|
O dia amanhece frio, esse
certamente será o clima dos próximos dias na cidade, segundo as
previsões dos meteorologistas. Pamela já estava de pé, não tinha
conseguido dormir direito na última noite, passou a madrugada toda
assistindo televisão e pensando em Jonathan Sampaio, os seus olhos
continuam escassos. Precisa fugir dessa bomba relógio, é assim que
resume a sua vida. Deve tomar as primeiras providências. Lavou o rosto
no banheiro e escovou os dentes perfeitamente alinhados em sua cavidade
bocal.
Ela desce as longas escadarias, o vento estava forte naquela manhã,
trazendo uma sensação estranha no estômago, um pavor entorpecedor.
Pamela anda nos longos corredores em direção a cozinha. Ela coloca a
água para ferver no fogão, ignorando o uso da cafeteira, odeia o sabor
da bebida nessas maquinas, deixa um tanto artificial. Quando o liquido
começa a borbulhar na leiteira, Pamela joga dentro do coador acima da
garrafa térmica cromada de um litro e finalmente o café se encontra
pronto.
Pamela se acomoda na cadeira inclinada, contemplando o nada e de repente
uma mulher dona de cabelos loiros, usando uma roupa de frio,
introduziu-se no ambiente, com um sorriso tímido matinal.
- Bom dia, você deve ser a Pamela, não é?
- Sim...
- Eu sou Barbara Novak, namorada de Levi.
A mulher levantou-se para cumprimentar a cunhada, elas se abraçaram
rapidamente, o aroma de Barbara é deslumbrante assim como o seu caráter.
Pamela normalmente sente-se solitária no palacete e agora, tem o irmão e
a namorada dele, para conversar.
- Pode se acomodar, vou buscar uns biscoitos.
- Não precisa.
- Claro que necessita, deve se sentir em casa.
Pamela abre o armário e pega um pote de biscoitos de goiaba e colocou na
mesa próxima da escritora, adjunto com a xicara de porcelana. As duas
damas estavam sentadas frente a frente, a chuva permanece intermite no
lado externo, elas dialogavam como se conhecessem há bastante tempo.
- Posso te fazer uma pergunta, Pamela?
- Sim.
- Você ainda vai se casar com aquele homem?
- É uma decisão que precisa ser tomada com cautela.
- Não ligue para a imagem ou pelo dinheiro.
Barbara e Pamela, ficam caladas por alguns segundos.
- Barbara, eu queria ter algum talento, para qualquer coisa, sabe?
- Cada um nasce com um dom.
- Verdade.
- Monte o seu próprio destino, não viva sob o brilho dos outros.
- Eu tenho orgulho do Levi por isso, se tornou um homem de negócios.
Barbara ingere o café e ergue os olhos, não pode contar nada a respeito
do empreendimento do amado, isso é um segredo que deve ser trancado a
sete chaves. Em seguida, as duas se levantam, limpam os respingos de
sujeira no cômodo e seguem para o segundo andar.
Pamela não pode mais usar esse cabresto, é a hora de ser a chefe nesse
momento. O Land Rover percorre a cidade inundada pela tempestade,
chegando a casa do noivo.
Miguel Xavier abre a porta da mansão com um sorriso debochado no rosto,
ao encarar a dama que entra rapidamente sem ao menos ser convidada. Os
olhares são fúnebres, Pamela coloca a bolsa de couro no sofá de palete.
O homem a dianteira se aproxima e tenta roubar um beijo, fracassando.
- O que está acontecendo?
- Ficou sabendo a respeito do acidente com o Jonathan?
- Sim, mas o que isso tem a ver conosco?
- Ele é um grande amigo meu.
Miguel finalmente rouba um selinho. Pamela faz uma cara de nojo, saindo
de perto do empresário do ramo da hotelaria.
- Xavier...
- Me chame de Miguel, vamos casar em poucos dias.
- É sobre isso que desejo falar.
- Continue.
- Quero cancelar o nosso compromisso. – Ele fala colocando o anel na
mesa de centro espelhada.
- Pamela! Pamela! Pamela!
O empresário avança para cima da mulher, que se assusta.
- Quer mesmo assinar o óbito do seu amado, Jonathan?
Aquelas palavras foram fortes o suficiente para deixar a dama sem
reação.
- Não acredito nisso, tentei me convencer do contrário. Mas tentar tirar
a vida de outra pessoa? Como isso pode acontecer Miguel? Você é um
monstro, por isso não terá mais nada entre a gente.
Miguel encrava o punho esquerdo no rosto de Pamela, que desaba no
estofado, sendo puxada pelas crinas para frente de um espelho.
- Olhe para você, Pamela. É só um pedaço de carne, que eu vou usar e
abusar pelo resto da vida.
Xavier a cheira pelas costas feito um animal, sendo conduzido pelo
perfume com a essência de floral branco até o pescoço da garota, que
berra desconsolada, sem ao menos ser escutada.
- Espero que esteja preparada, pois o nosso casamento vai suceder, ou
então, aquele Jonathan Sampaio, se transformará em pó.
Em lastima, apenas observa pelo espelho o reflexo do homem, literalmente
fora de controle. Como nunca tinha visto. O vestido é estraçalhado pelas
mãos grossas do empresário, que a puxa pelos cabelos, alguns fios caem
no piso de madeira laminado, sendo levada a força para o quarto no
segundo andar. Como uma besta em fúria, começa a bater diligentemente
naquela bunda avantajada, acima da enorme cama. O sutiã cai no pavimento
primeiro, seguindo pela calcinha. Pamela não pode fazer mais nada, a não
ser se entregar a dor e sentir aquele homem a invadindo por completa,
feito uma presa sendo devorada por um predador indomável. Aquela não era
a primeira vez que transavam, mas a garota suplicava para ser a última.
No final da cópula, ela é jogada para o lado, que nem um lixo e se
enrola no lençol sujo de sangue.
- Seremos felizes para sempre. – Ele debocha.
Miguel Xavier ascende o charuto irlandês, tragando e soltando a fumaça.
Não existe nada mais do que humilhação para a mulher. As marcas podem
sumir com o tempo, mas não tem como esquecer o ocorrido.
Duas semanas se passaram e Pamela, tinha tomado uma única decisão, se
unir matrimonialmente com Miguel Xavier, para salvar a vida de Jonathan.
Ninguém poderia fazer mais nada, nem mesmo Levi. |
|
Comentários: