CENA 01. casa de ana carolina. escritório. Interior.
Dia.
Continuação da última cena do capítulo anterior.
Marcelo e Luísa continuam abraçados e emocionados por
mais algum tempo.
Marcelo
— (Olha para o anel) Eu vou guardar ele.
Luísa
— Faça isso e entregue praquela pessoa que fizer o seu
coração bater mais forte.
Marcelo
— Acho que até já sei pra quem eu vou dar ele... Quer
dizer, isso se ela me perdoar.
Luísa
— Mas o que aconteceu entre você e a Clara?
Marcelo
— Uma confusão que eu fiz e que vai acabar prejudicando
o nosso relacionamento.
Luísa
— Eu não to entendendo.
Marcelo
— É que eu nem sei como falar isso, Luísa. Se eu fosse
você, eu iria pra casa agora antes que aconteça o pior.
Luísa
— (Preocupada) Falando assim você me deixa preocupada.
Marcelo
— Na última vez que eu estive com a Clara ela ficou um
pouco alterada, eu tenho medo que ela faça alguma coisa.
Luísa
— Essas suas frases vagas me deixam ainda mais nervosa.
Marcelo
— Desculpa, não era a minha intenção. É que, bom eu vou
falar o que aconteceu: A sua outra filha, a Heloísa, ela
me enganou, fez eu acreditar que ela era a Clara.
Luísa
— (Revoltada) Não acredito. É bem a cara dela fazer esse
tipo de coisa.
Marcelo
— Pois é, a Clara não gostou nada disso. Então se você
não quiser que a história de Caim e Abel se repita, é
melhor você ir pra casa agora.
Luísa
— (Saindo) É isso que eu vou fazer. Se cuida, Marcelo.
Luísa sai. Marcelo fica ali, preocupado.
CENA 02. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Continuação da cena 32 do capítulo anterior.
Heloísa com a mão no rosto sentindo a bofetada, diante
de Clara furiosa. A discussão segue um ritmo crescente.
Heloísa
— Você tá louca?!/
Clara
— Louca tava você quando transou com o Marcelo!/
Heloísa
— Eu não sei do que você tá falando, sua insana! Quer
desculpa pra me dar na cara, arranja outra!/
Clara
— O Marcelo me contou o que você fez! Não adianta
negar!/
Heloísa
— (Ri) Eu não acredito/
Clara
— (Revoltada) E você ainda tem a cara de pau de rir?
Clara avança pra cima de Heloísa, mas a outra se
defende.
Heloísa
— Não encosta em mim! Se você quer saber a verdade: eu
transei com o Marcelo sim!/
Clara
— Cretina! Por que você fez isso?!/
Heloísa
— Sei lá! Queria me divertir um pouco./
Clara
— E você não pensou em mim?! No que eu ia sentir?!/
Heloísa
— Ah para de fazer drama, Clara! Quantas vezes a gente
já não trocou namoradinho? Quantas vezes a gente não
saia juntas e eu deixava você ficar com o cara que eu
tava porque você não tinha a capacidade de pegar alguém
por conta própria?!
Clara
— É diferente!/
Heloísa
— Diferente por quê? Comigo pode e com você não?!/
Clara
— Não! Porque você fez tudo pelas minhas costas, enganou
a mim e ao Marcelo!/
Heloísa
— (Irônica) Então quer dizer que se eu pedisse, você ia
deixar?
Clara
— Óbvio que não! O Marcelo não é mais um namoradinho, um
cara que eu fiquei na noite! É o homem que eu amo e você
não tinha o direito de fazer isso!/
Heloísa
— É, mas já fiz. E se você perguntar pra o seu
amorzinho, ele vai te dizer que transar comigo, foi
muito melhor do que transar com você./
Clara
— Que?!
Heloísa
— Foi isso que ele me disse: que eu fui mil vezes melhor
que você na cama.
Clara
— Piranha!
Clara parte pra cima de Heloísa e dá outro tapa na cara
da irmã. Heloísa cai no chão e Clara monta em cima dela,
Heloísa se defende como pode e também bate em Clara. As
duas ficam ali, rolando no chão entre tapas e puxões de
cabelo.
CENA 03. prédio de luísa. hall. Interior. Dia.
Um ambiente bonito, porém não muito luxuoso, uma
portaria que no momento está vazia, alguns quadros e um
sofá que parece ser bastante confortável, fazem parte da
decoração. Luísa entra da rua vai direto para o elevador
e o chama.
Luísa
— A portaria como sempre vazia. Não sei por que a gente
paga porteiro.
Bernardo entra da rua.
Bernardo
— Mãe.
Luísa
— Que bom que você apareceu, Bernardo.
Bernardo
— Aconteceu alguma coisa?
Luísa
— Espero que não.
Bernardo
— Como assim?
Luísa
— Eu tava com o Marcelo e ele me falou uma coisa. Entra
que eu te explico.
Os dois entram no elevador.
CENA 04. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Continuação de cena 02. Clara e Heloísa rolam pelo chão
dá sala, aos tapas.
Heloísa
— Me larga sua transtornada!
Clara
— Eu só vou te largar depois que eu acabar com você!
Luísa e Bernardo entram da rua e se surpreendem com a
cena.
Luísa
— O que tá acontecendo aqui?! (Vai separar as duas)
Bernardo, me ajuda aqui!
Luísa segura Clara, enquanto Bernardo segura Heloísa.
Luísa
— Vocês tão loucas? Duas irmãs se engalfinhando no chão
como se fossem dois galos de briga?
Clara
— Você não sabe o que essa vadia fez, mãe.
Luísa
— Sei sim, Clara. O Marcelo me contou. Mas você não pode
perder o controle assim!
Clara
— Ela se aproveitou de que eu e ela temos o mesmo rosto.
Mas eu vou dar um jeito nisso agora, (Parte pra cima de
Heloísa/Gritando) porque eu vou desfigurar a sua cara
com as minhas próprias mãos!
Luísa segura Clara.
Luísa
— Calma minha filha. Foi só um beijo, você foi enganada,
o Marcelo foi enganado e a Helô vai pedir desculpas.
Clara
— Que beijo, mãe? Essa vagabunda se passou por mim e foi
pra cama com o Marcelo. Cretina!
Luísa
— (Surpresa) O quê?
Clara
— Ela não vale nada, mãe.
Luísa
— Quando o Marcelo falou eu pensei que/ (Pra Bernardo)
Filho, leva a sua irmã pra dar uma volta, ela precisa
arejar a cabeça.
Clara
— O que eu preciso é quebrar a cara dessa piranha!
Luísa
— Por favor, Clara! Faz o que eu to lhe pedindo.
Bernardo pega no braço de Clara.
Bernardo
— Vem, vamos dar uma volta na rua.
Bernardo e Clara saem para a rua. Luísa e Heloísa se
encaram em silêncio por alguns instantes, até que por
fim Luísa fala.
Luísa
— Por que você fez isso, Heloísa? Você ultrapassou todos
os limites.
Heloísa
— Não to com paciência pra lição de moral/
Luísa
— (Grita) Cala a boca! Quem vai falar aqui sou eu!
Closes alternados na tensão das duas.
CENA 05. Colégio São Sebastião. Frente. Exterior. Dia.
Abre na fachada de um prédio azul e branco de dois
andares onde está escrita: Instituto de Educação São
Sebastião.
CENA 06. colégio são sebastião. corredores. Interior.
Dia.
Alunos de idade entre 12 e 17 anos, devidamente
uniformizados, circulam pelos corredores. Ficamos em
Yasmin e Karina que conversam.
Karina
— Agora que o meu irmão e a sua irmã vão se casar, será
que a gente vai ter algum tipo de parentesco?
Yasmin
— Ah sei lá. Acho que não, o máximo que vai acontecer é
que a gente vai ser da mesma família, mas sem
parentesco, saca?
Karina
— Complicado, é melhor deixar do jeito que tá.
Juliana se aproxima e pega no braço de Yasmin.
Juliana
— Vem aqui.
Karina
— Não tá vendo que a gente ta conversando?
Juliana
— (Não liga) Depois vocês continuam.
Juliana se afasta com Yasmin.
Yasmin
— Que foi?
Juliana
— Sabe aquele carinha mais velho que eu conheci?
Yasmin
— Quê que tem?
Juliana
— Ele tá me mandado mensagens, quer que a gente se
encontre.
Yasmin
— E o que te impede?
Juliana
— Sei lá, to na dúvida se aceito ou me faço de difícil
um pouco mais.
Yasmin
— (Brinca) Pra que fingir uma coisa que você não é?
Juliana
— Do jeito que você fala...
Yasmin
— Pra mim não precisa fazer ceninha, meu bem.
Juliana
— Só porque eu gosto de curtir a minha vida?
E as duas seguem caminhando e conversando.
CENA 07. exportadora. sala de giancarlo. Interior. Dia.
A sala da presidência, grande, imponente e com uma
decoração sobres, com móveis em tons mais escuros, do
sofá que tem em um canto, pode-se ver a janela
envidraçada do chão ao teto que dá para enxergar a
paisagem do lado de fora.
Giancarlo trabalha debruçado em alguns papéis. Tempo e
Milena entra.
Milena
— Bom dia, vô. Você não queria que eu participasse mais
dos nossos negócios. To aqui.
Giancarlo
— (Sorri) Que bom, Milena. Isso tudo ainda vai ser seu.
Milena
— Depois que passar pelas mãos da mãe, né?
Giancarlo
— É, mas isso não vem ao caso. Eu vou te ensinar tudinho
que eu ensinei pra sua mãe quando ela tinha a sua idade
e começou a trabalhar aqui. Milena, pra ser uma boa
gestora, comandar uma empresa do porte da nossa, não
basta olhar as coisas de cima, você precisa ver tudo de
perto, saber como funciona cada etapa, cada engrenagem
dessa grande máquina. Porque caso um dia dê algum
problema, a gente sabe o que tá dando errado.
Milena vai sentar, mas Giancarlo a impede.
Giancarlo
— Nem senta, a gente vai dar um passeio pela empresa.
Milena se levanta e vai acompanhado Giancarlo até a
porta.
Giancarlo
— É claro, que a gente precisa ter pessoas da nossa mais
alta confiança em todos os setores, mas é fundamental
que nós estejamos sempre atentos a tudo.
Os dois saem.
CENA 08. exportadora. ante-sala. Interior. Dia.
A decoração da ante-sala, segue a mesma linha da sala da
presidência. A mesa de Rosa (55 anos, cabelos escuros e
curto, estilo joãzinho) está posicionada de uma forma
que ela possa ver quem entra e sai do local pelo
elevador.
Milena e Giancarlo passam pela Secretária.
Giancarlo
— Nós temos caminhões, navios cargueiros e até aviões,
mas a nossa principal frota ainda são os navios.
Milena e Giancarlo passam por Bianca e nem percebem a
presença delas. Os dois entram no elevador. Bianca vai
até a Rosa.
Bianca
— Onde é que o pai e a Milena foram?
Rosa
— Sei não senhora.
Bianca
— Fica de butuca na vida dos outros o dia inteiro e
quando eu preciso de uma informação, você não sabe.
Imprestável.
Bianca entra na sua sala.
CENA 09. exportadora. sala de bianca. Interior. Dia.
A sala de Bianca, não se diferencia muito da sala da
presidência. É um pouco menor, mas com também com uma
janela envidraçada do chão ao teto.
Bianca entra, se aproxima da janela e fica olhando para
a rua.
Bianca
— O que aqueles dois foram fazer? Não gosto da Milena
metida aqui.
Em Bianca preocupada.
CENA 10. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Continuação da cena 04. Tensão entre Luísa e Heloísa.
Luísa
— (Decepcionada) Como você teve coragem de fazer uma
coisa dessas com a sua irmã? Você não pensou nas
consequências que esse seu ato absurdo poderia causar?!
Heloísa
— (Não se importa) Foi só uma brincadeira.
Luísa
— Brincadeira é Banco Imobiliário, Jogo da Vida. Isso
que você fez é de uma crueldade sem tamanho, brincou com
os sentimentos da sua irmã, enganou o Marcelo, tudo isso
pra que? Pra se divertir à custa dos outros. Você fez
tudo isso de caso pensado, você sabia que ele era o
namorado da sua irmã e mesmo assim fez questão de
seduzir ele.
Heloísa
— Fiz sim e não me arrependo de nada. Era isso que você
queria escutar? Tá feliz agora?
Luísa
— Você não vale nada Heloísa. Como podem duas pessoas
serem iguais por fora e tão diferente por dentro?
Heloísa
— Isso! Fala das qualidades da Clarinha! De como ela é
boa e eu sou um lixo! Fala!
Luísa
— Não tenta virar o jogo e se fazer de vítima, Heloísa.
A errada da história aqui é você! Mas se você quer
saber, a Clara é muito melhor que você sim! Melhor
pessoa, melhor filha, melhor caráter. Enquanto você/ Ah
Heloísa, eu tenho pena de você. Esse rostinho de anjo
esconde a pior das criaturas, uma pessoa sem compaixão
com o próximo, sem um pingo de decência, capaz de passar
por cima de todo mundo pra conseguir o que quer. Foi
isso que eu te ensinei? A ser esse monstro? Não. A falta
de caráter já nasce com a pessoa, e o que nasce torto,
por mais que tente a gente não consegue endireitar...
Você é o demônio, Heloísa. Mas por mais que você tente,
eu não vou deixar você estragar a vida da sua irmã.
Closes alternados na tensão de Heloísa e Luísa.
CENA 11. bairro das laranjeiras. praça. exterior. Dia.
Clara e Bernardo sentados em um banco conversando.
Clara
— Eu ainda não consigo acreditar que a minha própria
irmã fez isso comigo.
Bernardo
— Ô Clara! Você sabe como é a Helô.
Clara
— Sei, Bernardo, mas dessa vez ela passou da conta. Foi
longe de mais e você tem que concordar.
Bernardo
— Sim, eu concordo, mas você não pode se deixar abater.
Levanta a cabeça, enfrenta a Helô e coloca ela no lugar
dela.
Clara
— Se for pra ver ela de novo, vai ser pra quebrar a cara
daquela vadia.
Bernardo
— Violência não vai dar em nada. Tenta esfriar a cabeça.
Clara
— Vai ser difícil, Bê.
CENA 12. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
Marcelo diante de Rudá e Samuel. O garoto carrega uma
mala.
Rudá
— Marcelo, esse é o meu irmão Samuel (garoto branco e
cabelos negros). (Dá um
empurrãozinho em Samuel) Cumprimenta ele.
Samuel
— Prazer, senhor.
Marcelo
— (Ri/Escabela o garoto) Não precisa me chamar de
senhor, eu não sou dessas formalidades. (Tom) O Rudá já
mostrou o quarto que você vai ficar?
Samuel
— Ainda não.
Marcelo
— Comparado aos outros quartos, não é muito grande, mas
é bem legal.
Marcelo aponta para a direção da cozinha.
Marcelo
— É só seguir reto. Passando a cozinha é a segunda porta
a direita. Vai lá.
Samuel olha para Rudá, que faz um gesto com a cabeça,
dizendo pra ele ir. Samuel vai para a cozinha.
Rudá
— Obrigado por deixar ele morar aqui.
Marcelo
— Imagina, Rudá. Não me custava nada. (Pausa) Aquele
carro que tá na garagem era da minha mãe, né?
Rudá
— Não sei. Deve ser. Os empregados que trabalhavam aqui
que devem saber.
Marcelo
— To precisado sair e queria a chave deles. Elas devem
saber onde tá.
Marcelo vai para a cozinha.
CENA 13. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Continuação da cena 10. Luísa e Heloísa, uma em cada
canto da sala, mas se olham. O silêncio deixa o clima
ainda mais tenso, até que por fim Heloísa fala.
Heloísa
— Você ficou aí o tempo todo pagando de boa mãe, mas
sabe que a verdade não é essa.
Luísa
— (Olha para Heloísa) Do que você tá falando?
Heloísa
— Não se faça de burra, dona Luísa. Você sabe muito bem
do que eu to falando. Ou você prefere que eu refresque a
sua memória? Lembra da infância maravilhosa que a gente
teve por culpa sua? Das vezes que a gente teve que te
aguentar de porre! O meu desequilíbrio não chega aos pés
do seu... Louca, é isso que você é. Talvez foi por isso
que o pai te deixou, não aguentou mais você.
Luísa
— Não mete o seu pai nessa história?
Heloísa
— Por que? Até agora tava falando verdades sobre mim e
agora que é você que tá na roda, não quer ouvir? Dois
pesos e duas medidas?
Luísa
— A minha relação com o seu pai não tá em discussão.
Heloísa
— Claro que não, mãezinha. O que tá em discussão é a
nossa relação. Se é que a gente pode chamar isso de
relação... A Clara teve a tia Ana, o Bernardo teve o
pai... E eu? O que eu tive? Sobras, migalhas dos outros.
Luísa
— Isso não é verdade, Heloísa.
Heloísa
— É verdade sim. Você foi a pior mãe do mundo e não só
pra mim, pra todos os seus filhos. A diferença é que
eles tiveram em quem se apoiar.
Luísa
— Será mesmo, Heloísa? Será que eles pensam a mesma
coisa?
Heloísa se aproxima de Luísa e as duas ficam bem
próximas se encarando.
Heloísa
— Pergunta pra eles da nossa infância! Se não era um
martírio ter uma mãe que passava mais tempo na rua do
que em casa! E quando chegava, quase sempre não falava
coisa com coisa porque tava bêbada, completamente
alucinada! Se eu sou o que sou, a culpa é sua! Como mãe
você foi uma mer/
Luísa esbofeteia Heloísa, não deixando ela terminar a
frase. Mas logo em seguida Heloísa revida com um outro
tapa em Luísa.
Heloísa
— Garanto que esse tapa não doeu mais do que essas
verdades que eu to lhe dizendo agora.
Luísa
— O que mais me dói Heloísa, é saber que eu pari um
mostro... Deus me perdoe pelo que eu vou dizer agora,
mas se fosse pra ver você se transformar nessa pessoa
pobre de alma, eu preferia mil vezes que você tivesse
nascido morta.
Heloísa se surpreende com o comentário dá mãe e
fica sem ação. Chorando, Luísa vai para o seu quarto.
Heloísa fica ali, em choque.
CENA 14. exportadora. sala de bianca. Interior. Dia.
Bianca na sua mesa guardando alguns papéis em uma pasta.
Tempo e Rogério entra com alguns papéis em mãos.
Rogério
— Você viu que a Milena tá aqui?
Bianca
— Vi e daí? Você virou Matilde pra ficar fazendo
fofoquinha de corredor?
Rogério
— Não precisa me apedrejar. Só vim trazer esses
documentos aqui. São uns produtos que a gente vai
exportar pra Bolívia.
Rogério coloca os documentos na mesa de Bianca.
Rogério
— Não vai misturar, hein?
Bianca
— Pode deixar.
Rogério
— O que é isso?
Bianca
— As finanças da empresa. O pai pediu pra dar uma
olhada.
Rogério dá um leve sorriso. Bianca percebe.
Bianca
— Que foi esse risinho?
Rogério
— (Disfarça) Nada. (Tom) Viu, você não vai ajudar a
Milena nos preparativos do casamento dela com o Leandro?
Bianca
— (Seca) Não. Tenho mais o que fazer. E se você não se
importar de sair da minha sala...
Rogério concorda e sai da sala, deixando Bianca sozinha
com os seus papéis.
CENA 15. bairro das laranjeiras. praça. Exterior. Dia.
Clara e Bernardo sentados no banco da praça. Ao fundo,
Marcelo para o carro, desce e vai caminhando em direção
aos dois.
Bernardo
— Não acha melhor a gente ir pra casa?
Clara
— Eu não queria olhar pra cara da Heloísa.
Bernardo
— Você não vai poder fugir pra sempre. Uma hora você vai
ter que voltar.
Clara
— Eu sei, mas eu queria/
Marcelo chega por trás e aborda os dois.
Marcelo
— Clara. Que bom que eu te encontrei aqui.
Surpresa, Clara se levanta e encara Marcelo.
Clara
— O que você tá fazendo aqui?
Marcelo
— A gente precisa esclarecer tudo o que aconteceu nessas
últimas horas.
Clara
— Eu não quero olhar pra sua cara! Some daqui!
Bernardo
— (Se levantando) Cara, vai embora, por favor.
Marcelo
— Eu não tenho culpa da armadilha que a sua irmã gêmea
fez eu cair. (Pra Bernardo) Fala pra ela!
Bernardo
— Espera as coisas se acalmarem e depois vocês
conversam.
Marcelo
— Tudo bem. Eu vou dar um tempo pra você. (Saindo) Mas
eu vou te procurar de novo.
Bernardo abraça Clara.
Bernardo
— Vamos pra casa?
Clara concorda.
CENA 16. exportadora. sala de bianca. Interior. Dia.
Bianca entrega uma pasta para Giancarlo.
Bianca
— Tá aqui o que o senhor me pediu. Tudo o que você
precisa pra ficar a par das finanças da empresa. Depois
disso, você vai ver como eu to fazendo um bom trabalho.
Giancarlo
— Não tenho dúvidas disso. Mas é sempre bom checar as
coisas.
Bianca
— Claro... A Milena ainda tá aí?
Giancarlo
— Não, ela já foi embora. Ia fazer não sei o que com o
Leandro.
Bianca
— Hummm. E aqui? O que ela veio fazer?
Giancarlo
— Conhecer melhor aquilo que um dia vai ser dela.
Licença.
Giancarlo sai. Bianca fica ali, pensativa.
CENA 17. rio de janeiro.
ambiente. Exterior. Noite.
Música:
Dia especial – Tiago Iorc.
Stock-shot da cidade do Rio de Janeiro ao anoitecer.
Música:
[Fade out].
CENA 18. casa de luísa. sala. Interior. Noite.
Luísa sozinha na sala, um pouco triste. Clara e Bernardo
entram da rua.
Clara
— A Heloísa tá em casa?
Luísa
— Não, pode ficar tranquila que ela saiu.
Clara
— Pelo menos por enquanto eu não vou ter que olhar pra
cara dela.
Bernardo
— (Pra Clara) Se precisar de alguma coisa eu to no meu
quarto.
Clara
— (Sorri) Tá bom, obrigada.
Bernardo vai para o seu quarto. Clara percebe a tristeza
de Luísa e se aproxima dela.
Clara
— Tá tudo bem?
Luísa
— Mais ou menos filha. A discussão que eu tive com a
Heloísa foi feia, falei coisas que eu não queria ter
falado.
Clara
— Não fica assim, mãe. (A abraça). Não precisa ficar se
martirizando, garanto que ela fez por merecer.
Luísa
— As coisas não são bem assim, Clara. Apesar dela ter
agido errado, eu não poderia ter dito certas coisas, mas
no calor da briga eu não consegui segurar a minha
língua.
As duas ficam em silêncio por um breve tempo.
Luísa
— Filha, me diz uma coisa...
Clara
— O quê?
Luísa
— Eu fui uma boa mãe?
Clara
— Que pergunta é essa? É claro que foi!
Luísa
— É que quanto vocês eram pequenos, eu sempre fui tão
ausente. Aquele meu problema com a bebida fez eu me
afastar tanto de vocês.
Clara
— (Compreensiva) Como você mesmo disse: era um problema.
Mais do que isso: uma doença e você fez de tudo pra se
tratar, não é mesmo? É isso que importa. O passado já
passou, não dá pra ficar se lamentando por isso.
Luísa
— Se você realmente acha isso, perdoa o Marcelo.
Clara
— Mas, mãe...
Luísa
— Não se esqueça que a grande vilã dessa história foi a
Heloísa. O Marcelo quando se deitou com ela, pensava que
era você e quando descobriu a farsa, te contou a
verdade. Ele poderia ter omitido isso, mas preferiu ser
sincero com você. Quantos homens fariam isso? Antes de
culpar o Marcelo por parte de tudo o que aconteceu, não
se esqueça que ele é tão vítima quanto você.
Clara fica penando no que acaba de ouvir, até que por
fim fala.
Clara
— Você acha que eu devo perdoar o Marcelo?
Luísa
— Eu acho que você não deve deixar as mentiras da sua
irmã, atrapalharem a sua felicidade.
Clara sorri e concorda.
CENA 19. casa de ana carolina. quarto de marcelo.
Interior. Noite.
Marcelo por ali. Rudá entra.
Rudá
— Marcelo tem uma surpresa pra você na sala.
Em Marcelo intrigado.
CENA 20. casa de ana carolina. sala. Interior. Noite.
Marcelo vai descendo as escadas e abre um sorriso ao ver
Clara.
Marcelo
— Clara!
Marcelo vai dar um abraço nela, mas é impedido.
Clara
— Não. Antes espera e escuta o que eu tenho pra te
falar.
Marcelo
— Eu não tive culpa de/
Clara
— (Corta) Escuta!
Marcelo
— Desculpa, fala.
Clara
— Quando você me falou que tinha transado com a Heloísa
eu fiquei cega de raiva, nada que você me falasse ia
adiantar. Mas agora que eu já esfriei um pouco a cabeça,
eu consigo enxergar o que eu não tava conseguindo antes:
que a única culpada de tudo isso é ela e não você.
(Sorri) Se com isso a Heloísa queria estragar o nosso
amor, ela não conseguiu.
Marcelo
— (Sorri) Então você me perdoa?
Clara
— (Sorri) Perdoo. Mas você tem que jurar que nunca mais
vai me confundir com a Heloísa?
Marcelo
— Juro. Desse erro eu não sou mais vítima.
Música:
More than I can say – Leo Sayer.
Os dois sorriem e se beijam apaixonadamente.
CENA 21. casa de ana carolina. quarto de marcelo.
Interior. Noite.
Marcelo e Clara entram se beijando e tirando a roupa um
do outro. Marcelo joga Clara na cama e vai beijando as
partes nuas do corpo dela.
Música:
[Fade out].
CENA 22. ap de otávio. sala. Interior. Noite.
Giovanna e Juliana conversando.
Giovanna
— To pensando em eu mesma preparar um jantarzinho
especial hoje.
Juliana
— Pra quê? A diarista não veio hoje?
Giovanna
— Não é por causa disso, Juliana. Eu queria fazer uma
coisa pro seu pai e eu, a gente anda brigando muito
ultimamente, aí eu pensei que se eu fizesse um jantar
romântico, as coisas ficassem um pouco melhores.
Juliana
— (Sorri) Ah saquei.
Tá querendo gerar um climinha, né?
Giovanna
— O que cê acha?
Juliana
— Eu não acho nada. Quem vai fazer é você.
Giovanna
— Você me ajuda de uma forma estarrecedora.
Juliana
— Até porque eu vou sobrar nesse jantar, né? Ou você vai
querer que eu fique fantasiada de castiçal segurando
vela?
Giovanna
— Claro que não. Se você puder ficar no quarto...
Juliana
— Tranquila mamis. Vou deixar você e o pai sozinhos pra
curtir esse momento a dois. (Subindo as escadas) E
depois quem sabe fazer um amorzinho gostoso.
Giovanna
— (Surpresa) Quê é isso, Juliana! Isso é jeito de falar
com a sua mãe?
Juliana
— Ah mãe! Puritanismo pra cima de mim, não! Eu sei muito
bem que não vim da cegonha.
Giovanna
— Mas tem certas coisas que você não deve falar na
frente da sua mãe.
Juliana
— Deixa de ser careta e se liberta.
Juliana manda um beijinho e sobe as escadas. Giovanna
ri.
CENA 23. casa de giancarlo. sala.
Interior. Noite.
Giancarlo entra da rua e vai até Bianca.
Giancarlo
— Boa noite.
Bianca
— Boa noite pai. Você já viu as finanças da empresa?
Giancarlo
— Ainda não Bianca. Tive um dia muito tumultuado. Assim
que tiver um tempo eu olho os livros e documentos que
você me passou, eu preciso fazer isso com calma.
Bianca
— Você tem toda razão. Eu não quis te pressionar. (Tom)
Posso mandar servir o jantar?
Giancarlo
— Tá todo mundo em casa?
Bianca
— Só a Milena que não. Saiu com o Leandro no final da
tarde e até agora não voltou. Mas acho que ela não vai
jantar em casa.
CENA 24. casa de giancarlo. jardins. Exterior. Noite.
Música:
Another sad love song – Toni Braxton.
Os portões se abrem e o carro de Leandro entra da rua e
estaciona na frente da casa.
CENA 25. carro de leandro.
ambiente. Interior. Noite.
Leandro e Milena dentro do carro. Eles se beijam.
Milena
— Tem certeza que não quer entrar?
Leandro
— Não. Fica pra próxima, to cansado.
Milena beija o pescoço de Leandro.
Milena
— Fica. Eu faço você relaxar rapidinho.
Leandro
— (Arrepio) Assim vai ser difícil de recusar.
Milena
— (Continua beijando) Mas não é pra recusar.
Leandro beija Milena com muito desejo.
Leandro
— A gente vai ter muito tempo pra ficar juntos.
Milena
— (Brinca) Não tá me querendo é?
Leandro
— Não é isso, amor. É que/
Milena
— (Corta/Ri) Tô brincando, Le.
(Abre a porta) Eu vou deixar você ir.
Leandro
— Antes me dá um outro beijo.
Milena e Leandro se beijam novamente.
Milena
— Amor...
Leandro
— Fala.
Milena
— Me promete uma coisa? Me promete que vai ser fiel a
mim?
Leandro
— (Estranha) Que pergunta é essa, Milena? Por acaso você
desconfia de mim? Eu sempre fui fiel a você.
Milena
— Não é isso, Leandro. Só promete... Por favor...
Leandro
— (Sorri) Eu prometo. Não existe outra mulher na minha
vida. Só você.
Milena sorri. Os dois se beijam pela última vez.
Milena
— Te amo.
Leandro
— Eu também.
Milena sai do carro. Leandro abana pra ela, arruma o
espelho retrovisor e dá a partida no carro.
Música:
[Fade out].
CENA 26. ap de luísa. sala. Interior. Noite.
Luísa, Heloísa e Bernardo. Todos em silêncio. Clima
pesado.
Bernardo
— Uma festa emo ia tá mais animada que essa casa.
Heloísa
— Sem ironia, Bernardo. Tô sem paciência.
Luísa
— Vou ver o que tem pro jantar.
Heloísa
— Eu vou comer fora. O ar dessa casa me dá vontade de
vomitar.
Clara e Marcelo entram da rua.
Clara
— Boa noite.
Heloísa
— (Pegado a bolsa) Eu já tava de saída.
Clara pega no braço de Heloísa.
Clara
— (Levemente irônica) Não maninha. Fica. O Marcelo e eu
temos uma noticia pra dar e é bom que esteja toda
família reunida.
Clara solta Heloísa e abraça Marcelo.
Clara
— Como vocês já devem ter percebido, eu e o Marcelo
voltamos. Não vai ser a inveja de certas pessoas que vai
destruir o nosso amor. Um amor tão forte que... (Olha
pra Marcelo) Fala você ou falo eu?
Marcelo
— (Sorri) Pode falar.
Clara
— Eu e o Marcelo vamos nos casar.
Luísa
— (Surpresa) Quê?
Heloísa reage surpresa, mas não fala nada.
Clara
— (Feliz) Isso mesmo, mãe. E nós vamos ser muito
felizes.
Luísa e Bernardo ainda estão surpresos. Heloísa já saiu
para a rua. Clara e Marcelo sorriem.
CENA 27. bairro das laranjeiras. ruas. Exterior. Noite.
Heloísa caminha pela calçada desnorteada, até que ela dá
um grito.
Heloísa
— (Furiosa) Se ela pensa que vai ser casar com o
Marcelo, tá muito enganada. Antes era só uma
brincadeira, pra provocar aquela idiota. Mas agora a
coisa mudou, eu não vou deixar a Clara se casar com um
dos caras mais ricos do Rio. Quem tem que ficar com ele
sou eu! Ela sempre tem que levar a melhor em tudo... Mas
isso não vai acontecer! Nem que pra isso que tenha que
acabar com a vida daquela cretina.
Em Heloísa decidida.
Música:
Alejate de Mi – Camila.
Fade Out. |
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