CENA 01. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Continuação do
capítulo anterior. Agda destrata Jonas e Lívia.
AGDA:
- É muita audácia da sua parte ficar aqui dentro, com a família dele.
LÍVIA (sem entender): - Como é?
AGDA:
- Ah, não entendeu, sua ordinária? Então eu vou ser mais clara. Você e seu
michezinho, saiam daqui. Agora!
Lívia e Jonas se
mostram chocados.
AGDA:
- Andem logo! Saiam daqui!
LÍVIA:
- Mas pra quê falar desse jeito com a gente?
JONAS:
- A senhora não nos conhece pra nos falar essas coisas! Nós somos gente de
bem!
AGDA:
- Gente de bem... Pensam que me enganam?
LÍVIA:
- Não estamos enganando ninguém. Só estamos aqui para ajudar um amigo
querido.
AGDA:
- Amigo? Não venha com essa história pra cima de mim, sua falsa,
oportunista. É a última vez que eu vou falar. Saiam vocês dois daqui, agora!
Paulo se aproxima.
PAULO:
- Agda, por favor!
AGDA:
- Paulo! Eu não posso admitir uma coisa dessas!
PAULO:
- Deixa, eles estão aqui, no canto deles. Vamos evitar escândalos, por
favor!
AGDA:
- Está bem, se você diz. E pensando bem, é melhor mesmo evitar escândalos.
(a Jonas e Lívia) Para vocês, que fique bem claro. Não cheguem perto da
minha família, estão me ouvindo?
JONAS:
- Pode deixar que ninguém vai perturbar vocês.
AGDA:
- Assim espero. (a Paulo) Vamos Paulo.
Agda se afasta.
LÍVIA:
- Paulo, porque ela nos tratou assim? Nem conhecemos essa mulher!
PAULO:
- Ela só está nervosa, aflita com tudo isso. Com licença, eu preciso ir lá.
Paulo se retira.
JONAS:
- De onde você conhece esse cara?
LÍVIA:
- Ele é amigo do Tarcísio. Vou tentar falar com a Carla! Preciso falar com
minha amiga.
Jonas e Lívia
seguem conversando. De longe, são avistados por Alfredo, que observa Lívia
atentamente.
CENA 02. MOTEL. INT. NOITE.
Em cortes
descontínuos: Carla e Breno aos beijos na cama do motel. Clima de romance.
Os dois estão entregues ao desejo. CAM detalha as carícias, os beijos
calorosos.
CENA 03. HOSPITAL. INT. NOITE.
Marcos e Adriana
chegam.
MARCOS:
- Rafael!
RAFAEL:
- Marcos!
Os dois se abraçam.
MARCOS:
- Eu vim o mais rápido que eu pude.
RAFAEL:
- Desculpa atrapalhar seu compromisso.
MARCOS:
- Imagina, numa situação como essa... Essa aqui é a Adriana, minha namorada.
Adriana, esse é o Rafael, meu amigo e sua namorada, Beatriz.
BEATRIZ:
- Noiva. Eu sou noiva dele. Prazer, Adriana.
ADRIANA:
- Prazer. Pena não ser uma oportunidade tão alegre pra gente se conhecer.
MARCOS:
- Mas como foi isso, o que aconteceu?
CAM desvia para
Lorena que chega e se aproxima de Vitória e Fabrício.
LORENA:
- Vitória, minha querida!
VITÓRIA:
- Oi Lorena.
LORENA:
- Eu vi agora a pouco na televisão! Que horror!
VITÓRIA:
- Foi horrível receber a ligação do Rafa, Lorena. Eu estou com muito medo.
FABRÍCIO (abraça Vitória): - Calma, meu amor. Vai dar tudo certo.
LORENA:
- Isso mesmo. Eu sei que é difícil, mas fica calma, Vitória. Vai ficar tudo
bem. Fabrício, cuida bem dela.
FABRÍCIO: -
Pode deixar dona Lorena.
LORENA:
- Vou ver se consigo falar com o Fausto novamente. Ele está na Argentina.
Lorena se afasta
para telefonar. Fabrício abraça Vitória, confortando a namorada.
CENA 04. HOSPITAL. CENTRO CIRÚRGICO. INT. NOITE
A equipe médica
opera Tarcísio. Clima tenso, pois a operação é de emergência. CAM foca o
rosto de Tarcísio, sedado e respirando com ajuda de aparelhos.
CENA 05. APTO MARILU. SALA. INT. NOITE.
Marilu anda de um
lado a outro, bebendo um copo de wiski. Ela se irrita jogango o copo na
parede, que quebra. A vizinha do apartamento do lado reclama do barulho.
VIZINHA (off): - Olha o barulho a essa hora da noite!
MARILU (grita): - Vai te catar, velha infeliz!
Marilu senta-se no
sofá.
MARILU (aflita): - Ele não pode morrer. Se isso acontecer, o Romão me
paga! Ah, mas é tudo culpa daquela desgraçada da Lívia. Ela também vai pagar
por tudo isso. Ah, vai!
O celular de Marilu
toca. Ela vê a chamada, é Henri. Ela não atende, faz pouco caso.
CENA 06. AGE AQUÁRIOUS. SALÃO. INT. NOITE.
Grande movimento na
boate. Henri chateia-se por não conseguir falar com Marilu. Sarah se
aproxima.
SARAH:
- O que foi chefe?
HENRI:
- A Marilu, não me atende. Há dias que tento falar com ela e não consigo.
SARAH (irônica): - Ah, não me diga? Será que é porque ela está
mostrando a verdadeira face de sugadora de energia, que depois joga as
pessoas fora, como se fosse lixo?
HENRI:
- Que isso, Sarah?! A Marilu nunca/
SARAH:
- Nunca faria isso com você? (ri debochada) Ela faz isso com todos, Henri.
HENRI:
- Mas ela é minha amiga.
SARAH:
- Ela era minha amiga também. E lembra do que aconteceu comigo? (segura as
mãos de Henri) eu gosto de você, Henri. Não quero que se iluda com uma
pessoa que não merece nem um dedinho daquilo que você faz por ela.
Sarah se afasta,
vai dançar na pista de dança. Henri fica pensativo.
CENA 07. CASA ROSA. QUARTO. INT. NOITE.
Rosa, angustiada,
liga para Lívia. Cenas alternadas entre elas.
ROSA:
- Alô? Lívia?
LÍVIA:
- Quem ta falando?
ROSA:
- Sou eu, Rosa. Desculpa ligar assim, a essa hora, mas/
Lívia começa a
chorar.
ROSA:
- Lívia, o que houve?
LÍVIA:
- Ai Rosa, uma tragédia.
ROSA (apreensiva): - Minha querida! Onde você está, Lívia? Eu
quero ajudar você.
LÍVIA:
- Eu estou no hospital São Marcos. Meu amigo, uma pessoa que eu amo muito,
foi vítima de um assalto (continua falando)
Jonas ouve a
conversa, entristece-se.
LÍVIA:
- Eu preciso mesmo de apoio, Rosa. Estou com o Jonas aqui também.
ROSA:
- Procure se acalmar, Lívia. Eu estou indo pra aí agora.
LÍVIA:
- Vou te esperar. (desliga o telefone e volta-se para Jonas) Será que nenhum
médico vai trazer alguma notícia?
JONAS:
- Não sei. Só nos resta aguardar.
Enquanto isso,
Paulo se aproxima de Alfredo.
PAULO:
- Então, Alfredo, como fica a Amaro nessa história toda?
ALFREDO (de olho em Lívia): - Não sei. Ainda nem pensei nisso. É bom
aguardarmos um pouco.
PAULO:
- Mas é preciso pensar logo. Afinal, o Tarcísio nessa situação/
ALFREDO (corta): - O que importa agora, é a gente rezar, torcer para o
Tarcísio sair dessa situação bem, sem seqüelas. E pode ficar tranqüilo, que
a empresa vai ficar em boas mãos.
PAULO:
- Só resta saber nas mãos de quem. O Tarcísio não vai conseguir segurar tudo
sozinho como antes.
ALFREDO:
- Parece até que você ta torcendo pra que isso aconteça.
Paulo se contém,
disfarça.
PAULO:
- Em nenhum momento eu quis dizer isso, Alfredo. Você está equivocado a meu
respeito, colocando palavras na minha boca.
ALFREDO:
- Espero mesmo, Paulo, que seja um equívoco meu. Espero mesmo. Agora não é
hora, nem lugar de pensarmos em negócios, não acha?
Paulo não responde.
ALFREDO:
- Com licença.
Alfredo se afasta,
vai para próximo de Inês e Agda.
CENA 08. APTO CONRADO. SALA. INT. NOITE.
Conrado vê na
internet a notícia de Tarcísio.
CONRADO (lendo a notícia no site): - O empresário Tarcísio Ferreira foi
vítima de assalto quando saía de um restaurante, nos Jardins. (a si mesmo)
Que loucura! Tarcísio... (continua lendo)... Internado em estado grave no
hospital São Marcos.
Conrado pega o
celular, liga para Isabela.
CONRADO:
- Isabela, sou eu, Conrado.
CENA 09. CASA CHARLOTE. SALA. INT. NOITE.
Isabela, de frente
para o seu notebook, conversa ao telefone com Conrado. Charlote e Demétrio
na sala também. Cena alternada entre os Isabela e Conrado.
ISABELA (indignada): - Como é que é? Não, você não pode estar
me pedindo isso.
CONRADO:
- O que há de mal nisso? É uma matéria incrível para a Flash Paulista!
ISABELA:
- Conrado, eu sou próxima da família do Tarcísio, meus pais são amigos. Isso
eu não posso e nem vou fazer.
CONRADO:
- Mas Isabela, é uma oportunidade de ouro pra revista! E você, sendo
próxima, pode muito bem ter acesso a todos lá no hospital. Fiquei sabendo
que eles barraram a imprensa, estão dando poucas informações. Você pode
conseguir um furo de reportagem brilhante, uma entrevista que vai fazer a
Flash Paulista vender feito água!
ISABELA:
- Sabe o que você faz com esse furo? Você pega e enfia ele/
DEMÉTRIO:
- Isabela!
CHARLOTE:
- Fica calma minha filha!
ISABELA ( se contém):
- Fique com esse furo pra você. Eu não vou fazer isso.
CONRADO:
- Mas Isabela/
ISABELA:
- Insensível! (desliga o telefone) Era só o que me faltava. Acreditam que o
Conrado estava me pedindo pra conseguir um furo de reportagem com os
familiares do Tarcísio? Imagina só! Com que cara eu vou chegar pra Vitória e
pedir pra ela me dar uma entrevista? Não há quem suporte uma coisa dessas.
DEMÉTRIO:
- Ele só está tentando ver o melhor para a revista, minha filha.
ISABELA:
- Mas ele precisa saber que é difícil pra mim, sendo praticamente íntima da
família, fazer uma coisa dessas.
CHARLOTE:
- Eu também acho que ele foi infeliz te pedindo isso, Isabela. Só não
precisava você falar dessa forma com o moço. Ele é seu chefe.
ISABELA:
- Tinha até me esquecido disso. Mas acho que ele não levou a mal não. Ah,
vou ligar pra Beatriz pra saber notícias do Tarcísio. Ela deve estar com o
Rafael. (começa a discar)
CHARLOTE:
- Faça isso, querida. Eu estou com o coração nas mãos com essa história
toda.
DEMÉTRIO:
- Espero que meu amigo fique bem.
CHARLOTE:
- Ele vai ficar, Demétrio. Vou rezar para Nossa Senhora Aparecida, e ela vai
ajudar ele.
Tensão entre eles.
CENA 10. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Alfredo observa
Lívia, de longe, quando Rafael o chama para conversar.
RAFAEL:
- E então Alfredo, o que você falou pra imprensa?
ALFREDO:
- Nada de mais. Passei informações básicas, de que o Tarcísio está internado
aqui, passando por uma cirurgia, mas que não podemos afirmar a quantas anda
o procedimento.
RAFAEL:
- Achei estranho a polícia não aparecer por aqui.
ALFREDO:
- Tenho amigos na polícia, fiz umas ligações. Eles começaram uma pequena
investigação pra saber como aconteceu tudo. É complicado, já que não teve
testemunhas.
E olha para Lívia.
Rafael percebe.
RAFAEL:
- Você conhece essa moça, Alfredo?
ALFREDO:
- Não, não a conheço. Mas deduzo quem seja.
RAFAEL:
- Ela tem alguma relação com o fato? Percebi que ela já está há um bom tempo
aqui na sala, mais afastada. Você sabe de algo?
ALFREDO:
- Não, não sei, Rafael. Vou dar algumas orientações para a segurança.
Alfredo se afasta.
Rafael fica a observar Lívia, que está ao lado de Jonas. Nesse instante,
Beatriz se aproxima de Rafael, acompanhada por Marcos e Adriana.
BEATRIZ:
- A Isabela me ligou agora a pouco querendo notícias. Os pais dela estão
preocupados. O Alfredo falou com os médicos?
RAFAEL:
- Não sei, acho que não. Não conversei isso com ele.
ADRIANA:
- Rafael, eu preciso ir embora. Amanhã pego cedo na clínica. Mas te deixo
minha solidariedade. E pode contar comigo para o que precisar.
RAFAEL:
- Obrigado, Adriana. Pena mesmo não nos conhecermos numa oportunidade mais
alegre.
ADRIANA:
- Que isso. Infelizmente tem coisas que a gente não pode dar conta.
MARCOS:
- Eu vou levar Adriana pra casa, depois eu volto.
ADRIANA (a Marcos): - Não precisa, Marcos. Pode ficar. Eu pego
um táxi aqui em frente.
MARCOS:
- Não, Adriana. Eu vou com você, te deixo em casa, depois retorno.
ADRIANA:
- Tudo bem então. Obrigada.
Adriana abraça
Rafael, se despedindo. Faz o mesmo com Beatriz. Marcos acompanha Adriana na
saída.
BEATRIZ:
- Ela me pareceu uma mulher muito bacana. Marcos tirou a sorte grande.
RAFAEL:
- Ele merece ser feliz.
BEATRIZ:
- E você também merece se alimentar. Vamos ali na cantina, pegar um lanche/
RAFAEL:
- Não, Bia, não to afim.
BEATRIZ:
- Vamos sim, Rafa! Coisa rápida. Não dá pra ficar todo esse tempo sem comer.
A Vitória já foi com o Fabrício. Vamos, é rápido. Vou com você lá.
Beatriz pega Rafael
pela mão, sai com ele.
CAM vai buscar
Lívia e Jonas. A pedra do colar dela começa a brilhar. Lívia se surpreende,
segura firme a pedra para que Jonas não veja. Porém, o brilho é notado por
Paulo.
PAULO (para si mesmo): - O que é aquilo? Que brilho intenso é
esse? Aquele colar... (observa atento)
LÍVIA:
- Jonas, eu vou até o banheiro.
JONAS:
- Eu te aguardo aqui.
LÍVIA:
- Eu não demoro.
Lívia sai. Paulo
vai indo atrás dela, quando Agda intervém.
AGDA:
- Você conhece aquela moça?
PAULO:
- Eu? Não, não conheço não.
AGDA:
- Não me esconda nada, Paulo. Sei que você e Tarcísio não tinham segredos.
Fale, de onde é aquela moça?
PAULO:
- Agda, por favor. Já lhe disse que não sei/
AGDA:
- É ela a amante dele, não é? Foi com ela que ele passou a noite na festa
das bodas, não é?
PAULO:
- Foi, foi com ela sim.
AGDA:
- Homem é uma raça triste. Nem na traição deixam de acobertar uns aos
outros, mesmo sabendo da infelicidade das esposas.
PAULO:
- Sem lição de moral, Agda. Você e o Tarcísio nunca tiveram uma boa relação
e eu sei que você era uma das torcedoras mais ferrenhas para que ele e a
Beth se separassem.
AGDA:
- Não lhe dei o direito de me julgar, Paulo. Por favor, me respeite.
PAULO:
- Então pare de me pressionar por causa dos seus interesses. Com licença.
Paulo sai. Agda
fica calada.
CENA 11. HOSPITAL. BANHEIRO FEMININO. INT. NOITE.
Lívia entra e para
em frente ao espelho. Está um pouco aflita. Segura firme a pedra colar. Aos
poucos, vai soltando-a. A pedra brilha.
LÍVIA:
- O que será isso? Você já me indicou tanta coisa boa, mas às vezes tenho
medo de você.
Ela encara o brilho
da pedra pelo espelho.
CENA 12. HOSPITAL. CENTRO CIRÚRGICO. INT. NOITE.
Os médicos estão no
meio da operação, quando Tarcísio começa a ter complicações. Clima de
tensão. Os médicos realizam os procedimentos para reverter o quadro de
Tarcísio, que é grave. Tarcísio já não responde aos estímulos. CAM foca o
eletrocardiógrafo, que registra zero batimentos cardíacos.
MÉDICO:
- O perdemos.
VISÃO PANORÂMICA
mostra o corpo de Tarcísio sobre a mesa de operações. Aos poucos, vai se
aproximando do rosto dele, pálido.
CENA 13. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. NOITE.
Rafael e Beatriz
retornam da cantina, vão ao encontro de Vitória, Fabrício e Lorena.
RAFAEL:
- Alguma notícia?
VITÓRIA:
- Nada. Estou ficando com medo.
FABRÍCIO:
- Calma, meu amor. Vai dar tudo certo.
LORENA:
- Daqui a pouco os médicos devem trazer alguma informação.
Nesse instante,
Rosa chega na porta da sala, mas é barrada por um segurança.
SEGURANÇA:
- Não pode entrar, senhora. Apenas amigos e familiares.
ROSA:
- Eu sou amiga da família. Conheço Tarcísio há anos.
SEGURANÇA:
- Neste caso, eu vou chamar alguém para que a senhora possa se apresentar/
ROSA:
- Por favor, meu caro. Você vai perturbar a família por causa de uma simples
anunciação? Eu só quero estar junto dos meus amigos.
SEGURANÇA:
- Desculpe, senhora. Pode passar.
O segurança dá
licença e Rosa passa. Ela avista Jonas e segue até ele. Nesse instante, é
vista por Agda.
AGDA (surpresa): - Mas eu não acredito numa coisa dessas!
Agda pensa em ir
atrás de Rosa, mas nesse instante, o médico chega na sala de espera. Rosa se
aproxima de Jonas.
ROSA:
- Jonas...
JONAS:
- Oi Rosa!
ROSA:
- E Lívia, onde está?
JONAS:
- Foi ao banheiro, já deve estar voltando.
Lívia retorna,
abraça-se com Rosa.
ROSA:
- Lívia!
LÍVIA:
- Ai Rosa... Eu só quero te pedir desculpas pela forma como eu tratei você
esse tempo todo. E você agora aqui comigo, me dando força, junto com o
Jonas/
ROSA:
- Não precisa se desculpar. Mas, eu queria te perguntar uma coisa. De onde
você conhece o Tarcísio?
Antes de Lívia
responder, Jonas interrompe.
JONAS:
- O médico está ali. Acho que trouxe notícias.
LÍVIA:
- Vamos até mais próximo.
Os três se juntam
ao outro grupo que está ansioso por notícias sobre Tarcísio.
VITÓRIA:
- Então doutor, como está meu pai?
RAFAEL:
- A cirurgia ocorreu bem?
ALFREDO:
- Calma gente, deixa o médico falar. Por favor, doutor.
MÉDICO:
- A cirurgia estava ocorrendo de forma satisfatória/
RAFAEL:
- Como assim, estava ocorrendo?
INÊS:
- Rafa, por favor...
MÉDICO:
- O paciente sofreu uma série de complicações. Eu e minha equipe tentamos
reanimá-lo de todas as maneiras, mas não tivemos êxito nas tentativas.
RAFAEL (desesperado): O que você está querendo dizer com isso?
MÉDICO:
- Infelizmente paciente veio a óbito.
MUSIC ON:
Talismã – Monique Kessous feat. Fagner
Em CAM LENTA,
Vitória abraça-se
em Fabrício, começa a chorar descontroladamente. É amparada também por Agda
e Lorena, que também sentem o baque.
Rafael chora no
ombro de Beatriz, que o consola.
Mais afastados,
Lívia abraça-se em Jonas, desolada. Rosa por ali, tentando ser forte.
Paulo se mostra
surpreso.
Clima de tristeza.
CENA 14. NOVA YORK. EXT.
MUSIC CONTINUED.
Takes gerais da
cidade na transição de tempo. Sua movimentação corriqueira, lugares e
bairros famosos.
CORTA PARA.
CENA 15. NEW YORK. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. DIA.
MUSIC FADE.
Eduardo acompanha
Elizabeth no aeroporto. Ela se encaminha para o portão de embarque, vestida
de preto, óculos escuros, luto.
ELIZABETH:
- Tem certeza que não vem comigo?
EDUARDO:
- Eu adoraria, queria muito. Mas não posso me afastar de Nova York sem antes
resolver os negócios que tenho aqui.
ELIZABETH:
- Bom, nesse caso eu vou indo. Meus filhos precisam de mim nesse momento tão
triste. Nunca pensei que fosse passar por isso na vida. Nunca.
EDUARDO:
- Você precisa ser forte. Vá tranqüila. E, eu só queria te pedir uma coisa.
ELIZABETH:
- O que?
EDUARDO: -
Não comente nada com a Inês sobre a gente.
ELIZABETH:
- Mas, Eduardo, por que isso?
EDUARDO:
- Beth, por favor, não me questione. Só faça isso por mim. Por nós, por
favor.
ELIZABETH:
- Está bem.
EDUARDO:
- Assim que eu cumprir com meus compromissos aqui, eu volto para o Brasil e
aí estaremos juntos novamente.
ELIZABETH:
- Está bem. Estarei à sua espera.
Os dois se beijam,
se despedem. Elizabeth segue para pegar o vôo, enquanto Eduardo a observa.
CENA 16. MOTEL. INT. DIA.
Breno veste a
calça, se arruma. Carla sai do banheiro, já vestida. Os dois trocam olhares,
estão felizes. Clima romântico.
CARLA:
- Que noite ótima, hein.
BRENO (abraça Carla por trás): - Essa noite foi inexplicável,
memorável, tudo de bom. Confesso que fiquei surpreso com seu arsenal de
ideias e, como eu posso dizer... Sua versatilidade na cama. Me pareceu bem
experiente.
CARLA:
- Você achou é? E eu pensando que era o mínimo.
Ela se afasta, vai
até sua bolsa, pega o celular. Breno entra no banheiro, enquanto Carla vê as
ligações perdidas no seu telefone.
CARLA (a si mesma): - Nossa, quantas ligações da Lívia ontem à
noite. Será que aconteceu alguma coisa?
CENA 17. CLÍNICA DR. FAUSTO. SALA DOS MÉDICOS. INT. NOITE.
Adriana está
tomando café quando Gisa se aproxima.
GISA (empolgada): - Fala tudo! Quero saber todos os detalhes
do jantar.
ADRIANA:
- Ah, foi bom.
GISA:
- O quê? Só isso? Ah não Adriana! Eu venho toda cheia do entusiasmo,
serelepe, trabalhada na alegria pra saber de você tudo o que rolou ontem no
jantar na casa do bofe e você só me diz que foi bom?
ADRIANA:
- Desculpa, Gisa, eu é que não estou tão feliz quanto você. Mas o jantar foi
bom sim. O apartamento dele é lindo e a mãe dele me recebeu muito bem.
GISA:
- Ganhou pontos com a sogra então!
ADRIANA:
- Acho que sim.
GISA:
- Ai amiga, to vendo que você não ta alegre não. O que aconteceu? Tá com um
olhar tão distante.
ADRIANA:
- Sabe o Tarcísio Ferreira, empresário, dono da Amaro?
GISA:
- Claro que sei! Inclusive, vi na TV que ele morreu ontem à noite. Ricaço,
deixou uma herança e tanto pra família. Mas o que tem ele?
ADRIANA:
- O Marcos é amigo do Rafael, filho desse empresário. Ontem, no meio do
jantar, o Marcos recebeu a ligação desse amigo, avisando que o pai dele foi
internado. A gente foi pro hospital, pra prestar solidariedade. O Marcos e o
Rafael são bem próximos.
GISA:
- Nossa, amiga. Agora entendo essa sua carinha. Então foi por isso que nem o
Fabrício veio hoje.
ADRIANA:
- Sim, Fabrício era genro do Tarcísio. Deve estar no velório agora. Marcos
também ia pra lá.
CENA 18. CEMITÉRIO. CAPELA. INT. DIA.
Velório do
Tarcísio. Amigos, familiares e imprensa (do lado de fora da capela). O
caixão está no meio da capela. Lívia chega no local, acompanhada por Jonas e
Rosa.
INÊS (Cochicha com Alfredo): - Aquela moça novamente. Ela já
estava lá no hospital, agora veio ao velório.
ALFREDO:
- É ela mesmo.
INÊS:
- Você a conhece?
ALFREDO:
- Pessoalmente não, mas em breve todo mundo vai conhecer.
INÊS:
- Como assim?
ALFREDO:
- Aguarde, Inês. Eu não posso falar nada agora.
Lívia, Jonas e Rosa
não ficam próximos ao caixão, observam de longe.
LÍVIA:
- Obrigada Rosa, por acompanhar a gente até aqui.
ROSA:
- Imagina, Lívia, não precisa agradecer.
JONAS:
- Pra mim, a gente não precisava ter vindo. Depois da forma como aquela
senhora nos tratou, deveríamos ter ficado longe daqui.
LÍVIA:
- Mas eu não poderia ficar sem me despedir do Tarcísio, Jonas.
ROSA:
- Mas, quem destratou vocês no hospital?
Nesse instante,
Agda surge atrás de Rosa, para a surpresa da mesma e também de Jonas e
Lívia.
AGDA: -
Fui eu. E pelo visto, eles não aprenderam a lição e continuam a desafiar a
minha paciência.
ROSA:
- Eu já deveria saber. Só poderia ter sido você mesmo, Agda. Não respeita o
sentimento das pessoas.
AGDA:
- Você e suas companhias não tem moral nenhuma para falar de respeito,
sentimento. Essa daí (dirigindo-se à Lívia) não pensou no sentimento da
minha filha quando se deitou com o Tarcísio na noite das bodas de casamento.
LÍVIA:
- Mas eu não fiz isso! É mentira!
AGDA:
- Você é muito baixa e não merece estar aqui entre nós. Nenhum de vocês
merece.
ROSA:
- Você não está falando coisa com coisa, Agda.
AGDA:
- É lógico que você vai defender sua mais nova amiga, é claro.
ROSA:
- Já chega. Vamos ali para o outro lado. Aqui não vai ter como ficar.
AGDA (segura Rosa pelo braço): - Vocês vão sair daqui. Agora.
As duas ficam a se
encarar. De repente, Paulo se aproxima.
PAULO:
- Deixe ela ir, Agda. Sem escândalos, por favor!
Agda, aos poucos,
solta o braço de Rosa, que se afasta acompanhada de Jonas e Lívia.
AGDA:
- Você sempre acobertando as coisas erradas.
PAULO:
- Eu só não quero que isso aqui termine num circo, chamando atenção de todo
mundo. Estamos num velório, por favor, contenha-se.
Lorena, Inês e
Alfredo se aproximam de Agda, que disfarça seu descontentamento. Nesse
instante, Marilu chega no local, usando uma peruca para não ser reconhecida.
Paulo percebe e vai até ela, se aproxima, discretamente.
PAULO:
- O que você está fazendo aqui, sua louca?
MARILU:
- Vim dar o último adeus ao meu amor.
PAULO:
- Que amor o quê! Deixa de ser dissimulada e vai embora daqui. Rápido!
MARILU:
- Não vou, Paulo. Eu preciso me despedir do Tarcísio. Me deixa. Não vou
fazer nada pra te comprometer.
Num outro ponto,
estão Marcos, Rafael, Beatriz, Vitória e Fabrício.
RAFAEL:
- Valeu mesmo pela força, Marcos.
MARCOS:
- Não precisa agradecer, Rafa. Sei que você faria o mesmo por mim.
Mayra se aproxima
do grupo, dirige-se à Fabrício.
MAYRA:
- Oi Fabrício, eu quero que você saiba que eu estou aqui para o que você
precisar.
VITÓRIA:
- O que essa garota ta fazendo aqui?!
BEATRIZ:
- Calma, Vitória.
MAYRA:
- Eu vim prestar a minha solidariedade ao Fabrício, porque eu sei que ele
perdeu uma pessoa querida.
FABRÍCIO:
- Eu agradeço a sua solidariedade, Mayra, mas quem precisa de apoio aqui é a
Vitória e não eu.
Mayra se afasta.
Enquanto isso, Isabela conversa com Demétrio e Charlote.
CHARLOTE:
- O Breno desde ontem à noite, não deu sinal de vida. To até preocupada já.
ISABELA:
- Fica calma, mãe. Ele deve estar nos braços de alguma mulher certamente.
DEMÉTRIO:
- Mas sua mãe tem razão. Ele mora ainda sob o nosso teto. Precisa avisar
quando vai demorar tanto assim.
ISABELA:
- Falando em avisar, Conrado me mandou um SMS dizendo que estava vindo pra
cá, mas já faz um tempinho. Até agora não apareceu.
CENA 19. APTO CONRADO. EXT. DIA.
Conrado vai saindo
do prédio, dentro de seu carro. Quando está saindo na calçada, quase
atropela Sarah, que fazia uma corrida (com roupas bem justas).
CONRADO (saindo do carro): - Sarah! Você ta bem? Não se machucou?
SARAH:
- Não machuquei nada não. Meu material ta intacto.
CONRADO:
- Menos mal.
SARAH:
- Então é aqui que tu te esconde, é? Lugar bacana, coisa de primeira. Sempre
faço minhas corridinhas por aqui, mas nunca tinha te visto.
CONRADO:
- É, é aqui que eu moro sim. Há pouco tempo. Agora eu preciso ir, porque
tenho um compromisso importante e/
SARAH (finge dor na perna): - Ai, ai!
CONRADO:
- O que foi?
SARAH (fingindo): - Senti uma fisgada aqui na perna. Acho
que foi da batida.
CONRADO:
- Mas você acabou de dizer que não teve nada!
SARAH: -
Sei lá, agora to sentindo uma dor aqui. (vai caindo no chão) Minha perna! Ai
que dor! Me ajuda!
CONRADO (vai ajudar Sarah): - Fica calma.
SARAH:
- Como eu posso ficar calma se eu quase fui atropelada?
CONRADO:
- Vamos fazer assim, eu te levo pro meu apartamento, pra cuidar dessa sua
dor e depois que você tiver melhor, a gente sai.
SARAH:
- Que isso, Conrado, não quero atrapalhar você.
CONRADO:
- Mas eu não posso deixar você sentindo dor por aí não.
Conrado pega Sarah
no colo, vai entrando no prédio.
CONRADO (ao porteiro): - Depois coloca meu carro na garagem, por
favor.
O porteiro olha
estranhando a situação. Sarah abre um sorriso sacana, mas disfarça. Conrado
pega o elevador com Sarah no colo.
CENA 20. AEROPORTO. SAGUÃO. INT. DIA.
Imagens da área de
desembarque no aeroporto. Muita movimentação. Por entre as pessoas, Louise
caminha, parece procurar alguém.
LOUISE:
- Mas a Rosa era pra estar aqui! (pega o telefone, disca) Alô? Rosa?
Querida, sou eu, Louise! Você já está aqui no aeroporto? (T) Não? Mas ta
aonde que ta falando baixinho assim? Ai não to te atrapalhando em nada né,
amiga?
Ela fica falando ao
telefone em meio as pessoas.
CENA 21. CEMITÉRIO. CAPELA. INT. DIA.
Rosa conversa com
Louise ao telefone
ROSA:
- Não, não está atrapalhando. É que é uma história complicada, aconteceu um
imprevisto. Eu estou num velório. (T) Calma, Louise. Faz assim, eu vou pedir
pro motorista ir buscar você aí e te levar pra minha casa. Daqui a pouco eu
chego aí e então conversamos melhor, ok? (T) Não se preocupe, eu estou bem.
(continua falando, se afasta)
Lívia, que estava
sentada ao lado de Jonas, levanta-se, vai caminhando.
JONAS:
- Lívia! Onde você vai?
LÍVIA:
- Volto já. (vira para frente) Eu quero chegar perto do caixão.
Lívia vai, segue
caminhando, sem ser percebida, por entre as pessoas, quando é abordada por
Marilu.
MARILU:
- Eu sabia que iria te encontrar aqui, Lívia.
As duas se encaram.
Enquanto isso, Rosa volta para próximo de onde estava.
ROSA:
- Onde está a Lívia?
JONAS:
- Disse que já voltava.
ROSA:
- Ai ai ai... Com a Agda por perto!
Rosa procura por
Lívia. Nesse instante, percebe-se um alvoroço na porta da capela. A imprensa
registra a chegada de Elizabeth, que entra no local atraindo todos os
olhares. Ela vai ao encontro da família.
ELIZABETH (abraçando Rafael e Vitória): - Meus amores.
(emocionada) Precisamos estar unidos mais do que nunca agora.
VITÓRIA:
- Ai, mamãe... Eu to me sentindo tão arrasada.
ELIZABETH:
- Não diga isso, Vitória. Eu, seu irmão, sua avó, nossos amigos, estamos
todos aqui agora para te ajudar, para se ajudar, nesse momento. Eu sei que é
triste. Eu amei muito seu pai e também vou sentir uma falta enorme dele.
RAFAEL:
- Bom ter você por perto, mãe.
ELIZABETH:
- Agora eu não me separo mais de vocês, Rafa.
Agda se aproxima.
AGDA:
- Fez boa viagem, Beth?
ELIZABETH:
- Com essa notícia, é impossível responder de forma positiva sua pergunta,
mãe. O que eu quero agora, é me despedir do pai dos meus filhos. Do homem
que eu mais amei nessa vida.
Elizabeth vai
caminhando, passando por entre as pessoas. Troca olhares com Inês, que se
mostra solidária à amiga. Se aproxima do caixão. Agda vai com ela. Elizabeth
emociona-se ao ver o corpo de Tarcísio no caixão. Ela se aproxima.
ELIZABETH:
- Oh, meu querido... Nunca pensei em vê-lo dessa forma, nunca. Nem nos
momentos de raiva, que aliás, nunca existiram. Por mais que eu tentasse, eu
nunca consegui ficar com raiva de você. Magoada sim, mas não com raiva. Quem
ama, não se enraivece. (emociona-se) Me magoava sim, saber que você não me
amava quanto eu te amava. Nem sei se um dia você me amou de verdade. (T) Mas
me proporcionou momentos únicos na vida. Me deu filhos lindos, sempre um
ótimo pai. Posso te agradecer agora por tudo o que fez por eles, pela
educação, pelo exemplo para serem pessoas de bem. Não serei mau agradecida.
Te agradeço também pelo amor. (tenta conter as lágrimas) Não que você me
deu, mas pelo amor que deixou que eu te entregasse. Posso não ter sido
correspondida à altura. Mas tive a oportunidade de amar alguém e isso a
gente leva para sempre na vida.
Agda se aproxima.
AGDA (cochicha): - Você viu quem está aí?
ELIZABETH (olhando Tarcísio): - Quem mamãe?
AGDA:
- Bem na sua frente.
Elizabeth ergue a
cabeça, olha para frente. Vê Rosa. As duas se mostram surpresas. Ficam a se
olhar.
Encerra com Talismã – Monique Kessous feat. Fagner |
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