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Relações Perigosas - Capítulo 27

Novela de Felipe Porto
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VALE A PENA LER DE NOVO: RELAÇÕES PERIGOSAS
 
     
 
 
     
  NO CAPÍTULO ANTERIOR DE "RELAÇÕES PERIGOSAS":
 

Juliana — Pai? Você em casa uma hora dessas? (Brinca) Pegou fogo no escritório?

Otávio — (Sério) Não. Mas quem se queimou aqui foi você.

Juliana — (Não entende) Oi?

Otávio vira o tablet e mostra o vídeo intimo de Juliana, pausado.

Otávio — Você não tem vergonha não?

Em Juliana sem chão.

...

Bianca — To me cansando dessa história. Essa que é a verdade.

Gregório — Então pode tratar de dar uma injeção de animo porque esse enredo ainda vai render vários capítulos.

Bianca — Pelo menos com a morte desse juiz, espero que a Milena sossegue um pouco.

Gregório — Duvido muito. Ainda mais com a proximidade que ela tá tendo com o Marcelo.

Bianca — Isso é uma coisa que eu não entendo: esses dois tão próximos demais pro meu gosto.

Gregório — (Surpreso) Sério que você não sabe?

Bianca — Sabe do quê?

Gregório — A sua filha e o Marcelo tão tendo um caso.

Na surpresa de Bianca.


...
 

Marcelo — Quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu te amo!

Milena — Ama, mas ainda tá com a Clara.

Marcelo — De novo essa história?

Milena — Sim! De novo! E a minha vontade era de continuar com essa história num looping infinito! Repetindo, repetindo e repetindo! (Calma) Mas eu não vou fazer isso, Marcelo. Eu só vou te pedir uma coisa.

Marcelo — O quê?

Milena — Só volta a me procurar depois que você pedir a separação pra Clara.

Marcelo — Milena/

Milena — (Corta/Sutil) E não demora. Eu não vou ficar a vida toda esperando por você.

Milena pega a bolsa e vai embora. Em Marcelo abalado.

 
     
 
     
     
     

CAPÍTULO 27
 
     
 

CENA 01. gafieira. frente. Exterior. Dia.

Milena dentro do carro, já arrancando. Marcelo sai de dentro da Gafieira.

Marcelo — Milena! Espera!

Milena arranca com o carro, deixando Marcelo para trás. Marcelo passa a mão no rosto, entristecido.

CENA 02. hotel. bar. Interior. Dia.

Continuação da cena 24 do capítulo anterior. Bianca encara Gregório, incrédula.

Bianca — Eu não to acreditando nisso!

Gregório — Quem não tá acreditando nisso sou eu! Sério mesmo que você não sabia do casinho que o Marcelo e a sua filha tavam tendo?

Bianca — (Surpresa) Não! E você deveria ter me contado assim que descobriu!

Gregório — Eu nunca poderia imaginar que você sendo mãe dela, não ia saber disso. (Tom) A sua relação com a Milena tá bem ruim, hein?

Bianca — (Retruca) Ah não vem querer pagar de bom pai agora! Ou vai me dizer que você sabe de tudo que o Leandro ou a Karina fazem? Não, né? Então vamos parar de hipocrisia.

Gregório — Não é hipocrisia, é que realmente eu achei que você sabia.

Bianca — Mas não fazia ideia. Há quanto tempo você sabe disso?

Gregório — Logo depois que a Milena terminou o noivado com o Leandro. Flagrei os dois se pegando no estacionamento da Barão.

Breve silêncio. Bianca pensativa.

Bianca — Mas isso é só uma aventura passageira ou é algo sério?

Gregório — Aí eu já não sei.

Bianca — (Sorri/Incrédula) Inacreditável isso, não?

Gregório — Você vai fazer alguma coisa?

Bianca — Ainda não sei. Essa história toda me pegou de surpresa. (Levanta) Eu vou ter que pensar. Depois a gente se fala.

Bianca pega sua bolsa e vai embora. Gregório toma um gole e seu whisky.

CENA 03. ap de otávio. sala. Interior. Dia.

Continuação da cena 22 do capítulo anterior. Otávio com o tablet com o vídeo intimo de Juliana pausado. Juliana sem ação.

Juliana — (Gagueja) Pai, eu posso explicar.

Otávio — Pode? E o que você vai dizer? Que não é você?

Juliana — Não é isso, é que/

Otávio — (Corta/Ríspido) Olha só que imoralidade! Rebolando igual uma vadiazinha. É isso que você quer que os outros pensem de você?

Juliana acuada, não responde.

Otávio — (Grita) Responde!

Juliana — (Baixa a cabeça) Não.

Juliana enxuga uma lágrima.

Otávio — Engole essas lágrimas!

Otávio segura o rosto de Juliana e faz com que ela o encare.

Otávio — Olha pra mim! Na hora da safadeza você não teve vergonha. Então agora me encara.

Juliana — (Chorosa) Eu não sabia que ele tava gravando.

Otávio — Sempre a velha desculpa.

Juliana — Mas é verdade.

Otávio — E você queria o que? Se você não tivesse agido como uma vadia indo pra cama com qualquer um, isso não teria acontecido.

Juliana — Esse discurso puritano não combina com você.

Otávio — (Põe o dedo na cara dela) Você não me vem com respostinha! Eu pelo menos nunca deixei que as minhas intimidades fossem expostas.

Giovanna entra da rua. Percebe o climão.

Giovanna — Nem vou falar boa tarde, porque o clima dessa casa tá pesado.

Otávio — Olha só o que a sua filha aprontou.

Otávio entrega o tablet para Giovanna, que assiste ao vídeo, chocada.

Giovanna — (Surpresa) Minha filha! Como você deixou que ele fizesse uma coisa dessas.

Giovanna entrega o tablet para Otávio. Juliana abaixa a cabeça.

Juliana — Ele gravou escondido.

Otávio ergue a cabeça de Juliana com truculência.

Otávio — Eu já mandei você não abaixar a cabeça! Olha bem pra safadeza que você fez!

Otávio esfrega o tablet na cara de Juliana. Giovanna reage.

Giovanna — Para com isso, Otávio! A menina não tem culpa! Ela é vitima!

Otávio — Vitima? Ela agiu como uma vadia.

Giovanna — Você pensou o quê? Que ela fosse virgem?

Otávio — Uma coisa é não ser mais virgem, outra é fazer vídeo erótico.

Juliana — (Chorosa) É tão difícil entender que ele gravou sem eu saber?

Giovanna — Eu entendo filha.

Otávio — Gravou porque achou que você era do tipo de garota fácil, que merecia ser gravada. Se você tivesse se dado o respeito nada disso teria acontecido.

Giovanna — (Incrédula) Olha só o absurdo que você tá falando, Otávio!

Otávio — Isso tudo é culpa sua, Giovanna. Você que não soube educar ela.

Giovanna — Isso que você tá fazendo, de colocar a sua filha como culpada, é muito errado.

Otávio — Errado foi essa safadeza que ela fez. (Para Juliana) Imagina só a vergonha que eu vou passa na rua quando descobrirem que a garota que dança semi-nua no vídeo é minha filha. É isso que você quer, Juliana? Que eu vire motivo de piada entre os meus amigos?

Juliana — Não.

Otávio — Mas é isso que vai acontecer.

Giovanna — (Reage) Cala a boca, Otávio. Você só tá fazendo a garota se sentir pior. (Incisiva) Sai daqui.

Otávio — Eu vou sair sim. Não tenho mais nada pra falar.

Otávio sobe as escadas.

Juliana — (Chora) Desculpa, mãe.

Giovanna abraça Juliana.

Giovanna — (Carinhosa) Não precisa me pedir desculpas, meu amor. Eu sei você não teve culpa do que aconteceu.

Juliana — Em partes eu tive sim. Acreditei num canalha.

Giovanna — Você ainda é muito novinha. Vai encontrar muitos desse tipo na sua vida. Mas aconteça o que acontecer, eu vou tá sempre aqui pra te ajudar e te auxiliar. Eu sei que eu nem sempre fui uma mãe presente, mas isso não precisa continuar assim, não é?

Juliana concorda e sorri, entre as lágrimas. Giovanna também sorri. Juliana coloca sua cabeça no colo de Giovanna, que começa a acariciar os cabelos da filha.

CENA 04. casa de seu coisinha. sala. Interior. Dia.

Marcelo e Seu Coisinha. Conversa já iniciada.

Seu Coisinha — E quem foi que conseguiu o paradeiro desse juiz?

Marcelo — Um conhecido meu que é jornalista.

Seu Coisinha — Você acha que tá fazendo a coisa certa ajudado essa Milena a ir atrás dessa história?

Marcelo — Por que não seria?

Seu Coisinha — Não sei, Marcelo. Não sei. (Tom) E sobre descobrir porque o seu pai sumiu com você? Desistiu de descobrir?

Marcelo — De jeito algum. Mas tá cada vez mais complicado ir adiante com essa investigação. As informações são muito precárias.

Seu Coisinha — Não seria um sinal pra você desistir?

Marcelo — Acho que não. (Tom) Engraçado que você não é o primeiro que diz que eu deva desistir disso.

Seu Coisinha — Quem foi que disse isso também?

Marcelo — A Luísa. Eu tenho certeza que vocês sabem de mais coisas e não querem me contar.

Seu Coisinha — (Disfarça o incomodo) Paranoia sua. Como eu já disse, na época que o seu pai sumiu, eu não tava convivendo com a Ana Carolina. (Tom) E a Luísa não ia esconder nada de você.

Marcelo concorda.

CENA 05. casa de ana carolina. jardim. exterior. Dia.

Rudá podando as plantas. Samuel se aproxima.

Samuel — Mano, posso te fazer uma pergunta?

Rudá — Além dessa? (Ri) Fala.

Samuel — Por que o Marcelo e a insuportável da Clara tão brigados?

Rudá — Insuportável? Isso é jeito de falar dela?

Samuel — To mentindo? Ela é mesmo.

Rudá — Tudo bem, mas por que o interesse nesse assunto? Você não tem nada que ficar se metendo na vida dos patrões. Ta sem nada pra fazer, chama aquela sua colega, a Karina, pra estudar com você.

Samuel — Estudar?

Rudá — É. Biologia. (Tom) Ou você vai esperar o baile de debutantes dela pra dar no mínimo um beijo nela?

Samuel — Não, mas/

Rudá — (Corta) Não adianta reclamar se depois você ver a sua metade da laranja sendo chupada por outro.

Samuel — Que desnecessário.

Rudá — É, metáfora inapropriada... Esquece. (Tom) Agora vai que eu tenho que terminar o meu serviço.

Samuel se afasta. Rudá continua a podar as plantas.

CENA 06. casa da giancarlo. escritório. Interior. Dia.

Milena e Giancarlo. Conversa já iniciada.

Giancarlo — Mas por que você foi atrás dele, Milena?

Milena — Pra saber se ele tinha mais alguma informação. Algo que pudesse aclarar a morte do meu pai.

Giancarlo — Ele não é perito. Acho que esse juiz não teria nenhuma informação pra te dar.

Milena — Agora a gente não vai mais ficar sabendo, mesmo. Ele tá morto.

Giancarlo — Ele morreu hoje?

Milena — Caindo de uma janela. Você não acha isso estranho?

Giancarlo — Eu não acho nada, Milena. Aliás! Eu acho que você tem que esquecer essa história. Nada que você possa acabar descobrindo, vai trazer seu pai de volta.

Milena — Eu sei que não vai, mas eu não vou desistir dessa investigação.

Música: Another Sad Love Song - Toni Braxton.

Em Milena decidida.

CENA 07. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Noite.

Stock-shot da cidade ao anoitecer. Último take é o da fachada do prédio de Otávio. [Música fade out].

CENA 08. ap de otávio. sala. Interior. Noite.

Giovanna sozinha na sala, falando ao celular.

Giovanna — (Cel) Amor, acho que o nosso fim de semana vai ter que ser adiado. (Pausa) Não, problemas com a minha filha. Eu não posso me ausentar agora, ela tá precisando de mim. (Pausa) Tá, a gente se fala. Beijo.

Giovanna desliga o celular e fica ali, um pouco aflita.

CENA 09. casa de ana carolina. quarto de marcelo. Interior. Noite.

Heloísa entra, se joga na cama. Seu celular sinaliza uma nova mensagem recebida. Ela pega o celular e olha. Heloísa dá um salto da cama.

Heloísa — (Surpresa) De novo?!

Foco na tela do celular: roda o vídeo da morte de Clara.

Heloísa — (Nervosa) Não pode ser a Clara quem tá fazendo isso! Ela ta morta, e bem morta!

Heloísa começa a andar de um lado para o outro, agitada.

Heloísa — Ela acha que fazendo isso vai me enlouquecer. Ah mas não vai mesmo! Eu mato ela quantas vezes for preciso. (Cai em si) O que eu to falando? Até parece que a Clara tá viva. É impossível! Isso é obra de algum engraçadinho que quer me deixar assim: atormentada. Mas eu vou descobrir quem é e acabar com a raça desse infeliz.

Em Heloísa nervosa.

CENA 10. casa de giancarlo. quarto de yasmin. Interior. Noite.

Yasmin com fones de ouvido, dançando. Bianca entra. Yasmin tira os fones e para de dançar.

Yasmin — Bate na porta da próxima vez, tá?

Bianca — Até parece que você ia escutar alguma coisa com esses fones de ouvido.

Yasmin — Quer falar comigo?

Bianca — Quero. Sobre a sua irmã.

Yasmin — A Milena?

Bianca — Que eu saiba é a única que você tem.

Yasmin — O que você quer falar?

Bianca — Eu sei que vocês são muito ligadas, confidentes e essas coisas. Pode não parecer, mas eu me preocupo com vocês.

Yasmin — Não parece mesmo.

Bianca não gosta do comentário.

Yasmin — Tá. Continua.

Bianca — Teve aquela confusão toda do fim do noivado dela com o Leandro, ela ficou muito abatida, deprimida, mas depois se reergueu.

Yasmin — Ninguém fica deprimida pro resto da vida. Ainda mais por causa de homem galinha, como era o caso do falecido dela.

Bianca — É, mas dizem que um antigo amor só é superado com um novo amor. (Tom) Por acaso a sua irmã já tá se envolvendo com outra pessoa?

Yasmin — Se é pra falar frases de efeito, eu também tenho uma: O tempo cicatriza todas as feridas, inclusive as de amor... E não se precisa de um novo. (Tom) Mas por que esse interesse repentino na vida amorosa da Milena?

Bianca — Não é repentino. Ela superou rápido o fim de um relacionamento longo. Achei que tivesse outro na história.

Yasmin — Eu não sei de nada.

Bianca — Tá bom, pode voltar com a sua música.

Yasmin coloca os fones de ouvido. Bianca se vira e vai em direção a porta.

Bianca — Sabe sim. Só não quer me contar.

Bianca sai. Yasmin fica ali dançando enquanto escuta música com os fones de ouvido. 

CENA 11. casa de gregório. sala. Interior. Noite.

Tarsila sentada no sofá. Gregório entra da rua.

Tarsila — Apareceu a Margarida. Posso saber onde você estava?

Gregório — Resolvendo uns problemas.

Tarsila — Mas que tanto de problema você tem pra resolver? É de manhã, é de noite...

Gregório — Nem o Brasil tem tantos problemas quanto eu.

Tarsila — E por acaso esse problema usa saias?

Gregório — Não, Tarsila.

Tarsila — Acho bom. Eu já te perdoei uma vez quando você me traiu com aquela ordinária da Bianca. Outra vez eu não iria perdoar.

Gregório — Eu sei disso. Não precisa ficar repetindo isso toda vez.

Tarsila — Precisa sim. Sempre que eu puder, vou esfregar isso na sua cara. (Tom) Agora da licença, vou ver como a Amélia como tá o jantar.

Gregório — O Leandro tá em casa?

Tarsila — Não. Esse é outro que tá seguindo seus passos. A gente pisca os olhos e ele desaparece.

Tarsila vai para a cozinha. Gregório fica ali, pensativo.

CENA 12. rua do centro. ambiente. Exterior. Noite.

Música: Instrumental Suspense.

Leandro para o seu carro popular em uma rua com pouco movimento. Olha em volta e vê um mendigo (30 anos, barba e cabelos longos) dormindo de baixo de uma marquise.

Leandro — Um lugar tão bonito e infestado por esses lixos.

Leandro olha em volta e não vê ninguém.

Leandro — Impressionante que eu tenha que fazer o que o governo não faz.

Leandro volta para o carro, abre o porta-malas e pega um galão de gasolina. Leandro se aproxima do mendigo que dorme enrolado em cobertas velhas. Tempo em Leandro observando o mendigo com desprezo.

Leandro tira as cobertas do mendigo, despeja a gasolina sobre ele, atira o galão longe e começa a chutá-lo.

Leandro — (Chutando) Acorda vagabundo!

O mendigo acorda meio desorientado.

Mendigo — O que tá acontecendo?

Leandro — Sabe por que eu faço isso? Porque vocês pobres, são a escória da sociedade. E o lugar de vocês não é poluindo a cidade e sim numa cova rasa.

Leandro acende um fósforo e joga sobre o mendigo. O fogo se espalha no corpo do mendigo, que se levanta em chamas. O mendigo corre pela rua e Leandro observa com um sorriso no rosto. O mendigo tropeça e cai. As chamas em seu corpo aumentam. Leandro caminha lentamente até o mendigo, que agoniza com o corpo em chamas. Leandro observa o mendigo pegando fogo por alguns instantes e em seguida dá as costas e vai se afastando. Leandro junta o galão caído no chão e o guarda no porta-malas do seu carro. Leandro entra no carro e pelo espelho lateral observa o mendigo pegando fogo. Leandro sorri, satisfeito e arranca o carro. [Instrumental off].

CENA 13. ap de luísa. sala. Interior. Noite.

Bernardo sentado no sofá, tocando violão e cantando A Sua Maneira – Capital Inicial.

Bernardo — (Canta e toca) Ela dormiu no calor dos meus braços. E eu acordei/

Bernardo é interrompido pela campainha que toca. Ele bufa, coloca o violão em cima do sofá e se levanta para atender a porta. É Heloísa que está lá.

Bernardo — (Surpreso) Maninha? O que você faz aqui? Se perdeu no caminho pro inferno?

Heloísa — (Entrando) Sem gracinha, Bernardo. Eu preciso da sua ajuda.

Bernardo — (Fechando a porta) É mesmo? Conte-me mais.

Heloísa — Eu queria saber se tem como a gente descobrir de onde ta sendo enviado um e-mail.

Bernardo senta no sofá e pega o violão.

Bernardo — Até tem. (Pausa) Mas pra que você quer saber isso?

Heloísa — Por que eu to recebendo uns e-mails estranhos.

Bernardo começa a tocar e cantar: Me Odeie – Reação em Cadeia.

Bernardo — (Canta e toca) Qual é o teu segredo? Do que você tem medo? Não sou/

Heloísa — (Corta/Irritada) Para com esse violão. Você vai me ajudar ou não?

Bernardo — (Se levanta) Você acha mesmo que eu vou te ajudar? Se você tá paranóica com e-mail misterioso, o problema não é meu.

Bernardo vai até a porta da rua e a abre.

Bernardo — (Enfático) Se você não tem mais nada pra fazer aqui, pode ir embora.

Heloísa — Você não pode me expulsar daqui. Essa casa também é minha!

Bernardo — (Por cima) Não! A sua casa é lá na casa do Marcelo, como você mesmo gosta de falar. Agora sai.

Irritada, Heloísa sai do apartamento. Bernardo fecha a porta com raiva.

CENA 14. casa de gregório. sala. Interior. Noite.

Leandro entra da rua, sorridente. Tarsila vai até ele.

Tarsila — Sumiu. Posso saber onde você andava?

Leandro — Eu não sou a Karina. To bem grandinho pra você ficar me controlando.

Tarsila — Ê grosseria! Não quer falar, não fala.

Leandro — (Subindo as escadas) Tava me divertindo.

Em Tarsila.

CENA 15. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música: Baby I'm Yours – Breakbot.

Stock-shot das praias da cidade ao amanhecer. Últimos takes do bairro da Gávea.

CENA 16. casa de giancarlo. corredor segundo andar. Interior. Dia.

[Música fade out]. Milena caminha pelo corredor. Yasmin sai do seu quarto e vai até Milena.

Yasmin — Milena! Que bom que eu te encontrei aqui. Ia te procurar.

Milena — Fala coração. Quê que manda?

Yasmin — É a mãe. Ela veio com um papo estranho ontem.

Milena — Sobre o quê?

Yasmin — Sobre a sua vida amorosa.

Milena — (Surpresa) A minha?

Yasmin — A sua.

Milena — Desenvolve.

Yasmin — Ontem ela me procurou dizendo que você tinha superado o fim do noivado com o Leandro relativamente rápido e tal. Que isso só era possível com outro amor.

Milena — E desde quando a mãe tem interesse na minha vida amorosa?

Yasmin — Foi justamente isso que eu perguntei. (Tom) Você não acha isso estranho.

Milena — Eu acho tanta coisa estranha nessa casa, gatinha. Se eu fosse me preocupar com tudo, eu não vivia mais. (Pausa) Você falou alguma coisa do Marcelo?

Yasmin — Não.

Milena — Então esquece isso. Quem consegue entender o que se passa na cabeça da dona Bianca?

Yasmin concorda as duas descem as escadas juntas.

CENA 17. ap de otávio. sala de jantar. Interior. Dia.

Otávio, Giovanna e Juliana tomando café da manhã. Silêncio absoluto. Neide entra e coloca o pão na mesa.

Neide — Credo! Que silêncio é esse? Tá pior que velório.

Otávio — (Sério) Num velório eu estaria mais feliz.

Neide — Que horror Dr. Otávio.

Otávio — Horror é o que algumas pessoas aqui dessa casa fazem.

Otávio se levanta da mesa.

Neide — Alguém pode me explicar o que tá acontecendo?

Giovanna — Deixa de ser intrometida, Neide.

Neide sai do local.

Juliana — Quanto tempo será que ele vai ficar me tratando assim.

Giovanna — Dá um tempo pro seu pai, Juliana. Esse seu vídeo foi um choque pra ele. Aos poucos ele vai entender que não adianta ficar bravo com você.

Juliana — Tomara, mãe. Tomara.

CENA 18. giacomelli exportações. frente. Exterior. Dia.

Take da fachada do prédio da Exportadora.

CENA 19. giacomelli exportações. sala de giancarlo. Interior. Dia.

Giancarlo sentado à mesa, trabalhando. Tempo e entra Bianca.

Bianca — Pai. Tá ocupado?

Giancarlo — Um pouco, mas entra. Pode falar.

Bianca entra, fecha a porta e se senta diante de Giancarlo.

Bianca — Me diz uma coisa: a quantas anda esse projeto que a Milena tá desenvolvendo?

Giancarlo — A gente ainda precisa fazer alguns estudos de viabilidade pra saber se ele pode ser colocado em prática.

Bianca — E o senhor acha que dá?

Giancarlo — Acho que sim. Mas não posso saber ainda quando ele vai sair do papel. (Tom) Por que a pergunta, Bianca?

Bianca — (Se levantando) Por nada.

Bianca sai. Giancarlo volta à trabalhar.

CENA 20. gafieira. ambiente. Interior. Dia.

Daiane ensaia alguns passos de dança e os seus seis alunos tentam fazer igual. Ela os observa.

Daiane — Isso. Vocês estão se saindo muito bem.

Rudá — (Fora de plano) Com uma professora dessas, é impossível não se sair bem.

Daiane olha para a direção da voz e vê Rudá.

Daiane — Rudá? O que você tá fazendo aqui?

Rudá — Dei uma escapadinha da mansão e vim te ver. Gostou?

Daiane — (Sorri) Gostei. Mas agora é meu horário de aula. Não vou poder conversar com você.

Rudá segura Daiane pela cintura.

Rudá — E quem disse que eu quero conversar com você?

Daiane — (Se soltando) Para. Meus alunos tão olhando. Deixa de ser assanhando. Depois a gente se fala.

Daiane volta para os seus alunos. Rudá a observa.

CENA 21. colégio são sebastião. corredor. Interior. Dia.

Yasmin e Juliana conversando.

Juliana — Meus pais viram.

Yasmin — Viram o quê?

Juliana — O vídeo!

Yasmin — Ih! E aí? Que quê deu?

Juliana — Deu que meu pai ficou puto. E pior! Colocou em mim a culpa do vídeo ter vazado!

Yasmin — E a sua mãe?

Juliana — Foi mais compreensível. Ela pelo menos me apoiou. Mas meu pai foi tão ríspido comigo. Ele nunca tinha falado daquele jeito.

Yasmin — Ah mas também, né? Acho que qualquer pai teria essa reação. É meio chocante ver a filha tendo intimidades com um cara.

Juliana — Não viaja, Yasmin. Eu não tava tendo intimidades com ninguém no vídeo.

Yasmin — É, mas dá a entender que depois ia ter. E muitas vezes o suposto é muito pior.

Juliana — Você não tá ajudando.

Yasmin — Desculpa.

Juliana — E pensar que tudo isso é culpa do Leandro.

Yasmin — Eu já disse pra você esquecer ele.

Juliana — Não vou! E mais: hoje mesmo vou atrás daquele cretino.

Yasmin — Não vai não.

Juliana — Vou sim.

Em Juliana decidida.

Música: Meu Novo Mundo - Charlie Brown Jr

CENA 22. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música continua. Stock-shot da cidade, indicando passagem de algumas horas. [Música off].

CENA 23. gafieira. ambiente. Interior. Dia.

Daiane acompanhado os alunos até a saída.

Daiane — Valeu pessoal. Não deixem de ensaiar em casa também. É muito importante que vocês façam isso.

Todos os alunos saem. Daiane olha para Rudá.

Daiane — Pronto. To livre.

Daiane se aproxima de Rudá.

Daiane — Da próxima vez avisa que vai vir.

Rudá — Até parece que você não gostou da surpresa.

Daiane — (Faz charme) É... Até que gostei.

Rudá surpreende Daiane com um beijo.

Música: Me Chama - Babi Hainni.

Daiane — Vai com calma.

Rudá — Não dá. Sabe por quê? Porque eu gosto muito de você. E você também... Ou to mentindo?

Daiane — Você sabe que não. Eu também gosto muito de você.

Rudá — Então por que a gente não dá um passo a frente?

Daiane — Como assim?

Rudá — Esse nosso rolo já dura tanto tempo. A gente se gosta... Vamos levar isso à sério, vamos parar com essa enrolação e vamos namorar.

Na surpresa de Daiane. [Música off].

CENA 24. barão do alambique. estacionamento. Exterior. Dia.

Leandro abre o seu carro e entra. Corta para o interior do veículo: Leandro mexe na carteira. Tempo e Juliana entra no carro.

Leandro — (Susto) O que é isso, garota?! Como é que você entra assim no meu carro?! Tá maluca?!

Juliana — (Revoltada) Maluco tava você quando jogou aquele vídeo na net. Aliás, quem te deu o direito de gravar aquilo?

Tensão. Closes alternados entre Juliana e Leandro.

CENA 25. restaurante. ambiente. Interior. Dia.

Bianca e Gregório sentados à mesa. Eles entregam o cardápio para o garçom que está ao lado da mesa. O garçom se afasta.

Gregório — (Sorri) Gostei do seu convite pra um almoço juntos. Vamos esticar depois?

Bianca — (Séria) Não fica atiçado que depois de você ter me escondido esse caso da Milena com o Marcelo, eu nem deveria tá falando com você.

Gregório — Eu não poderia imaginar...

Música: Chasing Pirates - Norah Jones. [Até o Encerramento].

Bianca — Mas eu te chamei pra falar justamente sobre isso. (Corrige) Quer dizer, também sobre isso... Sobre isso e sobre o fato da Milena quase ter se encontrado com o juiz Nicolau Cardoso.

Gregório — Então fala.

Bianca — Eu passei o dia pensando: a Milena tá desenvolvendo um projeto pra exportadora que envolve o Oriente.

Gregório — E daí?

Bianca — Daí, que com a justificativa desse projeto, eu vou convencer o meu pai a mandar a Milena pra uma viagem de negócios à Dubai. Com ela longe por um tempo, eu mato dois coelhos com uma só bala: afasto ela do Marcelo, e dessa investigação ridícula que ela tá fazendo sobre a morte do Coimbra. (Pausa) E aí? O que você acha?

Fade Out.

 
     

 

     



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