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No capítulo anterior de Talismã: LÍVIA: - Não! Não é verdade! RAFAEL: - Que palhaçada é essa, Jorge?! JORGE: - Não é palhaçada, Rafael. São resultados da investigação que você pediu. LÍVIA: - Você pediu isso, Rafael?! RAFAEL: - Eu não pedi isso! (a Jorge) Não pedi que ela fosse presa! JORGE: - Ela é suspeita, Rafael. (aos policiais) Algemem.
Os policiais que acompanham Jorge, algemam Lívia, mesmo ela tentando se desvencilhar. Ela olha para Rosa, aflita. Todos os convidados se mostram chocados.
ALEXANDRE: - Olha, ela sabe o meu nome... ROSA: - Se afasta do garoto! deixa ele em paz. ALEXANDRE: - Eu sou o pai dele. e tenho direito de ficar próximo do meu filho, assim como ele também tem direito de ficar perto de mim. ROSA: - Mas enquanto eu estiver cuidando dele, você não vai ver nem a cor do cabelo do Pedro. ALEXANDRE: - Então vai curtindo seus minutos ao lado dele, porque quem vai cuidar do meu filho, sou eu.
LÍVIA: - Eu estou com medo, Rafael! RAFAEL: - Não se preocupa! Você vai sair daqui o mais rápido possível! Fica calma! CARLA: - Amiga, a gente vai tirar você daí! LÍVIA: - Não me deixem, gente! Por favor!
Os policiais levam Lívia.
ROMÃO: - Esqueceu que eu sou um mestre no crime? MARILU: - Tão mestre que matou a pessoa errada e agora tá me causando uma dor de cabeça daquelas!... ROMÃO: - Lá vem você com essa história! MARILU: - Mas para sua sorte, a vida está começando a sorrir pra mim. E sabe por que? Porque a Lívia foi presa! ROMÃO: - E o que isso significa? MARILU: - Isso significa que ela vai ser julgada, condenada como mandante da morte do Tarcísio e eu vou poder finalmente usufruir do que é meu por direito.
ALFREDO: - Eu vou precisar analisar as provas que você disse ter para pedir a prisão preventiva da Lívia. JORGE; - Claro. Eu vou providenciá-las pra você. Elas estão sob segredo de justiça, mas você sendo advogado da ré, pode ter acesso... Fiquei sabendo que pediu habeas corpus. ALFREDO: - Pedi sim, mas foi negado pelo juiz. JORGE: - Rafael já sabe? ALFREDO: - Ainda não falei com ele. Estou esperando aqui na empresa. JORGE: - Ele deve estar com ódio de mim. Mas só fiz o que ele me pediu! Investiguei a morte do pai dele. Só isso.
RAFAEL (ao telefone): - Não pode ser verdade, Rosa! Esse cara não pode ficar na casa da Lívia, muito menos com o Pedro! (T) Documento? (T) Sei... E a autenticidade? (T) Mesmo assim. Vou pedir para o Alfredo averiguar. Não pode estar certo isso.
A campainha toca.
RAFAEL (ao telefone): - Eu preciso desligar Rosa. Mas obrigado por me avisar disso tudo. (T) Boa noite pra você. (desliga o telefone)
Rafael atende a porta. CAM mostra Marilu, vestida totalmente sensual.
RAFAEL: - Maria Luísa? MARILU: - Desculpe vir aqui assim, sem avisar... Posso entrar? Marilu encara Rafael. |
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CAPÍTULO 32 |
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CENA 01. APTO RAFAEL. SALA.INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Rafael se mostra surpreso com a visita de Marilu.
MARILU: - Posso entrar? RAFAEL: - Claro.
Marilu entra no apto. Rafael fecha a porta.
MARILU: - Bonito o seu apartamento. RAFAEL: - Obrigado... Desculpa não te oferecer nada, é que você me pegou desprevenido. MARILU: - Imagina, não quero nada não. Só vim mesmo para ter uma conversa com você. Uma conversa de amiga. Espero que entenda assim. RAFAEL: - Senta.
Marilu senta no sofá. Rafael senta do outro lado.
MARILU: - Eu sei que esse é um assunto delicado, totalmente pessoal seu, mas acontece que eu estou sabendo de algumas coisas e acho que posso ajudar. RAFAEL: - Você está falando sobre...? MARILU: - A prisão da Lívia e a gravidez da Beatriz.
Rafael se mostra surpreso.
RAFAEL: - Como você sabe disso? MARILU: - A prisão da Lívia está na internet, todo mundo já está sabendo... Sobre a gravidez da Beatriz, bem, ela mesma me contou. RAFAEL: - Contou é? Pensei que ela quisesse deixar esse assunto apenas entre a gente. MARILU: - Eu e a Beatriz ficamos amigas, Rafael. Nos conhecemos numa visita dela lá na empresa, descobrimos afinidades. E também trocamos confidências. Eu fui a primeira pessoa a saber sobre a gravidez. RAFAEL: - Se você não se importa, Maria Luísa, eu/ MARILU: - Pode me chamar de Marilu. Não estamos no ambiente de trabalho, acho que não precisa essa formalidade. RAFAEL: - Tudo bem. Olha só, Marilu, eu não me sinto a vontade para falar de um assunto, como você disse, tão pessoal com alguém que eu praticamente não tenho nenhuma outra relação, a não ser de cunho profissional. Entende? MARILU: - Entendo, claro. Mas eu estou aqui Rafael querendo ser sua amiga... Seu pai sempre falou tão bem de você. Dizia que você era um rapaz esforçado, batalhador. o braço direito dele na empresa. Só que seu lado pessoal ficava sempre em segundo plano. RAFAEL: - Meu pai dizia isso? MARILU: - Sim. Como você sabe, eu e ele tivemos um pequeno relacionamento, mas muito forte. Importante pra mim e para ele também... Ele sempre dizia que você precisava estar bem orientado, em todos os campos da sua vida. RAFAEL: - Ele foi um grande conselheiro meu. MARILU (boazinha): - Por isso que eu estou aqui, Rafael. Eu quero que você saiba que eu sou sua amiga. Que não estou aqui por interesse. Que não me aproximei de você, da empresa, da sua família por ganância, como outras pessoas fizeram e agora estão pagando por isso. RAFAEL: - Por acaso está se referindo a Lívia? MARILU: - Eu não quero julgar ninguém. E nem estou aqui para forçá-lo a pensar em algo que não quer. Mas, eu nem sempre vi com bons olhos essa aproximação da Lívia com seu pai. RAFAEL: - Marilu, eu não/ MARILU: - Calma, Rafael. Eu não vou entrar aqui numa discussão onde eu não tenho certeza do que se passou nessa relação conturbada deles. Não vou mesmo... Agora, eu acho muito estranho que ela, depois de tudo o que aconteceu, venha se envolver com você. RAFAEL: - Para quem disse que não iria julgar ninguém, seus argumentos estão bem firmes. MARILU: - Eu tentei ser imparcial nessa história, mas é complicado. E o que mais me preocupa é o fato da Beatriz estar grávida e não ter o apoio de um companheiro. RAFAEL: - Mas eu disse que iria apoiá-la. MARILU; - Ela está sofrendo, Rafael. RAFAEL: - Ela não me pareceu estar sofrendo quando foi me levar o exame na empresa. MARILU: - Nem sempre os homens compreendem os sentimentos de uma mulher. RAFAEL (desconfiado): - Foi a Beatriz que mandou você aqui, não foi? Pode dizer, Marilu. Não vou brigar com você. MARILU: - Não! Ninguém me mandou aqui. Vim porque eu achei que você merecia saber de algumas coisas. RAFAEL: - Mas isso tudo o que você está me dizendo, eu já sei. Da gravidez da Beatriz, das suspeitas de que a Lívia só está interessada no meu dinheiro, o que eu não acredito que seja verdade. MARILU; - Mas você não sabe que a Lívia escondeu de você a gravidez da Beatriz. RAFAEL (surpreso): - Como é que é?
Rafael se mostra incrédulo.
CENA 02. AGE AQUÁRIOUS. INT. NOITE.
Henri caminha por entre as pessoas na festa, que continua rolando na boate. De repente, ele se surpreende ao ver Sarah dançando "com tudo" na pista de dança e bebendo. Ele se aproxima dela.
HENRI: - Sarah! O que você está fazendo aqui?! SARAH: - O que foi, Henri?! Estou curtindo, oras! HENRI (tira o copo de Sarah): - Vem comigo! Vou te levar embora. SARAH: - Tá de palhaçada é? Me larga! HENRI: - Você está grávida! Não pode ficar aqui! Não vai fazer bem! SARAH: - Para de bancar o chato, Henri! se toca! Você não é meu médico pra saber o que é saudável ou não pra mim, cara! E outra, nem o pai dessa criança você é! Então não se mete na minha vida! HENRI: - Eu sou o pai sim! SARAH (grita/firme): - Você não é o pai, poxa! se enxerga mano! Me deixa curtir em paz! Sai!
Henri se choca com a hostilidade de Sarah, se afasta. Ela volta a dançar.
CENA 03. CARRO BRENO. INT. NOITE.
Cai a chuva na cidade. Breno para o carro em frente à casa de Mayra.
BRENO; - Então você é filha do doutor Fausto. Lembro que minha irmã entrevistou ele, para a Flash Paulista. MAYRA: - Lembro da sua irmã. É uma mulher muito bonita. Aliás, pelo visto, a família toda é bonita. BRENO: - Você acha? MAYRA: - Tá na cara!... Você não é de se jogar fora não... (risos) BRENO: - Valeu pela consideração... (risos)
Instante de silêncio.
BRENO: - Tá melhor? MAYRA: - Estou sim. Nem me lembro mais do que aconteceu hoje lá na boate... Quero dizer, lembro sim, mas a gente finge que não teve nada e segue a vida. BRENO: - Você consegue assim, rápido, se desfazer dos maus pensamentos? MAYRA: - Tento. Ficar remoendo mágoas não é pra mim... Não me transformei num rio de lágrimas com a morte da minha mãe. Não vai ser por um pé na bunda que isso vai acontecer. BRENO: - Vejo que você é decidida. Tem atitude. MAYRA: - Sou mulher, oras! BRENO: - Mas nem todas as mulheres tem qualidades com você tem. MAYRA; - É mesmo? E quais são as minhas qualidades? BRENO: - Linda, inteligente, interessante, vai direto ao ponto sem rodeios. MAYRA: - Coisa que você não está conseguindo fazer agora, não é? (risos) BRENO (sem jeito): - Como assim? MAYRA; - Deixa que eu sei fazer direitinho o que você está querendo.
MUSIC ON: Sorri, Sou Rei - Natiruts Mayra se aproxima de Breno, o beija calorosamente. se afasta. Breno fica surpreso.
MAYRA: - Obrigada pela carona, pelo ombro amigo. E por aturar a minha dor de cotovelo. BRENO: - Pode contar comigo sempre que precisar. Já tem meu telefone. MAYRA: - Olha que eu ligo hein! BRENO: - Será um prazer ouvir sua voz novamente.
Os dois se beijam. Mayra sai do carro, entra em casa. Breno a observa. TRILHA FADE OUT
CENA 04. APTO RAFAEL. SALA. INT. NOITE.
Rafael se surpreende com as revelações de Marilu.
RAFAEL: - A Lívia sabia da gravidez da Beatriz? E não me disse nada... MARILU: - Quando a Beatriz foi na empresa me dizer que estava grávida, a Lívia ouviu nossa conversa... Nossa, não gosto nem de lembrar dessa cena. RAFAEL: - Que cena? O que aconteceu? MARILU: - A Beatriz estava feliz, mas um pouco preocupada, não sabia como lidar com a situação. E eu ali, tentando orientá-la. Mas a Lívia ouviu nossa conversa, entrou na minha sala. Disse impropérios diversos, coisas terríveis. A Beatriz, coitada, não sabia o que fazer. Eu fiquei pasma. RAFAEL: - A Lívia?! MARILU: - Rafael, ela se mostrou uma pessoa totalmente diferente do que ela aparenta ser. Desejou inclusive que a Beatriz não tivesse a criança e disse que nada nem ninguém, muito menos uma criança, iria separá-la de você... Rafael, a Lívia estava transformada. RAFAEL: - Desculpa, Marilu, mas eu não posso acreditar nisso. A Lívia seria incapaz de fazer alguma coisa dessas. MARILU: - Se está duvidando, eu posso levar a Beatriz amanhã na empresa para ela mesma dizer o que aconteceu. Foi uma cena constrangedora. A beatriz precisando de apoio e a Lívia com xingamentos e mau agouro pra cima da criança. Lamentável.
Rafael levanta-se, caminha de um lado a outro, pensativo. Marilu o observa, atenta.
RAFAEL: - A Lívia é mãe também. Jamais desejaria mal para uma outra mãe e seu filho. Jamais. MARILU: - A pessoa quando se sente acuada, Rafael, é capaz de qualquer coisa. Eu conheço a Lívia e não é de hoje. Confesso que tenho medo do que ela possa se tornar após a prisão... RAFAEL: - Ela não me disse nada... MARILU: – Ela até não vai com a minha cara. Não pelo fato de eu já ter tido um relacionamento com seu pai. Quero dizer, ela deve sentir inveja por isso. RAFAEL: - Não quero ninguém me envenenando contra a Lívia, Marilu! MARILU: - Não estou te envenenando contra ninguém! Longe de mim fazer isso! Eu só quero que você pense! RAFAEL: - Você está me deixando é confuso! MARILU: - A Lívia não me suporta justamente por eu ser amiga da Beatriz. Ela acha que vamos forçar você a deixar ela pra ficar com a Beatriz. A Lívia / desculpe o que eu vou dizer agora, Rafael. Mas a Lívia precisa de um tratamento. RAFAEL (indo até a porta): - Desculpa, Marilu, mas eu tive um dia cheio, preciso descansar, colocar as ideias no lugar... MARILU (levantando-se): - Claro, eu entendo.
Rafael abre a porta. Marilu se aproxima.
MARILU: - Eu não quero que me leve a mal. Como eu disse antes, quero ser sua amiga. Te ajudar. RAFAEL: - Eu agradeço a sua solidariedade.
Marilu se aproxima de Rafael, o abraça. Ele fica sem jeito. Ela se afasta.
MARILU: - Boa noite.
Rafael apenas sorri. Marilu vai embora. Rafael fecha porta, fica pensativo.
CENA 05. MANSÃO TARCÍSIO. EXT.
Fabrício chega em frente a mansão de Tarcísio. Está todo molhado da chuva, que continua a cair. Procura a janela do quarto de Vitória.
FABRÍCIO (grita): - Vitória! Vitória!
Aguarda um pouco. Está ofegante.
FABRÍCIO (grita): - Vitória! Eu preciso falar com você!... Vitória!
Uma luz se acende. Vitória surge na sacada, surpresa.
VITÓRIA: - Fabrício?! o que você está fazendo aqui a essa hora?! FABRÍCIO: - Eu preciso falar com você!
Elizabeth surge na janela também.
ELIZABETH: - Fabrício, por favor! Isso é coisa que se faça? Você está bêbado é? FABRÍCIO: - Desculpa, dona Beth. Mas é que eu preciso muito falar com a sua filha. VITÓRIA: - A gente conversa numa outra hora, Fabrício! FABRÍCIO: - Não! se você não me ouvir agora, não vou embora daqui. Só saio depois que você me escutar! VITÓRIA (a Elizabeth): - O que eu faço, mãe?! ELIZABETH: - Escuta ele, oras! senão vai ficar gritando aqui na frente, na chuva...
Vitória olha para Fabrício.
FABRÍCIO; - Vitória, eu sei que eu errei com você. Eu sei que você teria motivos para não falar mais comigo. Eu resolvi acreditar numa ilusão e segui em frente, sem saber direito onde isso daria. ELIZABETH: - Fabrício, entra! Vai acabar ficando doente nessa chuva! FABRÍCIO: - Esse tempo que a gente ficou separado, foi um tempo de maturidade. pra gente provar de outras experiências, vivências. Foi também um período pra gente saber o quanto é forte o nosso sentimento... Eu nunca deixei de pensar em você durante todo esse tempo... Todo o casal passa por crise, com a gente não seria diferente. Mas eu aprendi, Vitória. (grita) Aprendi que não posso me entregar à qualquer obstáculo que aparece no meu caminho. Aprendi que não é qualquer palavra bem dita que vai mudar minha vida. Aprendi que não é com qualquer pessoa que eu vou ter o amor que só você soube e pode me oferecer.
Vitória escuta as declarações de Fabrício emocionada.
FABRÍCIO (grita mais alto): - Por isso, Vitória. Estou aqui, de braços e peito abertos, gritando para toda essa cidade escutar, que é você! É você quem eu amo!
MUSIC ON: Ainda Bem – Vanessa da Mata Vitória, às lágrimas, manda um beijo para Fabrício.
VITÓRIA: - Eu também te amo, meu amor! FABRÍCIO (de joelhos): - Por favor, Vitória. Aceite o meu amor de volta. Não quero mais perder você. ELIZABETH: - Aceita ele, minha filha. Mas aqui dentro de casa! Ele vai acabar ficando doente!... Vou pedir para o Moisés abrir o portão. (sai) VITÓRIA: - É claro que eu te aceito, Fabrício! Quero passar a minha inteira ao seu lado!
Fabrício sorri. Corre até outra casa, onde há uma roseira florida. Ele pega uma rosa, volta para a frente da mansão. Oferece a rosa à Vitória, que agradece, graciosa. O portão da mansão se abre, Moisés aparece.
MOISÉS: - Entra seu Fabrício! Vai pegar um resfriado nessa chuva!
Fabrício entra correndo na mansão. Vitória sai da janela.
CENA 06. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
MÚSICA DA CENA ANTERIOR CONTINUA Fabrício entra, acompanhado de Moisés. Elizabeth está no local.
ELIZABETH; - Vejam só! Está ensopado! FABRÍCIO: - Essa chuva veio para lavar minha alma, dona Beth. ELIZABETH: - Obrigada, Moisés. Desculpa ter te acordado a essa hora. MOISÉS: - Imagina dona Beth, não tem problema. Vai precisar de mim ainda? ELIZABETH: - Não, pode ir. Muito obrigada.
Moisés sai. Vitória desce as escadas apressada. Encontra Fabrício. Os dois ficam frente a frente, se olhando. Aproximam-se aos poucos. Elizabeth percebe o clima.
ELIZABETH: - Bom, minha filha, você sabe onde tem toalhas e um roupão quentinho. Pega pra ele não se resfriar. Eu vou pro meu quarto... (saindo)
Fabrício e Vitória ficam a sós na sala.
VITORIA: - Você é louco. FABRÍCIO: - Por você. VITORIA: - Nunca pensei em ganhar uma declaração assim, pela janela. Ainda mais nessa chuva. FABRÍCIO: - Você merece isso e muito mais.
Fabrício entrega a rosa para Vitória.
FABRÍCIO: - Te amo. VITÓRIA; - Não mais do que eu amo você.
Os dois se beijam, apaixonados. Vitória pega Fabrício pela mão, e os dois sobem as escadas, trocando olhares apaixonados. MUSIC FADE OUT.
CENA 07. CASA LÍVIA. QUARTO LÍVIA.INT. / QUARTO PEDRO. INT. NOITE.
Alexandre no telefone com Nestor. Diágolo com cena dividida entre eles.
ALEXANDRE: - O moleque tá lá chorando no quarto. NESTOR: - E você não fez nada para acalmá-lo? ALEXANDRE: - Não tenho paciência com criança chorona, Nestor! A Lívia deixou esse garoto uma manteiga! NESTOR: - Alexandre! Você precisa ganhar a confiança do garoto para que depois ele queira ficar com você! ALEXANDRE: - Mas eu não quero ficar com ele! Quero só o dinheiro! NESTOR: - Mas tendo a criança com você, o dinheiro da pensão que a Lívia vai ter que te dar é grande! Mas pra você ficar com a criança, precisa tratar ele bem! Senão a gente perde tudo! ALEXANDRE: - Tá bom, tá bom... Vou ver o que eu consigo fazer... Boa noite! (desliga o telefone) Era só o que me faltava. Bancar o pai herói agora.
Alexandre sai do quarto de Lívia e vai até o quarto de Pedro. Destranca a porta. O garoto está chorando ainda.
ALEXANDRE: - Chorando ainda, meu filho? PEDRO; - Estou com fome!... ALEXANDRE; - Tá com fome é? Vem com o papai que eu vou preparar uma comida bem gostosa pra você. Vem.
Alexandre pega Pedro pela mão e sai do quarto com ele.
CENA 08. CASA LÍVIA. COZINHA. INT. NOITE.
Alexandre e Pedro na cozinha. Pedro comendo um sanduíche. Alexandre ao lado dele, comendo também.
ALEXANDRE: - Tá gostoso, filho?
Pedro acena com a cabeça, concordando.
ALEXANDRE; - Você sabia que o papai gosta muito de você? É... Papai te ama muito. E agora que a mamãe não tá, papai vai tomar conta de você com muito carinho. Você gosta do papai?
Pedro novamente acena com a cabeça, concordando.
ALEXANDRE: - Que bom, filhão!... E você prefere ficar com o papai ou com a mamãe? PEDRO: - Mamãe. ALEXANDRE: - Mas o papai é mais legal! PEDRO: - Mamãe é legal. Quero ficar com ela. ALEXANDRE: - Mas agora ela não está! Está presa e tao cedo não vai voltar pra casa. Por isso você precisa gostar do papai pra que ele cuide bem de você, está ouvindo?
Pedro se mostra assustado. Alexandre percebe que "pegou pesado".
ALEXANDRE: - A mamãe vai voltar. Mais tarde, mas volta. E quando ela voltar, você fica morando com o papai! Vai ganhar muito brinquedo, passeios... Vamos voltar para o Rio de Janeiro!... Assistir o Mengão no Maracanã! Não é legal? PEDRO (vibra); - E gritar Vasco! ALEXANDRE; - Vasco?! Não filhão, você se enganou... É Mengo! PEDRO: - Vasco, papai. Eu gosto do Vasco. ALEXANDRE; - O quê?! Não pode ser!... O Mengo é melhor, meu filho! PEDRO: - Eu gosto é do Vasco.
Os dois ficam a conversar na cozinha. Alexandre tentando agradar o filho.
CENA 09. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER
Imagens da cidade de São Paulo ao amanhecer. Mostra os prédios vistos de cima, o cinza da cidade.
CENA 10. APTO JORGE. INT. DIA.
Jorge toma café quando a campainha toca. Ele atende. É Rosa.
JORGE: - Rosa? ROSA (entrando): - Desculpa vir aqui assim, sem avisar. Mas eu preciso falar com você. JORGE: - Aconteceu alguma coisa? ROSA; - Sim, aconteceu. Por que você mudou, Jorge? O que está havendo de errado com você em fazer uma coisa dessas com a Lívia? E tem mais... Por que mentiu pra mim? Por que não me disse que era da polícia? JORGE: - Calma, Rosa! ROSA: - Desculpa... Desculpa despejar tudo assim, mas acontece que eu preciso saber! Tem acontecido tanta coisa e eu não sei o que fazer! JORGE: - Eu fui contratado pelo Rafael para investigar a morte do pai dele, o Tarcísio. Ele queria ter uma resposta mais rápida do que a polícia. Eu não poderia me revelar por causa disso. O Tarcísio foi assassinado numa suposta tentativa de assalto, mas nada foi levado. Ou seja, o suspeito da morte poderia estar próximo dele, da empresa, da família. Eu revelando a minha identidade, poderia prejudicar isso. ROSA: - Mas você sabe que a Lívia não tem culpa de nada! Ela é tão vítima quando o Tarcísio. JORGE: - Isso só quem pode dizer é a justiça, Rosa. Bem ou mal, ela é suspeita. ROSA (firme): - Ela não matou o Tarcísio. JORGE: - De onde tanta certeza, Rosa? Você sabe de alguma coisa? ROSA: - Eu sinto. JORGE: - Infelizmente para a justiça, impulsos sensoriais ainda não funcionam como prova. ROSA: - Você ficou tão frio, Jorge. JORGE: - O que há de mal em fazer o meu trabalho?! de uma hora para outra virei um vilão de uma história onde eu só estou fazendo o que me foi pedido! Até agora só a Elizabeth me elogiou pelo trabalho. ROSA (surpresa): - Quem?! JORGE: - A Elizabeth, que foi esposa do Tarcísio. Conhece?
Rosa faz cara de poucos amigos.
ROSA: - Sim, conheço. Muito bem. JORGE: - Senti um certo ar de desconforto... ROSA; - Eu e a Beth não somos grandes amigas. JORGE: - É mesmo? Por quê? ROSA; - Não vem ao caso. JORGE: - Vem sim. Agora quem vai te pressionar aqui sou eu. ROSA: - O que eu vim falar com você não é sobre isso, Jorge/ JORGE: - Mas eu quero saber de você dessa sua relação com a Elizabeth. ROSA; - Não tem relação nenhuma entre eu e a Beth! JORGE: - Mas por quê? ROSA: - Porque eu e o Tarcísio fomos namorados e mesmo depois de separados, continuamos amigos. Ela nunca suportou isso. Saber que o marido dela teve um grande amor na vida ele e que esse amor não era ela!...
Jorge se surpreende com Rosa.
JORGE: - Você e o Tarcísio então... ROSA: - Foi uma relação linda entre a gente. Mas não quero ficar falando disso. Não fiquei falando por aí... JORGE: - Nem para a Lívia? ROSA: - Nem para a Lívia... JORGE: - Posso imaginar o quão forte tenha sido essa relação, para você mantê-la em absoluto segredo, só pra você. ROSA: - Todos nós mantemos segredos, Jorge. Você mesmo fez isso agora. JORGE: - Eu apenas omiti o meu ofício. ROSA: - Omitir também é guardar segredo. JORGE (se aproxima): - Só quero que saiba que não fiz isso com a intenção de enganar alguém. Fiz porque era realmente necessário... Eu ainda preciso investigar outras pessoas. ROSA (se afasta): - Então eu vou indo. Não quero mais tomar o seu tempo.
Rosa vai saindo.
JORGE: - Rosa.
Rosa vira-se para ele.
JORGE: - A Elizabeth está compromissada. Não se preocupe. ROSA; - Não tenho ciúmes, Jorge. Eu me garanto. Só espero que você também garanta o respeito que tens por mim... Mas confesso que não estou a fim de dividir um homem novamente com ela.
Jorge se aproxima de Rosa, a beija. Rosa vai embora. Jorge fica pensativo.
CENA 11. DELEGACIA DE POLÍCIA. SALA DELEGADO. INT. DIA.
Lívia sentada à mesa, está ansiosa. O delegado está na sua frente. De repente, Alfredo e Rafael chegam na sala.
RAFAEL: - Lívia! LÍVIA: - Me chamaram lá na cela... (abraça Rafael) ALFREDO (entrega p/ delegado): - Está aqui, delegado. LÍVIA: - O que é isso? RAFAEL: - Seu habeas corpus. DELEGADO: - É, tudo certinho. Senhora, Lívia Ribeiro da Silva, seu habeas corpus foi aceito pela justiça. Você poderá responder em liberdade. Mas não pode sair da cidade...
Lívia se abraça em Rafael, feliz, emocionada.
CENA 12. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Vitória fala ao telefone num canto da sala. Agda, Elizabeth e Eduardo presentes.
ELIZABETH: - Quem será? (olhando para Vitória) EDUARDO: - Acho que é o Rafael.
Vitória desliga o telefone, se aproxima do grupo.
VITÓRIA: - O habeas corpus da Lívia foi aceito. Ela está livre. AGDA: - A justiça no Brasil é fantástica. Prendem inocentes, soltam bandidos. Amo o Brasil. ELIZABETH: - Era o Rafael? VITÓRIA: - Ele mesmo. Estava feliz. ELIZABETH: - Não me conformo do seu irmão estar junto com essa oportunista!... EDUARDO: - Pelo visto, ele gosta dela de verdade. AGDA: - Homens... Qualquer rabo de saia os faz perder a cabeça. VITÓRIA: - Nem todos, vovó!... O Fabrício não se deixou levar por nenhum rabo de saia... Quero dizer, foi só um pouco, mas voltou. O sentimento verdadeiro conta mais do que um par de belas coxas. ELIZABETH: - Nossa, Vitória! VITÓRIA: - É verdade, mãe... AGDA: - E onde está esse rapaz, espécie rara masculina? VITÓRIA: - Está tomando banho. Daqui a pouco tem que ir pra clínica.
Fabrício desce as escadas.
FABRÍCIO: - Já estou pronto! EDUARDO: - Olha Fabrício, quero te dar meus parabéns. Não se fazem mais homens capazes de declarações de amor debaixo de chuva. FABRÍCIO: - Só fiz o que o meu coração mandava. Nada de mais. VITÓRIA: - Seu coração mandou bem!... E você também! (beija Fabrício) AGDA: - Só não faça isso outra vez. Ficar gritando feito louco na casa dos outros à noite não é coisa de gente certa da cabeça. FABRÍCIO: - Pode deixar, dona Agda. Vou procurar não perturbar da próxima vez... ELIZABETH: - Ai, mamãe!... Foi tão romântico! AGDA: - O romantismo bem que poderia ter bom senso e não prejudicar o sono das pessoas...
Elizabeth ri.
FABRÍCIO: - Bom, vou indo nessa... ELIZABETH: - Você vem para jantar, Fabrício? FABRÍCIO: - Não, dona Beth. Estarei de plantão. ELIZABETH: - Pena... Seria ótimo ter você no jantar de hoje. VITÓRIA: - Por que, mamãe? Algo em especial pra comemorar? ELIZABETH: - A vida, minha filha!... Vou dar um jantar hoje. Charlote, Demétrio, Inês, Alfredo... Todos os amigos queridos. EDUARDO (surpreso): - A Inês?! Mas/ ELIZABETH: - Sim. A minha grande e melhor amiga, Inês. E eu ficarei muito feliz de vê-la na minha casa novamente. AGDA: - Eu também. Ótima ideia, Beth. Faz tempo que não fizemos algo aqui em casa... Sabe que, já estou até pensando em algo para o menu. ELIZABETH: - Que bom, mamãe! Eu vou ligar para todos... Acho que vão gostar. AGDA (saindo): - Vou falar com a Nice. Acho que ela sabe onde está o livro de receitas bascas. Acordei com vontade de comer bacalhau!...
Elizabeth se mostra contente com o jantar. Eduardo tenta disfarçar o desconforto em rever Inês.
CENA 13. CLÍNICA FAUSTO. EXT. DIA.
Carla passando em frente a clínica, é abordada por Almir que ia entrando no prédio
ALMIR: - Não dá mais oi, Carla? CARLA: - Oi Almir!... Estava distraída, nem vi você aí. Como tá? ALMIR; - Bem... Mas poderia estar melhor se estivesse com você. CARLA: - Almir, por favor... ALMIR: - Até hoje não entendi porque você terminou comigo, se está sozinha. CARLA: - Eu tinha meus motivos. ALMIR: - Acredito que já se passou um bom tempo. Acho que pode repensar algumas decisões. CARLA: - Eu acho um pouco difícil... ALMIR (aproxima-se): - Você não deveria complicar as coisas pra gente... Tá na cara que eu e você nos gostamos, Carla. Não tem porque ficar fugindo disso.
Carla sente-se um tanto desconfortável com o assédio de Almir. De repente, Fausto se aproxima.
FAUSTO: - Carla!
Carla sorri. Almir se mostra surpreso pelo fato de Fausto conhecê-la.
FAUSTO: - Como vai? CARLA: - Tudo bem, e você? FAUSTO: - Ótimo. Melhor agora revendo você... Não sabia que se conheciam. ALMIR: - É, a Carla é uma velha conhecida minha. (encarando Carla) Eu é que não sabia que vocês dois já se conheciam. FAUSTO: - Nos conhecemos numa situação nem tão boa assim, não é? CARLA: - É verdade... Bom, eu vou indo. Não quero atrapalhar o serviço de vocês. FAUSTO: - Imagina. Almoça comigo. CARLA (surpresa): - Ai, doutor Fausto, acho melhor não. O senhor deve estar cheio de compromissos, almoço de negócios, não quero ficar atrapalhando mesmo. FAUSTO: - Em primeiro lugar, esqueça a formalidade de doutor. Pode me chamar apenas de Fausto... E outra, quem disse que é almoço de negócios! Não me faça desfeitas, por favor. Será, digamos, um almoço de desculpas pelo nosso encontro.
Almir se mostra incomodado.
FAUSTO: - Então, Carla, aceita? CARLA: - Tudo bem, eu aceito. FAUSTO: - Ótimo. Me acompanhe, meu carro está logo ali.
Fausto se afasta. Carla e Almir ficam a se olhar.
ALMIR: - Você e o doutor... CARLA: - Não entenda errado, Almir. ALMIR: - E quer que eu entenda como? FAUSTO (distante): - Vamos, Carla?
Carla se afasta, entra no carro de fausto e sai. Almir fica a observá-los.
CENA 14. EMPRESA AMARO. SALA PAULO. INT. DIA.
Paulo e Marilu conversam.
MARILU (incrédula): - Saiu da cadeia?! Como?! PAULO: - Rafael acabou de chegar aqui na empresa. Com ela e o Alfredo. Parece que o habeas corpus dela foi aceito. MARILU: - A vadia loira ainda tem sorte!... Poderia ficar mais um tempo lá na cadeia. PAULO: - Isso pode ser um sinal de que ela pode não ser presa de fato pela morte do Tarcísio. Precisamos fazer alguma coisa. O Jorge está por perto. MARILU: - E eu não sei?... Tem mais o Romão ainda enchendo o saco!... (caminha de lado a outro) Por enquanto, vamos prestar toda nossa solidariedade para a Lívia. Ela precisa do apoio dos amigos. PAULO: - Tá brincando né?! Ela te odeia! MARILU: - Eu sei o que estou fazendo, Paulo... E você vem junto comigo nisso.
CENA 15. EMPRESA AMARO. SALA RAFAEL. INT. DIA.
Lívia, Rafael e Alfredo conversam.
LÍVIA: - Eu nem acredito que estou livre!... Não quero passar por isso de novo, nunca mais! RAFAEL;- Não se preocupa, meu amor. Nada de mal vai acontecer com você. ALFREDO: - A polícia vai continuar as investigações. Como o delegado orientou, é importante que você não saia da cidade.
Nesse instante, Marilu e Paulo entram na sala. Lívia se surpreende, encara Marilu, que se aproxima, dócil.
MARILU (abraça Lívia): - Lívia! Que bom tê-la de volta.
Se afastam. Lívia se mostra chocada com a falsidade de Marilu, que sorri, falsa.
PAULO: - Que bom que tudo deu certo, Lívia. Estávamos torcendo por você. LÍVIA: - Obrigada, Paulo e Maria Luísa. MARILU: - Querida, pode me chamar de Marilu. Não precisamos de tanta cordialidade. Já nos conhecemos há um bom tempo, não é? LÍVIA: - Claro, Marilu. MARILU: - Rafael, a Beatriz já sabe que a/ RAFAEL: - Por favor, Marilu. Num outro momento... MARILU: - Sim, desculpe... LÍVIA: - Eu senti falta do meu colar... Não posso acreditar que tenha perdido. ALFREDO: - Mas você pegou todas suas coisas na saída da delegacia. LÍVIA: - Por isso mesmo. Ele não estava lá. A policial me garantiu que não havia nenhum colar nos meus pertences. Não posso acreditar!
Paulo fica quieto.
RAFAEL: - Calma, meu amor... A gente compra outro. LÍVIA; - Era uma herança de família, Rafael. E sem ele, eu me senti tão... Desprotegida. MARILU: - A gente se apega mesmo às coisas. Normal pra quem sempre quis o bem material. LÍVIA (encara Marilu): - Valor sentimental, sabe? Insubstituível. ALFREDO: - Eu vu até a delegacia novamente, vejo se realmente não ficou por lá. LÍVIA (aliviada): - Obrigada, Alfredo!... ALFREDO: - Eu vou indo agora, preciso passar no escritório ainda. Bom dia para todos. RAFAEL: - Bom dia, Alfredo. Obrigado mais uma vez.
Alfredo sai.
LÍVIA: - Rafael, vamos pra minha casa? Eu estou louca para ver o Pedro. RAFAEL: - É bom mesmo você ir... Tem algumas coisas que/ LÍVIA: - O que foi?! Aconteceu alguma coisa com meu filho?! RAFAEL: - Não, ele está bem... No caminho a gente conversa. MARILU: - Eu vou junto com vocês. LÍVIA (firme): - Não! MARILU: - Eu só queria ajudar, nessas horas é bom ter pessoas por perto pra dar força. LÍVIA: - Eu não quero! RAFAEL: - Calma, Lívia!... a Marilu tem razão. Você está alterada. É bom ter alguém pra ajudar. LÍVIA (cochicha com Rafael): - Ela eu não quero! RAFAEL: - E por que não? o que você tem contra ela?
Lívia não responde.
RAFAEL: - Não há o que temer, meu amor. (a beija) LÍVIA: - Tudo bem. Agora vamos logo! Quero ver meu filho! RAFAEL: - Paulo, você tomas as rédeas por aqui? PAULO: - Podem ir tranquilos.
Rafael e Lívia saem, um tanto apressados.
MARILU: - Eu não disse? PAULO: - O que você vai aprontar? MARILU: - Nada. Eu não sou de aprontar... (ri)
Marilu sai. Paulo fica pensativo.
PAULO: - Esse colar... Preciso dar um jeito de me arranjar antes que o cerco feche pro meu lado...
CENA 16. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. DIA.
Louise chega no Europa-Brasil para falar com Kléber. O procura, olhando para todos os cantos, quando se surpreende ao vê-lo conversando com Gisa.
GISA; - E a gente não se viu mais não é? Estava com saudades... KLÉBER: - É verdade... Aconteceram tantas coisas que/ GISA: - Você continua tocando naquele bar, da Vila Mariana? KLÉBER: - Sim, toco sim. GISA: - E já recebeu convites pra tocar em outros lugares. KÉBER: - Ah, isso a gente recebe né... Mas às vezes o valor não vale a pena. Meu gasto seria maior indo até o lugar do que ganhando pra tocar lá. GISA; - Eu conheço um lugar onde o ambiente é bom, e pagam muito bem! KLÉBER: - Sério? e onde é? Me fala que eu vou lá. GISA: - Minha casa! KLÉBER (surpreso): - Opa!... Calma aí, Gisa. GISA: - Você vai adorar o ambiente e o cachê... (tenta fazer cara sensual) é tentador!
Nesse instante, Louise chega.
LOUISE: - Tentadora tá sendo a vontade que a minha mão tá de estalar no seu rostinho, Lolita anã! GISA: - Mas abriram as portas do zôo? Tem girafas andando pela cidade! KLÉBER: - Calma meninas, estou no meu local de trabalho! LOUISE: - E o que essa garota tá fazendo aqui, Kléber? KLÉBER: - A Gisa veio conversar comigo apenas, não é? estávamos falando sobre espaços pra tocar e tal. GISA: - É. E a conversa estava muito boa até então... LOUISE: - Sei... Mas agora, queridinha, eu tenho que falar com o meu músico aqui (abraça Kléber) GISA (irônica); - Não sabia que ele tinha dona. LOUISE: - Tem sim, amorzinho. Agora vaza. Vai procurar sua turma. GISA: - Kléber, a gente se fala outra hora, num lugar mais aconchegante talvez, pra ninguém nos atrapalhar tá, gato? LOUISE: - A minha bolsa na sua cara vai ser muito aconchegante, quer ver? KLÉBER: - Louise, por favor! GISA; - Cuidado hein Kléber! Essa mulher é maluca!
Gisa sai.
LOUISE: - Você ainda não me viu louca, meu bem! KLÉBER: - Calma, mulher!... (risos) LOUISE: - Tá rindo do quê? KLÉBER: - De você!... LOUISE: - Só estou defendendo o que é meu. Já ouviu aquele ditado, "quem guarda, tem!"? Então, estou me prevenindo. KLÉBER: - Posso saber o motivo da visita? LOUISE; - Sim, claro! A Lívia saiu da cadeia. O pedido do habeas corpus foi aceito! KLÉBER: - Que coisa boa! Nossa, notícia ótima! Soube como? LOUISE: - A Rosa me ligou a pouco. Rafael falou com ela... Estou louca pra encontrar minha amiga. KLÉBER: - O pessoal da pensão vai gostar de saber disso. LOUISE: - Já tá na sua hora do almoço? KLÉBER: - Já sim. LOUISE: - Ai que bom! Tem uma mesa ali/ KLÉBER: - Eu estou a fim de um cachorro quente! LOUISE: - Na hora do almoço?! KLÉBER: - Tem um aqui perto que é uma delícia! Vamos? LOUISE: - Ai Kléber! Com todo esse restaurante chiquérrimo, você quer ir lá na esquina comer cachorro quente? KLÉBER (faz dengo): - Ah minha linda, vamos?... Você vai gostar... LOUISE; - Vamos né?... Você fica jogando sujo com essa cara de cão sem dono! Vou ter que emprestar minha beleza à uma carrocinha de cachorro quente! (risos)
Os dois saem. Numa outra mesa, Fausto e Carla almoçam.
FAUSTO: - Está gostando? CARLA: - Estou sim. Está tudo ótimo. FAUSTO: - Já veio aqui? CARLA: - Já sim, algumas vezes. FAUSTO: - É, suspeitei. CARLA: - Por quê? FAUSTO: - Uma mulher como você, com o trabalho que tem, deve ter frequentado os lugares mais sofisticados da cidade. CARLA: - Não estou te entendo, Fausto... FAUSTO: - Será que não?...
Carla larga os talheres, fica encarando Fausto.
FAUSTO: - Desculpe, não quero assustar você, ou causar má impressão. CARLA: - Não precisa fazer rodeios. O que você quer me dizer? FAUSTO: - Eu já sei que você é uma garota de programa. Uma acompanhante de luxo, como diz o seu anúncio na internet.
Carla se mostra surpresa.
CARLA: - Você investigou minha vida, é isso? FAUSTO: - A verdade é que eu sou cliente há muito tempo desse ramo. Conheço sites, agências... E nas minhas pesquisas encontrei você, coincidentemente. Aliás, feliz coincidência. CARLA: - Confesso que não sei o que dizer. Eu ia te contar, mas/ FAUSTO: - Ia mesmo? CARLA; - Ia... Quero dizer, não sei. FAUSTO: - Não precisa ficar procurando respostas, desculpas. Não me importo. Como eu disse, foi uma coincidência feliz. Você é linda, tem um corpo bonito e, o melhor de tudo, é muito interessante, sabe se portar... Tenho uma proposta pra te fazer. CARLA: - Proposta? FAUSTO: - Daqui há alguns dias, haverá um congresso de medicina em Fortaleza. Não estou com vontade de ir sozinho. Aceita ser minha companhia? CARLA: - Você está falando sério? FAUSTO: - Não costumo brincar com essas coisas. CARLA: - Eu não sei... Preciso pensar. FAUSTO: - Eu pago bem Carla. Mas não quero que você vá apenas pelo dinheiro. Acho que vai ser bacana a gente passar esse tempo sozinhos, só nós dois, curtindo um paraíso no nordeste. Aceite, por favor. CARLA: - Tudo bem, me convenceu. FAUSTO: - Você não vai se arrepender.
Fausto coloca sua mão sobre a mão de Carla. Sorri para ela, que corresponde, ainda surpresa com o convite.
CENA 17. AGÊNCIA ÔNIX. INT. DIA.
Jonas ao telefone. Marcos e Plínio conversam.
JONAS (ao telefone): - Que bom pai, fico feliz. (T) Tá legal, a gente se fala mais tarde. (T) abraço! (desliga) PLÍNIO: - E aí, o que foi? JONAS: - Meus pais vão fazer uma segunda lua-de-mel. Meu pai ligou pra dizer que já conseguiu as passagens e um hotel lindo numa praia de Fortaleza. MARCOS: - Coisa boa!... Acho que eu também vou fazer isso. Tô precisando dar uma relaxada. PLÍNIO: - Com o salário que eu ganho, acho que vou só até praia Grande e olhe lá! MARCOS; - Isso foi uma indireta, senhor Plínio? (risos) PLÍNIO: - Não, chefinho! Que isso... (risos)
De repente, Onira chega no local.
JONAS: - Marcos, visita.
Marcos vê sua mãe.
MARCOS: - Mãe? ONIRA; - Surpreso em ver sua mãe, filho? (a Jonas) Como vai? JONAS: - Tudo bem. MARCOS: - Não vai cumprimentar o Plínio, mamãe? ONIRA: - Plínio? Ah, nem o vi...
Plínio se aproxima.
PLÍNIO: - Como vai a senhora, tudo bem? (estende a mão)
Onira não o cumprimenta, apenas acena com a cabeça, afirmando estar bem. Plínio recolhe a mão, sem jeito. Marcos se mostra sem graça.
ONIRA: - Preciso falar com você, meu filho. MARCOS: - Claro. JONAS: - Plínio, vamos lá em cima, tem uns roteiros do comercial daquela empresa de bicicletas, quero uma opinião sua. PLÍNIO: - Claro, vamos sim.
Os dois saem.
MARCOS: - Precisava fazer isso com o cara? ONIRA: - Nem fiz nada... A graça por não ter cuspido na mão dele. MARCOS: - Mas você está ficando impossível! ONIRA: - E você cada vez testando mais os meus limites, Marcos!... Liguei pra você e nada de atender o telefone! Ignorando a sua mãe. MARCOS: - Existe uma palavra chamada liberdade, se a senhora não conhece. ONIRA: - Você não viveu o suficiente pra falar de liberdade... Você não tem nem consciência dos seus atos! MARCOS: - Eu não tenho?! Acabei de presenciar aqui um ato explícito de preconceito e eu é que não tenho consciência?! ONIRA: - Meu Deus! É você e seu tio! Vocês fazem uma tempestade em copo d'água por causa de atitudes que eu tenho, mas não percebem que você também estão extremamente errados! MARCOS: - É errado ser amigo, gostar, amar, uma pessoa que seja negra? ONIRA: - Eu não sei qual foi a macumba que aquela batuqueira ordinária fez pra você, não sei! Você ficou totalmente transformado depois que começou a se envolver com aquela mulher! MARCOS: - Aquela mulher tem nome e você sabe muito bem. E outra, eu me transformei sim. Mas depois de ver a sua máscara cair e descobrir realmente quem de verdade você é, mãe. ONIRA: - Me chamando de falsa! MARCOS: - Não se faça de vítima, mãe, porque isso você não é... Ou melhor, é sim. Vítima desse preconceito ridículo, da sua ignorância. Pena. Isso não te levar a lugar algum. ONIRA; - E ficar se esfregando numa negra fuleira vai te trazer todas as glórias do mundo! Se eu souber que você voltou com aquela escurinha eu/ MARCSO (grita): - Cala a boca!
Onira se choca.
MARCOS (grita): - Eu estou cansado dos seus insultos, das suas grosserias. (firme) Eu cansei! ONIRA: - Você nunca falou assim comigo, Marcos... MARCOS: - Nunca falei porque eu sempre tentei relevar, mas agora já chega, mãe. Eu estou no meu limite. E eu estou junto com ela, sim! A Adriana salvou sua vida na clínica. ONIRA: - Ela nem fez nada! Eu saí de lá graças ao outro médico. MARCOS: - Você não vai poder apagar da sua vida que uma negra te salvou da morte. Não vai. ONIRA: - Você anda muito abusado. Vai cair do cavalo, Marcos. Essa gente só quer tirar proveito daqueles que têm boa condição de vida, já que eles vivem na lama, sempre, feito porcos.
Onira vira-se para a porta, vai saindo, quando sente-se mal, apoia-se na mesa, com uma das mãos sobre o peito. Marcos se aproxima, a ajuda.
MARCOS (preocupado): - Mãe, está tudo bem?! ONIRA: - Me solta! me deixa em paz. MARCOS: - Mas você/ ONIRA: - Acabou de gritar comigo e agora tá todo bonzinho tentando me ajudar? Sai de perto! Depois a falsa sou eu... MARCOS; - Apesar dos pesares, você é minha mãe, poxa! Infelizmente é diferente de mim, mas não deixo de me preocupar com você. Senta aí e espera. Vou te levar pra clínica. ONIRA: - Não quero ir pra lugar nenhum! Vou pra casa. Lá pelo menos não tem ninguém gritando comigo, me acusando...
Onira vira-se para Marcos.
ONIRA: - Pena nós sermos diferentes mesmo. Tenho certeza que você seria muito mais feliz.
Onira sai. Marcos fica a observá-la, pensativo. Jonas e Plínio chegam.
JONAS: - Tudo bem, Marcos? PLÍNIO: - Não teve como não ouvir, até la em cima... MARCOS: - Ela nunca vai entender. Nunca...
Marcos se afasta. Jonas e Plínio se olham.
CENA 18. FLASH PAULISTA. REDAÇÃO. INT. DIA.
Beatriz sentada na cadeira, "viajando" em seus pensamentos, alisando a barriga. Mayra se aproxima.
MAYRA: - Beatriz, mandei pro seu e-mail minha matéria já editada, tá? Acho que ficou bacana. Mandei também algumas fotos que o Ari fez, deixei pra você escolher as melhores.
Beatriz nem presta atenção.
MAYRA: - Vácuo, que ótimo...
Mayra segue para a sala de Conrado, onde este conversa com alguns repórteres.
CONRADO: - Ô Juca! Aquela foto era importante pra matéria, cara! Não poderia perder!... Agora como vamos colocar que o Ronaldo acertou participar do quadro do Fantástico e foi comemorar na churrascaria? Não dá né?... Keyla, aquele escândalo da subprefeitura da zona leste, preciso de mais informações e fontes mais confiáveis. O porteiro do prédio não me parece ter credibilidade. (vê Mayra) É isso pessoal, bora trabalhar.
Os repórteres saem.
MAYRA: - É, vida de chefe não é fácil. CONRADO: - Não é mesmo. MAYRA: - Mandei para o seu e-mail a minha matéria já editada. Mandei pra Beatriz também, mas ela tá lá, totalmente avessa ao mundo real. CONRADO: - Vi sua matéria. Está melhor do que os jovens bem-sucedidos. Mais parecia um ensaio sensual pra revista adulta. MAYRA: - Exagerado! CONRADO: - E quanto a Beatriz, deixa ela... Está passando por um momento complicado... Aliás, quem não está, não é? MAYRA: - Eu não estou. Tomei um pé na bunda do Fabrício. CONRADO: - E não está triste, deprimida, acabada?! Que milagre é esse?! MAYRA: - O milagre é que na mesma noite, no mesmo local, eu conheci um homem de verdade! Bonito, rico, carinhoso, inteligente, interessante, tudo! CONRADO: - Tem mais sorte que juízo você, hein! Fabrício então é página virada? MAYRA: - Quem é Fabrício?! CONRADO: - Ninguém consegue apagar uma pessoa de uma hora para outra. MAYRA: - Eu consigo. Já nem sei mais com quem eu fui na boate... CONRADO: - Eu não consigo... Não consigo tirar a Isabela da cabeça. MAYRA: - Ela vai arrasar na Gold Man. CONRADO: - Espero que o Diogo não apronte nada!
CENA 19. REVISTA GOLD MAN. REDAÇÃO. INT. DIA.
Isabela trabalha em sua mesa, no meio da redação da Goldd Man, predominantemente masculina. Diogo se aproxima.
DIOGO: - Não se sente intimidada? ISABELA: - Eu? Nem um pouco. Muito pelo contrário. Acho até um pouco engraçado. Vocês homens se acham tão impressionantes às vezes, mesmo não tendo nada demais. DIOGO: - Nossa! Acabou com a gente agora. ISABELA: - Desculpa!... (risos) DIOGO: - Tudo bem... E aí, qual a pauta da primeira matéria? ISABELA: - Mulher no volante, atitude confiante. DIOGO: - Muito bem! Gostei. ISABELA: - Vou trazer as mulheres para o campo automotivo. Sabia que tem muita mulher que entende tão bem de carro quanto homem? Às vezes até mais!... Fiquei até com um pouco de vergonha, porque eu não sei nem trocar um pneu! (risos) DIOGO: - Vou te confessar uma coisa. (cochicha)Eu também não sei.
Os dois riem.
DIOGO: - Janta comigo? ISABELA: - Como? DIOGO: - Janta comigo. Hoje à noite. Te busco e te deixo em casa. Europa-Brasil. Faço a reserva agora mesmo. ISABELA: - Não sei não, Diogo. Não gosto de misturar o profissional com/ DIOGO: - Como amigos, Isabela!... Firmamos uma parceria bacana. Vamos comemorar isso. Que tal? ISABELA: - Tá certo. Apenas como amigos. DIOGO: - Ótimo. Vou fazer a reserva pra gente.
Diogo sorri, sedutor e sai. Isabela fica pensativa.
CENA 20. CASA LÍVIA. INT. DIA.
Lívia chega em casa, acompanhada por Rafael e Marilu, e surpreende-se ao ver Alexandre brincando com Pedro. Nestor também está presente.
LÍVIA: - O que está acontecendo aqui?!
Pedro corre e abraça Lívia fortemente, que também se emociona ao rever o filho.
ALEXANDRE: - Viu, filhão? Eu disse que a mamãe chegaria logo. LÍVIA: - O que você está fazendo aqui, Alexandre? Onde está a Rosa? ALEXANDRE: - Bom rever você também, Lívia. Como foram seus dias de férias? RAFAEL: - Mas é um cafajeste mesmo!
Marilu observa tudo, atenta.
ALEXANDRE: - Pelo o que eu vi, você é o novo alvo dela... Cuidado cara... Essa mulher é fogo na roupa. Literalmente. LÍVIA; - Já chega, Alexandre!... (procurando) Onde está a Rosa, que deixou você entrar aqui? ALEXANDRE: - A Rosa não está. Tá na casa dela agora. E enquanto eu estiver aqui, ela está proibida de entrar. LÍVIA: - Como é que é? Que bobagem é essa? Essa casa é minha! ALEXANDRE: - Era sua!... Nestor, por favor.
Nestor entrega o documento para Rafael. Lívia se aproxima. Marilu, disfarçadamente, vai para outro ponto da sala, observando a casa. Alexandre percebe, e também, discretamente, vai atrás dela.
LÍVIA: - O que é isso? RAFAEL: - Um espécie de autorização... Estranha por sinal. NESTOR: - Esse é um documento, autorizado pela justiça, que garante ao Alexandre a posse da casa e a guarda provisória do Pedro, enquanto a Lívia estiver envolvida com esses problemas na justiça. RAFAEL: - Isso é um absurdo! LÍVIA: - O senhor é quem hein? NESTOR: - Nestor Saraiva, advogado do Alexandre.
Enquanto Rafael, Lívia e Nestor conversam, Alexandre encontra Marilu.
ALEXANDRE: - Gostou da decoração? Eu achei meio brega. Lívia não tem bom gosto pra isso. MARILU: - Faço minhas as suas palavras... ALEXANDRE: - Seu nome, princesa? MARILU: - Não precisa jogar seu charme barato pra cima de mãe, meu caro. Já estou vacinada contra malandros como você... Me chamo Marilu. E você é o Alexandre. Pai do garotinho, é isso? ALEXANDRE: - Sim, sou eu... E você, cheia de marra hein... MARILU: - Acontece que eu cansei um pouco de papo furado de homem, sabe? Coisa de gente que não tem o que agregar pra mim... ALEXANDRE: - Espera eu colocar a mão na grana da Lívia pra você ver o que eu posso fazer. MARILU: - Senti firmeza... Acho que estamos falando a mesma língua. ALEXANDRE: - Estamos é? Pensei que fossem amigas. MARILU: - Amigas? Eu quero ver ela na lama, ou pior, sem nada, acabada. Nem a lama ela merece... Depois do que ela fez comigo, tirar o meu homem, a minha chance de me dar bem na vida, eu quero mesmo é que ela se exploda. ALEXANDRE: - Você era esposa do ricaço falecido? MARILU: - Esposa não. Mas estava com ele quando essa vadia loira apareceu. ALEXANDRE: - A Lívia é espera! Uma raposa! MARILU: - Vamos voltar pra sala. Não quero que desconfiem de nada. ALEXANDRE: - Marilu... Gostei de você. Acho que a gente pode se dar bem. MARILU: - Podemos? ALEXANDRE: - Me deixa teu número. Precisamos nos aliar pra derrubar a Lívia.
Marilu retira da bolsa um pedaço de papel com uma caneta, anota rapidamente o número e entrega para Alexandre. Quando ele pega o bilhete, segura a mão dela. Trocam olhares. Marilu se solta, sai. Alexandre ri, malicioso. Marilu volta pra sala. Rafael, Lívia e Nestor continuam a discutir.
RAFAEL: - Eu vou levar isso para o meu advogado. Ele vai tomar as medidas cabíveis. NESTOR: - Fique à vontade. É o seu direito. ALEXANDRE (entrando na sala): - Por tanto, depois desse seu showzinho, pode ir embora da minha casa. LÍVIA: - Essa casa é minha! MARILU: - Que pena, Lívia. Mas não se preocupe, as coisas vão melhorar. LÍVIA: - Eu não preciso da sua solidariedade, Marilu! Me poupe, por favor!
Marilu finge sentir-se chateada pelo tratamento recebido.
RAFAEL (cochicha p/ Lívia): - Calma, meu amor! Calma! LÍVIA: - Não eu quero essa mulher metida na minha vida, nos meus problemas! Ela não é boa pessoa! RAFAEL: - Ela veio para ajudar. LÍVIA: - Veio foi rir da minha desgraça...
Lívia caminha até Pedro, o abraça fortemente.
PEDRO: - Você vai ficar agora, não é, mãe? LÍVIA: - Filho, a mamãe/ ALEXANDRE (aproximando-se, afasta Pedro): - Não, meu filho. A mamãe vai embora. Não vai voltar aqui. PEDRO (triste): - Não vai? LÍVIA: - Pra que fazer isso com o menino, Alexandre?! ALEXANDRE: - Ele precisa ser forte... Nestor, leve o Pedro lá para o quarto. Não quero que ele veja a decadência da mãe. Nem banho você tomou, está cheirando a cela de prisão!
Nestor leva Pedro, que chora. Lívia tenta bater em Alexandre, mas Rafael a detém.
RAFAEL (segurando Lívia): - Se você fizer isso, pode se prejudicar, Lívia! Ele tem a guarda da criança, não esqueça! LÍVIA (furiosa): - Você não presta, Alexandre! ALEXANDRE: - Que feio, Lívia... Tentando resolver as coisas na violência. RAFAEL: - Vamos embora, Lívia... (a Alexandre) E você, aguarde. O mais rápido possível, seu circo vai acabar. ALEXANDRE: - Estarei sentado, esperando. RAFAEL: - Vamos, Marilu.
Rafael sai com Lívia.
MARILU: - Mas você é mais surpreendente do que eu pensei. ALEXANDRE: - Você ainda não viu nada.
Marilu sorri e vai embora. Alexandre se joga no sofá, com sorriso nos lábios. Nestor retorna.
NESTOR: - Você precisa tomar cuidado, Alexandre. Essa cara aí tem jeito de saber das coisas. ALEXANDRE: - Lívia só se mete com bobão, Nestor! Com exceção de mim, é claro... Esse daí, todo engomadinho, não é de nada... NESTOR: - Sei não... ALEXANDRE: - E o pirralho? NESTOR: - Tranquei no quarto como você tinha combinado comigo. Mas eu não concordo com essa atitude. O garoto não vai querer você nem como personagem de desenho animado! ALEXANDRE: - Depois ele cresce e esquece... Agora eu quero mesmo é relaxar... E essa mulher que veio junto aí... NESTOR: - O que tem ela? ALEXANDRE: - Vagaba de primeira. NESTOR: - Você mal falou com a moça! Não dá pra dizer isso/ ALEXANDRE: - Nestor... Eu tenho faro pra essas coisas... Essa tal de Marilu tem jeito de que é da coisa. Confesso que ela me deixou surpreso... Acho que vou me dar bem.
CENA 21. CASA LÍVIA. EXT. DIA.
Lívia e Rafael vão saindo. Marilu logo atrás
MARILU: - Lívia, o que você precisar, eu/ LÍVIA (seca): - Não se preocupe, Marilu. Se Deus quiser, eu não irei precisar de você.
Lívia segue em direção ao carro.
RAFAEL: - Lívia, espera!
Lívia segue, sem dar ouvidos.
RAFAEL: - Nervos à flor da pele... Também, lidar com um cara desses. Esse homem é um bandido. MARILU: - Eu fiquei horrorizada... Como ela pode se envolver com ele? E mais, ter um filho! RAFAEL: - A Lívia não merece passar por isso. MARILU: - Longe do filho, expulsa da própria casa. Ela vai pra onde agora? RAFAEL: - Vai para o meu apartamento, até as coisas melhorarem... Olha só, Marilu, desculpa pelo jeito dela, ela está nervosa e/ MARILU: - Não tem problema, Rafael. Eu sei que ela não gosta de mim por causa do seu pai, por causa da minha amizade com a Beatriz. Ela acha que sou uma ameaça. Eu só quero ser amiga. Estou aqui para ajudar apenas. RAFAEL: - Obrigado. Bom que entende. MARILU: - A Lívia já falou pra você sobre a gravidez da Beatriz? RAFAEL: - Não, nada. MARILU: - A Beatriz falou comigo hoje de manhã. Ela está se sentindo amedrontada. RAFAEL: - Mas por quê? MARILU: - Ela acha que a Lívia pode fazer alguma coisa. RAFAEL: - Beatriz está delirando já!... A Lívia não vai fazer mal a ninguém. Se você falar com ela, pode dizer isso. Eu garanto... Agora eu vou pra casa, levar a Lívia. MARILU: - Claro... Nos falamos.
Rafael entra no carro, onde Lívia chora muito. Eles vão embora. Marilu os observa, com olhar perverso.
MARILU: - Bem feito pra essa vagabunda!... Saiu da cadeia, mas vai continuar no inferno!
Marilu se aproxima do seu carro, olha a lataria, um pouco amassada.
MARILU: - Não posso continuar com esse carro assim. Lorena morreu, mas me deixou um prejuízo! Vaca.
Marilu entra no carro e sai. Logo em seguida, um outro carro sai atrás dela.
CENA 22. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER
Imagens de São Paulo ao anoitecer. Mostra as luzes da cidade, os prédios iluminados.
CENA 23. APTO BEATRIZ. INT. NOITE.
Beatriz conversa com Marilu.
BEATRIZ: - Eu não acredito que aconteceu tudo isso?! MARILU: - Cena de cinema. Eu fiquei com uma enorme vontade de rir da cara dela, mas não podia fazer isso... Mas no fundo, deu pena. Ninguém merece passar por uma situação assim, por mais, ordinária que a pessoa seja. BEATRIZ: - A Lívia merece, Marilu! Ela roubou meu noivo! E o pior, ainda vai ficar morando na casa dele agora. MARILU: - Mas isso por enquanto, amiga. Dá um tempinho e você vai colocar ela no seu devido lugar. Ainda hoje, você vai marcar o encontro com a Lívia. Aqui. Pra amanhã já! BEATRIZ: - Amanhã?! MARILU: - Claro! Não dá perder tempo! A maré de azar da Lívia está lá nas alturas e você vai ser a responsável por eliminar de vez ela do seu, do meu, do nosso caminho!... Eu duvido que ela continue com o Rafael, depois de ouvir tudo o que você tem a dizer. A Lívia é sem vergonha, mas não é boba. E outra, ela é mãe também. Com certeza ela vai perceber que o melhor para o Rafael é ficar do seu lado, Beatriz, com a família que vocês vão formar. BEATRIZ; - Será? Estou um pouco nervosa. MARILU: - Não há o que temer, amiga... Tudo vai dar certo. E outra, Rafael está desconfiado dela. BEATRIZ: - Está? Mas por quê? MARILU: - Eu ia falar pra você antes. Mas agora, você não pode contar pra ninguém! BEATRIZ: - Vou guardar segredo, lógico! Agora fala, Marilu! MARILU: - Eu falei pro Rafael que a Lívia já sabia da sua gravidez, mas que escondeu dele pra ele não se importar com você. Ou seja, já plantei uma sementinha pra te ajudar. BEATRIZ: - Isso é ótimo! O Rafael odeia mentiras! MARILU: - Então... Já temos um bom caminho percorrido. Agora só depende de você. Marque com ela, mas peça pra manter segredo. Rafael não pode saber, nem estar presente. Ninguém pode saber! Tem que ser uma conversa definitiva entre vocês duas. Mas não se preocupe, amanhã, se você quiser, eu posso estar aqui pra te ajudar... BEATRIZ; - Claro que eu quero! Se não é você a me dar coragem, Marilu, não sei se faria isso. Meu coração bate forte cada vez que penso que estou perto de ter o Rafael comigo, com nossa família, como eu sempre imaginei. MARILU: - Só estou fazendo isso porque sou sua amiga e sei que o melhor pra você e para o seu filho é estar do lado do Rafael.
As duas se abraçam. Beatriz feliz. Marilu com olhar tenso. Se afastam. Marilu sorri.
MARILU: - Agora eu preciso ir, pegar o ônibus e/ BEATRIZ: - Ônibus?! E o seu carro? MARILU: - Andei batendo, deu uma pequena amassadinha. Mas fica feio né? Deixe numa oficina e vim pra cá. Vou ficar sem meu carrinho por uns dias. Faz parte né? Quem mandou ser barbeira?! (risos)
Marilu se despede de Beatriz e sai. Beatriz fica pensativa, um tanto ansiosa.
BEATRIZ: - É amanhã...
CENA 24. MANSÃO TARCÍSIO. INT. NOITE.
Jantar na mansão de Tarcísio. Beth recebe Charlote e Demétrio.
ELIZABETH: - Que bom que vieram! CHARLOTE: - Confesso que estava sentindo falta desses nossos encontros, Beth!... Minha vida social está tão parada! DEMÉTRIO; - Trouxe vinho do Porto! ELIZABETH: - Ótimo, Demétrio! Obrigada! Entrem!
Charlote e Demétrio seguem para a sala de estar, acompanhados por Beth, onde Eduardo os aguarda.
CHARLOTE: - Como vai, Eduardo? Tudo bem? EDUARDO: - Melhor agora na presença de vocês!
Eles se cumprimentam. Demétrio entrega o vinho. Eduardo leva para a cozinha.
CHARLOTE: - E sua mãe, Beth? ELIZABETH: - Já deve estar descendo, Charlote. Sabe como é dona Agda, sempre impecável nas recepções. AGDA (descendo as escadas): - E sou mesmo. Não faço nada no mínimo. Tudo precisa ser bem feito. DEMÉTRIO: - Coisas da alta sociedade... AGDA: - Que conhecemos e nos adaptamos muito bem, não é? (risos) Como vão? CHARLOTE: - Ótimos! Felizes em rever vocês!
Eduardo retorna.
EDUARDO: - Vinho do Porto, combina com o cardápio de hoje? AGDA: - Claro. CHARLOTE: - Qual o prato? AGDA: - Bacalhau na casaca. CHARLOTE: - Já me deu água na boca! (risos) DEMÉTRIO: - E as crianças, Beth? Como estão? CHARLOTE: - Crianças (risos). Demétrio esquece que os filhos crescem! ELIZABETH: - Mas convenhamos, para nós, serão sempre crianças... A Vitória está bem, daqui a pouco está por aí. E o Rafael... Cada vez mais me surpreendendo. CHARLOTE: - Por quê? ELIZABETH: - Está de caso com a Lívia. CHARLOTE: - A Lívia?! Mas essa mulher não era a/ AGDA: - Amante do Tarcísio! EDUARDO: - Ela alega que não eram amantes. Que quando estavam juntos, ele já não estava mais casado com a Beth. ELIZABETH: - E quem acreditaria nessa mentira? DEMÉTRIO: - Pelo visto, o Rafael acreditou... AGDA: - Vejo que ele está seguindo o mesmo rumo do pai... Aventuras e mais aventuras. ELIZABETH: - Vejo que nós poderíamos mudar de assunto, não? Nosso jantar é para ser alegre e não para tratar de assuntos como esse. CHARLOTE: - Concordo querida. E já que estamos falando de alegria, nem contei a novidade pra vocês! AGDA: - Que novidade? CHARLOTE: - Vou ser vovó! A Isabela está grávida! AGDA: - Mas que notícia ótima! ELIZABETH: - Charlote, que maravilha! Parabéns! CHARLOTE: - Obrigada!... Estamos tão felizes! AGDA: - Posso imaginar. Netos são sempre bem-vindos e trazem alegria pra vida da gente. Quando crianças, porque depois de adultos podem nos decepcionar e feio. Mas você vai gostar. No fundo, os amamos incondicionalmente.
A campainha toca. Nice entra na sala. Eduardo a fita. Nice abre a porta. É Inês e Alfredo.
INÊS: - Boa noite, Nice! NICE: - Dona Inês, seu Alfredo. bom rever vocês. ALFREDO: - Como vai Nice? NICE: - Tudo bem. Entrem. Estão aguardando vocês na sala de estar.
Alfredo e Inês chegam. Elizabeth vai recepcioná-los, abraçando Inês. Enquanto Nice vai voltando, é abordada por Charlote. Eduardo observa tudo, atento.
CHARLOTE: - Nice, pode guardar minha bolsa, por favor? DEMÉTRIO; - E o meu relógio, por favor. Acho que apertei demais no pulso, vou tirar um pouco. CHARLOTE: - Coloca na minha bolsa, querido.
Demétrio coloca o relógio na bolsa de Charlote, que entrega para Nice.
NICE (simpática): - Pode deixar que eu vou guardar direitinho.
Nice sai. Elizabeth leva Alfredo e Inês para junto do grupo. Eduardo sorri.
ELIZABETH: - Que bom que vieram! INÊS: - Não poderíamos deixar de vir. ALFREDO: - Espero não termos chegado um pouco tarde... ELIZABETH: - Que nada. Estamos batendo um papo aqui na sala. Daqui a pouco a Nice serve o jantar.
Alfredo e Inês cumprimentam Demétrio, Charlote e Agda. Inês se aproxima de Eduardo.
INÊS: - Como vai, Eduardo? EDUARDO: - Eu? Estou ótimo. Cada vez melhor, minha irmã. E você, como anda essa vida feliz e invejável? INÊS: - Muito bem também. E sempre cuidando para que os invejosos não estraguem minha felicidade. CHARLOTE: - Inês, permita-me te elogiar. Que lindo seu vestido! INÊS: - Obrigada, Charlote. E o pior é que não tem nada demais... Comprei numa boutique, na nossa última viagem para Madri. DEMÉTRIO: - E então, Alfredo? Como anda meu filho lá no escritório? ALFREDO: - Demétrio, o Breno está cada vez melhor, sabia? Ele leva jeito para a advocacia. EDUARDO: - Precisamos mesmo de bons advogados nesse país. Nossa safra anda tão fraca. Não acha, Alfredo? ALFREDO: - Estamos fracos de advogados, médicos, políticos... Mas principalmente, de pessoas de caráter, Eduardo. Infelizmente...
Eduardo ri, cínico. As mulheres conversam, animadas. Eduardo levanta-se, vai para a cozinha.
CENA 25. MANSÃO TARCÍSIO. COZINHA. INT. NOITE.
Nice está em volta às panelas, mexendo, cuidando do jantar. Eduardo se aproxima.
EDUARDO: - Não sabia que você conhecia a culinária norueguesa. NICE: - Eu sei fazer muitos pratos, não apenas de lá. Dona Agda me ensinou muito. EDUARDO: - Bom saber... Mas deve ter demorado um pouco, né? Você me parece tão, paradinha... Uma topeira mesmo. Agda deve ter tido uma paciência do tamanho do Pacaembu! NICE: - Não, não demorei. Aprendo fácil. EDUARDO (malicioso): - E sabe obedecer direitinho também? NICE (encara Eduardo): - Por favor, doutor Eduardo! Pare com isso! EDUARDO: - Ficou valente, é Nice?... NICE: - Eu sei bem aonde o senhor que chegar. Não pense que vai me ganhar para que eu fique quieta e não diga nada sobre o que vi no escritório aquela noite! Se o senhor continuar com essas ameaças, essa pressão, eu vou falar tudo para a dona Beth! EDUARDO: - E você acha que ela vai acreditar em quem? Na empregada ou no futuro marido? Acorda, sua pobre coitada! Você vai fazer o que eu quiser e pronto!
Nesse instante, Moisés entra na cozinha.
MOISÉS: - A Nice vai fazer o quê, doutor Eduardo?
Eduardo muda a expressão.
EDUARDO: - A sobremesa, uma nova sobremesa. Acho que apenas frutas secas não fica legal depois desse banquete todo. Um mousse de maracujá tá bom. Rapidinho fica pronto, não é Nice? NICE: - Claro... EDUARDO: - Eu vou voltar lá pra sala. E por favor, Nice, não demore com o jantar. Estamos todos esperando.
Eduardo sai. Moisés se aproxima de Nice.
MOISÉS: - O que estava acontecendo aqui, Nice? NICE: - Eu não sei se vou conseguir suportar isso, Moisés. Não tenho sangue de barata. No início, tive medo. Mas agora, estou com raiva! MOISÉS: - Calma! Calma!... Ele é namorado da dona Beth, não dá pra bater de frente assim! NICE: - Eu sei. Mas ele não vai se dar bem desse jeito. Não vai.
CENA 26. APTO HENRI. INT. NOITE.
Henri se arruma para sair.
SARAH: - Todo bonitão!... Vai aonde? Show na boate de novo? HENRI: - Não, vou pra lá não. SARAH: - Então achou uma pessoa especial? sabia que isso um dia ia acontecer! Torci muito sabia? Mas olha só, se vai trazer pra cá, procura não fazer muito barulho, porque eu tenho tido o sono muito leve e/ HENRI: - Sarah, para de falar bobagem! Não tem ninguém na parada não. SARAH: - Ai, to curiosa pra saber onde você vai! HENRI: - Quer saber? Então tá, vou dizer. Vou falar com o Conrado. SARAH (surpresa): - Vai o quê?! Tá louco? HENRI: - Não. Estou muito certo. SARAH: - Henri, brincadeira tem hora, meu querido! HENRI: - Não estou brincando. Eu vou lá falar pra ele, dizer toda a verdade. SARAH: - Nem ouse fazer isso! Senão/ HENRI: - Senão o quê? O que você vai fazer?! Não pode fazer nada!... Eu estou cansado de tentar te ajudar e você apenas me desprezar. Está querendo dar um golpe num cara super do bem. Isso é coisa que se faça? SARAH: - E você quer que eu faça o quê, Henri? Chegue lá pra ele, diga toda a verdade e venha viver feliz aqui com você, cuidando dessa criança sem saber se amanhã vou poder comer no restaurante chique, vou poder fazer minhas compras, usar o cartão de crédito! É a chance que eu tenho de ter aquilo que eu nunca tive! HENRI: - E você acha que eu não posso te dar tudo isso? SARAH: - Henri, você mal consegue cuidar de você!... Olha aqui esse apartamento, esse lugar... Não há a mínima condição de eu morar aqui com meu filho. HENRI: - Não tem problema. Pode arrumar suas coisas e ir para outro lugar. SARAH: - O quê? HENRI: - Já que eu não estou sendo bom o suficiente com você, nada mais justo do que você ir atrás daquilo que quer. Eu não vou mais me meter nessa história nem sustentar essa mentira com você, Sarah. Pegas suas coisas e sai do meu apartamento. Agora. SARAH: - Mas Henri, eu vou pra onde?! HENRI: - Fala com o pai do seu filho. Ele não é o todo poderoso, o bam bam bam?! Então, com certeza ele vai te ajudar. Vai que ele te dê agora o apartamento que você sempre quis! Higienópolis, Jardins, Itaim Bibi... Força na peruca, amiga. SARAH: - Isso não se faz, Henri! Eu sou sua amiga! E estou grávida! HENRI: - Infelizmente o que eu pude e tentei fazer por você, eu fiz. Agora não posso mais. Como você mesma disse, eu não tenho condições. SARAH: - Não disse isso! eu só/ HENRI (irônico): - E eu também não sou o pai da criança... Uma pena...
Sarah fica completamente atordoada.
HENRI: - Eu vou dar uma volta, passar num barzinho. Quando eu voltar, não quero ver você aqui não, tá?
Henri vai saindo, chateado. Volta.
HENRI: - Ah, só mais uma coisa. Não precisa aparecer na Age Aquárious não, tá? As portas estarão fechadas pra você. Por tempo indeterminado.
Henri sai. Sarah fica chateada.
CENA 27. CASA LÍVIA. EXT. NOITE.
Jonas toca a campainha na casa de Lívia. Segura um buquê de flores. Ele se surpreende ao ver Alexandre abrir a porta.
JONAS: - Alexandre?! ALEXANDRE (rindo): - Flores pra mim?! Nossa,que romântico! Ninguém nunca me deu flores! JONAS: - O que você está fazendo aqui? Eu quero falar com a Lívia! ALEXANDRE: - Duas coisas. Primeiro, o que eu estou fazendo aqui? Estou moro. Esta casa é minha agora. JONAS: - Como é? ALEXANDRE: - Segunda coisa. A Lívia ta morando na casado engomadinho. JONAS: - Mas que história absurda é essa?! ALEXANDRE: - Olha só queridinho, se você não quer acreditar, não acredita. Agora, só não me deixa perder o programa de esportes na TV a cabo, ta bom? (arranca as flores da mão de Jonas) E obrigado pelas flores.
Alexandre bate a porta na cara de Jonas, que fica perplexo.
JONAS: - O Alexandre morando aqui. A Lívia morando com o Rafael... O que está acontecendo?
CENA 28. PRÉDIO MARILU. EXT. NOITE.
Marilu vai chegando no seu prédio, quando é abordada por Romão.
ROMÃO: - Pensei que não voltava pra casa hoje! MARILU; - Ai que susto!... O que foi? Tá me vigiando agora é? ROMÃO: - Eu estou na tua cola... Não é pra vacilar na minha não, mano! MARILU; - Aqui, Romão, vai ver se estou na esquina! E não essa de dormir aqui hoje de novo! Minha casa não é albergue.
Romão segura forte o braço de Marilu. Ela o encara. Do outro lado da rua, o mesmo carro que saiu atrás dela da casa de Lívia, está parado. O vidro baixa um pouco. CAM foca Jorge, que com uma câmera digital registra tudo.
MARILU: - O que foi, Romão?! O que é que ta faltando pra você me deixar em paz, cara? ROMÃO: - A minha grana, pombas! Eu não tenho nada a perder! O tempo de vocês ta acabando! MARILU (apreensiva): - Me solta. Vamos conversar direitinho. ROMÃO (firme): - ta me achando com cara de palhaço, Marilu? Tu me conhece!... Não sou de poupar ninguém! Nem mesmo quem deitou comigo. Já dei fim em algumas vadias que tentaram me passar pra trás. Tu não vai ser a única. MARILU: - Calma, Romão! Vamos conversar numa boa, ta me machucando...
Romão solta Marilu, que se recompõe.
MARILU: - Hoje mesmo eu vou ligar pro Paulo e pedir pra ele pegar o dinheiro. Amanhã você vai ter sua grana e vai embora daqui. ROMÃO: - Tu não ta/ MARILU: - Eu to falando sério!... Confia. Amanhã mesmo tu tem a grana que falta e some daqui. ROMÃO: - Amanhã!... Nem mais um dia! MARILU: - Agora me deixa. Vai, vai, vai!
Romão se afasta. Marilu entra apressada no prédio. Romão segue peã rua. Jorge observa toda movimentação atento.
JORGE: - Esse rosto não me é estranho.
CAM mostra Jorge vendo as fotos na câmera, focando no rosto de Romão.
CENA 29. MANSÃO TARCÍSIO. SALA DE ESTAR / SALA DE JANTAR / COZINHA. INT. NOITE.
Todos conversam animados na sala de estar. Eduardo, quieto, observa Nice organizar a mesa na sala de jantar. Ele se levanta, passa pela sala de jantar e pega um guardanapo da mesa. Nice nem percebe.
Eduardo vai até o local onde Nice guardou a bolsa de Charlote. Ele pega o relógio de Demétrio e mais umas notas de dinheiro. Ele enrola os pertences no guardanapo e vai até a cozinha.
Na cozinha, Eduardo coloca o guardanapo no bolso de um avental. Nice chega na cozinha e Eduardo vai até a geladeira, serve-se de suco. Nice não se intimida com a presença de Eduardo.
EDUARDO: - Já está pronto o jantar? NICE: - Quase. EDUARDO (aproximando-se): - Deixa eu ver se/
Propositalmente, Eduardo vira o suco no uniforme de Nice.
EDUARDO: - Nice, desculpa! NICE: - Você fez de propósito! EDUARDO: - Não, longe de mim!... Se fosse propositalmente eu jogaria o suco na sua cara!... Anda logo, limpa essa sujeira e troca o avental. Estaremos esperando na sala de jantar. Vou pedir para todos irem pra lá.
Eduardo sai. Nice começa a limpar o suco caído no chão e após, troca o avental, colocando o avental onde estão os pertences de Charlote e Demétrio. Nice nem percebe a pequena saliência e o peso no bolso do avental, pois está preocupada em não estragar o jantar.
NICE: - Esse cara é louco! Não posso estragar o jantar da dona Beth. Ela e a dona Agda me matam!
Eduardo, retorna à sala de estar.
EDUARDO: - Gente, vamos passando para a sala de jantar. A Nice garantiu que dentro de instantes, estará tudo pronto. ELIZABETH: - Fez bem querido em nos chamar. O papo está tão bom que perdemos até a fome! DEMÉTRIO: - Diga por você, Beth! O papo ta bom sim, mas minha fome cresce a cada palavra que eu falo!
Todos riem, enquanto se dirigem à sala de jantar. Eduardo com sorriso sarcástico.
CENA 30. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.
Diogo e Isabela sentados à mesa. O Europa-Brasil está com bom movimento. Os dois conversam animados. De repente, Conrado chega no local, falando ao telefone.
CONRADO (ao telefone): - Eu sei Mayra, mas eu preciso ficar sozinho um pouco, sabe? Não quero festa não... (T) É, eu quero aliviar um pouco a cabeça. (T) Estou no Europa-Brasil. Nada melhor do que aliviar a cabeça comendo coisa fina, e boa!
Conrado avista Diogo e Isabela. Fica atônito.
CONRADO (ao telefone): - Mayra, eu vou ter que desligar agora! Você não sabe quem eu acabo de encontrar aqui! (T) Isabela e o gavião do Diogo! Mas é muita coincidência!... (T) A gente se fala, tchau! (desliga o telefone)
Conrado vai se dirigindo até a mesa, onde Diogo e Isabela conversam.
DIOGO: - E eu gosto desse restaurante porque, pra mim, ele é o melhor da cidade. Pratos da Europa incríveis e tem o tempero brasileiro... É inexplicável. Dá água na boca só de falar. ISABELA: - Vim aqui poucas vezes. Mas adoro também. E tem esse ambiente acolhedor, aconchegante. DIOGO: - Ótimo para um jantar à dois. CONRADO: - Ou a três. Eu curto. DIOGO (surpreso): - Conrado?! ISABELA (surpresa): - O que você está fazendo aqui? CONRADO: - Quer dizer que vocês saem para jantar e esquecem de convidar o amigo aqui? Isso não se faz! ISABELA: - Conrado, por favor! CONRADO: - Não me diga que atrapalhei alguma coisa? DIOGO: - Na verdade, você/ CONRADO: - Que ótimo, se não atrapalhei, então posso ficar! (puxa uma cadeira da outra mesa, senta-se junto à mesa) E então, já pediram?
Isabela e Diogo se entreolham, enquanto Conrado se mostra totalmente satisfeito em atrapalhar o jantar.
CENA 31. PENSÃO BEM QUERER. EXT. NOITE.
Fausto deixa Carla em frente a pensão. Eles conversam dentro do carro.
CARLA: - Obrigada pelo almoço, pelos passeios no parque, nos museus, nas galerias, pelo café, pelo shopping! (mostra a sacola de compras) FAUSTO: - Eu é que agradeço a sua companhia. CARLA: - Você é um cara muito legal, Fausto. FAUSTO: - E você é uma mulher muito linda, Carla.
Fausto a beija.
CARLA: - A gente se fala então. FAUSTO: - E pode se preparar para a nossa viagem. Vai ser ótima, você vai ver. CARLA: - Pode ter certeza que sim.
Carla sai do carro. Acena para Fausto, que vai embora. Carla vai entrando na pensão, quando Jonas chega em seguida.
JONAS: - Carla! CARLA: - Oi Jonas! Chegando agora também... JONAS: - Você sabia que a Lívia saiu da cadeia? CARLA: - A Lívia? Quando?! JONAS: - Hoje mesmo. A Rosa me ligou avisando. Mas quando eu fui lá falar com a Lívia, na casa dela, encontrei o Alexandre. Muito à vontade por sinal. E ele me disse que a Lívia estava morando na casa do Rafael. Pensei que você soubesse de alguma coisa. CARLA: - Nossa Jonas, eu não sei de nada! Passei o tempo todo fora. Eu ia mesmo ligar para o Rafael quando chegasse em casa para saber notícias... JONAS: - Mas eu tô sentindo que tem alguma coisa errada. O Alexandre morando naquela casa. CARLA: - Pode ter certeza que aí tem coisa mesmo. Pobre da Lívia. Agora ta tarde, mas eu vou ligar pra ela amanhã de manhã, talvez eu até dê uma passada na empresa pra ver como ela está. JONAS: - Eu vou ter uma reunião importante no trabalho. Mas queria ver a Lívia... Bom, amanhã a gente vê como faz. Vamos entrar? CARLA: - Vamos sim. Pelo barulho, ainda estão na mesa do jantar. (risos)
Os dois entram na pensão.
CENA 32. APTO RAFAEL. INT. NOITE.
Lívia conversa com Rafael.
LÍVIA: - Não me conformo em ter que deixar o meu filho nas mãos daquele safado! RAFAEL: - Por pouco tempo. Tenho certeza que o Alfredo vai conseguir provar que aquele documento não existe é falso. LÍVIA: - O Alexandre me surpreende a cada dia... Mas falsa mesmo é a Marilu! Querendo dar uma de amiga! RAFAEL: - Ela não me pareceu falsa, sabia? LÍVIA: - Aquela mulher, me odeia Rafael! Ela acha que eu roubei seu pai dela, acredita? Mas eu não fiz nada!... Até hoje eu não entendo porque você colocou ela na empresa! RAFAEL: - Foi um pedido do meu pai. Paulo mesmo confirmou. LÍVIA: - Eu não sei... Desconfio dessa história. RAFAEL: - Eu também estou desconfiando de algumas coisas... LÍVIA: - De quê? RAFAEL: - Por que você agiu de forma grosseira com a Beatriz, quando descobriu que ela estava esperando um filho meu? LÍVIA: - Como é que é?!
Lívia se espanta com o questionamento de Rafael. Encerra com Pra Rua Me Levar – Ana Carolina |
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Talismã - Capítulo 32
Novela de Édy Dutra
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