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Música:
Perfume - Orchestral Version, Britney Spears
Quatro homens usando terno e gravata tiram o caixão do
carro da funerária, para adentrar no principal cemitério
de Arraial D’ Ajuda, apenas os familiares e os mais
próximos estavam presentes no ambiente, todos vestidos
de preto como manda o figurino. O padre faz um serviço
atencioso, sem dar atenção para o passado daquele ser
humano e muito menos as circunstâncias que levaram ao
assassinato. O caixão de Pamela Monteiro ficou o tempo
todo fechado. A doce dama haverá de sido fuzilada e em
cada marca de bala, as últimas impressões de beleza
chegaram ao epílogo. Levi corre os olhos pelo
campo-santo, que possuía grandes jazigos, era raro ver
uma única lápide simples, o empresário sabia o quão
perigoso era o seu sócio, mas não imaginava tamanha
crueldade, era trabalho de Fagner Lima, evidentemente,
que agora não se encontra no distrito e ao menos atende
as ligações de Tony Federline, é um verdadeiro covarde,
assim como a sua comparsa.
ALGUNS DIAS ANTES
Pamela não estava mais
usando maquiagem e ao menos arrumando suas belas
madeixas que começam a quebrar os fios, certamente
desidratados assim como sua constituição física, ela
estava esperando o grande dia, quando o irmão adentrou
na saleta.
- O Tomaz ainda vem te
visitar? – Ele pergunta.
- O proibi, ele não
merece mais uma vadia em sua vida.
- Do que está falando?
- Você nunca percebeu?
- O quê?
- Demorei um tempo para
acreditar, mas o Fagner sempre teve um passo a frente da
gente.
- Sim, isso é verdade.
- Uma vez vi essa pessoa
conversando com ele, mas pensei que fosse apenas uma
cordialidade, aquele desgraçado gosta de tratar os
outros bens, para finalmente tornarmos uma peça em seu
grande tabuleiro de xadrez. Então, perguntei para o
Tomaz na nossa última visita, o que havia acontecido com
Alice Jones, a delegada simplesmente saiu da cidade sem
dar nenhuma explicação, sempre foi aquela cadela
miserável.
- Nunca havia
desconfiado.
Os minutos haviam
acabado e Levi neste momento, tem uma resposta para
todos os seus enigmas, quem mais poderia ser afinal?
Alice Jones é uma mulher forte, sabe manusear uma arma
melhor que muitos homens e além de tudo, tinha grandes
motivos para jogar Pamela Monteiro e uma paletó de
madeira.
AGORA
Levi permanece sentado
sozinho no luxuoso escritório com vista amplamente para
o oceano atlântico, havia pensado em cada detalhe da
planta da nova morada que em alguns momentos, sentia
falta da antiga, era no escritório que passava grande
parte ao lado do patriarca, Antônio Monteiro, lá
aprendeu os seus maiores segredos de negócios.
- Levi...
Olga Novak entra no cômodo um pouco insípida ao se
acomodar de frente com o genro, nunca fez questão que a
filha namorasse com aquele homem, cujo o seu capital não
era límpido, mas Barbara o amava de verdade e Levi, é um
homem de caráter e integro, apesar das consternações.
- Demorou algum tempo para conseguir levar em conta tudo
que aconteceu comigo. Desde que o pai da Barbara
faleceu, ela lançou o seu primeiro livro, tem uma
carreira prestigiada e daí ela te conheceu, nunca gostei
de você e isso não é segredo para ninguém agora que
retornou com sua memória. – Ela faz uma pequena pausa. –
Sempre achamos que os nossos filhos merecem o melhor e
quando ela me disse com o que você trabalhava, uma parte
de mim se sentiu um fracasso, ela não estava tendo o
melhor, sabe? Eu devia ter levado em consideração aquela
alegria e me contentar simplesmente com a felicidade
dela, mas me entreguei ao medo, o medo da minha filha
ser presa, o medo do meu neto não ter um futuro
indulgente, o medo de acabar todos com a imagem
manchada, você simplesmente morreu, ela se mudou para
Nova York, tivemos grandes momentos juntas ao lado do
pequeno David, mas Barbara não era mesma, não estava
mais completa e ela só esteve completa, quando
finalmente você voltou, daí todos aqueles pedaços
quebrados se juntaram, comecei a enxergar todas as suas
qualidades não só como homem, como um bom pai, um bom
amigo e acima de tudo, um verdadeiro lutador, que está
sempre disposto a se entregar a uma batalha.
A senhora está um pouco emocionada, enquanto Levi segura
as suas mãos. Levi engole as lagrimas que lutam para
cair de sua íris, nunca imaginava que um dia iria de
ouvir aquela declaração da sogra, que nos últimos dias
havia mudado de vez aquele comportamento repulsivo, os
dois se abraçam antes de irem dormir, cada um em seu
respectivo quarto.
A campainha toca algumas vezes na manhã seguinte, Amália
ainda está usando os seus óculos escuros, ela abre a
porta para que Tomaz Brayton, pudesse entrar.
- Como a senhora está? – Ele pergunta.
- Levando. – Ela faz um leve pausa. – Agora não tem mais
volta.
Amália acompanha Tomaz para a cozinha, fazendo questão
de passar um café fresquinho ao sobrinho, servindo um
bolo de aipim que havia comprado no supermercado.
Naquele dia, os empregados havia ganhado folga.
- Ela era tudo que eu tenha. – Ele disse.
- Não fala assim querido, você ainda é novo.
- É.
- A Pamela não te merecia, você é um moço bondoso,
trabalhador e acima de tudo inteligente, enquanto a
minha filha, o coração na maioria das vezes era feito de
gelo, inquebrável feito uma rocha. – Ela começa a
chorar. – No que errei na educação dela? Sempre dei
tanto amor e carinho, para retribuir com todo esse mal
que ocasionou durante os últimos anos? Só queria ter uma
vida normal, Tomaz, somente. Eu amo a Pamela, sempre vou
ama-la, mas não criei um anjo e sim um demônio, agora
todos na cidade jogam o meu nome no lixo, como se eu
fizesse parte deste teatro de quinta categoria. Não
tenho mais reputação. Eles querem me queimar, como se eu
fosse uma bruxa.
- Não ligue para essa gente. A Pamela cometeu muitos
erros, mas o grande segredo do destino é o perdão,
sabia? A senhora ensinou tudo direito a ela, mas cada um
tem o seu livro arbítrio, cada uma escreve sua biografia
como quiser e é lembrado da maneira que tratou cada uma
das pessoas, para mim ela foi o grande amor da minha
vida ao lado de Alice Jones, que agora nem sei para
aonde foi junto com o Kevin, sem ao menos se despedir,
as duas agora são lembranças, só sinto o cheiro do
perfume nas minhas roupas, nos sonos os grandes momentos
aparecem todas as noites, eu era o melhor para a Alice,
mas me joguei na carne da Pamela. Devia ter a salvo,
quando tinha tempo em vida, mas ela não queria.
- O Levi me contou tudo.
- Ele a desculpou.
- Sim.
- A senhora não tem culpa de nada.
- É... – Ela fala aliviada.
Amália lava metade da bagunça enquanto o sobrinho, ajuda
a organizar tudo no armário, posteriormente os dois
regressam para a sala de estar, enquanto Levi permanece
acomodado na poltrona assistindo o jornal da tarde da
principal emissora do país, uma das notícias exibidas o
chama atenção, Fagner Lima, um dos sócios no negócio
ilegal de falsificação de produtos está preso pela
polícia federal com a ajuda da Interpol. Tony chega na
sala rapidamente, ele sabia o que havia acontecido,
precisa colocar os planos em prática.
- O que está acontecendo? – Questiona Tomaz.
- Saia daqui agora, por favor, Tomaz. – Levi começa a
falar. – Esse lugar não é mais seguro.
- Como assim?
- Eu e o Tony estamos envolvido nisto.
- Mas e a tia?
- Nós temos os nossos planos, é melhor ela ir com a
gente.
Não houve tempo para despedidas, Tomaz saiu da morada
com o coração partido, talvez nunca mais veria os seus
parentes. Aquela cada estava equipada com os melhores
mercadoria da área de segurança, do computador do
escritório, Tony acessa o radar local e as câmeras em
torno do distrito, diversos carros da polícia juntos,
eles sabia como jogar, eram espertos. Levi coloca os
livros da instante de madeira maciça e joga no chão,
digitando um senha em um aparelho digital, fazendo com
que aquele armário saísse do lugar, liberando um espaço
oco, uma sala pequena de quase dois metros mais ou
menos, todos adentram no ambiente apertado, Levi,
Barbara, Tony, Amália, Olga e David, eles fecham a
entrada em meio a dificuldade, antes de escutar um
barulho de alto falante, certamente do helicóptero:
“Polícia federal, saiam todos dessa residência.” A luz
da saleta ascende automaticamente e um monitor apresenta
os policiais de diversos carros, atirando centena de
vezes na mansão, cada munição daquela custava 35 euros,
multiplicado por diversas armas e milhares de tiros, um
dinheiro jogado no lixo.
O acesso do elevador é aberto para que cada um dos
familiares pudessem entrar, eles eram uma família,
apesar de estarem todos com medo, um conforta o outro
naquele ambiente. Levi segurava as mãos de Barbara, que
segurava David no colo. Amália segura as mãos de Tony,
que segura a de Olga. Demorou sessenta segundos para o
aparelho parar e descerrar e eles contemplarem o oceano
atlântico e um iate de três andares, 43 metros de
cumprimento e 10 de largura, avaliado em 80 milhões de
reais. Ele não imaginava que este dia ia chegar, mas
finalmente chegou, o fim de Amália Monteiro, o de Tony
Federline, o de Olga Novak, o de Barbara Novak, o de
David Novak e o de Levi Monteiro, todos ganhariam novos
nomes, novos documentos, precisam de um novo começo e
este era o fim. |
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