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Música:
Just Breathe - Pearl Jam
Levi anda em direção do carro na parte externa do
palacete de Miguel Xavier, depois de uma rápida conversa
com aquele homem, uma coisa é certa, tinha identificado
um adversário à altura, existem muitas partes escondidas
naquele jogo, que ele precisa encontrar. Tony, o espera
escutando uma coletânea de grandes êxitos do Pearl Jam,
sentado no banco do passageiro. Quando Levi entra no
veículo começou a tocar a música Just Breathe, ele
lembra-se de um jantar ao lado de Barbara Novak em 2010,
em instantes sua visão atravessa o tempo e consegue
contemplar aqueles momentos, os dois juntos conversando
enquanto a cidade de Veneza completa o cenário. Ele
pisca os olhos e volta ao mundo atual com o barulho do
estralar de dedos do amigo, que o observa delirando.
- O que aconteceu cara? Está bem?
- Sim...
- No que está pensando?
Tony abaixou o volume do aparelho sonoro.
- Apenas na Barbara, é nisso ou a respeito da Pamela.
- As duas mulheres do seu destino.
- Com certeza.
- Encontrou alguma pista?
- Nenhuma, mas esse cara tem algo de estranho.
- Tipo?
- Um olhar desumano, como se as pessoas não fossem nada,
só objetos.
- Ás vezes é só o jeito dele.
- Não é apenas isso Tony, se você tivesse ido, ia
saber.
O aparelho celular começa a vibrar no bolso de Levi,
trata-se do delegado da cidade, que tinha encontrado o
verdadeiro assassino de Pamela, o telefone quase caiu do
braço ao escutar aquelas palavras. Ele pisou os pés no
acelerador e chegou rápido na delegacia, não podia ser
verdade, talvez estava cego demais com as palavras, mas
logo Jonathan Sampaio? O amante? Tony estava certo
afinal? Um crime seguido de um ciúme doentio, no mesmo
paradigma de Dom Casmurro? Isso não parece ser verdade,
certamente é uma armação contra ao estudante de ciências
socais.
- Isso está estranho.
- Eu sempre disse que foi um crime passional, Levi.
- Esse tempo todo fui enganado?
- O Jonathan foi esperto.
Em poucos minutos o carro estaciona na frente da
delegacia. Os dois varões entram no local, seguindo
adiante para a sala do delegado que os aguardam
acomodados na poltrona a frente de sua mesa. O rosto do
homem parece estar um pouco abatido e inchado,
certamente nem deve ter conseguido dormir na noite
anterior.
- Encontramos a única testemunha.
- Disso sabemos, descobriram algo em intermédio desse
menino? – Indaga Levi.
- Não foi por este motivo que prendemos o Jonathan.
- O que aconteceu?
Tony continua calado sentado na cadeira confortável,
apreciando o diálogo.
- Recebemos algumas denúncias anônimas, nós dando
diversas dicas, até chegarmos ao meliante e encontramos
algumas coisas no iate da família Sampaio. As roupas
usadas no dia do crime, uma máscara e algumas munições
para a arma.
Valentim boceja um pouco indolente.
- Não estou acreditando nisso, delegado.
- É de onde menos se espera que encontramos a verdade.
- Ele e a minha irmã eram amantes.
- Um crime passional, se a Pamela não fosse dele, seria
de outra pessoa?
- Eu preciso conversar com ele.
- Tem certeza?
- Sim, ele não pode ter me enganado dessa forma.
Levi é encaminhando para uma saleta totalmente escura na
companhia de dois agentes militares, por um momento,
imagina se um dia a polícia federal descobrir todos os
seus delitos, como seria a vida engaiolado? Ele
permanece abancado na cadeira de madeira, esperando, em
seguida, Jonathan surge algemado com a face avermelhada.
Levi não consegue enxergar a mentira no olhar daquele
rapaz, não seria capaz de cometer tamanha brutalidade
com uma pessoa que amou tanto, Jonathan não é um
psicopata.
- Tem como conversamos em particular?
- Qualquer coisa é só chamar.
O homem levanta a cabeça, deixando os dois sozinhos.
Afinal, não tem como detento fazer algo contra a visita,
pois permanece acorrentado na cadeira.
- De mocinho á assassino, Jonathan.
- Eu não matei a sua irmã, Levi. Só peço que acredite na
minha pessoa.
- Todo mundo nessa cidade quer te ver morto, mas eu não,
acredito na sua inocência.
- Sério?
- Sim, você não seria estúpido o suficiente ao ponto de
assassinar uma pessoa e continuar aqui em Arraial, teria
que ser esperto para arquitetar esse plano e atirar
contra uma pessoa com uma precisão digna de um serial
killer, coisa que um amador não faz, você é um amador,
certamente nunca pegou em um revolver, quanto mais em um
fuzil.
- Existem pessoas gigantes envolvidas nisso.
- É apenas uma.
- O Miguel Xavier. No dia em que eu sofri o acidente de
carro, bem... – Jonathan fita o chão, pouco envergonhado
das palavras que almejavam sair de sua cavidade bocal.
No entanto, não tem como os vigilantes escutarem, está
na parte externa do cômodo. – Eu me lembro desse dia
perfeitamente, eu e a Pamela nós amamos sem regras
naquela manhã em Pitinga, existiam tantos planos, sabe?
Um casamento, filhos, netos, cachorros, mas tudo foi
rápido demais, aquela tarde chegou a ser macabra, não
apenas pelo acidente, mas por um recado que encontrei no
iate da minha família, tinha um cadáver no barco e uma
ameaça escrita a sangue, “Se afaste das coisas que não
lhe pertencem”, quando telefonei para Pam, eu a disse
que isso era coisa desse canalha, sempre soube, Levi.
Nunca entendi o motivo dela não ter assumido a nossa
relação.
- Não está na sua cara?
- O quê?
- Ela morreu para te proteger, você sofreu um acidente
que ninguém conseguiu desvendar, ela te amava de
verdade, Jonathan. Em seus últimos dias de vida, não
consegui reconhecê-la, sinceramente, era apenas uma
boneca de porcelana, um fantoche. Me senti um pouco
culpado de ter me afastado daqui durante todos esses
anos, mas tive que construir a minha independência e
salvar ela das garras da minha mãe, em qualquer lugar
que a Pamela estiver, ela vai ter de perdoado a nossa
progenitora, ela fez o que fez, para defender a filha,
mas acabou por enterrando uma alma e depois um corpo.
Não tenha medo, vou contratar um advogado, você vai sair
detrás dessas grades em breve, eu prometo. |
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