CENA 01. casa de ana carolina. sala. Interior. dia.
Continuação da última cena do capítulo anterior.
Marcelo não acredita no que Milena acabou de lhe falar.
Marcelo
— O Dr. Coimbra é seu pai?
Milena
— Sim. Eduardo Coimbra... Meu pai.
Marcelo
— Meu Deus. Eu tava começando a achar que essa pessoa
nem existia.
Milena
— Eu fiquei muito surpresa quando o Leandro me falou que
você tava procurando por ele.
Marcelo
— Parece que o seu pai frequentava aqui na época que o
meu pai sumiu comigo. A Luísa, mãe da Clara, talvez
também pudesse me ajudar, mas como ela tá internada,
pensei que encontrar esse Dr. Coimbra seria uma
alternativa. (Tom) Será que teria como eu falar com ele?
Milena
— Impossível. Ele morreu há mais de 20 anos.
Na reação de Marcelo.
CENA 02. hotel. bar. Interior. dia.
Continuação da cena 38 do capítulo anterior.
Gregório e Bianca sentados à mesa.
Gregório
— Quer beber alguma coisa?
Bianca
— Não. To bem assim. Qual é o problema?
Gregório
— O seu ex-marido, que tá perigando não nos deixar em
paz mesmo depois de morto.
Bianca
— Que eu saiba quem tá revirando história que não deve é
o seu sobrinho. O Coimbra tá lá quieto debaixo da terra.
Gregório
— A gente não pode deixar que o Marcelo descubra quem é
ele. Ele veio me procurar, mas eu tratei de enrolar ele.
Bianca
— E você acha que funcionou?
Gregório
— Espero que sim.
Bianca
— Então relaxa, mesmo que ele descubra quem esse Dr.
Coimbra que ele tanto procura, isso não vai mudar em
nada na nossa vida. O Coimbra tá morto há mais de 20
anos. Ele já nos atrapalhou bastante quando vivo, não
vai fazer isso depois de morto.
Gregório
— Eu fico pasmo com essa sua tranquilidade.
Bianca
— Perder o controle é muito perigoso nessas horas. E
você sabe que se não fosse por causa da minha calma,
hoje a gente não estaria aqui.
Gregório toma um gole do seu drink, tentando relaxar.
CENA 03. casa de gregório. sala. Interior. dia.
Leandro entra da rua. Tarsila por ali.
Tarsila
— Já chegou, filho?
Tarsila percebe que Leandro tá com uma cara esquisita.
Tarsila
— Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?
Leandro
— Não, quer dizer: não sei. A Milena foi lá no
escritório me chamando pra ir jantar com ela, mas do
nada ela mudou de ideia e foi embora. Acho que foi
depois que eu disse que o Marcelo tava procurando por um
tal de Dr. Coimbra... Essa mulher é doida.
Tarsila
— Eduardo Coimbra.
Leandro
— Que?
Tarsila
— O Coimbra é o pai da Milena. Morreu quando ela ainda
era criança, deve ser por isso que ela saiu daquele
jeito.
Leandro
— Nem me lembrei disso. O nome dela tá tão associado à
Giacomelli Exportações que eu até esqueço do outro
sobrenome dela.
Leandro fica um tempo pensativo.
Leandro
— Mas então porque o pai disse que não conhecia nenhum
Coimbra quando o Marcelo foi lá saber sobre ele?
Tarsila
— Não faço ideia. Isso você tem que perguntar pro seu
pai. Vai ver ele não se lembrou.
Leandro
— Vai ver foi isso.
Leandro sobre as escadas. Tarsila fica ali pensativa.
Tarsila
— Eu sei muito bem porque você não quis se lembrar dele.
CENA 04. casa de ana carolina. sala. Interior. dia.
Continuação da cena 01. Marcelo e Milena conversam.
Marcelo
— Desculpa perguntar, mas ele morreu como?
Milena
— Ele caiu de uma janela lá da exportadora. Um acidente
terrível... Eu não sei exatamente como aconteceu porque
na época eu era muito pequena.
Marcelo
— Então tecnicamente eu voltei à estaca zero.
Milena
— Mas o que você queria exatamente com o meu pai?
Marcelo
— Sinceramente, Melissa/
Milena
— (Corta) Milena.
Marcelo
— Isso. (Continua) Nem eu sei. Como ele frequentava a
nossa casa, talvez ele soubesse o que aconteceu na época
que meu pai sumiu. Por que ele a e minha mãe brigaram?
Milena
— É... Não sei se ele saberia responder tudo isso.
Marcelo
— E a sua mãe? Ela não saberia me responder isso?
Milena
— Talvez, Marcelo. A verdade é que ela e a dona Ana
Carolina eram brigadas.
Marcelo
— Por quê?
Milena
— Não sei. Ela diz que é por causa de uma quebra de
contrato que quase deixou a exportadora no vermelho, mas
eu tenho minhas dúvidas se é só por causa disso. (Tom) E
o seu tio Gregório e a Tarsila? Eles devem saber de
alguma coisa.
Marcelo
— O tio disse que não conhecia nenhum Coimbra.
Milena
— (Surpresa) Como não?! A Giacomelli Exportações foi
durante anos a principal distribuidora da Barão do
Alambique! É impossível que ele não conheça o meu pai.
Marcelo
— Realmente isso tá muito estranho. Mas por que razão
ele iria mentir?
Milena
— Isso eu já não sei lhe dizer.
Marcelo
— Essa história tá muito mal contada. Eu vou agora na
casa dele tirar essa história a limpo. (Tom) Desculpa,
mas eu vou ter que sair.
Milena
— Sem problemas. Eu só vim aqui pra te falar sobre o meu
pai, já to de saída.
Os dois vão saindo para a rua.
Marcelo
— Quer uma carona?
Milena
— Não precisa obrigada.
Marcelo abre a porta e se surpreende ao ver Heloísa ali.
Marcelo
— Clara?
Heloísa
— Eu tentei te ligar, mas dava sempre ocupado. (Olha
para Milena) O que ela tá fazendo aqui?
Closes alternados nos três.
CENA 05. hotel. bar. Interior. Dia.
Gregório e Bianca sentados em uma mesa do bar. Ele
tomando um drink.
Gregório
— Tem certeza que não quer beber nada?
Bianca
— To bem assim, Gregório.
Gregório
— Já que o problema do sobrinho intrometido tá por
enquanto resolvido, que tal a gente fazer outra coisa
pra relaxar?
Música:
Chasing Pirates – Norah Jones.
Gregório acaricia a mão de Bianca, mas logo em seguida
ela a tira.
Bianca
— Eu não to precisando relaxar.
Gregório
— Não venha me dizer que você não sente saudades das
nossas noites de amor... (Sussurra) E muita sacanagem?
Bianca
— Você sabe que sim, mas é melhor a gente não fazer
nada.
Gregório
— Não vem querer pagar de mulher fiel ao casamento que
isso comigo não cola.
Bianca
— Cala a boca. Ninguém tá falando isso. (Tom) Sua mulher
não tá comparecendo, é?
Gregório
— É você que sempre me deixou louco. (Tom) Agora que os
nossos filhos vão realmente se casar, eu vou ficar bem
mais pertinho de você.
Bianca dá um sorriso safo.
Bianca
— É melhor eu ir.
Bianca se levanta e vai embora. Gregório fica observando
ela sair.
Música:
[Fade out].
CENA 06. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
Continuação da cena 04. Heloísa na porta encarando
Marcelo e Milena que estão de saída.
Marcelo
— Entra, meu amor.
Marcelo e Heloísa se beijam.
Marcelo
— É uma longa história que eu to sem tempo de contar. Me
espera aqui que na volta eu te conto.
Milena
— (Pra Heloísa) Eu fiquei sabendo da sua irmã, Clara. Se
Deus quiser ainda vão encontrar a Heloísa com vida.
Heloísa tenta falar algo, mas não consegue. Marcelo e
Milena já foram embora. Aparecida vem da cozinha.
Aparecida
— Dona Clara, a senhora quer alguma coisa? Uma água, um
café?
Heloísa
— Quero que você suma da minha frente. (Enxota) Sai,
sai, sai.
Aparecida
— Qualquer coisa é só a senhora chamar.
Aparecida volta para a cozinha. Heloísa senta no sofá e
fica ali esperando.
CENA 07. rio de janeiro.
ambiente. Exterior. Noite.
Stock-shot da cidade ao anoitecer.
CENA 08. casa de giancarlo. sala.
Interior. Noite.
Giancarlo entra da rua. Cleusa vem da cozinha.
Cleusa
— Boa noite, Dr. Giancarlo.
Giancarlo
— Boa noite, Cleusa. A Bianca ta em casa?
Cleusa
— Não senhor. Desde de manhã que eu não vejo a Dona
Bianca.
Giancarlo
— Tá bom, obrigado.
Cleusa
— O senhor quer que eu leva a sua pasta pro escritório?
Giancarlo
— Por favor.
Cleusa pega a pasta de Giancarlo e vai para o
escritório.
Tempo e Bianca entra da rua.
Giancarlo
— Bianca.
Bianca
— Dr. Giancarlo Giacomelli...
Giancarlo
— Onde é que você tava? Esqueceu que a gente tinha
combinado uma reunião no final da tarde?
Em Bianca pensando no que vai responder.
CENA 09. carro de gregório.
ambiente. Interior. Noite.
Gregório dirigindo o seu carro. Ele para em um semáforo
e fica ali pensativo. A voz de Ana Carolina jovem, ecoa
sobre a cabeça de Gregório.
Ana Carolina
— (Off) Eles sumiram, Luísa!
CENA 10. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.
Flashback.
Cerca de vinte anos atrás. Na sala estão: Ana
Carolina, Luísa e Gregório, todos com cerca de 30 anos.
Ana Carolina está desesperada. Luísa e Gregório tentam
acalmá-la.
Luísa
— Calma, Ana. Eles não podem ter sumido assim.
Ana Carolina
— (Desesperada) O armário do Marcelo tá vazio e tem peça
de roupa faltando no armário do Alcides. Ele sumiu com o
nosso filho, Luísa!
Gregório
— O Alcides nunca que ia fazer uma coisa dessa, Ana! Vai
ver que... Sei lá, ele foi viajar com o garoto.
Ana Carolina
— Sem me avisar? Tenha a paciência, Gregório.
Luísa
— (Pra Gregório) Será que você não consegue localizar o
seu irmão?
Gregório
— Posso tentar.
Ana Carolina
— Eles são as pessoas que eu mais amo nesse mundo. Eles
não podem me deixar.
Fim do flashback
CENA 11. carro de gregório.
ambiente. Interior. Noite.
Carro parado no semáforo. Gregório está distraído até
começa a escutar várias buzinas de carro. O sinal já
está aberto e ele arranca com o carro.
CENA 12. casa de ana carolina. sala. Interior. Noite.
Heloísa olha pela janela da rua. Rudá aparece na sala.
Heloísa
— (Chama) Vem aqui.
Rudá se aproxima de Heloísa.
Rudá
— Dona Clara.
Heloísa
— Sem o dona, me poupe. O que o Marcelo tava fazendo com
aquela lá?
Rudá
— Não sei dizer.
Heloísa
— Ah não mente pra mim! Claro que você sabe!
Rudá
— É... Eu sei sim, mas acho que eu não posso falar nada
pra senhora.
Heloísa
— Por quê? O Marcelo tá escondendo alguma coisa de mim?
Rudá
— Não, mas acho que é ele que tem que falar pra você o
que ele descobriu.
Heloísa
— Descobriu? Como assim? O que ele descobriu... Como é o
seu nome mesmo?
Rudá
— Rudá.
Heloísa
— Me fala o que ele descobriu, Rudá.
Rudá
— Desculpa, mas eu não vou falar nada. Se a senhora
quiser alguma coisa é só chamar. Licença.
Rudá vai para a cozinha e deixa Heloísa curiosa.
Heloísa
— Eu preciso saber o que tá acontecendo.
CENA 13. casa de gregório. sala. Interior. Noite.
Amélia entra da cozinha e vai até Tarsila.
Amélia
— Dona Tarsila, a senhora quer que eu sirva o jantar
agora?
Tarsila
— Não, Amélia. A gente vai esperar o Gregório chegar.
Amélia
— Sim, senhora. Com licença.
A campainha toca.
Tarsila
— Atende a porta.
Amélia abre a porta da rua. É Marcelo.
Amélia
— O que o senhor deseja?
Tarsila vê que é Marcelo na porta e vai até ele.
Tarsila
— É o meu sobrinho. Pode deixar ele entrar.
Marcelo entra e cumprimenta Tarsila. Amélia vai para a
cozinha.
Tarsila
— Eu não esperava a sua visita, Marcelo.
Marcelo
— Vim meio de impulso, tia. É que eu descobri uma coisa
e precisava falar urgente com o tio. Será que ele pode
me receber?
Tarsila
— Ele ainda não chegou. (Tom) Não quer sentar? Beber
alguma coisa?
Marcelo
— Obrigado, eu to bem.
Tarsila
— O jantar vai ser servido logo logo. Se quiser pode
ficar.
Marcelo
— Não, tia. Eu agradeço, mas/
Marcelo é cortado por Gregório que entra da rua.
Gregório
— Boa noite. (Vê Marcelo) Marcelo? Você aqui?
Tarsila vai até Gregório e beija o marido.
Tarsila
— Como foi o seu dia?
Gregório
— (Baixo) O que ele tá fazendo aqui?
Tarsila
— (Baixo) Não sei, mas acho que tem a ver com uma
história que você andou escondendo dele.
Gregório
— (Baixo) Do que você tá falando?
Tarsila
— (Baixo) O Leandro me falou que o nosso sobrinho teve
procurando pelo Coimbra e você se fez de desentendido.
Gregório
— (Baixo) Você acha que...
Tarsila
— (Baixo) Posso apostar que a Milena entregou toda a
ficha dele por Marcelo.
Gregório se aproxima de Marcelo.
Gregório
— Eu não esperava a sua visita aqui. Aconteceu alguma
coisa?
Marcelo
— Aconteceu que o senhor mentiu pra mim.
Gregório
— (Finge não entender) Como assim, Marcelo?
Marcelo
— Você disse que não conhecia nenhum Dr. Coimbra, quando
na verdade ele era amigo do seu irmão.
Gregório
— Espera, Marcelo. As coisas não são bem assim.
Marcelo
— Então é o que? O que o senhor tá me escondendo?
Na tensão de Gregório.
CENA 14. casa de giancarlo. sala.
Interior. Noite.
Giancarlo e Bianca por ali. Milena entra da rua.
Giancarlo
— Você não ia jantar com o Leandro?
Milena
— Ia, mas aí aconteceram umas paradas.
Giancarlo
— Que paradas? Posso saber?
Milena
— Eu não ia falar nada pra vocês porque... Ah sei lá,
mas como tem meio que a ver com o meu pai.
Giancarlo
— O que tem o Eduardo?
Milena
— O Marcelo tava querendo saber dele.
Bianca
— (Reage) O Marcelo filho da Ana Carolina?
Milena
— Ele mesmo.
Giancarlo
— E a troco de que ele ia querer saber do seu pai?
Milena
— Parece que ele ficou sabendo que o meu pai e o pai
deles eram amigos e decidiu procurar ele pra ver se
descobria alguma coisa.
Bianca
— O que ele tá querendo descobrir?
Milena
— Ah mãe! Sei lá! Deve tá querendo saber o porquê do pai
dele ter sumiu do mapa com ele pequeno. É no mínimo
estranho, você não acha?
Bianca
— Eu não acho nada, e você também não tem que achar.
(Tom) Pelo amor de Deus, Milena. Não se mete nessa
história/
Milena
— Que história? Eu não sei do que você tá falando. Eu só
disse pro Marcelo que esse Dr. Coimbra que ele tava
procurando era meu pai.
Bianca
— Que seja. Seu pai não tem nada a ver com o sumiço do
Alcides.
Milena
— Ninguém tá dizendo que tem. O Marcelo queria falar com
o pai pra ver se conseguia levantar alguma informação,
mas infelizmente ele já tá morto.
Bianca
— E infelizmente não vai poder ajudar. Então volto a lhe
pedir: deixa as paranoias daquele infeliz com ele. Não
se envolve com essa gente, é só o que eu lhe peço.
Giancarlo
— A sua mãe tem razão, meu bem. Você já fez o que estava
ao seu alcance. Agora se o filho da Ana Carolina quer ir
atrás do passado dele, deixe que ele vá.
Milena
— Credo gente! Do jeito que vocês falam até parece que
eu tava pensando em entrar numa investigação policial a
lá James Bond. Eu só fui passar uma informação pra
ele... (Vai subindo as escadas) Relaxem.
CENA 15. casa de gregório. sala. Interior. Noite.
Continuação imediata da cena 13. Marcelo espera uma
resposta de Gregório. Um pouco mais afastada, Tarsila
observa tudo.
Gregório
— Escondendo? O que eu estaria escondendo de você,
Marcelo?
Marcelo
— Além de que você conhecia o Coimbra?
Gregório
— Marcelo. O Coimbra passou pela minha vida há mais de
20 anos.
Marcelo
— Então você conheceu ele?
Gregório
— Agora que você ta falando mais sobre ele eu to me
lembrando.
Marcelo
— Eu acho engraçado que você não se lembre dele.
Gregório
— Você tá dizendo que eu to mentindo pra você?
Marcelo
— Mentindo acho que seja uma palavra muito forte...
Talvez esteja omitindo.
Gregório
— Eu não to omitindo nada, Marcelo. O Coimbra era amigo
do seu pai e da sua mãe. A minha relação com ele era só
profissional.
Marcelo
— Tudo bem você não se lembrar dele, afinal ele morreu
há mais de 20 anos. Mas aí não se lembrar nem depois que
eu falo dele? É no mínimo estranho. (Pausa) Desculpa
incomodar. Boa noite pra vocês.
Marcelo sai para a rua. Gregório fica ali pensativo e
Tarsila se aproxima dele.
Tarsila
— Nós dois sabemos o porquê dessa omissão, não é?
Gregório encara Tarsila, mas não fala nada.
Tarsila
— A consciência pesa só de tocar no nome do Coimbra. Ele
faz lembrar de todas as sacanagens e trairagens que você
fez no passado.
Gregório
— Não começa, Tarsila. Não vem querer desenterrar o
passado agora.
Tarsila
— Não sou eu que to querendo desenterrar o passado. Quem
tá querendo isso é o Marcelo.
Gregório
— Daqui a pouco ele esquece essa história.
Tarsila
— Paga pra ver.
Gregório
— (Tom) O jantar já tá pronto?
Tarsila
— (Subindo as escadas) Não sei, perdi o apetite. Depois
dessas lembranças se eu comer vou passar mal.
Gregório revira os olhos e suspira.
CENA 16. casa de ana carolina. sala. Interior. Noite.
Heloísa sentada no sofá de pernas cruzadas, muito
impaciente.
Heloísa
— Mais de uma hora esperando aqui.
Heloísa percebe que Samuel está observando ela da porta
da cozinha.
Heloísa
— Que você tá olhando, pivete?
Samuel
— Nada. Eu só tava olhando a senhora.
Heloísa
— Eu tenho cara de quadro pra ficar sendo olhada? Vai
ver Pokemon, Cavaleiros dos Zodíaco.
Samuel
— Eu não vejo mais desenhos.
Heloísa
— Então vai plantar bananeira, mas some daqui.
Heloísa ameaça se levantar para pegar Samuel e ele sai
correndo para a cozinha. Marcelo entra da rua e Heloísa
disfarça.
Marcelo
— Você ainda tá aqui, amor.
Heloísa
— Óbvio. Você disse pra eu esperar... Agora me conta o
que tá acontecendo.
CENA 17. casa de ana carolina. quarto de marcelo.
Interior. Noite.
Marcelo e Heloísa. Conversa já iniciada.
Heloísa
— Que história esquisita. Mas afinal de contas esse
Coimbra é quem mesmo?
Marcelo
— Amigo dos meus pais e pai da Milena. Você se lembra
dela, né? A gente se encontrou um dia desses no
shopping.
Heloísa
— Shopping? (Finge) Ah claro! (Tom) Eu to sentindo que
essa história te deixou um pouco tenso.
Marcelo
— Verdade.
Música:
Alejate de mi – Camila.
Heloísa começa a beijar Marcelo.
Heloísa
— (No ouvido) Eu sei de um jeito ótimo pra fazer você
relaxar.
Marcelo
— (Malicioso) Ah é? Qual é?
Heloísa empurra Marcelo na cama e tira a blusa. Heloísa
vai para cima de Marcelo.
Heloísa
— Hoje eu vou fazer uma coisinha especial pra você.
E enquanto se beijam, um vai tirando a roupa do outro.
CENA 18. rio de janeiro.
ambiente. Exterior. Dia.
Música:
Alejate de mi – Camila.
Stock-shot da cidade do Rio de Janeiro. Último take e de
pessoas correndo no calçado da praia de Ipanema.
Legenda:
Dias depois.
CENA 19. praia de ipanema. calçadão. Exterior. Dia.
Pessoas caminham, pedalam e patinam no calçadão. Dentre
elas estão correndo Leandro e Bernardo.
Música:
Alejate de mi – Camila. [Fade out].
Bernardo
— E a cocotinha? Já traçou?
Leandro
— Quem? A Juliana? Ainda não, tá se fazendo de difícil.
Bernardo
— Na boa velho. Não sei por que você fica insistindo
nela. Tem tanta garota querendo fazer isso por aí. Ainda
mais você sendo bem apessoado.
Leandro
— (Ri) Que? Falando assim até parece que você tá
querendo me pegar.
Bernardo
— Sai pra lá. Mas é a real, te garanto que não vai ser
difícil você encontrar alguém pra substituir ela. Fora
que você tem a Milena.
Leandro
— A Milena não tem nada a ver com isso, com ela o
negócio é sério. Essas outras garotas são só pra uma
trepadinha, pra sair da rotina, não deixar a vida um
tédio, sabe? Sexo sempre com a mesma pessoa acaba
ficando um saco... E isso não é bom.
Bernardo ri e os dois continuam conversando enquanto
correrem.
CENA 20. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Heloísa e Marcelo entram da rua se se beijam.
Marcelo
— Tá entregue. A gente vai se ver de novo?
Heloísa
— Acho que sim, mas qualquer coisa eu te ligo.
Marcelo
— Combinado.
Os dois se beijam novamente.
Heloísa
— (Lembra) Ah! Já esquecendo de te falar. Amanhã a gente
vai fazer um funeral simbólico pra Heloísa.
Marcelo
— Como assim? Vocês desistiram de procurar pela sua
irmã?
Heloísa
— O pessoal das buscas não deram mais esperanças de
encontrar ela com vida. Então é melhor não ficar criando
expectativas. A gente faz esse funeral e segue a vida.
Marcelo acaricia Heloísa.
Marcelo
— Você tem razão. Isso é a melhor coisa a se fazer.
Heloísa
— Vai ser na praia. Mais tarde eu te passo todos os
detalhes.
Marcelo
— Tá bom, vou ficar esperando.
Os dois se beijam e Marcelo vai embora. Heloísa fecha a
porta.
Heloísa
— Amanhã eu me livro pra sempre do seu fantasma,
Clarinha.
Bernardo entra da rua e Heloísa se assusta.
Heloísa
— Que susto você me deu!
Bernardo
— Tá com os nervos à flor da pele?
Heloísa
— Amanhã vai ser o funeral simbólico da Heloísa.
Bernardo
— (Corrige) Da Clara, você quis dizer.
Heloísa
— Que seja. É amanhã.
Bernardo
— Mas eu não vou. Me recuso a participar desse
espetáculo patético que você armou.
Heloísa
— Eu armei, mas você também tá bancando.
Bernardo
— Dá licença que eu vou tomar um banho.
Bernardo vai para o seu quarto. Heloísa fica ali na
sala.
CENA 21. ap de otávio. sala.
Interior. Dia.
Otávio e Giovanna.
Conversa já iniciada.
Giovanna
— Ah Otávio. Eu não vou nesse funeral.
Otávio
— O que te custa? A gente precisa ficar perto do
Marcelo, fingir solidariedade.
Giovanna
— A mulher que morreu era cunhada dele. Cunhada não é
parente.
Otávio
— Mas mesmo assim a gente precisa ir... Faz isso por
mim.
Giovanna
— Você só me convida pra evento macabro. É morte da Ana
Carolina, funeral de sei lá quem.
Otávio
— Sabia que você ia entender.
Otávio dá um beijo em Giovanna e vai para o seu
escritório.
CENA 22. ap de luísa. sala. Interior. Dia.
Bernardo já de banho tomado acaba de desligar o telefone.
Heloísa vem do quarto dela.
Bernardo
— Sabe quem era no telefone?
Heloísa
— Quem?
Bernardo
— O nosso pai. Ele tá vindo pro funeral da “Helô”.
Heloísa
— (Desesperada) Ele não pode fazer isso!
Bernardo
— (Calmo) Eu sei. Se ele aparecer aqui, a sua farsa
acaba rapinho.
Heloísa
— Eu preciso fazer alguma coisa pra impedir que ele
venha.
Bernardo
— Então se agiliza porque é bem provável que ele pegue o
próximo voo pro Rio de Janeiro.
Heloísa
— (Nervosa) Não! Ele não pode! Bernardo, o que eu faço?
Bernardo
— (Calmo) Não sei... Se vira.
Música:
Eu sou egoísta – Pitty.
Bernardo vai para o seu quarto. Heloísa fica ali, muito
nervosa. Fade Out. |
Comentários:
0 comentários: