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Talismã - Capítulo 09

Novela de Édy Dutra
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CAPÍTULO 09
 
     
     
     
     
 
 
 

CENA 01. PENSÃO BEM QUERER. EXT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. Wanda morre nos braços de Rosa, que chora.

ROSA (abraçada à Wanda): - Mãe! Não vá!

Jonas se aproxima de Rosa, a conforta. A rua está praticamente trancada. Kléber e Lívia vão chegando na pensão, quando percebem toda movimentação.

LÍVIA: - O que tá acontecendo ali?

KLÉBER: - Sei lá. Parece que foi acidente.

LÍVIA: - Nossa!

Os dois chegam na frente da pensão, encontram Oscar.

KLÉBER: - O que foi aí, seu Oscar?

OSCAR: - A Wanda. Foi atropelada.

LÍVIA (chocada): - A Wanda?! Mas como?

OSCAR: - Nem eu sei como isso foi acontecer, Lívia. Foram tantos acontecimentos juntos.

KLÉBER: - Pobre Wanda.

Lívia vai até o aglomerado de pessoas, se infiltra entre elas. Encontra Jonas e Rosa em volta do corpo de Wanda. Lívia se aproxima, se ajoelha, ao lado de Rosa, que olha surpresa para Lívia. Lívia está emocionada.

LÍVIA: - Wanda... Suas previsões por vezes me deixaram com medo. Mas eu sinto que ainda está certa.

Lívia toca no rosto de Wanda. No exato momento, a pedra do seu colar reluz um brilho forte, surpreendo Rosa. Jonas se aproxima de Lívia.

JONAS: - Venha Lívia, vamos entrar. (a Rosa) Vem Rosa, vamos.

ROSA: - Eu não posso deixar ela aqui.

JONAS: - O pessoal da perícia já chegou.

Os agentes da polícia e do IML chegam ao local para recolher o corpo e tratar do acidente. Jonas abraça Lívia. Rosa beija Wanda, despedindo-se da mãe. Jonas a segura Rosa pela mão e saem.

CENA 02. BAR. INT. NOITE.

Carla e Breno conversam, já sentados à mesa.

CARLA: - Eu sei que você está esperando uma desculpa minha/

BRENO: - Desculpa não, Carla. Eu quero uma resposta sincera para o que você fez comigo.

CARLA: - Claro. Bem, eu fui embora da festa naquela hora, porque... Porque... Eu estava confusa.

BRENO: - Como assim, confusa?

CARLA: - É, confusa. Eu ainda estou confusa.

BRENO: - Confusa com o que?!

CARLA: - Com a gente, Breno. Eu fui embora pra não me envolver ainda mais com você. Foi isso.

BRENO: - Mas eu te fiz alguma coisa pra você querer se afastar de mim assim?! Agora quem tá confuso sou eu!

CARLA: - Você não fez nada. Acontece que eu ainda não sei se quero me envolver mais a fundo com você. Na verdade, eu não sei se posso me entregar assim a esse sentimento que tá surgindo entre a gente. Entende?

BRENO: - Acho que entendo sim.

CARLA: - Ai que bom, Breno. Que bom que você me entendeu.

BRENO: - Você está apaixonada e não sabe lidar com isso.

CARLA: - Isso mesmo, eu... O quê?! De onde você tirou isso?

BRENO: - Ué, essa é a conclusão de toda história.

CARLA: - Não há conclusão nenhuma! Quem te disse que eu estou apaixonada?!

BRENO: - Você mesmo acabou de admitir isso!

CARLA: - Eu não disse nada! Tá aí, homem é tudo igual mesmo. Sempre invertendo as coisas. Já tá achando que eu to apaixonada! Pode tirar o cavalinho da chuva, meu querido!

BRENO: - Ei Carla! Calma aí que a história não é assim não. Homem tudo igual? Pera lá! Você é que vive se contradizendo!

CARLA: - Eu me contradizendo?!

BRENO: - Sim! Você! Fala que tá apaixonada, mas que não quer se envolver. Agora diz que não tá apaixonada! Ah, por favor! Se decide!

CARLA: - Ah, é pra mim me decidir, é isso? Então tá. Eu já me decidi. (levantando-se)

BRENO: - Aonde você vai?

CARLA: - Vou embora. Essa é a minha decisão. E paga a conta! (saindo)

BRENO: - Ei! Carla! Espera!... Maluca!

Carla vai embora sem dar ouvidos a Breno, que se mostra um tanto indignado com a discussão.

CENA 03. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

Jonas, Lívia e Rosa entram. Oscar e Alaíde já estão lá dentro. Clima tenso. Kléber entra logo em seguida.

KLÉBER: - Já levaram o corpo.

ROSA (chorando): - Eu não me conformo. Poderia ter sido tudo diferente! Tudo!

ALAÍDE (aproxima-se de Rosa): - Calma, Rosa! Agora já passou. Você precisa ficar bem.

Alaíde leva Rosa para a cozinha.

LÍVIA: - E o Pedro?

OSCAR: - Já está dormindo, Alaíde levou ele pro quarto.

LÍVIA: - Que bom, assim eu fico mais tranquila.

KLÉBER: - Como aconteceu tudo isso, seu Oscar? Ainda tá difícil de acreditar.

OSCAR: - Vem cá que eu te conto. Parece coisa de filme.

Kléber e Oscar sentam-se à mesa para conversar.

JONAS: - Lívia, posso te perguntar uma coisa?

LÍVIA: - Pode.

JONAS: - Você sabe o que foi aquele brilho forte que saiu do seu colar?

LÍVIA: - Não sei, Jonas. Eu até tenho um pouco de medo com essas coisas. Nunca tinha acontecido algo assim antes. Parece coisa de magia.

JONAS: - E a Wanda entendia dessas coisas.

LÍVIA: - Mas ela se foi. Mas as palavras da profecia dela ainda continuam rondando a minha cabeça.

JONAS: - Antes de morrer, a Wanda disse umas palavras parecidas com o que ela falou pra você, pra Rosa.

LÍVIA: - Rosa? Ah sim, essa mulher. Disse a mesma coisa? Mas quem é essa mulher?

JONAS: - Nem eu sabia, fiquei sabendo hoje. A Rosa é filha da Wanda.

LÍVIA: - Filha? Eu sempre pensei que a Wanda fosse sozinha.

JONAS: - Eu também.

LÍVIA: - Mas, o que foi que ela disse?

JONAS: - Falou as mesmas coisas, aquela história de borboleta, talismã, metamorfose.

LÍVIA: - Gente, isso é estranho. E porque ela diria isso pra Rosa também? As mesmas coisas que me disse.

Tatiana entra apressada.

TATIANA: - Gente, que história é essa de que a Wanda morreu?!

JONAS: - Morreu sim, Tati.

TATIANA: - Mas como isso? Tudo bem que ela era meio estranha, mas morrer assim, de repente?!

JONAS: - É, pegou todo mundo de surpresa.

Jonas se aproxima de Tatiana, conversam. Lívia fica pensativa.

CENA 04. CASA TARCÍSIO. QUARTO ELIZABETH. INT. NOITE.

Elizabeth conversa com Rafael e Vitória, que estão sentados na cama, enquanto Elizabeth está de pé.

ELIZABETH: - Que bom que vocês vieram.

VITÓRIA: - A gente não ia deixar de vir né, mãe? Depois daquele telefonema.

RAFAEL: - Aconteceu alguma coisa grave?

ELIZABETH: - Não, meu filho. Felizmente não.

RAFAEL: - A Vitória me falou da discussão que você e o papai tiveram.

ELIZABETH: - Mas já passou, Rafael. Eu não quero falar mais sobre isso. Quero falar pra vocês sobre os meus próximos passos.

VITÓRIA: - O que você está pensando em fazer?

ELIZABETH: - Não só estou pensando, como vou fazer, minha filha. Eu chamei vocês aqui porque vocês são a minha razão de viver. O bem mais precioso que eu tenho nessa vida.

RAFAEL: - Você também é tudo pra gente, mãe.

ELIZABETH: - Eu acho justo vocês saberem o que eu quero, pra onde vou.

VITÓRIA: - Como assim? Você vai viajar?

ELIZABETH: - Vou. Amanhã mesmo estarei de partida para Nova York. A Inês me sugeriu e eu achei muito válida a sugestão dela. Eu preciso mesmo tirar um tempo pra mim, sair, relaxar, aliviar a tensão toda que eu tenho guardada aqui dentro.

RAFAEL: - Faz muito bem mãe. Eu dou a maior força.

VITÓRIA: - Eu também te apoio.

ELIZABETH: - Que bom, meus amores. Assim, quando eu voltar de viagem, eu consigo resolver de vez essa minha situação com seu pai.

VITÓRIA: - Ele já sabe disso? E a vovó?

ELIZABETH: - Não, eles não sabem. E ficarão sabendo só amanhã mesmo, quando eu já estiver no avião. Eu só quero agora que vocês me garantem que vão ficar aqui por perto, para não deixar a avó de vocês sozinha e nem ficarão de mal com o pai de vocês. Eu estou fazendo isso porque eu quero.

RAFAEL: - Claro, mãe, pode ficar tranquila. Ninguém vai ficar de mal com ninguém.

VITÓRIA: - A gente só quer que você seja feliz, mãe.

Elizabeth se abraça aos filhos, emocionada.

CENA 05. APTO MARILU. QUARTO. INT. NOITE.

Marilu e Henri. Ela deitada na cama, ele na poltrona. De repente, Sarah entra no local. Marilu fica possessa.

MARILU: - O que essa vadia está fazendo aqui?!

SARAH: - Nega! Tua cara tá mais inchada do que um pão de casa! Tá enorme!

MARILU: - Inchada vai ficar a sua depois dos tapas que eu te der, sua ordinária! (se levanta)

HENRI (contém Marilu): - Sem briga aqui dentro, por favor!

MARILU: - Tira essa desgraçada daqui, Henri!

Sarah ri debochada. Marilu se irrita.

MARILU: - Eu mandei você nunca mais por os pés aqui dentro! O que está fazendo aqui?

HENRI: - Parem vocês duas! Eu que pedi pra Sarah vir aqui. Já que hoje eu não vou pra boate pra poder ficar aqui com você, chamei a Sarah pra poder passar pra ela algumas recomendações.

MARILU: - Você vai deixar a Age Aquárious nas mãos dessa daí?

SARAH: - O que é, hein? Eu sou uma mulher responsável.

MARILU: - Responsável?! Conta outra, Sarah. Olha só, Henri, você vai entrar pelo cano com essa daí.

SARAH: - Não vai nada, Henri. Em mim você pode confiar. Agora em outras pessoas...

MARILU: - O que foi? Quer levar na cara pra ter respeito, quer?

HENRI: - Parem, por favor?! Já chega! (se aproxima de Sarah) Vem cá você.

SARAH; - Fala aí. Qual vai ser o comando de hoje?

HENRI (entrega um papel pra ela): - Os shows de hoje são esses daí, avisa lá as meninas. Cliente vip você sabe como é.

SARAH: - Sei sim. E os camarotes?

HENRI: - Já estão todos reservados, só precisa acompanhar direitinho pra ver se tá tudo certo. Não tem erro não.

SARAH (guarda o papel no decote): - Ok. Agora vem cá, só pra nós... (cochicha) Essa cobra aí sai quando do ninho?

HENRI: - Que cobra, Sarah! Para de falar assim da Marilu.

SARAH: - Vai defendendo vai, quando você menos esperar, vai tá sofrendo o bote dela. (se afasta, à Marilu) Tô indo, nega. Boa recuperação aí.

MARILU (grita): - Desinfeta daqui!

Sarah vai embora.

MARILU: - Nunca mais você traga essa vagabunda aqui pra dentro, tá ouvindo, Henri? Nunca mais!

HENRI: - Tá bom, tá bom, já passou. Pode se acalmar.

MARILU: - Desaforada.

CENA 06. PENSÃO BEM QUERER. COZINHA. INT. NOITE.

Rosa conversa com Alaíde.

ROSA: - Eu poderia ter feito tudo diferente, Alaíde. Tudo.

ALAÍDE: - Rosa, você fez o que fez por achar ser a decisão certa. Como diria sua mãe, é o destino. Agora é seguir sua vida.

ROSA: - Ela se foi nos meus braços.

ALAÍDE: - Não fica lembrando disso agora.

ROSA: - Mas antes, ela falou umas coisas que, sei lá, me deixaram um pouco confusa.

ALAÍDE: - Que coisas?

ROSA: - Ela me pediu para estar sempre perto da guardiã do talismã, para proteger a borboleta.

Neste instante, Lívia entra na cozinha. Alaíde e Rosa se olham. Alaíde se mostra surpresa.

ALAÍDE: - Essas palavras foram/

LÍVIA: - Foram as mesmas que a Wanda disse pra mim.

Lívia e Rosa se olham.

ROSA: - Você é...?

LÍVIA: - Eu me chamo Lívia. E você é a Rosa, a filha da Wanda.

ROSA: - Isso mesmo.

LÍVIA: - Então você deve saber o que significa essas palavras todas, essas profecias que a Wanda me fez.

ROSA: - Profecia?

LÍVIA: - Sim. A Wanda disse que eu sou a guardiã do talismã, que eu vou passar por uma metamorfose. Eu não sei o que ela quis dizer com isso.

ROSA: - Então você é a borboleta.

ALAÍDE: - O que isso quer dizer, Rosa?

LÍVIA: - Você sabe? Me fala!

ROSA: - Eu não sei, gente! Não sei... Mas, se a minha mãe lhe disse isso, é porque o seu destino já está traçado.

LÍVIA: - Ai gente, isso me deixa com mais medo ainda. Não quero que nada de mal aconteça comigo nem com meu filho!

ALAÍDE: - E nós não vamos deixar que nada ruim aconteça pra vocês, Lívia. Pode contar com o meu apoio e todo mundo aqui na pensão.

ROSA: - De qualquer forma, minha mãe pediu antes de morrer, que eu não me afaste de você.

LÍVIA: - Como assim?

ROSA: - Foram as palavras dela. Eu preciso proteger a borboleta.

LÍVIA: - Mas eu não quero isso. Eu não quero ser grosseira com você, Rosa. Eu respeito a sua dor, esse momento delicado que você está passando agora. Mas eu não quero nada dessas coisas perto de mim.

ALAÍDE: - Mas Lívia, a Wanda disse que/

LÍVIA: - Eu sei, dona Alaíde. Mas eu não quero. Essas coisas de magia podem ser perigosas. Eu não quero correr nenhum risco. E muito menos o meu filho. Então Rosa, eu peço, por favor, que você não traga isso pra perto da gente.

ROSA: - Mas/

LÍVIA: - Por favor, respeite o meu pedido. Para o bem de todos nós.

ROSA: - Tudo bem, eu vou respeitar. Só espero que você seja feliz.

LÍVIA: - Eu também te desejo o mesmo. Com licença.

Lívia sai. Alaíde e Rosa se olham.

CENA 07. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

Lívia aparece no momento em que Carla chega da rua.

CARLA: - Amiga, é verdade tudo isso que aconteceu?

LÍVIA: - É sim, Carla. A Wanda morreu.

CARLA: - Gente, to passada.

LÍVIA: - É, pegou todo mundo de surpresa. Agora vamos subir? Eu quero dar uma olhada no Pedro. Fiquei preocupada com tudo o que aconteceu.

CARLA: - Claro, vamos sim.

As duas saem.

CENA 08. PENSÃO BEM QUERER. COZINHA. INT. NOITE.

Alaíde e Rosa conversam.

ALAÍDE: - Ai Rosa, a Wanda não falava nada a toa. Eu sei que a Lívia está com medo. Até eu tenho um pouco de medo disso, mas não dá pra arriscar.

ROSA: - Eu sei, Alaíde. Mas não se preocupe. Eu estarei por perto.

ALAÍDE: - Você não vai se afastar dela então?

ROSA: - Não. Esse foi o último pedido da minha mãe. É a minha missão. Eu irei proteger a borboleta e o talismã.

CENA 09. SÃO PAULO. EXT. NOITE / CASA ADRIANA. EXT. DIA.

MUSIC ON: Retratos e canções – Paulinho Moska

Imagens da cidade ao amanhecer. Nasce um novo dia na metrópole. Takes alternados entre centro e periferia. Take final em frente à casa de Adriana.

CENA 10. CASA ADRIANA. EXT. DIA.

MUSIC FADE.

Adriana está de saída, vai fechando o portão quando percebe o carro de Marcos estacionado do outro lado da rua. Do lado de fora do carro, Marcos acena para Adriana. Ela, surpresa, vai até ele.

ADRIANA: - Fazendo vigia em frente à minha casa, é?

MARCOS: - Aqui em frente não, mas nos meus pensamentos estou sempre de olho em você.

Adriana sorri, meiga.

MARCOS: - Aceita uma carona?

ADRIANA: - Imagina, Marcos. Não quero atrapalhar você.

MARCOS: - E você acha que eu vim até aqui para ouvir um não? Você não atrapalha em nada. Entra aí.

Adriana aceita a carona. Os dois entram no carro.

CENA 11. CASA CHARLOTE. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Demétrio, lendo jornal, Charlote e Breno tomam café. Breno está quieto, “distante”.

CHARLOTE: - O dia de hoje está tão lindo. São Paulo está me surpreendo com tantos dias bonitos assim, seguidos. É tanta poluição que às vezes isso é quase impossível.

DEMÉTRIO: - É verdade, querida. O dia hoje está perfeito para... Bom, deixa pra lá.

CHARLOTE: - Deixa pra lá o quê, Demétrio? Conclua o que você ia dizer.

DEMÉTRIO: - Só ia dizer que está perfeito para um passeio no parque. Aqui no jornal tem uma reportagem sobre o Ibirapuera. Estão instalando novas lixeiras.

CHARLOTE: - Isso é ótimo.

DEMÉTRIO (levantando-se): - Agora eu vou indo nessa.

CHARLOTE: - Indo aonde?

DEMÉTRIO: - Combinei de passar no clube para conversar com o pessoal.

CHARLOTE: - De novo, Demétrio? Mas você já esteve lá ontem!

DEMÉTRIO: - Eu sei, Charlote, mas o grupo está com umas idéias bacanas de formar uma confraria, para nos reunirmos com mais freqüência. E eu quero participar da organização, preciso ter uma ocupação.

CHARLOTE: - Que você precise de uma ocupação eu concordo, agora, essas saídas diárias...

DEMÉTRIO: - Deixa de ser ciumenta, querida. (beija Charlote) Não demoro! (saindo)

Demétrio sai. Breno permanece quieto.

CHARLOTE: - Seu pai anda cada vez mais esperto. Espero que seja somente essa reunião mesmo. Não quero nem pensar nele apostando de novo. (percebe que Breno está cabisbaixo) Meu filho, você mal tocou no seu café da manhã!

BRENO: - Tô sem fome mãe.

CHARLOTE: - Como assim, sem fome? Está tudo bem?

BRENO: - Tá sim. (levanta-se) Eu vou indo pro escritório.

CHARLOTE: - Mas não vai comer nem uma maçã, nada?!

BRENO: - No caminho eu como alguma coisa.

Breno sai.

CHARLOTE: - Ai, esse menino não tá legal não.

CENA 12. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. DIA.

Rafael, Vitória, Beatriz e Agda acompanham Elizabeth no embarque.

ELIZABETH: - Não sabia que a Inês já tinha lhe falado sobre a viagem.

AGDA: - Pelo menos alguém confiou em mim, não é? Senão eu só saberia agora.

ELIZABETH: - Não é questão de confiança, mamãe.

AGDA: - Deixa pra lá. Eu só quero que você fique bem e que essa viagem te traga coisas boas.

ELIZABETH: - Obrigada.

BEATRIZ: - Eu também, Beth. Te desejo tudo de bom.

ELIZABETH: - Obrigada, Beatriz. E cuida bem do meu filhote enquanto eu não estiver aqui.

BEATRIZ (abraça-se em Rafael): - Pode ficar tranquila que ele estará em boas mãos.

VITÓRIA: - E aproveita muito Nova York, mamãe! Pegou a lista dos programas que eu te dei?

ELIZABETH: - Peguei sim, tá guardadinha na minha bolsa.

RAFAEL: - Programas?

VITÓRIA: - Sim, fiz uma listagem completa de exposições, feiras, teatros, musicais. Tudo o que está acontecendo lá. Pra ela se divertir e relaxar.

Inês chega, acompanhada de Alfredo.

ALFREDO: - Bom dia a todos!

ELIZABETH: - Inês!

INÊS: - Oh minha amiga! Vim te dar um abraço!

As duas se abraçam, carinhosas.

INÊS: - Aproveita muito esse tempo. E quando você voltar, tudo vai ficar melhor.

ELIZABETH: - É muito bom contar com a sua ajuda, Inês. Obrigada por tudo.

ALFREDO: - Boa viagem, Beth.

ELIZABETH: - Obrigada Alfredo. Dê lembranças minhas ao Tarcísio.

ALFREDO: - Darei o recado.

É anunciado o vôo de Elizabeth.

RAFAEL: - Está na hora.

ELIZABETH: - É. Chegou a minha hora.

Elizabeth se despede de todos, pega sua mala e vai para a sala de embarque.

CENA 13. CLÍNICA DR. FAUSTO. EXT. DIA.

CAM mostra a fachada do estabelecimento quando o carro de Marcos estaciona em frente. CORTA PARA o interior do veículo. Ele e Adriana conversam.

ADRIANA: - Muito obrigada pela carona. Foi muito gentil da sua parte.

MARCOS: - Não precisa agradecer não. Pra mim foi um prazer poder estar esse tempo, mesmo que curto, perto de você.

MUSIC ON: Nem um toque – Jorge Vercilo

Os dois ficam a se olhar.

ADRIANA: - Eu preciso ir agora.

Marcos surpreende e beija Adriana, que corresponde. O beijo dura um tempo.

MARCOS: - Desculpe o impulso, mas eu não consegui controlar.

ADRIANA: - Não tem porque se desculpar. Eu gostei.

MARCOS: - A gente poderia/

ADRIANA: - Jantar hoje.

MARCOS: - É, isso aí. Aceita?

ADRIANA: - Claro. Claro que aceito.

MARCOS: - Eu passo na sua casa. Que horas você sai hoje?

ADRIANA: - Às oito.

MARCOS: - Depois das nove eu passo lá.

ADRIANA: - Vou te esperar.

Os dois se beijam novamente. Adriana sai do carro e entra na clínica. Marcos se mostra feliz.

MUSIC OFF.

CENA 14. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Lívia está na bancada da recepção, quando Tarcísio entra. Ela se surpreende.

LÍVIA: - Olá, bom dia.

TARCÍSIO: - Bom dia... Lívia.

Os dois trocam olhares.

LÍVIA: - O senhor chegou um pouco cedo, não sei se já temos o almoço pronto ainda/

TARCÍSIO: - Não, não venho almoçar. Só quero um cafezinho mesmo.

LÍVIA: - Eu vou acompanhá-lo até uma mesa.

Lívia leva Tarcísio até uma mesa no salão.

LÍVIA: - Esta aqui, pode ser?

TARCÍSIO: - Está ótima. (sentando-se)

LÍVIA: - Como o senhor deseja o seu café?

TARCÍSIO: - Forte.

LÍVIA: - Vou pedir lá na cozinha.

TARCÍSIO: - Eu queria pedir mais uma coisa.

LÍVIA: - Claro, pode pedir.

TARCÍSIO: - Gostaria de contar com a sua companhia neste café. Aceita?

Lívia se mostra surpresa.

LÍVIA: - Desculpe, doutor Tarcísio, mas/

TARCÍSIO: - Pode me chamar apenas de Tarcísio.

LÍVIA: - Desculpe, Tarcísio, mas eu não posso me sentar à mesa junto com os clientes.

TARCÍSIO: - Mas eu agora não quero estar aqui como cliente, e sim, como um amigo.

LÍVIA: - Mesmo assim, são as normas do restaurante. E/

TARCÍSIO: - Lívia, eu sou amigo do Roberto. Não quero nada de mais, apenas uma companhia para o café.

Lívia se mostra indecisa.

TARCÍSIO: - Ter alguém para conversar, uma companhia sincera. É o que eu mais preciso ultimamente.

LIVIA: - Eu também preciso disso.

TARCÍSIO: - Então, aceite meu convite.

LÍVIA: - Só um pouquinho então. Não quero que o seu Roberto brigue comigo.

TARCÍSIO: - Obrigado. Obrigado por aceitar.

Lívia senta-se junto à mesa.

CENA 15. CARRO RAFAEL. INT. DIA.

Rafael dirige pela avenida. Beatriz ao seu lado e Vitória no banco de trás, mexendo no celular.

BEATRIZ: - Tomara que a mãe de vocês aproveite bem mesmo essa viagem. Depois de tanta turbulência, é bom que ela relaxe.

RAFAEL: - E ela vai sim. Mamãe me surpreende às vezes. Quando você acha que ela tá lá embaixo, ela tira força não sei de onde e dá a volta por cima.

BEATRIZ: - Tá tão quieta aí, Vitória. Saudades da mamãe já?

VITÓRIA: - Estou sim, Beatriz. Mas não é isso que está me deixando quietinha não. É saudade de outra pessoa.

RAFAEL: - Fabrício?

VITÓRIA: - Acertou Rafa. Nessas horas ele sempre estava por perto.

BEATRIZ: - Mas por que você não liga pra ele, fala com ele?

VITÓRIA: - Será que ele não está chateado comigo? Desde que a gente brigou, nunca mais nos falamos nem nos vimos.

RAFAEL: - Você só vai saber se ele está chateado se ligar.

BEATRIZ: - Ou faz melhor. Ao invés de ligar, vai até à clínica e fala pessoalmente com ele. Acho que um reencontro assim é bom quando tem olho no olho, sabe? Sinceridade, verdade, amor.

VITÓRIA: - Acha mesmo?

BEATRIZ: - Eu acho. Rafa, toca pra clínica. Vamos bancar o Cupido nesse caso agora.

RAFAEL: - Deixa comigo! Operação Cupido entrando em ação!

Vitória ri.

CENA 16. AMARO. SALA PAULO. INT. DIA.

Paulo mexe na pasta com os documentos que pegou de Tatiana. Ele analisa alguns relatórios e compara com as cópias que tem no seu computador.

PAULO: - Nada mal. Tudo como eu pensava. Agora é só eu dar o meu jeitinho nesses detalhes aqui e tudo fica do jeito que eu quero.

Paulo altera alguns documentos. Nesse instante, Lorena entra na sala. Paulo se surpreende, esconde rápido os papéis.

PAULO: - Mas a educação nessa empresa realmente foi pro espaço! Não sabe que precisa bater na porta antes de entrar?!

LORENA: - Desculpe, a porta estava entreaberta e quando eu fui bater, ela abriu e/

PAULO: - Você sempre cheia de desculpas, Lorena.

LORENA: - Mas foi realmente isso que aconteceu.

PAULO: - Tá, tá bom, não me interessa saber. O que é que você quer aqui?

LORENA: - Eu quero os papéis que a Tatiana entregou para você.

PAULO: - Papéis?

LORENA: - Isso mesmo. Cópias do novo contrato da Amaro. A Tatiana ficou de entregar para mim, mas ela disse que eles estão com você.

PAULO: - Comigo?!

LORENA: - Sim. Onde estão? Eu preciso deles para entregar o relatório para o Tarcísio e para o Rafael.

PAULO: - Eu não tenho nada desse contrato aqui comigo. Definitivamente, a Tatiana está ficando louca.

LORENA: - Paulo, por favor. Não fale assim de uma funcionária da empresa e de competência tão boa quando a Tatiana.

PAULO: - Ah, ela é competente? Que competência é essa que ela tem que não sabe nem onde estão os documentos do contrato da empresa, contrato esse que pode render milhões de dólares?

LORENA: - Pois então, ela disse que entregou pra você.

PAULO: - Pois a mim ela não entregou nada.

LORENA: - Mas/

PAULO: - Você está desconfiando de mim, Lorena?

LORENA: - Eu preciso ser franca?

Os dois se encaram.

PAULO: - Pois vamos até à Tatiana. Ela mesma vai admitir que não entregou nada para mim.

LORENA: - Paulo, expor a moça a esse tipo de constrangimento não é necessário.

PAULO: - Não vai haver constrangimento nenhum. Tenho certeza que a Tatiana vai confirmar esse mal entendido.

Lorena olha desconfiada para Paulo.

CENA 17. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Tarcísio e Lívia conversam.

LÍVIA: - Eu sempre tive que ralar muito nessa vida pra poder ter um futuro melhor. Eu nasci e cresci num lugar onde as condições de vida não eram melhores. Tráfico, violência... (T) E quando eu pensei que tivesse saído desse mundo infeliz, eu caí num buraco muito fundo, de onde eu não conseguia enxergar a beira pra poder sair.

Tarcísio observa Lívia, atento, enquanto ela lhe conta sua história de vida.

LÍVIA: - Hoje meu filho é tudo de mais importante que tenho na vida.

TARCÍSIO: - Você tem um filho?

LÍVIA: - Tenho sim.

TARCÍSIO: - Nossa, estou surpreso. Você parece tão jovem.

LÍVIA: - Imagina, doutor Tarcísio... Quero dizer, Tarcísio.

TARCÍSIO: - E como ele se chama?

LÍVIA: - Pedro. Tem 5 anos.

TARCÍSIO: - Pedro. Que nome lindo. Tão lindo quanto o seu.

Lívia sorri, carinhosa.

LÍVIA: - E você, também tem filhos?

TARCÍSIO: - Tenho sim. Dois. Um casal. Rafael e Vitória.

LÍVIA: - Lindos nomes também.

TARCÍSIO: - E são pessoas maravilhosas. Tesouros que a vida me deu.

LÍVIA: - Sua esposa deve ser uma mulher feliz, tendo um marido tão atencioso como você e filhos tão legais.

Tarcísio fecha o sorriso. Lívia percebe.

LÍVIA: - Desculpe se eu falei alguma coisa errada, eu/

TARCÍSIO: - Imagina, não precisa se desculpar. Acontece que eu não tenho esposa. Estamos nos separando.

LÍVIA: - Nossa, que chato.

TARCÍSIO: - É, está sendo complicado. Mas faz parte da vida esses momentos ruins. Mas antes separarmos agora do que continuarmos juntos e não sermos felizes.

LÍVIA: - É verdade. Não é preciso estar casado para ser feliz.

TARCÍSIO: - Não, não é. E é engraçado também, como apenas uma pessoa, num simples gesto ou num olhar, pode mudar completamente a nossa forma de viver.

Lívia e Tarcísio se olham profundamente. Nesse instante, Roberto se aproxima.

ROBERTO: - Tarcísio! Surpresa boa vê-lo aqui!

Lívia se levanta rapidamente.

TARCÍSIO: - Como vai Roberto?

ROBERTO: - Tudo bem e você?

TARCÍSIO: - Tudo ótimo.

ROBERTO: - Vejo que tinha uma companhia para o café.

TARCÍSIO: - Sim. A Lívia me fez uma ótima companhia mesmo. Muito obrigado, Lívia.

LÍVIA: - De nada, doutor Tarcísio.

TARCÍSIO: - Bem, já vou indo. Até a próxima.

ROBERTO: - Obrigado pela preferência.

Antes de sair, Tarcísio troca olhares com Lívia e vai embora.

ROBERTO: - Agora que ele já foi, posso falar. Lívia, não fica bem uma funcionária sentar-se à mesa com o cliente do restaurante!

LÍVIA: - Eu sei, seu Roberto, eu até disse isso para o doutor Tarcísio, mas ele insistiu tanto. Não tive saída. Não queria ser indelicada.

ROBERTO: - Tudo bem, se foi assim, tudo bem. Mas só dessa vez. O que os clientes vão pensar se entram aqui e te veem na mesa? Não fica bem, não fica.

Roberto se afasta. Lívia fica pensativa.

CENA 18. CEMITÉRIO. EXT. DIA.

IMAGEM PANORÂMICA do lugar. CAM mostra um pequeno cortejo fúnebre. Os funcionários do cemitério levam o caixão de Wanda. Atrás, Rosa, Oscar, Alaíde e outras pessoas acompanham.

Corta para um outro momento. O caixão já fora enterrado. Rosa recebe o carinho das pessoas que acompanham o enterro. Um grupo de mulheres conversam.

MULHER 01: - Coitada, ela parece inconsolável.

MULHER 02: - Perder a mãe não é fácil.

MULHER 03: - Mas eu nem sabia que a Rosa tinha mãe. Nas reuniões das Gérberas, ela nunca disse nada.

MULHER 01: - Nem a Janeth comentou.

Enquanto isso, Oscar e Alaíde se aproximam de Rosa.

ROSA: - Obrigada, Alaíde. Obrigada a você e ao Oscar, por todos esses anos de cuidados com a minha mãe.

ALAÍDE: - Não precisa agradecer, Rosa. Você também nos ajudou de uma certa forma.

OSCAR: - Graças ao seu dinheiro, conseguimos pagar a faculdade do Jonas.

ROSA: - Mas agora eu não me afasto mais. Tenho minha missão pra cumprir.

CENA 19. AMARO. ANTESSALA. INT. DIA.

Tatiana está em sua mesa, quando Lorena e Paulo se aproximam.

PAULO: - Tatiana.

TATIANA: - Pois não, doutor Paulo?

PAULO: - Que história é essa de que você me entregou as cópias do novo contrato da Amaro?

Tatiana se mostra um tanto apreensiva.

PAULO: - A Lorena foi até minha sala me questionar sobre esses documentos, sendo que eu não tenho nada. Eu até falei pra ela que você pudesse estar fazendo algum tipo de confusão com relação a isso.

TATIANA: - Eu?

PAULO (firme): - Isso mesmo, você. Até porque, você não me entregou nada, não é?

Lorena aguarda uma resposta de Tatiana.

TATIANA: - Claro, não entreguei.

LORENA: - Não? Mas você havia me dito que/

PAULO: - Viu só, Lorena? A Tatiana mesmo está dizendo que não me entregou nada. Foi tudo um engano. Ou melhor, falta de atenção da parte dela. Agora me diga, Tatiana, onde estão essas cópias?

TATIANA: - Eu não sei, vou dar uma olhada. Devem estar aqui nos meus arquivos e eu não procurei direito.

PAULO: - Você precisa ser mais atenta aos serviços da empresa. Esses documentos são importantes. Dessa vez passa, mas na próxima, eu não irei relevar. Esse tipo de atitude não pode acontecer aqui dentro.

Tatiana fica cabisbaixa.

PAULO: - Agora eu vou voltar pra minha sala, pois tenho coisas importantes a fazer. Com licença.

Paulo se retira.

LORENA: - Tatiana, o que aconteceu realmente?

TATIANA: - Foi isso, Lorena, eu devo ter me enganado com os papéis. Eu vou procurar aqui essas cópias e assim que tiver em mãos, eu entrego pra você.

LORENA: - Tá bem. Eu aguardo na minha sala então.

Lorena sai. Tatiana fica chateada.

CENA 20. CLÍNICA DR. FAUSTO. CORREDOR. INT. DIA.

Fabrício está falando com uma enfermeira, quando percebe a presença de Vitória.

FABRÍCIO (à enfermeira): - Faça isso então que eu te falei.

A enfermeira vai embora. Fabrício vai ao encontro de Vitória.

FABRÍCIO: - Vitória.

VITÓRIA: - Oi, Fabrício.

FABRÍCIO: - Eu pensei que você nunca mais fosse olhar na minha cara, quisesse distância de mim.

VITÓRIA: - Eu bem que tentei. Mas a gente não manda no coração. E eu fico muito feliz por isso. O coração sempre sabe o caminho certo.

MUSIC ON: Tempo pra amar - Mahmundi

Vitória sorri, carinhosa. Fabrício corresponde. Os dois se beijam, apaixonados.

VITÓRIA: - Desculpa pela minha imaturidade, pelos meus ataques, eu não sabia o que estava fazendo/

FABRÍCIO: - Não precisa pedir desculpas por nada não, Vitória. Eu só quero que você me beije. Assim fica tudo bem.

Os dois se beijam, felizes.

MUSIC OFF.

CENA 21. APTO MARILU. QUARTO. INT. DIA.

Marilu está inquieta, anda de um lado a outro. Henri, sentado na poltrona, folheando uma revista, percebe a inquietação de Marilu.

HENRI: - O que foi hein? Você não parou um minuto!

MARILU: - Ele ainda não me ligou.

HENRI: - Ele quem?

MARILU: - Tarcísio, oras!

HENRI: - Ai, calma. Vai ver ele tá ocupado na empresa. Depois ele liga.

MARILU: - Não, não... Mas tá demorando. Tem alguma coisa.

HENRI: - Tem o quê, Marilu? Não tem nada! Você tá ficando neurótica por causa desse homem.

MARILU: - Eu não posso dar mole, Henri. Senão eu perco ele, perco a grana, tudo! É a minha oportunidade de ouro, não posso desperdiçar! Eu vou ligar pra ele!

Marilu pega o telefone no criado-mudo. Henri levanta-se e arranca o telefone dela.

HENRI: - Não! Tá louca?! Não vai atrapalhar ele agora! Você mesma disse que ele vive pra essa empresa. Eu sei que você tá ansiosa, mas não dá pra se desesperar assim. Senta aí na cama, e espera. Eu vou fazer um chá de camomila pra você se acalmar. Eu hein!

Henri sai. Marilu, sentada na cama, se mostra um tanto apreensiva.

CENA 22. SÃO PAULO. EXT. DIA.

MUSIC ON: Joga fora – Grupo Benditos

Takes alternados da cidade em sua rotina diária. Centro da cidade, MASP, a galeria do Rock, teatro municipal, rua 25 de março, bairro da Liberdade. Último take na avenida paulista. Cai a noite. CORTA PARA o hotel de luxo em que Tarcísio está hospedado.

MUSIC OFF.

CENA 23. QUARTO TARCÍSIO. INT. NOITE.

Paulo fala sobre Marilu para Tarcísio, mas este está com pensamento longe.

PAULO: - Eu sempre achei a Elizabeth uma mulher com uma postura inigualável. Mas convenhamos que, a Marilu é uma mulher e tanto também. Combina mais como acompanhante nas reuniões de negócio.

TARCÍSIO: - É, ela é uma mulher linda sim.

PAULO: - Não que a Elizabeth não seja. Mas você sabe que os nossos parceiros nunca levam as esposas neste tipo de compromisso. Se bem que, no seu caso, com a Marilu, seria diferente, já que ela agora é sua mulher e/

TARCÍSIO: - Como é?

PAULO: - O que foi, Tarcísio?

TARCÍSIO: - Isso que você falou agora. Da Marilu ser minha mulher. De onde você tirou isso?

PAULO: - Ué, Tarcísio! Não é isso que está acontecendo? Vocês não estão juntos?

TARCÍSIO: - Estamos, mas não tem história nenhuma de marido e mulher aqui.

PAULO: - Desculpe, mas eu pensei que/

TARCÍSIO: - Pensou errado, Paulo. Pensou errado. Eu não estou com cabeça para assumir nenhum relacionamento agora. Estou em processo de separação, divórcio. Não dá pra misturar as coisas.

PAULO: - Claro, eu compreendo. Mas e a Marilu, como fica nessa história?

TARCÍSIO: - Fica como sempre esteve. Apenas uma acompanhante. Não foi isso que você disse agora?

PAULO: - Foi, mas eu pensei que você estivesse gostando dela, já que foi capaz de abandonar as bodas de casamento para ficar com ela. Chegou até a comprar briga com a Elizabeth por causa da Marilu. Ou esqueceu que ela foi o pivô da sua separação?

TARCÍSIO: - Não, não esqueci. Mas você também não se esqueça que a minha separação iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Meu casamento já não era mais o mesmo há muito tempo. Eu até me senti atraído pela Marilu. Mas foi mais pela aventura em si. Por ela não sinto amor, embora tenha certa afeição. É uma mulher linda e sabe satisfazer muito bem um homem na cama. Mas amor, de verdade, não sinto não.

Paulo fica pensativo, diante dos dizeres de Tarcísio.

TARCÍSIO: - Amor é um sentimento que a gente não sente assim, por qualquer pessoa. É algo especial, que nos surpreende.

PAULO: - Não me diga que você conheceu outra pessoa?

TARCÍSIO: - Eu? Não.

Paulo se mostra um pouco desconfiado.

TARCÍSIO: - Agora, Paulo, se você me der licença, eu preciso dar uma saída.

PAULO: - E vai pra onde, posso saber?

TARCÍSIO: - Eu acho que você está querendo saber demais. Tá parecendo mulher fofoqueira! (risos)

PAULO: - Ah, Tarcísio! Para com isso! (ri para disfarçar)

Os dois saem do apartamento.

CENA 24. CASA TARSÍSIO. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Agda janta sozinha. Nice e Moisés entram no local.

NICE: - Com licença, dona Agda.

AGDA: - O que vocês querem?

MOISÉS: - Viemos saber se a senhora vai precisar dos nossos serviços ainda.

AGDA: - Não sei.

NICE: - Acontece, dona Agda, que nós queríamos tirar essa noite de folga.

MOISÉS: - Hoje à noite é a festa da nossa amiga Quitéria, lá no Brás e a gente queria ir.

NICE: - E ainda tem o aniversário do Juninho, filho da minha comadre lá na Vila Matilde.

AGDA: - Tá bem, tá bem. Me poupem dessa agenda popular de vocês. Podem ir, não vou precisar de vocês hoje. Mas amanhã, sem atrasos no serviço aqui em casa.

MOISÉS: - Muito obrigado, dona Agda.

NICE: - Pode deixar que amanhã cedinho a gente tá aqui no batente. Com licença.

Nice e Moisés saem animados.

AGDA: - Todo mundo seguindo sua vida. O silêncio dessa casa é o que me resta.

CENA 25. CASA ALFREDO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Alfredo está lendo um livro, sentado no sofá. Inês entra e senta-se ao seu lado.

INÊS: - Entretido nesse livro?

ALFREDO: - Estou sim. Confesso que é muito bom.

INÊS: - Eu é que não consigo me entreter com nada.

ALFREDO (para de ler): - O que foi?

INÊS: - Ai Alfredo, não consigo parar de pensar na Beth. Não me conformo em ver minha grande amiga nesse dilema todo.

ALFREDO: - Inês, infelizmente a vida é assim. As pessoas passam por problemas. Você precisa é ter confiança de que a Beth vai conseguir resolver tudo e ser feliz.

INÊS: - Essa separação do Tarcísio mexeu com ela. Ela se fez de forte no aeroporto, mas eu conheço a Beth. Você já está providenciando tudo?

ALFREDO: - Estou sim. Tarcísio pediu pra que eu fizesse tudo. É só esperar a Beth voltar de viagem e eles assinam o divórcio.

INES: - E como fica a divisão de bens?

ALFREDO: - Desculpa querida, mas isso é um assunto confidencial, envolve muita coisa.

INÊS: - Ah, claro, desculpa.

ALFREDO: - Olha só, que tal a gente subir, ir pro nosso quarto, assistir um filminho bem juntinho? Assim quem sabe você se anima um pouco?

INÊS: - Tem razão. Acho que eu to precisando de um pouco de carinho, ficar juntinho de você (beija Alfredo).

CENA 26. APTO ISABELA. SALA. INT. NOITE.

Isabela, Rafael e Beatriz estão reunidos no apto de Isabela, que prepara o jantar. Rafael está sentado no sofá, enquanto Beatriz arruma a mesa.

ISABELA: - Gostei tanto de vocês terem vindo jantar aqui comigo.

BEATRIZ: - Imagina se eu ia recusar um convite seu, amiga.

RAFAEL: - E eu vim pra comprovar se você é boa de fogão mesmo. A Beatriz fez a maior propaganda. (risos)

ISABELA: - Sou sim, Rafa! Hoje vai ter a prova então!

BEATRIZ: - Vem cá, Isabela, mudando um pouco de assunto. E o lance com o Conrado?

ISABELA: - Que lance? Não tem lance nenhum.

BEATRIZ: - Ah, tá bom, Isabela. Você sabe do que eu estou falando.

ISABELA: - Não, não sei.

RAFAEL: - Ih, quem é o felizardo que caiu nos seus encantos, Isabela?

ISABELA: - Ninguém, Rafa. A Beatriz vive inventando história.

BEATRIZ: - Não invento nada não, Rafa. Sabe o Conrado, o editor-chefe da revista?

RAFAEL: - Sei.

BEATRIZ: - Pois é, ele é caidinho pela Isabela, mas ela não dá a mínima pra ele.

ISABELA: - Ah Beatriz, também não é assim.

BEATRIZ: - É assim sim. Dá até pena de ver ele correr atrás dela feito cachorrinho.

RAFAEL: - Ah não, Isabela! Dá uma chance pro cara.

ISABELA: - Outra chance, você quis dizer? Porque eu já dei uma chance pra ele e o safado foi capaz de se agarrar com outra na minha frente no dia do encontro.

RAFAEL: - Ih, mancada total.

ISABELA: - Pois é. Aí como é que eu posso ficar com um cara desses? Não tem como.

BEATRIZ: - Tem sim. Ele já pediu inúmeras desculpas. E eu acho que ele gosta de você de verdade. Eu já disse isso antes. O Conrado é louco por você e tenho certeza que assim que você aceitar ficar com ele, ele vira um cara direito.

ISABELA: - Tá bom, tá bom. Prometo pensar nisso, ok? Agora vamos comer que está tudo pronto!

RAFAEL: - Oba! Gostei dessa notícia!

ISABELA: - Rafa, me ajuda com a panela?

RAFAEL: - Claro!

Os três se preparam para o jantar.

CENA 27. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. EXT. NOITE.

Movimentação de clientes no ambiente. Lívia está trabalhando. Jonas chega na porta do local, fica observando a moça. Lívia percebe Jonas, vai falar com ele.

LÍVIA: - Oi Jonas! Veio jantar?

JONAS: - Não, não. Eu estava passando por aqui e aí resolvi parar para te ver.

LÍVIA: - Hum. Mas eu não posso ficar aqui fora, to no meio do serviço. Se meu chefe me pega aqui, aí já viu.

JONAS: - Mas eu queria também te falar uma coisa.

LÍVIA: - É? E o que você tem pra me dizer?

JONAS: - O que eu tenho pra te dizer é... É...

LÍVIA: - Fala Jonas! Pode dizer.

JONAS: - O que eu tenho pra te dizer é o que está trancado na minha garganta desde a primeira vez que eu te vi. Eu não consigo mais tirar você da cabeça. Eu estou completamente apaixonado por você, Lívia. Perdidamente apaixonado!

Lívia se mostra surpresa com a declaração de Jonas.

LÍVIA: - Nossa, Jonas... Eu, eu nem sei o que dizer.

JONAS: - Não precisa falar nada. Só quero que você faça uma coisa.

MUSIC ON: Quanto ao tempo – Ivete Sangalo feat. Carlinhos Brown

Jonas se aproxima de Lívia. Os dois se olham profundamente e se beijam. Do outro lado da rua, Tarcísio para o carro e vê Lívia e Jonas aos beijos.

Encerra com a música da cena.
 
     
     

autor
Édy Dutra

elenco
Christine Fernandes como Lívia
Taís Araújo como Marilu
Zé Carlos Machado como Tarcísio
Fábio Assunção como Rafael
Bruno Ferrari como Jonas
Marcos Caruso como Paulo
Renata Domingues como Carla
Júlio Rocha como Breno
Bianca Castanho como Beatriz
Júlia Feldens como Vitória
André Bankoff como Fabrício
Danton Mello como Marcos
Lavínia Vlasak como Isabela
Caco Ciocler como Conrado
Janaína Lince como Sarah
César Mello como Alfredo
Aída Leiner como Inês
Luíza Curvo como Tatiana
Jonathan Haagensen como Plínio
Marco Ricca como Fausto
Sílvia Pfeifer como Lorena
Thaís Vaz como Mayra
Gisele Policarpo como Gisa
Guilherme Leme como Almir
Mônica Martelli como Louise
Sérgio Menezes como Kléber
Cyria Coentro como Nice
Ernesto Piccolo como Moisés
Natália Guimarães como Rita

Atrizes convidadas
Sônia Braga como Elizabeth
Regina Duarte como Rosa
Valquíria Ribeiro como Adriana
Ângela Leal como Agda
Mila Moreira como Charlote
Denise Del Vecchio como Onira
Beatriz Segall como Wanda
Arlete Salles como Alaíde

Atores convidados
Gracindo Júnior como Demétrio
Rodrigo Santoro como Henri
Juan Alba como Alexandre
Nill Marcondes como Eduardo
Roberto Bonfim como Roberto
Floriano Peixoto como Jorge

Participações especiais
Dudu Azevedo como Romão
Elisa Lucinda como Cidália
Antonio Pitanga como Tenório
Vanessa Lóes como Clair
Alexandre Slaviero como Hugo
Lui Mendes como Pereira

Trilha Sonora
Pra rua me levar - Ana Carolina (abertura)
Retratos e canções – Paulinho Moska
Nem um toque – Jorge Vercilo
Tempo pra amar - Mahmundi
Joga fora – Grupo Benditos
Quanto ao tempo – Ivete Sangalo feat. Carlinhos Brown

Produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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