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CAPÍTULO 14 - A LISTA DE ASSASSINOS |
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O homem se acomoda na varanda do restaurante, localizado
na Bróduei, enquanto o amigo permanece no banheiro. Nos
minutos anteriores, tinha conversado com Jonathan, que
nada aparenta com um assassino frio e calculista. Levi,
no entanto, pensa na digna frase de Érico Veríssimo,
“Ninguém é o que parece, nem Deus”, mas que criatura
suprema é essa que idolatramos? Um ser superior com
características humanas? Capaz de possuir ódio,
vingança, orgulho e arrogância? Levi fita em contexto do estabelecimento Paraíso, que permanece vazio naquele início de tarde. Mal sabia que este era o local usado para os encontros e conversas entre Jonathan e Pamela. - As vestimentas do Jonathan não podem ser levadas em conta, mesmo estando no calor da Bahia. Existe gente desatinada para tudo nessa vida. Há uma história que não conhecemos. – Tony ingere a bebida quente da xicara branca de porcelana, enquanto o garçom coloca os dois pratos sobre a mesa. No de Levi, uma panqueca americana com recheio de mel junto de alguns morangos e Tony, aproveitando ao máximo a culinária baiana, provando uma deliciosa tapioca de coco com leite condensado. Com a boca cheia, retorna a falar: Temos que pesquisar profundamente. Levi respirou profundamente. - Evelyn, a melhor amiga da minha irmã deve saber algo. - Sobre o namoro entre os dois? - Exatamente. - Para mim foi aquele tal de Jonathan, Levi. Com raiva dela, que o jogou por escanteio, acredita mesmo em promessas em falésias? - Eles realmente se amavam. - Mas esse amor era recíproco? - Você devia escrever uma novela das nove, parece o Aguinaldo Silva. - Estou sendo sincero. - Matar assim? Não tem sentido. - Ciúmes leva uma pessoa fazer coisas absurdas. Nunca leu Dom Casmurro? - Nisso você tem razão, mas não podemos apontar o dedo para um único alvo. Os dois finalizam o lanche. - Não comia nada tão bom desde que fui preso. Vamos levantando e ir atrás da amiga de Pamela, quem sabe ela não entra na nossa lista de “possíveis assassinos”. - Daqui a pouco até eu vou entrar nesse catálogo, Sherlock. O aparelho de Levi começa a vibrar no bolso, fazendo ele ficar mais alguns minutos no ambiente agradável do restaurante. - Barbara, tudo bem contigo? - Sim, querido. Quero saber aonde você está nesse momento. - Estou com o Tony, estamos fazendo uma análise de negócios. - Certo, vai demorar muito? - Um pouco, talvez. - Vai chegar a tempo para a janta? - Certamente, caso contrário, me espere, querida. - Eu sempre vou te esperar, mas não demore. - Tchau. - Tchau, amor. Ele desligou o telefone e divisou Tony um pouco sem graça por escutar a conversa. - Ela não gosta de mim, não é? – Ele interpela. - Isso não é importante, Tony. - Eu nunca fiz nada para obter esse ódio gratuito. - Ela não te odeia. - Mas também não gosta. - Um dia vocês serão amigos, eu espero estar vivo para ver isso. - Eu acho que não. Levi e Tony seguiram andando pela Bróduei. Deixando o automóvel estacionado em uma rua a poucos quilômetros. Chegam ao fundo da igreja, onde a jorrada de vento é forte, lá embaixo, um cenário belíssimo, feito uma extensa maquete, as grandes arvores se juntavam com as belas casas e na retaguarda, o oceano atlântico. Levi bate algumas vezes na porta de acesso acima da calçada, a dama atende, permanece apática, com os olhos escassos e os cabelos cacheados bagunçados, conduzindo os rapazes para sala de estar. - Podem ficar à vontade. Os dois sentam no estofado. - Vou ser sincero contigo Evelyn, quero saber os segredos da minha irmã. - Isso seria traição, Levi. - E o que você está fazendo? – Tony assume o controle do diálogo. – Estamos querendo apenas encontrar o verdadeiro homicida e pode ser qualquer um, incluindo aquele Jonathan. Os olhos da garota começaram a encher de lágrimas. - Eu prometi segredo a ela, mas não posso continuar com essa mentira. A Pamela e o Jonathan nunca se separaram, sempre permaneceram juntos, a culpa disso tudo é da sua mãe Levi, aquela mulher fez da vida da minha amiga um inferno, para se casar com o Miguel Xavier, contemplei o fracasso de um império que o seu pai construiu nas mãos daquela mulher, por isso não consegui ficar direito no velório e seguir para o enterro, seria muita hipocrisia ficar de cara a cara, com uma pessoa que matou a própria filha. A Pamela se tornou uma máquina, não demonstrava nenhum sentimento, mudou completamente, se tornou uma outra pessoa, ela não era mais a Pamela, era qualquer pessoa, menos ela, sua mãe deve sentir muita culpa, não é mesmo? As palavras da garota não machucaram o coração de Levi, ele conhecia perfeitamente a matriarca e sabe como a mulher, pode ser manipuladora e danificar os sentimentos alheios, Evelyn não é uma nova pessoa da lista de “possíveis assassinos” e sim uma grande amiga, que neste momento sofre mais que qualquer um. |
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REALIZAÇÃO |
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Perfume - Capítulo 14
Novela de Luiz Gustavo
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