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Relações Perigosas - Capítulo 11

Novela de Felipe Porto
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  NO CAPÍTULO ANTERIOR DE "RELAÇÕES PERIGOSAS":

Marcelo
— O Dr. Coimbra é seu pai?

Milena — Sim. Eduardo Coimbra... Meu pai.

Marcelo — Meu Deus. Eu tava começando a achar que essa pessoa nem existia.

Milena — Eu fiquei muito surpresa quando o Leandro me falou que você tava procurando por ele.

Marcelo — Parece que o seu pai frequentava aqui na época que o meu pai sumiu comigo. A Luísa, mãe da Clara, talvez também pudesse me ajudar, mas como ela tá internada, pensei que encontrar esse Dr. Coimbra seria uma alternativa. (Tom) Será que teria como eu falar com ele?

Milena — Impossível. Ele morreu há mais de 20 anos.

...

Gregório — Eu não esperava a sua visita aqui. Aconteceu alguma coisa?

Marcelo — Aconteceu que o senhor mentiu pra mim.

Gregório — (Finge não entender) Como assim, Marcelo?

Marcelo — Você disse que não conhecia nenhum Dr. Coimbra, quando na verdade ele era amigo do seu irmão.

Gregório — Espera, Marcelo. As coisas não são bem assim.

Marcelo — Então é o que? O que o senhor tá me escondendo?

Gregório — Escondendo? O que eu estaria escondendo de você, Marcelo?

Marcelo — Além de que você conhecia o Coimbra?

Gregório — Marcelo. O Coimbra passou pela minha vida há mais de 20 anos.

Marcelo — Então você conheceu ele?

Gregório — Agora que você ta falando mais sobre ele eu to me lembrando.

Marcelo — Eu acho engraçado que você não se lembre dele.

Gregório — Você tá dizendo que eu to mentindo pra você?

Marcelo — Mentindo acho que seja uma palavra muito forte... Talvez esteja omitindo.

Gregório — Eu não to omitindo nada, Marcelo. O Coimbra era amigo do seu pai e da sua mãe. A minha relação com ele era só profissional.


...
 

Bernardo — Sabe quem era no telefone?

Heloísa — Quem?

Bernardo — O nosso pai. Ele tá vindo pro funeral da “Helô”.

Heloísa — (Desesperada) Ele não pode fazer isso!

Bernardo — (Calmo) Eu sei. Se ele aparecer aqui, a sua farsa acaba rapinho.

Heloísa — Eu preciso fazer alguma coisa pra impedir que ele venha.

Bernardo — Então se agiliza porque é bem provável que ele pegue o próximo voo pro Rio de Janeiro.

Heloísa — (Nervosa) Não! Ele não pode! Bernardo, o que eu faço?

Bernardo — (Calmo) Não sei... Se vira.

Música: Eu sou egoísta – Pitty.

Bernardo vai para o seu quarto. Heloísa fica ali, muito nervosa.

 
     
 
     
     
     

CAPÍTULO 11
 
     
 

CENA 01. AP DE LUÍSA. SALA. Interior. Dia.

Continuação da última cena do capítulo anterior.

Heloísa sozinha na sala.

Heloísa — (Grita) Se vira o cacete! Bernardo! Não esquece que se descobrirem o que eu to fazendo, o dinheiro que tá indo pro seu bolso também vai desaparecer! Bernardo! Droga.

Heloísa pega o celular.

Heloísa — Eu preciso dar um jeito nisso o quanto antes.

Heloísa leva o celular até o ouvido. Tempo.

Heloísa — (Cel) Alô, pai? Sou eu: Clara. A gente precisa conversar. (Pausa) Pai! Me escuta! Não adianta nada você vir pra cá! As chances de encontrar a Helô viva são praticamente nulas. (Pausa) Eu sei que você quer vir, mas se desabalar até aqui vai ser inútil. Se pelo menos o corpo dela tivesse sido encontrado, mas não. Vai ser um desgaste e um sofrimento em vão. (Pausa) Isso, se a gente encontrar o corpo da Helô, aí sim você vem. (Pausa) Tá bem, eu te mantenho informado, beijos.

Heloísa desliga o celular e respira aliviada.

CENA 02. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Noite/dia.

Música: Baby, I’m yours – Breakbot.

Stock-shot do Rio de Janeiro. Transição da noite para o dia seguinte.

Música: [Fade out].

CENA 03. praia. ambiente. Exterior. Dia.

Marcelo, Heloísa, Leandro, Milena, Gregório, Tarsila, Otávio, Giovanna e mais um padre na beira da praia. Alguns deles com flores nas mãos. Giovanna cochicha para Otávio.

Padre — Estamos aqui reunidos para homenagear nossa querida Heloísa...

O Padre segue falando.

Giovanna — (Baixo) Não sei por que eu vim nesse funeral sem defunto. Eu nem conhecia a morta.

Otávio — (Baixo) Politicagem, Giovanna. Você sabe que a gente precisa fazer isso pra se manter no topo.

Padre — (Continua) Uma mulher que partiu em terna idade...

O padre segue falando. Marcelo fala com Heloísa.

Marcelo — (Baixo) Clarinha. Cadê o Bernardo?

Heloísa — (Baixo) Não quis vir. Coitado... Ficou muito mexido com a morte da Helô.

Marcelo — (Baixo) Eu entendo ele. E a sua mãe?

Heloísa — (Baixo) A gente não falou nada pra ela, até porque ia ser outro choque desnecessário.

Padre — Uma jovem que trouxe muitos sorrisos para quem viveu ao seu lado e agora estará ao lado de Deus.

O padre segue falando. Leandro fala com Milena.

Leandro — (Ri/Baixo) Esse padre deve tá zuando com a nossa cara. A Heloísa ao lado de Deus? Essa fez pacto com o capeta antes mesmo de morte.

Milena dá um cutucão em Leandro.

Milena — (Baixo) Respeita a morta, Leandro.

Padre — Deus não nos permitiu um funeral de corpo presente, mas temos certeza que ele lhe acolherá no paraíso.

Heloísa joga algumas flores no mar. Milena e Tarsila repetem o mesmo gesto.

Corte descontínuo: Todos um pouco mais afastados da beira do mar. Gregório e Tarsila se aproximam de Marcelo. Ao fundo, Heloísa se despede do Padre.

Marcelo — Que bom que vocês vieram.

Gregório — Imagina se a gente não ia vir. Vocês são parte da nossa família.

Tarsila — E do que você precisar, pode contar com a gente. (Tom) Cadê a Clara?

Marcelo — Tá ali atrás conversando com o padre.

Tarsila — Vou falar com ela. (Pra Gregório) Vamos Gregório?

Gregório concorda e segue com Tarsila até Heloísa. Milena se aproxima de Marcelo.

Milena — Meus sentimentos.

Marcelo — Obrigado.

Milena — Falou com o Gregório sobre o meu pai?

Marcelo — Falei.

Milena — E aí?

Marcelo — E aí que ele disse que fazia muito tempo, que não se lembrava do Dr. Coimbra.

Milena — E você acreditou?

Marcelo — Não sei. Fiquei um pouco com o pé atrás. Acho sim que ele tá me escondendo alguma coisa. Você poderia buscar mais informações sobre o seu pai e me passar. Quem sabe assim a gente não descobre mais alguma coisa.

Milena — Vou fazer isso sim. Pode deixar.

Leandro se aproxima dos dois.

Leandro — Primo...

Marcelo cumprimenta mexendo a cabeça.

Leandro — Conversando sobre o que?

Milena — Nada de mais.

Tarsila e Gregório se aproximam dos três.

Gregório — A gente já vai indo, Marcelo.

Marcelo — Mais uma vez, obrigado por terem vindo.

Gregório — (Pra Milena e Leandro) Vocês vão ficar?

Leandro — Não. A gente já vai, né Milena?

Milena concorda. Todos se despedem de Marcelo e vão caminhando em direção ao calçadão. Ao fundo, vemos Otávio e Giovanna se aproximarem de Marcelo.

Tarsila — (Pra Milena) Você sumiu. Foi só vocês começarem a noivar que você nunca mais apareceu lá em casa.

Milena — Desculpa Tarsila. Prometo que vou fazer uma visita pra vocês.

Tarsila — E a festa de noivado? Já decidiram quando vai ser?

Milena — Eu e o Leandro ainda estamos vendo, mas vai ser logo.

Todos ficam em silêncio por um tempo.

Tarsila — (Pra Milena) Você é tão diferente da sua mãe.

Milena — (Ri) Graças a Deus.

Voltamos para Marcelo, Otávio e Giovanna conversando. Heloísa se aproxima deles.

Marcelo — (Pra Heloísa) Cê tá bem?

Heloísa — To sim. Agora é seguir adiante.

Otávio — Você tá certíssima, Clara.

Heloísa — É o senhor que tá ajudando o Marcelo com os papéis do casamento, não é?

Otávio — Sou eu sim. Você precisa de alguma coisa?

Heloísa — Preciso que você agilize as coisa. Eu não quero mais esperar por esse casamento.

Otávio — Pra quando vocês querem?

Heloísa — O quanto antes. Não dizem que depois da tempestade vem a calmaria? Então: chegou a hora dela acontecer.

Heloísa sorri para Marcelo. Ele retribui com outro sorriso e os dois se beijam.

CENA 04. clinica de repouso. sala de regina. Interior. Dia.

Bernardo conversa com a Dra. Regina.

Bernardo — Como ela tá, Dra. Regina?

Regina — Passou um tempo agitada, mas agora ela tá mais calma.

Bernardo — Vocês tão dopando ela?

Regina — Aqui nós não dopamos ninguém, senhor Bernardo. Nós fornecemos os medicamentos necessários para que nossos pacientes se recuperem.

Bernardo — Que seja. Eu queria falar com ela. Tem como?

Regina — É claro. Eu acompanho o senhor até o quarto da sua mãe.

CENA 05. clinica de repouso. quarto de luísa. Interior. Dia.

Luísa quieta olhando para a janela. Tempo e Regina entra com Bernardo.

Regina — Fiquem à vontade.

Regina sai. Bernardo se aproxima de Luísa.

Bernardo — Mãe... Tá tudo bem com a senhora?

Luísa olha para Bernardo e sorri.

Luísa — Encontraram a Helô?

Bernardo respira fundo e toma coragem.

Bernardo — Não. Ainda não encontraram a Helô. E você não pensa nisso. Você precisa relaxar a sua cabeça pra poder sair daqui o quanto antes.

Luísa — Eu te juro, Bernardo. Eu vi a Heloísa depois do acidente. Era a alma dela querendo me cobrar pela péssima mãe que eu fui pra ela.

Bernardo pega na mão de Luísa.

Bernardo — Você não é uma péssima mãe... (Baixo) Talvez nós que tenhamos sido péssimos filhos.

Em Bernardo penalizado.

CENA 06. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Noite/Dia.

Música: I’m happy just to dance with you – The Beatles.

Stock-shot do Rio de Janeiro, indicando passagem de tempo.

Legenda: Semanas depois...

Música: I’m happy just to dance with you – The Beatles. [Fade out]

CENA 07. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Festa de casamento de Heloísa e Marcelo acontecendo. Abre nos noivos cortando o bolo. Dentre os convidados estão: Milena, Leandro, Gregório, Tarsila, Otávio, Giovanna, Bernardo, Rudá, Karina, Samuel e mais algumas outras pessoas.

Corte descontínuo: Os convidados cumprimentam os noivos. Chega a vez de Bernardo e cumprimenta Marcelo.

Bernardo — Parabéns Marcelo. Espero que vocês sejam felizes.

Marcelo — Vou ser muito, Bernardo.

Bernardo se aproxima de Heloísa.

Bernardo — Clarinha...

Bernardo abraça Heloísa e cochicha em seu ouvido.

Bernardo — Não vai esquecer do nosso trato, maninha.

Bernardo encara Heloísa e sorri cínico para ela. Heloísa retribui com o mesmo sorriso.

Leandro e Milena estão cumprimentando Marcelo.

Marcelo — Daqui a pouco são vocês que tão casando, né?

Leandro — É, mas ainda vai demorar um tempo.

Milena — A gente vai fazer as coisas com calma. Se vocês já tiverem voltado da viagem de lua-de-mel, estão convidados pra nossa festa de noivado, né Leandro?

Leandro — Claro que sim. O Marcelo é da família.

Corte descontínuo: Convidados espalhados pela sala conversando em grupos. Gregório e Tarsila conversam com os noivos.

Tarsila — E então, querido. Onde vocês vão passar a lua de mel?

Marcelo — A gente vai pra Buenos Aires. Olhei umas fotos e achei muito bonita aquela cidade.

Gregório — Realmente é uma bela cidade, mas vocês poderiam ter ido pra um país da Europa. Dinheiro não ia ser o problema.

Marcelo — Eu sei tio, mas eu preferi assim.

Heloísa — Confesso que não ia ficar chateada se a gente fosse pra Paris, Londres, Amsterdã, Berlim... Mas qualquer lugar que eu vá com o Marcelo eu vou ficar feliz.

Heloísa sorri e ela beija Marcelo.

Corte descontínuo: Karina vai até Samuel.

Karina — Tá muito chata essa festa.

Samuel — Também to achando, Karina. Só to aqui porque o Marcelo é muito gente boa comigo e com o meu irmão.

Karina — Samuca. Vamos lá pro jardim.

Samuel concorda e os dois saem.

Corte descontínuo: Giovanna entorna uma taça de champanhe. Otávio ao seu lado, fica olhando para Gregório que está mais afastado e sozinho.

Giovanna — Uma coisa eu tenho que confessar: champanhe de primeira. Fazia tempo que eu/

Giovanna percebe que Otávio está encarando Gregório.

Giovanna — Quê que cê tá olhando pra lá? Gamou no coroa?

Otávio encara Giovanna.

Otávio — Palhaça... Vou lá cumprimentar o meu grande amigo Gregório. Quer vir comigo?

Giovanna — Por favor, sinta-se à vontade.

Otávio se aproxima de Gregório.

Otávio — (Estende a mão e sorri) Meu amigo!

Gregório — (Faz o mesmo) Dr. Otávio! Veio roubar alguém hoje?

Otávio — Imagina. Quando eu quiser fazer isso eu peço conselhos pra quem mais entende de roubo: você. Afinal a Ana Carolina nunca percebeu nada, não é?

Gregório — Pra que falar dos mortos?

Otávio — Tem razão. Ainda mais num casamento tão bonito. (Irônico) Tá feliz?

Gregório — (Irônico) Com o casamento? Tanto quanto você.

Corte descontínuo: Marcelo e Heloísa se beijam.

Heloísa — Quero que essa festa acabe logo.

Marcelo — Você não tá gostando, Clarinha?

Heloísa — To sim, meu amor. Só que eu quero ficar sozinha com você, agarradinha.

Marcelo — (Sorri) A gente vai ter muito tempo pra isso.

Os dois se beijam novamente.

Música: Alejate de Mí – Camila.

CENA 08. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Stock-shot da cidade indicando passagem de tempo.

Legenda: Dias depois...

Música: [Fade Out].

CENA 09. barão do alambique. sala de gregório. Interior. Dia.

Gregório e Leandro. Conversa já iniciada.

Leandro — Preocupado com a volta do Marcelo.

Gregório — Um pouco, Leandro. Ele voltando vai querer assumir alguma posição na Barão.

Leandro — Desde que não seja o seu, né?

Gregório — Ele não tem capacidade para gerir uma empresa desse porte.

Leandro — O Marcelo é esperto e isso você não pode negar.

Gregório — Ele pode ser esperto, mas nunca mexeu com negócios. Pra ele negócio é vender um cabrito por alguns trocados como ele devia fazer lá no fim de mundo de onde ele veio. (Tom) E que aliás, nunca deveria ter saído.

Leandro — Mas agora já saiu e você vai ter que engolir a presença dele aqui.

CENA 10. colégio são sebastião. corredor. Interior. Dia.

Alunos uniformizados circulando pelo corredor. Yasmin e Juliana conversam.

Juliana — Marquei de sair com aquele carinha.

Yasmin — Qual? São vários.

Juliana — Até parece. Aquele da praia.

Yasmin — O tal mais velho.

Juliana — Isso.

Yasmin — Cansou de se fazer de santinha, né?

Juliana — Me valorizar um pouco, né bem.

Yasmin — Só não sei pra que ficar bancando a virgenzinha pra ele.

Juliana — Mas eu não to, Yasmin. Só to me divertindo um pouco com ele.

Yasmin — E porque com os outros você não faz isso, Ju?

Juliana — Não são nem oito horas da manhã. Para de ficar me enchendo de perguntas.

CENA 11. shopping. ambiente. Interior. Dia.

Giovanna caminha olhando para o celular e acaba esbarrando em Jardel.

Giovanna — Desculpa, eu tava/

Jardel — Giovanna.

Giovanna — Jardel, desculpa eu tava distraída olhando umas mensagens. Como você tá?

Jardel — Tudo ótimo. Melhor agora que o Marcelo tá voltando da lua de mel.

Giovanna — Ah é. O Otávio me falou a respeito. Você também ta nessa de se aproximar do Marcelo, não tá?

Jardel — Mais ou menos. Isso é mais ideia do seu marido. Eu to com outros planos, to querendo escrever um livro sobre ele.

Giovanna — (Surpresa) Sobre o Otávio?

Jardel — Não. Sobre o Marcelo.

Giovanna — (Se interessa) É mesmo?

Jardel — Já fiz uma sinopse do livro e agora eu vou atrás do Marcelo pra saber o que ele pensa sobre isso.

Giovanna — Realmente a história de vida dele é bastante interessante. Rende um best-seller.

Jardel — Tomara mesmo.

Giovanna — Eu adoraria saber um pouco mais sobre esse seu livro, mas agora eu to atrasada para ir à loja.

Jardel — Claro, a gente marca de tomar um café qualquer hora. Se você não se importar.

Giovanna — De jeito algum. Vou te passar o meu número.

CENA 12. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Marcelo e Heloísa entram da rua. Rudá, Dolores e Aparecida esperam por eles.

Marcelo — Comitê de boas vindas?

Rudá — Fizeram boa viagem?

Marcelo — Excelente, Rudá.

Dolores — Seu Marcelo. O senhor deseja algo especial pro almoço? Posso preparar.

Marcelo — Não Dolores. Nem sei se vou conseguir chegar a tempo.

Heloísa — Onde você vai?

Marcelo — Pra Barão do Alambique. Vou começar a ajeitar a minha entrada na empresa.

Heloísa — Mas precisa ir agora?

Marcelo — Eu prefiro assim. Já adiei isso tempo demais. (Pra Aparecida) Tudo certo com a casa, Aparecida?

Aparecida — Tudo perfeito, seu Marcelo.

Marcelo — Você Dolores: vê com a Clara sobre o almoço.

Marcelo dá um beijo em Heloísa.

Marcelo — Vou tentar não demorar.

Rudá — Eu vou tirar as malas do carro.

Marcelo e Rudá saem para a rua. Heloísa fica olhando para a porta da rua, distraída.

Dolores — Dona Clara...

Heloísa nem dá bola para Dolores.

Dolores — Dona Clara...

Heloísa segue ignorando Dolores.

Dolores — (Toca no ombro de Heloísa) Dona Clara!

Heloísa se assusta.

Heloísa — Tá louca! Não me dá mais susto assim!

Dolores — Desculpa, dona Clara. É que a senhora tava distraída. A senhora vai querer alguma coisa para o almoço.

Heloísa — Você é muito bem paga para decidir o cardápio da casa. Me poupe com assuntos domésticos. Agora saiam as duas daqui que eu não gosto de empregados na sala.

Dolores e Aparecida vão para a cozinha.

Heloísa — Eu ainda tenho que me acostumar a responder quando as pessoas me chamam de Clara.

CENA 13. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Dia.

Dolores e Aparecida entram da sala.

Aparecida — Ô mulherzinha nojenta. Você viu o que ela disse? Até parece que ela é melhor do que a gente só porque é rica.

Dolores — Não arranja confusão com a mulher do patrão.

Aparecida — Eu não quero arrumar confusão com ninguém, Dolores. Eu to quieta no meu canto.

CENA 14. casa de ana carolina. jardim. Exterior. Dia.

Marcelo vai entrar o carro. Rudá por perto.

Rudá — Marcelo, nesse tempo que você teve fora eu fui atrás de informações sobre o Dr. Eduardo Coimbra.

Marcelo — E você descobriu alguma coisa?

Rudá — Descobri, mas eu acho que seria melhor você chamar a filha dele pra ouvir o que eu tenho pra dizer. Também é do interesse dela.

Marcelo — Pode deixar que eu vou fazer isso, Rudá.

Marcelo entra no carro e dá a partida.

CENA 15. barão do alambique. frente. Exterior. Dia.

Take da fachada da Barão do Alambique.

CENA 16. barão do alambique. sala de leandro. Interior. Dia.

Leandro e Milena conversam.

Milena — Vamos fazer alguma coisa amanhã? Aproveitar que é fim de semana.

Leandro — Não sei se vai dar, Milena. (Mente) Acho que vou ter que trabalhar.

Milena — Mas no final de semana?

Leandro — Tenho que adiantar algumas coisas.

Milena — Eu vou ficar com saudade.

Milena senta no colo de Leandro e o beija.

Leandro — Eu também. Preferia mil vezes tá com você do que no meio desses papéis todos.

Milena — Tudo bem, eu entendo. Esse final de semana vai ser festa do pijama.

Milena se levanta.

Milena — Já que não vai rolar nada amanhã eu vou indo.

Leandro — (Levanta) Cê não ficou chateada, ficou?

Milena — Não.

Os dois se beijam novamente.

CENA 17. barão do alambique. corredor. Interior. Dia.

Marcelo caminha pelo corredor, observando tudo em volta, os objetos, funcionários etc. Ele vê Milena.

Marcelo — Mirela.

Milena — (Corrige) Milena. Meu nome é Milena.

Marcelo — Isso. Tudo bem?

Os dois se cumprimentam com um beijo no rosto.

Milena — Tudo bem. Como foi a viagem de lua de mel?

Marcelo — Perfeita. Foi bom eu ter encontrado você aqui. Precisava falar com você.

Milena — (Curiosa) Sobre o que?

Marcelo — O Rudá, meu funcionário, foi atrás de informação sobre a morte do seu pai...

Milena — (Surpresa) Não me diz que...

Marcelo — Parece que ele descobriu alguma coisa.

Milena — O que ele descobriu, Marcelo?

Marcelo — Ainda não sei. Ele pediu pra você estar lá quando falasse a respeito. Tem como você aparecer lá em casa amanhã?

Milena — Claro! Amanhã sem falta eu to lá.

CENA 18. barão do alambique. sala de gregório. Interior. Dia.

Gregório trabalhando. Adelaide entra.

Adelaide — Com licença Dr. Gregório. Aguardam o senhor.

Gregório — Quem? Eu não me lembro de ter marcado reunião com ninguém.

Adelaide — E não marcou mesmo. É o seu sobrinho Marcelo. Peço pra ele entrar?

Gregório respira fundo.

Gregório — Pode, dona Adelaide. Manda o Marcelo entra.

Adelaide sai e depois de um tempo, volta com Marcelo.

Adelaide — (Para Marcelo) O senhor aceita uma água, um café?

Marcelo — To bem, obrigado.

Adelaide — Com licença.

Adelaide sai. Gregório e Marcelo apertam as mãos,

Gregório — Senta, Marcelo.

Os dois se sentam.

Marcelo — Acho que você já sabe a razão da minha visita, não é tio?

Gregório — Eu imagino. Quer começar a trabalhar aqui?

Marcelo — Isso mesmo. (Decidido) Eu quero fazer parte da empresa que eram dos meus pais.

CENA 19. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música: Coração de Papelão – Jairzinho e Simony.

Stock-shot do Rio de Janeiro. Dia seguinte.

CENA 20. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Dia.

Música: [Fade out].

Samuel parece um pouco nervoso e agitado. Dolores observa o garoto.

Dolores — Para de caminha que nem barata tonta. Daqui a pouco você abre uma cratera no chão.

Samuel — (Senta) Desculpa.

CENA 21. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Marcelo e Rudá conversam.

Rudá — Então ela vem?

Marcelo — Falei com ela ontem na empresa. Deve tá chegando daqui a pouco.

A campainha toca.

Marcelo — Deve ser ela.

Rudá abre a porta. É Karina que está lá e vai logo entrando.

Karina — Oi primo.

Marcelo — Oi... Como é o seu nome mesmo?

Karina — Karina.

Marcelo — Karina. Veio me fazer uma visita?

Karina — Na real não. O Samuca me chamou pra tomar banho de piscina aqui. (Mostra a mochila) Até trouxe a minha meu biquíni na mochila.

Marcelo e Rudá se olham.

Marcelo — Piscina... Tá bom... (Grita) Samuel! A sua visita chegou!

Samuel vem da cozinha.

Samuel — Karina, você veio.

Karina — Óbvio que eu vim.

Karina dá um abraço em Samuel, deixando ele um pouco sem jeito.

Samuel — Vem. Vou te mostrar onde você pode se trocar.

Samuel e Karina vão para a cozinha. Rudá e Marcelo riem.

Rudá — Desculpa. Eu não sabia que ele tinha convidado ela. Mas pode deixar que eu vou chamar a atenção dele.

Marcelo — Imagina. Eu não me importo com isso. Por mim o seu irmão pode trazer quem ele quiser. Essa casa tá sempre vazia... E além do mais, a Karina é minha prima, é da família.

A campainha toca.

Marcelo — Agora deve ser ela.

Rudá abre a porta. É Milena, que vai entrando. Ela cumprimenta Rudá fazendo um gesto com a cabeça e vai até Marcelo.

Marcelo — A gente tava esperando por você, Mirela.

Milena — (Corrige) É Milena.

Marcelo — Isso. Milena.

Milena — Será que a gente pode conversar logo? Meu estomago tá embrulhado de tanta ansiedade.

Marcelo — Sim. Vamos pro escritório.

CENA 22. casa de ana carolina. escritório. Interior. Dia.

Porta fechada. Marcelo, Milena e Rudá frente a frente. Tensão.

Marcelo — Então, Rudá. O que você descobriu?

Close em Rudá, Marcelo e Milena.

CENA 23. casa de gregório. sala. Interior. Dia.

Gregório sentado no sofá lendo o jornal. Leandro vem descendo as escadas.

Leandro — Pai...

Gregório — Leandro...

Leandro — Que cara de intelectual pensador é essa?

Gregório — Tava aqui analisando uma coisa.

Leandro — Posso saber o que?

Gregório olha em volta para se assegurar que não tem mais ninguém na sala.

Gregório — Senta.

Leandro senta ao lado do pai.

Gregório — Eu pensei, pensei e me dei conta que a volta do Marcelo não tirou totalmente as nossas chances de colocar as mãos na Barão.

Leandro — Como assim, pai? Metade daquilo era do tio Alcides e da tia Ana Carolina. Ele vai herdar tudo!

Gregório — De fato ele vai herdar, mas é só uma questão de tempo pra a metade que era do meu irmão voltar para as nossas mãos.

Leandro — Eu não to entendendo. Me explica?

Gregório — É simples: o direito de sucessão a herança se dá da seguinte forma: parentes descendentes, no caso filhos, netos, etc, e o cônjuge. Depois parentes ascendentes: como pais, avôs, etc.

Leandro — Tá e daí?

Gregório — E daí que na falta de parentes descendentes e ascendentes a herança é dos parentes colaterais: Irmãos, sobrinhos... Tios, primos.

Leandro fica sério, está começando a entender Gregório.

Leandro — O Marcelo é casado. Mesmo que ele não tenha filhos e os pais dele estejam mortos. A Clara ainda vai ser a primeira herdeira dele.

Gregório — Sim, mas acidentes acontecem, Leandro. Casais morrem o tempo todo.

Leandro — Você não tá pensando em...

Gregório — Se por fatalidade o meu sobrinho e a esposa dele sofrem um acidente, nós seriamos os herdeiros de tudo.

Na reação de Leandro.

CENA 24. casa de ana carolina. escritório. Interior. Dia.

Continuação imediata da cena 22. Marcelo, Milena e Rudá.

Rudá — As informações que eu tinha eram muito escassas: mas com o nome completo do seu pai e da data da morte dele, eu consegui descobrir algumas coisas.

Milena — O que você descobriu?

Rudá — Como você deve saber, o seu pai morreu caindo de uma janela no prédio da exportadora da família de vocês.

Milena — Sim, um acidente.

Rudá — Não. Não foi acidente.

Milena — (Surpresa) Que?! Como assim?!

Rudá — Eu tenho um amigo lá do bairro que é jornalista. Eu pedi ajuda dele pra achar alguma informação a respeito da morte do seu pai, já que ele era uma pessoa conhecida.

Milena — E aí?

Rudá — E aí que ele descobriu na data anterior a morte do Dr. Eduardo Coimbra, uma matéria falando que a Giacomelli Exportações havia sido invadida e que o assaltante havia empurrado seu pai pela janela.

Milena — (Não acredita) Isso não pode ser verdade. (Pra Marcelo) Marcelo...

Marcelo — Calma...

Rudá — A história não acaba por aqui. Tendo no mínimo a suspeita de que alguém invadiu a empresa e empurrou seu pai da janela. O mínimo que deveria ser feito era terem aberto um inquérito policial.

Milena — E não foi aberto?

Rudá — Segundo informações, foi sim. Mas logo em seguida foi arquivado. E pra isso ter acontecido de forma tão rápida é porque, provavelmente, alguém subornou o juiz responsável pelo caso. Ou seja: ao que parece alguém tinha interesse que a investigação sobre a morte do seu pai não fosse adiante.

Na surpresa de Milena. Milena olha perplexa para Rudá. Marcelo também está sem ação.

Milena — Quer dizer que alguém subornou o judiciário pra que a morte do meu pai não fosse investigada?

Rudá — Eu não posso afirmar nada pra você, até porque eu não entendo muito desse negócio de justiça e lei. Mas pelo que me falaram, deve ter sido exatamente isso que aconteceu.

Milena se apoia em Marcelo, um pouco tonta.

Milena — Eu preciso sentar.

Marcelo — Calma.

Milena — (Senta) Como calma? A vida inteira me contaram uma história que agora eu descubro que pode ser mentira!

Marcelo — O que falaram pra você?

Milena — Que o meu pai tinha caído acidentalmente da janela da sala dele lá na exportadora. Nunca falaram de assalto e nem de assassinato. (Pra Rudá) O que mais você descobriu?

Rudá — Mais nada. Com aquele meu amigo jornalista eu descobri que o caso da morte do seu pai foi abafado pela imprensa. Aí esse meu mesmo amigo conseguiu descobrir que o inquérito foi arquivado.

Milena — Mas não diz nada sobre o que aconteceu?

Rudá — Parece que não. No lugar que ele tirou essa informação só dizia que o processo tinha sido arquivado.

Milena — Não pode ser...

Marcelo — Fala com a sua mãe. Ela deve ter uma boa explicação pra isso.

Milena — (Se levanta) É bom ela ter mesmo.

CENA 25. casa de gregório. sala. Interior. Dia.

Continuação da cena 23. Leandro não acredita no que acabou de escutar de Gregório.

Leandro — (Reage) Se ta louco, pai?! Matar o Marcelo?

Gregório — Fala baixo.

Leandro — Isso é loucura.

Gregório — Loucura é deixar que aquele capiau fique com aquilo que é nosso por direito. Enquanto ele vivia a vidinha dele no mato, nós é que tocamos aquela empresa, nós é que aturamos a Ana Carolina. Então, Leandro, nada mais justo que tudo aquilo seja nosso.

Leandro — Ok, eu concordo, mas matar o Marcelo?!

Gregório — Uma solução simples e prática.

Leandro — Simples se a policia não descobrir. Quer saber de uma coisa? Não me fala mais nada. Não quero saber dessa sua viagem. Falou.

Leandro sai para a rua.

Gregório — Eu só preciso pensar em tudo com muito cuidado.

Em Gregório pensativo.

CENA 26. casa de otávio. sala. Interior. Dia.

Giovanna por ali. Otávio vai sair.

Giovanna — Vai sair?

Otávio — Tenho que resolver uns problemas no escritório.

Giovanna — Mas é final de semana, Otávio.

Otávio — Eu sei, Giovanna. Mas eu tenho que ir.

Giovanna — E vai me deixar sozinha?

Otávio — Isso aqui não é novela mexicana pra você ficar fazendo melodrama. A Juliana tá aí.

Giovanna — Já saiu.

Otávio — Liga pra alguma amiga, sei lá. Eu tenho que trabalhar.

Otávio dá um beijo rápido em Giovanna e sai para a rua. Giovanna fica ali sozinha.

CENA 27. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Marcelo e Milena em pé conversando perto da porta de saída.

Milena — Eu vou tirar essa história a limpo com a minha mãe, Marcelo.

Marcelo — Isso, escuta o que a sua mãe tem pra dizer antes de tirar conclusões. Eu acho que/

Marcelo é interrompido por Aparecida.

Aparecida — Seu Marcelo. Telefone pro senhor. É o Dr. Otávio.

Marcelo — Obrigado, Aparecida. Eu vou atender no escritório. (Pra Milena) Eu já volto, você me espera um pouco?

Milena — Claro. Pode ir.

Marcelo vai para o escritório e deixa Milena sozinha. Tempo e Heloísa entra da rua e se depara com Milena.

Heloísa — Você de novo?

Na surpresa de Milena.

CENA 28. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Dia.

Karina e Samuel com roupas de banho. Dolores ajeitando a cozinha.

Dolores — (Pra Karina) Então você é prima do patrão?

Karina — Sim.

Dolores — Por parte de quem?

Karina — Por minha e dele.

Dolores ri.

CENA 29. CASA DE ANA CAROLINA. SALA. Interior. Dia.

Milena e Heloísa frente a frente.

Milena — (Sorri) Como assim de novo?

Heloísa — Sabe o que é, meu bem. Antes de eu e o Marcelo termos saído de lua de mel você já veio aqui pra encher a cabeça dele com a história do seu pai. Sim ele me contou.

Milena — Peraí Clara. Eu não enchi a cabeça de ninguém com nada. E eu vim aqui de novo porque agora a gente tem novas informações sobre coisa que aconteceram há muitos anos. Inclusive eu acho que/

CENA 30. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Dia.

Karina, Samuel e Dolores.

Heloísa — (Off) To pouco me interessando pra o que você acha.

Eles escutam a voz de Heloísa. Karina fica atiçada.

Karina — Vai rolar barraco na sala. Adoro!

Karina corre em direção à sala. Samuel tenta impedir.

Samuel — Karina! Espera! Não vai lá!

Karina já foi.

Samuel — (Vai atrás) Droga!

CENA 31. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Milena olha para Heloísa sem entender a reação dela. Num canto, Karina e Samuel veem as duas.

Heloísa — Eu só quero que você nos dê um tempinho. A gente acabou de chegar de viagem, deixa pra incomodar o Marcelo depois.

Milena — Eu não to incomodando o Marcelo.

Heloísa — Mas tá me incomodado, Milena. Desculpa, mesmo. Eu gosto muito de você, mas eu preciso que você respeite o nosso espaço.

Milena — Desculpa se eu incomodei você. Eu juro que não queria. Só vou esperar o Marcelo voltar e/

Heloísa — (Corta) Não. Você não vai esperar nada. Você vai embora da minha casa agora.

Em Milena surpresa.

CENA 32. praia. exterior. Dia.

Leandro e Juliana caminham pela beira da praia enquanto conversam. Eles não estão com roupa de banho.

Juliana — Joatinga? Eu não entendi porque você quis vir pra cá? Você frequenta essa praia?

Leandro — Na verdade não. Mas achei bom variar um pouco. Por quê? Não gostou daqui?

Juliana — Não é isso. É que eu nunca tinha vindo pra cá também. É difícil eu ir em outra praia além da do Leme. Fica mais perto de casa.

Leandro — Sabe que sem aquelas luzes loucas da boate e sem o efeito das coisinhas você é muito mais bonita.

Juliana — Então o álcool me deixa mais feia?

Leandro — Ou então esse shortinho te deixa mais gostosa.

Juliana — (Ri) Você é safado, hein?

Leandro pega Juliana e a puxa, deixando seu rosto bem perto ao rosto dela.

Leandro — Eu tento não ser, mas não é isso que você quer.

Juliana — Você não sabe o que eu quero.

Ambos ficam ali olhando para a boca um do outro por um tempo, até que Leandro finalmente responde.

Leandro — Sei sim.

Música: É hoje – Ludmilla.

Leandro dá um longo beijo em Juliana. Logo em seguida Juliana se afasta dele e sorri.

Leandro — A gente vai ficar só nisso? Eu sou meio antissocial. Vamos pra algum lugar só nós dois.

Juliana — (Sorri) Hoje não vai rolar. (Tom) Vamos entrar no mar?

Leandro — Com roupa?

Juliana — E daí?

Juliana sorri e corre de roupa para o mar. Leandro tira a camisa e faz o mesmo.

Música: [Fade out].

CENA 33. ap de otávio. sala. Interior. Dia.

Giovanna sozinha em casa. O telefone toca e ela atende.

Giovanna  — Alô?

Jardel — (Off) Giovanna? Aqui é o Jardel tudo bem? O Otávio tá em casa?

Giovanna — Oi Jardel. O Otávio não tá. Foi pro escritório trabalhar.

Jardel — (Off) Mas é final de semana!

Giovanna — Foi o que eu disse pra ele, mas não adiantou. O pior é que ele saiu, a Juliana também e eu acabei ficando sozinha.

Jardel — (Off) Poxa, eu precisava conversar com ele.

Giovanna — Infelizmente ele não tá.

Jardel — (Off) Giovanna, eu tava aqui pensando. Já que você foi abandonada nesse fim de semana, que tal um passeio no Jardim Botânico? Você gosta?

Giovanna — Adoro! Só não vou mais vezes porque nunca tenho companhia. Todo mundo aqui em casa acha um tédio.

Jardel — (Off) Então eu passo aí na sua casa em uma hora pode ser?

Giovanna — Mas vai ser só nós dois?

Jardel — (Off) Nós dois e todo mundo que tiver lá.

Giovanna — (Ri) Tá bom então. Não precisa passar aqui, eu vou de carro. Nos encontramos em uma hora lá. Tchau.

Giovanna desliga o telefone.

Giovanna — Eu é que não vou ficar aqui presa, só porque o Otávio resolveu fazer hora extra.

CENA 34. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Continuação de cena 31. Milena surpresa com a reação de Heloísa. Karina e Samuel observam escondidos. Marcelo aparece da porta do escritório.

Marcelo — Por que você tá falando assim com ela, Clara?

Heloísa se surpreende com a pergunta de Marcelo.

Rudá chega por trás de Samuel e Karina e pega os dois pelo braço.

Rudá — (Baixo) O que vocês tão fazendo aqui?

Rudá leva os dois pra cozinha.

CENA 35. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Dia.

Dolores e Aparecida por ali.

Aparecida — To te dizendo, Dolores. Quando rico resolve fazer barraco, acaba sendo mais divertido que aquele que rola lá na comunidade.

Dolores — Não se mete na vida dos patrões, Aparecida. Bom empregado não vê, não ouve e não fala.

Aparecida — Mas eu vejo e escuto muito bem.

Dolores — Então trate de não falar nada.

Rudá vem com Samuel e Karina pelo braço.

Rudá — Samuel, o que eu disse sobre você ficar espiando a conversa dos outros?

Samuel — Sobre isso você não disse nada.

Rudá — Então eu to dizendo agora: não se fica escutando. (Karina) E você garota? Veio pra tomar banho de piscina ou pra ficar brincando de espiã?

Karina — Pra tomar banho de piscina, mas é que/

Rudá — (Corta) Não quero saber. Ou vocês dois vão pra rua agora ou não vai ter mais piscina nenhuma.

Samuel e Karina correm para a rua.

CENA 36. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Marcelo se aproxima de Heloísa e Milena.

Milena — Eu não queria causar incomodo nenhum.

Marcelo — E não tá, Mirela.

Milena — (Corrige) Milena.

Marcelo — Isso. Você tá me ajudando. (Pra Heloísa) E não entendi o porquê dessa reação, Clara.

Heloísa — (Finge) Desculpa, Milena. Eu ainda to um pouco cansada da viagem. Sabe como é lua de mel: suga todas as nossas energias. Eu preciso de um tempinho pra me recuperar de toda a emoção da viagem. Além do mais o fuso me deixou um pouco desnorteada. Desculpa mesmo.

Milena — Tá tudo bem. (Pra Marcelo) Eu te mantenho informada sobre aquilo.

Marcelo — Obrigado.

Milena sai para a rua. Marcelo encara Heloísa.

CENA 37. casa de ana carolina. jardins. Exterior. Dia.

Milena caminha até o seu carro.

Milena — Fuso? Que fuso? A Argentina tem o mesmo fuso horário do Brasil.

CENA 38. CASA DE ANA CAROLINA. SALA. Interior. Dia.

Marcelo encara Heloísa.

Heloísa — Que cê tá me olhando?

Marcelo — Não gostei do jeito que você tratou ela.

Heloísa — Você não vai brigar comigo por causa dela, vai?

Marcelo — Deveria. Ela é noiva do meu primo, tá me ajudando a descobrir algumas coisas sobre a vida dos meus pais e você vem com grosseria pra cima dela?

Heloísa — (Abraça Marcelo) Não fica assim, gato. Vamos esquecer essa história.

Marcelo — Não deveria.

Heloísa vai beijando Marcelo, tentando convencer ele.

Marcelo — Sabe, Clara: Quando eu te vi falando daquele jeito, você parecia outra pessoa.

Heloísa reage ao comentário de Marcelo. Para de beijá-lo e o encara.

CENA 39. pedra do arpoador. ambiente. Exterior. Dia.

Música: That I Would Be Good - Alanis Morissette.

Milena sentada e pensativa, olhando para a paisagem.

Milena — Por que a minha mãe escondeu essa história de mim.

Milena olha para uma foto de Coimbra que tem no seu celular. Ela enxuga uma lágrima que escorre do seu rosto, guarda o celular e volta a olhar para a paisagem.

Música: [Fade out].

CENA 40. jardim botânico. ambiente. Exterior. Dia.

Jardel e Giovanna caminham pelo local.

Giovanna — Como é que vai o seu livro?

Jardel — To tentando falar com o Marcelo. Vou marcar uma hora com ele pra conversar sobre isso.

Giovanna — Você acha que ele vai gostar?

Jardel — Espero que sim. (Tom) Quer dizer então que você ficou sozinha no final de semana?

Giovanna — Pois é, Otávio resolveu trabalhar...

Jardel — Às vezes descansar a cabeça faz bem.

Giovanna — Concordo Jardel. Mas o Otávio tá muito preocupado em ganhar dinheiro.

Jardel — Dinheiro é bom...

Giovanna — (Completa) Mas não é tudo.

CENA 41. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Continuação da cena 38. Heloísa se afasta de Marcelo.

Heloísa — Como assim: outra pessoa?

Marcelo — Sei lá, Clara. Você agiu de forma tão estranha com a Melissa.

Heloísa — (Corrige) Milena... Enfim... É impressão sua, meu amor.

Heloísa se aproxima de Marcelo e o beija, carinhosa.

Heloísa — Posso confessar uma coisa? Eu fiquei com ciúmes dela.

Marcelo — (Ri) Dela? Mas ela é noiva do meu primo. Não tem porque você ter ciúmes.

Heloísa — Eu sei. É besteira minha, mas na hora eu não pensei nisso. Fui logo despejando tudo que me veio na cabeça. Desculpa mesmo.

Marcelo — Não foi a mim que você ofendeu.

Heloísa — Mas eu já pedi desculpas pra Milena. Você viu.

Marcelo — Eu vi sim.

Heloísa — Agora não vamos ficar brigados. A gente acabou de chegar da lua de mel.

Música: Alejate de mí – Camila.

Marcelo — (Sorri) A gente não tá brigado, Clarinha.

Heloísa — (Sorri) Não é? Que pena. Eu queria tanto fazer as pazes com você... (Cochicha) Lá na nossa cama.

Marcelo — (Sorri) Mas pra isso a gente não precisa brigar.

Heloísa abraça Marcelo mais forte e entrelaça as suas pernas na cintura dele. Marcelo segura firme Heloísa e os dois se beijam com muita intensidade.

Heloísa — Me leva pro quarto agora.

Marcelo sobe com Heloísa para o quarto.

CENA 42. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Noite.

Música: Alejate de mí – Camila. [Continua]

Stock-shot da cidade ao anoitecer.

Música: [Fade out].

CENA 43. casa de gregório. sala. Interior. Noite.

Tarsila discutindo com Karina. Gregório alheio à conversa.

Tarsila — Eu já te pedi Karina. Não se mistura com esse tipo de gente.

Karina — Que tipo de gente, mãe?

Tarsila — Pessoas sem o mesmo poder aquisitivo da gente.

Karina — Mas que poder? Esqueceu que grande parte disso é pose? Que a gente tá praticamente falidos? Isso bem antes de eu nascer.

Tarsila fica sem ação diante do comentário de Karina.

Tarsila — Gregório! Você ouviu o que a sua filha disse?

Gregório — Ouvi e infelizmente ela ta certa. Nem a Barão tá conseguindo cobrir direito os nossos gastos.

Karina — E já que vocês tão me enchendo o saco, eu não vou contar do rolo que deu lá na casa do primo.

Karina faz que vai subir as escadas, mas é impedida por Gregório.

Gregório — Nada disso, mocinha. Começou agora termina. O que aconteceu na casa do Marcelo?

Karina — A Milena tava lá conversando com o Marcelo sobre sei lá o que. Aí chegou a mulher dele e quis expulsar ela de lá.

Tarsila — Mas por que isso?

Karina — E eu vou saber?

Tarsila — Sobe. Vai tomar banho que daqui a pouco o jantar vai ser servido.

Karina vai subindo as escadas. Gregório fica pensativo.

Gregório — (Baixo) Aposto que eles tavam falando sobre o Coimbra.

Tarsila — Disse alguma coisa?

Gregório — (Pensativo) Nada.

Preocupado, Gregório vai para o escritório.

CENA 44. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite.

Yasmin abre a porta para Leandro. Os dois se cumprimentam.

Leandro — Oi Yasmin, sua irmã tá em casa.

Yasmin — Não. Ela saiu de dia e não voltou até agora. Vocês tinham combinado alguma coisa?

Leandro — Não. Eu me liberei de uns trabalhos e resolvi fazer uma surpresa pra ela.

Yasmin — Ah então senta que ela já deve tá estourando por aí.

Leandro vai sentar, mas vê Bianca entrando do escritório.

Bianca — Leandro. Escutei sua voz lá do escritório.

Leandro — Bianca. Como você tá?

Bianca — Bem. Você que não anda visitando muito a gente.

Leandro — To em falta mesmo. É muita coisa acontecendo.

Bianca — Sei bem como é. E o noivado? Quando vai ser a festa?

Leandro — A Milena e eu ainda estamos decidindo, mas vai ser logo.

Bianca vê o celular tocar e olha para o visor.

Bianca — (Para Leandro) Com licença.

Bianca se afasta. Leandro se vira para Yasmin.

Leandro — Você termina o ensino médio nesse ano ou no próximo?

Yasmin — No próximo.

Corta para Bianca falando ao celular, num canto.

Bianca — (Cel/Baixo) Você tá louco em ligar pra mim?!

CENA 45. casa de gregório. escritório. Interior. Noite.

Gregório falando ao celular.

Gregório — (Cel) Sem tempo pra faniquito. Fiquei sabendo que a sua filha foi visitar o meu sobrinho, Marcelo.

CENA 23. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite.

Bianca falando ao celular num canto.

Bianca — (Cel/Baixo)E eu com isso, Gregório?

Gregório — (Off) Às vezes eu acho que você não pensa...

CENA 46. casa de gregório. escritório. Interior. Noite.

Gregório falando ao celular.

Gregório — (Cel) Que eu saiba, o Marcelo e a Milena só tem um assunto em comum:

CENA 47. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite.

Bianca ao telefone.

Gregório — (Off) O Coimbra.

Música: Instrumental de suspense.

 
     

 

     



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