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Pamela esperava uma ligação naquele momento, apenas uma
chamada com as respostas, a espera a matava nos lençóis
de seda, estava pronta para dormir uma madrugada inteira
ou passar acordada com aquele que anseia, mas o homem
parece terminantemente arrependido. As luzes do
apartamento se apagam, para que a dama pudesse entrar em
um profundo estágio de letargia. Tomaz a ignorava na rua
e por muitas vezes trocava de calçada, estava fugindo
das consequências, trata-se de um fraco, aproveitou-se
dos prazeres carne, para não entregar a alma. Pamela não
visitava a família como antes, as pessoas a condenavam
friamente, mas ela, no entanto, não sente todo este
fardo e muito menos pena de Alice Jones, decerto a
delegada mereceu, por nunca provocar brutalmente apetite
sexual do investigador da maneira correta.
Sexta-Feira, o carro de Pamela deslocou-se para
Vale-Verde rapidamente, não estava nem um pouco agoniada
com a morte de Neide Alencar, pelo contrário, sentiu que
estava na hora daquela desgraçada partir para uma
melhor, era a sua mãe apenas de sangue, jamais existiu
um laço afetivo entre ambas. Para todos ao redor que a
contemplava, demonstrou o sofrimento por causa do
padecimento, entre as lágrimas e os momentos de agonia,
digna de piedade. Da última vez que Levi havia colocado
os pés naquela cidadezinha, era para encontrar alguma
pista a respeito do assassinato na basílica, agora
certamente está procurando algum vestígio de mentira da
perfeita Claudia Alencar. Pamela roía as unhas de
ansiedade, precisa se reaproximar do irmão e agora
existe um sinal vermelho na cabeça, um homicida jogado
neste tabuleiro.
Na missa de sétimo dia não compareceu muitas pessoas,
somente os mais conhecidos. O clima está parcialmente
nublado naquela manhã, Pamela está trajando um vestido
de renda escuro e usando óculos para que ninguém pudesse
enxergar o sorriso dos seus olhos castanhos. “Sua alma
não foi importante para a humanidade.” Ela estava
acomodada ao lado de Amália Monteiro, a sua verdadeira
mãe.
- Só de pensar nos primeiros dias da minha existência,
de cada momento que passamos juntas, dos primeiros
segredos, ela me ensinou as maiores lições que uma filha
poderia aprender e agora... – Ela fez uma leve pausa nas
palavras, soltando um rápido soluço. – Terminou tudo tão
rápido, sendo morta desta maneira dona Amália? Essa
pessoa não deve ter ao menos um coração dentro do corpo.
Viver a morte é difícil, é uma dor infinita.
As lagrimas de plásticos começam a se misturar com o
rímel, caindo lentamente pela face feminina.
- É um sentimento profundo, só de imaginar que ontem
conversamos sobre os nossos principais assuntos e hoje,
não podemos nem tocar uma palavra a respeito.
Ás vezes pega no silêncio dos seus pensamentos mais
insanos, Pamela desejava em revelar a verdade para a
matriarca, que ainda sente culpa por ter apresentado a
filha a Miguel Xavier e forçar um casamento, por pura
ganância, mas ignorava completamente o seu lado
condolente, não pode ser inibida pela culpa. A chuva
inundava a alameda, quando retornava sozinha para
Arraial D’ Ajuda, estava aquecida dentro do veículo, mas
só queria um abraço sincero.
O mundo é capitalista e gira em torno de dinheiro, cada
um possuí o seu preço para ser vendido, alguns podem
vender o corpo e outros a alma. Pamela sabia que havia
assinado um acordo com o demônio quando matou Claudia
naquela basílica, mas não sabia que tinha matado a si
mesma, a sua biografia, a sua existência. No dia que
Levi recordar cada degrau de sua memória, só terá uma
única escapatória, que é desapegar de tudo aquilo que
existiu e recomeçar em outro lugar, com um coração
amargo feito de vidro blindado, que jamais será
quebrado.
Ela se deita na cama, apagando entro os devaneios e se
levanta quinze horas depois de ter se deitado, havia
dormido novecentos minutos seguidos, mas o corpo entanto
permanece cansado. A dama prepara um café preto sem
açúcar, era o que está precisando para despertar e ir a
Porto Seguro, fazer algumas compras, seu principal passa
tempo.
Os quinze minutos de travessia da balsa eram por muitas
vezes tumultuado, cercado de alunos indo para a escola e
pessoas correndo atrás do próprio sustento, mas hoje
estava tranquilo, dava para escutar o som das ondas no
mar, soava como uma música da Sarah Brightman, Pamela
acomodou-se em uma cadeira para apreciar a vista,
enquanto o vento batia entre seus cabelos escuros,
quando notou por si mesma, aquele momento de paz
interior havia sido finalizado, a embarcação havia
atracado, era à hora de ligar o motor do veículo.
Pamela andava por cada loja do shopping e fazia questão
de comprar qualquer coisa que a chamava atenção, no
final do dia havia gasto cerca de dez mil reais, em
produtos de beleza, vestidos e bolsas. É uma mulher
ansiosa, mas as comprinhas estavam começando a virar um
vício de estado grave, que não sabia mais contornar. Às
oito horas da noite quando, ela saiu de um dos
principais restaurantes de Porto Seguro, andava
cambaleando devido às várias taças de champanhe que
ingeriu, procurava o carro na alameda na escura, mas não
o localizava, estava embriagada, mas não tinha perdido
sua sanidade mental. Então começa escutar um zumbido na
cabeça, devido à bebida alcoólica certamente, estava
ficando forte, seguindo por uma pancada tão forte na
cabeça, que a fez desmaiar naquele exato segundo.
Pamela não se recordaria como havia chegado naquele
lugar, estava jogada em um buraco de quase três metros
de profundidade e sem nenhum sinal de ferimento na sua
constituição física, aquele era o primeiro passo para
sua caminhada ao inferno, já haviam cavado a sua cova. |
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