CENA 01. barão do alambique. sala de gregório. Interior.
Noite.
Continuação da última cena do capítulo anterior.
Tensão. Gregório falando ao celular.
Gregório
— (Cel) Claro, fica combinado pra amanhã. Até lá.
Gregório desliga o celular, tenso.
CENA 02. ap de otávio. sala. Interior. Noite.
Giovanna e Juliana conversando.
Giovanna
— E você tem receio de se envolver com esse Bernardo
porque ele era amigo do cara que fez o vídeo?
Juliana
— Isso, mãe. Eu tenho medo de me magoar de novo.
Giovanna
— Ô meu amor. Você vai se magoar tantas vezes na vida e
nem por isso você vai deixar de viver.
Juliana
— Então o que eu faço? Corro o risco?
Giovanna
— A vida é cheia de riscos, Juliana. Principalmente
quando o assunto é o coração.
Juliana
— Eu não to preparada pra isso.
Giovanna
— Ninguém tá. Tenta, se não der certo, você tenta de
novo até acertar. Assim é feita a vida: mais de erros do
que acertos.
Juliana
— E como eu faço pra acertar mais do que errar?
Giovanna
— (Sorri) Não sei e acho que ninguém sabe. Deve ser por
isso que dizem que a gente só aprende com os erros.
Giovanna pega na mão de Juliana, amiga.
Juliana sorri e Giovanna retribui o sorriso.
CENA 03. CASA DE GREGÓRIO. SALA. Interior. Noite.
Continuação da cena 43 do capítulo anterior. Tarsila
ainda incrédula olhando para as imagens de Gregório e
Bianca no tablet.
Tarsila
— Canalha! Como eu fui idiota em acreditar que já tinha
acabado tudo o que ele e aquela piranha tiveram um dia!
Karina vem da cozinha.
Karina
— Falando sozinha, mãe?
Tarsila
— Você vai jantar no quarto e com o fone de ouvido no
máximo. O que vai acontecer hoje nessa casa é impróprio
pra sua idade.
Karina
— Mas o que tá acontecendo? Você nunca deixa eu/
Tarsila
— (Corta) Sem questionamento. Vai, vai, vai.
Karina sobe as escadas.
Tarsila
— Ah Gregório. Hoje você vai se arrepender de ter
nascido.
Na raiva de Tarsila.
CENA 04. rua deserta.
ambiente. Exterior. Noite.
Continuação da cena 42 do capítulo anterior. Perceu tira
a arma da cintura e aponta para Heloísa.
Heloísa
— (Enfrenta) Vai me matar? Você não teria coragem.
Perceu
— Não duvide. Mas não é esse o meu objetivo.
Heloísa
— O que você quer comigo?
Perceu
— Já disse: Cobrar aquilo que você me prometeu.
Heloísa
— Cê tá louco? Eu não te prometi nada!
Perceu
— Prometeu sim: Disse que ia me dar o que eu quisesse se
você saísse da cadeia. (Tom) Agora cala a boca e vai
andando.
Perceu conduz Heloísa pela rua.
CENA 05. terreno baldio.
ambiente. Exterior. Noite.
Terreno com muito mato, lixo em volta e pouco iluminado.
Perceu conduz Heloísa até o interior do terreno. Heloísa
muito tensa.
Heloísa
— Me larga! Eu não te devo nada! Eu sai da cadeia por
causa dos advogados e não por sua causa!
Perceu
— To nem aí, cachorra! Prometeu agora vai ter que
cumprir. Se não quer por bem, vai ser por mal.
Heloísa
— Eu vou gritar!
Perceu
— Pode gritar a vontade. Mas aposto que você vai gritar
ainda mais depois que conhecer o meu amiguinho.
Heloísa
— (Tensa) Que amigo?
Perceu põe a mão sobre a sua calça, no meio das pernas,
e aperta.
Perceu
— Eu chamo ele de Big Black e aposto que você vai
fissurar nele.
Perceu rasga um pouco da blusa de Heloísa, deixando-a
parte do sutiã a mostra e a joga no chão. No pavor de
Heloísa.
CENA 06. casa de giancarlo. sala de jantar. Interior.
Noite.
Continuação da cena 44 do capítulo anterior.
Rogério em pé. Bianca tensa. Giancarlo, Milena e Yasmin
à mesa, olhado ela.
Bianca
— Isso é mentira! (Pra Rogério) O que deu em você pra
fazer essas acusações?
Rogério
— Deu que eu cansei de ver você enganando todo mundo.
Você não vale nada Bianca.
Giancarlo
— Eu não to entendendo. Esse áudio que o Rogério mostrou
é verdade, Bianca? Você andou no roubando.
Rogério
— Por vários anos, Dr. Giancarlo.
Bianca
— Eu nunca roubei nada! Tudo isso é meu por direito!
Rogério
— Essa foi a justificativa que você usou, mas agora nega
que você desviava dinheiro da Exportadora pra uma conta
pessoal. Nega.
Bianca
— Eu não vou negar nada. Não tenho que dar satisfações
pra você.
Bianca se levanta, irritada e faz menção de sair.
Giancarlo
— Mas a mim você deve. Eu sou dono da empresa e exijo
saber se to sendo roubado.
Bianca
— (Revoltada) Você tá desconfiando da sua própria
filha?!
Giancarlo
— Não queria, mas o que eu ouvi é muito sério. Quase uma
confissão de culpa.
Bianca engole seco.
Bianca
— Eu me dediquei durante anos à aquela empresa. Nada
mais justo que eu tivesse uma gratificação extra.
Giancarlo
— Eu não acredito que você fez isso, Bianca. A empresa é
sua!
Bianca
— Por isso mesmo eu tinha o direito de fazer o que eu
fiz! Tudo aquilo é meu!
Giancarlo
— Isso não te dá o direito de roubar o meu patrimônio, o
patrimônio que vai ser das suas filhas!
Bianca
— Ah pai! O que eu peguei, comparado ao que essa empresa
lucra, é mixaria.
Milena
— Mas isso é roubo. Nada justifica o que você fez.
Rogério
— Esse dinheiro foi só por cobiça ou você usou ele pra
mais alguma coisa?
Bianca
— Que coisa? Tá delirando?
Giancarlo
— Você me decepcionou muito Bianca. Eu sempre soube que
você não era santa. Mas rouba o próprio pai?
Bianca
— Não é nada contra você. Só comecei a pegar o que seria
meu por direito.
Giancarlo se levanta.
Giancarlo
— A sua sorte é que você é minha filha, se não eu
chamaria a polícia.
Bianca
— Eu só fiz o que foi melhor pra todo mundo.
Giancarlo
— Que forma estranha de ver as coisas.
Giancarlo vai sair, mas volta.
Giancarlo
— Ah! E mesmo você sendo herdeira, enquanto eu estiver
vivo, você não coloca mais os pés na Exportadora.
Na tensão geral.
CENA 07. casa de gregório. sala. Interior. Noite.
Tarsila sentada no sofá com o tablet em mãos. Tempo e
Gregório entra da rua.
Gregório
— Boa noite, Tarsila. Já tá pronto o jantar?
Tarsila vai até Gregório, ainda com o tablet em mãos.
Tarsila
— A noite só vai ser boa depois que eu der na sua cara.
E Tarsila esbofeteia Gregório.
Gregório
— Mas o quê é isso?! Tá maluca?!
Tarsila
— To muito louca! Louca de vontade de colocar fogo nessa
sua cara de pau!
Gregório
— Você não tá falando coisa com coisa! O que aconteceu?!
Tarsila mostra as imagens dele beijando Bianca.
Tarsila
— Ó! Tá vendo? (Vai passando) Tem essa... Essa... Mais
essa... Tem várias foto de você atracado naquela
piranha!
Gregório
— Calma, Tarsila. Eu posso explicar.
Tarsila arremessa o tablete longe.
Tarsila
— Se você falar que é montagem eu quebro a primeira
coisa que eu encontrar na sua cabeça!
Gregório
— Não é montagem. É real.
Tarsila
— Canalha! Ainda admite!
Tarsila pega um vaso e arremessa na direção de Gregório,
que desvia.
Gregório
— Eu posso explicar, Tarsila.
Tarsila
— Explicar o quê?! Que você me mentiu quando você me
prometeu que nunca mais ia se encontrar com aquela
vagabunda?! Que você mentiu pra mim esses anos todos?!
Gregório
— Eu não menti! Quando eu disse que ia me afastar da
Bianca, eu me afastei!
Tarsila
— Mentiroso!
Gregório
— Verdade! A gente só foi se reencontrar anos depois,
quando o Leandro começou a noivar com a Milena.
Tarsila
— Eu não acredito em uma palavra que você tá dizendo!
E Tarsila pega um objeto e arremessa na direção de
Gregório, que desvia.
Gregório
— Para com isso! Você vai destruir a casa toda!
Tarsila
— To nem aí! Eu vou quebrar a casa toda na sua cabeça!
Tarsila pega outro objeto, mas Gregório segura o braço
dela. Tarsila dá uma joelhada nos meio das pernas de
Gregório, que sente a dor.
Tarsila
— Não encosta em mim, seu canalha! Anos de casamento e
você ainda teve a coragem de fazer isso?
Gregório
— Desculpa, Tarsila. Mas/
Tarsila
— (Corta/Revoltada) Desculpa? Você me trai e vem me
pedir desculpa? Você não pisou no meu pé pra pedir
desculpas.
Gregório
— Eu sei. Me diz o que eu posso fazer pra reparar o mal
que eu fiz.
Tarsila
— Nada que você faça vai conseguir reparar o que você
fez. Há mais de vinte anos eu te dei um voto de
confiança, mas você jogou ele fora.
Gregório
— Me dá uma chance.
Tarsila
— Eu te dei uma chance, mas você desperdiçou! Agora eu
quero você fora dessa casa!
Gregório
— Calma, Tarsila. As coisas não funcionam assim.
Tarsila
— Funcionam assim sim! A música vai tocar conforme eu
quero e o que eu quero agora é você longe de mim.
Gregório
— Pensa na nossa filha. Ela vai ficar traumatizada.
Tarsila
— Vai nada! Não vem com essa! Não inventa desculpinha
que nada do que você falar vai salvar a sua pele!
Cachorro!
Gregório
— Tarsila/
Tarsila
— (Corta) Cala a boca.
Pega as suas malas e vai procurar abrigo nos braços da
sua amante.
Gregório
— A Bianca e eu... A gente/
Tarsila
— Não quero saber. Já mandei arrumarem as suas malas e
colocar ali no canto pra você não precisar subir e
entrar no meu quarto. (Firme) Agora pega as malas e sai
daqui.
Gregório suspira e concorda.
Gregório
— Tudo bem, eu vou.
Enquanto Tarsila abre a porta da rua, Gregório pega as
suas malas. Gregório vai até a porta e olha para
Tarsila.
Tarsila
— Os meus advogados vão entrar em contato com você.
Gregório sai. Tarsila bate a porta e começa a chorar.
CENA 08. terreno baldio.
ambiente. Exterior. Noite.
Continuação da cena 05. Perceu olha para Heloísa caída
ao chão.
Heloísa
— (Nervosa) Se você fizer alguma coisa, eu vou gritar.
Perceu
— Pode gritar a vontade. Adoro mulher escandalosa.
Perceu desabotoa a calça.
Heloísa
— (Grita) Socorro!
Heloísa se levanta e corre. Perceu corre atrás dela.
Perceu
— Volta aqui, sua vagabunda!
Heloísa
— (Grita) Socorro!
Perceu consegue alcançar Heloísa e a segura pelo cabelo.
Perceu
— Não pensa em fugir de novo, se não vai ser pior pra
você.
Heloísa
— Me deixa ir, por favor.
Perceu puxa Heloísa pelos cabelos e a arrasta até o
local que eles estavam.
Perceu
— Não.
Perceu empurra Heloísa e ela cai no chão.
Heloísa
— Por favor, eu pago o que você quiser.
Perceu
— Será que você não entendeu que não é dinheiro que eu
quero de você?
Perceu pega a arma que está na cintura, tira a calça e
se deita sobre Heloísa. Ela se debate.
Heloísa
— Sai de cima de mim, seu nojento!
Perceu coloca a arma na cabeça de Heloísa.
Perceu
— Eu poderia dar uma coronhada na sua cabeça e fazer o
serviço. Mas eu quero você bem acordada, lembrando de
tudo e fazendo desse um momento inesquecível.
Heloísa cospe no rosto de Perceu e imediatamente ele
revida com uma bofetada no rosto dela. Perceu limpa o
rosto.
Perceu
— Putinha ordinária. Eu vou te arrebentar e da pior
maneira.
Heloísa reluta, mas Perceu consegue tirar as calças de
Heloísa. Perceu começa a fazer os movimentos de vai e
vem com muita intensidade e violência. Fecha no rosto de
Heloísa amedrontada e com a arma na cabeça.
Fade Out.
Fade In.
Minutos depois. Perceu em pé, se vestindo. Ele olha para
Heloísa no chão, encolhida e assustada.
Perceu
— (Sorri) Pronto. Agora a divida tá paga.
Perceu sai. Heloísa senta e abraça as suas pernas, muito
assustada.
CENA 09. CASA DE GIANCARLO. SALA DE JANTAR. Interior.
Noite.
Continuação da cena 06.
Bianca
— Não se preocupe que eu não vou continuar na
Exportadora e muito menos nessa casa.
Giancarlo
— Eu não to te expulsando de casa, Bianca.
Bianca
— Mas eu não vou ficar em um lugar onde eu sou odiada.
Rogério
— Para de drama, Bianca.
Giancarlo
— Eu não te odeio, só não confio mais em você. Mas faça
como quiser. Se quer sair daqui, ninguém vai te impedir
do contrário.
Giancarlo sai da sala.
Todos olham para Bianca.
Bianca
— Tão olhando o quê?!
Milena
— A cada dia que passa eu me surpreendo mais com você.
Bianca
— (Ri/Irônica) Você é tão inocente, Milena.
E Bianca sai. Rogério senta ao lado de Milena.
Milena
— (Baixo/Para Rogério) Rogério, pra que outra coisa você
acha que a mãe usou esse dinheiro?
Rogério
— (Baixo) São só suspeitas, mas eu acho que a sua mãe tá
envolvida no suborno daquele juiz que arquivou o
processo da morte do seu pai.
Milena
— (Surpresa) Será?!
Yasmin
— Será o quê? O que vocês tão cochichando?
Milena
— Nada não.
Em Milena desconfiada.
CENA 10. AP DE OTÁVIO. ESCRITÓRIO. Interior. Noite.
Juliana entra, vai até a mesa e pega uma caneta. O
tablet, que está sobre a mesa, sinaliza o recebimento de
uma mensagem. Juliana olha para o tablet.
Juliana
— (Lê) A munição solicitada já chegou. Pode vir buscar.
Juliana se afasta da mesa, pensativa.
Juliana
— Que munição?
Otávio entra e Juliana se assusta.
Otávio
— O que você tá fazendo aqui?
Juliana
— Vim pegar uma caneta.
Otávio
— Já pegou. Agora dá licença.
Juliana sai, um pouco desconfiada. Otávio vai até a mesa
e mexe no tablet.
Otávio
— Ótimo! Chegou!
E Otávio sorri.
CENA 11. rua deserta.
ambiente. Exterior. Noite.
Heloísa caminha pela rua, toda suja e com a roupa um
pouco rasgada. Ela olha fixo para frente.
Heloísa
— (Ódio/Nojo) Aquele homem nojento vai me pagar caro por
tudo isso. Ele vai se arrepender de ter nascido.
No ódio de Heloísa.
CENA 13. casa de giancarlo. quarto de bianca e rogério.
Interior. Noite.
Uma mala aberta com algumas roupas dentro em cima da
cama. Bianca colocando as roupas na mala. Rogério entra.
Bianca
— O que você quer?
Rogério
— Para de teatro, Bianca. Eu já disse que vou sair dessa
casa. Nosso casamento acabou.
Bianca
— To pouco me importando pra o que você vai fazer. Eu já
disse que não vou ficar num lugar que eu não sou
bem-vinda.
Rogério
— (Dá de ombros) Faça como quiser, mas fique sabendo que
você não vai sair de vítima dessa história.
Rogério e Bianca se encaram por um tempo. Rogério sai e
Bianca pega o celular e tecla.
Bianca
— (Com o celular ao ouvido) Por que você não tá
atendendo, Gregório?
CENA 12. sobrado de gregório. sala. Interior. Noite.
Amplo ambiente com: sofá, poltronas, uma mesinha de
centro, uma mesa de jantar com cadeiras em um canto e
alguns outros objetos compões o ambiente, que possui uma
decoração moderna.
Gregório entra da rua com sua mala. Ele olha tudo em
volta. O celular de Gregório toca, ele tira-o do bolso e
olha na tela o nome de Bianca. Gregório desliga o
celular e o coloca de volta no bolso.
Gregório
— Esse lugar vai servir pra eu morar.
CENA 13. rio de janeiro.
ambiente. exterior. Noite.
Música:
Chasing Pirates - Norah Jones.
Stock-shot da cidade ao amanhecer. Carros circulam pelas
ruas e avenidas movimentadas, pessoas circulam pela rua,
esperam o ônibus no ponto, entram e saem da estação do
metrô e etc. [Música off].
CENA 14. casa de gregório. sala de jantar. Interior.
Dia.
Mesa do café posta. Tarsila e Karina terminando de
conversar.
Tarsila
— E foi isso, filha. Seu pai não vai mais morar conosco.
Você entende, né?
Karina
— Claro que entendo, mãe. Se o casamento de vocês não ta
dando mais certo, nada mais justo que cada um seguir pra
um lado.
Tarsila sorri.
Tarsila
— Que bom que você me entende.
Tarsila beija o rosto de Karina.
Tarsila
— É tão triste ver essa mesa quase vazia.
Karina
— Você precisa sair, ver gente. Você tá muito pra baixo.
Tarsila
— Acho que agora não é o momento pra isso, filha.
Karina
— É sim! Você não pode deixar se abater! Pensa nisso.
Tarsila
— (Sorri) Ta bom, Karina. Eu vou pensar.
CENA 15. shopping. ambiente.
Interior. Dia.
Giovanna e Juliana sentada em um banco conversando.
Giovanna
— Que munição, Juliana?
Juliana
— Deve ser munição de armas.
Giovanna
— Mas o Otávio não tem porte de armas.
Juliana
— Mas essa história não é estranha?
Giovanna
— Sim, mas...
Juliana
— Segue ele e descobre o que o pai ta fazendo. Se tá
mexendo com arma, não deve ser coisa boa.
Giovanna
— Segue ele... Você anda vendo muito filme policial.
Juliana
— Não custa nada.
Giovanna
— (Tom) Você não deveria tá na escola, garota?
Juliana
— Sim, to indo pra lá agora. Só vim te falar sobre isso.
Giovanna
— Tá, eu vou pensar no assunto.
Agora vai pra aula.
Giovanna dá um beijo em Juliana.
Juliana se levanta e sai. Giovanna fica ali, pensativa.
CENA 16. cafeteria.
ambiente. Exterior. Dia.
Área externa. Gregório e Nogueira sentados à mesa.
Nogueira
— Nós deveríamos ter essa conversa na delegacia. Aqui
nada do que for dito vai ser colocado nos autos do
processo.
Gregório
— Eu sei e nós vamos ter essa conversa na delegacia de
forma oficial, mas não agora.
Nogueira
— E por quê? Você me disse que tinha informações sobre
Bianca Giacomelli que seriam do interesse da polícia.
Gregório
— Tenho sim.
Nogueira
— E sobre o que seria?
Gregório
— Eu tenho provas que foi a Bianca quem subornou o juiz
que arquivou o caso do primeiro marido dela: Eduardo
Coimbra.
Nogueira se ajeita na cadeira.
Nogueira
— (Interessado) Essa é uma denúncia muito séria. O
senhor tem certeza disso?
Gregório
— Absoluta. Eu tenho provas disso, mas elas não estão
comigo. Eu tive que sair de casa e não consegui recolher
os papéis que comprovam tudo.
Nogueira
— E quando o senhor vai ter essas provas em mãos?
Gregório
— Isso vai depender de você.
Nogueira
— Como assim?
Gregório
— Eu entrego as provas, mas não quero sair prejudicado
nessa história.
Nogueira
— Se as provas que o senhor tiver forem realmente boas,
nós podemos conseguir com o juiz uma delação premiada.
Gregório
— Ótimo, agora a gente começa a falar a mesma língua.
Assim que eu tiver as provas em mãos, eu entro em
contato.
Nogueira concorda.
Corta para o outro lado da rua. Bianca dentro do seu
carro, observando Gregório e Nogueira conversarem.
Bianca
— A informação era verdadeira. O Gregório tá se
encontrando com o delegado.
Em Bianca séria.
CENA 17. barão do alambique. antessala. Interior. Dia.
Adelaide trabalhando. Otávio sai de seu escritório.
Otávio
— Dona Adelaide, vou precisar dar uma saída e
provavelmente não volte mais hoje. Anote os recados e só
me ligue se for algo realmente urgente.
Adelaide
— Sim senhor.
Otávio entra no elevador e sai do ambiente.
Adelaide
— É esse aí que sai antes do meio-dia, o Dr. Gregório
que ainda nem chegou... É, essa empresa tá atirada às
traças.
Em Adelaide com ar de desaprovação.
CENA 18. rua. ambiente.
Exterior. Dia.
Música:
Instrumental Suspense.
Dentro de um táxi,
Giovanna observa Otávio sair de dentro de uma casa com
uma sacola em mãos.
Giovanna
— Deve ser a munição.
Taxista
— Falou comigo?
Giovanna
— Não.
Otávio entra no seu carro.
Giovanna
— Segue aquele carro.
O carro de Otávio arranca e o táxi começa a seguir o
carro.
CENA 19. casebre. frente. Exterior. Dia.
Instrumental continua.
Otávio para o carro, desce e entra no casebre. Tempo e
um táxi para um pouco mais afastado de onde Otávio
parou. Giovanna desce do táxi e ele vai embora.
Giovanna
— O que o Otávio veio fazer nesse casebre no meio do
nada? Bem que a Juliana falou que tinha algo de estranho
acontecendo.
Em Giovanna olhando desconfiada para o casebre.
[Instrumental off].
CENA 20. ap de otávio. quarto de juliana. Interior. Dia.
Yasmin e Juliana. Conversa já iniciada.
Juliana
— Eu fico na dúvida se ele ta mesmo sendo sincero, Yasmin. Não to afim de me ferrar num relacionamento de
novo. O que você acha?
Juliana perece que Yasmin tá distante.
Juliana
— Ei! Ta me ouvindo?
Yasmin
— (Olha para Juliana) To. Não sei o que você tem que
fazer. É uma decisão que só você pode tomar.
Juliana
— Eu sei, mas bem que você poderia me ajudar.
Yasmin
— Você gosta dele? Ou é só diversão?
Juliana
— Eu acho que gosto dele. Sei lá, Yasmin, eu sinto uma
coisa diferente.
Yasmin
— Então quando você tiver certeza do que você sente,
você vai ter a resposta.
Juliana
— Cê acha?
Yasmin
— Não sei... É o que dizem.
Juliana ri.
Juliana
— Idiota. (Tom) Por que você tá assim tão displicente?
Yasmin
— Tá rolando uns problemões aqui em casa.
Juliana
— É com a sua irmã? Ela não tá aqui, né?
Yasmin
— Ai Juliana, desencana dela! A Milena nem lembra o que
você fez. Ela já tá em outra. E em breve você também
pode estar.
Juliana
— Quem sabe...
CENA 21. carro de bianca.
ambiente. Interior. Dia.
Carro estacionado. Bianca fala com alguém que ainda não
vemos quem é.
Bianca
— Descobriu o que o Gregório foi conversar com o
delegado?
Revelamos Perceu diante de Bianca.
Perceu — O delegado Nogueira não falou com todas as
letras, mas parece que esse cara tem provas que podem
incriminar alguém muito importante.
Bianca
— Esse alguém só pode ser eu. (Indignada) Traidor!
Bianca tira da bolsa um maço de notas de dinheiro e
entrega para Perceu.
Bianca
— Obrigada pelas informações.
Perceu
— Foi um prazer fazer negócio com a senhora.
Perceu abre a porta do carro e sai.
Bianca
— Você me paga, Gregório.
Em Bianca revoltada.
CENA 22. casebre. frente. Exterior. Dia.
Giovanna se aproxima lentamente do casebre. Tenta olhar
pela fresta de uma janela, mas não consegue. Giovanna
pisa em um galho e faz barulho, mas não muito alto.
Giovanna
— (Baixo) Droga.
Receosa, Giovanna se afasta um pouco do casebre.
CENA 23. casebre. ambiente.
Interior. Dia.
Otávio com uma arma em mãos, olha para Jardel amarrado
no chão.
Otávio
— Para de reclamar. Eu até te dei uma colher de chá,
você nem tá mais pendurado.
Jardel
— (Sem folego) Você acha que tá me fazendo um favor?
Otávio
— Lógico! Só de deixar você vivo é um favor pra você.
Jardel
— (Irônico) Não sei nem como agradecer.
Otávio
— Até que você tá bem engraçadinho pra alguém na
situação que você tá.
Otávio dá uma cotovelada no rosto de Jardel.
Jardel
— (Provoca) Isso. Continua me batendo amarrado. Só assim
pra você ser páreo pra mim.
Otávio sorri e aponta a arma para a cabeça de Jardel.
Otávio
— Tá me provocando por quê? Quer levar uma bala no meio
das fuças?
Jardel
— Tá esperando o quê pra fazer isso? Atira.
Tensão. Otávio engatilha a arma. Os dois se encaram.
Tempo, Otávio sorri e guarda a arma.
Otávio
— A sua hora não chegou. Mas não se preocupe que é uma
questão de tempo pra você tá numa cova rasa como se
fosse um indigente.
Na tensão entre os dois.
CENA 24. delegacia. sala do delegado. Interior. Dia.
Nogueira diante de Rogério, que está dando um
depoimento. Ao canto, um escrivão digita tudo.
Nogueira
— Recapitulando: o senhor confirma que o celular estava
com o senhor no momento do assalto?
Rogério
— Confirmo. Inclusive liguei pra minha filha minutos
antes.
Nogueira
— E o celular foi levado pela pessoa que atirou em você.
Rogério
— Exatamente.
Nogueira
— Eu sei que o senhor sofreu uma espécie de amnésia, mas
o senhor realmente não lembra quem atirou?
Rogério respira fundo.
Rogério
— Lembro sim delegado.
Nogueira
— E o senhor poderia fazer o retrato falado do suspeito?
Rogério
— Melhor que isso: eu posso dar o nome. Foi a Bianca,
minha esposa.
Nogueira
— O senhor tem certeza do que está dizendo? O choque
pode ter causado confusão em sua cabeça.
Rogério
— Tenho certeza, delegado. A verdade é que eu nunca tive
essa amnésia. Eu inventei isso por medo.
Nogueira
— Medo do quê? De represália da sua esposa?
Rogério
— Exatamente, mas agora eu vou estar longe dela e ela
não vai mais poder fazer nada contra mim.
Nogueira
— Fique você sabendo que a polícia conta com um programa
de proteção à testemunhas, caso você se sinta ameaçado.
Rogério
— Se a polícia prender ela, eu não vou ter nada o que
temer.
Nogueira
— Com o depoimento do senhor, mais algumas provas contra
a senhora Bianca que estão prestes a serem anexadas no
processo, vai ser questão de tempo pro mandado de prisão
dela sair.
Rogério
— Que provas são essas?
Nogueira
— A investigação ainda está sob sigilo.
Rogério
— Claro, desculpe. Mas pode anotar no meu depoimento:
Bianca Giacomelli foi a responsável pelo tiro que me
atingiu.
Nogueira
— Provavelmente o senhor vá ser chamado pra uma
acareação com a senhora Bianca.
Rogério
— Não tem problema. Eu falo na cara dela, tudo o que eu
falei aqui.
CENA 25. rio de janeiro.
ambiente. Exterior. Noite.
Música:
Dia Especial – Tiago Iorc.
Stock-Shot da cidade ao anoitecer.
[Música off].
CENA 26. gafieira. ambiente.
Interior. Noite.
Banda tocando um samba no palco. Pessoas conversam e
casais dançam no meio do salão. Daiane e Jamal conversam
em algum canto.
Daiane
— (Irritada) Não começa, Jamal!
Jamal
— Ele parece tá arrependido. O quê que custa você dar
uma nova chance pra ele?
Daiane
— Custa que você não tem nada ver com a minha vida.
Jamal
— Tenho sim! Sou seu amigo.
Daiane
— Mas não manda em mim! E vamos parar com essa conversa,
se não eu vou acabar brigando com você.
Daiane se afasta de Jamal. Corta para outro ponto:
Tarsila entra no local, olha tudo em volta, desanimada.
Seu Coisinha.
Seu Coisinha
— Tarsila! Que bom ver você aqui!
Tarsila
— Seu Troçinho, como vai o senhor?
Seu Coisinha
— É Coisinha.
Tarsila
— Isso. Coisa, troço, às vezes eu me confundo.
Seu Coisinha
— (Ri) Verdade, mas você acaba se acostumando.
Tarsila
— Com certeza.
Seu Coisinha
— Você tá tão pra baixo. Não parece tá no clima daqui.
Tarsila
— Vou te confessar que não to mesmo.
Seu Coisinha
— Talvez eu possa ajudar.
Tarsila
— Ninguém pode me ajudar. A minha vida que tá passando
por um turbilhão de desventuras e eu to torcendo pra que
elas passem o mais rápido.
Seu Coisinha
— É a morte do seu filho, né? Eu li a respeito nos
jornais. Eu sinto muito.
Tarsila
— Obrigada, mas não é só isso. Outras coisas também
aconteceram. A verdade é que eu acho que não deveria ter
vindo aqui. Eu vou embora.
Seu Coisinha
— Não. Espera. Se você veio até aqui é porque no fundo
você quer sair dessa fossa.
Tarsila
— Claro que eu quero. Mas não sei se eu vou conseguir.
Seu Coisinha
— É claro que vai! E eu vou te ajudar!
Tarsila
— Como?
Seu Coisinha
— Fazendo você esquecer todos os seus problemas, nem que
seja por algumas horas. (Tom) Vamos dançar.
Tarsila
— Será? Eu só vim por que minha outra filha insistiu,
mas a verdade é que eu ainda to de luto.
Seu Coisinha
— Aposto que seu falecido filho não ia querer ver você
triste. (Estende a mão) Vem.
Tarsila hesita, mas sorri e acaba pegando a mão de Seu
Coisinha. Ele conduz Tarsila até o meio do salão, no
meio dos outros casais dançando.
CENA 27. SOBRADO DE GREGÓRIO. SALA. Interior. Noite.
A campainha toca. Gregório abre a porta e vê Bianca ali,
com uma bolsa a tira colo. Ele revira os olhos.
Gregório
— O que você tá fazendo aqui, Bianca?
Bianca
— A gente precisa conversar.
Gregório
— A partir do momento que você atirou o meu filho
daquele prédio, a gente não tem mais nada o que
conversar.
Gregório vai fechar a porta, mas Bianca coloca o pé,
impedindo-o. Os dois se olham.
Bianca
— Deixa eu entrar. Dependendo do rumo que essa conversa
tomar, eu prometo que essa vai ser a nossa última.
Na tensão dos dois se olhando.
CENA 28. CASA DE GREGÓRIO. SALA. Interior. Noite.
Karina no sofá, mexendo no celular. Tarsila entra da rua
com um leve sorriso no rosto.
Tarsila
— Ainda acordada, filha?
Karina
— Você que voltou cedo. Não gostou do lugar onde você
foi?
Tarsila
— Muito pelo contrário: eu adorei. Você tinha toda
razão, Karina. (Senta) A morte do seu irmão me abalou,
mas eu tenho que tocar a minha vida.
Karina
— E o pai? Sem chances de vocês voltarem?
Tarsila
— Zero. Desculpa te falar isso, mas pra mim o seu pai tá
morto.
CENA 29. sobrado de gregório. sala. Interior. Noite.
Gregório abre a porta e Bianca entra.
Gregório
— Seja breve que eu tive um dia exaustivo. Por causa
daquelas fotos com você, a Tarsila me expulsou de casa.
Bianca
— Eu fiquei sabendo.
Gregório
— Como você descobriu que eu estaria aqui?
Bianca
— Desconfiei. Lembrei que aqui foi nosso ninho de amor
durante muito tempo. (Tom) Por que a gente nunca mais
voltou aqui, Gregório?
Gregório
— Foi pra falar do nosso passado que você veio até aqui?
Bianca
— De certa forma sim, mas vim pra falar principalmente
de nós dois.
Gregório
— Não existe mais nós dois, Bianca. Eu posso não ter
provas, mas sei que foi você a responsável pela morte do
Leandro.
Bianca
— Você não pode me julgar. Eu fiz tudo isso pra nos
proteger.
Gregório
— Fez isso pra proteger você.
Bianca, sem largar a bolsa, vai até a bancada que contém
algumas garrafas de bebidas e serve um copo de whisky.
Bianca
— Não tem Barão do Alambique?
Gregório
— Que diferença faz? Você nunca gostou de cachaça.
Bianca
— Quer um drink? Você precisa relaxar.
Gregório
— O que eu preciso é que você saia daqui.
Bianca coloca sua bolsa ao lado das bebidas e serve uma
dose para Gregório.
Bianca
— Mas vou servir mesmo assim.
Música:
Instrumental Suspense.
Discretamente, Bianca tira de dentro de sua bolsa um
pequeno frasco, abre e despeja o liquido no copo de
Gregório. Ele não vê, pois está de costas para ela,
abalado. Bianca vai até Gregório com dois copos em mãos.
Bianca
— Pega.
Gregório
— Já disse que eu não quero.
Bianca
— Por que você não olha pra mim?
Gregório olha para Bianca e toma o copo das mãos dela.
Gregório
— Por que você me faz lembrar de muita coisa.
Bianca
— Você tá arrependido à essa altura do campeonato?!
Gregório
— Não! Eu nunca me arrependi do que a gente fez! Você
sabe disso! Mas você passou dos limites!
Bianca
— Você preferia o quê? Ir pra cadeia? As manchetes
policiais de todos os jornais estampando os nossos
nomes? Era isso que você queria?
Gregório
— É claro que não!
Silêncio. Bianca olha para Gregório com o copo em mãos.
Gregório
— Eu sei que você matou o Leandro, mas eu quero ouvir
isso da sua boca. Fala.
Bianca
— Sim, eu empurrei ele. Como eu empurrei o Coimbra.
Gregório entorna todo o liquido do copo de uma só vez.
Bianca
— Empurrei porque as coisas fugiram do nosso controle. E
você é o culpado de tudo isso!
Gregório
— Eu?! Você tá querendo insinuar que eu fui o
responsável pela morte do meu filho?!
Bianca
— Eu to afirmando! Se não fosse aquele maldito dossiê,
nada disso teria acontecido e o Leandro ainda estaria
vivo!
Gregório
— Você bem que poderia ter dado um jeito/
Bianca
— E eu dei! O mesmo jeito que eu dei no Coimbra, o mesmo
jeito que a gente deu no juiz Nicolau Cardoso, o mesmo
jeito que você queria dar na Ana Carolina! (Tom) Por que
você fez aquele dossiê?
Gregório
— Pra me prevenir.
Bianca
— Pra se prevenir ou pra me denunciar?
Gregório
— Nunca passou pela minha cabeça te denunciar.
Bianca
— Mesmo? Então por que eu vi você conversando com o
delegado Nogueira?
Reação surpresa de Gregório.
Gregório
— Do que você tá falando?
Bianca
— Não precisa negar. Ninguém me contou, eu vi com os
meus próprios olhos.
Gregório respira fundo, meio tonto.
Bianca
— Por que você ia fazer isso comigo, Gregório? Tantos
anos juntos e é assim que você retribui? Com uma
punhalada nas costas.
Gregório
— (Ofegante) Não venha querer falar de traição, porque
você me traiu muito antes.
Bianca
— Eu não teria tanta certeza assim.
Gregório desabotoa um botão da camisa.
Gregório
— (Ofegante) To sentindo um calor e uma falta de ar.
Gregório olha para o copo vazio que ele está segurando.
Gregório
— (Ri/Cansado) Não to acreditando que você fez isso,
Bianca?
Bianca
— Deus é testemunha que eu fiz de tudo pra que essa
história tivesse um final diferente.
Gregório
— Você falar em Deus chega até a ser um sacrilégio.
Gregório põe a mão no peito e com dificuldades, vai até
Bianca.
Gregório
— Você não vai escapar, Bianca. Eu contei o que você
fez.
Bianca
— Contou, mas não provou. Eu sei.
Gregório
— Por que você tá fazendo isso?
Bianca
— Gregório, eu não vou servir de boi de piranha. Se
alguém tiver que ser sacrificado pra um bem maior, esse
alguém não vai ser eu.
Gregório
— Vagabunda.
Bianca
— Sim. Eu sou. Mas sempre te amei.
Bianca dá um beijo em Gregório e ele cai no chão
desmaiado. Bianca olha para Gregório caído.
CENA 30. casebre. frente. Exterior. Noite.
Instrumental continua.
Giovanna observa ao longe Otávio sair do casebre.
Giovanna
— Achei que o Otávio ia passar a noite aí.
Otávio entra no carro e vai embora. Lentamente, Giovanna
se aproxima do casebre. Ela procura e pela parede de
madeira, até que encontra um buraco. Ela olha. PV dela:
o interior está escuro e ela vê um homem.
Giovanna
— Quem tá aí?
Silêncio.
Giovanna
— Responde.
Jardel
— (Off) Giovanna?! Sou eu, Jardel! Me ajuda!
Giovanna
— (Baixo) Jardel?
Na surpresa de Giovanna.
CENA 31. sobrado de gregório. sala. Interior. Noite.
Instrumental continua.
Bianca olha para Gregório desacordado no chão. Ela se
aproxima dele, pega os seus braços e com certa
dificuldade, começa a arrastar o corpo em direção à
poltrona.
Corte descontinuo: Bianca ajeita Gregório desacordado na
poltrona.
Bianca deixa Gregório ali, enquanto vai até o balcão,
abre sua bolsa e tira uma pistola de dentro dela. Bianca
vai até Gregório e coloca a pistola na mão dele, como se
fosse ele a atirar. Bianca coloca a sua mão sobre a mão
de Gregório que está segurando a pistola.
Bianca
— Desculpa meu amor. Eu juro que não queria que as
coisas terminassem assim.
Com a mão que está livre, Bianca pega os cabelos de
Gregório e ergue a cabeça dele para frente. Bianca olha
para Gregório com melancolia.
Bianca coloca o seu dedo sobre dedo de Gregório que
segura o gatilho.
Bianca olha para Gregório desacordado e coloca o cano do
revólver na boca dele. Closes alternados: Bianca com
lágrimas nos olhos e Gregório desacordado com o cano da
pistola na boca, sendo segurada por ele e por Bianca.
Instantes. Bianca fecha os olhos, aperta o gatilho e a
arma dispara. O sangue espirra no rosto de Bianca e ela
abre os olhos. Fecha no rosto de Bianca, todo respingado
de sangue. Fade Out. |
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