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Talismã - Capítulo 13

Novela de Édy Dutra
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No capítulo anterior de Talismã:

LÍVIA: - Jonas!

JONAS: - Então é dessa forma que você está me esperando? Aos beijos com outro?!

TARCÍSIO: - Esperando? Do que você está falando?

JONAS (a Tarcísio): - Cala a boca porque eu não falei com você. (a Lívia) Não esperava isso de você. Não esperava mesmo.

Jonas vai saindo. Lívia se mostra arrasada.

TARCÍSIO: - Você e ele...?

LÍVIA (confusa): - Não, Tarcísio. Não tem nada. Se bem que eu já não sei. (saindo) Eu vou atrás dele!

Tarcísio fica pensativo. 

...

MARILU: - Eu quero você Tarcísio, do meu lado!

TARCÍSIO: - Mas você não vê que eu não estou mais a afim disso? Acabou, perdeu a graça! Se eu não te liguei mais foi porque eu não quis.

MARILU (surpresa): - Então você não quer mais nada comigo, é isso?

TARCÍSIO: - Isso mesmo. O que nós passamos foi muito bom, você foi uma companhia ótima, mas agora passou, acabou. Cada um segue a sua vida.

...

Onira está com o carrinho de compras. Ela pega o produto na prateleira e segue em direção ao caixa. Ela encontra um caixa que está terminando de atender um cliente. Os outros caixas têm fila, este não. Quando Onira se aproxima, percebe que o atendente é negro. Onira para de repente, e não hesita em trocar de caixa. Entra noutra fila. Uma mulher se aproxima dela.

MULHER: - Você tem tanta coisa pra passar. Esse caixa tá vazio.

ONIRA: - Eu não me importo de esperar na fila.

O cliente do caixa sai. O atendente olha para Onira, gentil.

ATENDENTE: - Pode vir, senhora.

Onira não responde. Finge que nem é com ela. Logo outras pessoas vão para o caixa.

...

LÍVIA: - É que é mais complicado do que se imagina, Carla.

CARLA: - Complicado por que?!

LÍVIA: - Por causa do Jonas.

CARLA: - O que tem o Jonas?

LÍVIA: - Eu to dividida. Ontem mesmo, eu ia no cinema com ele. E quando chegou na hora, o Jonas acabou me flagrando aos beijos com o Tarcísio.

 
     
     
     
     

CAPÍTULO 13
 
     
 
 
 

CENA 01. HOTEL LUXO. QUARTO TARCÍSIO. INT. NOITE. 

Continuação do capítulo anterior. A campainha toca. Tarcísio abre a porta. É Lívia.

TARCÍSIO: - Eu sabia que você viria.

Os dois sorriem, ficam a se olhar carinhosamente.

TARCÍSIO: - Entra.

Lívia obedece, observa a beleza do local.

LÍVIA: - Você mora aqui?

TARCÍSIO: - Provisoriamente.

LÍVIA (olha a mesa do jantar): - Que lindo! Preparou isso tudo só pra gente?

TARCÍSIO: - Como assim, só pra gente? Você é uma mulher especial, merece tudo isso e muito mais!

LÍVIA: - Assim você me deixa sem graça.

TARCÍSIO: - E assim, sem graça, você fica ainda mais linda.

Os dois trocam olhares. Tarcísio, cavalheiro, puxa a cadeira para Lívia sentar. Após ela se acomodar, ele senta à mesa. Os dois sempre trocando olhares carinhosos. Clima romântico.

CENA 02. PARIS. MANSÃO. INT. / EXT. NOITE.

Louise chega em casa e percebe que suas malas (apenas 3) estão no hall da mansão. Os empregados e alguns seguranças estão enfileirados. (Legendas aparecem simultaneamente)

LOUISE: - Pourquoi sont mes bagages ici? [Por que minhas malas estão aqui?]

BRIGITH: - Pierre commandes médecin, madame. [Ordens do doutor Pierre, madame.]

LOUISE: - Mais cela ne peut pas être vrai. Il me met hors de la maison, est-il?! Seulement avec ces trois sacs! Et mes bijoux, mes robes chers? Je vais chercher mes affaires. [Mas isso não pode ser verdade. Ele está me colocando pra fora de casa, é isso?! Só com essas três malas?! E minhas jóias, meus vestidos caríssimos? Eu vou lá buscar minhas coisas.]

Louise tenta passar pelos seguranças, mas é barrada.

LOUISE: - Allez, sortez de mon chemin! [Andem, saiam da minha frente!]

SEGURANÇA: - Vous ne pouvez pas y aller, madame. [A senhora não pode passar madame.]

LOUISE (consigo mesma): - Que desgraça!... Eu proibida de entrar na minha própria casa!

Brigith se aproxima, lhe entrega um bilhete.

LOUISE: - Qu'est-ce que c'est? [O que é isso?]

BRIGITH: - Adresse d'un hôtel. Votre réservation est déjà fait là-bas. Pour deux jours seulement. Après cela, la dame devait partir. Dr Pierre a tout prévu. [Endereço de um hotel. Sua reserva já está feita lá. Por apenas dois dias. Depois disso, a senhora deve deixar o local. Doutor Pierre já providenciou tudo.]

LOUISE: - Minha vida aqui está acabada então. Quem mandou, Louise, você se engraçar com o mensageiro do hotel?! Quem mandou?! Mas a carne aqui é fraca, meu Deus! (olha as malas, desolada) Só três malinhas?

SEGURANÇA: - Le taxi est déjà en attente pour vous. [O táxi já está esperando a senhora.]

LOUISE: - Merci. [Obrigada]

Louise pega as malas. Nenhum empregado ou segurança a ajuda. Ela vai saindo. Antes de ir embora, vira-se para todos.

LOUISE: - Je vous remercie tous pour prendre soin de toutes ces années... [Eu agradeço a todos vocês pelo carinho por todos esses anos.]

Louise vai embora. Fecha a porta da mansão. Os empregados ficam em silêncio por um instante. Dá um tempo, eles vibram, comemoram euforicamente.

BRIGITH: - Enfin, le Brésil vissé vers le haut! Elle était fatiguée de couvrir le sauté autour de la Dondoca! [Até que enfim a brasileira se deu mal! Estava cansada de acobertar as puladas de cerca da dondoca!]

Os empregados se abraçam uns aos outros, festejam. Alguns estouram champanhe, uma verdadeira festa.

Do lado de fora, Louise escuta os gritos eufóricos, de comemoração dos empregados.

LOUISE (indignada): - Poxa vida! Não esperaram nem eu ir embora direito?!

Louise entra no táxi e sai.

CENA 03. CASA ADRIANA. SALA. INT. NOITE.

Marcos e Adriana conversam, abraçados no sofá.

ADRIANA: - Tô adorando sua companhia, sabia?

MARCOS: - Sabia sim. Você não desgruda de mim. (risos)

ADRIANA: - Ah, convencido!

Trocam beijinhos.

MARCOS: - Eu também to adorando ficar aqui, com você, abraçadinho, curtindo esse momento.

ADRIANA: - Sabe que, eu às vezes, ficava pensando que iria demorar muito, mas muito tempo para eu ter um momento assim, romântico com alguém especial.

MARCOS: - É, a vida tá sempre surpreendendo a gente. Quando menos esperamos, ela surge com algo bom para nos presentear. Eu também não esperava ter alguém especial tão cedo. E você chegou num momento muito bom na minha vida.

ADRIANA: - É mesmo?

MARCOS: - É. A agência fechou bons contratos, estamos fortalecendo o nome no mercado, eu estou amadurecendo profissionalmente e agora, com você do meu lado, pessoalmente também.

ADRIANA: - Fico feliz em saber que faço parte desse seu crescimento.

MARCOS: - Você agora faz parte de tudo na minha vida, ouviu? Tudo!

Os dois se beijam.

MARCOS: - Quero aproveitar esse momento, pra te fazer um convite.

ADRIANA: - Um convite é? Pode fazer. Vamos ver se eu aceito ou não... (risos)

MARCOS: - Quero te convidar para jantar na minha casa. Amanhã à noite.

ADRIANA (surpresa): - Jantar na sua casa?

MARCOS: - Isso. Quero que você conheça minha casa, onde moro e principalmente, minha mãe.

ADRIANA: - Nossa! Prova de fogo então! Conhecer a sogra! (risos)

MARCOS: - É, te coloquei no paredão! (risos) E então, aceita?

ADRIANA: - Claro que aceito! Pode confirmar que eu irei, com certeza.

Os dois se beijam apaixonados.

CENA 04. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Agda, Rafael, Beatriz, Vitória e Fabrício reunidos na sala.

FABRÍCIO: - Olha gente, não sei quanto a vocês, mas eu adorei esse jantar! A Nice tem mãos de fada!

VITÓRIA: - Agora dá pra entender porque às vezes eu preciso fazer um regime, né? Não tem como resistir à comida da Nice!

BEATRIZ: - Ah, Vitória, você com esse corpão, falando em regime? (risos)

RAFAEL: - Essa aí sempre foi neurótica com o corpo.

VITÓRIA: - Neurótica não, Rafa. Mas eu gosto de me cuidar, né? Afinal, se eu não tiver bem, tem gente que pula fora, né? (cutucando Fabrício)

FABRÍCIO: - Ih, não vem com essa não! Tô contigo magrinha, gordinha, de qualquer jeito! (risos)

AGDA: - Bom, meninos e meninas, agradeço a companhia de vocês, mas eu vou me retirar.

VITÓRIA: - Ah! Já, vovó?

RAFAEL: - Fica mais um pouco, vó.

AGDA: - Não, queridos, obrigada. Já fiquei até mais tarde do que deveria. Mas fiquem à vontade. Boa noite a todos.

Agda sobe as escadas.

BEATRIZ: - Eu achei ela tão mais tristonha agora.

FABRÍCIO: - É mesmo. Antes do jantar ela estava mais alegre. Pelo menos me pareceu isso.

RAFAEL: - Ela não tá dando o braço a torcer, mas deve estar sentindo falta da mamãe aqui.

VITÓRIA: - É verdade. Mesmo se alfinetando, elas sempre tinham a companhia uma da outra.

RAFAEL: - Mas logo a mamãe deve estar voltando e todo esse baixo astral da dona Agda vai pra longe.

CENA 05. NOVA YORK. APTO ELIZABETH. QUARTO. INT. NOITE.

PLANO GERAL do quarto. A cama no centro. Elizabeth e Eduardo, envoltos pelo lençol, fazem amor. O quarto está à meia luz. Elizabeth totalmente entregue ao prazer.

CENA 06. VILA ZULMA. EXT. NOITE.

Marilu e Paulo caminham por entre as ruas de um vilarejo, clima tenso. Marilu caminha com naturalidade. Paulo se mostra um pouco amedrontado.

PAULO: - Tem certeza que é aqui mesmo?

MARILU: - Claro que tenho. Conheço isso aqui como se fosse a palma da minha mão.

PAULO: - Não acredito que você surgiu daqui.

MARILU: - Desse bueiro veio muito mais gente. Mas eu agora vou vencer né? Tem gente que perdeu a batalha bem antes de mim.

Marilu para em frente à um barraco.

MARILU: - É aqui.

PAULO: - Será que ele tá em casa?

MARILU: - Tá sim. Ele sabe que a gente vem aqui.

PAULO: - Mas nós não vamos demorar muito não é? Deixei meu carro lá no início dessa vila e pretendo sair daqui com ele inteiro!

MARILU: - Nós vamos demorar o tempo que for necessário, tá ouvindo? E nem te preocupa, teu carro tá seguro. Agora vamos entrar.

Marilu e Paulo caminham rumo a porta do barraco. 

CORTA PARA

CENA 07. CASA ROMÃO. INT. NOITE.

Marilu, Paulo e Romão reunidos. Paulo um tanto amedrontado. Romão, bandido barra pesada, está pensativo, enquanto Marilu o encara, ansiosa por um pronunciamento dele.

MARILU: - E então, o que acha?

ROMÃO: - O serviço parece fácil.

MARILU: - Parece não. É fácil.

ROMÃO: - Mas envolve gente graúda. Tem que ser bem executado.

MARILU: - Por isso que pensei em você, Romão. Tu é o cara que pode fazer isso pra mim. Tu sabe bem como tirar as pessoas do teu caminho.

ROMÃO: - É, eu sei.

MARILU: - E então?

ROMÃO: - Tudo bem. Eu aceito fazer o serviço.

MARILU: - Maravilha! Agora sim, aquela vadia vai ter o que merece!

ROMÃO: - Mas eu não vou fazer nada de graça, né Marilu? Tudo tem um preço.

MARILU (sensualiza): - Eu sei, querido... Você terá uma recompensa bem boa.

ROMÃO (seco): - Esquece, Marilu. Não to mais pelos velhos tempos.

PAULO (surpreso): - Velhos tempos é? Imagino como vocês se davam bem.

MARILU: - Cala a boca, Paulo. (a Romão) Mas o que você quer então?

ROMÃO: - Grana.

MARILU: - Quanto?

ROMÃO: - Cinquenta mil reais.

PAULO (surpreso): - O quê?! Mas esse cara tá louco?!

ROMÃO: - Mais respeito comigo, cara! Tá na minha casa!

Paulo se cala.

MARILU: - Cinquenta mil reais?!

ROMÃO: - É o meu valor. Metade no dia do serviço e a outra pode ser no dia seguinte.

MARILU: - Fechado.

PAULO: - Fechado? E eu posso saber como vamos pagar isso?

MARILU: - Aí já é a sua parte no plano, Paulo. Não me engana porque eu sei que você já fez pequenos desvios na empresa e tem uma conta bem gorda. Cinquenta mil reais pra você não há de ser nada.

PAULO: - Mas era só o que me faltava.

MARILU: - Ah você não quer colaborar então? Vai dar pra trás no plano, é isso?

PAULO: - A questão é que cinquenta mil reais é muito dinheiro pra se gastar com/

MARILU: - Tu pensa pequeno hein Paulo! Pensa nos milhões que você ganhar depois! Esses cinquenta mil vão virar um grão de areia!

PAULO: - Tá certo. Eu dou um jeito.

MARILU: - Tudo bem. Agora é só combinarmos o plano certinho, quando e onde você vai agir Romão.

Marilu se mostra confiante no plano.

CENA 08. HOTEL LUXO. QUARTO TARCÍSIO. INT. NOITE.

Lívia e Tarcísio conversam, sentados em poltronas.

LÍVIA: - O jantar estava ótimo. Muito obrigada.

TARCÍSIO: - Você merece.

LÍVIA; - Desculpa a minha pergunta, mas é que isso ficou martelando na minha cabeça durante o jantar inteiro.

TARCÍSIO: - Faça.

LÍVIA: - Como um homem tão carinhoso, querido, cavalheiro, inteligente pode estar assim, sozinho? Não digo no sentido de ter uma mulher, mas falo de estar sozinho sem companhia, quase sem amigos. Sempre que te vi no restaurante, ou esteve sozinho ou com o seu amigo, como ele se chama mesmo?

TARCÍSIO: - Paulo.

LÍVIA: - Isso mesmo, Paulo... Por quê?

TARCÍSIO: - É complicado responder isso. Acho que nem eu sei essa resposta. Eu sempre fui muito assim, introspectivo, sozinho comigo mesmo, mesmo tendo uma família linda perto de mim.

LÍVIA: - E como anda a relação com sua família, agora, depois da sua separação?

TARCÍSIO: - Meus filhos ainda estão próximos de mim. Trabalhamos juntos na empresa, nos vemos diariamente. Lógico, eu sinto que eles estão divididos.  É natural isso. Não iriam apoiar só um lado da história.

LÍVIA: - Claro, eu compreendo. Desculpa ficar perguntando isso, mas é que conheço pouco de você.

TARCÍSIO: - Não precisa se desculpar. Aos poucos, vamos nos conhecendo. Embora esse mistério que nos ronda, seja completamente fascinante. 

Tarcísio se aproxima de Lívia. A beija. Os dois se afastam um pouco. Tarcísio percebe o brilho da pedra no colar de Lívia.

TARCÍSIO: - Nossa!

LÍVIA: - O que foi?

TARCÍSIO: - Que linda essa joia!

LÍVIA; - Obrigada.

TARCÍSIO: - Isso é uma raridade. Combina perfeitamente com a sua beleza.

LÍVIA: - Joia de família. Presente da minha mãe.

TARCÍSIO: - Quando você chegou, ela não estava com esse brilho tão intenso.

Lívia segura firme o colar. Levanta-se da poltrona.

LÍVIA: - Eu acho que já está na minha hora.

TARCÍSIO: - Mas já?! Por favor, fique mais um pouco.

LIVIA: - Não posso, Tarcísio. Preciso voltar. Amanhã trabalho e ainda tenho que dar uma olhada no Pedro.

TARCÍSIO: - Tudo bem, não vou insistir. Mas sinto que nos veremos em breve.

LÍVIA: - Eu também sinto isso. E será um encontro ainda mais especial.

Lívia se aproxima de Tarcísio. Os dois se beijam apaixonadamente. Lívia se afasta, vai embora. Tarcísio fica balançado, atraído pelo charme e beleza dela.

CENA 09. SÃO PAULO. EXT. NOITE.

Takes rápidos da cidade ao amanhecer.

CENA 10. PENSÃO BEM QUERER. INT. DIA.

Alaíde, Oscar, Carla, Lívia com Pedro, Tatiana, todos tomam café. A movimentação/agitação é grande.

LÍVIA: - Se o Kléber demorar mais um pouco, vamos nos atrasar... Seu Roberto não gosta que/

CARLA: - Eu também não posso perder a hora. Tenho tanta coisa pra fazer no serviço.

ALAÍDE: - Gente, parece que hoje todo mundo acordou com a corda toda!

TATIANA: - É o ritmo paulistano, dona Alaíde. Tudo muito frenético!

ALAÍDE: - Eu sei, mas se não tomar café direito, com calma, não vai conseguir manter esse pique todo não, hein. Falando em tomar café, e o Jonas que não desceu ainda? Vai se atrasar esse menino!

OSCAR: - Deixa que eu vou lá chamar ele.

Jonas entra no local.

JONAS: - Não precisa não, pai. Bom dia a todos.

Jonas senta-se ao lado de Lívia, mas nem fala com ela. Lívia percebe o mal estar. Carla também.

CARLA: - Bem, eu vou indo nessa.

LÍVIA: - Eu vou com você Carla. Se for esperar pelo Kléber...

TATIANA: - Mas por que essa demora toda do Kléber?

LÍVIA: - Acho que ontem ele tocou até tarde num bar, na Vila Madalena. Aí já viu. Por isso vou indo agora, assim já deixo o Pedro na escolinha mais cedo.

ALAÍDE: - Ah, ele já vai pra escola hoje? Coisa boa!

LÍVIA: - Vai sim, dona Alaíde. Primeiro dia.

OSCAR (brincando com Pedro): - Aê meu garoto! Vai fazer bastante amiguinhos na escola, né?

Pedro sorri, carinhoso. Lívia pega suas coisas, a mochila do garoto.

CARLA: - Vamos nessa então. Tchauzinho gente, bom dia pra vocês!

LÍVIA (pega Pedro pela mão): - Vamos filho. (a Jonas) Bom dia, Jonas.

JONAS (seco): - Bom dia.

Lívia se mostra um tanto sem graça. Oscar percebe. Lívia e Carla vão saindo.

OSCAR (cochicha com Jonas): - Por que não deu bom dia direito pra Lívia, Jonas?

JONAS: - Não sei, pai, não sei. Também não quero pensar na Lívia agora. Se não for pedir muito, gostaria de tomar meu café da manhã em paz.

OSCAR: - Tudo bem, não está aqui quem falou.

Carla e Lívia vão saindo na porta, quando Rosa chega na pensão e encontra as duas.

ROSA: - Lívia! Bom te encontrar aqui ainda. Preciso falar com você.

LÍVIA: - Bom dia Rosa, mas eu não vou poder falar com você agora, eu preciso levar o Pedro para a escola e ir para o trabalho.

ROSA: - Mas nem um minutinho? Eu juro que não vai demorar.

CARLA: - Fica Lívia, pelo visto é importante. Pode deixar que eu levo o Pedro para a escola.

Lívia hesita um pouco.

ROSA: - Por favor.

LÍVIA: - Tudo bem. (a Pedro) Vai direitinho com a tia Carla, tá bom?

PEDRO: - Tá bom. (abraça Lívia)

Carla e Pedro saem.

LÍVIA: - E então, o que você tem para falar comigo?

ROSA: - Podemos conversar num lugar mais reservado?

LÍVIA: - Venha, vamos para o meu quarto.

De longe, Alaíde vê o encontro das duas. 

CORTA PARA

CENA 10. QUARTO LÍVIA/CARLA. INT. DIA.

Rosa e Lívia conversam. Lívia surpresa.

LÍVIA: - Ajuda?!

ROSA: - É, isso mesmo. Eu quero lhe oferecer ajuda.

LÍVIA: - Desculpa Rosa, mas isso é uma coisa muito estranha. A gente mal se conhece, não temos nada em comum. A troco de quê você vem até aqui me oferecer ajuda? Pura bondade?

ROSA: - Calma, Lívia. Eu sei que pode parecer estranho, mas/

LÍVIA: - Pode parecer não, é estranho!

ROSA: - Eu só quero que você fique bem, tenha uma vida confortável junto com seu filho. Eu posso proporcionar isso pra vocês! Acontece que isso é uma promessa que eu fiz à minha mãe.

LÍVIA: - Você prometeu à Wanda que iria me ajudar, é isso?

ROSA: - Isso mesmo.

LÍVIA: - Mas por que você prometeu isso?!

ROSA: - Na verdade foi o último pedido dela. Que eu protegesse a guardiã do talismã, a borboleta.

Lívia se assusta.

LÍVIA: - Você também com essa história maluca de borboleta, talismã. Eu não tenho nada disso!

ROSA: - Por favor, Lívia, deixe que eu te ajude. Eu sinto que você vai precisar.

LÍVIA: - A única coisa que eu preciso agora é viver minha vida em paz, Rosa. E você já me ajuda bastante, ficando longe de mim, do meu filho. Agora se me permite, eu preciso sair pra trabalhar.

ROSA: - Desculpe, a intenção não era te deixar irritada.

LÍVIA: - Mas está quase conseguindo. Eu respeitei muito sua mãe, e quero que esse respeito seja estendido à você também. Mas pra isso eu preciso que você respeite o meu espaço, a minha vida. Não me envolva nessa história de talismã, de borboleta, que seja! Não quero nada disso pra mim.

ROSA: - Tudo bem, Lívia. De qualquer forma... (mexe na bolsa, tira um cartão) vou te deixar meu cartão. Tem meu telefone. Se precisar de qualquer coisa, eu estarei a disposição.

Rosa oferece o cartão para Lívia, que não pega.

LÍVIA: - Muito obrigado, mas eu não vou precisar não.

Rosa deixa o cartão sobre a penteadeira do quarto e vai embora. Lívia fica pensativa, um tanto indignada.

LÍVIA: - Ajuda, ajuda... Boa samaritana? Coisa estranha!

CENA 11. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. DIA.

Fausto se despede de Lorena e Mayra.

MAYRA (abraçada em Fausto): - Boa viagem, papai. E não esqueça dos meus mimos!

FAUSTO: - Minha filha, eu estou viajando a trabalho e não a passeio.

MAYRA: - Não se faça de louco, porque você é doutor! Sempre dá pra dar uma escapadinha nos compromissos e fazer umas comprinhas.

LORENA: - Eu só quero saber onde é que você vai guardar os presentes que seu pai vai trazer. No seu closet já não cabe mais nada!

MAYRA: - Meu closet é feito coração de mãe, sempre cabe mais uma peça de roupa, um sapato.

Fausto e Lorena riem.

LORENA: - Querido, faça boa viagem e um bom congresso. Quando chegar, mande notícias.

FAUSTO: - Pode deixar que farei isso assim que pisar na Argentina.

Os dois se beijam.

Fausto pega sua mala, vai para a sala de embarque. Lorena e Mayra acenam para ele. 

CORTA PARA

CENA 12. AVIÃO. INT. DIA.

Fausto senta na poltrona do avião. Logo em seguida, uma linda moça senta-se ao seu lado. CAM mostra a mão de Fausto sobre a perna da moça.

FAUSTO: - Prazer, Vivi.

VIVI: - O prazer é todo meu... Doutor.

Os dois trocam olhares maliciosos.

CENA 13. CAFÉ. INT. DIA.

Marcos e Rafael conversam enquanto tomam um café.

RAFAEL: - Que bom que você aceitou meu convite pra esse café da manhã. Foi tudo meio em cima da hora.

MARCOS: - Imagina, Rafa. É sempre bom conversar com você, seja qual for a hora.

RAFAEL: - Que bom. Mas assim, eu te chamei aqui porque eu to me sentindo meio angustiado.

MARCOS: - Bem que eu percebi que você tá meio estranho. O que é que tá te angustiando?

RAFAEL: - A Beatriz. Não exatamente ela, mas a minha relação com ela.

MARCOS: - Humm, já sei. Tá querendo pular fora não é? Olha Rafa, se é isso mesmo, vai fundo e/

RAFAEL: - Não, não é nada disso!

MARCOS: - Não?!

RAFAEL: - Claro que não. Muito pelo contrário. Eu to achando que estamos ficando muito mais sérios do que eu pensava.

MARCOS: - Ih rapaz!

RAFAEL: - Ontem mesmo, jantamos na mansão, com a vitória, Fabrício e a vovó. Estávamos tão bem, sabe? Depois a gente foi lá pro meu apê, passamos a noite juntos.

MARCOS: - Mas se pelo visto tá tudo bem, porque você tá assim então? Tá com medo de tanta felicidade?

RAFAEL: - Não, medo não tenho. O que eu preciso é ter certeza da escolha que eu pretendo fazer.

MARCOS: - Calma aí, Rafa. Tá me deixando confuso com essa conversa toda. Vai direito ao ponto.

RAFAEL: - To pensando em firmar noivado com a Beatriz.

MARCOS: - Noivado?! Já?!

RAFAEL: - É. Eu acho que não é preciso ter mais tempo pra decidir que a Beatriz é a mulher perfeita pra estar do meu lado a partir de agora. Eu to num bom momento na empresa, e a minha vida pessoal com ela ta num clima tão bom. Eu to até pensando em comprar um par de alianças. Hoje ainda. A Beatriz vai ficar muito feliz, com certeza. O que você acha?

MARCOS: - Olha Rafa, vou ser sincero contigo, já que somos amigos. Eu não tenho o direito nenhum de questionar o teu sentimento pela Beatriz. Longe de mim fazer isso. Se você acredita que está na hora de noivar com ela, vá fundo e seja feliz. Eu só quero que você esteja realmente ciente da atitude que está tomando. Não é apenas o sentimento da Beatriz que conta, tem o seu também. É um passo importante na vida dos dois. Tem que pensar no amanhã, se é realmente isso que você deseja.

Rafael fica pensativo. Marcos deixa o dinheiro do café para Rafael, se despede do amigo.

MARCOS: - Tá aí a minha parte. Bom dia, amigão, e obrigado pelo café!

Marcos vai embora. Rafael mantém-se pensativo.

CENA 14. CASA ROSA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Rosa vai chegando em casa, quando seu telefone toca. Ela atende. É Louise. Cena alternada entre elas.

ROSA: - Alô?

LOUISE: - Alô! Rosa?!

ROSA: - Sim, é ela... Quem tá falando?

LOUISE: - Rosa! (pra si mesma) Graças a Deus!

ROSA: - Quem tá falando?!

LOUISE: - Rosa, sou eu, Louise!

ROSA: - Louise?! Louise! Minha amiga, como você tá?!

LOUISE: - Ai amiga, poderia estar melhor, sabia?

ROSA: - Como assim, o que aconteceu?! Tá doente?

LOUISE: - Tô pior. To ficando pobre, amiga! Pobre!

ROSA: - Me explica isso direito, mulher!

LOUISE: - Lembra que eu tava casada com o Pierre, né?

ROSA: - Claro que lembro, o Pierre Lafayet, dono da empresa de fragrâncias. Mas o que houve?

LOUISE: - Pois é. Ele me pegou no flagra, com o mensageiro do hotel onde a gente estava hospedado, durante a convenção francesa dos produtores de perfume.

ROSA: - Minha nossa, Louise! Como você pode fazer isso com o homem que te deu vida de rainha?

LOUISE: - Ai, Rosa, não sei! Sabe que a carne é fraca, né amiga? E o mensageiro era tão gatinho.

ROSA:- Tu não toma jeito mesmo, hein! E agora?

LOUISE; - E agora que eu fui expulsa de casa com uma mão na frente e outra atrás. Eu to hospedada num hotel, mas tenho pouco tempo pra ficar aqui. O que eu mais temia vai acontecer. Vou ter que voltar pro Brasil, Rosa. Sem nada!

ROSA: - Oh, Louise! Se for preciso mesmo, volte, amiga. Não vale a pena ficar passando necessidade aí na França. Venha. Tem a minha casa! Vai ser um prazer enorme ter você aqui comigo.

LOUISE: - Imagina, Rosa. Não quero atrapalhar a sua vida, do seu marido/

ROSA: - Finado marido.

LOUISE: - Como assim, finado?!

ROSA: - Sim. Sou viúva e herdei toda herança. Estou bem de vida, Louise. Posso te ajudar na sua volta. E vai ser bom ter uma companhia aqui comigo.

LOUISE: - Minha nossa, quanto babado, hein amiga! Mas eu fico até emocionada com esse carinho todo, Rosa. Ainda bem que achei esse seu contato, senão eu tava perdida.

ROSA: - Agora não fica mais perdida. Tá decidido. Vou te esperar aqui no Brasil.

Louise se mostra esperançosa.

CENA 15. CASA CHARLOTE. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Charlote está lendo uma revista quando Demétrio vai passando pelo local, em direção a porta, todo arrumado.

CHARLOTE: - Nossa! Posso saber qual o motivo de toda essa produção?

DEMÉTRIO: - Não tem produção nenhuma, meu amor. Eu vou apenas encontrar o pessoal no clube.

CHARLOTE: - Ah, só isso?

DEMÉTRIO: - Sim, só isso.

CHARLOTE: - Coisa boa. Então espere cinco minutos, que é o tempo de eu trocar essa blusa, o calçado e/

DEMÉTRIO: - Ei, pra que isso?

CHARLOTE: - Vou com você.

DEMÉTRIO (surpreso): - Como é que é?!

CHARLOTE: - Isso mesmo, querido. Vou com você ao clube, ver o pessoal. Faz tempo aliás, que não vou ao clube.

DEMÉTRIO: - Não acredito que você esteja desconfiando de mim, Charlote?! Eu não vou apostar em cavalos, pode ficar tranquila!

CHARLOTE: - Eu estou tranquila e não estou desconfiando de nada, Demétrio! Eu só quero fazer um programa junto com você, só isso. E também quero rever o pessoal do clube, que faz tempo que não vejo. (saindo) Me aguarde que eu já volto.

DEMÉTRIO: - Mas, Charlote! Charlote!

Charlote sai, sem dar ouvidos. Demétrio não gosta muito da ideia de sair com a esposa.

CENA 16. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Lívia trabalha quando Paulo entra no local.

PAULO: - Lívia?

LÍVIA (surpresa): - Paulo?!

PAULO: - Eu mesmo. Será que nós podemos conversar um instante? É sobre o Tarcísio.

LÍVIA: - Sobre o Tarcísio? Claro. Vamos sentar ali.

Os dois sentam em uma das mesas.

LÍVIA: - O que tem o Tarcísio?

PAULO: - Bem, você sabe que eu ele somos muito amigos e o Tarcísio nunca escondeu nada de mim. Ele me falou que está interessado em você.

Lívia se mostra sem graça.

PAULO: - Não precisa ficar envergonhada, eu não saio por aí espalhando isso, nem o Tarcísio. Ele é reservado. Só comentou comigo porque somos amigos.

LÍVIA: - Acontece que é tudo muito novo pra mim.

PAULO: - Eu entendo. Pra ele também está sendo. Você está trazendo um novo frescor pra vida dele. E eu estou aqui, porque acredito que vocês dois possam ter uma história bonita juntos.

LÍVIA: - Imagina, Paulo! História... Você falando assim até parece que eu e o Tarcísio estamos vivendo uma grande paixão!

PAULO: - E não estão? Ele pensa em você a todo momento, Lívia. (segura a mão de Lívia) Estou aqui como amigo do Tarcísio, mas também como seu amigo. Ele não sabe que eu vim aqui falar com você. Mas eu quero que você saiba que eu estou torcendo pela felicidade de vocês.

LÍVIA: - Obrigada, Paulo! Fico feliz em saber disso.

PAULO: - Então, já que você também está feliz, eu estive pensando, o Tarcísio adora surpresas. Ainda mais de quem ele gosta. Porque você não liga pra ele, mais tarde, depois do serviço, e o convida para jantar hoje à noite?

LÍVIA: - Como é que é?!

PAULO: - Isso! Tarcísio é um gentleman, vai ficar surpreso com o seu convite. Mas irá aceitá-lo, com certeza. Vai ser uma boa oportunidade de vocês estarem juntos.

LÍVIA: - Será mesmo?

PAULO: - Claro, vá por mim. Há um restaurante ótimo nesta rua aqui (entrega para Lívia um papel com endereço). Tarcísio gosta muito desse restaurante. Vá com ele até lá, tenham uma noite maravilhosa, comida e bebida divinas! Clima romântico... Vocês merecem, Lívia!

LÍVIA: - Eu não posso prometer nada, Paulo. Preciso ver se consigo folga hoje à noite, mais uma vez aliás, e ainda considero um pouco apressado esse passo, mas farei o possível. Pode ter certeza.

PAULO: - Tudo bem, eu só quis dar uma ajudinha. Você certamente saberá agir da melhor forma. Só não quero que ele saiba que eu estive aqui. Faz de conta que a ideia foi sua, ok?

LÍVIA: - Ok. Valeu Paulo. Muito obrigada pela força.

Lívia abraça Paulo. Ele com expressão cínica. Os dois se afastam. Ele vai embora. Lívia fica pensativa. Roberto se aproxima.

ROBERTO: - Aquele senhor que foi embora não é o amigo do doutor Tarcísio?

LÍVIA: - Era sim, o Paulo.

ROBERTO: - Não sabia que vocês dois eram tão amigos a ponto de ficar de conversa na mesa do restaurante.

LÍVIA (levanta-se rapidamente): - Desculpe, seu Roberto! Em nenhum momento eu quis abusar!

ROBERTO: - Tudo bem, dessa vez passa. Agora vamos trabalhando, trabalhando.

Lívia se apressa em voltar ao serviço. Roberto a observa.

CENA 17. RUA. EXT. DIA.

Carla caminha pela rua, inquieta. Pega o telefone, liga para Breno. Cena alternada entre eles. Breno no escritório.

CARLA: - Oi Breno.

BRENO: - Oi Carla.

Silêncio.

CARLA: - Não vai falar nada?

BRENO: - Foi você quem me ligou. Acho que é você quem tem que dizer alguma coisa.

CARLA: - É, tem razão. Eu queria saber se você tem um tempo pra gente conversar, mais à noite.

BRENO: - Tenho sim, claro. E onde eu te encontro?

CARLA: - No mesmo barzinho de sempre.

BRENO: - Tá bom. De noite eu to chegando lá.

CARLA: - Obrigada.

Silêncio.

BRENO: - Tá aí?

CARLA: - Tô.

BRENO: - Pensei que tivesse desligado.

CARLA: - Eu tinha pensado a mesma coisa de você.

BRENO: - Então tá. Vou desligar então. Nos falamos à noite.

CARLA: - Tá certo. Até mais.

Silêncio. Carla desliga o telefone. Suspira, segue caminhando pela rua. Breno, no escritório, suspira. Segue trabalhando.

CENA 18. AMARO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Lorena e Tatiana conversam, quando Rafael se aproxima, com uma pequena caixinha de joias.

RAFAEL: - Olá meninas!

LORENA: - Oh, muito obrigada pelo elogio! (risos)

TATIANA: - Ah, Lorena, para! Você tem um corpão que deixa muita menina no chinelo.

LORENA: - Tatiana, assim você me deixa sem graça.

RAFAEL: - Se eu soubesse que um simples oi causaria tanto reboliço, teria pensado duas vezes antes de dizer! (risos)

TATIANA: - Ganhou presente, doutor Rafael?

RAFAEL: - Na verdade, eu vou dar um presente, Tatiana.

Rafael abre a caixa, que guarda as alianças que ele dará para Beatriz.

LORENA (impressionada): - Rafael, são lindas!

TATIANA: - Nunca vi alianças mais lindas na minha vida!

RAFAEL: - São da nossa coleção especial, exclusivas. Vai ficar bem na mão da Beatriz, não vai?

LORENA: - Ah, são para a Beatriz?! Certamente ficarão lindas!

TATIANA: - Desculpa, doutor Rafael, mas essas joias ficam lindas em qualquer mão, até na minha!

RAFAEL: - Bom que vocês gostaram. Eu estava precisando de uma opinião feminina.

LORENA: - Isso quer dizer que teremos noivado à vista?

Rafael sorri, enquanto vai saindo.

TATIANA: - Mas eu nem sabia que ele tava namorando! Mas quem é a sortuda? Essa tal de Beatriz?

LORENA: - É amiga da Vitória. É jornalista, moça bonita. Bom que o Rafael está feliz. Espero que continue assim.

Tatiana concorda com a cabeça.

CENA 19. AMARO. SALA TARCÍSIO. INT. DIA.

Paulo e Tarcísio conversam. O telefone de Tarcísio toca. Tarcísio identifica a chamada. É Lívia.

TARCÍSIO: - Se me permite, Paulo, é uma ligação particular.

PAULO: - Claro. Estarei na minha sala. Qualquer coisa, só chamar.

Paulo sai da sala, encosta a porta, mas fica ouvindo a conversa.

TARCISIO (ao telefone): - Lívia! Que surpresa boa. (T) Um convite? (T) Jantar com você? Nossa, que convite maravilhoso! (T) Sei, claro que sei! Você não vai acreditar, mas eu adoro esse restaurante!

Paulo, ouvindo a conversa, sorri, satisfeito de que seu plano está dando certo.

TARCÍSIO: - Claro, nos encontramos neste horário então. Eu sabia que não iria demorar muito para nós estarmos juntos novamente. (T) Beijo. (desliga o telefone)

Tarcísio está feliz. Paulo sorri, maléfico.

CENA 20. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.

Lívia conversa com Roberto.

ROBERTO: - Mais uma folga, Lívia? Já são duas seguidas!

LÍVIA: - Por favor, seu Roberto! Eu preciso resolver esse assunto, é urgente. Eu prometo que isso não vai mais acontecer.

ROBERTO: - Ih... Se os outros funcionários começam a me pedir folga toda hora? Sei não.

LÍVIA: - Por favor, seu Roberto!

ROBERTO: - Tudo bem. Mas é só mais hoje, hein? Você vai ter que trabalhar umas horas a mais pra cobrir essas folgas todas!

LÍVIA: - Muito obrigada, seu Roberto! O senhor é o melhor chefe do mundo!

ROBERTO: - Sou sim, sou... (saindo)

Lívia comemora.

CENA 21. SHOPPING. INT. DIA.

Vitória para em frente à vitrine de uma loja, quando Mayra se aproxima.

MAYRA: - Escolhendo uma roupa bonita para agradar o namorado é?

VITÓRIA: - Eu não acredito que nem na minha hora de lazer você me deixa em paz.

MAYRA: - Não posso fazer nada se o meu lazer é atrapalhar o seu! Olha que legal!

VITÓRIA: - Vê se me erra, Mayra! (saindo)

MAYRA (fica na frente de Vitória): - Ah, Vitória, já vai? Não vai terminar com a minha diversão logo agora né? Ah, já sei! Liga pro Fabrício pede pra ele vir pra cá também. Vai ser tão legal um programinha nós três, não acha?

VITÓRIA: - Eu acho é que você está querendo levar uns bons tapas na cara e não sabe como.

As vendedoras da loja se mostram um tanto surpresas com a discussão em frente ao estabelecimento.

MAYRA: - Nossa, Vitória! Pra uma moça rica, fina, que estudou nos melhores colégios, você está muito desbocada, viu?

VITÓRIA: - Deve ser a aproximação com você. Só de estar perto, meu corpo suga tudo de ruim que você tem. Aliás, é só isso que você tem mesmo. Coisa ruim, recalque.

MAYRA: - Tá se achando muito né? Pois fique você sabendo que eu não desisti do Fabrício não, tá ouvindo? E que cedo ou tarde, ele vai acordar e se dar conta da burrada que ele fez em estar esse tempo todo com você.

VITÓRIA: - Deixa de ser sonsa, Mayra! Fabrício não está com você porque ele não gosta de gente baixa!

MAYRA (encara Vitória, frente a frente): - Pode escrever, Vitória. O Fabrício ainda vai ser meu. Custe o que custar.

VITÓRIA: - Vai sonhando acordada então. Até porque, isso eu não posso impedir você, de sonhar com ele. Agora, é só você tocar um dedo no meu namorado, que você vai ver do que eu sou capaz.

Vitória se afasta, segue caminhando. Mayra engole a seco a ameaça de Vitória. Ela olha para os lados, percebe as pessoas nas lojas vendo tudo.

MAYRA: - Acabou a diversão gente! Todo mundo trabalhando, vamos lá!

Mayra vai embora, inquieta.

CENA 22. APTO MARILU. QUARTO. INT. DIA.

Marilu, ao telefone, conversa com Paulo.

MARILU: - Tudo confirmado então? (T) Que ótimo! É hoje que aquela vagabunda vai voltar pro inferno! Ela não sabe com quem ela mexeu. Não sabe mesmo, Paulo. (T) sim, já vou agora falar com o Romão. E tu já tá com a grana dele aí né? Pelo menos metade! (T) Tá certo. A gente se fala mais tarde então.

Ela desliga o telefone e se joga sobre a cama, vibra.

MARILU: - É hoje que eu tiro a Lívia da jogada! Tarcísio vai ser meu novamente!

CENA 23. SÃO PAULO. EXT. DIA.

MUSIC ON: Zero – Liniker

Entardecer. O sol vai se pondo. Chega a noite. Corta para.

CENA 24. BARZINHO. INT. NOITE.

Música continua em som ambiente.

Breno está sentado na mesa do bar, ansioso, esperando por Carla, que demora a chegar. De repente, ela entra no local apressada, vai em direção a Breno e o beija apaixonadamente. Em seguida, Carla se afasta, e dá um tapa em Breno.

BRENO (chocado): - Por que isso, sua louca?!

CARLA: - É pra você aprender a não mais me deixar histérica assim, sem saber notícias suas, sem ouvir sua voz. Sentir seu cheiro.

BRENO (puxa Carla): - Então vem cá matar as saudades.

Os dois se beijam, calorosamente. Algumas pessoas que estão no bar ficam surpresas.

CENA 25. APTO BEATRIZ. INT. NOITE.

MUSIC OFF.

A campainha toca. Beatriz abre a porta. É Rafael.

BEATRIZ: - Meu amor! Que surpresa boa!

Os dois se beijam. Ele entra com as mãos para trás, escondendo a caixa das alianças.

BEATRIZ: - Pensei que fosse ficar até mais tarde na empresa. No final nem preparei nada pra gente, porque eu tava sozinha e/

RAFAEL: - Não precisa de nada não. A única coisa que eu quero é que você aceite o que eu tenho pra te oferecer.

BEATRIZ: - O que foi?

Rafael mostra para Beatriz a caixa das alianças.

MUSIC ON: Nua – Ana Carolina

Ela se surpreende. Rafael abre a caixa, revela as joias. Beatriz se emociona.

RAFAEL: - Gostou?

BEATRIZ: - São lindas!

Rafael tira uma das joias e coloca no dedo de Beatriz. Ela faz o mesmo com ele. Os dois se olham, apaixonados.

RAFAEL: - Estamos noivos agora.

BEATRIZ: - Eu te amo, Rafa. Te amo muito!

Os dois se beijam, apaixonadamente.

MUSIC OFF.

CENA 26. RESTAURANTE. EXT. NOITE.

CAM mostra frente de um restaurante. Um carro para em frente ao local. Tarcísio e Lívia descem do veículo e entram no restaurante, clima romântico. Do lado de fora, do outro lado da rua, dentro de um outro veículo, estão Romão, Marilu e Paulo, cuidando tudo.

PAULO: - Chegaram!

ROMÃO: - São aqueles dois ali?

MARILU: - Esses mesmos. É aquela vadia que vai aprender a não mexer com o homem das outras. (odiosa) É hoje Lívia que você vai pagar por acabar com a minha chance de ser rica!

Encerra com Nua – Ana Carolina.

 
     
     

autor
Édy Dutra

elenco
Christine Fernandes como Lívia
Taís Araújo como Marilu
Zé Carlos Machado como Tarcísio
Fábio Assunção como Rafael
Bruno Ferrari como Jonas
Marcos Caruso como Paulo
Renata Domingues como Carla
Júlio Rocha como Breno
Bianca Castanho como Beatriz
Júlia Feldens como Vitória
André Bankoff como Fabrício
Danton Mello como Marcos
Lavínia Vlasak como Isabela
Caco Ciocler como Conrado
Janaína Lince como Sarah
César Mello como Alfredo
Aída Leiner como Inês
Luíza Curvo como Tatiana
Jonathan Haagensen como Plínio
Marco Ricca como Fausto
Sílvia Pfeifer como Lorena
Thaís Vaz como Mayra
Gisele Policarpo como Gisa
Guilherme Leme como Almir
Mônica Martelli como Louise
Sérgio Menezes como Kléber
Cyria Coentro como Nice
Ernesto Piccolo como Moisés
Natália Guimarães como Rita

Atrizes convidadas
Sônia Braga como Elizabeth
Regina Duarte como Rosa
Valquíria Ribeiro como Adriana
Ângela Leal como Agda
Mila Moreira como Charlote
Denise Del Vecchio como Onira
Beatriz Segall como Wanda
Arlete Salles como Alaíde

Atores convidados
Gracindo Júnior como Demétrio
Rodrigo Santoro como Henri
Juan Alba como Alexandre
Nill Marcondes como Eduardo
Roberto Bonfim como Roberto
Floriano Peixoto como Jorge

Participações especiais
Dudu Azevedo como Romão
Elisa Lucinda como Cidália
Antonio Pitanga como Tenório
Vanessa Lóes como Clair
Alexandre Slaviero como Hugo
Lui Mendes como Pereira

Trilha Sonora
Pra rua me levar
Ana Carolina (abertura)
Zero – Liniker
Nua – Ana Carolina

Produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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