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A luz do sol entra pela janela e
ilumina todo o quarto naquela manhã, Levi solta um pequeno gemido,
posteriormente espreguiçando-se e levantando da cama, deixando o edredom
todo bagunçado no leito. Pouca coisa havia mudado naquele compartimento
da casa, tudo ainda estava em seu devido lugar, como se voltasse ao
passado, os melhores momentos da sua existência. Na parede alaranjada
contém alguns pôsteres dos Beatles, a sua banda favorita.
É difícil imaginar que a matriarca ainda o hostilize, por qual motivo
guarda todas aquelas lembranças? As fotos no porta-retratos. Talvez ela
sinta algum remorso pelo filho ter viajado, a deixando solitária. Levi
ansiava conquistar o seu próprio horizonte.
Ele caminha para o banheiro, toma um longo banho, posteriormente troca
de roupa e desce para a cozinha, onde cumprimenta a irmã e o melhor
amigo, tomam café juntos em uma mesa farta, Amália ainda não havia
despertado. Olha para o relógio no pulso, 10h15min, apressou-se para ir
ao aeroporto buscar a namorada. Levi entra no carro acompanhado por
Tony, que se acomoda no banco do carona, os dois começaram a conversar.
- E você e a sua mãe?
- O que tem ela?
- O perdão é essencial nesse momento.
- Sim, mas parece que isso não vai acontecer.
- Ontem ela estava bêbada, isso vai mudar.
- Acha mesmo?
- Nada é impossível, Levi.
O carro segue a caminho para a balsa, que os conduziram à Porto Seguro
em menos de quinze minutos, finalizando o percurso quase meia hora
depois.
Sentada na sala de espera do desembarque está Barbara Novak, assistindo
a TV local, vestindo uma roupa de frio devido à viagem internacional.
Havia chegado de Nova York, depois de promover o seu novo best-seller.
Os olhos azuis da cronista parecem cansados e os cabelos longos e
loiros, pouco bagunçado.
- Meu amor, estava com saudades.
Barbara se aproxima do namorado e lhe beija lentamente, estava se
sentindo protegida nos braços de Levi, essa é sua montanha, o seu
verdadeiro porto seguro.
- Espero que goste da minha cidade.
- As imagens de lá de cima são lindas.
- De perto é perfeita. Como foi a viagem?
- Exaustiva, querido.
A cronista é filha única de uma típica família mineira de ascendência
alemã. A paixão pela arte de escrever veio através do avô que sempre lhe
influenciou a ler, apresentou um universo, desde Monteiro Lobato a
Agatha Christie. Aos cinco anos de idade, pronunciava tudo corretamente,
aos quinze teve a ideia de ortografar o primeiro livro, com o tempo o
aperfeiçoamento pela arte a dominou inteiramente. Atualmente com 27
anos, coleciona três romances entre os mais vendidos do mundo, sendo
elogiada pela crítica internacional e dona de diversos prêmios. O pai
faleceu devido a um ataque cardíaco quando “Diário das Sombras”, o seu
primeiro sucesso, estava em evidência. Nisto se parece com o parceiro,
ambos são órfãos de genitores. A mãe atualmente reside em Los Angeles,
morando com algumas amigas.
- Este homem vai ficar aqui conosco?
Ela nota a presença de Tony na entrada da sala tomando uma latinha de
refrigerante diet. Levi simplesmente não entende esse aborrecimento que
Barbara, sente pelo seu melhor amigo. Os olhares eram sempre furiosos,
como se Tony fosse uma grande ameaça, um indivíduo ruim, o que não é
verdade.
- Só por algum tempo, temos alguns negócios para fechar na cidade.
- Certo. Nem vou perder tempo me intrometendo, pois sabe a minha opinião
a respeito.
- Claro.
- E a relação com a sua mãe?
- Poderia ser melhor.
- Eu aposto. Aonde vamos ficar?
- Na casa da minha família, você poderá conhecer melhor a “Dona Amália”
e a minha irmã mais nova.
- Pamela?
- Sim.
- Ela ainda vai se casar com aquele empresário?
- O destino está nas mãos dela, Barbara, paguei as dívidas que estavam
no nome dos Monteiro.
Dessa vez Tony estava no controle do veículo que nem um motorista
particular, enquanto Barbara e Levi permanecem no banco dos passageiros,
feito dois adolescentes, amando-se. Ela tentava suportar aquele cara,
mas parece impossível, o sague com certeza não batia. Ao chegar à casa,
Barbara, fica boquiaberta com a sogra, pois não é nada parecida com
aquela figura horrenda, um monstro de sete cabeças, que ao longo dos
anos construiu em sua mente e sim muito amigável, em poucos minutos se
tornaram grandes amigas, deixando Levi impressionado positivamente com a
atitude da matriarca.
- A senhora é muito legal.
- Não precisa me chamar de senhora e sim pelo nome.
- Certo, Amália.
- Está com uma aparência de cansaço, não vai tomar um banho?
Levi continua calado, sem se intrometer no diálogo.
- Vou sim e dormir um pouco.
- Espero que goste do quarto, tentei deixar tudo em ordem.
- Eu vou adorar, tenha certeza disso.
O casal sobe as escadas, ao trancar a porta dos aposentos, Levi cobre a
mulher de beijos e tira toda sua roupa, deixando-a apenas de calcinha
preta. As cariciam se fortalecem, andam tropeçando sobre os trajes no
pavimento, chegando à toalete, dentro da banheira, finalmente se
encontram nos abraços fulminantes. As belas mãozinhas loiras e macias
corriam pelas costas grandes e duras, as arranhando profundamente,
finalizando os desejos.
Barbara está em sono profundo depois da longa tarde de amor. Levi coloca
os pés no piso de madeira e anda pelos passadiços, usando apenas uma
bermuda jeans e uma camiseta branca de algodão, bate algumas vezes na
porta de madeira.
Amália o atende.
- Podemos conversar? – Ele perguntou.
- Claro.
- Eu não entendo a senhora, ontem fez aquele show maluco e hoje, está
usando essa imagem de mulher boazinha, o que aconteceu? Cadê a
verdadeira Amália Monteiro?
- Coloquei um milhão de reais no lixo, queria uma pessoa do meu lado
para poder administrar, mas infelizmente nunca tive ninguém, sempre fui
sozinha, você sumiu pelo mundo ao invés de me ajudar e retornou melhor
do que nunca, rico e poderoso, soube aplicar aquele capital, no fundo
tenho um pouco de inveja por não ter tido a mesma sorte.
- Nós três ganhamos um milhão de dólares.
- Só você soube multiplicar, eu soube subtrair.
Levi começa a sorrir meio tímido.
- Vamos recomeçar do zero, Amália?
- Me chama de mãe, por favor.
- Tudo bem, mãe.
- Vamos recomeçar, filho.
Esse é um novo começo. |
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