cENA 01. CEMITÉRIO. EXTERIOR. DIA.
Continuação da última cena do capítulo anterior. Clara e
Marcelo se encaram. Ela ainda surpresa.
Clara
– Marcelo?
Marcelo
– Eu mesmo. E você quem é?
Clara
– Como é que você apareceu assim? Ela jurava que você
tava morto! Meu nome é Clara.
Os dois se cumprimentam.
Clara
– Será que você pode me explicar o que tá acontecendo?
Porque eu não to acreditando nisso.
CENA 02. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
Continuação da cena 39 do capítulo anterior. Otávio abre
um sorriso debochado para Gregório.
Otávio
– Não to querendo enganar ninguém, mas se você não
acredita: Tá aqui as provas.
Otávio tira da sua pasta, vários papéis e documentos.
Otávio
— (Entrega pra Gregório) Durante anos o seu irmão
escondeu a certidão de nascimento do Marcelo. Agora ela
tá aqui pra não ter dúvidas de que realmente ele é quem
diz ser: o herdeiro de tudo isso aqui.
Gregório olha para os papéis ainda incrédulo.
Gregório
— Isso é falsificado! Um golpe de vocês dois!
Otávio
– É não Gregório. Tão aí todos os documentos que
comprovam. Se você quiser fazer um exame de DNA, tudo
bem, o resultado vai ser positivo mesmo... Aceita que
dói menos.
Gregório encara Otávio, perplexo.
Otávio
— (Sorri irônico) Perdão por estragar os seus planos de
ficar com a Barão do Alambique.
Gregório ignora o comentário e vai embora de forma
intempestiva. Otávio sorri, satisfeito.
CENA 03. ruas do rio de janeiro.
ambiente. Exterior.
Dia.
Marcelo e Clara caminha pela rua. Clara ouvindo Marcelo
falar.
Marcelo
— E foi isso. Apareceu o Dr. Otávio e aquele outro homem
e me contaram tudo, que eu era o filho desaparecido de
uma mulher muito rica e que tava me procurando há anos.
Clara
— Gente! Que história! Quer dizer que você não se
lembrava da sua mãe?
Marcelo
— Não. Meu pai me levou embora quando eu era muito
pequeno, não tinha como eu lembrar.
Clara
— É uma pena mesmo a tia não ter vivido pra ver você
mais uma vez.
Marcelo
— Você conheceu bem ela?
Clara
— (Sorri) Sim, ela era minha madrinha. Nos últimos anos
eu e a minha irmã passamos um tempo fora fazendo
faculdade, especialização e essas coisas. A tia queria
que eu trabalhasse na indústria.
Marcelo
— Você faz o que?
Clara
— Sou designer de embalagem de produtos. A tia queria
que eu ficasse à frente do design da embalagem de todas
as garrafas que a indústria produz.
Marcelo
— (Sorri) Como ela era? Me fala um pouco dela.
Clara
— Ah Marcelo, a sua mãe era uma pessoa especial. Ficou
muito deprimida e fechada depois que você e o seu pai
sumiram, mas/ (Se corta) Não quer sentar?
Marcelo
— Pode ser.
Os dois se sentam em um banco que tem por ali.
Marcelo
— Como ela era antes de eu sumir?
Clara
— Não lembro, eu era muito pequena. O que eu sei é que a
tia apesar de tudo, sempre foi uma mulher fantástica.
Apesar de todo o sofrimento, nunca desanimou. Não é a
toa que ela procurou você até encontrar.
Marcelo
— (Triste) Pena ela não ter realizado esse sonho. Se eu
tivesse voltado um dia antes, talvez/
Clara
— (Corta sutil) Não pensa nisso, Marcelo. Quando as
coisas tem que acontecer, elas acontecem e a gente não
pode impedir.
Marcelo
— Isso é verdade. (Tom) E como era a sua relação com
ela?
Clara
— Ela era como uma segunda mãe. A minha mãe diz que todo
o amor que ela não pode dar pra você, ela transferiu pra
mim.
Marcelo
— Com razão, você é mesmo uma pessoa encantadora.
Clara sorri, sem jeito.
CENA 04. casa de gregório. sala. Interior. Dia.
Gregório, Tarsila e Leandro. Conversa já iniciada.
Tarsila
— (Surpresa) Como assim reapareceu?!
Gregório
— Encontrei ele lá, no meio da sala da Ana Carolina,
mais vivo que todos nós juntos.
Tarsila
— Não acredito num negócio desses.
Gregório
— Pode acreditar. Ele voltou das profundezas do inferno
pra atrapalhar as nossas vidas.
Tarsila
— E agora? Como vai ser?
Gregório
— Vai ser que ter convencido durante tantos anos a Ana
Carolina a não pedir a morte do Alcides na justiça vai
ter sido em vão. No final das contar tudo vai ficar pro
filho deles mesmo.
Leandro
— E ia ficar pra quem caso ele não aparecesse?
Gregório
— Eu ia pedir judicialmente a morte do Alcides, todo o
dinheiro e ações da indústria, iria pra Ana Carolina,
mas com ela morta eu seria o parente mais próximo pra
receber a herança do Alcides.
Tarsila
— Agora a vaca foi pro brejo.
Gregório
— Aquela herança ia vir bem a calhar, mesmo com a
indústria indo relativamente bem, a gente tá cheio de
dívidas.
Tarsila
— Por isso, Leandro, trate de agilizar esse seu
casamento com a Milena. Agora isso é prioridade máxima.
CENA 05. casa de giancarlo. sala. Interior. Dia.
Continuação da cena 40 do capítulo anterior. Bianca e
Yasmin sentada no sofá. Yasmin prestando atenção no que
Bianca fala.
Bianca
— Tudo começou há muitos anos atrás, você nem era
nascida e a sua irmã ainda era pequena. A indústria de
destilados que o Alcides, marido da Ana Carolina era
dono, tinha uma espécie de convênio com a nossa
exportadora. Grande parte da distribuição das bebidas
produzidas por eles eram espalhadas pelo Brasil e pelo
mundo através da gente. Era um negócio de ouro... Mas um
belo dia, logo depois que o marido e o filho sumiram,
ela resolveu cancelar todos os contratos que ela tinha
conosco. Nem o Gregório que é um dos sócios, nem ninguém
conseguiu impedir que ela não fizesse isso. O resultado?
Um prejuízo milionário pra gente. Uma queda brutal no
lucro da empresa. Agora você entende porque eu não
queria contato com aquela mulher?
Yasmin
— Não. É só dinheiro. Pensei que ela tivesse roubado ou
matado, sei lá, mas por isso?
Bianca
— Você ainda é muito nova, não entende das coisas.
Yasmin
— (Desconfiada) Você tá falando a verdade ou tá só me
enrolando?
Bianca
– E por que eu iria mentir pra você?
Yasmin
– Sei lá, esse motivo parece ser simples demais.
CENA 06. casa de gregório. quarto de leandro. Interior.
Dia.
Leandro fala ao celular.
Leandro
— (Cel) E aí amor? Vamos sair hoje? Topa pegar uma
praia?
CENA 07. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior.
Dia.
Milena deitada na cama falando ao celular.
Milena
— (Cel) Ah, não to no clima. Esse negócio da sua tia
enfartando e rolando escada a baixo mexeu com os meus
ânimos.
Leandro
— (Off) Então se prepara que as emoções não acabam por
aí.
Milena
— Que? Não vai me dizer que mais alguém foi lá pro andar
de cima?
CENA 08. casa de gregório. quarto de leandro. Interior.
Dia.
Leandro falando no celular.
Leandro
— (Cel) Muito pelo contrário, Milena. Você se lembra
daquela história de que a minha tia passou anos
procurando o marido e o filho que sumiram?
Milena
— (Off) Claro! Todo mundo conhece essa história!
Leandro
— O tal filho desaparecido apareceu.
CENA 09. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior.
Dia.
Milena falando no celular, surpresa com o que acaba de
ouvir.
Milena
— (Cel) Lê! To chocada! Apareceu assim? Do nada?
Leandro
— (Off) Do nada não.
CENA 10. casa de gregório. quarto de leandro. Interior.
Dia.
Leandro falando ao celular.
Leandro
— (Cel) Até porque a tia tava procurando por ele há
anos. (Pausa) Bom amor, já que você não quer ir, a gente
combina de fazer alguma coisa um outro dia. Beijos.
Leandro desliga o celular.
Leandro
— Quer saber de uma coisa? Eu vou fazer uma visita pro
meu priminho.
CENA 11. casa de giancarlo. sala.
Interior. Dia.
Bianca e Yasmin sentadas no sofá. Milena desce as
escadas.
Milena
— Gente! Vocês não tem ideia do que o Leandro acabou de
me contar!
Bianca
— Virou fofoqueira agora, é?
Milena
— Se você começar com gracinha eu não falo nada e olha
que é do seu interesse. Coisa do seu finado desafeto.
Bianca
— Sobre a Ana Carolina? Depois de morta, descobriram que
ela era uma bisca?
Milena
— Nada disso. Encontraram o filho dela.
Bianca reage surpresa.
Yasmin
— Filho? Que filho?
Milena
— Ah, amor! História antiga.
Yasmin
— Pelo jeito hoje é o dia da revelação de histórias
antigas.
Bianca
— (Surpresa) Como assim o filho dela apareceu? O Marcelo
não tava morto?
Milena
— Era o que todo mundo pensava, mas pelo jeito ele tá é
bem vivo. (Tom) Mas porque tanto espanto? Até parece que
você não gostou que ele tenha aparecido.
Bianca
— Deixa de delírio, Milena. Pode aparecer a margarida
praquela família que eu não to nem aí. Agora dá licença
que eu tenho mais o que fazer.
Bianca se levanta e sobe as escadas. Milena senta no
sofá ao lado de Yasmin.
Milena
— E aí, meu bem? O que cê tá fazendo?
Yasmin
— Pensando numas coisas que a mãe falou.
Milena
– Dela tá nem aí pra chegada do filho da Ana Carolina?
Yasmin
— Não. Sobre o motivo da desavença entre elas duas. Ela
me contou tudo.
Milena
— E aí?
Yasmin
— Achei estranho. Um absurdo uma briga dessa proporção
por causa de dinheiro.
Milena
— Eu também acho. E mais: acho que esse não é o real
motivo. Tem mais coisas por trás dessa história.
CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA.
Stock-shot da cidade do Rio de Janeiro. O último take é
o da entrada da casa de Ana Carolina.
CENA 13. CASA DE ANA CAROLINA. PORTÃO DE ENTRADA.
Exterior. Dia.
Marcelo e Clara em frente ao portão da casa.
Marcelo
— Tem certeza que não quer entrar?
Clara
— Melhor não. Ainda ontem aconteceu tudo aquilo, prefiro
dar um tempo.
Marcelo
— Como você quiser, mas aquilo que você me falou ainda
tá de pé?
Clara
— O que? De eu te mostrar a cidade? Claro que tá! A
gente se encontra que horas? Me passa teu celular?
Marcelo
— Não tenho isso não. Eu passo na sua casa, me dá o seu
endereço.
Clara
— Tá, mas você tem carro pra gente andar por aí?
Marcelo
— Não. Precisa? A gente pode ir no seu.
Clara
— Eu também não tenho, voltei a pouco pro Brasil.
(Pausa) Quer saber? A gente faz tudo a pé ou de ônibus
se você não se importar.
Marcelo
— Me importar? Teve vezes que eu andava de carroça,
carro pra mim é luxo.
Clara
— Então tá combinado, amanhã você me encontra nesse
endereço aqui.
Clara entrega um cartão para Marcelo.
CENA 14. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
Marcelo entra da rua e dá de cara com Leandro o
esperando.
Marcelo
— Você quem é?
Leandro
— (Se aproxima e estende a mão) Leandro. Eu sou seu
primo.
Marcelo encara Leandro por alguns segundos e logo abre
um sorriso.
Marcelo
— Abaixa essa mão, primo. Vem cá me dá um abraço.
Marcelo abraça forte Leandro.
Marcelo
— Você é filho daquele homem que esteve aqui hoje?
Leandro
— Sim. Ele é irmão do seu pai. (Pausa/Mente) Fiquei
muito feliz quando soube que você tinha voltado.
Marcelo
— Eu é que to feliz por conhecer você. Sabe, Leandro.
Apesar de tudo, eu to feliz em conhecer essa parte da
família que eu não fazia ideia que existia.
Leandro
— (Levemente irônico) Você vai adorar fazer parte dessa
família.
CENA 15. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Clara entra da rua. Heloísa por ali.
Heloísa
— Tá bem encomendada a alma da tia Ana? Porque pela
demora, você deve ter rezado o terço inteiro umas dez
vezes.
Clara
— Que? Não. Eu mal fiquei lá no cemitério.
Heloísa
— (Curiosa) E tava onde, posso saber?
Clara
— O mais importante não é onde e sim com quem: com o
filho da tia Ana Carolina.
Heloísa
— (Não entende) Como assim? O filho dela tinha sumido há
anos!
Clara
— Pois é, mas agora ele apareceu e eu encontrei com ele
lá no túmulo dela.
Luísa entra da rua.
Heloísa
— Mãe, você sabia essa história do filho da tia?
Luísa
— Do que vocês tá falando?
Clara
— Eu encontrei o filho da tia no cemitério.
Luísa
— (Não crê) Então o Otávio conseguiu encontrar o
Marcelo!
Heloísa
— Então você sabia?
Luísa
— Sabia que a Ana Carolina tava esperando um telefonema
do Otávio, pra confirmar se tinha ou não encontrado o
Marcelo. (Sorri) E parece que ele conseguiu.
Em Luísa feliz.
CENA 16. ap de luísa. quarto de luísa. Interior. Dia.
Luísa entra no quarto, abre uma gaveta do armário e tira
um pote de dentro dele. Luísa pega o anel que pegou do
quarto de Ana Carolina e aperta contra o seu peito.
CENA 17. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
Marcelo e Leandro sentados no sofá conversando. Otávio
entra da rua.
Otávio
— Marcelo, com licença.
Marcelo — Oi Otávio. Você conhece o meu primo Leandro?
Otávio
— De vista. Prazer.
Os dois se cumprimentam.
Otávio
— Tá pronto?
Marcelo
— Pra que?
Otávio
— Pra voltar pra minha casa.
Marcelo
— Como assim? Eu pensei que eu ia ficar aqui.
Otávio
— Infelizmente ainda não é possível.
Marcelo
— Mas essa casa era da minha mãe!
Otávio
— Eu sei, Marcelo. Mas eu ainda tenho que ajustar
algumas pendências legais. Eu lhe prometo que muito em
breve você vai poder se mudar pra cá. (Pausa) Vamos?
Marcelo
— (Se levanta) Fazer o que?
Leandro
— (Se levanta) Já que tá todo mundo indo embora, acho
melhor eu também ir.
CENA 18. rio de janeiro.
ambiente. Exterior. Noite/dia.
Stock-shot do Rio de Janeiro. Gávea, Laranjeiras e a
orla da praia (pode ser Ipanema). Na sequência mostramos
a noite cair e em seguida o sol nascer.
CENA 19. ap de luísa. sala de jantar. Interior. Dia.
Luísa, Clara, Heloísa e Bernardo tomando o café da
manhã.
Heloísa
— Eu tava aqui pensando ontem: Será que a tia Ana deixou
alguma coisa de herança pra gente?
Clara
— Credo, Helô!
Heloísa
— Por que credo? Quando morreu, ela não sabia que o
filho dela tava vivo. Ia deixar tudo pra quem? Quem sabe
ela não se lembrou da gente depois da morte?
Luísa
— Ela nunca esqueceu da gente até mesmo em vida.
Heloísa
— Ah claro.
Bernardo se levanta.
Bernardo
— Esse papo de herança tá muito inspirador, mas a praia
me espera. Beijos pra quem fica.
Heloísa
— (Se levanta) Espera! Você tá indo pra Ipanema? Vamos
juntos.
Bernardo
— Eu combinei com o Leandro de ir pro Leme, mas se você
quiser pode vir.
Os dois vão saindo da cozinha.
CENA 20. ap de otávio. sala de jantar. Interior. Dia.
Otávio e Giovanna tomado o café da manhã.
Giovanna
— (Curiosa) Agora que o Marcelo apareceu, como é que vai
ficar a situação do Gregório com a herança e na empresa?
Otávio
— Vai ficar russa. Tecnicamente ele não ia ter direito a
nada, mas o cara foi safo: enrolou a dona Ana Carolina e
fez com que ela não pedisse a morte do Alcides pra
justiça, você sabe disso.
Giovanna
— Sim.
Otávio
— Então, como teoricamente o Alcides ainda estava vivo,
os únicos herdeiros dele eram o filho e a mulher. O
filho tava sumido e quando a Ana Carolina morresse, eu
tenho certeza que o Gregório ia entrar na justiça pra
pedir a morte do irmão. E como isso ia ser feito depois
da morte da esposa, quem ia se tornar o único herdeiro
de tudo. Agora o tiro saiu pela culatra e ele não é
herdeiro de mais nada.
Giovanna
— Pra você ver como são as coisas. Um dia só mudou a
vida de muita gente. (Tom) A Ju já acordou?
Otávio
— Já acordou e já saiu.
Giovanna — Sabe pra onde ela foi?
Otávio
— Pelos trajes, devia tá indo pra praia.
Marcelo entra na sala de jantar.
Otávio
— Bom dia Marcelo. Por favor, senta.
Marcelo
— (Senta) Com licença.
Otávio
— Dormiu bem?
Marcelo
— Sim. Aos poucos eu to conseguindo assimilar tudo de
novo que tá acontecendo na minha vida.
Otávio
— (Sorri) Que ótimo. Agora você é um homem rico e
precisa saber o que vai fazer com tudo o que vai ganhar.
(Tom) Marcelo, você entende de finanças?
Marcelo
— Nem um pouco, por quê?
Otávio
— Porque você precisa cuidar de tudo o que vai ganhar.
Ou então encontrar alguém que possa fazer isso por você.
Marcelo
— Eu não tinha pensado nisso, mas quem pode fazer isso.
Otávio
— Bom, se você permitir, eu tenho vasta experiência no
assunto. Posso fazer isso pra você. Assim você pode
voltar pra cidade que você veio sossegado.
Marcelo
— Perfeito. Se a minha mãe confiava em você, eu também
posso confiar.
Otávio
— Então posso providenciar os papéis?
Marcelo
— (Se levanta) Pode? Agora vocês me dão licença, eu
tenho que sair. Vou conhecer a cidade.
Otávio
— Bom passeio.
Marcelo sai. Giovanna ri.
Giovanna
— Especialista só se for em enganar trouxas, né Otávio.
CENA 21. praia do leme.
ambiente. Exterior. Dia.
Juliana e uma amiga, sentadas na areia conversando. Não
muito distante, Leandro, Bernardo e alguns amigos jogam
futevôlei.
Juliana
— Te juro, fiquei chocada quando eu vi a mulher rolando
a escada.
Corte para o jogo de futevôlei. Jogo parado, Leandro
fala com Bernardo.
Leandro
— (Aponta) Tá vendo aquelas duas sentadas na areia?
Bernardo
— To. Gostosinhas as duas.
Leandro
— Pois é, aquela de biquíni vermelho? Tava na festa da
tia?
Bernardo
— Quem é ela?
Leandro
— Não faço ideia, mas eu vou saber disso agora.
Bernardo
— (Não entende) Como assim?
Leandro
— Só observa.
Leandro coloca a bola em posição de saque. Discretamente
olha para a direção de Juliana e sua amiga. A amiga se
despede de Juliana e vai embora. Leandro chuta a bola na
direção de Juliana. Ela se assusta com a bola que cai em
cima dela. Leandro corre até ela.
Leandro
— (Se abaixa) Desculpa, eu sou um perna de pau mesmo. Eu
machuquei você?
Juliana
— (Sorri) Tá tudo bem, só toma mais cuidado da próxima
vez.
Leandro
— (Pra Juliana) Eu já não te conheço? Você não tava na
festa lá na Gávea?
Juliana
— A da escada? Tava sim. Foi tensa.
Leandro
— Verdade. (Tom) Ta afim de tomar um suco ali nos
quiosques?
Juliana pensa por um instante.
Juliana
— E o jogo?
Leandro
— Eles colocam outro no meu lugar... E aí? Topa?
Em Juliana.
CENA 22. ruas do rio de janeiro.
ambiente. Exterior.
Dia.
Música:
I’m happy just to dance with you – The Beatles.
Cortes descontínuos em Clara e Marcelo passeando pelas
ruas do Rio de Janeiro e por alguns de seus pontos
turísticos. Eles passam pelo Corcovado, Pão de Açúcar,
Copacabana, etc. Clara gesticula e fala bastante,
Marcelo a escuta atentamente. Os dois parecem estar se
divertindo.
Música:[Fade
Out]
CENA 23. casa de gregório. sala. Interior. Dia.
Gregório e Tarsila entram da sala de jantar conversando.
Tarsila
— Aproveita bem esse dia de ócio pra pensar bastante.
Gregório
— Pensar no que, Tarsila?
Tarsila
— Numa maneira de afastar o Marcelo da empresa antes
mesmo dele entrar. Ou você quer que ele tome o seu
lugar?
Gregório
— Claro que não! Aquele chucro não teria capacidade pra
fazer isso.
Tarsila
— Acho melhor você não ficar tão confiante e tomar o
mínimo cuidado com ele. Principalmente porque você não
conhece ele, vai que por trás daquela aparência de
otário tem um espertalhão?
Gregório
— Você tem razão. Mas pra tirar ele, primeiro eu tenho
que ganhar a confiança dele.
Tarsila
— Então não perca tempo e faça isso logo.
CENA 24. praia do leme. quiosque. Exterior. Dia.
Leandro e Juliana tomando um suco em um quiosque na
beira da praia. Conversa iniciada.
Juliana
– Você conhecia quem naquela festa?
Leandro
– Sabe aquelas irmãs que tavam voltando de viagem? O
irmão delas é meu amigo. Fui convidado por ele... E
você?
Juliana
– Meu pai trabalha, quer dizer: trabalhava pra dona da
festa.
Leandro
– Seu pai trabalha na empresa?
Juliana
– Não. Era advogado dela e tava ajudando ela a encontrar
o tal filho sumido. Agora ele tá lá em casa.
Leandro
– (Finge) Quer dizer que ela tinha um filho
desaparecido. Eu não sabia disso.
Juliana
— (Se levanta) Eu adorei a companhia e o suco, mas eu
tenho que ir.
Leandro — (Segura a mão dela) Espera. A gente se encontra de
novo?
Juliana
— (Sorri) Quem sabe.
E Juliana se afasta da mesa. Tempo e Bernardo se
aproxima de Leandro.
Bernardo
— E aí?
Leandro
— E aí que ela saiu mais escorregadia que margarina.
(Pausa) Mas se Deus quiser, eu ainda vou ver essa
delicinha de novo.
Bernardo
— (Ri) Deus tem coisa mais importante que fazer do que
se preocupar com as suas safadezas.
Leandro
— Bora jogar mais uma partida?
Bernardo concorda. Os dois correm em direção a quadra de
futevôlei.
CENA 25. prédio de luísa. frente. Exterior. Dia.
Marcelo e Clara param na frente do prédio.
Clara
— Não precisava ter me trazido até aqui.
Marcelo
— (Sorri) Precisava sim, você foi uma ótima companhia.
Clara
— Obrigada. E agora como você vai voltar pra casa?
Marcelo
— Caminhando. O Otávio não mora muito longe e eu já to
começando a me localizar.
Clara
— Então tá. A gente se vê.
Marcelo
— Quando? Amanhã?
Clara
— (Sorri) Pode ser. Tchau.
Clara vai entrar no prédio, mas Marcelo pega na sua mão.
Marcelo
— Clara.
Clara
— (Se vira pra ele) Oi.
Marcelo
— Eu não posso ir embora sem fazer isso.
Marcelo dá um beijo em Clara. Ela fica surpresa, mas
logo em seguida se rende e se deixa levar pelo beijo. Ao
terminar o beijo, Clara fica sem fôlego.
Clara
— (Sem ar) Você me pegou de surpresa.
Marcelo — Não sabia que tinha que pedir permissão pra
beijar?
Clara
— Acho que não tem.
Marcelo — Você não gostou?
Clara
— (Sorri) Adorei. Amanhã a gente se vê.
Clara entra no prédio e Marcelo sai caminhando.
Desviamos a câmera e vemos que do outro lado da rua,
Heloísa estava observando toda a cena.
CENA 26. rio de janeiro.
ambiente. Exterior. Noite.
Stock-shot do Rio de Janeiro.
CENA 27. casa de giancarlo. sala de jantar. Interior.
Noite.
Giancarlo, Bianca, Rogério, Milena e Yasmin em torno da
mesa de jantar fazendo a refeição.
Giancarlo
— Milena, eu queria que você passasse a frequentar mais
a nossa empresa, afinal, aquilo tudo vai ser seu um dia.
Bianca
— Ela realmente é muito relapsa e desinteressada em
relação aos negócios da família.
Milena
— Não começa, mãe.
Rogério
— Ela tem razão, vamos tentar comer em paz.
Bianca
— Do jeito que você fala, até parece que eu sou a
causadora de todas as discórdias da família.
Rogério
— Não, Bianca. Eu quis dizer que/ (Se corta) Ah deixa
pra lá, é melhor eu ficar quieto.
Giancarlo
— Isso mesmo, Rogério. Vamos ocupar nossas bocas com a
comida e não arrumando confusão. Ouviu Bianca?
Bianca
— Como o senhor quiser.
E todos seguem comendo em silêncio.
CENA 28. ap de luísa. sala. Interior. Noite.
Clara sentada no sofá como o pensamento longe. Heloísa a
observa.
Heloísa
— Tá pensando no que? Posso saber?
Clara
— Em nada.
Heloísa
— E você fez o que hoje?
Clara
— Mostrei a cidade pro Marcelo.
Heloísa
— O filho da tia?
Clara
— Sim. Ele é uma pessoa encantadora. (Se levanta) Vocês
vão adorar conhecer ele.
Clara vai para o seu quarto. Heloísa fica ali sozinha e
dá um sorriso safo.
Heloísa
— Ah Clarinha, eu tenho certeza que eu vou adorar
conhecer ele, assim como você.
CENA 29. ap de otávio. sala. Interior. Noite.
Mal Marcelo entra da rua e Otávio vai até ele.
Otávio
— Que bom que você chegou, Marcelo. Será que a gente
pode conversar no escritório?
Marcelo concorda.
CENA 31. ap de otávio. escritório. Interior. Noite.
Otávio fecha a porta do escritório, vai até a sua mesa,
pega alguns papéis e entrega para Marcelo.
Marcelo
— O que é isso?
Otávio
— Os papéis para que eu possa cuidar do seu dinheiro,
conforme a gente tinha combinado hoje pela manhã. É só
assinar e você pode voltar quando quiser para a sua
cidadezinha.
Otávio entrega uma caneta para Marcelo.
Otávio
— (Mostra) Assina aqui.
Marcelo olha para os papéis por um tempo e logo em
seguida os coloca em cima da mesa.
Otávio
— (Surpreso) Algum problema?
Marcelo
— Eu mudei de ideia, Otávio. Não vou mais embora.
(Decidido) Eu Vou ficar no Rio e assumir tudo o que é
meu.
Otávio cai sentado, surpreso com o que acaba de ouvir.
Música:
Another sad love song - Toni Braxton.
Fade Out. |
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