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No capítulo anterior de Talismã: PAULO: - Agda, por favor! AGDA: - Paulo! Eu não posso admitir uma coisa dessas! PAULO: - Deixa, eles estão aqui, no canto deles. Vamos evitar escândalos, por favor! AGDA: - Está bem, se você diz. E pensando bem, é melhor mesmo evitar escândalos. (a Jonas e Lívia) Para vocês, que fique bem claro. Não cheguem perto da minha família, estão me ouvindo? JONAS: - Pode deixar que ninguém vai perturbar vocês. AGDA: - Assim espero. (a Paulo) Vamos Paulo. Agda se afasta. LÍVIA: - Paulo, porque ela nos tratou assim? Nem conhecemos essa mulher! PAULO: - Ela só está nervosa, aflita com tudo isso. Com licença, eu preciso ir lá. Paulo se retira. JONAS: - De onde você conhece esse cara? LÍVIA: - Ele é amigo do Tarcísio. Vou tentar falar com a Carla! Preciso falar com minha amiga. Jonas e Lívia seguem conversando. De longe, são avistados por Alfredo, que observa Lívia atentamente. ... Lívia entra e para em frente ao espelho. Está um pouco aflita. Segura firme a pedra colar. Aos poucos, vai soltando-a. A pedra brilha. LÍVIA: - O que será isso? Você já me indicou tanta coisa boa, mas às vezes tenho medo de você. Ela encara o brilho da pedra pelo espelho. ... Os médicos estão no meio da operação, quando Tarcísio começa a ter complicações. Clima de tensão. Os médicos realizam os procedimentos para reverter o quadro de Tarcísio, que é grave. Tarcísio já não responde aos estímulos. CAM foca o eletrocardiógrafo, que registra zero batimentos cardíacos. MÉDICO: - O perdemos. VISÃO PANORÂMICA mostra o corpo de Tarcísio sobre a mesa de operações. Aos poucos, vai se aproximando do rosto dele, pálido. ... JONAS: - O médico está ali. Acho que trouxe notícias. LÍVIA: - Vamos até mais próximo. Os três se juntam ao outro grupo que está ansioso por notícias sobre Tarcísio. VITÓRIA: - Então doutor, como está meu pai? RAFAEL: - A cirurgia ocorreu bem? ALFREDO: - Calma gente, deixa o médico falar. Por favor, doutor. MÉDICO: - A cirurgia estava ocorrendo de forma satisfatória/ RAFAEL: - Como assim, estava ocorrendo? INÊS: - Rafa, por favor... MÉDICO: - O paciente sofreu uma série de complicações. Eu e minha equipe tentamos reanimá-lo de todas as maneiras, mas não tivemos êxito nas tentativas. RAFAEL (desesperado): O que você está querendo dizer com isso? MÉDICO: - Infelizmente paciente veio a óbito. MUSIC ON: Talismã – Monique Kessous feat. Fagner Em CAM LENTA, Vitória abraça-se em Fabrício, começa a chorar descontroladamente. É amparada também por Agda e Lorena, que também sentem o baque. Rafael chora no ombro de Beatriz, que o consola. Mais afastados, Lívia abraça-se em Jonas, desolada. Rosa por ali, tentando ser forte. Paulo se mostra surpreso. Clima de tristeza. ... AGDA (cochicha): - Você viu quem está aí? ELIZABETH (olhando Tarcísio): - Quem mamãe? AGDA: - Bem na sua frente. Elizabeth ergue a cabeça, olha para frente. Vê Rosa. As duas se mostram surpresas. Ficam a se olhar. |
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CAPÍTULO 16 |
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CENA 01. CEMITÉRIO. CAPELA. INT. DIA. Continuação do capítulo anterior. Elizabeth reencontra Rosa no velório. As duas se encaram. Agda cochicha. AGDA: - Você não vai fazer nada? Não vai expulsar essa mulher daqui feito um cachorro sarnento? Afinal, é isso que ela merece. ELIZABETH: - Não, mamãe. AGDA (surpresa / indignada): - Mas, Beth, essa mulher/ ELIZABETH (encara Agda): - Essa mulher foi uma pessoa importante na vida do meu ex-marido. Creio que ele também tenha sido importante pra ela. Não seria justo privá-la de se despedir dele. AGDA (irônica): - Então agora, com o coração cheio de boas intenções, você vai lá dar um abraço na sua amiga de infância? Me poupe, Beth. ELIZABETH: - Lógico que eu não farei isso. Mas hoje a última coisa que eu quero é ter desavença com alguém. O momento não é esse. Agda se cala. Rosa torna a procurar por Lívia, que está num outro ponto, sendo intimidada por Marilu. LÍVIA: - O que você está fazendo aqui? MARILU: - Eu vim me despedir do amor da minha vida, do homem que você roubou de mim. LÍVIA: - Eu não roubei o Tarcísio de ninguém. MARILU: - Roubou sim! Cínica, dissimulada. Mas você não perde por esperar, Lívia. LÍVIA: - Estou farta das suas ameaças, ô (não sabe o nome) MARILU: - Maria Luísa, mas pode me chamar de Marilu. Aliás, grava bem esse nome, porque eu vou até o inferno pra fazer você pagar por tudo o que fez. LÍVIA: - Eu não fiz nada pra você, Marilu. Me esquece! MARILU: - Eu só vou te esquecer quando te ver na lama. LÍVIA: - Você só pode ser louca (vira-se, vai embora) MARILU (segura Lívia pelo braço): - Então tome muito cuidado comigo, Lívia. A minha loucura não tem limites, nem temores, e muito menos, pena. Lívia se solta. As duas se encaram novamente. Lívia sai. Marilu disfarça, vai embora da capela. CENA 02. PENSÃO BEM QUERER. INT. DIA. Alaíde e Oscar conversam. ALAÍDE: - Eu só espero que essa história toda não respingue no Jonas! OSCAR: - Que respingar o quê, Alaíde? O garoto não tem nada a ver com isso. ALAÍDE: - Como não? Ele tava presente lá no crime, junto com a Lívia. Viu ela com o corpo do falecido nos braços. Eu sabia, mas eu sabia que essa história do Jonas se enrabichando pra Lívia não ia dar certo! OSCAR: - Mas, sabe que, eu tava pensando aqui agora, Alaíde. De onde será que a Lívia conhecia esse Tarcísio? Eu li no jornal que ele é um dos homens mais ricos do país! ALAÍDE: - Também não sei. É o chefe da empresa da Tatiana. OSCAR: - Era o chefe, né, porque agora já morreu. ALAÍDE: - Pois é. A Tatiana nunca comentou nada aqui. A Lívia muito menos. Nesse instante, Carla chega na pensão, apressada. CARLA: - Gente, a Lívia ta aí ou já foi pro restaurante? ALAÍDE: - Em nenhum dos dois lugares. CARLA: - Como assim? OSCAR: - Lívia ta no velório. CARLA (assustada): - Ai meu deus! Velório de quem?! OSCAR: - Do Tarcísio Ferreira, dono da empresa Amaro. Conhece? CARLA: - Não me diga que o Tarcísio morreu?! ALAÍDE: - Mas o Oscar acabou de dizer que sim! E ta em tudo quanto é jornal, revista... Não viu não? CARLA (surpresa): - Não vi nada. Gente, to chocada. OSCAR: - E nós estamos aqui tentando entender o que a Lívia tem a ver com esse homem. Porque nem a Tatiana, que trabalha na empresa, foi no velório. ALAÍDE: - Por acaso você sabe de alguma coisa, Carla? CARLA: - Eu?! Não! ALAÍDE: - Estranho. Você e a Lívia são tão amigas. CARLA (saindo): - Mas eu não sei de nada não, dona Alaíde. Eu vou pro meu quarto, tentar falar com a Lívia. Carla sai. ALAÍDE: - Essa aí é outra, que sai à noite, chega tarde. Ou então chega só no outro dia, como hoje. Tatiana e Pedro (lambuzado de chocolate) vêm vindo de um cômodo interno, rindo, felizes. ALAÍDE: - Mas que lambuzo é esse, Pedrinho?! PEDRO: - É chocolate, tia Alaíde. TATIANA: - Consegui entreter um pouco ele, pra não sentir tanta falta da mãe. OSCAR: - Faz bem, Tati. ALAÍDE: - Mas agora ele vai ter que se limpar né? Não dá pra ficar todo lambuzado de chocolate. TATIANA: - Então vem comigo Pedro que eu vou te dar um banho bem gostoso e depois te levar pra escolinha. PEDRO: - A minha mãe não vai me levar? ALAÍDE: - Hoje não, querido. Hoje você vai com a Tati. Leva ele, Tatiana, já pro banho. Tatiana pega Pedro no colo, os dois saem. Alaíde e Oscar se olham, pensativos. CENA 03. CEMITÉRIO. CAPELA. INT. DIA. Saída para o enterro. As pessoas se preparam para o cortejo. Rosa se aproxima de Jonas. ROSA: - Não achei a Lívia. JONAS: - Mas ela disse que não demorava. Será que já foi embora? Lívia se aproxima. LÍVIA: - Não, estou aqui. JONAS: - Vamos acompanhar o enterro? LÍVIA: - Vamos Jonas. Só vou embora depois de tudo isso. Alfredo se aproxima deles. ALFREDO: - Com licença. (a Lívia) Você é Lívia Ribeiro da Silva? LÍVIA: - Sou eu mesma. Alfredo entrega para Lívia um envelope pequeno. Lívia se mostra surpresa, assim como Jonas e Rosa. ALFREDO: - Por favor, leia com atenção. LÍVIA: - Mas o que é isso? ALFREDO: - Só leia, por favor. Foi um pedido do Tarcísio. LÍVIA: - Está bem. Alfredo se afasta. De longe, Inês observa a cena e fica um tanto desconfiada. Num outro ponto, Marcos, Rafael, Vitória, Beatriz e Fabrício. RAFAEL: - Vamos então, ta na hora do enterro. VITÓRIA: - Será que eu consigo, gente? BEATRIZ: - Consegue, Vitória. Agora é a hora de ter força. FABRÍCIO (abraçando Vitória): - Eu to aqui para o que você precisar. MARCOS: - Vamos pessoal, o cortejo está saindo. O grupo segue. O cortejo vai saindo da capela. Funcionários do cemitério levam o caixão. CENA 04 CEMITÉRIO. EXT. DIA. O cortejo segue pelo cemitério. À frente, o caixão sendo carregado pelos funcionários do cemitério. Logo atrás, Elizabeth, Agda, Rafael, Beatriz, Vitória e Fabrício. Os outros amigos vêm em seguida. Lívia, Jonas e Rosa seguem ao fundo. O cortejo para no local onde será enterrado o caixão. Enquanto os funcionários preparam o enterro, Breno chega, se aproxima de Charlote, Demétrio e Beatriz. CHARLOTE: - Onde você esteve, Breno?! Tava feito louca atrás de você menino! DEMÉTRIO: - Menino...! Esse aí é um homem sem responsabilidades. Custa dizer a seus pais onde você estava? BRENO: - Foi mal, gente. Eu fiquei sem bateria no telefone. Mas eu to aqui agora, são e salvo. ISABELA: - Calma gente. Em casa vocês conversam. Num outro ponto, Lorena e Mayra lado a lado. Mayra não tira os olhos de Fabrício. Lorena percebe. LORENA: - Por favor, Mayra, respeite o luto das pessoas. MAYRA: - O que você está falando, mamãe? Não estou fazendo nada. LORENA: - Não se faça de sonsa, Mayra. Respeite a Vitória e o Fabrício num momento como este. MAYRA: - Mas/ LORENA (firme): - Eu não vou falar novamente. Mayra se emburra. Próximos delas, estão Rosa, Lívia e Jonas. LÍVIA: - Nunca pensei passar por este momento. JONAS: - Eu acho melhor a gente ir embora. LÍVIA: - Não, Jonas, eu quero ficar. JONAS: - Mas eu to vendo que você está sofrendo, Lívia. Você não merece isso. LÍVIA: - Rosa, você entrega as flores para mim? Lívia entrega para Rosa um buquê com algumas flores. O caixão está na sepultura. Elizabeth aproxima-se, joga flores. Vitória e Rafael fazem o mesmo. Agda não se manifesta, sempre firme, observa tudo. Inês, Charlote, Demétrio, Fabrício, Lorena também deixam flores. Rosa se aproxima, joga as flores. Rosa e Elizabeth se olham novamente. ROSA: - Meus pêsames. ELIZABETH: - Digo o mesmo à você. ROSA: - Ele não era meu. ELIZABETH: - Ele poderia não estar mais próximo de você, da mesma forma como não estava mais próximo de mim. Mas ele sempre será nosso. Nunca sairá do nosso coração. Rosa se afasta, aproxima-se de Jonas e Lívia. O caixão é enterrado. Elizabeth abraçada em seus filhos. CAM foca o grupo reunido para posteriormente abrir PLANO GERAL do imenso campo verde. CENA 05. CLINICA DR. FAUSTO. INT. DIA. Fausto conversa com Adriana, Gisa e Almir. FAUSTO: - Eu recebi a ligação da Lorena, mas não conseguimos conversar. Nem avisei a ela que já estou aqui. Mas os jornais e na TV não se fala em outra coisa senão na morte do Tarcísio. ADRIANA: - Pois é, doutor. O enterro foi hoje mesmo. FAUSTO: - Notícia triste. A família deve estar arrasada. GISA: - Mas foi um baque para todo mundo. FAUSTO: - Eu quero passar na casa da Elizabeth, prestar minha solidariedade à família. Somos amigos de longa data. ADRIANA: - Faz bem, doutor. FAUSTO: - Mas antes, Almir, como foram as coisas enquanto eu estive fora? ALMIR: - Tudo sob controle, doutor. Já fiz alguns relatórios que estão lá na minha sala, depois entrego para o senhor. FAUSTO: - Sem problemas, agora eu nem estou com cabeça para isso. GISA: - E como foi o congresso na Argentina? FAUSTO: - Foi bem proveitoso. Tiramos boas conclusões sobre diversos assuntos. Eu tenho o material digitalizado no meu computador. Assim que eu voltar da casa da família do Tarcísio, eu envio para vocês. Agora, se me permitem. ADRIANA: - Claro doutor, pode ir. Fausto sai. GISA: - Nada me tira da cabeça que ele não foi a congresso algum. ADRIANA: - Mas pra quê ele mentiria pra gente? GISA: - Sei lá. Homem, minha filha, quando quer aprontar, sabe bem como fazer. Não é, Almir? ALMIR: - Ih, não sei de nada não hein! (saindo) CENA 06. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA. Amigos e familiares de Tarcísio estão reunidos na mansão. DEMÉTRIO: - Acredito que agora o Rafael tome todo controle da empresa. Tarcísio já vinha trabalhando essa liderança com ele. BRENO: - Uma responsabilidade enorme. Eu não sei se conseguiria. DEMÉTRIO: - Claro que não conseguiria. Você não se esforça para adquirir essa responsabilidade. CHARLOTE: - Demétrio, não fale assim com ele. DEMÉTRIO: - Continua, Charlote, fica passando a mão na cabeça dele... Assim ele nunca vai ficar independente. Breno se abraça à mãe, que lhe faz cafuné. Num outro ponto, Agda, Inês e Elizabeth conversam. Moisés e Nice se aproximam. NICE: - Dona Beth, nem sei o que dizer pra senhora. MOISÉS: - A gente sente muito pelo o que aconteceu. ELIZABETH: - Oh, meus queridos. Obrigada pelo carinho. NICE: - O que a senhora precisar, a gente ta aqui, pronto. ELIZABETH: - Eu sei Nice. Sei que posso contar com vocês. MOISÉS (a Nice): - Vamos então. Com licença. Os dois se afastam. INÊS: - Logo agora que você estava tão bem lá em Nova York acontece uma tragédia dessas, Beth. ELIZABETH: - Ai Inês, nem me fala. Minha vida virou uma montanha russa da noite para o dia. Mas, sinceramente, o que eu mais penso agora é como será a minha vida daqui pra frente sem o Tarcísio. AGDA: - Pensei que tivesse esquecido ele. Afinal, a viagem não foi pra isso? ELIZABETH: - Não se esquece uma pessoa que você foi casada, teve filhos e amou por trinta e cinco anos. AGDA: - E que te iludiu por trinta e cinco anos. INÊS: - Agda, por favor. AGDA: - Mas é a mais pura verdade, Inês! Tarcísio só iludiu a Beth durante todos esses anos em que eles estiveram juntos. ELIZABETH: - E por que então a senhora fez tanta questão de que eu me casasse com ele, que ele cuidasse dos negócios da família? Negócios...! A gente tava era falindo quando o Tarcísio surgiu na nossa vida. Você se aproveitou da inteligência dele para erguer um patrimônio que nós não conseguiríamos sozinhas, mamãe. AGDA: - Mas era só o que me faltava, Beth! Você me chamando de aproveitadora! INÊS: - Vocês duas, por favor! Não vão discutir agora, não é? Calma, gente. ELIZABETH: - Eu vou pegar um pouco d’água. (sai) AGDA: - A Beth voltou estranha dessa viagem. Me afrontando, não ouvindo o que eu falo. INÊS: - É bom dar um tempo para ela, Agda. Aliás, o tempo é o melhor remédio para tudo. Agda fica pensativa. Num outro ponto, Rafael, Paulo e Alfredo conversam. PAULO: - Amanhã? ALFREDO: - Isso mesmo. Amanhã será feita a leitura do testamento. PAULO: - Estarei na empresa bem cedo. ALFREDO: - Sem problemas, Paulo, mas para o momento da leitura, não poderemos ter a presença de pessoas que não estão envolvidas no processo. RAFAEL: - Apenas a família, é isso? ALFREDO: - Sim. PAULO: - Mas então eu/ ALFREDO: - Você deverá estar presente, Paulo. Seu nome consta no testamento. PAULO (surpreso): - Consta? ALFREDO: - Eu não deveria estar comentando isso. Mas consta sim. Paulo disfarça sua surpresa e certa animação com a notícia. Mostra-se esperançoso. CENA 07. CASA ROSA. SALA DE ESTAR. INT. DIA. Rosa chega com Lívia e Jonas. ROSA: - Fiquem à vontade. JONAS: - Nossa! Com todo respeito, Rosa, sua casa é lindíssima! ROSA: - Obrigada, Jonas. LÍVIA: - E mora sozinha aqui nessa mansão? Louise surge vinda dos cômodos internos. LOUISE: - Morava sozinha! Porque agora ela já tem companhia! ROSA: - Louise! Louise e Rosa se abraçam, felizes. ROSA: - Ai amiga, que bom te rever! LOUISE: - Eu digo o mesmo com um pouco mais de desespero! Se não fosse você me estender a mão agora. ROSA: - Imagina. Sei que você faria isso por mim. Agora vem cá, deixa eu te apresentar meus amigos. Essa aqui é a Lívia e ele é o Jonas. Lívia, Jonas, essa aqui é a minha amiga Louise. LÍVIA: - Prazer. JONAS: - Oi! LOUISE: - Oi gente! Não reparem a minha loucura não, é que eu acabei de voltar de Paris e ainda to me adaptando à nova vida em São Paulo. Mais uma vez. ROSA: - Mas gente, vamos sentar, tentar relaxar, porque hoje o dia foi um pouco pesado. LOUISE: - Menina, eu fiquei assustada quando você me disse que estava num velório. Quem morreu? Era famoso? ROSA: - Tarcísio Ferreira, dono da Amaro. LOUISE: - Não me fala isso! Mas morreu de quê, como?! LÍVIA: - Numa tentativa de assalto. Ele reagiu e foi baleado. LOUISE: - Que coisa triste. LÍVIA (pega o envelope que Alfredo lhe deu): - E no meio de tudo isso, eu ainda ganhei esse envelope. JONAS: - Você não abriu pra ver o que era? LÍVIA: - Ainda não. ROSA: - Então abre, Lívia. Deve ser alguma coisa importante. Lívia abre o envelope e lê, por um tempo, o documento que estava dentro. Ela se mostra surpresa. JONAS: - O que diz aí? LÍVIA: - Eu estou sendo chamada para comparecer na empresa Amaro amanhã. ROSA: - Mas pra quê? LÍVIA: - Para a leitura do testamento do Tarcísio. Todos se surpreendem. LOUISE: - Gente, que babado! Mas você então era ligada a ele? LÍVIA: - Um pouco. A gente tava se conhecendo. Tínhamos um pequeno romance. Jonas desvia o olhar. LÍVIA: - Eu estava com ele quando tudo aconteceu. Estávamos saindo de um jantar romântico. ROSA (para si mesma): - Então ele estava com ela, uma nova paixão. LOUISE: - Falou alguma coisa, Rosa? ROSA: - Nada não, pensei alto. Mas se estão te chamando para comparecer lá amanhã, Lívia, acho que você deve ir. LÍVIA: - Será gente? Mas eu nem sou da família e/ JONAS: - Mas aí no cartão diz seu nome e tudo. LOUISE: - E se é pra você comparecer, é sinal que você vai ganhar alguma coisa, querida. Ele deixou uma herança para você. LÍVIA: - Gente, será que eu fui tão importante assim pra ele, a ponto de estar incluída no testamento? ROSA: - Pelo visto, você foi sim. Lívia fica pensativa. CENA 08. APTO MARILU. SALA. INT. DIA. Marilu e Henri conversam. HENRI: - Até que enfim amiga, você resolveu me atender! Eu já estava ficando chateado por não conseguir falar com você. MARILU: - Eu tava meio ocupada nos últimos dias. HENRI: - Ocupada com o que, meu bem? Ah, já sei... Nossa, como eu pude esquecer! Você deve estar arrasada com tudo o que aconteceu, não é? MARILU: - É, eu estou. Está sendo difícil de suportar a perda do Tarcísio. HENRI: - Você foi ao enterro? MARILU: - Não fui. Era um momento reservado, mais para a família dele. Por mais que eu fosse a nova esposa, eu não me sentiria bem no meio deles. HENRI: - Claro, eu te entendo amiga. E te admiro também. Mesmo na dor, você consegue pensar nas outras pessoas. MARILU: - O Tarcísio me ensinou a ser uma pessoa melhor, Henri. Eu o amei demais. De repente, começa a passar na TV um boletim de notícias, que traz informações sobre o crime contra Tarcísio. HENRI: - Olha ali na TV, vão falar sobre o Tarcísio! Marilu e Henri prestam atenção na reportagem. REPÓRTER (NA TV): - A polícia conseguiu imagens de um possível suspeito de ter provocado a morte do empresário Tarcísio Ferreira, nos Jardins. Câmeras de segurança de um dos condomínios da redondeza, flagraram o rosto do sujeito, que portava consigo um revólver, que segundo a polícia, pode ter sido a mesma arma utilizada no assalto. CAM foca na TV, que mostra o rosto de Romão, flagrado pelas câmeras de segurança. Neste instante, Marilu se mostra apreensiva. Henri percebe. HENRI: - Marilu, ta tudo bem? Marilu não responde. FLASHBAK, CAPÍTULO 15 Romão segura firme o braço de Marilu, mas solta. Ouve-se as sirenes da polícia. Romão fica atento, prestes a fugir. ROMÃO: - Você vai ver, Marilu. Eu vou voltar pra pegar o meu dinheiro. Você vai me pagar! MARILU: - Eu vou esperar sentada, queridinho. ROMÃO (sai correndo): - Pode esperar FIM DO FLASHBACK, Henri chama por Marilu. HENRI: - Ei, Marilu! Fala comigo! MARILU: - O que foi, Henri? HENRI: - Eu é que te pergunto! O que aconteceu? Você viu a cara daquele homem na TV e ficou assim, parece que se desligou da Terra. MARILU: - Eu só fiquei chocada, só isso. (levanta-se, vai até a porta) Eu preciso ficar sozinha, Henri (abre a porta do apto) HENRI: - Mas eu vim aqui pra te fazer companhia e/ MARILU (alterada): - Qual a parte do “eu preciso ficar sozinha” você não entendeu? Me deixa sozinha, Henri! Vai embora! Henri se chateia, vai até a porta. Olha para Marilu. HENRI (triste): - Eu pensei que/ MARILU: - O problema é que você pensa demais. E acaba me cansando. Eu só quero ficar sozinha agora. Por favor. HENRI: - Qualquer coisa, me liga então. Henri vai embora. Marilu fecha a porta. MARILU: - Ai, que encosto! Agora quem precisa pensar sou eu. Não posso dar de frente com o Romão. Aquele verme não pode abrir o bico! Se isso acontecer, eu me complico. Eu tenho que me armar bem... (lembra) Paulo! Preciso falar com o Paulo. Marilu pega seu celular, liga para Paulo. CENA 09. MANSÃO DE TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA. Paulo olha seu celular, identifica o número de Marilu. Recusa a chamada. Volta a falar com Rafael e Alfredo. PAULO: - E sobre a parte executiva da empresa, Alfredo. Como fica essa situação? ALFREDO: - Tudo isso será esclarecido amanhã, Paulo. Infelizmente eu não posso dar informações de forma antecipada. RAFAEL: - Creio que meu pai tenha pensado bem nessa questão. A Amaro era tudo pra ele. Não iria deixar ela sem amparos. Aliás, ninguém deixaria. Nem eu, nem minha irmã e nem vocês. Independente do que ele tenha decidido, quero dizer que conto com vocês dois para o que der e vier a partir de agora. PAULO: - Seu pai era meu grande amigo, Rafael. Pode contar comigo sim. ALFREDO: - Faço minhas, as palavras do Paulo, Rafael. No que precisar, pode contar com meu apoio. Num outro ponto, Mayra está pegando café na mesa, quando Fabrício se aproxima. MAYRA: - Tomou coragem para chegar perto de mim, é? FABRÍCIO: - Eu apenas quero servir um café, só isso. MAYRA: - Deixa que eu te sirvo. Mayra, de propósito, vira café na roupa de Fabrício. MAYRA (fingida): - Meus Deus! Como eu sou desastrada! Vitória se aproxima. VITÓRIA: - Posso saber o que está acontecendo aqui? MAYRA: - Eu, sem querer, acabei virando café no Fabrício quando eu ia servir ele. VITÓRIA: - Ah, foi sem querer?! MAYRA: - Claro que foi! Mas não precisa se preocupar não. (se aproxima de Fabrício) É só ele tirar a camisa, que eu peço para a empregada limpar e/ VITÓRIA (segura o braço de Mayra): - Será que nem num momento triste desse você não se contém, sua dissimulada? Lorena se aproxima, puxa Mayra. MAYRA: - Ai mãe! LORENA: - Eu já falei pra você, mas parece que não adiantou né, Mayra? Vamos embora agora! Lorena vai levando Mayra. Vitória ajuda Fabrício a se limpar. Enquanto isso, Fausto chega e encontra Lorena e Mayra. FAUSTO: - Já estão de saída? LORENA (surpresa): - Fausto! Não sabia que já tinha chegado de viagem! FAUSTO: - Nem tive tempo de avisar. Fiquei chocado com a notícia da morte do Tarcísio. Mas, porque vocês duas já estavam saindo assim, apressadas? MAYRA: - Eu não sei, pai! A mamãe de uma hora pra outra resolveu ir embora. Justo agora que eu tava gostando. LORENA: - Você sabe sim, Mayra. Mas conversamos em casa. FAUSTO: - Eu vou ali abraçar a Beth. Enquanto isso, Beatriz e Isabela conversam. ISABELA: - Mas amiga, que aliança é essa no seu dedo? Não me diga que/ BEATRIZ: - Isso mesmo. Estamos noivos, eu e o Rafa. As duas se abraçam. ISABELA: - Que ótimo amiga! Parabéns! BEATRIZ: - Obrigada, Isabela. E pode se preparar, porque você vai ser madrinha do meu casamento. ISABELA: - Ai que honra! Então eu preciso agora é ir à caça de um padrinho. BEATRIZ: - Chama o Conrado! ISABELA: - Tá louca? Tem que ser um padrinho à altura da madrinha! E não o Conrado. Falando nele, não o vi nem o velório, nem no enterro. E ele disse que vinha. Será que aconteceu alguma coisa? BEATRIZ: - Preocupada é? ISABELA: - Não, nem um pouco. Mas vou ligar pra ver o que aconteceu. CENA 10. APTO CONRADO. INT. DIA. Conrado aos beijos com Sarah, no sofá. Clima quente, ritmo frenético quando o telefone dele toca. CONRADO (aos beijos): - Meu telefone. SARAH: - Deixa tocar. CONRADO: - Mas pode ser importante. Conrado se afasta de Sarah, pega o telefone. CONRADO: - Alô? (T) Oi Isabela (T) Onde eu estou? (T) To a caminho sim. Sarah se aproxima de Conrado, vai beijando ele, pelo pescoço, o acariciando, enquanto ele fala ao telefone, se controlando. CONRADO: - Isso, daqui a pouco eu estou aí. (T) Beijo, tchau! (desliga o telefone) Você é louca, Sarah? A Isabela pode desconfiar. SARAH: - Mas e daí que ela desconfie? Vocês não são namorados nem nada. CONRADO: - Mesmo assim. Acho melhor você ir embora. SARAH: - O quê? Você quer que eu vá embora, é isso? CONRADO: - Vai ser melhor pra mim e pra você. SARAH: - Pra mim não vai ser não. Eu vou ter que ir embora mesmo cheia de amor pra dar?! CONRADO: - Mas a Isabela já ligou e/ SARAH (insinuante): - Então quer dizer que você prefere ficar com aquela branquela sem sal do que comigo que estou aqui, todinha pronta pra você? CONRADO: - Assim você me deixa sem jeito, Sarah. SARAH: - Eu quero é deixar você sem jeito, sem modos... Totalmente sem vergonha! Sarah avança em Conrado e os dois voltam a se beijar, caem pelo chão da sala. CENA 11. CASA ROSA. SALA. INT. DIA. Rosa, Louise, Jonas e Lívia conversam. LÍVIA: - Então está decidido. Você vai comigo amanhã na Amaro, Rosa. ROSA: - Pode contar comigo, Lívia. LÍVIA: - Agora, eu gostaria de pedir uma coisa pra vocês. Que esse assunto não saia daqui. LOUISE: - Pode ficar tranqüila, querida. Tudo em sigilo. JONAS: - Vamos indo então, Lívia? LÍVIA: - Gente! Já é quase noite e eu nem tive notícias do meu filho! Vamos sim, Jonas. ROSA: - Eu os acompanho até a porta. Jonas e Lívia se despedem de Louise. Rosa os acompanha até a porta. LÍVIA: - Muito obrigada, Rosa. Por tudo. ROSA: - Não precisa agradecer, Lívia. Só estou cumprindo a minha missão. LÍVIA: - Eu também quero te pedir desculpas. Eu te tratei muito mal, por várias vezes e/ ROSA: - Esqueça, Lívia. Já passou. Agora vamos pensar no futuro, no amanhã. As duas se abraçam. Jonas e Lívia vão embora. Rosa volta para o sofá, senta-se ao lado de Louise. LOUISE: - Agora que estamos só nós duas aqui, você pode me contar direitinho essa história. ROSA: - Que história? Da Lívia? LOUISE: - Também. Mas eu quero que você me explique essa incrível coincidência de você ajudar a provável paixão do Tarcísio, o homem que você mais amou na vida? ROSA: - Não é coincidência, Louise. É destino. E com certeza, minha mãe já previu tudo isso. LOUISE: - Sua mãe se quisesse poderia ganhar um bom dinheiro, né? Depois daquele dia que ela me disse que eu ia conhecer um cara rico, e que de fato eu conheci, nossa! Fiquei fã dela! ROSA: - Pois é. Mamãe nunca quis ganhar dinheiro com o dom que ela tinha. E quando ela morreu nos meus braços, fez o último pedido: que eu protegesse a borboleta, a guardiã do talismã. Essa borboleta é a Lívia. Eu só não sei o que é o talismã. LOUISE: - Gente, que história maluca! ROSA: - Ai amiga, teremos muito tempo pra conversar sobre isso ainda. CENA 12. MANSÃO TARCÍSIO. INT. NOITE. Muitas das pessoas que estavam na mansão já foram embora. Alfredo e Inês estão se despedindo. INÊS (a Elizabeth): - Fica bem, Beth. ELIZABETH: - Eu vou ficar Inês. Obrigada pelo apoio. ALFREDO: - E não esqueçam que amanhã vamos ter a leitura do testamento. AGDA: - Estaremos lá com certeza, Alfredo. VITÓRIA (a Fabrício): - Você vai junto comigo amanhã, não vai? FABRÍCIO: - Não sei, amor. Eu já fiquei o dia todo fora da clínica hoje. E outra, amanhã é mais reservado à família. AGDA: - Isso mesmo, Fabrício. Apenas família. Nem a Beatriz vai. BEATRIZ: - E mesmo se eu pudesse ir, eu saberia respeitar o momento, dona Agda. Rafael puxa Alfredo para uma conversa reservada. RAFAEL: - Eu quero falar outro assunto com você, Alfredo, que também tem relação com essa história do meu pai. ALFREDO: - O que foi, Rafael? RAFAEL: - Eu não estou muito satisfeito com o que a polícia está fazendo nas investigações do caso. ALFREDO: - Mas é preciso ter calma, Rafael. O trabalho ainda é recente, pode levar mesmo algum tempo para ter mais provas, algo mais concreto. RAFAEL: - Mesmo assim. Eu queria te pedir um favor. Eu quero um investigador à parte para resolver esse caso. ALFREDO: - Uma espécie de investigador particular, é isso? RAFAEL: - Isso mesmo. Eu quero alguém que, trabalhe também em parceria com a polícia, mas que não fique apenas nisso. Quero que corra atrás, que busque outras alternativas de achar o responsável ou responsáveis pela morte do meu pai. ALFREDO: - Eu entendo sua agonia, Rafael, mas/ RAFAEL: - Por favor, Alfredo. Eu te peço. ALFREDO: - Tudo bem. Vou ver o que posso fazer. Mas não prometo nada, ok? RAFAEL: - Tá certo. Obrigado mesmo assim. CENA 13. PENSÃO BEM QUERER. QUARTO LÍVIA. INT. NOITE. Pedro dormindo na cama, Carla ao lado. Lívia entra e vai direto beijar Pedro, acaricia o filho, carinhosa. CARLA: - Eu que contei a historinha pra ele dormir. LÍVIA: - Eu nem sei o que dizer, amiga. Obrigada. CARLA: - Imagina, nem precisa agradecer. Eu sei que você teve um dia cheio. LÍVIA: - Ai Carla... As últimas horas foram de coração apertado pra mim. Aconteceu tanta coisa! CARLA: - Como você ta? LÍVIA: - Ainda não acredito que o Tarcísio se foi. (emociona-se) Ele estava nos meus braços, Carla! Ele salvou minha vida! CARLA (abraçando Lívia): - Amiga, eu nem sei o que dizer numa hora dessas. Só posso te oferecer o meu abraço e meu carinho. LÍVIA: - E é disso que eu mais preciso agora. Lívia coloca a cabeça no colo de Carla, que terna, consola a amiga. CENA 14. APTO CONRADO. SALA. INT. NOITE. Conrado e Sarah deitados no chão, seminus, após calorosos amassos. A campainha toca. Ouve-se a voz de Isabela. ISABELA (OFF): - Conrado, sou eu, Isabela. Conrado levanta surpreso / apressado. Sarah também. Começa a se vestir. SARAH: - Abre a porta pra ela! CONRADO: - Tá louca? Ela não pode te ver aqui! ISABELA (OFF): - Conrado? Abre! O porteiro disse que você está aí! CONRADO: - Que porteiro é esse que não passa recado de nada! SARAH: - Se você não abre, eu abro. CONRADO (contém Sarah): - Não! Vem cá! Conrado pega Sarah pelo braço e a coloca na sacada, fechando a janela. Sarah fica do lado de fora. SARAH: - Vai me deixar aqui?! Eu não acredito! CONRADO: - É por pouco tempo! (puxa cortina) Conrado vai até a porta, abre um pouco apenas. ISABELA: - Demorou! CONRADO: - É, tava ocupado aqui. E você, que surpresa! ISABELA: - Vim saber se você está bem. Disse que tinha que resolver uns problemas e não apareceu no velório nem no enterro do Tarcísio. CONRADO: - É, tive uns contratempos aí. SARAH (OFF): - Eu quero sair daqui! ISABELA: - Você ouviu isso? CONRADO: - Não! Deve ser a vizinha. ISABELA: - Mas então nós vamos ficar conversando assim, eu no corredor e você na metade da porta? CONRADO: - Pois então. Acho que sim. O apartamento ta todo bagunçado e também já é noite, amanhã cedo eu tenho que levantar. Acho que não vai dar pra gente ficar de conversa. ISABELA: - Bom, então tá. Nos falamos melhor amanhã então. CONRADO: - Até amanhã. Isabela sai. Conrado fecha a porta e vai rapidamente para a sacada. Abre a janela, Sarah entra no apartamento. SARAH: - Por que você fez isso? Não viu que eu estava quase sem roupa na sacada da frente do prédio? Imagina se algum vizinho me visse. CONRADO: - A Isabela não vendo, é a conta. (espia pela janela, vê Isabela entrar no carro e ir embora). SARAH: - Ela já foi? CONRADO: - Acabou de sair. E agora quem vai é você. SARAH: - Eu? CONRADO (levando Sarah para a porta): - Sim, você e agora. SARAH (pegando suas roupas): - Ai Conrado. Não vai rolar nem uma despedida? Conrado dá um selinho em Sarah. CONRADO: - Pronto, ta aí a despedida. Boa noite Sarah, valeu pelo dia de hoje. Você foi ótima. Sarah vai embora. Conrado fecha a porta, respira aliviado. CENA 15. CASA ALFREDO. QUARTO. INT. NOITE. Alfredo já deitado na cama. Inês chega logo em seguida. INÊS: - Que dia hoje, meu Deus... Que dia! ALFREDO: - É, tivemos momentos difíceis. Espero que a partir de agora, tudo volte ao normal, como deve ser. INÊS: - Isso mesmo. Todo mundo em paz, sem segredos. ALFREDO; - Por que está dizendo isso? INÊS: - Porque eu fiquei surpresa em ver que depois de tanto tempo juntos, você continua tendo segredos comigo. ALFREDO: - Mas Inês, de onde você tirou isso? Ah, já sei. O testamento do Tarcísio é/ INÊS: - Não falo sobre o testamento do Tarcísio. Eu falo daquela moça lá no velório, para quem você deu um envelope e conversou quase que ao pé do ouvido. ALFREDO: - Eu posso explicar meu amor. INÊS: - É bom que explique, Alfredo. ALFREDO: - Eu entreguei para aquela moça o documento a chamando para comparecer amanhã na Amaro, para a leitura do testamento. INÊS: - Mas o que ela tem a ver com tudo isso?! Nem era ela a mulher que o Tarcísio levou na festa da revista! ALFREDO: - Eu não sei. Antes de morrer ele pediu que eu colocasse o nome dela no testamento. INÊS: - Com certeza a Beth não sabe. ALFREDO: - Ninguém sabe. Aliás, só irão ficar sabendo amanhã. Tudo esclarecido? INÊS: - Sim, claro. Desculpe pela minha insegurança. É que/ ALFREDO: - Não precisa se desculpar, meu amor. Ta tudo bem. Eu te amo. Alfredo beija Inês. ALFREDO: - Agora eu preciso dormir porque amanhã faço a leitura do testamento. INÊS: - Claro, descanse, querido. Alfredo dorme. Inês fica pensativa. CENA 16. SÃO PAULO. EXT. NOITE. Takes rápidos da cidade na transição da noite para um novo dia. Corta para. CENA 17. AMARO. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA. Alfredo, Rafael, Paulo, Vitória, Agda, Elizabeth, Lorena e Tatiana. ALFREDO: - Só mais alguns minutos e começamos a leitura. AGDA: - Não vejo motivo para tanta demora, Alfredo. Quem precisa saber da herança está aqui. ELIZABETH: - A não ser que tenha mais alguém. RAFAEL: - Mas quem? PAULO: - Eu acredito que mais ninguém. Senão já estaria aqui mesmo. De repente, a porta da sala se abre. Lívia entra no local, acompanhada por rosa. Surpresa de todos. AGDA: - Mas eu não posso acreditar nisso! TATIANA: - Lívia?! LORENA: - Você a conhece, Tatiana? TATIANA: - Sim, ela mora na pensão comigo. Elizabeth levanta-se. ELIZABETH: - Rosa, você aqui também? ROSA: - Estou acompanhando minha amiga. AGDA: - Vieram dar o golpe, isso sim! Alfredo, você não pode admitir isso! RAFAEL: - Vovó, por favor! ALFREDO: - Dona Agda, a Lívia também foi chamada para a leitura do testamento. ELIZABETH: - Essa moça também? Mas ela era o quê do Tarcísio? AGDA: - Mais uma amante, minha filha, só pode ser! PAULO: - Gente, por favor, vamos manter a calma. Brigar agora não nos levará à nada. LÍVIA (a Rosa): - Eu sabia que não deveria ter vindo. Eu vou embora, rosa. ROSA: - Claro que não! Você vai ficar aqui. Se foi chamada é porque tem direito também. ELIZABETH: - Você deveria ter nos avisado, Alfredo. Isso que você fez foi uma traição. ALFREDO: - Veja bem, Beth, todos os assuntos referentes ao testamento do Tarcísio foram tratados em sigilo absoluto. E todos que estão aqui presentes estão envolvidos. Eu nunca tive poder algum sobre o testamento. Apenas incluía o que o Tarcísio desejava. Agora, se todos estiverem de acordo, acho que já podemos começar a leitura. Por favor, sentem-se à mesa. Lívia e rosa sentam-se uma ao lado da outra. Tatiana se aproxima delas, se cumprimentam discretamente. Rosa fica frente a frente com Agda e Elizabeth. Paulo senta-se ao lado de Lorena. Rafael e Vitória lado a lado. Rafael presta atenção em Lívia. CENA 17. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. DIA. Alaíde conversa com Jonas e Carla. ALAÍDE: - Herança?! A Lívia tem direito na herança desse ricaço aí? CARLA: - Eles eram namorados. ALAÍDE: - Namorados?! JONAS: - Não, eles não eram namorados. CARLA: - Estavam juntos né? Saíam, tiveram jantares românticos. JONAS: - Eu tenho dúvidas se ele gostava mesmo dela ou não. CARLA: - O fato dele colocar o nome dela no testamento não é suficiente? JONAS: - Sei lá. Dinheiro não é tudo. ALAÍDE: - Sendo namorados ou não, esse cara deixou a Lívia bem na fita, minha gente! Essa moça veio do Rio de Janeiro com uma mão na frente e outra atrás e agora ta aí, rica! CARLA: - Bem que a Wanda dizia que a vida da Lívia ia mudar. ALAÍDE: - A Wanda era poderosa mesmo. JONAS: - Eu só espero que a Lívia não mude com aqueles que deram a mão pra ela. ALAÍDE: - Por que ta falando isso, Jonas? CARLA: - A Lívia não tem jeito de fazer isso não. Acho que ela guarda um carinho especial por todos aqui. JONAS: - Espero mesmo. Tomara que ela me veja também com outros olhos. Jonas sai. ALAÍDE: - Tá apaixonado, meu filho. Mas não adianta, a gente não manda no coração. CARLA: - Mesmo com essa história toda, eu acho que ele e a Lívia ainda podem se entender. ALAÍDE: - Eu como mãe só posso torcer pra que seja feliz. CENA 18. AMARO. SALA DE REUNIÕES. INT. DIA. Alfredo lê o testamento. Todos estão atentos. ALFREDO: - Sendo assim, eu, Tarcísio Ferreira designo para as seguintes pessoas, os bens a seguir mencionados: Para Elizabeth, deixo 30 por cento do meu patrimônio, que incluem as ações da empresa, a casa na Serra gaúcha, o apartamento de Nova York e o chalé da Toscana, na Itália. Para minha filha Vitória, deixo 20 por cento do meu patrimônio, incluindo o apartamento em Copacabana e a gerência absoluta do setor de criação e designer das joias da Amaro. Para meu filho Rafael, deixo 30 por cento do meu patrimônio, incluindo a casa de campo em Campos do Jordão e o controle das lojas em Londres e Madri. Para Agda, deixo 5 por cento do meu patrimônio, incluindo a casa onde morei durante todo o meu casamento com Elizabeth. AGDA (irônica): - Que engraçado, ele deixou a casa que já era minha! ELIZABETH: - A casa ele comprou depois que nós casamos, mamãe. Você que sempre se sentiu dona de tudo. ALFREDO (continua): - Para meu amigo Paulo e para a competente Lorena, deixo o controle geral da empresa Amaro e deposito neles toda confiança para que deem o suporte necessário a meu filho Rafael que passa a exercer a administração do negócio. PAULO (a si mesmo): - Só um cargo? LORENA: - Pode contar comigo para o que precisar, Rafael. RAFAEL: - Obrigado Lorena. Fico feliz em poder contar com vocês. ALFREDO (continua): - E finalmente, para a pessoa de Lívia Ribeiro da Silva e seu filho, deixo 15 por cento do meu patrimônio, além de uma cadeira vitalícia no conselho de administração da Amaro/ AGDA: - Mas essa daí vai ganhar a mesma coisa que eu?! Que absurdo! RAFAEL: - Era o desejo do meu pai, vovó. AGDA: - Ele só poderia estar louco. Não duvido que deva ter sido seduzido/ ROSA: - Por favor, Agda. Dê-se ao respeito. ALFREDO: - Por favor, eu posso continuar? ELIZABETH: - Tem mais coisa? ALFREDO: - Sim. De acordo com o testamento, o doutor Tarcísio nomeia a senhora Lívia Ribeiro da Silva como diretora pelo setor de responsabilidade social da empresa Amaro. Lívia se mostra surpresa. Burburinhos paralelos. ALFREDO: - Sendo assim, na presença daquele que vos fala, Alfredo Ávila, advogado do Grupo Amaro e de Tarcísio Ferreira, declaro autêntico o testamento aqui lido e que sejam cumpridas todas as determinações nele impostas. (T) Senhoras e senhores, declaro encerrada a leitura do testamento. Rosa abraça Lívia, que se mostra surpresa com tudo. ROSA: - Agora você pode dar um futuro melhor para o seu filho. Aliás, um futuro melhor pra você também, Lívia. LÍVIA: - Eu nem sei o que dizer. Nesse instante, Elizabeth se aproxima. ELIZABETH: - É melhor não dizer nada. Porque eu vou até o fim para que você não receba um tostão da herança que o Tarcísio deixou para os meus filhos. E muito menos colocar os pés aqui dentro da empresa. Elizabeth encara Lívia. Encerra com Mentiras - Adriana Calcanhoto. |
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Talismã - Capítulo 16
Novela de Édy Dutra
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