CENA 01. RESTAURANTE. EXT. NOITE.
Continuação do capítulo
anterior. Do lado de fora, do outro lado da rua, dentro de um carro, estão
Romão, Marilu e Paulo, cuidando tudo. Eles observam Tarcísio e Lívia
entrando no restaurante.
PAULO:
- Chegaram!
ROMÃO:
- São aqueles dois ali?
MARILU:
- Esses mesmos. É aquela vadia que vai aprender a não mexer com o homem das
outras. (odiosa) É hoje Lívia que você vai pagar por acabar com a minha
chance de ser rica!
ROMÃO:
- Mas a moça é bonita mesmo.
MARILU:
- Ela é uma desgraçada. Vai ter o que merece. Você sabe bem o que fazer, não
é, Romão?
ROMÃO:
- Claro que eu sei. Deixa comigo.
PAULO:
- A gente só precisa ter paciência pra esperar eles irem embora.
CENA 02. NOVA YORK. APTO ELIZABETH. QUARTO. INT. NOITE.
Elizabeth sai do banho, de
roupão, enxugando os cabelos. Eduardo está analisando uns documentos,
recostado na cama. Elizabeth senta-se, o encara. Eduardo percebe.
EDUARDO:
- O que foi?
ELIZABETH:
- Eu estava pensando numa coisa. Quero te fazer uma pergunta, mas preciso
que você seja sincero comigo.
EDUARDO (focado nos papéis): - Pode fazer.
ELIZABETH:
- Pode pelo menos prestar atenção em mim?
EDUARDO (deixa os papéis de lado): - Estou todo ouvidos.
ELIZABETH:
- Porque você não quis que a Inês soubesse que estamos juntos aqui em Nova
York?
Eduardo se surpreende.
ELIZABETH:
- Ela é minha amiga, sua irmã. Não vejo motivos para esconder isso dela.
EDUARDO:
- Acontece que/
ELIZABETH:
- Ah, tem mais uma pergunta. Por que você foi embora do Brasil, justo quando
sua irmã e o Alfredo mais estavam precisando de ajuda?
CLOSE-UP em Eduardo,
encurralado.
ELIZABETH:
- Vamos Eduardo, responde! Não gosto de perguntar as coisas e ter o silêncio
como resposta.
EDUARDO:
- Acontece que você veio me bombardeando de perguntas, me pressionando.
Disso eu também não gosto.
ELIZABETH:
- Eu apenas fiz duas perguntas.
EDUARDO:
- Você veio fazendo um interrogatório, Beth. (levanta-se da cama) Parece até
que tá desconfiada de mim.
ELIZABETH:
- Não, Eduardo, não é isso! É que eu/
EDUARDO:
- Olha só, Beth, vamos deixar essas perguntas para outra hora. Eu vou tomar
um banho, deitar, descansar. Amanhã tenho um dia longo, reuniões de negócio,
preciso estar disposto. (se aproxima de Beth, a beija e sai)
Elizabeth fica pensativa.
CENA 03. PENSÃO BEM-QUERER. QUARTO JONAS. INT. NOITE.
Jonas se arruma para sair,
inquieto. Oscar entra.
OSCAR:
- Jonas, o jantar tá servido, não vai... (presta atenção) Vai sair?
JONAS:
- Vou atrás da Lívia.
OSCAR:
- O quê?
JONAS:
- Eu vou atrás da Lívia, pai. Ela não pode ficar com aquele cara.
OSCAR:
- Mas calma aí, Jonas! Vai atrás da Lívia aonde?
JONAS:
- Ela foi jantar com aquele cara cheio da grana, que tá arrastando asa pra
ela. Mas ela não pode ficar com ele. Eu vou lá e vou mostrar pra ela que eu
que mereço o amor dela.
OSCAR:
- Mas meu filho, a Lívia fez a escolha dela. Deixa ela ser feliz!
JONAS:
- Ela vai ser iludida, pai. Eu sei! Ele só tá com ela pra mostrar que é
poderoso. Eu duvido que ele sinta um amor tão grande quanto eu sinto por
ela. E eu vou provar isso.
Jonas se mostra firme.
Oscar apreensivo.
CENA 04. APTO MARCOS. COZINHA. INT. NOITE.
Onira ajeita os últimos
detalhes do jantar. Está ansiosa para conhecer a nora. De repente, escuta a
voz de Marcos na sala.
ONIRA:
- Eles chegaram!
Onira ajeita o cabelo, se
arruma. CAM acompanha seu trajeto da cozinha até chegar a SALA DE ESTAR,
ONIRA:
- Que bom que chegaram!
Onira muda de expressão ao
ver Adriana.
MARCOS:
- Demoramos um pouco por causa do trânsito.
ADRIANA:
- São Paulo é fluxo tremendo.
MARCOS:
- Mãe, essa aqui é a Adriana, minha namorada. Adriana, minha mãe, Onira.
ADRIANA (simpática): - Prazer!
Adriana estende a mão à
Onira, que fica sem reação. Marcos estranha.
MARCOS:
- Mamãe! Adriana está te cumprimentando.
ONIRA:
- Ah, desculpe, querida! Fiquei um tanto zonza. (se apoia no sofá)
ADRIANA:
- Zonza? Está se sentindo bem?
ONIRA:
- Estou sim. Acho que foi só uma vertigem.
MARCOS:
- Não é melhor a senhora sentar?
ADRIANA:
- Também acho melhor.
Adriana vai ajudar Onira,
mas esta se afasta.
ONIRA:
- Não, não precisa! Obrigada. Eu vou lá dentro, tomar um copo d’água.
MARCOS:
- Não quer que a Adriana te ajude, mãe? Ela é médica, sabe lidar/
ONIRA:
- Não, Marcos, eu já disse que não precisa. Eu vou lá dentro, bebo água.
Vocês já podem ir pra sala de jantar. Eu já vou servir.
Onira sai. Marcos se
mostra surpreso com a atitude dela.
MARCOS:
- nunca vi minha mãe assim. Ficou pálida, de repente.
ADRIANA:
- Pode ter sido uma vertigem mesmo. É muito frequente isso?
MARCOS:
- Não, ela nunca me falou nada. Bem, mas se ela disse que está melhor, é
porque está. Minha mãe não é de ficar enrolando. Então, seja bem-vinda ao
meu cantinho.
ADRIANA:
- Muito bonito, por sinal.
MARCOS:
- Bom, vamos lá pra sala de jantar, que eu também estou morrendo de fome.
Marcos leva Adriana para
sala de jantar.
CORTA PARA
CENA 05. COZINHA. INT.
NOITE.
Onira arrasada.
ONIRA (a si mesma): - Não pode ser! Não! (vai até um crucifixo
na parede) Por quê?! O Senhor sabe que eu lutei tanto para que isso não
acontecesse! (se afasta, está confusa) Uma negra! Negra! Meu filho está
namorando uma negra! Eu não posso deixar que isso prossiga, não posso! (vai
saindo da cozinha decidida, mas para, pensa) Não... Brigar agora vai ser
pior. Calma Onira... Você vai saber lidar com isso. E com certeza, o Marcos
não ficará com essa mulher. Ele há de ter coisa melhor na vida.
Vai até a pia, lava o
rosto, seca no pano de prato, se recompõe. Vai até o forno, retira o assado.
ONIRA:
- Eu poderia cuspir na comida dela, mas não. Se ela faz qualquer macumba, eu
estou perdida.
Onira sai, levando o
assado.
CENA 06. RESTAURANTE. INT. NOITE.
Tarcísio e Lívia jantam.
TARCÍSIO:
- Você acertou em cheio me convidando para jantar aqui. Eu adoro esse
restaurante.
LÍVIA:
- Que bom que acertei então! (risos)
TARCÍSIO:
- O Roberto que não me ouça. Eu gosto do Europa-Brasil, é o que tem de mais
sofisticado na área gastronômica aqui em São Paulo. Mas este aqui, ele me
traz lembranças especiais.
LÍVIA:
- Que tipo de lembranças?
TARCÍSIO:
- Eu não fui rico quando criança, adolescente. Então sempre que juntava
algum dinheiro, com muito suor, meu pai vinha jantar comigo aqui. Ele era
pedreiro. Não podíamos nos dar o luxo de frequentar lugares caros, comprar
roupas de marca, mas esse restaurante, a gente sempre vinha. Pelo menos uma
vez por mês.
LÍVIA:
- Que lindo isso, Tarcísio. Valorizar as coisas não pelo material, mas pelo
valor afetivo que ela te traz, é muito nobre da sua parte.
TARCÍSIO:
- E mesmo depois de casado, de ter virado esse homem de negócios, eu nunca
deixei de vir aqui. Por isso essa euforia com o seu convite. (risos)
LÍVIA:
- Eu é que fico feliz em saber que estou te dando uma emoção tão boa de
viver.
TARCÍSIO:
- Você está me dando tanta coisa boa, Lívia. (segura a mão dela) Só a sua
presença, já me deixa pra lá de feliz. Com você eu estou tendo a
oportunidade de ver a minha vida mais leve, um mundo mais colorido, com mais
graça de viver, com o coração sempre nas alturas, o pensamento sempre em
você.
Os dois trocam olhares
profundamente. Aos poucos, se aproximam, se beijam carinhosamente. De
repente, a pedra do colar de Lívia brilha. Após o beijo, Tarcísio percebe o
brilho da pedra, que lhe chama a atenção.
TARCÍSIO:
- Mas que coisa fantástica! Esse seu colar é algo único! Nunca vi nada igual
antes. E essa pedra... Não me recordo de ter visto alguma pedra assim, com
esse brilho tão intenso.
LÍVIA:
- É estranho, porque não lembro também de ver ela brilhando assim, tão
forte.
TARCÍSIO:
- Será que é um sinal?
LÍVIA:
- Mas sinal de quê?
TARCÍSIO:
- Do nosso amor, que está crescendo e que vai nos trazer muita felicidade
pra gente a partir de hoje.
Lívia sorri. Os dois
voltam a se beijar.
CENA 07. RESTAURANTE. EXT. NOITE.
Romão se prepara para
atacar Tarcísio e Lívia. Ele está fora do carro. Abre uma pequena bolsa. CAM
foca uma arma. Marilu e Paulo estão dentro do carro.
MARILU:
- Você não esqueceu o que tem que fazer, não é Romão?
ROMÃO:
- Tu falando assim parece até que não me conhece, Marilu!
PAULO: -
Ela tá nervosa, Romão.
MARILU:
- É a minha chance de ficar de vez com o Tarcísio e tirar a sonsa do meu
caminho. Nada pode dar errado, gente. Nada!
CENA 08. CASA ROSA. QUARTO. INT. NOITE.
Rosa está deitada em sua
cama, dormindo. Está inquieta, como se tivesse um pesadelo. Acorda de
repente. Não sente-se confortável.
ROSA:
- Que sensação estranha!
Rosa percebe a janela
aberta. Se levanta, vai até a janela para fechá-la. Um vento sopra forte,
Rosa se assusta.
ROSA:
- Alguma coisa vai acontecer... (aflita) O que vai ser agora, meu Deus?
CENA 09. PENSÃO BEM QUERER. SALA / SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Jonas desce as escadas
apressado. Oscar desce em seguida.
OSCAR:
- Jonas, espera!
Jonas sai, sem dar
ouvidos. Da sala de jantar onde também estão Tatiana e Pedro, Alaíde vê a
movimentação.
ALAÍDE:
- O que foi Oscar?
OSCAR (entra na sala de jantar): - Jonas, saiu.
ALAÍDE:
- Saiu pra onde?
OSCAR:
- Foi atrás da Lívia.
TATIANA:
- Atrás da Lívia é? Hummm
ALAÍDE:
- Hummm o quê, Tatiana? Pode continuar com o jantar aí.
PEDRO:
- Foi falar com a minha mãe?
ALAÍDE:
- Não, Pedrinho, não foi. O tio Oscar se enganou de nome. (faz sinal para
Oscar evitar o nome de Lívia)
Oscar senta-se à mesa, ao
lado de Alaíde.
OSCAR (cochicha): - Ele está apaixonado por ela.
ALAÍDE:
- Ai ai ai... Mas ela saiu toda bonitona, que ia jantar fora e tudo!
OSCAR:
- Pois é, ele disse que ia atrás dela, impedir tudo.
ALAIDE:
- Mas o Jonas ficou louco, foi?! Se metendo assim na vida da moça?
TATIANA:
- Ué, dona Alaíde! O coração a gente não controla não. O amor faz a gente
fazer loucuras!
ALAÍDE:
- Louca quem vai ficar sou eu daqui a pouco, com essa história toda. Só
espero que o Jonas não faça nenhuma besteira.
CENA 10. APTO MARCOS. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Onira tenta esconder o mal
estar com a presença de Adriana. Marcos e Adriana conversam animados, Onira
parece estar longe.
MARCOS:
- Aí a mamãe gritou: “Não Marcos, larga a tanga da vizinha!” (risos)
ADRIANA:
- Mas você era mesmo levado, hein! (risos)
MARCOS:
- É, eu aprontava um pouco sim.
ADRIANA:
- Um pouco? Pelo o que eu pude perceber, sua mãe passou trabalho com você
quando criança.(risos)
MARCOS:
- Ah, nem teve nada, né mamãe?
Onira longe, nem tocou na
comida.
MARCOS:
- Mamãe, a senhora não disse uma palavra até agora. Nem tocou na comida.
ADRIANA:
- Está se sentindo bem, dona Onira?
ONIRA:
- Estou sim. Só estava com o pensamento longe.
MARCOS:
- E posso saber no que estava pensando?
ONIRA (encara Adriana): Estava pensando em como meu filho pode
arranjar uma namorada tão... Tão...
Adriana fica atenta.
Marcos também.
ONIRA (falsa): - Tão bonita e de alma boa como você, Adriana. Ele é
realmente um homem de sorte.
ADRIANA (simpática): - Obrigada, dona Onira, pelos elogios. Eu
é que tive a sorte de conhecer o Marcos e poder compartilhar dessa alegria
dele aqui hoje, com você também. Muito obrigada pela acolhida.
MARCOS:
- Isso merece um brinde!
Os três pegam suas taças
(de vinho).
MARCOS:
- Um brinde a Deus, pela oportunidade de estarmos aqui, reunidos. À você
mamãe, que é tudo que eu tenho na vida. À você Adriana, que está me
ensinando o que é o amor de verdade e que eu também quero ter do meu lado
pra sempre.
ADRIANA:
- E a você, Marcos, por ser esse namorado especial/
ONIRA:
- E esse filho adorado!
MARCOS:
- Viva!
Os três brindam. Marcos e
Adriana bebem em clima romântico. Onira fita Adriana, com olhar falso, toma
um gole do vinho.
CENA 11. RESTAURANTE. EXT. NOITE.
Tarcísio e Lívia saem do
estabelecimento. Do outro lado da rua Paulo e Marilu seguem à espreita.
Romão se esconde atrás do carro deles.
PAULO:
- Estão saindo!
MARILU:
- Vai lá, Romão! Agora!
Romão se afasta. CAM
detalha em cima do carro uma máscara que ele esquece. Sai.
PAULO:
- Ele não vai esconder o rosto?
MARILU:
- Mas que droga! Eu sabia que ele ia fazer coisa errada!
PAULO:
- Vamos torcer que dê certo! Calma!
MARILU:
- Eu só vou me acalmar quando estiver com o Tarcísio nos meus braços.
Tarcísio e Lívia caminham
pela rua, pouco movimentada, em direção ao carro, quando Romão os ataca.
ROMÃO:
- Vamos parar aí! Agora!
TARCÍSIO (vira-se): - O que foi?!
Romão saca a arma, mira em
Tarcísio.
ROMÃO:
- É um assalto, coroa!
LÍVIA (aflita): - Tarcísio, cuidado!
ROMÃO (a Lívia): - É esse aqui, né, chefia? É esse o ricaço que você
pediu pra eu pegar, né?
TARCÍSIO:
- Do que você está falando?
LÍVIA:
- Eu não sei do que você está falando!
ROMÃO:
- Como não? A gente combinou tudo! Você trazia o ricaço pra cá e depois a
gente agia! Foi assim que a gente armou!
LÍVIA:
- Eu nunca falei com você! Não armei nada! É mentira! Tarcísio, chama a
polícia!
ROMÃO:
- Quer dar pra trás agora é, mulher? Não quero saber, eu quero a minha grana
que você prometeu!
Tarcísio pra cima dele. Os
dois duelam, enquanto Lívia aflita, fica sem reação. Dentro do carro, Paulo
e Marilu também estão apreensivos.
PAULO:
- E agora?! Tarcísio tá brigando com ele!
Tarcísio tenta tirar a
arma de Romão, mas não consegue. Romão acaba disparando contra Tarcísio, que
cai no chão, ferido no tórax. Lívia se apavora. No carro, Paulo e Marilu se
surpreendem.
MARILU:
- Não!
PAULO:
- Tarcísio caiu.
Lívia se aproxima de
Tarcísio, que está caído, fraco.
LÍVIA (aflita): - Tarcísio, querido! Fala comigo, pelo amor de Deus!
TARCÍSIO (fraco): - Eu salvei você.
ROMÃO (apreensivo): - Droga!
Romão sai correndo. No
carro, Paulo e Marilu conversam.
MARILU:
- Aquele desgraçado do Romão fez tudo errado! Ele atirou no Tarcisio, Paulo!
PAULO:
- Eu vou lá ver como ele tá!
MARILU:
- Não! Vai estragar ainda mais o plano!
PAULO:
- Mas eu preciso ir lá saber como o Tarcísio está. Sei lá, eu invento que
estou passando por aqui, qualquer coisa.
Paulo desce do carro.
Marilu também.
PAULO:
- Onde você vai?!
MARILU:
- Vou com você! Não posso ficar sem saber como Tarcísio está!
PAULO:
- Deixa de ser louca! Eu vou lá sozinho! Não vem atrás de mim, ouviu? Não
vem!
Paulo se afasta. Marilu,
um tanto aflita, fica do lado de fora do carro. Paulo se aproxima de Lívia e
Tarcísio.
PAULO:
- Tarcísio! Lívia!
LÍVIA:
- Paulo! Você aqui!
PAULO:
- Eu estava passando por aqui quando ouvi um barulho. Meu Deus, ele precisa
ser levado para um hospital!
LÍVIA:
- A gente foi assaltado agora, Paulo! O Tarcísio levou um tiro! Ele não pode
morrer, Paulo! Por favor, ajuda ele!
PAULO:
- Calma, eu vou chamar a ambulância. (se afasta)
LÍVIA (com Tarcísio nos braços): - Meu amor, vai ficar tudo bem.
Tarcísio já não responde.
Nesse instante, Jonas vai chegando próximo ao local. Ele olha do outro lado
da rua, vê Marilu atrás do carro, observando atenta. Ela não o percebe.
Jonas segue até encontrar Lívia e Tarcísio.
JONAS:
- Lívia!
LÍVIA:
- Jonas!
JONAS:
- O que aconteceu?!
LÍVIA:
- Uma tragédia, Jonas! Uma tragédia!
PAULO
(se aproxima): - Os médicos já estão chegando. Eu vou avisar os
familiares dele.
LÍVIA:
- Obrigada, Paulo!
Jonas olha para trás, para
ver se enxerga Marilu novamente, mas não a vê. Ele então se aproxima de
Lívia, a consola, enquanto Paulo está ao telefone. CAM vai se afastando,
abrindo plano da rua pouco movimentada, Lívia com Tarcísio nos braços.
CENA 12. APTO BEATRIZ. QUARTO. INT. NOITE.
Rafael e Beatriz estão
deitados na cama, sob os lençóis. Beatriz está radiante, exibindo a aliança
de noivado. De repente, o celular de Rafael toca.
BEATRIZ:
- Quem será?
RAFAEL:
- Pois é, também não sei. (pega o celular, vê o número de Paulo) É o Paulo.
BEATRIZ:
- Tratando de negócios agora?.
RAFAEL: -
Vou ver. (ao telefone) Fala Paulo. (T) O que foi? (T) (chocado) Como é que
é?!
BEATRIZ:
- O que foi Rafa?
RAFAEL (ao telefone): - Eu to indo pra lá agora! (desliga
telefone / levanta-se apressado)
BEATRIZ:
- Me fala Rafael, o que aconteceu pra você ficar assim, aflito?
RAFAEL (vestindo-se): - Meu pai, Beatriz, foi vítima de um
assalto, parece que foi ferido, tá no hospital. Eu preciso ir lá agora.
BEATRIZ (levantando-se): - Eu vou com você!
RAFAEL:
- Preciso avisar a Vitória, a vovó...
BEATRIZ:
- Eu vou trocar de roupa.
Beatriz vai para o
banheiro, enquanto Rafael pega o telefone e liga para Vitória.
RAFAEL (ao telefone): - Alô, Vitória? Preciso muito falar com
você.
A conversa segue fora do
áudio.
CENA 13. BARZINHO. INT. NOITE.
Carla e Breno conversam,
sentados à mesa do bar.
CARLA:
- Coisa boa poder ficar aqui com você, curtindo esse barzinho, clima
agradável.
BRENO:
- Eu também to gostando. Poderíamos ter feito isso mais vezes, se você não
ficasse fugindo de mim.
CARLA:
- Eu, fugindo de você?
BRENO:
- Fugindo sim! Eu até hoje não entendi o motivo de você ter ido embora da
festa da revista naquela noite.
CARLA (inventa): - Ah, Breno, eu tava um pouco insegura.
BRENO:
- Mas insegura por quê?
CARLA:
- Por quê?
BRENO:
- É Carla, por quê?
CARLA:
- Ah, porque... Porque...
BRENO:
- Insegura, indecisa. Deve estar pensando na resposta bem convincente pro
trouxa aqui acreditar.
CARLA:
- Não, Breno! Não diga isso! Não estou e nem quero enganar você!
BRENO:
- Tô sabendo.
CARLA:
- É sério! E eu me senti insegura sim. Com medo de não dar conta do recado,
de te envergonhar/
BRENO:
- Me envergonhar do que?
CARLA:
- Na festa! Eu nunca tinha ido numa festa tão chique assim! Pra falar a
verdade, me achei feia perto daquelas mulheres bem vestidas, todo mundo
elegante e eu naqueles trapos. Não quero que você se envergonhe de mim.
BRENO:
- Que bobagem, Carla! Eu não sinto uma ponta de vergonha de você. Você é
linda, simpática, carinhosa quando acha que deve ser/
CARLA:
- Olha aí, já implicou! Assim não dá pra/
BRENO:
- Calma mulher! Sempre tem um motivo pra perder a paciência. Eu acho que sei
o que posso fazer pra você deixar essa insegurança e esse pavio curto de
lado.
CARLA:
- O quê?
MUSIC ON:
Zero - Liniker
Breno beija Carla por um
tempo. Os dois muito envolvidos. Ele vai desfazendo o beijo, porém, continua
próximo dela. Cochicha em seu ouvido.
BRENO:
- Tem um lugar bem bacana pra gente ficar mais à vontade. Tá afim?
CARLA (empolgada): - Eu estou. Vamos.!
Breno abre um sorrisão.
Deixa o dinheiro da conta na mesa e os dois saem, em clima romântico.
MUSIC OFF.
CENA 14. CASA FAUSTO. QUARTO LORENA. INT. NOITE.
Lorena lê um livro,
deitada na cama. A TV ligada tira sua atenção do livro ao passar no
telejornal a notícia do assalto. Lorena presta atenção, fica chocada ao
ouvir o nome de Tarcísio na reportagem.
LORENA:
- Meu Deus! Doutor Tarcísio!
JORNALISTA (NA TV): - O empresário foi ferido por um tiro e levado às
pressas para o hospital. Dentro de instantes, traremos mais notícias sobre o
caso.
Lorena, aflita, pega o
telefone.
LORENA (discando): - Preciso falar com o Fausto!
CENA 15. BUENOS AIRES. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. NOITE.
Um telefone toca
insistentemente. CAM passeia pelo ambiente extremamente sofisticado até
chegar em Fausto e a garota de programa que estão dormindo na cama, abraços,
envoltos pelos lençóis. PLANO DETALHE do celular de Fausto tocando. O casal
não acorda.
CENA 16. APTO MARCOS. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Marcos, Adriana e Onira na
sala de jantar. O celular de Marcos toca.
MARCOS (olha a chamada): - É o Rafa. (atende) Fala Rafael! (T) O
que foi cara? Que voz é essa? (T) Como é que é?! (T) Minha nossa! Pra onde
levaram ele?
ONIRA:
- O que será que houve?
ADRIANA:
- Parece ser coisa séria.
MARCOS (ao telefone): - Pode deixar, to indo pra lá. Abraço
cara, vai ficar tudo bem. (desliga)
ADRIANA:
- O que foi Marcos?
MARCOS:
- O pai do Rafa, foi vítima de um assalto, parece que foi atingido, ta indo
pro hospital. Eu preciso ir lá dar uma força pro Rafael.
ADRIANA:
- Claro, eu vou com você!
ONIRA:
- Faz bem, meu filho. O Rafael é seu amigo, está precisando de você mesmo.
Marcos e Adriana
levantam-se da mesa. Adriana se aproxima de Onira para beijá-la, mas Onira
se esquiva indo atrás de Marcos. Adriana percebe a desfeita da outra, mas
não fala nada. Marcos beija Onira e sai, seguido de Adriana. Onira volta
para sala de jantar. Pega a louça utilizada por Adriana e se retira.
CORTA PARA
CENA 17. COZINHA. INT. NOITE.
Onira joga a louça no
cesto de lixo.
ONIRA:
- Nestes pratos eu não toco mais.
Encaminha-se para a pia,
onde lava as mãos.
CENA 18. RUA. EXT. NOITE.
Marilu caminha apressada
pela rua, quando é abordada por Romão.
ROMÃO (segura o braço dela): - Espera!
MARILU (soltando-se): - Ai, me solta! O que você ta fazendo
aqui?! A polícia ta rondando o bairro!
ROMÃO: -
Eu sei, mas eu preciso falar com você! Quero o meu dinheiro!
MARILU:
- Que dinheiro? Você fez tudo errado!
ROMÃO:
- Não interessa! Eu quero o meu dinheiro!
MARILU:
- Interessa sim! Você errou, não era pra ninguém sair ferido, muito menos o
Tarcísio! Agora ele pode ta entre a vida e a morte, por culpa sua!
ROMÃO (aperta ela): - Ou você me dá o dinheiro ou/
MARILU:
- Ou o quê? Vai tentar me matar, é? Sim, porque só vai tentar, já que você
não consegue fazer nada direito mesmo. Até quando a gente namorava, você
falhava na cama! (ri debochada) Incompetente!
Ouve-se as sirenes da
polícia. Romão empurra Marilu, fica atento, prestes a fugir.
ROMÃO:
- Você vai ver, Marilu. Eu vou voltar pra pegar o meu dinheiro. Você vai me
pagar!
MARILU:
- Eu vou esperar sentada, queridinho.
ROMÃO (sai correndo): - Pode esperar!
Marilu observa Romão
fugir, por um instante.
MARILU:
É melhor eu me mandar daqui também.
Ela segue caminhando
apressada pela rua.
CENA 19. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Paulo, Jonas, Lívia
aguardam. Lívia aflita, Jonas a consola, estão mais afastados. Jornalistas
já cercam o local, Paulo tenta mantê-los afastados com a ajuda de seguranças
do hospital, mas não tira o olho de Lívia. Rafael e Beatriz chegam em
seguida, vão ao encontro de Paulo.
RAFAEL:
- Onde tá meu pai?!
PAULO:
- Calma Rafael/
RAFAEL (aflito): - Eu quero saber do meu pai, Paulo! Onde ele está?!
PAULO:
- Ele está na emergência. Vai ser operado daqui a pouco.
BEATRIZ:
- Ele está muito ferido?
PAULO:
- Tiro no tórax. Os médicos vão tentar fazer o possível e o impossível pra
salvar o Tarcísio.
Vitória chega com Agda.
Juntam-se ao grupo. Vitória abraça Rafael.
VITÓRIA (chora): - Rafa, o papai!
RAFAEL:
- Ele vai sair dessa, Vitória.
BEATRIZ:
- Vamos rezar que tudo vai ficar bem.
AGDA:
- Mas onde ele estava quando aconteceu tudo isso?
PAULO:
- Saindo de um restaurante. Coincidentemente eu estava passando por ali,
quando vi o assaltante fugindo e o Tarcísio caído no chão.
AGDA:
- Eu nunca fui com a cara do Tarcísio, mas espero que ele se recupere.
Alfredo e Inês, driblando
os jornalistas, entram na sala.
INÊS:
- Viemos o mais rápido possível.
PAULO:
- Quem chamou vocês?
VITÓRIA:
- Eu liguei para a Inês.
AGDA (a Inês): - Chegou a falar alguma coisa para a Beth?
INES:
- Não Agda, nem tive tempo.
AGDA:
- Melhor assim, vamos esperar notícias dos médicos. Depois a avisamos.
Um segurança se aproxima.
SEGURANÇA:
- Os jornalistas estão insistentes. Querem algum pronunciamento da família.
RAFAEL:
- Eu posso ir.
ALFREDO:
- Não, Rafa, se poupe. Eu, como advogado da família, posso ir responder as
perguntas. Não podemos expor demais tudo isso.
BEATRIZ:
- Embora seja um pouco tarde né, a imprensa em peso está aqui.
ALFREDO:
- Deixa comigo, eu falo com os jornalistas.
INÊS:
- Eu posso ir com você, Alfredo.
ALFREDO:
- Não, fique aqui, Inês, dando apoio a eles.
Alfredo se afasta, junto
com o segurança, se aproxima do grupo de jornalistas. CAM os segue.
ALFREDO:
- Gente, calma, por favor! Estamos dentro de um hospital, é preciso
silêncio. Eu sou advogado do doutor Tarcísio e estou aqui para responder às
perguntas de vocês. Mas de forma organizada, por favor.
Enquanto Alfredo conversa
com os jornalistas, Agda nota a presença de Lívia e Jonas no local.
Aproxima-se de Paulo.
AGDA: -
Quem são esses dois?
PAULO:
- Aquela moça estava com o Tarcísio no restaurante.
AGDA:
- O quê?!
PAULO:
- Isso mesmo. Tudo leva a crer que os dois estavam juntos na hora do crime.
AGDA:
- Então ela é a amante do Tarcisio... A responsável pela ruína do casamento,
pela tristeza da Beth. (se afasta)
Paulo observa, de longe.
Agda se aproxima de Jonas e Lívia.
AGDA:
- É muita audácia da sua parte ficar aqui dentro, com a família dele.
LÍVIA (sem entender): - Como é?
AGDA:
- Ah, não entendeu, sua ordinária? Então eu vou ser mais clara. Você e seu
michezinho, saiam daqui. Agora!
Lívia e Jonas se mostram
chocados. Agda os encara, fria e firme.
Encerra com Nua
– Ana Carolina |
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