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Relações Perigosas - Capítulo 41

Novela de Felipe Porto
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VALE A PENA LER DE NOVO: RELAÇÕES PERIGOSAS
 
     
 
 
     
  NO CAPÍTULO ANTERIOR DE "RELAÇÕES PERIGOSAS":

Milena — Meu pai não era essa canalha que seduz mulher casada como você descreveu.

Bianca — O Coimbra não era nenhum santo, Milena.

Marcelo — (Para Bianca) Eu vou agora mesmo falar com a Luísa.

Bianca — Vai, Marcelo. Ela vai te confirmar que o Alcides sumiu com você pra se vingar da sua mãe.

Marcelo — (Para Milena) Vamos embora, eu não aguento ficar mais um minuto aqui.

Milena — Vamos.

Marcelo e Milena saem. Bianca e Gregório se olham. Ele sorri e a acaricia.

Bianca — Acho que agora eles vão esquecer essa história. (Tom) Me saí bem?

Gregório — Maravilhosamente bem.

Bianca sorri e os dois se beijam.

...

Luísa — Marcelo? Desculpa, mas nós tínhamos combinado algo?

Marcelo — (Levanta) Não, mas como eu precisava muito falar contigo, o Wagner saiu e me deixou ficar aqui.

Luísa — O que de tão urgente você tem pra falar comigo?

Marcelo — A Bianca e o Gregório nos contaram uma história sobre os meus pais e o pai da Milena. Ela falou que você pode confirmar tudo. (Pausa) Por favor, me diz que tudo o que ela falou é mentira.

Em Luísa sem saber o que responder.

 
     
 
     
     
     

CAPÍTULO 41
 
     
 

CENA 01. ap de luísa. sala. Interior. Dia.

Continuação da última cena do capítulo anterior.

Marcelo aguardando uma resposta de Luísa.

Luísa — (Gagueja) Que história, Marcelo?

Marcelo — Que o meu pai sumiu comigo porque descobriu que a minha mãe e o Coimbra tinham um caso.

Luísa suspira e senta no sofá.

Luísa — Senta Marcelo.

Marcelo — Então é verdade?

Luísa — É verdade sim. O seu pai sumiu depois que tudo isso aconteceu.

Marcelo — Por que a minha mãe fez isso, Luísa?

Luísa — A verdade é que ela morreu negando essa história.

Fecha em Luísa.

Fusão para:

CENA 02. casa de ana carolina. sala. Interior. Dia.

Flashback. O inicio desta cena, é a cena 10 do capítulo 10.

Cerca de vinte anos atrás. Na sala estão: Ana Carolina, Luísa e Gregório, todos com cerca de 30 anos.

Ana Carolina está desesperada. Luísa e Gregório tentam acalmá-la.

Luísa — Calma, Ana. Eles não podem ter sumido assim.

Ana Carolina — (Desesperada) O armário do Marcelo tá vazio e tem peça de roupa faltando no do Alcides. Ele sumiu com o nosso filho, Luísa!

Gregório — O Alcides nunca que ia fazer uma coisa dessa, Ana! Vai ver que... Sei lá, ele foi viajar com o garoto.

Ana Carolina — Sem me avisar? Tenha a paciência, Gregório.

Luísa — (Pra Gregório) Será que você não consegue localizar o seu irmão?

Gregório — Posso tentar.

Ana Carolina — Eles são as pessoas que eu mais amo nesse mundo. Eles não podem me deixar.

Luísa puxa Ana Carolina para um canto. As duas cochicham.

Luísa — Sem motivos não, né Ana?

Ana Carolina — Quantas vezes eu vou ter que repetir que eu não tive nada com o Coimbra. Será quem nem você que é minha melhor amiga vai acreditar em mim?

Luísa — Desculpa eu não quis duvidar de você.

Ana Carolina — Me promete que essa história vai morrer aqui. Se o Alcides não acreditou em mim, o que dirá as outras pessoas.

Luísa — Fica tranquila, minha amiga. Essa história vai morrer comigo.

Fim do flashback.

Fusão para:

CENA 03. ap de luísa. sala. Interior. Dia.

Luísa e Marcelo.

Marcelo — Mas eles tiveram ou não um caso?

Luísa — Como eu disse: ela morreu negando. Mas eu mesma, no passado, já cansei de fazer besteiras e depois negar. O Coimbra era o único que poderia negar ou confirmar essa história, mas ele morreu naquela mesma semana.

Marcelo — E o que você acha?

Luísa — Eu acho que a sua mãe não seria capaz de fazer uma coisa dessas. Mas nem sempre o que a gente acha é a verdade.

Em Marcelo confuso.

CENA 04. hospital. sala de espera. Interior. Dia.

Milena e Giancarlo. Conversa já iniciada.

Milena — Então você sabia dessa história?

Giancarlo — Sabia, Milena. Foi justamente por causa disso que a Bianca quis cancelar todos os contratos com a Barão do Alambique. A princípio eu quis impedir, mas isso ia acabar causando ainda mais dor de cabeça.

Milena — Inacreditável isso.

Giancarlo — Na verdade foram traições trocadas. Você já deve saber que a sua mãe e o/

Milena — (Corta) Sei, sei sim.

Giancarlo — Tem outra coisa que a sua mãe escondeu de você e eu acho que você precisa saber.

Milena — O quê?

Giancarlo — O processo que investiga a morte do seu pai foi reaberto.

Milena — (Surpresa) Reaberto?! Quando isso?!

Giancarlo — Um pouco antes de você viajar pra Dubai.

Milena — E você só me fala isso agora?!

Giancarlo — A sua mãe pediu pra não te contar nada.

Milena — Por quê?! Que interesse tem ela em esconder essa história.

Giancarlo — Não é que ela queira esconder, Milena. Ela quer te poupar.

Milena — (Ri) Poupar? Não acredito nessa história. Pra mim ela tá escondendo algo. (Tom) Você sabe onde fica a delegacia que tão investigando isso?

Giancarlo — Sim. Tenho até um cartão do delegado aqui.

Giancarlo tira de dentro da carteira um cartão e entrega para Milena, que o guarda no bolso.

Milena — E a Yasmin cadê?

Giancarlo — Tá lá fora.

Milena — Vou indo. Mais tarde eu volto.

Giancarlo — Vai procurar a sua irmã?

Milena — (Saindo) Não! Vou procurar o delegado!

Milena já saiu. Em Giancarlo.

CENA 05. ap de otávio. sala. Interior. Dia.

Giovanna e Juliana. Conversa já iniciada. Giovanna com semblante triste.

Juliana — O Jardel não deu mais notícias?

Giovanna — Não, filha. Sumiu do mapa, não se dignou em ligar, a dar explicações, a nada.

Juliana — Você não acha estranho isso?

Giovanna — Estranhíssimo!

Juliana — Você não acha que aconteceu alguma coisa?

Giovanna — Aconteceu o quê, Juliana? Ele deixou um bilhete de despedida. A verdade é que eu não passava de uma diversão pra ele.

Juliana — Você parecia tá tão feliz com ele.

Giovanna — Eu tava feliz, mas era só ilusão minha. (Tom) E você como tá? Como tá a convivência com o seu pai?

Juliana — Não tá, pra falar a verdade a gente mal se fala. Ele vive fora, ou tá no escritório ou tá na Barão. (Tom) Aliás, de onde ele tirou dinheiro pra comprar ações da Barão do Alambique?

Giovanna — Vendeu a casa da serra. Não era uma porcentagem de ações muito alta.

Juliana — Por que você não volta pra cá? Você acabou de perder o emprego, eu sei que tá difícil.

Giovanna — Tá difícil, mas voltar pra cá seria me humilhar pro Otávio e isso eu não vou fazer.

CENA 06. delegacia. sala do delegado. Interior. Dia.

Milena e Nogueira conversando.

Nogueira — As investigações ainda estão em andamento.

Milena — Eu sei, mas não tem nada que você possa falar?

Nogueira — Bom, a primeira coisa que você precisa saber é que a corregedoria tava investigando o Juiz Nicolau Cardoso.

Milena — Foi o juiz que arquivou o processo da morte do meu pai, né?

Nogueira — Esse mesmo. Antes existiam indícios, agora nós temos provas que ele recebeu suborno/

Milena — (Por cima) Pra arquivar esse processo?

Nogueira — Pra esse e pra arquivar outros também. Alguns casos nós já descobrirmos a origem dos pagamentos, mas no caso do processo do seu pai, ainda não. Enfim, com isso vários processo, incluindo o da morte do seu pai, foram reabertos. E foi aí que eu vi algo estranho.

Milena — (Intrigada) Estranho como?

Nogueira — A razão que deram pro caso ser arquivado, foi falta de provas. Mas foram encontradas algumas substâncias na corrente sanguínea da vítima.

Milena — Que tipo de substâncias? Drogas?

Nogueira — Sim. Algo muito parecido com o Boa Noite Cinderela. Uma droga que não derruba totalmente a pessoa, só deixa ela meio grogue.

Milena — Vocês sabem quem fez isso?

Nogueira — As investigações ainda estão em curso, senhora. Eu já falei demais.

Milena — Tudo bem. Eu agradeço pelo seu tempo e no que precisar, pode contar com a minha ajuda.

CENA 07. hotel. quarto. Interior. Dia.

Bianca e Gregório por ali.

Bianca — Vou reclamar com a gerência do hotel. Como é que me deixam qualquer um subir nos quarto.

Gregório — Eles devem ter subornado alguém. Esquece isso. (Tom) Você acha mesmo que agora eles vão esquecer essa história?

Bianca — Depois do balde de água fria que a gente jogou naqueles dois? Se não esquecerem, pelo menos vão sossegar um pouco.

Gregório — Mas ainda tem a morte do Coimbra.

Bianca — Isso a gente vê depois. O importante é que pelo menos por agora um problema já foi resolvido.

Gregório — É melhor a gente ir.

Bianca — Eu não sei se vou pra empresa ou se vou pra casa. Não tava querendo encontrar a Milena agora.

Gregório — Eu vou pra empresa e no caminho vou pensar numa boa desculpa pra dar pra Tarsila pra justificar a minha ausência por tantas horas.

Bianca — Boa sorte.

Gregório — Vou precisar.

CENA 08. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Noite.

Música: Chasing Pirates - Norah Jones.

Stock-shot do Rio de Janeiro ao anoitecer. O último take é o da frente da casa de Ana Carolina. [Música off].

CENA 09. casa de ana carolina. sala. Interior. Noite.

Marcelo entra da rua, triste, arrasado. Rudá vem da cozinha.

Rudá — Marcelo, eu preciso que você/

Marcelo — (Corta/Triste) Agora não, Rudá.

Rudá — Tá tudo bem?

Marcelo — Não, eu não to legal. Preciso ficar sozinho.

Rudá volta para a cozinha.

Música: Pede a Ela - Tim Maia.

Marcelo caminha pela sala, desnorteado até que ele vai até o quadro pendurado na parede em que estão os seus pais e ele criança. Marcelo olha para o quadro com uma aparência melancólica.

Marcelo — (Triste/Para o quadro) Por que vocês fizeram isso? Pai, por que você não escutou o que ela tinha pra falar? Foi logo tomando essa atitude que deixou marcas profundas nas nossas vidas.

Marcelo enxuga as lágrimas.

Marcelo — E você, mãe? Eu custo em acreditar que tudo isso que falaram da senhora seja verdade. Eu não lembro direito da senhora, mas eu não consigo acreditar que você seja esse tipo de pessoa.

Marcelo senta sob o quadro pendurado e fica ali, enxugando suas lágrimas. [Música off].

CENA 10. casa de gregório. quarto de gregório e tarsila. Interior. Noite.

Gregório vê Tarsila se arrumar.

Gregório — Aonde você vai?

Tarsila — Vou sair pra dançar, to muito estressada.

Gregório — Estressada do quê? Você não faz nada naquela empresa.

Tarsila — E você? Que some e dá explicações estapafúrdias.

Gregório — Tudo bem, vai onde você quiser.

Tarsila — Nós vamos!

Gregório — Não, eu não vou.

Tarsila — O quê que custa, Gregório?

Gregório — Custa muito. Não me coloca nesse programa.

Tarsila bufa, indignada.

CENA 11. casa de giancarlo. sala. Interior. Noite.

Milena entra da rua.

Milena — Mãe?

Milena olha e não vê ninguém. Sobe as escadas.

CENA 12. casa de giancarlo. quarto de Bianca e Rogério. Interior. Noite.

Milena entra. Bianca ali.

Bianca — Tirou o dia pra me assustar, Milena?

Milena — Eu já sei de tudo.

Bianca — Disso eu sei. Ou você esqueceu da conversinha que a gente teve lá no hotel?

Milena — Eu to falando sobre a morte do meu pai.

Bianca não esboça reação.

Bianca — Sabe o quê?

Milena — Sei que o caso foi reaberto e você não queria que eu ficasse sabendo. O que mais você tá escondendo de mim?

Em Bianca escondendo a tensão.

CENA 13. casa de gregório. sala. Interior. Noite.

Karina mexendo no celular. Leandro entra da rua.

Leandro — Cadê todo mundo?

Karina — A mãe saiu e o pai tá no quarto.

Leandro vai para o escritório.

CENA 14. casa de gregório. escritório. Interior. Noite.

Música: Instrumental Suspense.

Leandro entra e fecha a porta. Leandro vai até a mesa e começa a vasculhar, mexe em papéis que estão ali por cima, etc. Depois começa a abrir as gavetas, procurando algo. Leandro para e olha para a estante de livros que há em uma das paredes. Leandro vai até ela e tira alguns livros. Revelamos um cofre. Em Leandro pensativo. [Instrumental off].

CENA 15. gafieira. ambiente. Interior. Noite.

Uma banda toca um samba no palco. Casais dançam animados. Tarsila e mais uma amiga entram. Tarsila olha para tudo com muito fascínio. A amiga fala algo para Tarsila e se afasta dela. Tempo e Seu Coisinha vai até Tarsila.

Seu Coisinha — Bem-vinda, é a sua primeira vez na casa, né?

Tarsila — É sim. Como você sabe?

Seu Coisinha — Eu conheço todos os rostos que passam pelo meu salão.

Tarsila — Você é o dono daqui?

Seu Coisinha — Sim. (Estende a mão) Todo mundo me chama de Seu Coisinha.

Tarsila — (Também estende a mão) Ui! Que nome exótico, gostei.

Seu Coisinha — Não é nome, é apelido. E o seu qual é?

Tarsila — Tarsila. Tarsila Mascarenhas.

Seu Coisinha — Mascarenhas? Interessante.

Tarsila — Por quê?

Seu Coisinha — Eu conheci um pessoal com esse sobrenome. (Tom) Mas deve ser só coincidência.

Tarsila — (Curiosa) Quem são?

Em Seu Coisinha.

CENA 16. casa de giancarlo. quarto de bianca e rogério. Interior. Noite.

Continuação da cena 12. Bianca por fim responde à Milena.

Bianca — Eu não to querendo esconder nada de você, Milena. Eu só quero te poupar.

Milena — (Irritada) Ah! Para de repetir essa história de que quer me poupar!!! Eu não acredito nela!

Bianca — Por que eu iria querer esconder isso de você?

Milena — Pelo mesmo motivo que você escondeu durante anos que o meu pai e Ana Carolina Mascarenhas tiveram um caso. Pelo mesmo motivo que você escondeu que você e o Gregório tiveram e ainda tem um caso. (Tom) O seu marido tá numa cama de hospital lutando contra a morte e você tá aí, se encontrando em quarto de hotel com amante. Você é uma pessoa muito baixa.

Bianca — Me respeita! Eu sou sua mãe!

Milena — É minha mãe, mas tá sendo uma completa desconhecida pra mim.

As duas se encaram por alguns instantes, até que Milena sai do quarto.

CENA 17. GAFIEIRA. ambiente. Interior. Noite.

A banda segue tocando e cantando um samba qualquer. Casais dançam pelo salão. Tarsila e Seu Coisinha sentados à mesa, conversando.

Tarsila — (Surpresa) Mentira que você conheceu a Ana Carolina?!

Seu Coisinha — Fui padrinho de casamento dela.

Tarsila — Engraçado é que eu não lembro de você lá.

Seu Coisinha — Também pudera. Faz muito tempo que isso aconteceu. Talvez essa tenha sido a única vez que a gente tenha se visto.

Tarsila — Verdade, não teria mesmo como eu me lembrar.

Seu Coisinha — Na época você era casada, não era?

Tarsila — Ainda sou.

Seu Coisinha — E o seu marido tá aqui?

Tarsila — Ele não quis vir.

Seu Coisinha — Traz ele da próxima vez que você vier.

Tarsila — Vai ser tarefa difícil, mas juro que vou tentar.

Seu Coisinha — Sabe dançar?

Tarsila — Samba? Mais ou menos.

Seu Coisinha — Então hoje você vai aprender com o melhor dançarino dessa gafieira.

Seu Coisinha se levanta e faz sinal para Jamal, que se aproxima dele.

Seu Coisinha — Tarsila, esse é o Jamal, o melhor dançarino daqui.

Jamal — Imagina, sou só um humilde amante da dança. Prazer.

Tarsila estende a mão.

Seu Coisinha — Você poderia levar ela pra dançar?

Jamal — Com o maior prazer. Eu vou fazer você flutuar na pista. Vamos?

Tarsila — (Levanta) Vamos.

Jamal conduz Tarsila até a pista de dança. Seu Coisinha observa os dois.

Seu Coisinha — Parece ser uma boa pessoa. Realmente ela não merece ser casada com aquele homem.

Em Tarsila e Jamal dançando.

CENA 18. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Dia.

Música: Dia Especial - Tiago Iorc.

Stock-shot de ruas e avenidas da cidade do Rio de Janeiro. Fluxo intenso de pessoas circulando pelas ruas, esperando o ônibus, entrando na estação de metrô, etc. [Música off].

CENA 19. shopping. ambiente. Interior. Dia.

Bernardo e Juliana. Ela entrega alguns livros para ele.

Bernardo — O que achou?

Juliana — Interessante, gostei bastante, mas esse negócio de fazer cálculos de área de planta... Exatas nunca foi minha paixão.

Bernardo — Mas qual é o grau de dificuldade que você tem? Porque dependendo do caso, nem vai ser um problema tão grande. A arquitetura também tem várias vertentes ligadas à comunicação visual.

Juliana — Resolvo de boa os cálculos, mas não gosto deles. Meu santo não bate com eles e eu não quero eles junto de mim o resto da minha vida.

Bernardo — Então vai por outra alternativa de curso.

Juliana — Tipo o quê? Publicidade?

Bernardo — Também! Ou então Design. Tem Design de Interiores, Gráfico e até de Produtos. A minha irmã era formada em Design de Produtos.

Juliana — E ela gostava do que fazia?

Bernardo — Acho que sim. Nunca vi ela reclamar de nada.

Juliana — Quem sabe essa não é uma boa opção. Obrigada pelas dicas.

Bernardo — Não precisa agradecer. (Tom) O ruim de tudo isso é que se você fizer outro curso, dificilmente eu vou te ver.

Juliana — É. Pois é. As chances diminuem.

Breve silêncio entre os dois.

Juliana — Os livros estão entregues então eu já vou. Tchau.

Juliana dá as costas, mas Bernardo pega o no braço dela. Juliana se vira para ele.

Bernardo — Eu não sei quando e nem se eu vou te ver de novo. Então.../

Música: Meu Novo Mundo - Charlie Brown Jr.

E então, Bernardo beija Juliana. Ela fica sem ação. Tempo no beijo dos dois, até que Juliana o empurra.

Juliana — Não. Para.

Bernardo — Que? Você não curtiu?

Juliana — (Confusa) Não, é que... Eu não quero.

Bernardo — (Olha nos olhos dela) Não quer mesmo?

Juliana faz menção de que vai responder algo, mas Bernardo a beija novamente. Tempo no beijo dos dois e Juliana novamente o empurra.

Juliana — Eu preciso ir.

Juliana vai se afastando. Bernardo a observa ir. [Música off].

CENA 20. barão do alambique. sala de gregório. Interior. Dia.

Gregório e Tarsila. Conversa já iniciada.

Tarsila — Me diverti horrores ontem. Você não sabe o que perdeu.

Gregório — Gafieira? Nem quero imaginar, Tarsila.

Tarsila — Você fica aí bancando a elite, mas dançar com o povo também tem o seu valor.

Gregório olha para Tarsila, incrédulo.

Gregório — Sinceramente eu não to te reconhecendo. Nem parece a mesma mulher de meses atrás.

Tarsila — As pessoas mudam, Gregório. O mundo muda!

Leandro entra.

Leandro — Interrompo?

Tarsila — Não. Já tô de saída.

Tarsila sai. Leandro senta diante de Gregório.

Gregório — O que você quer?

Leandro — Falar sobre a Heloísa.

Gregório — Eu já disse que aquela mulher é encrenca, Leandro.

Leandro — É encrenca, mas pode nos ajudar a tirar o Marcelo daqui.

Gregório — Como?

Leandro — Não sei ainda, mas ela tá com ódio dele, tá com vontade de ver ele se ferrar.

Gregório — E só por isso a gente tem que se aliar à ela?

Leandro — Escuta o que eu to te dizendo. É muito bom ter alguém com sangue nos olhos do nosso lado.

Gregório pensativo.

Leandro — Quem sabe essa não é a hora de voltar com aquela ideia de tirar o Marcelo de vez do nosso caminho?

Gregório — E você acha que ela vai aceitar?

Leandro — Vamos agora descobrir isso.

Gregório — (Surpreso) Mas agora?

Leandro — Sim! Agora!

CENA 21. bistrô. ambiente. Interior. Dia.

Gregório, Leandro e Heloísa sentados à mesa, conversando.

Heloísa — Foi bom você ter me ligado, Leandro. Queria mesmo falar com você. (Olha para Gregório) Fiquei surpreso com você aqui.

Leandro — É que a gente tem uma proposta pra fazer pra você.

Heloísa — (Curiosa) É? Que proposta?

Gregório — O Marcelo te prejudicou muito. Tá na hora de você dá o troco não acha?

Heloísa dá um sorriso malicioso.

Heloísa — Vocês querem que eu me alie a vocês pra destruir o Marcelo?

Gregório — Não é isso que você quer?

Heloísa — Não. Eu quero ele pra mim.

Leandro — Você é meio masoquista, né?

Heloísa — Não tanto quanto você.

Gregório — Você aceita ou não?

Heloísa — O que vocês querem fazer?

Gregório — A gente quer tirar o Marcelo do nosso caminho. Pra sempre.

Heloísa — Eu não vou matar ninguém!

Leandro — (Ri) Como assim? Não vai ser uma novidade pra você.

Gregório — (Para Leandro/Confuso) Do que você tá fal/

Heloísa — (Corta) O Marcelo não! Se vocês precisarem da minha ajuda pra alguma coisa, tudo bem. Eu talvez possa ajudar, mas a única coisa que eu quero é que o Marcelo volte pra mim.

Gregório — Mas pra isso acontecer você é capaz de tudo, não é?

Heloísa — Sim. De tudo.

Gregório — Até de nos ajudar a afastar ele da Barão?

Heloísa — Quem sabe, mas pra isso eu vou precisar de uma ajuda financeira de vocês.

Gregório abre a carteira e preenche um cheque. Entrega para Heloísa.

Gregório — O que você acha?

Heloísa — Um bom começo.

Gregório — Então acho que temos um trato.

Heloísa sorri e concorda.

Gregório — (Se levanta) Até qualquer hora.

Gregório sai.

Leandro — A gente se vê por aí.

Leandro vai levantar, mas Heloísa o impede.

Heloísa — Espera, Leandro. E o vídeo?

Leandro — Aquele você aparece matando a sua irmã?

Heloísa — Que tal falar mais alto? O garçom do outro lado do restaurante não ouviu.

Leandro — (Sorri) Tá bem guardado... Enquanto eu tiver vivo.

Leandro levanta e sai.

Heloísa — Isso, vão, vão esperando que eu vou ajudar vocês. Esperem sentados pra não cansar, trouxas.

E Heloísa guarda o cheque.

CENA 22. tijuca. rua. Exterior. Dia.

Daiane e Jamal caminham pela rua.

Jamal — E o seu namoro com o Rudá? Tá indo bem?

Daiane — Por enquanto tá.

Jamal — Por que por enquanto?

Daiane — Ah sei lá, Jamal. Ele é muito ciumento. Se me visse assim com você era capaz de ter um treco.

Jamal — Que bobagem, Daiane. A gente nunca ia ter nada.

Daiane — Eu sei, você sabe, mas ele não.

Jamal — Não gosto de gente que não confia em si mesmo. Cadê a autoestima ele?!

Daiane — Não é falta de autoestima, é ciúme mesmo.

Jamal — Se ele tem esse problema, eu não tenho. Eu não teria ciúmes de você.

E Jamal da um abraço fraternal em Daiane.

Rudá — (Off) Tira a mão dela!

Daiane e Jamal veem Rudá diante deles, mas um pouco mais afastado.

Rudá — Agora!

Tensão. Closes alternados.

CENA 23. ap de jardel. sala. Interior. Dia.

Giovanna sentada à mesa com várias contas sobre ela.

Giovanna — Várias contas vencendo e nada de eu arranjar um emprego.

Giovanna continua mexendo nas contas.

Giovanna — Quero só ver o que eu vou fazer quando o aluguel desse aparamento vencer.

Giovanna suspira, triste.

CENA 24. ap de luísa. sala. Interior. Dia.

Bernardo em pé, digitando no celular.

Bernardo — (Off) Juliana, desculpa por aquele beijo. Eu não to arrependido, mas mesmo assim desculpa. Eu queria muito te ver de novo.

Bernardo guarda o celular no bolso.

CENA 25. tijuca. rua. Exterior. Dia.

Continuação da cena 22. Jamal tira o braço de cima de Daiane. Rudá vai até eles.

Daiane — O que é isso?

Rudá — O que é isso, pergunto eu. O que vocês dois tão fazendo juntos?

Jamal — Calma cara. A gente tava só conversando. Não precisa ter essa reação.

Rudá — E pra conversar precisa ficar assim abraçados?

Daiane — (Irritada) Pelo amor de Deus, Rudá! Não tem como aguentar esses seu ciúme!

Rudá — Mas é difícil pra mim ver você com outro.

Daiane — Deixa de ser ridículo! Eu não to com outro, eu to com um amigo!

Rudá — Mas deveria estar comigo!

Daiane — Não deveria! Eu não consigo com você, Rudá, eu juro que tentei, mas esse nosso namoro não tá dando certo.

Rudá — Você tá terminando comigo?

Daiane — To, Rudá. Eu tentei, mas não tá dando. Acabou.

Rudá faz sinal que vai falar algo, mas desiste e vai embora.

Jamal — Você tem certeza disso, Dai?

Daiane — Foi o melhor que eu fiz.

Em Daiane chateada.

Música: Me Chama - Babi Hainni.

CENA 26. rio de janeiro. ambiente. Exterior. Noite.

Música continua. Stock-shot de ruas e avenidas da cidade ao anoitecer. Último take é do hospital. [Música off].

CENA 27. hospital. sala de espera. Interior. Noite.

Yasmin e Juliana conversando.

Juliana — E o seu pai como tá?

Yasmin — Melhor, mas ainda não deu sinal de sair do como.

Juliana — Você vai ficar aqui?

Yasmin — Não. Daqui a pouco eu já vou. Só to esperando uma visita sair de lá. (Tom) E você? Como tá? A gente não tem se falado no colégio.

Juliana — Sabe aquele cara que me emprestou aqueles livros? Aquela história que eu te contei.

Yasmin — Sei.

Juliana — Me beijou.

Yasmin — E aí?

Juliana — E aí que eu dei um fora nele!

Yasmin — Por quê?

Juliana — Ah porque sim! E depois veio mandando mensagem pedindo desculpas. Ele até me adicionou nas redes sociais. Olha aqui.

Juliana entrega o celular para Yasmin, que olha.

Yasmin — O Bernardo?

Juliana — Você conhece ele?

Yasmin — Sim. É o melhor amigo do Leandro.

Na surpresa de Juliana.

CENA 28. hospital. cti. Interior. Noite.

Luísa observa Rogério através de um vidro. Tempo e Rogério abre os olhos.

Luísa — (Surpresa) Acordou! Ele acordou! (Chama) Enfermeira!

Em Luísa feliz.

CENA 29. casa de ana carolina. sala. Interior. Noite.

Heloísa entra da rua. Aparecida vem da cozinha.

Aparecida — O que você tá fazendo aqui?

Heloísa — Não é da sua conta, serviçal metida!

Aparecida — A senhora não é bem-vinda aqui.

Heloísa — Ah! Cala a boca! Odeio empregado que resolve falar! Vim pegar umas coisas que são minhas e não é você que vai me impedir. Sai da minha frente!

Heloísa sobe as escadas.

CENA 30. casa de ana carolina. cozinha. Interior. Noite.

Dolores cozinhando. Aparecida entra.

Dolores — Que cara é essa?

Aparecida — A farsante tá aqui.

Dolores — A dona Heloísa?

Aparecida — Ela mesmo!

Rudá entra vindo da porta dos fundos.

Rudá — (Pra si) Ela vai ver que fez a coisa errada.

Rudá olha para Aparecida e Dolores.

Rudá — Que foi? Nunca viram alguém falando sozinho?

Dolores — Não é isso. É que a dona Heloísa tá aqui.

Rudá — Aqui?! Fazendo o quê?!

Aparecida — Disse que veio pegar umas coisas dela.

Rudá — O Marcelo sabe disso?

Aparecida — Não. Ela acabou de chegar.

Rudá — Eu vou ligar pra ele.

Rudá pega o celular.

CENA 30. ap de jardel. quarto. Interior. Noite.

Giovanna caminha pelo quarto, triste.

Giovanna — Por que você fez isso comigo?

Nela abatida.

CENA 31. casebre. frente. Exterior. Noite.

Música: Instrumental Suspense.

Casebre rústico no meio do mato. O carro de Otávio para na frente e ele desce do carro. Otávio entra no casebre.

CENA 31. casebre. ambiente. Interior. Noite.

Instrumental continua. Peça única, local úmido e pouco iluminado. Otávio entra e acende uma luz que ilumina mal o local. Otávio caminha um pouco e para.

Otávio — (Sorri) Tá gostando o tratamento cinco estrelas que eu to te dando?

E então, revelamos Jardel, todo ensanguentado, amarrado e com as mãos presas para o alto. No sorriso sarcástico de Otávio. [Instrumental off].

CENA 32. carro de marcelo. ambiente. Interior. Noite.

Marcelo dirigindo. O celular toca e Marcelo atende.

Marcelo — (Cel) Oi Rudá. Agora eu não posso falar, to dirig/ (Pausa/Surpreso) O quê?! A Heloísa tá aí?! Não! Segura essa vagabunda aí que eu já tó chegando em casa.

Marcelo desliga o celular.

Marcelo — Você sumiu, mas hoje você não me escapa, sua ordinária.

E Marcelo acelera.

CENA 33. restaurante. ambiente. Interior. Noite.

Gregório sentado sozinho em uma mesa olhando a carta de vinhos. Tempo e Bianca se aproxima.

Bianca — O que você queria, Gregório?

Gregório se levanta surpreso.

Gregório — O que você tá fazendo aqui?!

Bianca — Tá doido? Você me mandou uma mensagem dizendo que precisava falar comigo urgentemente.

Gregório — Não! Eu to aqui porque o Leandro me convidou pra jantar só nós dois. Disse que era um programa de pai e filho/ (Incrédulo) Não, será que...

Gregório vasculha a mesa.

Gregório — Meu celular que tava aqui em cima sumiu.

Leandro — (Off) Foi eu quem pegou ele.

Leandro se aproxima com o celular e coloca em cima da mesa.

Gregório — O que tá acontecendo aqui, Leandro?

Leandro — Eu precisava de vocês dois juntinhos pra mostrar uma coisa.

Leandro tira de baixo da cadeira uma pasta, ele a coloca sobre a mesa, tira um envelope grande de dentro dela e o joga sobre a mesa.

Leandro — Vasculhando as coisas do meu pai eu acabei encontrando isso no cofre.

Bianca — E o que é isso?

Leandro — A prova de todas as falcatruas que vocês dois cometeram durante anos. Alguns chamam isso de dossiê, eu chamaria isso de uma bomba que tá prestes a explodir bem no colo de vocês dois. Principalmente em cima de você, Bianca.

Bianca olha para Gregório, incrédula.

Bianca — Dossiê, Gregório? Você tinha guardado um dossiê contra mim?

Na tensão de Gregório. Fade Out.

Música de Encerramento: Chasing Pirates - Norah Jones.

   

 

     



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