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VALE A PENA LER DE NOVO: RELAÇÕES PERIGOSAS |
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CAPÍTULO ANTERIOR DE "RELAÇÕES PERIGOSAS": Heloísa — (Cel) Alô, pai? Sou eu: Clara. A gente precisa conversar. (Pausa) Pai! Me escuta! Não adianta nada você vir pra cá! As chances de encontrar a Helô viva são praticamente nulas. (Pausa) Eu sei que você quer vir, mas se desabalar até aqui vai ser inútil. Se pelo menos o corpo dela tivesse sido encontrado, mas não. Vai ser um desgaste e um sofrimento em vão. (Pausa) Isso, se a gente encontrar o corpo da Helô, aí sim você vem. (Pausa) Tá bem, eu te mantenho informado, beijos. Heloísa desliga o celular e respira aliviada. ... Festa de casamento de Heloísa e Marcelo acontecendo. Abre nos noivos cortando o bolo. Dentre os convidados estão: Milena, Leandro, Gregório, Tarsila, Otávio, Giovanna, Bernardo, Rudá, Karina, Samuel e mais algumas outras pessoas. Corte descontínuo: Os convidados cumprimentam os noivos. Chega a vez de Bernardo e cumprimenta Marcelo. Bernardo — Parabéns Marcelo. Espero que vocês sejam felizes. Marcelo — Vou ser muito, Bernardo. Bernardo se aproxima de Heloísa. Bernardo — Clarinha... Bernardo abraça Heloísa e cochicha em seu ouvido. Bernardo — Não vai esquecer do nosso trato, maninha. Bernardo encara Heloísa e sorri cínico para ela. Heloísa retribui com o mesmo sorriso.
Rudá — As informações que eu tinha eram muito escassas: mas com o nome completo do seu pai e da data da morte dele, eu consegui descobrir algumas coisas. Milena — O que você descobriu? Rudá — Como você deve saber, o seu pai morreu caindo de uma janela no prédio da exportadora da família de vocês. Milena — Sim, um acidente. Rudá — Não. Não foi acidente. Milena — (Surpresa) Que?! Como assim?! Rudá — Eu tenho um amigo lá do bairro que é jornalista. Eu pedi ajuda dele pra achar alguma informação a respeito da morte do seu pai, já que ele era uma pessoa conhecida. Milena — E aí? Rudá — E aí que ele descobriu na data anterior a morte do Dr. Eduardo Coimbra, uma matéria falando que a Giacomelli Exportações havia sido invadida e que o assaltante havia empurrado seu pai pela janela. Milena — (Não acredita) Isso não pode ser verdade. (Pra Marcelo) Marcelo... Marcelo — Calma... Rudá — A história não acaba por aqui. Tendo no mínimo a suspeita de que alguém invadiu a empresa e empurrou seu pai da janela. O mínimo que deveria ser feito era terem aberto um inquérito policial. Milena — E não foi aberto? Rudá — Segundo informações, foi sim. Mas logo em seguida foi arquivado. E pra isso ter acontecido de forma tão rápida é porque, provavelmente, alguém subornou o juiz responsável pelo caso. Ou seja: ao que parece alguém tinha interesse que a investigação sobre a morte do seu pai não fosse adiante. |
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CAPÍTULO 12 |
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CENA 01. casa de gregório. escritório. Interior. Noite. Gregório falando ao celular. Gregório — (Cel) Que eu saiba, o Marcelo e a Milena só tem um assunto em comum: CENA 02. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite. Bianca ao telefone. Gregório — (Off) O Coimbra. Música: Instrumental de suspense. Bianca reage. Bianca — (Cel/Baixo) Você acha que... CENA 03. casa de gregório. escritório. Interior. Noite. Gregório ao celular. Gregório — (Cel) Não sei, Bianca. Não sei. Pode ser paranoia minha, mas eu to achando que eles descobriram alguma coisa. Bianca — (Off) Mas o que? Gregório — Isso eu não sei dizer. (Tom) A Milena ta em casa? Bianca — (Off) Não. Gregório — Posso apostar, que assim que chegar... CENA 04. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite. Bianca ao celular. Gregório — (Off) Ela vai largar em cima de você, uma bomba prestes a explodir. Bianca vê Milena entrando da rua e desliga o celular. Leandro se levanta para beijar Milena, mas ela o impede. Milena — (Ríspida) Agora não, Leandro. (Pra Yasmin) Yasmin, vai pro seu quarto. Yasmin — Mas... Milena — (Firme) Não, discute. Vai agora! Yasmin estranha o tom de voz de Milena, mas acaba obedecendo e subindo as escadas até o seu quarto. Leandro — Você tá bem, Milena? Milena — Não, Leandro. Mas talvez a minha mãe possa me esclarecer algumas coisas. Bianca — O que aconteceu, filha? Milena — Você mentiu pra mim sobre a morte do meu pai... Por quê? Em Bianca sem saber o que responder. Música: [Fade out]. CENA 05. ap de luísa. quarto. Interior. Noite. Heloísa e Bernardo. Heloísa preenche um cheque. Bernardo — Não é voador esse cheque, né? Heloísa — Claro que não, seu idiota. Bernardo — Não precisa xingar. (Tom) Você o Marcelo já fizeram conta conjunta. Heloísa — Não vou nem te responder. Heloísa entrega o cheque para Bernardo. Heloísa — Agora vê se para de me incomodar. Bernardo — Você sabe que isso não vai acontecer. Até porque o que você tá me dando, não é nada comparado ao que você ganhou casando com o Marcelo. Heloísa — Eu não to interessada no dinheiro dele. Bernardo — Pouco me importa no que você tá interessada, Helô. Mas que você tá mentindo pra todo mundo, isso você tá. Heloísa — E você vai continuar de boca fechada. Bernardo — Se você continuar me pagando. Heloísa — Cretino. Bernardo — Você que finge ser outra pessoa e eu sou o cretino? Interessante essa sua forma de pensar. Heloísa — Não tenho mais nada o que fazer aqui. Boa noite. Heloísa pega a sua bolsa e vai embora. Bernardo guarda o cheque no bolso. CENA 06. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite. Milena espera uma resposta de Bianca. Leandro observa tudo. Bianca — Milena. Filha. Eu não sei do/ Milena — (Corta) Não me vem com essa de que não sabe do que eu to falando. Você sabe sim! Você mentiu pra mim esses anos todos. Giancarlo e Rogério entram da rua conversando. Rogério — Leandro. Como vai/ (Percebe o clima) Aconteceu alguma coisa? Milena — (Pra Giancarlo) Vô. Você também foi cúmplice da mãe na história da morte do meu pai? Giancarlo — Que história, Milena? Do que você tá falando? Milena — Que a morte dele não foi acidente. Que ele foi assassinado. Giancarlo olha para Bianca. Ficam em silêncio por um tempo. Milena — Falem alguma coisa, pelo amor de Deus! Giancarlo — (Para Bianca) Eu disse pra você, Bianca que a gente não deveria ter escondido isso dela. Bianca — Como é que eu ia explicar isso pruma criança? Ela era muito nova pra entender tudo o que tava acontecendo!/ O tom de discussão entre as duas vai crescendo. Milena — Você mentiu pra mim!/ Bianca — Não, Milena! Eu omiti uma informação em uma época que você não tinha idade nem maturidade pra compreender o que tava acontecendo. Seu pai foi sim assassinado, mas como eu ia explicar pra você quando isso aconteceu? Se coloca no meu lugar./ Milena — Se coloca no meu lugar você! Há muito tempo que eu não sou mais criança. Você deveria ter me falado sobre isso!/ Bianca — Pra que?! Isso não vai trazer o seu pai de volta!/ Milena — Mas é meu direito saber! E meu direito saber por que a investigação da morte dele foi arquivada./ Giancarlo — Ia ser prejudicial pra imagem da empresa. Bianca — Envolver o nome da exportadora em um caso de homicídio seria o nosso fim. E nessa mesma época a Ana Carolina Mascarenhas tinha acabado de quebrar o contrato conosco. A gente não poderia arriscar. Milena — Vocês deixaram a morte do meu pai em pune pra salvar a empresa? Rogério — (Pondera) Calma, Milena. Eles devem ter alguma explicação pra isso. Milena — Eu até poderia esperar uma atitude dessas da minha mãe... Mas de você vô? Você apoiou essa loucura? Giancarlo — As coisas não são tão simples, meu bem. Na época eu apoiei sim, mas hoje eu não faria isso. Bianca — Mas agora é tarde demais. Não adianta ficar se remoendo pelo que já passou. Esquece essa história, Milena. Ela só vai trazer mais sofrimento pra todos nós. Leandro se manifesta. Leandro — Milena. Meu bem. Vamos sair, esfriar a cabeça, relaxar um pouco. O que você acha? Milena — Não sei, Leandro. Não to legal. Rogério — Aceita o convite do Leandro. Você tá muito estressada e precisa relaxar. Eu te garanto que se você continuar em casa, os ânimos só vão piorar. Milena — Você tem razão, Rogério. Eu preciso sair daqui. (Pra Leandro) Vamos. Leandro e Milena saem para a rua. Bianca — A minha cabeça tá explodindo. Bianca sobe as escadas. Rogério — Seu Giancarlo. Que história é essa que o Coimbra foi assassinado? Ele não tinha caído por acidente de uma janela. Giancarlo — Foi empurrado por alguém que tentou assaltar a exportadora. Uma longa história. CENA 07. restaurante. Exterior. Noite. Milena e Leandro sentados a mesa em um restaurante com vista para a Lagoa. Milena — (Revoltada) Eu fui enganada, Leandro! Leandro — Esquece um pouco disso. Milena — Eu não consigo. Essa história não para de rondar minha cabeça. Leandro — Vamos marcar o nosso noivado pra final do mês. Milena — (Surpresa) Que? Leandro — É a gente fica dizendo que vai marcar, mas nunca decide uma data. Final do mês a gente faz a festa oficial lá na sua casa. O que você acha? Milena — (Sorri) Acho uma ótima ideia. Milena e Leandro se beijam. Música: Another sad love song – Toni Braxton. CENA 08. rio de janeiro. Exterior. Dia. Stock-shot do Rio de Janeiro de dia. Música: [Fade out]. CENA 09. casa de gregório. sala de jantar. Interior. Dia. Gregório, Tarsila e Leandro tomando café da manhã. Gregório — Encontrou a Milena ontem, filho. Leandro — Encontrei. Tava até meio nervosa. Gregório — (Tenta descobrir algo) Ah é? O que aconteceu? Leandro — Ah uns rolos lá. Mas o que importa é que a gente marcou a data do noivado. Tarsila — Que ótimo, Leandro. E quando vai ser? Leandro — Final do mês. Gregório recebe uma mensagem de Bianca. Disfarçadamente ele lê a mensagem que diz: ESPERO VOCÊ NO LUGAR DE SEMPRE. CENA 10. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior. Dia. Milena ao celular. Milena — (Cel) Marcelo. É a Milena, desculpa te ligar. CENA 11. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Dia. Marcelo ao celular. Marcelo — (Cel) Imagina. Como foi a conversa com a sua mãe? Milena — (Off) Muito estressante. CENA 12. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior. Dia. Milena ao celular. Milena — (Cel) Ela admitiu que mentiu sobre a morte do meu pai, mas não falou muito além do que a gente já sabia. Marcelo — (Off) Voltou à estaca zero, então? Milena — (Cel) Não sei. Aí é que eu queria a sua ajuda. Você sabe onde foi internada a dona Luísa? CENA 13. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Dia. Marcelo ao celular. Marcelo — (Cel) Sei sim. Você quer falar com ela? CENA 14. casa de giancarlo. quarto de milena. Interior. Dia. Milena ao celular. Milena — (Cel) Sim. A dona Luísa, a sua mãe e o meu pai eram amigos. Sei lá, talvez ela possa nos ajudar em alguma coisa. Será que você pode me passar o endereço. Marcelo — (Off) Faço melhor: vou junto com você. Pode ser? Milena — (Cel) Claro que pode... Tá combinado então. Te espero aqui. (Desliga). Yasmin entra no quarto. Yasmin — O que aconteceu ontem, Milena? Milena — Gatinha, se eu pedi pra sair ontem era porque eu queria te poupar de toda a sujeira que tava acontecendo. Yasmin — (Insiste) Mas o que tá acontecendo? Você nunca falou comigo daquele jeito. Milena — Desculpa, maninha. Mas eu tava fora de mim. Yasmin — Por quê? Me fala. Talvez eu possa te ajudar. Milena — (Sorri) Infelizmente não pode. Milena dá um beijo no rosto de Yasmin e sai do quarto, deixando ela sozinha. CENA 15. hotel. bar. Interior. Dia. Gregório senta à mesa que está Bianca. Gregório — Pra você ter me chamado assim, é porque a coisa é séria. Bianca — Acho que sim. Gregório — E o que aconteceu? Bianca — A Milena descobriu a verdadeira história da morte do Coimbra. Gregório — (Preocupado) Tudo? Bianca — Que a morte dele não foi um acidente. (Pausa) Eu admito que não tava dando muita importância pra isso, Gregório. Mas essa curiosidade dos dois tá começando a ficar perigosa. As coisas do passado devem continuar no passado e não devem ser remexidas por ninguém. A Milena e o Marcelo tão buscado por respostas que não lhe dizem respeito. Gregório — E o que você acha que a gente deve fazer? Em Bianca preocupada. CENA 16. clinica de repouso. sala de regina. Interior. Dia. Marcelo e Milena diante da Dra. Regina. Regina — Eu não sei se posso liberar a sua visita, doutor Marcelo. Marcelo — Mas você sabe que eu sou genro da Luísa. Eu estive aqui na internação dela. Regina — Eu sei disso, mas a dona Clara não queria que a mãe fosse incomodada por ninguém. Ela precisa se recuperar. Marcelo — (Mente) Eu entendo, mas foi a Clara mesmo que disse pra gente fazer uma visita pra Luísa. Regina — Bom. Se ela mesmo disse. Eu vou liberar a entrada de vocês, mas não pro muito tempo. Marcelo — Tudo bem, Dra. Regina. O que a gente tem pra falar com ela é rápido. Regina se levanta. Marcelo e Milena fazem o mesmo. CENA 17. clínica de repouso. quarto de luísa. Interior. Dia. Regina abre a porta do quarto. Regina — Dona Luísa. Visita pra senhora. Marcelo e Milena entram. Regina — (Para os dois) Qualquer coisa é só chamar. (E sai). Luísa olha para Marcelo e Milena e sorri. Luísa — Fico feliz com a visita de vocês. Luísa abraça os dois. Milena — Como a senhora tá? Luísa — Enlouquecendo nesse lugar. Milena — Não. A senhora tá aqui pra se recuperar. A senhora tava muito estressada. Luísa — Estressada eu vou ficar se continuar nesse lugar. Vocês vieram me tirar daqui né? Eu não aguento mais ficar nessa clínica. Marcelo — Infelizmente a gente não veio fazer isso. Luísa — Então vieram trazer notícias da Helo. Encontram ela? Marcelo — Também não é sobre isso. Milena — É sobre o meu pai. Música: Instrumental de suspense. Luísa — (Surpresa) O Eduardo? Milena — Você era amiga dele, não era? Luísa — Sim, nós éramos amigos, mas porque essa pergunta? Milena — É que eu descobri que a morte dele não foi um acidente. Você sabia disso? Luísa fica desconfortável com o que Milena acaba de dizer e vai para a janela. Luísa — (Olhando para a janela) Não sei do que você tá falando. Milena — (Se aproxima) Não mesmo? Provavelmente alguém subornou o juiz pra que o caso do assassinato dele fosse arquivado. A minha mãe disse que foi pra evitar um escândalo, mas eu tenho minhas dúvidas que seja só isso. Luísa — (Olha para Milena) E por que você acha que eu sei de alguma coisa? Milena — Por que vocês eram amigos. Eram próximos. Luísa — (Ríspida) Mas eu não sei de nada. Vocês perderam tempo vindo aqui. Milena — Não sabe mesmo ou a senhora não quer me falar o que realmente sabe? Luísa encara Milena por um tempo e logo em seguida desvia o olhar para a janela. Marcelo — Luísa. Meu pai sumiu na mesma época que o pai dela morreu. Por acaso essas duas histórias tem alguma ligação? Luísa fica em silêncio. Marcelo — Acho melhor não insistir. Vamos embora. Milena — Tudo bem. Se a senhora não quer dizer, eu não vou insistir. Mas também não vou desistir de descobrir a verdade. (Pra Marcelo) Vamos Marcelo. Marcelo e Milena vão sair, quando Luísa se vira para eles. Luísa — (Chama) Espera. Os dois olham para Luísa. Luísa — Eu só vou dar um conselho pros dois: Esqueçam essa história, vocês tão entrando num caminho obscuro demais. Milena — Então a senhora sabe o que aconteceu? Luísa — Esqueçam isso... Ou então vocês é que vão acabar caindo de uma janela. Marcelo e Milena se olham surpresos. Milena — O que a senhora quer dizer com isso? Luísa — Que vocês fazem perguntas demais. (Pausa) A sugestão foi dada, agora cabe a vocês aceitar ou não. Milena — Luísa.../ Marcelo faz um sinal para Milena, pedido para ela parar. Marcelo — Deixa ela. Vamos. Marcelo e Milena estão de saída, mas antes Luísa os chama. Luísa — Marcelo. (Pausa) Diz pra Clara vir me visitar. To com saudades dela. Marcelo — Pode deixar, Luísa. Eu vou falar com ela. Fique bem. Marcelo e Milena saem do quarto. Luísa fica olhando para a janela, pensativa. CENA 18. clínica de repouso. frente. Exterior. Dia. Milena e Marcelo saem da clínica e caminham em direção ao carro de Marcelo. Milena — É claro que ela tá escondendo alguma coisa, Marcelo. Mas a troco de que ela não iria contar pra gente. Marcelo — Falta de confiança, sei lá. A gente precisa dar um tempo pra ela. As coisas foram despejadas muito de surpresa. Milena — Você tem razão. (Tom) Sobre aquilo que você falou lá dentro, sobre o sumiço do seu pai ter sido na mesma época da morte do meu... Você não acha que o seu pai... Os dois param na frente do carro. Marcelo — Matar? Não! Meu pai seria incapaz de fazer uma coisa dessas. Ele era daqueles que não usava agrotóxico nas frutas porque achava que a gente não deveria interferir no processo natural das coisas. Se os bichinhos existiam era porque eles tinham que tá lá. A gente que tinha que procurar fruta boa em vez de ficar matando eles. Milena — (Sorri) Apesar dele ter lhe mentindo por muito tempo, você guarda boas lembranças do seu pai, não é. Marcelo — Milena/ Milena — (Corta) Não. É/ (Se corta/Ri) Dessa vez você acertou o meu nome. Marcelo — (Ri) Demorei, mas consegui. (Continua) Milena, por mais que o meu pai tenho me omitido tudo isso. Nada vai apagar o que a gente viveu. Aquele homem foi um exemplo pra mim e se ele fez o que fez, é porque algum motivo muito forte deve ter tido. E eu vou descobrir quais foram. Não importa se ninguém quer falar sobre isso... Eu descubro sozinho. Milena — Sozinho não. Pode contar comigo. Marcelo — (Sorri) Obrigado. E você também, no que precisar descobrir sobre a morte do Dr. Coimbra, pode contar comigo. Milena — Você fala do seu pai de uma forma tão bonita e com lembranças tão vivas. (Com lágrimas nos olhos) Eu queria ter essas lembranças na minha cabeça. Pena que o meu pai morreu tão cedo. Marcelo percebe a tristeza de Milena e dá um abraço nela, tentando confortá-la. CENA 19. hotel. bar. Interior. Dia. Continuação da cena 15. Bianca e Gregório sentados à mesa. Bianca — Eu não sei o que a gente deve fazer, Gregório. Isso tudo me pegou muito de surpresa. A gente precisa pensar pra não agir de forma errada. Gregório — Eu fico de olho no Marcelo e você fica de olho na sua filha. Qualquer coisa... Bianca — Qualquer coisa a gente age. Em Bianca decidida. CENA 20. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia. Heloísa sozinha na sala falando ao celular. Heloísa — (Cel) Oi Dra. Regina. Algum problema com a minha mãe? CENA 21. clínica de repouso. sala de regina. Interior. Dia. Regina ao telefone. Regina — (Tel) Tudo bem com a sua, mãe dona Heloísa. A questão é outra. Heloísa — (Off) Se for sobre o pagamento... Regina — (Tel/Corta) Não é isso não. Por acaso a senhora pediu pra que alguém visitasse a sua mãe? CENA 22. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia. Heloísa ao celular. Heloísa — (Cel/Intrigada) Quem teve aí? Regina — (Off) Um homem que disse ser seu marido. Heloísa — (Cel/Surpresa) O Marcelo teve aí? Fazendo o que? CENA 23. clínica de repouso. sala de regina. Interior. Dia. Regina ao telefone. Regina — (Tel) Ele disse que veio aqui a pedido da senhora. Veio ele e uma outra mulher. Heloísa — (Off) Que mulher? Regina — (Tel) Não sei/ CENA 24. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia. Heloísa ao celular. Regina — (Off) Uma mulher morena, bonita/ Heloísa — (Cel/Corta) Enfim, eu descubro quem é depois. (Firme) Agora presta atenção Dra. Regina: a senhora tá sendo muito bem paga pra deixar a minha mãe incomunicável. Só eu ou o Bernardo que podemos ver ela. Mais ninguém! Eu espero que isso não se repita. Os seus serviços estão me saindo muito caro pra que haja falhas. Heloísa desliga o celular e pega a sua bolsa. Heloísa — Agora eu preciso resolver um problema mais importante: o Bernardo. Aparecida vem da cozinha. Aparecida — Dona Clara. A senhora gostaria de/ Heloísa — (Corta/Rude) Eu gostaria que você não me incomodasse. Heloísa sai para a rua. Aparecida — Mulher grossa. CENA 25. casa de gregório. sala. Interior. Dia. Gregório entra da rua. Tarsila por ali. Tarsila — Onde você foi que saiu tão apressado depois do café da manhã? Gregório — Resolver uns problemas. Tarsila — Posso saber o que? Gregório — Bobagem. Gregório sobe a escadas. Tarsila — Se fosse bobagem, não seria problema. Em Tarsila intrigada. CENA 26. bairro das laranjeiras. rua. Exterior. Dia. Bernardo pedalando pelas ruas do bairro quando de longe vê Heloísa conversando com um pivete de uns 16 anos, pobre e mal vestido. Bernardo para de pedalar e fica observando os dois. Bernardo — O que a Helô tá fazendo conversando com aquele faveladinho? Heloísa entrega dinheiro para o garoto. Bernardo — Será que ela tá comprando drogas? É bem o tipinho dela. E Bernardo fica observando de longe Heloísa negociar com o garoto. CENA 27. ap de otávio. sala. Interior. Dia. Giovanna mexendo no tablet. Otávio entra do escritório. Giovanna — Otávio. Eu tava vendo aqui na internet e tá passando um filme ótimo. Vamos ver? Otávio — Hoje não, Giovanna. Giovanna — Por quê? Vai me dizer que tem que trabalhar de novo? Otávio — Não, mas eu to exausto. Mal consegui dormir essa noite. Eu não vou ser uma boa companhia pra você hoje... Chama uma de suas amigas. Otávio dá um beijo rápido em Giovanna e vai para o quarto. Em Giovanna decepcionada. CENA 28. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia. Heloísa entra da rua. Marcelo por ali. Marcelo — Clara, onde você tava? (E dá um beijo nela). Heloísa — Eu é que te pergunto: o que você foi fazer com a Milena lá na clínica que a minha mãe tá internada? Em Marcelo surpreso com a pergunta. CENA 29. ap de otávio. sala. Interior. Dia. Giovanna recebe uma mensagem no celular e o pega para conferir. Jardel — (Off) Sua companhia foi muito agradável ontem. Espero poder contar com ela mais vezes. Abraço, Jardel. Giovanna guarda o celular e esboça um sorriso. CENA 30. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia. Heloísa esperando uma resposta de Marcelo. Heloísa — Anda, Marcelo! Fala alguma coisa! Por que você foi lá?! E com a Milena! Marcelo — Lembra daquela história do Dr. Coimbra? Heloísa — O amigo que o Rudá lembrou que frequentava a casa dos seus pais e que era pai da Milena? Lembro sim. O que ele tem a ver com a sua visita até a clínica. Marcelo — O Rudá descobriu que a morte do pai da Milena não foi um simples acidente como ela achava. Heloísa — Não seja prolixo, Marcelo. Vai direto ao ponto. Marcelo — Então. Nem o meu tio Gregório, nem a dona Bianca, mãe da Milena quiseram falar sobre o assunto. Deram explicações que não convenceram ela. Aí como a sua mãe e a minha mãe tinham sido muito amigas, talvez ela soubesse de algo sobre a morte do Dr. Coimbra. Heloísa — E o que esse Coimbra tem a ver com a minha mãe? Marcelo — Todos eles tinham contato um com o outro. Se não eram amigos íntimos, eles pelo menos conviviam no mesmo circulo social. Heloísa — Realmente... Eu não me lembro desse cara, mas a mãe e a tia Ana Carolina tinham muitos amigos em comum. Marcelo — Justamente por isso que a gente decidiu ir atrás da sua mãe na clínica. Pra descobrir se a Luísa sabia alguma coisa sobre a morte do Dr. Coimbra. Heloísa — E descobriram alguma coisa? Marcelo — Não. Heloísa suspira inconformada. Heloísa — (Enciumada) Isso só serviu pra vocês ficarem um tempinho juntos, né? Marcelo — Do que você tá falando? Heloísa dá as costas para Marcelo e vai subindo as escadas, deixando ele falando sozinho. Marcelo — Clara! Espera! Marcelo sobe as escadas atrás de Heloísa. CENA 31. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Dia. Heloísa entra no quarto. Logo em seguida Marcelo também entra. Marcelo — O que você quis dizer com aquilo lá embaixo? Heloísa — (Cara fechada) Nada, Marcelo. Nada. Marcelo — Eu to tentando ajudar uma amiga. O clima de discussão vai ficando cada vez mais intenso. Heloísa — Marcelo, a morte do pai dela é problema dela! Você não tem nada a ver com isso! Marcelo — Meu pai sumiu na mesma época que o Coimbra morreu. Talvez/ Heloísa — (Corta) Ah Marcelo! Me poupe de suposições infundadas! Marcelo — Não são infundadas, Clara! Heloísa — Então você acha o que? Que seu pai matou esse Coimbra e fugiu com você pra não ser preso? Marcelo — (Reage) Óbvio que não! E você nunca mais repita isso! Meu pai seria incapaz de fazer mal a uma mosca. Que dirá matar uma pessoa. Heloísa — Se não é isso, eu não vejo motivo algum pra o sumiço do seu pai e a morte do Coimbra ter alguma ligação. Marcelo — Mas eu não to afirmando que tem, Clara. Isso foi só uma possibilidade que eu levantei. Heloísa — A troco de que? De ter uma desculpinha pra ir junto com a Milena? Marcelo — (Tom) Cê tá com ciúmes da Milena? Heloísa — Não! Marcelo — Mas é o que parece. Heloísa — Eu não quero você com ela de novo! Marcelo — Você não tem que querer nada! Você é minha esposa e não minha dona. Heloísa — Eu não admito que/ Marcelo — (Corta) Quem não admite sou eu! Não admito que você atrapalhe a minha busca pela história dos meus pais. Eu não sei o que a morte do Coimbra tem a ver com a investigação que eu to fazendo. Mas é fato que ele e o meu pai eram amigos e talvez eu descobrindo um pouco mais sobre esse cara, eu consiga descobrir sobre os meus pais. (Pausa) Clara, se você quiser me ajudar nessa história eu vou ficar muito feliz, mas se não quiser, não tente atrapalhar. Marcelo sai do quarto. Em Heloísa com raiva. CENA 32. casa de giancarlo. quarto de yasmin. Interior. Dia. Porta do quarto aberta. Yasmin deitada e pensativa na sua cama, jogando uma bolinha para cima e pegando. Ela repete esse movimento algumas vezes. Giancarlo passa pelo corredor e vê a Yasmin deitada. Giancarlo — Yasmin. (Entra). Yasmin — (Senta na cama) Vô. Giancarlo — (Senta na cama) Tá tudo bem? Tava passando e achei você com uma cara tão séria. Yasmin — To preocupada. Giancarlo — (Brinca) Muitas preocupações que uma garota da sua idade deve ter né? Yasmin — (Ri) Para vô! É sério. To preocupada com a Milena. Giancarlo — Por que, meu bem? O que aconteceu? Yasmin — Eu sinto que ela não ta legal. Isso desde aquele dia que aconteceu alguma coisa na sala e ela não quis me contar. Giancarlo — Se ela não quis te contar, deve ter tido os motivos dela. Yasmin — Ela acha que eu sou criança! Mas eu não sou! Eu quero saber o que tá acontecendo. Giancarlo — Lindinha... Eu do alto dos meus setenta anos, prefiro não saber de algumas coisas que se passam dentro dessa casa. Escute quem tem anos de estrada... E de vivencia nessa casa! Muitas vezes é melhor continuar na ignorância, do que ser corrompido. Giancarlo dá um beijo no rosto de Yasmin e vai embora. Música: Hello – Martin Solveig Ft Dragonette. Yasmin deita novamente e volta a jogar a bolinha para cima. CENA 33. rio de janeiro. Exterior. Noite. Stock-shot da cidade ao anoitecer. O último take é da frente da casa de Ana Carolina. CENA 34. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Noite. Música: [Fade out]. Rudá, Aparecida e Dolores arrumados para sair. Marcelo entra na cozinha. Marcelo — Boa noite. Marcelo abre a geladeira e se serve de um copo d’água, até que percebe todos arrumados. Marcelo — Posso saber onde vocês vão assim? Dolores — Numa gafieira que tem lá na Tijuca, seu Marcelo. Marcelo — (Interessado) Gafieira é? Rudá — A gente vai lá de vez em quando. Pra dar uma relaxada. É muito bacana o lugar. Marcelo — Eu é que tava precisando dar uma relaxada. Rudá — Por que você não vem com a gente? Aparecida — Imagina se o patrão ai ir em programa de empregado? Marcelo — E por que não, Aparecida? Eu não sou de luxo, vivi muitos anos num casebre quase que no meio do nada. Rudá — Se quiser vir, o convite tá de pé. Marcelo — Gostei. Vou convidar a Clara. Me esperem. Marcelo sai da cozinha. Aparecida — Duvido aquela entojada querer ir. Rudá — (Repreende) Para de implicar com a dona Clara. Ela é um amor de pessoa. Aparecida — Só se for pra você. Dolores — Segura a língua dentro da boca, Aparecida. E começa a mexer o corpo... É hoje que eu me acabo de dançar. CENA 35. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Noite. Heloísa e Marcelo. Heloísa já falando. Heloísa — Gafieira? Que programa mais pobrinho. Marcelo — Que bobagem, Clara. O Rudá disse que é muito legal o lugar. O quê que custa a gente ir lá conhecer? Heloísa — (Cara fechada) Não sei. Não to afim. Marcelo pega na mão de Heloísa. Marcelo — O nosso dia não foi bom. Vamos pelo menos terminar ele de uma forma mais alegre. Você pode até não gostar de samba, mas pelo menos assim a gente areja a cabeça... E então? Topa? Em Marcelo esperando uma resposta de Heloísa. CENA 36. bairro das laranjeiras. ruas. Exterior. Noite. Bernardo caminha por uma rua pouco iluminada. Ele percebe que está sendo seguido e acelera o passo. Dá uma olhada para trás, mas não vê ninguém. Ao olhara novamente para frente ele se depara com um pivete armado com uma faca (o mesmo Pivete da cena 10 e que conversava com Heloísa). Bernardo olha para o pivete, um pouco apreensivo. Pivete — Ae! Presentinho pra tu! E o Pivete dá uma facada em Bernardo. Bernardo encara o pivete. Insert da cena 26 do mesmo capítulo: Bernardo pedalando pelas ruas do bairro quando de longe vê Heloísa conversando com um pivete de uns 16 anos, pobre e mal vestido. Bernardo para de pedalar e fica observando os dois. Bernardo — O que a Helô tá fazendo conversando com aquele faveladinho? Heloísa entrega dinheiro para o garoto. Volta à cena: Bernardo cai no chão sangrando. O pivete sai correndo. Ficamos em Bernardo caído e ensanguentado. CENA 37. ap de otávio. sala. Interior. Noite. Juliana entra da rua. Giovanna por ali. Giovanna — Ju, onde você tava até uma hora dessas? Tava começando a ficar preocupada. A cidade tá perigosa, cheia de marginais pelas ruas. Juliana — Eu sei me cuidar, mãe. Pode ficar tranquila. (Tom) Tá só você em casa? Giovanna — Não. Seu pai também tá. Juliana — To com fome. Tem alguma coisa pra comer? Giovanna — Sei lá. Vê se a Neide deixou congelada alguma coisa e se vira porque hoje é cada um por si. Juliana vai para a cozinha. CENA 38. gafieira. frente. Exterior. Noite. Tomada da frente da gafieira. Várias pessoas entrando animadas no lugar. CENA 39. gafieira. Interior. Noite. Local amplo. No meio do salão temos um grande espaço reservado para as pessoas dançarem. Em volta, várias mesas. A casa está cheia e em um dos cantos do salão, tem um palco, onde um grupo de samba toca para as pessoas dançarem. Aparecida e Dolores entram animadas. Um pouco mais atrás entram Rudá, Marcelo e Heloísa. Ela olha para tudo com cara de nojo, mas tenta disfarçar. Aparecida — Hoje a coisa vai tá animada! Dolores — Bora cair na pista, Cida. Meus pés já tão coçando pra sambar a noite toda. As duas vão para o meio do salão e lá cada uma encontra um par para dançar. Rudá — Eu vou apresentar pra vocês o dono da casa. (Procura) É só eu achar ele... Ah! Ali! Marcelo — Vem, Clara. Marcelo e Heloísa acompanham Rudá até Seu Coisinha (50 anos, cabelos castanhos e um chapéu panamá). Rudá se aproxima de Seu Coisinha fazendo festa, os dois se abraçam demonstrando amizade. Seu Coisinha — Rudá! Andava sumido! Achei que você tinha encontrado outro lugar e tinha me trocado. Rudá — (Ri) Nunca que eu ia fazer isso. E mais! Trouxe um pessoal pra conhecer a casa. (Apresenta) Marcelo, Clara... Esse é o dono da gafieira, Seu Coisinha. Marcelo — (Cumprimenta) Prazer... (Apresenta Heloísa) Essa é a Clara, minha mulher. Seu Coisinha cumprimenta Marcelo e logo em seguida faz o mesmo com Heloísa. Marcelo — (Não entende) Seu Coisinha? É apelido? Seu Coisinha — É apelido. Meu nome é complicado e quase ninguém lembrava. Então ficavam: ah vai ali falar com o seu... o seu... o seu coisinha lá. Aí o tempo passou, e o apelido ficou. Marcelo — E qual é o seu nome? Seu Coisinha — Nem esquenta em saber. Me chama de Seu Coisinha que eu atendo. (Tom) Querem dançar? Sentar? Tomar uma cerveja? Marcelo — Não to querendo me vangloriar, mas eu sou um ótimo dançarino. (Pra Heloísa) Vamos, amor? Heloísa — Eu sou péssima dançarina de samba. Não sei como é esse negócio de dois pra lá dois pra cá. Sou péssima. Seu Coisinha — Mas isso não é problema. Professores voluntários é que não vão faltar pra você. Isso é claro se o seu marido não se importar. Marcelo — Nem um pouco. Heloísa — Mas eu prefiro sentar, ficar olhando. Marcelo, se você quiser ir pro meio do salão dançar, pode ir. Rudá — (Pra Seu Coisinha) A Daiane tá aí? Seu Coisinha — Tá sim, Rudá. Vi ela agora pouco dançando com o Jamal. Rudá — Vou procurar ela. Rudá vai para o meio das pessoas sambando. CENA 40. ap de otávio. sala. Interior. Noite. Giovanna sentada no sofá, com o pensamento distante. Insert da cena 40 do capítulo 11: Giovanna e Jardel passeando no Jardim Botânico. Volta à cena. Juliana vem da cozinha com um pote na mão. Juliana — Mãe! Essa lentilha tá boa? Giovanna continua com o pensamento longe. Juliana — (Mais alto) Mãe! Giovanna — Que? Juliana — Isso aqui é de quando? Não tá estragada né? Giovanna não dá muita atenção para a filha. Giovanna — Não sei Juliana. Cheira pra ver se não tá. Juliana — Cheirar? Que coisa bizarra! Giovanna — Então come. Se você tiver uma intoxicação alimentar a gente te leva pra emergência. Juliana — Credo, mãe! Juliana faz cara de nojo e cheira pote com lentilha. Juliana — Prece tá bom. Juliana percebe Giovanna com o olhar distante. Juliana — Mãe... Que cara é essa? Tá acontecendo alguma coisa? Giovanna olha para Juliana, sem saber o que responder. CENA 41. gafieira. Interior. Noite. Grupo de samba tocando. Pessoas dançando, conversando e bebendo. Vamos até Rudá e Daiane (25 anos, negra, cabelos longos e lisos e corpo bem definido). Daiane — Achei que você tinha esquecido de mim. Rudá — Ô morena, nunca que eu ia faze isso. Eu tava morrendo de saudades desse seu gingando, (passa a mão na cintura dela) da sua pele, da sua boca. Rudá vai beijar Daiane, mas ela vira o rosto e dá um sorriso. Daiane — Foco na dança. Rudá — Meu único foco aqui é você. Não fica bancando a difícil. A gente não se vê a bastante tempo pra ficar com joguinho. Ou você não quer? Daiane — (Sorri) É claro que eu quero. Rudá beija Daiane. CENA 42. ap de otávio. sala. Interior. Noite. Continuação da cena 40. Juliana espera uma resposta de Giovanna. Giovanna — Acontecendo o que, Juliana? Tá louca? Juliana — Sei lá. Você tá tão estranha... Giovanna — Impressão sua. Não tá acontecendo nada. Juliana dá de ombros e vai para a cozinha. Giovanna fica ali, pensativa. CENA 43. gafieira. Interior. Noite. Grupo de samba tocando. Marcelo e Heloísa sentados, tomando uma cerveja e observando as pessoas dançarem. Marcelo — Você não quer ir mesmo lá? Heloísa — Não, se quiser, vai sem mim. Rudá se aproxima com Daiane. Marcelo — Daiane, esse aqui são os meus patrões: Marcelo e Clara. Eles vieram aqui pra conhecer a casa. Daiane — (Sorri) Prazer: Daiane. Marcelo se levanta e cumprimenta Daiane com um beijo no rosto. Heloísa não se levanta e apenas esboça um sorriso falso. Rudá — A Dai é a minha parceira quase exclusiva na dança. Às vezes eu tenho que dividir ela. Daiane — Aqui não tem exclusividade, você sabe. Rudá — Por falar em dividir, cadê o Jamal? Daiane — Tá ali. (Chama) Jamal! Jamal (30 anos, negro e careca) se aproxima. Rudá — (Cumprimenta) E aí, Jamal. Tudo bem? Jamal — Andou sumido. Rudá — Problemas... Mas agora to de volta. Daiane — (Pra Marcelo) Vocês vão ficar só aí sentados? Marcelo — Por mim eu já tava ali no meio, mas a Clara não sabe dançar samba muito bem. Jamal — Não seja por isso. Eu posso ensinar pra ela alguns passos. Heloísa — Não, obrigada. Fica pra próxima. Jamal — Tem certeza? Não me custa nada. Rudá — (Pra Daiane) Dai, leva o Marcelo. Ele tá doido pra cair no samba, não tá? Daiane — Vamos? Marcelo — (Olha para Heloísa) Você se importa. Heloísa balança a cabeça negativamente. Marcelo se levanta e vai com Daiane para junto das pessoas que estão dançando. Rudá e Jamal também se afastam, deixando Heloísa sozinha. Heloísa — (Revira os olhos) Olha só o que eu tenho que aguentar... Em Heloísa enojada. CENA 44. casa de gregório. sala. Interior. Noite. Tarsila por ali. Leandro vem descendo correndo as escadas e falando ao celular. Leandro — (Cel) E em que hospital ele tá?... Tá bem, to indo praí. Tarsila — O que aconteceu, filho? Leandro — Parece que o Bernardo foi assaltado e tá no hospital. Levou uma facada. Tarsila — (Surpresa) Meu Deus! E ele tá bem?! Leandro — (Saindo) Não sei. To indo pra lá agora. Tarsila — Manda notícias! Leandro já saiu. Em Tarsila preocupada. CENA 45. gafieira. Interior. Noite. Grupo de samba tocando. Daiane e Marcelo dançando junto de outras pessoas. Marcelo — Eu tava vendo você e o Rudá. Vocês são.../ Daiane — (Corta) Não! A gente não é nada não! Pelo menos nada sério. (Tom) E você? Curte samba de gafieira? Marcelo — Não tenho preconceito com gênero de música. Se eu gostar, eu escuto e eu danço. Daiane ri e concorda. O celular de Marcelo toca. Marcelo — Desculpa, eu vou atender. Marcelo atende. Marcelo — (Cel) Alô... Leandro? Corte descontínuo para Heloísa sentada. Marcelo se aproxima dela, nervoso. Heloísa — Que cara é essa? O que aconteceu? (Brinca) Pisou no pé da garota? Marcelo — (Sério) É sério, Clara. Aconteceu uma coisa com o seu irmão. Heloísa finge ficar surpresa e se levanta. Heloísa — (Finge) O que aconteceu com o Bernardo? Marcelo — Parece que ele foi assaltado e acabou levando uma facada. Heloísa — Ele morreu?! Em Heloísa ansiosa pela resposta. CENA 46. hospital. sala de espera. Interior. Noite. Leandro entra da rua e vai até a recepção. Leandro — Boa noite. Eu to procurando por um homem que entrou aqui vitima de um assalto. O nome dele é Bernardo Vargas. CENA 47. HOSPITAL. QUARTO. Interior. Noite. Bernardo deitado na cama do hospital com um curativo na região do abdômen. Ele aparenta estar um pouco cansado. Leandro entra. Leandro — Cara! Cê tá bem? Bernardo — To legal. Foi mais o susto. Parece que por sorte a facada não pegou nenhum órgão. Leandro — Sorte mesmo. Mas que loucura isso, né? O Rio tá muito violento mesmo, qualquer lugar que a gente vá, pode acabar acontecendo isso. Bernardo — Só que não foi um assalto, Leandro. Leandro — Como não? (Brinca) A facada foi gratuita? Bernardo — Tentaram me matar. Leandro — Isso é óbvio. O assaltante tentou te matar. Bernardo — Não! A Heloísa! Leandro — (Não entende) A Helô? (Tom) Cara, tá tudo bem com você? (Brinca) Já sei! Te deram morfina pra aliviar a dor, né? Dizem que esse negócio deixa a gente meio doidão. Bernardo — Eu não to louco, Leandro! To falando sério! A Heloísa não tá morta! Ela tá viva e fazendo todo mundo acreditar que ela é a Clara! Em Leandro surpreso. Fade Out. Música de Encerramento: I’m happy just to dance with you – The Beatles. |
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Relações Perigosas - Capítulo 12
Novela de Felipe Porto
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