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No capítulo anterior de Talismã: LÍVIA: - Mensagem? Não conheço esse número.
Lívia começa a ler a mensagem. Termina de ler, se mostra um pouco surpreso.
LÍVIA: - Encontro em sigilo... O que será que a Beatriz quer comigo?
PAULO: - Eu fiz o que deu, tive que rapar minha reserva. (deixa a maleta na mesa) Estão aqui, vinte e cinco mil. MARILU (abre a maleta, confere): - Ótimo! Estamos livres daquele verme do Romão. PAULO: - E eu estou zerado. Que legal. MARILU: - Deixa de ser mesquinha, Paulo! Tá na hora é de você se mexer e tratar de pegar logo essa empresa pra você. Tá muito lerdo, amigo! PAULO: - Vai nessa... Meus planos estão indo além. MARILU: - Como assim? PAULO: - Depois que o Romão pegar esse dinheiro e ir embora, eu vou me dedicar aos meus novos projetos. E com certeza, me darei bem. MARILU: - Que projetos são esses, Paulo? PAULO: - Também tenho meus segredos. MARILU: - Ih... Você não era assim, não hein!... Cheio de segredinho. PAULO: - Liga logo pro Romão, vamos agilizar isso de uma vez.
... ROMÃO: - Claro. Por favor, me dá licença porque eu quero/ PEREIRA (mostra o distintivo): - Polícia, meu caro. Você vai conosco é pra delegacia.
Romão tenta fugir, mas esbarra em Hugo, que impede sua fuga e ainda consegue pegar a maleta com o dinheiro. Pereira abre a maleta.
PEREIRA: - Nossa, quanta grana!... Quem andaria com todo esse dinheiro assim, pela rua? De onde veio isso tudo? ROMÃO: - Não sei do que vocês estão falando. Não sei de nada! JORGE: - Se ia fugir é porque tem culpa no cartório... Vamos lá pra delegacia. Tenho algumas perguntas pra fazer pra você.
Romão se mostra amedrontado.
LÍVIA: - Você é que precisa se afastar do Rafael, Beatriz! Ele não te ama mais! Não vai ser um filho que vai mudar isso! BEATRIZ (pega Lívia pelo braço): - Cala a boca, sua piranha! Se afasta do meu Rafael, senão eu sou capaz de uma loucura! LÍVIA: - Você tá ficando louca, Beatriz! Não sabe mais o que está dizendo! BEATRIZ (segura Lívia mais firme): - Faz o que eu estou mandando, Lívia. Vai ser melhor pra todo mundo!
Lívia olha apreensiva para Beatriz. Marilu, escondida, escuta toda conversa.
Marilu se aproxima, trazendo o chá.
MARILU: - Essa sua amiga, viu? Insistente, né? BEATRIZ: - Ela estava preocupada. MARILU: - Mas não vai ser preciso se preocupar. Eu estou aqui, cuidando de você. Agora toma esse chá, vai te fazer bem.
Beatriz bebe o chá de Marilu, que a observa, atenta.
...
Beatriz vai para o quarto. Marilu fica sozinha na sala. Sorri, maléfica.
Marilu pega o celular de Beatriz e escreve um SMS para o seu celular.
MARILU: - Pronto... Agora é só esperar.
Marilu pega sua bolsa e vai embora.
BEATRIZ (grita): - Rafael, eu preciso de você! ISABELA: - Tá bom, te encontro lá! (desliga o telefone) Ele está indo pra lá, encontrar a gente. BEATRIZ: - Eu não quero perder o meu filho, Isabela! Não quero! ISABELA: - Não vai acontecer isso, Beatriz. Fica calma!
Isabela dirige, aflita com o sofrimento da
amiga. LÍVIA (nervosa); - Eu não dei nada! Não fiz nada disso! Nem um copo d'água eu bebi na casa dela! Meu Deus!Muita coisa que tem aí é invenção! Eu não encostei um dedo nela! Ao contrário, foi ela quem me puxou! MARILU: - Vai querer colocar a culpa nela, Lívia? a Beatriz não faria isso, jamais! Você se sentiu ameaçada com essa gravidez, pode dizer... Teve medo de perder o Rafael. ISABELA: - Isso está ficando cada vez mais complicado de entender... LÍVIA: - Eu nunca me senti ameaçada com isso. (a Rafael) Rafael, essa história não é bem assim. RAFAEL: - Você não poderia ter agido dessa forma, Lívia. LÍVIA: - Mas eu não agi desse jeito! RAFAEL; - Já chega, Lívia! Para com isso! Está aqui, na mensagem da Beatriz! LÍVIA; - Você precisa acreditar em mim, Rafael! MARILU; - Novamente você causando tristeza, Lívia... LÍVIA: - Cala a boca, Marilu! ISABELA: - Gente, por favor! Estamos num hospital! Vamos manter a calma, o bom senso.
Rafael se aproxima de Lívia, a encara.
RAFAEL: - Se alguma coisa acontecer com a Beatriz, eu não sei se consigo te perdoar, Lívia. É a vida dela e do meu filho que está em jogo.
Lívia se surpreende com Rafael. Marilu observa tudo, atenta, satisfeita que o plano deu certo. |
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CAPÍTULO 34 |
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CENA 01. APTO RAFAEL. SALA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Lívia se surpreende com Rafael.
LÍVIA: - Rafael, eu não seria capaz de nada! Parece até que você não me conhece... RAFAEL: - Sinceramente, não estou conhecendo mesmo...
Lívia fica visivelmente chateada, se afasta de Rafael. Marilu observa, um tanto sarcástica. Isabela percebe.
ISABELA (aproxima-se de Marilu): - Tudo o que não precisava era essa discussão. MARILU: - Não sei não... Às vezes é preciso cortar o mal pela raiz. ISABELA: - Do que você está falando? MARILU: - A Lívia nunca foi uma boa companhia, pra ninguém. Muito menos para o Rafael. ISABELA: - E quem seria? MARILU (encara Isabela): - A Beatriz, é óbvio. ISABELA: - Vocês se tornaram muito amigas, não é? e em tão pouco tempo... MARILU: - Seu instinto jornalístico está bem aflorado agora, mas acredito que não seja uma boa hora para entrevistas... Com licença.
Marilu se aproxima de Rafael.
MARILU: - Calma, Rafael. Agora precisamos rezar pela Beatriz, manter a calma, serenidade. Discussões não levarão a nada.
Lívia, de longe, observa os dois. Isabela se aproxima dela.
LÍVIA: - Eu não fiz nada, Isabela. Eu seria totalmente incapaz de fazer mal à Beatriz, ainda mais com ela estando grávida. ISABELA: - Calma, Lívia. Rafael está de cabeça quente. LÍVIA: - Ainda mais com aquela cobra ao lado dele. Não acredito.
CENA 02. HOSPITAL. SALA EMERGÊNCIA. INT. NOITE.
Durante os procedimentos médicos, Beatriz tem complicações.
MÉDICO: - Não estou conseguindo controlar a hemorragia. ENFERMEIRA: - Batimentos cardíacos estão caindo. (chama outra auxiliar) Oxigênio!
Clima tenso. A equipe médica tenta controlar as complicações.
CENA 03. HOSPITAL. INT. NOITE.
Na sala de espera, silêncio. Rafael de um lado da sala, quieto. Marilu próxima a ele. Do outro lado, Lívia, pensativa. Isabela entra na sala, com um copo de chá.
ISABELA: - Essa angústia está me matando. Nenhuma notícia? RAFAEL: - Nada ainda. LÍVIA (para si mesma): - Esse clima... Já vivi isso antes...
De repente, o médico entra na sala.
MÉDICO: - Vocês que estão acompanhando Beatriz? RAFAEL: - Sim. ISABELA: - Como ela está doutor? MÉDICO: - Ela chegou aqui com sangramento muito forte. Na verdade, um aborto, que ainda vamos analisar se foi espontâneo ou não. não é normal uma hemorragia dessa gravidade... Infelizmente, durante o processo, a Beatriz não correspondeu às nossas expectativas.
Isabela se senta, Lívia se aproxima para ampará-la.
RAFAEL (nervoso): - Como está a Beatriz, doutor?! MÉDICO: - Nós não conseguimos reverter as complicações causadas pelo sangramento. Ela não resistiu.
Isabela chora, Lívia a abraça, consolando-a. Rafael se mostra desolado. Marilu fica surpresa.
MÉDICO: - Eu sinto muito, nós fizemos o possível para salvá-la.
O médico se retira, um tanto chateado pela tristeza que tomou conta da sala.
ISABELA (chorando): - A minha amiga... LÍVIA: - Como isso foi acontecer... MARILU: - Isso não teria acontecido se você não tivesse ido até lá e causado todo esse transtorno, Lívia. LÍVIA: - Eu não fiz nada! Cala a boca! RAFAEL (grita): - Chega, Lívia! LÍVIA: - Rafael, eu/
Rafael lembra-se da conversa com Marilu.
CENA 04. FLASHBACK. APTO RAFAEL. INT. NOITE.
MARILU: - A Beatriz estava feliz, mas um pouco preocupada, não sabia como lidar com a situação. E eu ali, tentando orientá-la. Mas a Lívia ouviu nossa conversa, entrou na minha sala. Disse impropérios diversos, coisas terríveis. A Beatriz, coitada, não sabia o que fazer. A gravidez da Beatriz é de risco, você sabia? RAFAEL: - Não! Ela não me disse nada disso... MARILU: - No meio daquela confusão toda, a Beatriz ficou totalmente abalada. A Lívia estava fora de si. Eu fiquei pasma. RAFAEL: - A Lívia?! MARILU: - Rafael, ela se mostrou uma pessoa totalmente diferente do que ela aparenta ser. Desejou inclusive que a Beatriz não tivesse a criança e disse que nada nem ninguém, muito menos uma criança, iria separá-la de você... Rafael, a Lívia estava transformada. MARILU: - A pessoa quando se sente acuada, Rafael, é capaz de qualquer coisa. Eu conheço a Lívia e não é de hoje. Confesso que tenho medo do que ela possa se tornar após a prisão...
CENA 05. HOSPITAL. INT. NOITE.
Volta à sala de espera.
RAFAEL: - Você nunca escondeu seu incômodo com a gravidez da Beatriz. Aliás, escondeu de mim. LÍVIA: - Eu só soube da gravidez por você, Rafael! RAFAEL: - É mentira! Você sempre soube. Inclusive tratou ela mal quando descobriu. Lívia, agora eu vejo que as suas palavras de carinho, amor, compreensão não foram tão verdadeiras como eu pensei. LÍVIA; - Você está me culpando por uma coisa que eu não fiz, Rafael. Eu não fiz nada! (encara Marilu) Foi você, não foi? Foi você que envenenou o Rafael contra mim! Fala! MARILU (finge): - Eu não fiz nada! LÍVIA (parte pra cima de Marilu): - Fala logo, sua cachorra! Fala! RAFAEL (segurando Lívia): - Lívia, para! LÍVIA: - Essa mulher quer acabar com a nossa felicidade, Rafael! RAFAEL: - Não! Você já está fazendo isso e não está percebendo! Ou melhor, percebe, mas não admite! LÍVIA (chocada): - Rafael! RAFAEL: - Já chega... Eu cansei... Não quero mais. LÍVIA; - Você está/ RAFAEL: - Acabou, Lívia. Acabou.
Lívia se entristece ainda mais. Marilu se controla para não demonstrar sua satisfação diante do ocorrido.
LÍVIA (aproxima-se de Rafael): - Você precisa acreditar em mim, Rafael.
Rafael vira o rosto para Lívia. Ela, desolada, vai embora. Marilu se aproxima de Rafael.
MARILU (abraça Rafael): - Eu também estou muito triste com a morte da Beatriz... Não sei como vai ser agora sem a minha amiga. RAFAEL: - Vai ser difícil para todos.
Rafael se afasta de Marilu, aproxima-se de Isabela, a abraça.
ISABELA: - Por que ela, Rafael? RAFAEL: - Eu não sei... A vida prega tantas peças na gente. Mas ela vai ser sempre lembrada pelos momentos bons. Sempre.
Os dois permanecem abraçados, sob os olhos atentos de Marilu.
CENA 06. CASA ADRIANA. SALA. INT. NOITE.
Marcos e Adriana, aconchegados no sofá da sala, assistindo TV, um filme. Marcos com a cabeça sob as pernas de Adriana, que lhe faz cafuné.
ADRIANA: - Ele não poderia ter feito isso com ela... Ela amava ele! MARCOS: - Mas ele fez isso pra salvar a vida dela, senão o vilão matava os dois. ADRIANA: - Ai, é tão triste fazer escolhas assim... MARCOS: - Assim como, por amor? ADRIANA: - Não... Falo nessas circunstâncias. Ou você vive ou dá sua vida por quem você ama. MARCOS: - Você não seria capaz? ADRIANA: - Não sei. O ser humano, dentro de situações extremas, é capaz de tudo. Acredito que eu seria sim. MARCOS: - ótimo, então eu posso estar em perigo e sei que você vai me salvar! Vou sair na rua sozinho agora e/ ADRIANA: - Não né! Também não é assim! (risos) MARCOS (risos): - Eu sei... Eu seria capaz sim, de trocar minha vida pela vida de quem eu amo. Ainda mais essa pessoa sendo tão especial, como você. ADRIANA: - Nossa, eu sou tão valorosa assim pra você? MARCOS: - Você não imagina o quanto...
Marcos senta-se no sofá. Os dois se olham.
MARCOS: - Casa comigo?
MUSIC ON: Joia Rara – Walmir Borges Adriana se surpreende com o pedido de Marcos.
ADRIANA (surpresa): - O quê?! MARCOS (ajoelha-se em frente a Adriana): - Adriana, meu amor, quer se casar comigo?
Adriana emociona-se com o pedido.
ADRIANA: - Você não tá falando sério... MARCOS: - Eu nunca falei tão sério em toda minha vida. ADRIANA: - Ai meu Deus... MARCOS: - E então, vai me deixar ajoelhado aqui por quanto tempo esperando sua resposta? (risos) ADRIANA (levanta-se): - Como assim! Não está disposto a tudo pela pessoa que ama? Alguns minutos, horas, dias, ajoelhado aí não vão te fazer desistir... Ou vão? (risos) MARCOS: - Não, jamais! ADRIANA: - Mas eu não vou ser maldosa não... Eu aceito me casar com você!
Marcos se levanta e pega Adriana no colo, gira com ela. Adriana se diverte. Os dois se beijam, apaixonados! MUSIC OFF.
CENA 07. CASA ROSA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Lívia chora nos braços de Rosa.
LÍVIA: - Foi horrível, Rosa! ROSA: - Oh, Lívia, não fique assim... LÍVIA:- Você bem que tentou me avisar... Mesmo assim eu fui. Não deveria ter ido. ROSA: - Você fez o que achava certo fazer. LÍVIA: - E agora? O que eu levo dessa história toda? Dor, desprezo, sofrimento... Rosa, eu não fiz nada contra a Beatriz, nada! ROSA: - Eu sei, Lívia! Eu sei que você seria incapaz de fazer qualquer coisa contra alguém. LÍVIA: - O Rafael não quer nem mais olhar na minha cara! Terminou tudo comigo, tudo!... Mas nada, nada me tira da cabeça que tem dedo daquela falsa da Marilu. Aquela mulher, ai que raiva! ROSA: - Calma, Lívia! LÍVIA: - Não dá pra ficar calma, Rosa!... Essa mulher é capaz de tudo! Com certeza ela fez a cabeça do Rafael. E ela estava muito amiguinha da Beatriz, como ela mesma disse. ROSA: - Marilu e Beatriz?! LÍVIA: - Pra você ver como é estranho. A Beatriz era toda se achando, tinha classe. Marilu não é ninguém! Com certeza ela se aproximou da Beatriz pra usar a coitada... ROSA: - Você acha que/ LÍVIA: - Não sei, Rosa... Não sei... Mas se a Marilu estiver envolvida na morte da Beatriz, eu vou descobrir! ROSA: - Por favor, vá com cuidado nessa história. Essa mulher pode te prejudicar. LÍVIA: - Você pode ver alguma coisa? ROSA: - Não posso ver nada... Mas eu sinto... Você precisa tomar cuidado. Resgatar o seu talismã. Ele te protege. LÍVIA (coloca a mão sobre o peito): - Meu colar... Desde que eu perdi só passo por maus bocados... ROSA: - Agora, você vai pra onde? LÍVIA: - O Rafael me deixou o documento pra expulsar o Alexandre da minha casa. Pretendo fazer isso o quanto antes. Pelo menos uma coisa boa na minha vida. ROSA; - Mas hoje você não vai fazer nada. Fique aqui. Amanhã, com a cabeça no lugar, você resolve o que precisa. LÍVIA: - Não quero incomodar, Rosa. ROSA: - Deixa de bobagem, Lívia! Você não incomoda em nada... LÍVIA: - Amanhã eu vou ao enterro da Beatriz. Não posso me conformar com o que aconteceu. ROSA: - Tem certeza? LÍVIA: - Não vou descansar se não fizer isso...
CENA 08. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER
Imagens de São Paulo ao amanhecer. Tons mais cinzentos, tempo nublado.
CENA 09. CEMITÉRIO. INT. DIA.
Corta para o cemitério. CAM mostra visão aérea. Enterro de Beatriz.
O caixão é colocado numa urna (as gavetas). Rafael, entristecido. Marilu se aproxima dele, discreta, coloca sua mão no ombro dele. Rafael não demonstra nenhuma reação. Elizabeth, Vitória, Isabela também entristecidas.
AGDA: - Era uma moça muito bonita. De caráter, integridade... CHARLOTE: - Eu a conhecia desde jovem, quando estudava ainda com a Isabela na USP. Pena uma vida assim, tão promissora acabar dessa forma trágica.
Isabela chora, Conrado se aproxima dela.
CONRADO: - O jornalismo paulistano perde uma grande profissional. ISABELA: - Eu perdi uma grande amiga.
Conrado coloca o braço sobre Isabela, confortando-a. Ela deita a cabeça sobre ele, aceitando seu carinho.
Rafael se aproxima do túmulo, ainda aberto, coloca sobre o caixão rosas brancas. Não diz nada. Usa óculos escuros. Por baixo das lentes, uma lágrima escorre sobre seu rosto. Rafael se afasta. Elizabeth aproxima-se do filho.
RAFAEL: - Eu poderia não estar mais com ela, não amá-la mais. Mas a Beatriz foi uma pessoa importante pra mim, mãe. ELIZABETH: - Eu sei, meu filho, eu sei... Sei que você também foi uma pessoa importante pra ela.
Marilu se aproxima.
MARILU: - Com certeza, onde ela estiver agora, ela vai olhar por você, Rafael. RAFAEL: - Ela ia me dar um filho... MARILU: - Ela estava muito feliz por isso.
De repente, Rafael percebe a chegada de alguém. Ele tira o óculos. É Lívia.
MARILU: - Eu não posso acreditar que ela veio até aqui depois de tudo!
Lívia se aproxima do caixão, deixa flores.
LÍVIA: - Eu só quero que você saiba, Beatriz, que eu nunca desejei nenhum mal pra você... Onde estiver agora, seja feliz.
Rafael se aproxima de Lívia, acompanhado de Elizabeth.
RAFAEL: - O que você está fazendo aqui? LÍVIA: - Eu vim me despedir da Beatriz. RAFAEL: - Se despedir ou comemorar? LÍVIA: - Por que você me trata desse jeito, como se eu tivesse culpa do que aconteceu?! ELIZABETH: - Ele só está te tratando como você merece, Lívia. Mais uma vez, provando que não vale nada... Provocar um aborto de uma gravidez de risco só comprovou que você é baixa! LÍVIA: - O que vocês estão fazendo comigo é uma injustiça. RAFAEL: - E o que você fez com a Beatriz? E comigo? É justo encerrar a vida de alguém dessa forma? ELIZABETH (se altera): - Você deveria era voltar para a cadeia. Assassina!
A discussão chama atenção das pessoas presentes.
MARCOS: - O que está acontecendo? VITÓRIA: - Estão discutindo! Aqui não... FABRÍCIO: - Sua mãe está bem alterada, Vitória. VITÓRIA: - Eduardo, por favor, faça alguma coisa antes que minha mãe se descontrole de vez!
Eduardo vai até Elizabeth.
MAYRA: - E quem disse que gente rica não dá barraco também? BRENO: - Por favor, Mayra... A situação é séria.
Mayra dá um risinho, e percebe que Fabrício a olha. Mayra provoca, faz charme para Breno. Fabrício desvia o olhar. Observando a discussão um pouco mais afastada, Marilu contém sua satisfação.
LÍVIA: - Eu não admito que fale assim comigo! ELIZABETH: - Você não tem o direito de admitir nada! Você chegou para arruinar as nossas vidas! Primeiro o Tarcísio, agora a Beatriz para atingir o Rafael! O que você quer afinal, hein, sua vagabunda? É dinheiro que você quer? É poder? LÍVIA: - Eu só quero ser feliz, nada mais! ELIZABETH: - Então vá ser feliz longe da minha família, do meu filho! Saia daqui! Vadia! Vagabunda!
Rafael tenta conter Elizabeth. Eduardo se aproxima, ajuda a controlar Elizabeth.
EDUARDO (segura Elizabeth): - Beth, por favor, controle-se! ELIZABETH: - Então manda essa infeliz sair daqui, agora!
Eduardo se afasta com Elizabeth.
RAFAEL: - Vai embora, Lívia! LÍVIA: - Você sabe que eu não fiz nada, Rafael... Você está sendo influenciado por ela, pela Marilu! RAFAEL: - Eu não sei de nada, Lívia. Vá embora.
As pessoas comentam.
AGDA: - Eu não sei de onde a Beth tirou esse sangue barraqueiro. DEMÉTRIO: - Eu sei... CHARLOTE: - Demétrio, por favor! AGDA: - Me poupe, Demétrio... DEMÉTRIO: - Esqueceu que o Alcides adorava uma briga? AGDA: - Alcides? Quem? DEMÉTRIO: - Esqueceu do falecido, Agda? CHARLOTE: - Demétrio, chega! Você que a Agda não gosta de/ DEMÉTRIO: - Lembrar que foi casada com um minerador? É uma profissão como qualquer outra. AGDA: - Pelo menos ele teve tino na vida e conseguiu virar dono da mina, abrir a empresa e juntar um bom dinheiro. Não só isso, soube multiplicá-lo... Tem gente que tem dinheiro e vai deixando por aí, pelos cantos, pelos ralos, pelas mesas e bancas de apostas...
Demétrio engole a seco.
AGDA: - Com licença. (saindo) CHARLOTE: - Quem diz o que quer, ouve o que não quer... DEMÉTRIO: - Eu não falei nada demais... CHARLOTE: - Não, claro que não... Imagina se tivesse dito!
Enquanto isso, Marilu se aproxima de Rafael e Lívia. Isabela chega logo depois, com Conrado.
MARILU; - Você não ouviu o que ele disse, Lívia? Vai embora. Você não é bem-vinda aqui. ISABELA: - Gente, chega de discussão, por favor! Aqui não é o lugar disso, não é o momento! CONRADO: - Calma, Isabela, olha o bebê! LÍVIA: - Eu vou embora sim... Mas eu sei que não tenho culpa de nada.
Lívia se afasta. Marilu se aproxima de Rafael.
MARILU (fala para Lívia ouvir): - Eu te avisei, Rafael, que ela era capaz de tudo.
Lívia para, vira-se para Marilu, que ri, cínica. Lívia com olhar cheio de raiva. Isabela se aproxima.
ISABELA: - Vai Lívia, é melhor. LÍVIA: - Eu vou sim, Isabela. Eu não posso é sair daqui sendo culpada por uma coisa que eu não fiz. ISABELA: - Está todo mundo de cabeça quente. Essa morte mexeu com a vida da gente... LÍVIA: - Menos da Marilu, que parece mais preocupada em consolar o Rafael do que ressentida com a morte da amiga. Amizade muito suspeita, aliás. ISABELA: - Eu também não nunca entendi muito bem essa amizade das duas.
Lívia pega Isabela pelo braço, a leva para um canto.
LÍVIA: - O que eu contar pra você aqui, jura que fica só entre a gente? ISABELA: - Calma, você ta nervosa. LÍVIA: - Promete Isabela, que vai me dar crédito? Que vai acreditar no que eu vou te falar?
Isabela concorda, acenando com a cabeça.
LÍVIA: - Você disse que não entendia a amizade da Beatriz com a Marilu. Eu também não. Nunca entendi essa aproximação repentina da Marilu com a Beatriz. Elas eram totalmente diferentes. ISABELA: - Eram mesmo. LÍVIA: - Pra mim, tem dedo da Marilu nessa história. ISABELA: - Lívia! Você acha que/ LÍVIA: - Isabela, por favor, acredita em mim!... (segura as mãos de Isabela) Eu não tenho certeza, não tenho como provar. Mas eu sinto que a Marilu ta envolvida nisso. Me dói só em pensar no que aquela sem vergonha pode ter feito. Mas nada me tira da cabeça que a Marilu armou alguma coisa. ISABELA: - Isso é grave! LÍVIA: - Por isso que eu peço que você acredite em mim, me ajuda... Essa mulher é perigosa! O Rafael perto dela, corre perigo, Isabela!
Conrado se aproxima.
CONRADO: - Seus pais já estão de saída, Isabela. Vamos?
Isabela solta-se de Lívia, mas sempre com os olhos fixos nela. Lívia também, sempre olhando para Isabela, na esperança de que acredite nela. Isabela sai com Conrado. Lívia vai embora.
CENA 10. DELEGACIA. INT. DIA.
Paulo, disfarçado, conversa com Romão numa sala reservada. (o mesmo disfarce que ele usou quando entregou a maleta com dinheiro). Os dois falam em tom baixo, para não serem ouvidos.
ROMÃO: - Posso dizer uma coisa? PAULO: - O que? ROMÃO: - Você tá ridículo com esse disfarce, mano! Poxa, poderia ter vindo pra cá normal! (risos) PAULO: - Você acha que eu vou expor a minha cara numa delegacia pra falar contigo? Vai se catar, Romão! ROMÃO: - Agora falando sério... e aí, cadê minha grana e meu advogado? Quando eu saio daqui? PAULO: - Calma aí, garotão. Eu falei com um amigo meu, advogado. Cara é fera, bom mesmo. Mas hoje ele não conseguiu vir, está ocupado com compromissos no Rio. ROMÃO: - Fera mesmo? PAULO: - Tu acha que eu ando com ralé?... Cara já tirou muito malandro como você da cadeia por aqui, no Rio, Porto Alegre, Salvador, Acre, Amazônia, todo esse Brasil. Até político em Brasília! ROMÃO: - Fala sério! E tu já viu algum político ir preso em Brasília?! PAULO: - É raro. Mas os poucos que foram, esse advogado tirou. Pra ti ver como ele é bom mesmo. ROMÃO (empolga-se): - Então eu to grandão! PAULO: - Praticamente fora da prisão, livre como um pássaro! ROMÃO: - E como se chama esse papa da liberdade dos mano sangue bom como eu? PAULO: - Stênio. ROMÃO: - Stênio.. Nome de gente inteligente!. PAULO: - É, bastante. ROMÃO: - Mas e aí, quando ele volta? E a minha grana?! PAULO: - Ele chega aqui amanhã mesmo, diz que vem direto pra cá. E pra você não desconfiar que eu to mentindo, ele mandou até isso aqui.
Paulo entrega uma sacola de papel para Romão.
PAULO: - E a sua grana, chega amanhã junto com ele. ROMÃO (olhando a sacola): - Livros... (mexe na sacola) Vinho?! PAULO: - Francês. Coisa de primeira. É pra brindar a parceria de vocês. E livros pra você se distrair até amanhã, quando estará na rua novamente. ROMÃO: - Cara, eu nem conheço esse homem aí e já sou fã dele! Livro eu não sei se vou ler. Na verdade, não sei ler direito. Agora vinho... Nunca tomei vinho francês. O máximo foi do Chicão do boteco do Ari, conhece? PAULO: - Chicão? Ari? Não. ROMÃO: - Pô, boteco mais famoso da zona norte. PAULO: - Eu raramente vou pra lá. E quando vou, não é em botecos que eu me entoco..Mas cuida pra ninguém ver você bebendo na cela! Senão vão te confiscar. ROMÃO: - E como é que eu vou passar pelo guarda com isso? PAULO: - Deixa comigo.
Paulo se levanta. Romão também, se despedem. Vão saindo da sala, quando o policial os aborda.
POLICIAL: - O que tem aí nessa sacola? PAULO: - Seu policial, nada de mais. Apenas livros para ele se entreter na cela... Pode ver!
Romão faz menção de tirar os livros, mas o policial se manifesta.
POLICIAL: - Não precisa mostrar nada. Só me acompanha até a cela. ROMÃO (a Paulo): - Valeu parceiro! A gente se vê lá fora!
Paulo sorri, acena para Romão, que é levado para a cela acompanhado do policial.
PAULO: - Vai para o inferno, traste...
Paulo vai saindo da delegacia. Seu bigode falso cai no chão. Ele abaixa-se para pegar e perde também o chapéu com a peruca. Ele se arruma rapidamente e sai, no mesmo instante em que Jorge e Pereira chegam, pelo outro lado. Jorge nota Paulo.
JORGE: - Mas o que/ PEREIRA: - O que foi? JORGE: - Parece que eu vi alguém saindo ali... PEREIRA: - Nada fora do normal, Jorge. A delegacia tá cheia. JORGE (para si): - O que será que veio fazer aqui...
Jorge fica pensativo.
CENA 11. DELEGACIA. CELA ROMÃO. INT. DIA.
Romão entra na cela, espera o policial se afastar. Ele vai até a grade. A galeria está vazia, ele está sozinho. Rapidamente, ele retira o vinho da sacola.
ROMÃO: - Tá grandão mano! Vinho francês, dinheiro chegando amanhã!... Quem te viu quem te vê, hein Romão!.. Mas eu vou abrir como esse vinho?
Vasculha na sacola, acha um saca-rolha.
ROMÃO: - Paulo é ridículo, mas não é burro...
Romão abre o vinho e bebe direto na boca da garrafa.
ROMÃO: - Poxa vida, que coisa boa!.. Vida de Rei!
Romão bebe mais uns goles. De repente, deixa a garrafa cair no chão. Cacos para todos os lados. Romão não se sente bem, coloca as mãos sobre o pescoço. Tenta respirar, escora-se na parede.
ROMÃO: - Veneno, droga!
Romão vai caindo, sem nenhuma reação.
ROMÃO (no chão): - Filho da mãe...
CENA 12. MANSÃO TARCÍSIO. INT. DIA.
Agda, Elizabeth, Eduardo, Fabrício, Vitória, Rafael e Marilu chegam na mansão. Marilu impressionada com a grandiosidade da mansão, muito bem decorada.
AGDA: - Eu gostava da Beatriz, mas não via a hora de acabar aquele enterro. Ainda mais depois do seu pequeno show, Beth. ELIZABETH: - Ah, mamãe!... Eu não poderia perder a oportunidade de dizer umas boas verdades na cara daquela infeliz... MARILU: - E fez muito bem, Beth. ELIZABETH (seca): - Elizabeth pra você. Aliás, o que está fazendo aqui na minha casa? Não pense que eu me esqueci de você! RAFAEL: - Ei, mãe, por favor! ELIZABETH: - Por favor digo eu, Rafael! Estou sendo obrigada a conviver com as amantes do seu pai, trabalhando na minha empresa, frequentando a minha casa, a minha família! O que é isso? Uma falta de respeito, de consideração! MARILU: - Eu sei que temos as nossas diferenças, mas/ ELIZABETH: - E são muitas diferenças, meu bem. Muitas. MARILU: - Eu não quero causar nenhum desentendimento entre vocês. Acho que é melhor eu ir embora. ELIZABETH: - Isso, vai mesmo! Vai procurar a sua turma. Ou melhor, se junta à Lívia. As duas oportunistas que destruíram meu casamento, a minha família! VITÓRIA (a Eduardo): - Por favor, Eduardo, leve a mamãe. Ela precisa descansar. Está abalada demais.
Eduardo aproxima-se de Elizabeth.
EDUARDO: - Vem querida, vamos para o quarto, descansar. ELIZABETH: - Eu estou precisando mesmo, Eduardo. Senão, a próxima a morrer sou eu! FABRÍCIO: - Credo, dona Beth! Não fala uma coisa dessas! ELIZABETH: - Então não siga o exemplo do seu sogro, nem do seu cunhado, Fabrício!
Eduardo leva Beth para o quarto. Marilu fica um tanto sem jeito. Rafael, na janela, observa o jardim. Agda se aproxima dele.
RAFAEL: - Ah, vovó... Não sabia que essa perda mexeria tanto comigo. AGDA: - Normal, meu filho. Ela era muito próxima. Estava esperando um filho seu. RAFAEL: - Eu ia ser pai... Sabe que até agora não caiu a ficha dessa possibilidade. AGDA: - Tem coisas na vida da gente que nos surpreendem sempre. Já outras, nem tanto. RAFAEL: - Como assim? AGDA: - Os ataques da sua mãe, por exemplo. Com a Lívia, agora com essa moça, Maria Luísa. RAFAEL: - Tudo ainda por ciúmes por causa do meu pai. AGDA: - Mas garanto a você que essa moça está aqui não por causa do seu pai. É por sua causa. RAFAEL: - A senhora tá insinuando que/ Não, vovó. A Marilu só está me dando o apoio, como amiga apenas. Ela era amiga da Beatriz, está sentida também. AGDA: - Rafael, meu tempo de vida me fez aprender muitas coisas. E uma delas é que a gente precisa saber a observar. Muito. E eu sei bem o que eu vejo. RAFAEL: - Será que a sua observação não pode estar errada agora? AGDA: - Reze para que esteja. Porque se eu estiver certa, não quero estar perto quando surgirem as consequências... Seja feliz, meu neto, você tem todo esse direito e merece. Merece muito! Agora, escolha bem com quem você quer compartilhar essa sua felicidade.
Agda se afasta.
VITÓRIA: - Está tudo bem, vovó? AGDA: - Tudo sim, querida. Vou pro meu quarto também, ler um bom livro... Tirar da cabeça esses pensamentos cinzas que estão rondando a minha cabeça.
Agda sai. Marilu se aproxima de Rafael.
MARILU: - Inútil perguntar como você está... RAFAEL: - Sofrendo não é?... Assim como você também. MARILU: - Claro... Muito! A Beatriz virou uma grande amiga pra mim. RAFAEL: - Olha, Marilu, essas palavras da minha mãe/ MARILU: - Não precisa falar nada, Rafael. Eu entendo que ela esteja se sentindo enganada, enfim... O que eu não quero é causar nenhuma briga na família. RAFAEL: - Obrigado pela sua compreensão. MARILU (segura a mão de Rafael): - Eu estarei sempre do seu lado, para o que você precisar.
Os dois trocam olhares. Marilu o solta.
MARILU: - Eu agora preciso ir pra casa. RAFAEL: - Eu levo você. MARILU: - Imagina, Rafael! Não precisa/ RAFAEL: - Faço questão.
Marilu sorri, agradecida. Ela se despede de Vitória e Fabrício, apenas acenando. Rafael abraça a rima e o cunhado, e sai.
FABRÍCIO (irônico): - Que dia que começou bem. VITÓRIA: - Nem me fala... Eu, que já tenho poucas amigas, agora perco uma. É triste, né? FABRÍCIO (abraça Vitória): - Por que a gente não sobe também, descansa. Vai ser bom.
Vitória concorda e vai subindo as escadas com Fabrício.
CENA 13. CASA ALFREDO. INT. DIA.
Inês recebe Nice e Moisés em sua casa.
NICE: - Obrigada por receber a gente, dona Inês. MOISÉS: - Mesmo depois daquela humilhação lá na mansão. INÊS: - Imagina que eu iria deixar vocês desamparados. Eu tenho plena confiança no seu caráter, Nice. Sei que você seria incapaz de mexer no que não é seu. NICE (contém as lágrimas): - É triste passar por uma situação assim, num lugar onde você trabalhou durante anos, sempre de forma digna, honesta... MOISÉS: - Calma, Nice... INÊS: - Olha, eu chamei vocês aqui, e até agradeço por terem vindo, porque eu quero ajudá-los. MOISÉS: - Ajudar? INÊS: - Sim. Eu sei que vocês não têm culpa de nada. E que, com certeza, isso tudo tem a mão do Eduardo. NICE: - Dona Inês, o doutor Eduardo é seu irmão, ele/ INÊS: - Eu sei bem do que aquele lá é capaz de fazer, Nice. De doutor, ele não tem nada... E digo isso por experiência própria. Já cheguei ao fundo do poço por causa dele. MOISÉS: - Deve ser triste dizer isso de um irmão. INÊS: - Você não sabe o quanto me dói, Moisés. Mas é a verdade, não tem como fugir... Por isso que eu chamei vocês aqui. Não acho justo vocês sofrerem por causa de alguém que não vale o que come... Eu quero que vocês trabalhem aqui em casa. NICE: - A senhora está nos oferecendo emprego? INÊS: - Isso mesmo, Nice. A casa é grande, eu já não consigo dar conta sozinha, mesmo com a diarista. E estamos precisando de alguns serviços no jardim, pequenas manutenções. Vocês dois são ótimos profissionais e eu gostaria muito de tê-los aqui comigo. Eu e o Alfredo. Quando eu falei pra ele, prontamente aceitou. MOISÉS: - Dona Inês, eu nem sei o que dizer... NICE: - Eu também não... INÊS: - Apenas digam sim e aceitem minha proposta. (risos) MOISÉS: - Então a gente aceita, não é amor? NICE: - Sim, claro que sim! INÊS: - Que bom! Fico muito feliz, de verdade!... Quero que fiquem à vontade no novo emprego, vamos conversar dos valores e das instalações de vocês. NICE: - E quando a gente começa, dona Inês? INÊS: - Amanhã mesmo, se preferirem. NICE: - Mas é claro! MOISÉS: - Muito obrigado pela oportunidade, dona Inês. Nem sei como agradecer. INÊS: - Me agradeça sendo a mesma pessoa que sempre foi, Moisés, atencioso, cuidadoso... E não se preocupem. Justiça será feita e nós vamos saber se foi ou não foi o Eduardo quem armou tudo aquilo contra vocês. Podem ter certeza que eu estarei do lado de vocês para o que der e vier, sempre.
Nice e Moisés se mostram felizes com o apoio de Inês.
CENA 14. PENSÃO BEM QUERER. INT. DIA.
Lívia visita o pessoal na mansão.
ALAÍDE (abraçada em Lívia): - ai, minha filha! Você não sabe o quanto eu rezei por você! LÍVIA: - Obrigada, dona Alaíde. Agradeço muito, o apoio de vocês. OSCAR: - Bom ver você longe das grades, Lívia. TATIANA: - A gente sabe que você não teve culpa de nada. LÍVIA: - Vocês não sabem o quanto foi triste estar lá... Mas, a força de vocês é que me fez seguir adiante. Sem isso, eu não aguentaria. Não mesmo.
Carla chega na sala.
CARLA: - Lívia! LÍVIA: - Carla!
As duas se abraçam.
CARLA: - O que foi, o que aconteceu? LÍVIA; - Eu preciso falar com você, amiga. CARLA: - Claro, vamos lá no quarto. LÍVIA (aos outros): - Com licença, gente. ALAÍDE: - Pode ir minha filha.
Carla e Lívia saem.
OSCAR: - Ela está com o rosto abatido. TATIANA: - Também pudera, passar uns dias na cadeia... ALAÍDE: - Só espero que ela não passe por maus bocados novamente... essa menina precisa de luz. OSCAR: - Falando em luz, já arrumou nossas malas pra viagem? Bastante roupa leve, clara, pra luz do sol poder tomar conta da nossa pele! TATIANA: - Não esqueçam do protetor solar! ALAÍDE: - Foi a primeira coisa que eu coloquei na mala!
Os três seguem conversando.
CENA 15. PENSÃO BEM QUERER. QUARTO CARLA. INT. DIA.
Lívia e Carla conversam.
CARLA (chocada): - Meu Deus, Lívia! Quer horror! A Beatriz... LÍVIA: - Morreu, Carla. E o pior é que estão achando que foi eu quem provoquei o aborto, o sangramento, tudo... Carla, eu não tive culpa de nada, eu juro! CARLA: - Calma, Lívia! Eu sei que você seria incapaz de uma coisa dessas!... Mas nem o Rafael te defendeu? LÍVIA: - Foi a maior decepção de todas... CARLA: - Não acredito... Depois de tudo! LÍVIA: - Mas ele está balançado, Carla. Eu sei disso. E sei também quem é que está fazendo a cabeça dele contra mim. CARLA: - Quem? LÍVIA: - A Marilu. CARLA: - Marilu? LÍVIA: - A assistente da diretoria lá da empresa, lembra? CARLA: - Acho que já vi ela sim, uma mulher meio entojada, não é? LÍVIA: - Uma víbora!... Ela me odeia desde a época do Tarcísio. Era amante dele quando ele me conheceu. Essa mulher é perigosa, é capaz de tudo pra conseguir o que quer, pra me derrubar!... CARLA: - E o Rafael tá ficando do lado dela, é isso? LÍVIA: - Está sendo influenciado por ela, quase que manipulado completamente!... E eu tenho certeza que ela tá por trás dessa história toda da Beatriz. CARLA: - Você acha que ela/ LÍVIA: - Deus me livre pensar numa coisa dessas. Que um ser humano seria capaz de provocar a morte de alguém pra atrapalhar outra pessoa. Mas nada me tira da cabeça que ela está envolvida nisso. CARLA: - Mas então porque você não diz isso de uma vez pro Rafael? LÍVIA: - Mas eu preciso provar, Carla! Não adiante chegar lá e dizer pra ele o que eu acho... E se eu fizer isso, ele não vai acreditar. Ele acha que eu estou implicando com ela por causa da época do Tarcísio... ai amiga, eu não sei mais o que fazer! CARLA: - O que a gente precisa é parar e pensar num jeito de pegar essa Marilu de jeito. LÍVIA: - Eu não aguento mais tragédia na minha vida. (senta-se na cama, tenta não chorar) CARLA (senta-se ao seu lado): - Oh, minha amiga... É só uma fase ruim. LÍVIA: - Mas que está demorando pra passar... CARLA: - Você vai ver que está perto de acabar. Vai chegar a luz no final desse túnel, você vai ver.
Nesse instante, Jonas entra no quarto.
JONAS: - Lívia! LÍVIA (levanta-se): - Jonas...
Ele vai até ela, a abraça fortemente. Lívia sente-se aliviada.
JONAS: - Eu não via a hora de poder te abraçar, sentir você... LÍVIA: - Jonas... (se afasta) Você é especial pra mim. JONAS: - Bom ver você aqui. LÍVIA: - Eu vim aqui pra ver o pessoal da pensão. E também falar com a Carla... Aliás, bom ter vocês aqui. Eu preciso de ajuda. CARLA: - Ajuda? Pra quê?
Lívia retira da bolsa um envelope.
LÍVIA: - Aqui está uma das cópias autenticadas do documento que comprova a fraude na procuração do Alexandre. Ele forjou aquele documento pra ficar de posse do Pedro e da minha casa. JONAS: - Mas que ótimo! LÍVIA: - Eu quero ir lá agora, esfregar isso na cara dele. Mas queria que vocês fossem comigo. CARLA: - Mas é claro que eu vou! JONAS: - Eu também! Aquele cara vai ter o que merece. LÍVIA: - E eu terei minha casa e meu filho, que eu amo tanto, de volta, perto de mim.
CENA 16. APTO MARCOS. INT. DIA.
Marcos chega em casa. Onira entra na sala, vindo da cozinha.
ONIRA: - Não sabia que você ia vir almoçar. Acabei de lavar a louça, mas se quiser eu posso esquentar pra você e aí/ MARCOS: - Não, mãe, obrigado. Eu não vim comer não. Eu quero falar com você. ONIRA: - O que foi? MARCOS (sentando-se): - Senta aqui comigo, mãe.
Onira senta no sofá, ao lado do filho.
ONIRA: - O que foi, Marcos? MARCOS: - Eu quero dizer uma coisa muito importante pra senhora. ONIRA: - Você está me deixando preocupada, meu filho! Fala logo, o que aconteceu?! MARCOS: - Eu e a Adriana vamos nos casar.
Onira fica sem reação, encarando Marcos.
MARCOS: - Eu pedi a mão dela em casamento e ela aceitou.
Onira levanta-se do sofá, expressão séria. Caminha até o outro lado da sala, lentamente.
MARCOS (levanta-se); - Eu achei que seria muito bom da minha parte, vir aqui comunicar você sobre isso. ONIRA: - Quanta consideração... MARCOS: - Mãe, eu/ ONIRA: - Não fala nada!... Não fala! Eu não quero ouvir uma palavra que venha da sua boca sobre esse assunto, está ouvindo? Uma palavrinha se quer! MARCOS: - Mãe, por favor! Eu vim aqui com todo o respeito e amor que eu tenho por você, pra dizer uma notícia importante pra mim, pra minha vida! E você me trata desse jeito? ONIRA (ri, debochada): - E você quer que eu faça o quê, Marcos? Solte fogos de artifício? Dê pulos de felicidade, grite na janela que estou morrendo de felicidade?! Eu posso até fazer isso, gritar na janela... Mas vou gritar que estou morrendo de desgosto. MARCOS: - Não fala assim... ONIRA: - Nenhuma mãe cria um filho pra ele seguir esse caminho. MARCOS: - Que caminho, mãe? Não estou fazendo nada de errado! ONIRA: - Está enterrando sua vida, Marcos... É uma lástima enorme pra mim ver isso e não poder fazer nada. MARCOS: - Você está sofrendo porque quer! ONIRA: - Eu estou sofrendo porque estou vendo você entregar sua vida pra uma pessoa que não te merece, meu filho! MARCOS: - Não merece por que? Por que é negra, é isso? ONIRA (grita): - Porque essa pele suja nunca foi merecedora de nada!
Marcos se cala, perplexo.
ONIRA: - Essa gente escura só merece o pó, a terra, o desprezo, a ignorância! MARCOS: - Vejo que a ignorância não é apenas pra eles... Você está sendo um exemplo clássico do ponto insano que a ignorância, o preconceito leva uma pessoa. ONIRA: - Então você quer me dizer que o Brasil é ignorante? O país inteiro? Porque o Brasil concorda comigo. MARCOS: - O Brasil?! Você não pode estar falando sério... Talvez tenha razão. Há no Brasil ainda muito preconceito, velado, o mais cruel de todos... Mas graças a Deus existem pessoas conscientes, gente inteligente, que sabe que a cor da pele não indica caráter, capacidade, humanidade. ONIRA: - Foi essa raça maldita que acabou com o futuro do país. É histórico Marcos... E vai acabar com a sua vida também. MARCOS: - Já chega. Eu não vou ficar aqui discutindo com você... Já vi que não foi boa ideia eu vir aqui te falar sobre o casamento... Eu só queria que você estivesse do meu lado no altar, pelo menos. Estivesse comigo no dia que será muito especial na minha vida.
Onira se aproxima de Marcos, acaricia o rosto do filho.
ONIRA: - Não me peça o impossível. Não me peça aquilo que eu não vou conseguir suportar... Não quero estar presente no dia em que a sua vida será desgraçada.
Marcos se afasta, contendo as lágrimas, abre a porta do apto e sai sem se despedir, sem dar ouvidos à sua mãe.
ONIRA: - Não me peça para ver o seu fim, Marcos! (chora) Eu não quero ser testemunha da sua infelicidade!... Ela não vai te fazer feliz! (grita) Essa negra fuleira não vai te fazer feliz!
Onira, exausta, joga-se sobre o sofá, chora.
CENA 17. SHOPPING. INT. DIA.
Breno e Mayra passeiam no shopping. Várias imagens dos dois fazendo compras, entrando nas lojas e saindo cheios de sacolas.
Corta para eles fazendo um lanche na praça de alimentação.
MAYRA: - Que ótimo que você conseguiu uma folguinha. BRENO: - Bom mesmo... Gostando de ficar perto de mim? MAYRA: - Também, mas é que senão ia ficar ruim pra eu conseguir carregar todas essas sacolas de compras sozinha. (risos) BRENO: - Ah é assim? Eu sou um mero carregador?! MAYRA: - Claro que não, meu amor! (o beija) Estou adorando a sua companhia. Me traz paz, segurança, sabia?... Finalmente eu achei um homem de verdade, sabe? Com H maiúsculo! BRENO: - Diz isso porque os outros relacionamentos não eram com caras mais velhos? MAYRA: - A questão não é ser mais velho ou não. Você não é tão mais velho assim. Mas tem mais atitude. Realmente uma postura mais de homem e não de moleque. Estou pelas tampas com esses caras que se acham os bons, mas no fundo, não são de nada! BRENO: - E você me parece bem madura pra sua idade. MAYRA: - Acha mesmo? BRENO: - Acho. MAYRA: - Eu também acho. BRENO: - Madura e convencida. MAYRA: - Convencida?! BRENO: - É, bastante! (risos) MAYRA: - Ah, só um pouquinho... (risos)
Os dois riem.
BRENO: - Eu nem falei pra você, porque é pra ser surpresa... MAYRA: - Não falou o quê? BRENO: - Que vou te levar pra jantar lá em casa hoje. MAYRA: - Hoje?! BRENO: - Sim. quero que conheça meus pais. MAYRA: - Deus do Céu! Eu não tenho roupa! BRENO: - Mas e essas roupas todas que você comprou agora!?! MAYRA: - Isso aqui é só coisa básica, meu amor!... Para um primeiro jantar, conhecendo os seus pais assim, mais de perto, eu preciso de uma roupa mais formal. BRENO: - Não precisa nada formal não! MAYRA: - Precisa! Pelo pouco que você falou dos seus pais, eles são elegantes. Eu preciso estar bem. Falando nisso, vi numa loja um vestido tão lindo! Acho que combina pra ocasião de hoje. Viu, foi bom você me falar do jantar, senão eu ia ir maltrapilha conhecer os seus pais! BRENO: - Que exagero! Você é linda de qualquer jeito, com qualquer roupa. MAYRA: - Vamos lá comprar o vestido! Vem, antes que levem!
Mayra puxa Breno, que se apressa para pegar as sacolas de compras e sair com ela.
CENA 18. APTO CONRADO. INT. DIA.
Conrado chega em casa e encontra Sarah deitada no sofá, relaxada.
CONRADO: - Olá... SARAH: - Você saiu cedo e nem me disse onde foi! Fiquei preocupada! CONRADO: - Ficou é? Nem parece... (caminha até a mesa onde estão algumas contas, abre os envelopes) SARAH: - Claro que eu fiquei!... Não parece, mas eu me preocupo com você, Conrado. CONRADO (estarrecido): - Você deveria era se preocupar com os seus exageros! SARAH (levanta-se): - Ei, do que você está falando? CONRADO: - Estou falando da conta do meu cartão de crédito! Você ultrapassou, estourou, hiperfaturou o meu limite! Você está louca, Sarah? SARAH: - Meu querido, dinheiro é feito pra gastar. E eu nem gastei tanto assim, foi só umas comprinhas. CONRADO: - Comprinhas pra quê? Para o bebê? SARAH: - Claro que não né querido, foi pra mim. Coisas básicas. CONRADO: - Desde quando uma bolsa da Versace é básico pra você, Sarah?! Se quisesse uma bolsa, comprasse na Vinte e Cinco, poxa! E com o seu dinheiro! SARAH: - Como meu dinheiro?! Esqueceu que eu, com essa barriguinha aqui, já não posso mais trabalhar, querido?! E você, como pai do meu filho, deve/ CONRADO: - Devo honrar com as responsabilidades da criança e não da mãe dela!... (senta-se, procura se acalmar) Olha só, Sarah, você precisa entender uma coisa. Não é porque eu tenho uma boa condição de vida, que eu sou dono de uma das revistas mais lidas da cidade... Não é por causa disso que eu posso gastar o meu dinheiro por aí, extrapolar todos limites dos cartões. Não é assim que a coisa funciona. SARAH: - Sabe como eu chamo isso? Egoísmo! CONRADO: - Eu já chamo de controle! Porque se não tiver controle, amanhã eu não tenho nem pro ônibus! SARAH: - Agora quem está exagerando é você. CONRADO: - Não inverta as coisas! Você está entendendo muito bem o que eu estou falando. E agora você vai ouvir. Ou você para com essas futilidades e começa a tomar jeito, ou então vai ter que ver outro lugar pra ficar. Está ouvindo? SARAH: - Conrado! Está prometendo expulsar de casa a geradora do seu herdeiro? CONRADO: - Estou. E não tenho pena nenhuma dela.
Sarah fica chocada. Conrado vai para o seu quarto.
SARAH: - Gente, será que ele tá falando sério?
CENA 19. DELEGACIA. INT. DIA.
Na delegacia, Hugo passa pela galeria das celas, quando vê o corpo de Romão caído no chão. Os cacos da garrafa de vinho espalhados.
HUGO: - Droga! (grita) Ajuda aqui!
Hugo rapidamente entra na cela, se aproxima do corpo de Romão. Outro policial chega na cela.
POLICIAL: - O que aconteceu com ele? HUGO: - Chama o Jorge o Pereira, rápido.
O policial sai. Hugo examina Romão, percebe que está morto. Ela fica analisando os cacos de vidro, a sacola vazia.
HUGO: - Como isso?...
Jorge e Pereira chegam ao local.
JORGE: - O que foi? HUGO: - Apagaram o cara. PEREIRA: - Como assim?! HUGO: - Apagaram, poxa!... Veneno, só pode.
Jorge observa o vinho no chão.
JORGE: - Deixaram entrar com isso aqui? HUGO: - Alguém deve ter se descuidado. JORGE: - Mas não poderia, poxa!... Quem é que estava cuidando aqui? PEREIRA: - Josias. JORGE: - Chama ele. Na minha sala daqui a 5 minutos. HUGO: - E o corpo aqui? JORGE: - Chama a perícia, IML. Eles se encarregam disso... PEREIRA: - Agora, se é verdade que tentaram apagar o cara/ JORGE: - É porque ele sabia de muita coisa.
CENA 20. DELEGACIA. SALA JORGE. INT. DIA.
Jorge, Pereira e o policial Josias.
JORGE: - Como aquilo tudo entrou na cela, Josias? JOSIAS: - Ele disse que eram livros. E eu vi mesmo alguns na parte de cima. PEREIRA: - E não fez a revista mesmo assim? JOSIAS: - Achei que estava falando a verdade. JORGE: - Josias, aquele cara era um bandido, da pesada. Não podia acreditar numa vírgula sequer! Sabe pelo menos quem trouxe o material? JOSIAS: - Era um senhor, um pouco mais velho. JORGE: - E tava vestido como? JOSIAS: - Calça preta, casaco cinza... Chapéu. JORGE: - Tinha um bigode? JOSIAS: - Tinha sim. PEREIRA: - Alguma pista, Jorge? JORGE: - Eu falei que tinha peixe grande na área... (saindo) Vem comigo, Pereira.
Jorge e Pereira saem apressados.
CENA 21. APTO PAULO. INT. DIA.
Paulo em seu apto, nervoso, arruma algumas roupas numa mala. Tudo muito apressado, expressão nervosa. Vai até seu guarda-roupas, pega um baú, abre com uma chave. Retira de lá o colar de Lívia. A pedra brilha forte.
PAULO: - Espero que isso signifique alguma coisa!... Eu vendendo, consigo uma boa grana e me livro da polícia, de tudo!... Droga! Preciso pegar o que restou no meu cofre da Amaro!... Mas antes/
Paulo guarda o colar no bolso do casaco. Pega o celular, disca.
PAULO (ao telefone, nervoso): - Atende Marilu!
CENA 22. APTO MARILU. INT. DIA.
Marilu é acompanhada por Rafael até seu apto. Seu telefone começa a tocar. Ela se mostra apreensiva.
RAFAEL: - Não vai atender? MARILU: - Vou sim...
Marilu olha a chamada. É Paulo. Ela atende. Cena alternada entre eles.
MARILU (ao telefone, fingida): - Alô? PAULO: - Até que enfim atendeu esse telefone! Eu preciso falar com você? MARILU: - Desculpa moça, mas eu não estou interessada. PAULO: - Do que você está falando? O assunto é sério! Eu acho que dei um fim nele! MARILU: - Não moça, não quero mesmo. Quem sabe liga numa outra, tá bom? PAULO: - Para com isso! Me escuta! Eu preciso da sua ajuda! MARILU: - Passar bem. (desliga) RAFAEL: - Serviços de vendas? MARILU: - Eles vendem de tudo... Agora estavam querendo me empurrar uma TV por assinatura. Não estou com cabeça pra isso. Eu nem paro em casa, tenho trabalho bastante. RAFAEL: - Isso foi uma reclamação? (risos) MARILU: - Ah, não! Claro que não! (risos) Na verdade, eu estou até gostando desse novo rumo que tomei na minha vida... Trabalhar, adquirir coisas novas... RAFAEL: - Falando nisso, e o seu carro? Não vi ele na garagem quando chegamos... MARILU: - Meu carro?! Deu problema, acredita? Tive que deixar na oficina... Faz parte né? (vai até a cozinha) aceita um café? RAFAEL: - Não, não, obrigado. Não quero atrapalhar, você deve estar querendo descansar agora. MARILU: - Imagina! Você veio até aqui, me trazer. Faço questão. E é rapidinho. Solúvel, só esquentar a água no microondas!
Rafael caminha pelo apto, observa o local. A decoração é simples, não há grandes luxos. Observa uma fotografia de Marilu, linda, totalmente sensual no palco da Age Aquárious. Ele fica a olhar a foto. Marilu volta da cozinha com o café e se mostra surpresa com Rafael observando a foto.
RAFAEL: - Onde foi isso? MARILU: - Um book, inspirado no musical Cabaré. RAFAEL: - Interessante. Pelo visto você pegou bem o clima. MARILU: - Você achou? Eu achei que ficou tão falsa... Está aqui seu café.
Os dois pegam as xícaras, sentam-se no sofá.
RAFAEL: - Está ótimo. MARILU: - Fiz o melhor que eu pude em tempo recorde! (risos) RAFAEL: - Você e a Beatriz ficaram muito próximas, não é? MARILU: - Muito... Pra mim foi ótimo ter a Beatriz como amiga. Era uma pessoa muito especial. RAFAEL: - Pena tudo isso acabar dessa forma. MARILU: - Se não fosse a Lívia...
Rafael olha sério para Marilu.
MARILU: - Desculpa, Rafael, mas você viu como tudo aconteceu. A Lívia se tornou uma pessoa totalmente descontrolada! Ela não admitia ter que dividir você com outra pessoa. RAFAEL: - Mas ela não iria me dividir! MARILU: - Ela não queria ter que compartilhar a sua atenção com um filho. RAFAEL: - Isso seria muito egoísmo. MARILU: - Foi o que ela fez comigo e com o seu pai, com a sua mãe, sua família. Não seria diferente com você. RAFAEL (levanta-se): - Você fala como se a Lívia fosse uma pessoa maldosa, leviana. É difícil de acreditar. MARILU: - É difícil mesmo, ainda mais no seu caso, que esteve envolvido com ela. Apaixonado talvez...
Rafael desvia o olhar, consentindo.
MARILU: - Mas eu posso te falar com toda propriedade do mundo, Rafael. Eu conheci a Lívia e sei bem do que ela é capaz de fazer pra se dar bem... Não estou falando isso como forma de me cobrar por causa do seu pai. Nada disso... Falo isso porque sou sua amiga, e acredito no seu bom coração. (aproxima-se de Rafael) Eu quero que você fique bem. RAFAEL: - Obrigado pela ajuda...
Os dois trocam olhares.
RAFAEL: - Acho que já vou indo... MARILU: - Eu abro a porta pra você.
Os dois se dirigem até a porta.
RAFAEL: - Bem, nos falamos, lá na empresa... MARILU: - Claro.
Rafael sai. Marilu o observa na porta.
MARILU: - Rafael! RAFAEL: - Sim?
Marilu se aproxima, o abraça, forte. Rafael se mostra surpreso, mas corresponde.
MARILU (sussurra): - Eu é que te agradeço, por tudo.
Rafael sorri. Marilu se afasta, entra no apto e fecha a porta. Rafael vai embora, pensativo. Marilu, do lado de dentro do apto, vibra.
MARILU: - Maria Luísa! O que foi que você fez, mulher?! (ri, espantada) A Beatriz bateu as botas! Foi mais do que eu esperava! (séria) Coitadinha... Me deixou o Rafael de mãos beijadas! (ri, debochada) Vamos ver se eu não vou ser membro da família Magalhães Ferreira.
Ela vai para o quarto. CAM mostra seu celular na mesa, que toca novamente. Foca no visor do aparelho, mostrando o nome de Paulo.
CENA 23. CASA LÍVIA. INT./ EXT. DIA.
Na casa de Lívia, Alexandre lê, perplexo, o documento que Lívia lhe entregou. Ela, acompanhada de Jonas e Carla, encara Alexandre.
LÍVIA: - Parece que durou pouco o tempo da sua boa vida, Alexandre. ALEXANDRE: - Isso não pode ser verdade. Isso que você está me mostrando é falso! JONAS: - Falsa é essa sua cara! Acorda, você vai deixar essa casa agora mesmo! CARLA: - Se não quiser ir direto pra cadeia, caso insista em ficar.
Alexandre encara a todos.
ALEXANDRE: - Bando de idiotas. (rasga o documento) LÍVIA: - Pode rasgar. É só uma cópia. Tenho mais dessas, não preciso me preocupar. Agora rua, Alexandre! JONAS (empurrando Alexandre): - Rua cara, vamos! ALEXANDRE: - Ei, espera aí! Não precisa empurrar!
CENA 24. CASA LÍVIA. EXT. DIA.
Jonas coloca Alexandre na rua. Lívia e Carla acompanham.
ALEXANDRE: - Eu preciso pegar minhas coisas, poxa! LÍVIA: - Não se preocupe. Elas estarão do lado da lixeira, depois que eu limpar toda a casa. CARLA: - E você não apareça mais aqui, bandido! ALEXANDRE: - Vai ter volta, Lívia... Você sabe que vai ter volta! JONAS: - Chega de ameaças cara! Você perdeu! ALEXANDRE: - Eu nunca perco, garotão!... (encara Lívia) Você vai ver.
Alexandre sai.
JONAS: - Bandido!... Vive te ameaçando. Coverde! CARLA: - Mas será que ele é capaz de fazer alguma coisa? LÍVIA: - Do Alexandre tudo é possível!... Mas eu acredito que agora ele vai se acalmar. o que importa é que eu estou na minha casa novamente.
Neste instante, Pedro sai de dentro de casa, corre e abraça Lívia.
PEDRO: - Mãe, estou com medo! LÍVIA: - Não precisa ter medo, meu filho! Agora a mamãe está aqui, vai ficar com você. Pra sempre! CARLA: - Vamos lá pra dentro, vou fazer um bolo pra gente comemorar! JONAS: - Você? Fazendo bolo? LÍVIA: - Ih, Jonas, Carla manda bem na cozinha... Ela é que esconde o jogo! (risos)
Eles seguem para dentro de casa, felizes. MUSIC ON: Samurai - Djavan
CENA 25. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER
Imagens de São Paulo ao anoitecer. Mostra a Avenida Paulista iluminada, os prédios, a movimentação do local.
CENA 26. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.
MUSIC OFF. Onira conversa com Roberto em uma das mesas do restaurante.
ROBERTO: - Mas que mal há nisso, Onira?! Eles se amam! ONIRA: - Aquela macumbeira sem vergonha, ela enfeitiçou o meu filho! Será que só eu vejo isso? ROBERTO: - Sim, só você. Não acha que tem algo errado não? ONIRA: - Eu estou falando sério, Roberto. Não estou para brincadeiras. ROBERTO: - Eu também não estou brincando, minha irmã. Isso que você está me falando é um problema grave. Pra você, somente. ONIRA: - Tá do lado deles, não é? Eu sabia! ROBERTO: - Eu estou do lado do bom senso! Esse seu preconceito só vai te afastar cada vez mais do Marcos! ONIRA: - A gente cria um filho com tanto amor, carinho... Dá uma boa educação, instrui ele pra vida. pra quê? Pra acabar nos braços de uma negras?! (firme) Eu não me conformo! ROBERTO: - Já chega! Eu não vou admitir que você fale... (desvia o olhar) ONIRA: - O que foi? ROBERTO: - Por favor, mantenha a educação aqui no restaurante. ONIRA: - Mas por que você/ Não me diga que/
Onira se vira. Marcos e Adriana entram no local e se aproximam da mesa onde Onira e Roberto conversam.
MARCOS: - Olá tio!... Mamãe. ADRIANA: - Boa noite! ONIRA: - Estava boa até então... ROBERTO: - Onira, por favor! ADRIANA: - Não se preocupe, Roberto. Já estou acostumada. ONIRA: - Vieram fazer o quê aqui? Importunar o meu irmão com essa história de casamento? MARCOS: - Acredito que para o meu tio isso não é importuno nenhum... Até porque, eu acho que ele gostou de saber da novidade. ROBERTO: - Gostei muito, Marcos! E eu desejo, do fundo do peito, que vocês sejam muito felizes! ADRIANA: - E é por causa dessa sua estima conosco que viemos aqui convidá-lo para ser o nosso padrinho de casamento. ROBERTO (surpreso/feliz): - Eu?! Padrinho?! Eu nem sei o que dizer!... É claro que eu aceito! ONIRA (pega sua bolsa): - Não acredito que você vai aplaudir de pé essa pouca vergonha. Está na cara que não vai dar certo essa bobagem! Nunca! ROBERTO: - Onira! ADRIANA: - A gente se ama, Onira. Onde há amor, tudo prospera. ONIRA (ri, debochada): - Me diga onde há prosperidade com gente da sua cor? Se fosse assim, a África seria o continente mais rico do mundo! MARCOS: - Você não sabe o que está dizendo mãe. E não sabe o quanto me dói saber que você não quer me ver feliz. ONIRA: - Marcos! Te ver feliz é o que eu mais quero, meu filho! Mas você insiste nesse erro! Essa mulher não é pra você! ADRIANA: - Eu não vou ficar aqui ouvindo isso, Marcos. ONIRA: - Pode ficar queridinha. Eu já estou de saída. Não quero atrapalhar essa balbúrdia de vocês... Mas antes de sair, eu só quero que saibam que eu vou torcer e muito, para que esse casamento seja muito infeliz. Muito!... E que, se houver prosperidade, que seja de tristeza.
Onira se retira, vai embora.
ADRIANA: - Minha Nossa Senhora, que mulher cruel!... MARCOS: - Só pode estar louca! ADRIANA: - Em pensar que gente como ela, está cheia por aí. Ela, pelo menos, fala na cara tudo o que pensa. O preconceito, quando é velado, obscuro, é bem pior. ROBERTO: - No fundo, eu sinto pena da Onira. Minha irmã vai aprender e muito com isso que ela tem de ruim. Pena que vai aprender da forma mais dura. É assim que a vida ensina... Mas não vamos falar de tristeza. Vou lá dentro pegar o melhor champanhe pra gente comemorar essa união tão linda! ADRIANA: - Ai que beleza! ROBERTO: - E o jantar é por minha conta. Primeiro presente do padrinho! MARCOS: - Que beleza! Não poderíamos ter feito melhor escolha de padrinho! (risos)
Os três se abraçam, felizes.
CENA 27. CASA CHARLOTE. INT. NOITE.
Breno leva Mayra para jantar em sua casa, com seus pais. Os três conversam no sofá da sala de estar.
CHARLOTE: - Mas é uma linda moça! MAYRA: - Obrigada! A senhora também, é uma mulher muito linda. CHARLOTE: - Obrigada querida!... Realmente, os cremes antirrugas fazem milagre na gente! (risos) DEMÉTRIO: - Confesso que estou surpreso. É a primeira vez que o Breno traz uma namorada aqui em casa. Realmente é o fim do mundo que se aproxima. BRENO: - Pai! MAYRA (ri): - É o fim do mundo pra ele, seu Demétrio. Agora comigo, não tem mais essa vida de balada sozinho, viagem sozinho... BRENO: - Ih, marcação cerrada é? CHARLOTE: - Bem faz ela, meu filho! Homem assim, bem arranjado como você, é raro! MAYRA: - Muito raro! Tanto é que demorei pra encontrar um!
Mayra beija Breno, romântica.
DEMÉTRIO: - E seus pais, Mayra? MAYRA: - Bem, meu pai é médico, o doutor Fausto Vasconcellos. CHARLOTE: - Você é filha do doutor Vasconcellos? Que legal! a minha filha, Isabela, entrevistou ele uma vez, para a Flash Paulista. MAYRA: - Isso mesmo. Conheço a Isabela... E minha mãe, bem, ela faleceu. CHARLOTE: - Acho que vi algo a respeito. Uma pena. MAYRA; - É verdade, mas graças a Deus, está tudo superado. Nossa vida voltou ao normal depois do baque. Faz parte né? Temos que aprender a lidar com as perdas. DEMÉTRIO: - Você parece muito madura pra idade que tem. Não vou fazer a indelicadeza de perguntar, mas é uma mulher jovem. MAYRA; - Seu filho me disse a mesma coisa hoje. Pelo o que eu vi essa gentileza toda é de família. CHARLOTE (cochicha para Breno): - Essa moça é encantadora, meu filho! BRENO: - Ela é mesmo. Encantadora.
Mayra sorri, Breno corresponde.
CHARLOTE: - Bem, vamos para a sala de jantar. Já vou mandar servir. DEMÉTRIO: - Vamos sim. Não repara não, Mayra, mas com a idade chegando, minha fome só aumenta! CHARLOTE: - Demétrio, por favor! MAYRA: - Fique à vontade, seu Demétrio. (risos)
Demétrio e Charlote seguem para a sala de jantar.
BRENO: - Meu pai é fora de série... MAYRA: - Adorei os dois... Você tem uma família muito bacana.
Os dois se beijam.
BRENO: - Seja bem-vinda à ela também.
Breno beija Mayra, calorosamente.
CENA 29. CASA LÍVIA. INT. NOITE.
Lívia e Jonas sentados no sofá, comendo o bolo feito por Carla. Ela, sentada no chão, brincando com Pedro.
JONAS: - Carla, você precisa fazer isso mais vezes, só que lá na pensão! LÍVIA: - Tá divino, amiga! Quanto tempo que eu comia um bolo tão gostoso! CARLA: - Será que eu levo jeito como confeiteira? LÍVIA: - Eu daria total apoio. Assim você poderia deixar essa vida. JONAS: - Concordo. CARLA: - Ai gente, vamos deixar essa conversa pra outra hora? Tem criança aqui... LÍVIA; - Tá certo... Agora, eu quero agradecer vocês dois, por todo o apoio que me deram hoje. Vocês são demais! JONAS: - imagina que a gente ia te abandonar numa hora dessas? CARLA (senta-se no sofá): - Você só merece coisa boa, Lívia. Pensa que eu esqueci, que você me incentivou muito e até me deu dinheiro pra eu poder me virar quando cheguei aqui em Sampa? Não esqueci não. Mas eu não faço isso pelo dinheiro que eu recebi, pela ajuda financeira. Faço isso pela nossa amizade, pela nossa fraternidade. É isso que importa. LÍVIA; - Assim vocês me deixam emocionada! CARLA: - Ai, não chora! Senão eu choro também e borro a maquiagem! JONAS: - Mulheres!
Os três riem.
CARLA: - Eu vou indo nessa, porque tenho um compromisso. LÍVIA: - Se cuida, amiga. Esses compromissos aí... CARLA: - Não te preocupa não, Lívia, porque este é especial.
Carla beija Pedro, se despede de Lívia e Jonas e vai embora.
JONAS: - Quando será que ela vai ter juízo hein? LÍVIA; - Ela tem um pouquinho sim... Torço por ela. JONAS: - Agora fala aí, como é poder voltar pro lar novamente? LÍVIA: - É a coisa mais maravilhosa do mundo! Você não imagina o quanto eu sonhei, desejei estar aqui. Na minha casa, com o meu filho lindo!... Com pessoas queridas, como você, a Carla... JONAS (aproxima-se de Lívia): - Eu também sonhei, desejei muito estar aqui com você.
Lívia percebe as intenções de Jonas, disfarça, levanta-se.
LÍVIA: - Que bom, Jonas... (a Pedro) Vamos pro banho, filho? Mamãe vai dar um banho de banheira em você! PEDRO: - Posso levar meus brinquedos? LÍVIA: - Claro que pode! JONAS: - Primeira vez que vejo uma criança não reclamar da hora do banho! LÍVIA: - É porque é banho de banheira, né Jonas... Parece piscina!... Vamos lá!
Lívia pega Pedro e sai. Jonas acompanha.
CENA 30 MANSÃO TARCÍSIO. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Eduardo mexe no cofre do escritório e consegue descobrir a senha.
EDUARDO: - Até que enfim!... O primeiro número da data de nascimento de cada um da família. Muito criativo, só que não. (ri, debochado)
Eduardo abre o cofre. Há envelopes, documentos, maços de dinheiro (real, dólar, euro).
EDUARDO: - Mas isso é uma beleza! AGDA (V.O.): - O que há de tão belo dentro desse cofre, Eduardo?
Eduardo vira-se rapidamente. Agda vai entrando no escritório, encarando Eduardo.
AGDA: - Perdeu a língua? EDUARDO: - É uma beleza eu achar aqui os documentos que a Beth me pediu. Só isso. Eu não sabia onde encontrá-los... Mas eu achei a porta já aberta! Será que andaram mexendo aqui? AGDA: - Será? EDUARDO: - Eu acho. É bom dar uma geral pela casa. Talvez a Nice e o Moisés deixaram informações sobre a segurança da casa, alguém pode ter entrado, mexido aqui e/ AGDA: - Você deveria era tentar encontrar outra pessoa pra fazer de trouxa. EDUARDO: - Não está acreditando em mim, Agda?!AGDA: - Nem um pouco.
Agda se aproxima do cofre, fecha a porta, digita a senha para trancar. Eduardo contém sua raiva.
AGDA: - Eu sei exatamente o que tem aí dentro desse cofre. Tudo. Nota por nota de dinheiro, documento por documento... Tem coisas aí dentro que a Beth nem sabe que estão guardadas. Ela nunca lidou com documento algum. Se não era o Tarcísio ou o Rafael, era eu quem cuidada desses assuntos. EDUARDO: - Mas acontece que/ AGDA: - Acontece que essa será a última vez que você vai tocar nesse cofre, está entendendo? EDUARDO (fica cara a cara com Agda): - É você quem vai me impedir? AGDA: - Você não me conhece, Eduardo... Enquanto você está vindo, eu estou voltando. EDUARDO: - Não sei porque toda essa hostilidade comigo, Agda. Logo logo eu estarei casado com a Beth e terei livre acesso a esse cofre. AGDA: - Isso se esse casamento realmente acontecer. EDUARDO: - Vai impedir a felicidade da sua filha? AGDA: - A felicidade da minha filha não é você, Eduardo. E se for preciso fazer isso pelo bem dela e do nosso patrimônio, farei sim. Já intervi na vida da Beth uma vez. Posso fazer isso novamente sem nenhuma gotinha de ressentimento. EDUARDO: - Agda... Ágil em manipulações. AGDA: - Estou falando agora com alguém que está querendo seguir esse caminho. Desista de bater de frente comigo, Eduardo. Você não vai conseguir me derrubar. EDUARDO: - Veremos. AGDA: - Acho que agora eu sei porque a Inês teve tanto receio da sua aproximação com a Beth. EDUARDO: - A Inês é invejosa. Sempre teve inveja da minha felicidade, das minhas conquistas, só porque ela teve uma vida frustrada ao lado de um advogado de quinta, que é o Alfredo. Pobre coitada. Às vezes sinto pena da minha irmã. AGDA: - Ninguém está acima do bem e do mal, Eduardo. Portanto, cuidado com o que diz, o que pensa, o que pretende fazer. Quando menos se espera, o pobre coitado, pode ser você. Principalmente, pobre.
Agda vai saindo, chega na porta, vira-se.
AGDA: - Vai ter que comer muito caviar pra me ganhar, queridinho... Caviar, champanhe...
Agda sai. Eduardo com expressão enfurecida.
EDUARDO: - Velha grotesca... Acha que vai ficar de dona de tudo isso aqui!... Era só o que me faltava. Eu com a mão no ouro, tendo que obedecer a múmia!...
CENA 31. MANSÃO TARCÍSIO. QUARTO VITÓRIA. INT. NOITE.
Fabrício e Vitória conversam.
VITÓRIA: - Sabe que, no fundo, eu torcia para a Beatriz ficar com o Rafa. FABRÍCIO: - Torcia mesmo? VITÓRIA: - Sim, eu torcia... Acompanhei toda a história deles... Ela era apaixonada pelo Rafa. FABRÍCIO: - Sinceramente, pelo pouco que eu via da relação dos dois, eu achava ela meio pegajosa. VITÓRIA: - Ela era carente, eu acho. O Rafa nunca foi cem por cento dela. Uma pena. Não que ele não gostasse dela, mas ele nunca levou a sério um relacionamento... Sei lá, parece que ainda não viveu um grande amor. FABRÍCIO: - Nem com a Lívia? VITÓRIA: - Nem com a Lívia. Senti que ele estava feliz, mas agora, depois de tudo. FABRICIO: - Você acha mesmo que ela tem culpa nisso tudo? Depois daquela discussão lá no cemitério... VITÓRIA: - A Lívia, pelo pouco que conheço, seria incapaz de fazer uma coisa dessas... Se bem que, depois daquela vez que ela foi presa por causa da morte do meu pai, tudo ficou tão confuso na minha cabeça... já não posso colocar a mão no fogo por ninguém! FABRÍCIO: - Eu também fiquei um pouco confuso com uma coisa lá, que eu vi... VITÓRIA: - Com o quê? FABRÍCIO: - Ah, nada não... VITÓRIA: - Agora fala, Fabrício! O que foi que deixou você confuso? FABRÍCIO: - A Mayra. VITÓRIA: - A Mayra?! O que ela fez?! FABRÍCIO: - Não fez nada... VITÓRIA: - Eu nem vi aquela sonsa... FABRÍCIO: - Ela tava com o namorado. VITÓRIA: - E isso deixou você confuso por quê? Ficou com ciúmes? FABRÍCIO: - Claro que não!... Eu só pensei que ela superou e bem rápido o fora que eu dei nela, sei lá. VITÓRIA: - Escuta aqui, doutor Fabrício, você não tem que ficar pensando nessa garota. Ela não é boa influência pra você... Deixa ela com o namorado, com as companhias que ela quiser. Agora, o que importa, é você e eu. Estamos entendidos? FABRÍCIO: - Sim senhora! VITÓRIA: - Agora vem cá, vamos curtir o nosso ninho um pouco... (pega Fabrício pela mão, deita na cama) FABRÍCIO: - Curtir é?
Vitória sorri, Fabrício a beija, apaixonado.
CENA 32. EMPRESA AMARO. SALA PAULO. INT. NOITE.
A sala está escura. Paulo chega no local, acende a luz. Vai direto até sua mesa. Ele retira duas gavetas. No espaço, há um cofre escondido.
Paulo abre o cofre, retira maços de dinheiro e alguns papéis, coloca sobre a mesa.
PAULO (agachado): - Eu preciso sair daqui o mais rápido possível. Cadeia não é lugar pra mim! Nunca será!
Paulo se levanta e é surpreendido por Jorge e Pereira.
PAULO (surpreso/nervoso): - Jorge?! JORGE: - Trabalhando a essa hora, Paulo? Estranho... PAULO: - O que vocês estão fazendo aqui na minha sala? Saiam, por favor! JORGE: - Nos vamos sair sim, mas você vem com a gente. PAULO: - Infelizmente eu não posso, porque eu tenho um compromisso, uma viagem importante, eu/ PEREIRA: - O senhor por favor, nos acompanhe.
Pereira mostra o mandado de prisão a Paulo.
PAULO: - Não, eu não posso! JORGE: - Você esteve na delegacia hoje, envenenou um criminoso. Queima de arquivo, Paulo. Agora, possível fuga da cidade. Precisa esclarecer isso perante a lei.
Pereira algema Paulo, que se mostra totalmente aflito.
CENA 33. CASA LÍVIA. INT. NOITE.
Lívia e Jonas voltam à sala.
JONAS: - Ele tomou aquele banho e dormiu! LÍVIA: - Pedro sempre foi assim. Banho pra ele dá sono! (risos) JONAS: - Ele é uma criança incrível. LÍVIA: - Fantástica, especial, tudo! JONAS: - Igual à mãe. LÍVIA; - Obrigada.
Jonas aproxima-se de Lívia, que disfarça.
LÍVIA: - Me deu vontade de comer o bolo da Carla novamente. JONAS: - Me deu vontade de beijar a sua boca novamente.
Lívia e Jonas trocam olhares.
LÍVIA; - Jonas, eu/ JONAS: - Não fala não, Lívia. E melhor, não foge mais de mim...
Jonas segura a mão de Lívia.
JONAS: - Eu nunca deixei de pensar em você, em nenhum momento. Desde quando eu cometi a burrada de deixar você... Na verdade, eu fui um bobo, porque eu nunca deixei. Sempre te carreguei aqui, no meu coração, desde o primeiro dia que eu te vi. (T) Eu sofri junto com você essa prisão, esse afastamento. Eu estou perdidamente apaixonado por você.
MUSIC ON: Amado – Vanessa da Mata
LÍVIA: - Eu nem sei o que dizer, Jonas... Esse carinho todo que você sente por mim é tão lindo, tão especial! JONAS: - Eu sei que talvez você nunca tenha me amado da forma como eu te amei, e te amo até hoje. Mas eu queria que, pelo menos o pouco do sentimento que você tem por mim aí dentro do seu peito, realmente valesse a pena pra deixar marcado na nossa lembrança, esse momento lindo de nós dois. LÍVIA; - Tudo com você valeu a pena, Jonas. E valerá sempre.
Jonas levanta-se, levando Lívia pela mão para as escadas.
CENA 34. CASA LÍVIA. QUARTO LÍVIA. INT. NOITE.
Música continua. Jonas e Lívia entram no quarto. Ele fecha a porta. Os dois se aproximam da cama, ficam frente a frente.
JONAS: - Você é a pessoa que mais me faz feliz. Graças a você, eu pude descobrir o que é o amor e a força que ele tem na vida da gente. LÍVIA: - Ser uma pessoa importante assim pra você só me deixa mais feliz ainda. O meu carinho por você será eterno. JONAS: - O meu amor por você será eterno. LÍVIA; - Então me ajuda, com o seu amor, a despertar o meu aqui de dentro do meu coração... Eu quero reaprender a amar, Jonas.
Os dois trocam olhares. Jonas acaricia o rosto de Lívia. Ela se deixa levar. Jonas se aproxima, beija Lívia no pescoço, ela se entrega. Os dois se beijam, apaixonadamente. Jonas a deita na cama, em seguida, tira a camisa. Ele aproxima-se de Lívia e, lentamente, vai desabotoando os botões da blusa dela, enquanto Lívia acaricia os cabelos dele.
Os dois se beijam novamente. Jonas tira suas calças. Faz o mesmo com Lívia. Sobre a cama, os dois rolam, abraçados um ao outro, enquanto trocam beijos calorosos e apaixonados.
Encerra com Pra Rua Me Levar – Ana Carolina |
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Talismã - Capítulo 34
Novela de Édy Dutra
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