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CAPÍTULO 46 - DESPERTAR |
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Música: Loved Me Back To Life - Celine Dion As duas senhoras permanecem acomodadas um a frente da outra perante a mesa da sala, ambas se entreolharam com uma feição de asco, certamente Amália Monteiro e Olga Novak não são grandes amigas. Olga detesta a ideia de ainda morar naquela cidade e o fato de Barbara ainda permanecer neste amor doentio que anda em círculos. Amália está triste desde o velório de Jonathan Sampaio, aonde teve a oportunidade de conversar com os patriarcas do varão, é horrível perder um filho, ainda mais de uma maneira tão misteriosa, Ernesto, Hilda e Amália, partilham dos mesmos sentimentos. A polícia local resolveu continuar o caso da explosão da aeronave e se Levi despertar do coma profundo, certamente vão encontrar as respostas para todas as perguntas. Amália e todos do município tem todo o direito de saber a verdade, é o mínimo que merecem depois de tamanho desespero, mas cada parte está sendo revelada aos poucos. - Você não sente raiva? – Olga começa a falar. - Eu passei por muitas coisas na minha vida. Raiva é um sentimento fraco e doentio, quando perdi a minha filha, senti um desejo insano de matar aquele homem misterioso, mas posteriormente conheci o verdadeiro filho que tenho, a Barbara e o Tony, eles me mostraram um lado lindo do destino e que procurar a escuridão pode nos tonar escassos. - Nunca apoiei a relação da Barbara com o Levi. - Mas não precisa deprecia-la, ela é a sua filha em primeiro lugar. - Ele é o líder desses negócios ilegais. - Tomei um grande susto quando descobri, não fiquei orgulhosa, se fosse antes pelo dinheiro, certamente estaria contente, mas depois do baque emocional perante aos últimos acontecimentos, virei uma outra persona. A empregada doméstica recolhe os pratos da mesa e as duas continuam a conversar, conhecendo-se aos poucos. Amália entende que Olga deseja apenas o melhor para Barbara, mesmo que essa parte seja desistir de Levi e construir um novo percurso, mas a cronista, nunca esquecerá do seu verdadeiro amor. - Você é uma mulher inteligente. – Elogia Olga. - Você soube criar a Barbara para o mundo. Barbara interrompe a conversa, chegando ao cômodo segurando uma bolsa nos braços e com um batom vermelho estampado no rosto, havia acordado alegre naquele dia, o que todos acharam meio estranho, estava esperando por algum sortilégio do porvir. Barbara deixa as duas dialogando sozinha, fica contente com a amizade que está sendo construída apesar das ironias e as pequenas trocas de farpas entre ambas, mas finalmente estão começando a conviver juntas. A unha da dama está pintada de azul, a sua cor favorita e a que embeleza o céu naquele começo de tarde. Ela entrou no carro, dando partida minutos depois, estava detestando os momentos sombrios, o rádio do veículo começa a tocar uma música do Billie Holiday, seus cabelos batem contra o vento enquanto segue em direção da balsa. - Não quero mais ficar sozinha. Ela segura em mãos crucifixo de ouro ao entrar no hospital, deixando a bolsa no carro, os óculos cobrem uma parte da sua face. Ela caminha perante aos corredores extensos daquele ambiente, as botas causam pequenos ecos ao entrar em contato nas escadas, que combina perfeitamente com o vestido branco. Ela cumprimenta um dos médicos, conversando por um curto período de tempo, posteriormente Barbara entra naquele quarto que tinha se tornado o seu refúgio nos últimos meses, o único lugar aonde poder esquecer do tempo e ser no mínimo feliz, é assim que se sente quando contempla o rosto de Levi e do pequeno David. - É ruim pensar nos momentos em que passamos juntos, como coisas que devem ficar no passado, sabe? – Ela acaricia os punhos dele, o dedo indicador de Levi está o ligando a um monitor de batimentos cardíacos. – É terrível sonhar todos os dias e imaginar que é apenas isso, um devaneio de uma escritora completamente louca, não consigo ao menos ditar a minha existência. O mundo pode ser um lugar cruel se não soubermos lidar com os nossos lobos, estamos fazendo o infinito e isso parece que não é o suficiente, quando irás acordar deste coma? Por favor, Levi, me escuta se estiver vagando por aí, precisamos de você, eu preciso de você. Nenhum sucesso é capaz de limpar essa ferida, nem o meu livro em primeiro lugar em vendas, o meu trabalho sendo reconhecido enquanto permaneço nesta insignificância. Você é o meu hino nacional. As margens do meu coração estão brancas, podemos pintar tudo de novo? Brincar de pequenos escultores. Só quero um beijo nesta tristeza de verão. Acordes e verás o brilho de um futuro que só podemos elevar lado a lado. Eu não ando mais acreditando na fé, preciso apenas de uma prova do nosso Deus, ele precisa me escutar de qualquer maneira. Ela estava suplicando, rezando para que a submissão seja escutada. Seus olhos estavam cansados de derramar lágrimas, sua alma está completamente limpa, havia feito de tudo que estava ao seu alcance, agora é só entregar os encantos ao vento. Um gemido toma conta do quarto, a escritora toma um leve susto ao divisar o rosto do homem que esboça um pequeno sorriso no canto dos lábios, certamente tinha se livrado de uma mare de pecados. - Levi... Ele não respondeu primeiro, parece meio zonzo e sem reação. Barbara deu um sorriso imaculado, aquela é a sua prova de um milagre divino. - Quem é você? – Ele indaga. |
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autor: Luiz Gustavo
personagens: |
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Perfume - Capítulo 46
Novela de Luiz Gustavo
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