar pra ele? Que exemplo?

CLIENTE: - Você tem filho?

LÍVIA: - Tenho. Quatro anos. É Pedro.

CLIENTE: - Pedro, nome lindo. Eu também sou pai, tenho três filhos. Um de doze, uma de nove e outro de cinco anos.

LÍVIA: - Filhos são tudo na vida da gente.

CLIENTE: - São mesmo. Eu amo muito todos eles.

Silêncio no local por um instante.

LÍVIA: - Olha só, se você quiser, eu/

CLIENTE: - Não precisa se preocupar.

O cliente pega sua carteira, retira o dinheiro e oferece para Lívia.

LÍVIA: - Não, eu não posso. Eu não fiz nada!

CLIENTE: - Você se mostrou um ser humano bom. Isso já é muito.

LÍVIA: - Não, eu não posso aceitar.

CLIENTE: - Por favor, aceite. Pelo seu filho.

Lívia pega o dinheiro. Guarda no decote.

LÍVIA: - Eu nem sei como agradecer.

CLIENTE: - Não precisa não.

Lívia abraça o homem.

LÍVIA: - Bom, acho que eu vou embora então.

CLIENTE: - Obrigado pela companhia.

Lívia levanta-se. Pega a bolsa no chão e vai indo em direção a porta. O cliente a observa. Lívia vira-se. Acena para o cliente, que retribui com um sorriso. Lívia vai embora.

CENA 20. SÃO PAULO. ACADEMIA. INT. DIA.

Breno e Carla conversam na cantina da Academia.

BRENO: - Aquele dia você nem me disse seu nome nem seu telefone.

CARLA: - Meu bem, não sou mulher de ficar dando telefone pra qualquer um não. Você era um estranho.

BRENO: - Primeiro que eu não sou qualquer um. E agora também não sou mais estranho pra você. Ou sou?

Carla sorri, de canto de boca.

BRENO: - Então...?

CARLA: - Me chamo Carla.

BRENO: - Carla, nome bonito... eu me chamo/

CARLA: - Breno.

BRENO (surpreso): - Como você sabe?

CARLA: - Naquela função no saguão do hotel eu ouvi seu chefe te chamar.

BRENO: - Claro, só pode. Aquele dia eu tava meio atrapalhado. Perrengues do serviço.

CARLA: - Você trabalha no quê?

BRENO: - Num escritório de advocacia. Sou o auxiliar do todo poderoso de lá. E você?

CARLA: - Eu?

BRENO: - É, e você? Trabalha no quê?

CARLA: - Eu... Eu sou assistente comercial.

BRENO: - Legal e trabalha onde?

CARLA (despista/olha o relógio): - Ai, eu preciso ir agora, perdi a hora aqui.

BRENO: - Desculpa, eu não queria tomar o seu tempo.

CARLA (levanta-se): - Imagina. O papo foi bom.

BRENO: - Se foi bom é sinal que podemos repetir. Que tal uma saída qualquer dia desses?

CARLA: - Claro, podemos marcar sim.

BRENO: - Me deixa seu telefone.

CARLA: - Façamos melhor. Você me deixa o seu número. Eu estou um tanto atarefada no serviço. Assim que eu tiver um tempinho, eu te ligo.

BRENO: - É impressão minha ou estamos invertendo os papéis agora?

CARLA: - Estamos acompanhando a nova tendência dos relacionamentos. Nós damos as cartas agora. 

Os dois ficam a se olhar. 

CARLA: - Diz aí.

BRENO: - O quê?

CARLA: - O número do teu telefone, fofo.

BRENO: - Ok. Anota aí.

Breno vai ditando o número para Carla, que anota em num papel. Ela guarda o papel e se despede de Breno, que fica a observá-la, atraído. Plínio se aproxima, cansado.

PLÍNIO: - E você só me passou caô hein... Treinei sozinho, mano! Tô podre! Hoje não rendeu nada pra você.

BRENO: - Não rendeu? Aí é que você se engana...

PLÍNIO: - Ih... Tá falando do que?

BRENO: - Logo logo você vai saber.

CENA 21. RIO DE JANEIRO. CORTIÇO. QUARTO. INT. DIA.

Lívia e Alexandre frente a frente, fúria no olhar dela. Ele, cínico.

LÍVIA: - Cadê o meu filho?

ALEXANDRE: - Trouxe o dinheiro?

LÍVIA: - Primeiro me entrega o Pedro, Alexandre!

ALEXANDRE: - Você não tá em condições de exigir nada aqui dentro, piranha. Me dá o dinheiro logo que eu te entrego o moleque.

Lívia entrega todo o dinheiro do programa para Alexandre. Ele confere as notas.

LÍVIA: - Fala logo onde está o meu filho!

ALEXANDRE: - Fez um bom trabalho. À noite conversamos mais.

Lívia parte pra cima de Alexandre, que a contém.

LÍVIA: - Me devolve o meu filho, canalha! O que você fez com o Pedro?! Monstro!

ALEXANDRE: - Para! Eu disse que de noite a gente conversa. De noite você vê seu filho, caramba!

LÍVIA: - Não foi isso que a gente combinou, Alexandre! Eu quero o meu filho!

ALEXANDRE: - Eu sei que não combinamos isso. Mas eu quero assim e assim que vai ser. Você anda muito melosa com essa criança e funcionária minha não rende bem com essa melação toda.

LÍVIA: - Você me explora, Alexandre. Me explora feito bicho.

ALEXANDRE (cínico): - Não... Não fala isso, meu amor. Não é exploração. É uma troca de favores. Eu te deixo morar aqui nesse cortiço e em troca você trabalha pra mim. Simples.

LÍVIA: - Canalha!

ALEXANDRE (sério/hostil): - Olha aqui, Lívia, eu já cansei desses seus ataques. Chega! Para de encher o meu saco e começa a fazer teu trabalho bem feito. Já vou arrumar mais um programa pra você hoje à noite e quero te ver bem mais vadia do que você é, tá escutando? E aí sim, tu vai ver o teu filho.

LÍVIA (chorando): - Não faz isso comigo, por favor! Traz o meu filho pra mim, Alexandre! Pelo amor de Deus!

ALEXANDRE: - De noite, como eu te falei.

Alexandre sai. Lívia fica arrasada.

CENA 22. SÃO PAULO. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Roberto dá instruções para alguns garçons do restaurante, quando Marcos chega no local.

MARCOS: - Tio!

ROBERTO: - Marcos! Que bom ver você! (aos funcionários) Podem voltar ao trabalho, continuamos depois.

Os funcionários voltam para os seus serviços. Roberto se aproxima de Marcos, os dois se cumprimentam.

ROBERTO: - Como você está, meu querido?

MARCOS: - Vou bem, tio, trabalhando bastante.

ROBERTO: - Tem que ser. A vida é assim mesmo. Só com trabalho a gente consegue o que deseja. Veja o meu exemplo!

MARCOS: - E eu quero seguir esse exemplo fielmente.

ROBERTO: - Mas a que devo a honra da visita?

MARCOS: - Eu vim fazer uma reserva para hoje à noite.

ROBERTO: - Reserva é? Humm... Alguém em especial? (risos)

MARCOS: - Que nada, tio. Vou comemorar um ótimo negócio que fechamos na agência.

ROBERTO: - Que maravilha! Reserva feita sim, sem problemas. Mas poderia ter ligado, não precisava vir até aqui.

MARCOS: - Até pensei nisso, mas resolvi vir. Assim dava um abraço no senhor e colocava a conversa em dia.

ROBERTO: - Eu fico muito feliz por isso. E sua mãe, como está?

MARCOS: - A mamãe está bem. Me ligou agora a pouco, foi fazer compras. Ela foi convidada para um evento e, sabe como é dona Onira.

ROBERTO: - Nunca tem roupa para usar. Isso é um dilema de praticamente todas as mulheres. Tem um guarda-roupas cheio, mas nenhuma peça pra usar. Vá entender! Mas a sua mãe é assim desde nova.

MARCOS: - É mesmo, tio? (risos)

Os dois seguem conversando, animados.

CENA 23. SHOPPING. LOJA DE ROUPAS. INT. DIA

Onira entra e olha os vestidos à mostra. Uma atendente se aproxima. Onira continua analisando os vestidos sem prestar atenção na atendente.

ATENDENTE: - Olá, boa tarde. Posso ajudá-la?

ONIRA: - Claro.

Ela se vira para falar com a atendente, quando percebe que ela é negra. Onira muda expressão, fica séria.

ATENDENTE: - Se a senhora quiser, eu posso pegar outros modelos de vestidos. Chegaram umas peças lindas.

ONIRA (seca): - Não, eu não quero. Não quero mais nada, obrigada.

A atendente se mostra surpresa com a atitude de Onira, que se aproxima do balcão, onde está outra atendente.

ONIRA: - Eu gostaria de falar com a gerente.

A caixa chama a gerente da loja, que se aproxima.

GERENTE: - Pois não?

ONIRA: - Eu só queria dizer que vocês têm uma loja tão boa, tão elegante, requintada, mas pecam no atendimento. Deveriam selecionar melhor seus funcionários.

GERENTE: - Mas a senhora foi mal atendida?

Onira olha para a atendente negra que a recepcionou. A moça se mostra apreensiva.

ONIRA (a gerente): - Um pouco. Mas não quero me estender. Só queria deixar a minha sugestão.

GERENTE: - Eu agradeço e peço desculpas.

Onira vai embora, esnobe. A gerente comenta com a caixa da loja, enquanto a atendente se mostra chateada. De repente, ela se enche de confiança e sai da loja, indo atrás de Onira.

ATENDENTE: - Senhora!

Onira vira-se.

ATENDENTE: - Eu posso saber porque a senhora chamou a gerente e reclamou de mal atendimento? Eu atendi a senhora com a maior educação.

ONIRA: - Desculpa minha querida, mas eu não devo satisfação nenhuma para serviçais.

Onira vira-se e vai indo embora, mas a atendente a segura pelo braço. Onira se mostra surpresa e indignada.

ONIRA: - Mas quem você pensa que é pra fazer isso? (soltando-se)

ATENDENTE: - E quem a senhora pensa que é pra me tratar desse jeito? Eu não fiz nada pra senhora! Já sei. É porque eu sou negra, é isso?

Onira encara a garota.

ATENDENTE: - A senhora reclamou porque uma negra atendeu você. Pois fique a senhora sabendo que eu fui escolhida a melhor funcionária da loja pelo terceiro mês seguido!

ONIRA: - É mesmo? Que bom pra você. Agora me deixa em paz senão eu volto lá na loja e faço eles demitirem a melhor funcionária por destratar um cliente!

ATENDENTE: - Isso que a senhora está fazendo, é racismo, sabia? Dá cadeia!

ONIRA: - Escuta aqui minha filha, você pensa o que você quiser, fala o que quiser... Quer processar? Processa, corre atrás dos teus direitos. Seria muito bom se isso tudo que você pode fazer, mudasse alguma coisa. Mas não vai mudar nada. Você vai continuar sendo a vendedora moreninha da loja. E pronto.

ATENDENTE: - Não sou moreninha. Eu sou negra e com orgulho!

ONIRA: - Então guarde esse seu orgulho pra você e me deixa em paz. Me esquece, porque eu não tenho tempo pra ficar batendo boca com vendedorazinha de quinta.

Onira sai. A atendente fica a observá-la, indignada.

ATENDENTE (a si mesma): - Ela ainda vai aprender com a vida que o que faz um ser humano competente e bom, não é a cor da pele e sim, as suas virtudes e consciência.

CENA 24. SÃO PAULO. EXT. DIA

MUSIC ON: Joga fora – Grupo Benditos

Takes descontínuos do dia passando na cidade. A noite cai, mostra o trânsito, os prédios da cidade iluminados.  

CORTA PARA

CENA 25. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

MUSIC FADE.

Alaíde vai varrendo o chão, enquanto Wanda, sentada numa poltrona, bebe chá.

ALAÍDE: - Não adianta mesmo. Eu gosto muito de São Paulo, mas essa poluição é demais! Por mais que a gente varra o chão, sempre tem poeira, o dia inteiro, o tempo todo!

WANDA: - Sem falar no ar, cada vez menos puro.

ALAÍDE: - Nem me fala! Eu me preocupo com o Oscar, que vira e mexe se ataca do pulmão. Eu já falei pra ele se cuidar, mas não adianta, é o ar que é ruim também. O médico já disse que/

Alaíde percebe uma mudança brusca no semblante de Wanda, como se estivesse hipnotizada.

ALAÍDE: - Wanda? Dona Wanda? A senhora tá bem?

WANDA: - Está chegando...

ALAÍDE: - Chegando? Quem tá chegando?

WANDA: - A guardiã do amuleto. Ela está chegando.

ALAÍDE (para si mesma): - Essa mulher tá ficando louca... (a Wanda) A senhora tá passando bem? Quer uma água?

WANDA: - Eu só quero uma coisa: que você ajude a guardiã. Ela não pode ficar desamparada, não pode!

ALAÍDE: - Mas quem é essa guardiã, meu Deus do céu?! Eu não conheço ela, dona Wanda!

WANDA: - Ajude ela, Alaíde. Ajude por favor.

ALAÍDE: - Tá bom, eu ajudo. Eu ajudo, pode ficar tranquila.

Wanda se levanta, vai para o quarto. Alaíde fica um pouco apreensiva.

ALAÍDE: - Pai Eterno, o que essa mulher viu agora? Guardiã?

Nesse instante, Oscar entra na sala.

OSCAR: - O que foi Alaíde? Parece que viu um fantasma.

ALAÍDE: - Nem me fala Oscar, porque eu vi coisa pior.

OSCAR: - O que foi?

ALAÍDE: - A Wanda... Acho que teve uma visão, sei lá.

OSCAR: - Ih... Não gosto dessas coisas.

ALAÍDE: - Nem eu, mas ela me pediu pra ajudar uma tal de guardiã... Guardiã do amuleto.

OSCAR: - Eu já falei várias vezes que essa mulher tá ficando louca. Por mim já mandava ela embora daqui!

ALAÍDE: - Não posso! Esqueceu da filha dela?

OSCAR: - Mas essa filha aí nunca mais apareceu. Disse que vinha buscar a mãe e sumiu no mundo!

ALAÍDE: - Mas ela vai voltar. E ela pagou pra gente ficar com a Wanda. Eu me arrependo até hoje de ter aceitado esse dinheiro, mas na época a gente tava precisando né, e agora eu não posso colocar a Wanda pra fora assim. Não dá.

OSCAR: - Então vamos ter que nos acostumar com esses delírios dela.

Oscar sai.

ALAÍDE: - Guardiã do amuleto... Que será que ela quis dizer com isso.

Alaíde fica pensativa.

CENA 26. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

TAKES DESCONTÍNUOS da festa em comemoração ao aniversário de casamento de Tarcísio e Elizabeth. O ambiente decorado com muito requinte está repleto de convidados. A alta sociedade paulistana se faz presente no evento. Num dos pontos da festa, Charlote, Demétrio, Fausto e Lorena conversam.

CHARLOTE: - Isabela comentou conosco da entrevista que fez com você, Fausto.

FAUSTO: - Sua filha é uma ótima jornalista.

LORENA: - Eu estou ansiosa para ver o resultado da entrevista.

FAUSTO: - E a conversa fluiu bem. A Isabela me deixou bem a vontade para falar.

DEMÉTRIO: - E ela tem o dom pra fazer isso com a gente.

CHARLOTE: - Agora é só aguardar a festa de lançamento da revista.

Enquanto isso, Vitória e Fabrício conversam, quando Mayra se aproxima.

MAYRA: - Boa noite, Fabrício.

VITÓRIA: - O que essa garota tá fazendo aqui?!

FABRÍCIO: - Calma, Vitória, não vai fazer nada.

VITÓRIA: - Mas ninguém convidou ela!

MAYRA: - Aí que você se engana. Meus pais foram convidados e o convite se estende para toda família, queridinha. E eu fiz questão de comparecer. (encara Fabrício) Eu sabia que iria ter coisa muito interessante nessa festa. (abre sorriso malicioso e sai)

VITÓRIA: - Essa garota que não chegue perto de você, Fabrício!

FABRÍCIO: - Deixa ela. Vamos curtir a festa.

Num outro ponto, Agda cumprimenta alguns convidados, Rafael se aproxima dela.

RAFAEL: - Vovó, e a mamãe?

AGDA: - Está trancada no quarto com a Inês. Espero que não fique lá a noite inteira. Os convidados são dela e não meus. 

CORTA PARA

CENA 27. QUARTO TARCÍSIO E ELIZABETH. INT. NOITE.

Inês e Elizabeth conversam. Elizabeth um pouco nervosa.

ELIZABETH: - Essa é uma festa tão importante pra mim. Mas não sei se fico feliz ou fico nervosa, triste.

INÊS: - Feliz, lógico! Ficar triste por quê, minha amiga?

ELIZABETH: - Tarcísio já chegou?

INÊS: - Não vi. Mas talvez já tenha chegado sim.

ELIZABETH: - Está aí um motivo para eu ficar triste. Eu ultimamente tenho sido confiança, certeza. E o Tarcísio a dúvida, o talvez.

INÊS: - Calma, amiga. É só uma fase.

ELIZABETH: - Mais uma fase. Eu não queria viver um casamento de fases. Foi assim durante trinta e cinco anos.

INÊS: - Não é hora de pensar nisso. Você está aí, linda. Tem um monte de convidados, amigos seus te esperando lá embaixo. O Tarcísio vai chegar e vocês vão brindar essa linda data juntos.

ELIZABETH: - Você tem razão. Eu não quero mais viver de dúvidas, de talvez.

INÊS: - Isso mesmo, Beth. Bola pra frente.

ELIZABETH: - Obrigada pela força, tá?

As duas se abraçam.

ELIZABETH: - Como tá meu cabelo?

INÊS: - Tá lindo. Você tá linda. Vamos descer?

ELIZABETH: - Vamos sim.

As duas saem do quarto. Elizabeth um pouco mais alegre.

CENA 28. CARRO. INT. NOITE.

Tarcísio trafega pela rodovia, enquanto fala ao telefone.

TARCÍSIO: - Eu to sentindo que estou diferente. (T) Como? (T) Eu não sei explicar. Com mais vontade de viver, digamos assim. (T) Se eu estou seguro disso? Não, não estou. (T) Mas/ (T) eu sei disso. Mas quero tentar. Não importa se eu for quebrar a cara. Eu vou tentar. (T) Eu sei que posso contar com você. (T) eu vou desligar, to no meio do trânsito. (T) Abraço. (desliga o telefone)

CENA 29. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Paulo, em meio aos convidados, desliga o telefone. Alfredo se aproxima dele.

ALFREDO: - Alguma ligação da empresa, Paulo?

PAULO: - Não, não. Esse pessoal de telemarketing, não tem hora nem lugar pra ligar pra gente. Querem me vender mais um cartão de crédito.

ALFREDO: - Engraçado é que eu ainda não vi o Tarcísio por aí. Você viu?

PAULO: - Não, também não vi.

Num outro ponto da festa, Elizabeth conversa com Charlote.

CHARLOTE: - Eu sempre gostei das suas festas, Beth. Você tem um bom gosto enorme.

ELIZABETH: - Recebendo um elogio desses vindo de você, Charlote, já ganhei a noite. Eu é que admiro o seu bom gosto, o seu talento em ser anfitriã. Aliás, estamos carentes de uma festa sua. Falo por mim e toda sociedade paulistana.

CHARLOTE: - Ai minha querida, eu também estou. Mas o Demétrio não quer nada ainda. Mas aos poucos eu vou conversando com ele. Logo logo teremos uma festa boa lá em casa.

ELIZABETH: - E Isabela e Breno, não vi eles ainda.

CHARLOTE: - Isabela me ligou. Trabalhou muito hoje, mandou um abraço para vocês, mas está cansada do serviço.

ELIZABETH: - Sei como são essas coisas.

CHARLOTE: - E Breno está por aí. Deve estar jogando charme para alguma moça bonita. Aquele lá não perde tempo.

Elizabeth ri. Enquanto isso, Rafael conversa com alguns convidados quando vê Beatriz, linda, chegar na festa. Ela procura por alguém conhecido. Ele vai recepcioná-la.

RAFAEL: - Você tá linda, Beatriz. Eu deveria te mandar embora da festa para não ofuscar a beleza da minha mãe.

BEATRIZ: - Imagina! Sua mãe é uma estrela, ninguém ofusca o brilho dela. Mas eu agradeço pelo elogio. Vindo de você, é sinal de que estou bonita mesmo.

Rafael sorri.

BEATRIZ (avista): - A Vitória! Vou falar com ela. Nos falamos depois, mais de perto.

RAFAEL: - Vou esperar.

Beatriz vai ao encontro de Vitória. Sentadas no sofá, Agda, Inês e Lorena conversam.

LORENA: - Agda, a festa está linda.

AGDA: - Obrigada, Lorena. Veremos até quando não é?

INÊS: - Credo Agda, parece que está agourando.

AGDA: - Eu estou sendo realista, Inês. Algo me diz que essa festa não vai terminar bem. Escreva o que eu estou falando.

Inês e Lorena trocam olhares.

CENA 30. RIO DE JANEIRO. CORTIÇO. QUARTO. INT. NOITE.

Alexandre chega com Pedro no colo. Lívia se apressa, tira o garoto dos braços de Alexandre. Abraça o filho fortemente, emocionada.

LÍVIA: - Meu amor! Minha vida! Está tudo bem com você, está?!

ALEXANDRE: - O moleque tá bem. O que não tá boa por aqui é a tua situação.

Lívia leva Pedro para o quarto. Volta, encara Alexandre.

ALEXANDRE: - Que palhaçada é essa? Tu não tá pronta ainda?!

LÍVIA: - E nem vou ficar. Hoje eu não vou fazer programa nenhum.

ALEXANDRE: - Como é que é?!

LÍVIA: - Isso mesmo que você ouviu.

ALEXANDRE: - Não brinca comigo, Lívia. Você sabe que não gosto! Anda logo, coloca uma roupa qualquer e vai. Já tem cliente pronto lá pra ti.

LÍVIA; - Você tá surdo, Alexandre? Eu já disse que não vou e pronto!

ALEXANDRE (parte pra cima): - Escuta aqui, sua vadia! Quem manda aqui sou eu!

Lívia se levanta, pega uma faca que estava sobre a mesa e ameaça Alexandre.

LÍVIA: - Quem é mesmo que manda aqui?!

ALEXANDRE (recua): - larga isso, Lívia! Alguém pode se machucar!

LÍVIA: - A única pessoa que pode se machucar aqui é você, se não me deixar em paz.

Alexandre se afasta.

ALEXANDRE: - Você vai se arrepender.

LÍVIA: - To me lixando pra você, Alexandre. Eu sou um ser humano e não uma máquina que você faz o que bem entender.

ALEXANDRE: - Amanhã a gente conversa.

Alexandre sai. Lívia senta-se na mesa, aliviada.

CENA 31. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

A festa continua movimentada. Num dos pontos, Alfredo e Demétrio conversam.

ALFREDO: - O Breno é um bom rapaz, Demétrio. Só ainda não se achou direito na profissão.

DEMÉTRIO: - Ele tem que tomar um jeito na vida, Alfredo. Um homem feito já e nada de pensar em serviço, em ter um futuro. Eu agradeço muito a você por dar essa força, principalmente pra mim.

ALFREDO: - Não precisa agradecer não. E fique sabendo que o Breno tem sido um funcionário muito bom no escritório. Ele tem futuro sim. É só focar.

Enquanto isso, Elizabeth se mostra um pouco nervosa com a demora de Tarcísio. Vitória se aproxima.

VITÓRIA: - Tá tudo bem, mãe?

ELIZABETH: - Tá sim.

VITÓRIA: - Tô te achando um pouco preocupada.

ELIZABETH: - Seu pai, minha filha, está atrasado. Ele saiu e até agora não chegou. Os convidados já estão comentando.

VITÓRIA: - Calma, mãe. Daqui a pouco ele está aí.

Elizabeth vê Agda, que a encara.

CENA 32. APTO MARILU. SALA. INT. NOITE.

A campainha do apartamento toca. Marilu entra na sala para atender. Ela abre a porta. É Tarcísio.

TARCÍSIO: - Posso entrar?

Os dois trocam olhares.

Encerra com “Sua estupidez – Roberto Carlos”
 
     
     

autor
Édy Dutra

elenco
Christine Fernandes como Lívia
Taís Araújo como Marilu
Zé Carlos Machado como Tarcísio
Fábio Assunção como Rafael
Bruno Ferrari como Jonas
Marcos Caruso como Paulo
Renata Domingues como Carla
Júlio Rocha como Breno
Bianca Castanho como Beatriz
Júlia Feldens como Vitória
André Bankoff como Fabrício
Danton Mello como Marcos
Lavínia Vlasak como Isabela
Caco Ciocler como Conrado
Janaína Lince como Sarah
César Mello como Alfredo
Aída Leiner como Inês
Luíza Curvo como Tatiana
Jonathan Haagensen como Plínio
Marco Ricca como Fausto
Sílvia Pfeifer como Lorena
Thaís Vaz como Mayra
Gisele Policarpo como Gisa
Guilherme Leme como Almir
Mônica Martelli como Louise
Sérgio Menezes como Kléber
Cyria Coentro como Nice
Ernesto Piccolo como Moisés
Natália Guimarães como Rita

Atrizes convidadas
Sônia Braga como Elizabeth
Regina Duarte como Rosa
Valquíria Ribeiro como Adriana
Ângela Leal como Agda
Mila Moreira como Charlote
Denise Del Vecchio como Onira
Beatriz Segall como Wanda
Arlete Salles como Alaíde

Atores convidados
Gracindo Júnior como Demétrio
Rodrigo Santoro como Henri
Juan Alba como Alexandre
Nill Marcondes como Eduardo
Roberto Bonfim como Roberto
Floriano Peixoto como Jorge

Participações especiais
Dudu Azevedo como Romão
Elisa Lucinda como Cidália
Antonio Pitanga como Tenório
Vanessa Lóes como Clair
Alexandre Slaviero como Hugo
Lui Mendes como Pereira

Trilha Sonora
Pra rua me levar - Ana Carolina (abertura)
Retratos e canções – Paulinho Moska
Zero - Liniker
Joga fora – Grupo Benditos
Sua estupidez – Roberto Carlos

Produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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