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CAPÍTULO 25 - PANDORA |
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Levi abre a porta do quarto da pousada, divisando a
beleza da namorada, que em mãos segura uma pequena bolsa
azul, certamente com alguns trajes masculinos. - Posso saber o que aconteceu? – Ela perguntou. Barbara ficou perplexa ao contemplar Tony com o braço engessado, acomodou-se do lado do rapaz na cama, bastante preocupada. Levi não podia contar muitas coisas a respeito do assunto, não pode colocar mais uma vida em risco. - Você está bem? - Sim, o pior já passou, Barbara. - Eu não consigo acreditar que vocês dois, ainda vão continuar tocando nessa ferida, os dois quase morreram. Barbara levantou-se e ficou frente a frente com Levi, que a beijou lentamente. Tony abaixou a cabeça um pouco sem graça ao divisar a cena. - Fico feliz que você e o Tony estão conversando. - Levi, eu quero ir embora desse lugar. - E o livro? - Estou começando a ficar assustada. - Tem alguém te seguindo? - Não. - Está prestando atenção, não é? - Claro, mas depois da divulgação, vou partir, para a minha segurança e a do nosso filho. - Volte para a casa da minha mãe, lá é mais seguro. - Aquele resort é cercado de câmeras, Levi. - E se o problema estiver dentro? - Você sabe de algo? - Apenas faça o que estou te pedindo, Barbara. - Não consigo te entender. - Simplesmente não posso viver com outro fardo, já não basta o Tony que quase morreu. - Exato. - Você não precisa saber nada, querida, irá deixar a cidade em breve. - Depois vamos esquecer isso, não é? - Sim, vou levar a minha mãe junto conosco e seremos felizes. - Claro. - Eu te amo. Eles se beijaram mais uma vez, Tony se intrometeu o momento romântico do casal. - Vocês vão me incluir nesse felizes para sempre de contos de fadas? Barbara e Levi deram risada. - Claro que sim, chegamos até aqui. – Afirmou a escritora. - Não quero ser esquecido. - Um amigo de verdade, nunca será esquecido. – Disse Levi. Levi pega uma das roupas na mochila e entra no banheiro, aonde toma um longo banho embaixo do chuveiro, deixando a água cair em todo o seu corpo, se limpando completamente. Posteriormente coloca as vestimentas, as calças pretas que se enquadra perfeitamente em seu quadril e uma camisa branca de manga cumprida, Barbara sabia escolher bem as suas roupas. Fica um minuto parado e somente escuta a conversa de Barbara e Tony, parecem dois grandes amigos, como se tivessem esquecidos as besteiras do passado e recomeçado do zero. Ele sorri, ao menos uma coisa está dando certo neste momento. As vestes antigas parecem não ter mais serventias, acaba as jogando no lixo. - Você vai procurar o que agora? – Indaga Barbara. - Algumas respostas dentro de mentiras. - Isso parece uma caixa de pandora. O homem despede-se da dama com um leve beijo e do amigo, com um rápido abraço cuidadoso para não o machucar ainda mais. Levi de alguma forma sente uma culpa devastadora da tragédia acontecida e pelo fato de Tony, ter quebrado um braço, mas deve continuar forte. O táxi o leva para Vale Verde, um pequeno vilarejo entre Arraial D’ Ajuda e Eunápolis. Um lugarejo de grande valor histórico, que muitos citam como “um lugar perdido no nada”, antiga Aldeia do Espírito Santo dos índios ou Patatiba. O pequeno município que conserva o traçado primitivo consiste num extenso retângulo gramado, ao lado de um dos mais bonitos vales da região. Os olhos de Levi fincam nas crianças brincando no meio da rua, jogando bolinha de gude e pulando de amarelinha, algo que o faz retroceder no tempo e lembrar-se dos seus momentos de menino, um garotinho ainda inocente, nos anos 80. O carro estaciona no endereço ordenado, Levi salta e o motorista permanece no veículo, o aguardando. A casa é simples, tem alguns gatos e cachorros adiante, bate algumas vezes na porta e uma senhora o atende. Os cabelos dela são grisalhos, usa uns óculos que aparentemente seja forte, pois mesmo assim, ela ainda força as vistas, a mulher traja uma pequena saia meio antiga, estampada de bolinhas e uma camiseta de um deputado estadual, eleito na última eleição. - A senhora conhece a Neide Alencar? - Sou eu. - Meu nome é Levi Monteiro. Ela o encara de forma diferente, talvez estivesse o reconhecendo. - Filho do finado Antônio? - Sim. - Quer entrar para tomar um café? - Se não for te atrapalhar. Levi transpôs na morada, sendo encaminhado para uma cozinha simples, no copo de alumínio ingere a bebida, que talvez seja a melhor que tinha tomado em toda a vida, acompanhado de um bolo de aipim. - Pamela faleceu no altar, tão bela. – Neide começa. A feição da mulher fica escassa, talvez não aguentasse mais chorar. - Um mistério para todos, para mim e para a polícia que investiga o caso, principalmente. - As coisas são estranhas, mas devemos entregar nas mãos de Deus. - Deus não vai encontrar o assassino, Dona Neide. – Finaliza o lanche. - Mas pode fazê-lo sofrer, mais cedo ou mais tarde, esse alguém pode se arrepender, não acha? - Claro, mas e a minha outra irmã? A Claudia? - Está morta, também. - Como assim? - A pequena Claudia faleceu três anos depois do nascimento, pegou uma doença incurável. - Porque você não contou para o meu pai? - O que ele podia fazer? - Pagar médicos e hospitais, para descobrirem o acontecido. - Fui muita humilhação para mim. - E uma traição. - Eu não tive culpa, fui seduzida por aquele canalha. - Não posso falar nada a respeito, mas deve ser muito difícil para senhora, ter aberto mão de uma das suas filhas. As esperanças para desvendar os mistérios a respeito do assassinato da irmã, somem que nem uma brisa. E aquela visão que teve no bar? É apenas uma das confusões de sua psicose? Levi se despede pouco tímido da senhora e regressa para o veículo. Neide fica divisando o carro sumir pela estrada. - Falta pouco, para tudo ser revelado. – Ela conclui. |
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Inspirada na
música Perfume de Britney Spears autor: Luiz Gustavo
personagens: |
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Perfume - Capítulo 25
Novela de Luiz Gustavo
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