CENA 01. CASA SÍLVIA. SALA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Sílvia se choca ao ver seus desenhos manchados com o suco. (trilha “Infiltrado” – Bajofondo)
ROSANA (fingida): - Meu Deus, como eu sou desastrada! Me perdoa, Sílvia!
Sílvia deixa cair no chão a carteira com dinheiro, se aproxima da mesa, tenta limpar os desenhos. Rosana a observa, afastada.
ROSANA: - Eu só quis chegar mais perto e acabei virando o suco. Desculpa amiga, manchei seus desenhos. Estraguei tudo!
SÍLVIA: - Tudo bem... Eu refaço...
ROSANA (vê a carteira): - Ia sair? Deixou a carteira no chão.
SÍLVIA: - Não eu ia... (olha em volta, não encontra Júlio)
ROSANA: - Você ia?
SÍLVIA: - Nada demais, apenas conferir as finanças.
ROSANA: - Eu passei só pra te dar um oi mesmo, mas acabei fazendo besteira. Vou pra casa. Mais uma vez, desculpa, tá?
Rosana vai embora. (fade out trilha “Infiltrado” – Bajofondo)
SÍLVIA: - Júlio?! Você está aí?
Júlio sai de trás da cortina.
SÍLVIA: - Pensei que tivesse ido embora. Se escondeu por quê?
JÚLIO: - Sei que a Rosana não gosta de mim. Não queria ela implicando com você por minha causa.
Sílvia pega a carteira no chão, retira o dinheiro e entrega para Júlio.
JÚLIO: - Eu não posso aceitar.
SÍLVIA: - Por favor, eu te peço...
Júlio guarda o dinheiro, beija Sílvia na testa. (sobe trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi)
JÚLIO: - Eu vou lhe pagar em dobro por isso. (apressado) Agora eu preciso ir.
Júlio vai embora.
SÍLVIA: - Eu não preciso do seu dinheiro, Júlio. Apenas do seu amor... (volta para a mesa, pega o desenho que tinha feito dos dois juntos. Está manchado) Só preciso do seu amor.
(fade out trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi)
CENA 02. CASA ROSANA. INT. NOITE.
Rosana na sala, rindo.
ROSANA: - Pobre Silvinha... Tão pateta! A cara dela de sonsa com os desenhos ensopados...
A campainha toca. Rosana atende. Júlio entra na casa dela, empurrando-a e fechando a porta.
ROSANA (surpresa): - O que é isso?! O que você está fazendo aqui?
JÚLIO: - Você é muito invejosa, Rosana. Baixa, baixíssima!
ROSANA: - Você invadiu a minha casa pra me ofender, é isso? Tá ficando louco, Júlio?
JÚLIO: - Eu vi o que você fez na casa da Silvinha agora a pouco. Estragar os desenhos da amiga só porque você não consegue?
ROSANA (apreensiva): - Estava lá? Como? Eu não te vi lá!
JÚLIO: - Não interessa. O que importa é que você não deveria ter destruído os desenhos dela. Você não tem vergonha disso?
ROSANA: - Eu me descontrolei, só isso... Não fiz por mal. (finge) Eu adoro a Silvinha!
JÚLIO: - Estou vendo o seu jeito único de adorar...
(sobe trilha “Infiltrado” – Bajofondo)
ROSANA (aproxima-se de Júlio): - Júlio, você promete que não vai fazer nada, promete? (acaricia o rosto de Júlio) Pelos velhos tempos.
JÚLIO: - Velhos tempos? Que história é essa? Você mesma disse que passou!
ROSANA: - Você não percebe que é uma forma que eu tenho de me defender desse sentimento que eu tenho por você?
JÚLIO (surpreso): - Você gosta de mim, Rosana?
Rosana vira de costas para Júlio, fingindo estar encabulada, mas na verdade, tenta esconder a vontade de rir.
JÚLIO (esperançoso): - Rosana... Você... Você me ama?
ROSANA (vira-se para Júlio): - Apenas me beija, Júlio.
Júlio abraça Rosana e a beija, apaixonado. Rosana se deixa levar. (fade out trilha “Infiltrado” – Bajofondo)
CENA 03. CASA MARÍLIA. INT. NOITE.
Gustavo e Marília estão conversando.
GUSTAVO: - Então, Marília, aceita se casar comigo?
MARÍLIA: - Claro que eu aceito, meu amor!
Gustavo se levanta, coloca a aliança na mão de Marília. Ela faz o mesmo com ele. Os dois se beijam, apaixonados. Ivan tira mais fotos. Bruno observa, seco.
ILZA: - Que Deus abençoe para sempre o amor de vocês dois! (se aproxima de Gustavo) Eu sei que você é mais velho que a minha filha. Mas tem bom coração e é isso que importa. Eu quero que você faça o meu tesouro feliz. Só o que eu peço pra você.
GUSTAVO: - Pode ter certeza, dona Ilza, que a sua filha será muito feliz.
Gustavo e Marília se beijam.
IVAN: - Virem pra cá! Quero fotos!
Os noivos posam para a lente de Ivan, enquanto Bruno, disfarçadamente, vai para dentro da casa.
CENA 04. CASA MARÍLIA. QUARTO AMÁLIA. INT. NOITE.
Bruno chega ao quarto de Amália. Ela está deitada na cama, chorando. Surpreende-se ao ver Bruno na porta, seca as lágrimas.
AMÁLIA (seca): - O que você quer?
BRUNO: - Por que você não está lá na sala, comemorando com a sua família?
AMÁLIA: - Comemorar o quê? A nova conquista da Marília? A vitória da Marília? A canonização da Marília?
BRUNO: - Por que você diz isso?
AMÁLIA: - Porque é verdade! A Marília sempre se deu bem. Bonita, teve ótimas oportunidades... Está vivendo um lindo amor. E eu aqui, grávida de um canalha que me abandonou assim que descobriu que seria pai. Nunca fui a mais bonita, a mais desejada, a mais, a mais, a mais! Tudo ela!...
BRUNO: - Está cansada de viver na sombra, é isso?
AMÁLIA: - Eu quero é mudar de vida. Quero tudo diferente. Essa criança vai nascer e eu quero nascer de novo, sabe? Quero me dar bem também!... Imagino que essa seja a sua vontade. Afinal, você está sempre na cola do Gustavo.
BRUNO: - Mas...
AMÁLIA: - Não precisa me encher de conversinha, Bruno. Eu sei que o Gustavo é mais velho, é o mais rico nessa parceria e é ele quem manda e desmanda na empresa. Mas sei que você é ambicioso como eu, que tem planos maiores. Sonha com voos mais altos.
BRUNO: - Exatamente. É tudo uma questão de tempo.
AMÁLIA: - Cuidado para não esperar tempo demais. Senão as oportunidades passam e você não sai do lugar.
Bruno fica em silêncio, pensativo.
AMÁLIA: - Eu gostaria de ficar sozinha agora, se me permite.
BRUNO: - Claro.
Bruno levanta-se e sai do quarto.
CENA 05. CASA MAURO. INT. NOITE.
Mauro e Leocádia chegam em casa. Selma e Gilson já os esperam na sala de estar, junto com André (criança, 5 anos).
SELMA: - Finalmente chegaram!
MAURO: - Nossa! Surpresa boa rever vocês!
GILSON: - Não poderíamos deixar de vir aqui receber você, Mauro. Fez boa viagem?
MAURO: - Tudo certo, graças a Deus!
SELMA: - Sua mãe deveria ter feito uma festa na sua volta!
GILSON: - Pra Selma, tudo é motivo pra festas, gastos, extravagâncias!
LEOCÁDIA: - Não se preocupe, Selma, porque oportunidades não faltarão para festejarmos.
MAURO: - E a empresa, Gilson, tomou conta de tudo direitinho?
GILSON: - A Gonzales Fashion está crescendo de forma surpreendente, Mauro. Com esses investimentos que você vem trazendo da Europa, com certeza vamos ser uma das maiores produtoras da moda nacional.
LEOCÁDIA: - Falem de negócios depois! Vamos para a sala de jantar, porque eu não sei quanto a vocês, mas já estou com fome! (risos)
MAURO: - Vamos à paella!
CENA 06. CASA SÍLVIA. SALA. INT. DIA.
(sobe trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi) Sílvia faz novos croquis. Vestidos, calças, saias. Refaz o desenho onde um casal veste roupas bonitas. Escreve novamente: Júlio e eu. (fade out trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi)
CENA 07. CASA ROSANA. QUARTO. INT. NOITE.
Júlio e Rosana deitados na cama, seminus, abraçados. Júlio está dormindo. Rosana levanta da cama, veste sua roupa. Vê, no meio das roupas de Júlio um maço de dinheiro. Ela rapidamente o pega, esconde em seu guarda-roupas. Júlio acorda, mas permanece deitado.
ROSANA: - Vamos Júlio, levanta daí.
JÚLIO: - Levantar por quê?
ROSANA: - Pra ir embora, oras! Vamos, saia daqui!
JÚLIO: - Ir embora? Eu pensei que (pausa)
ROSANA: - Taí. Esse é o seu problema, ta sempre pensando errado. (pega as roupas dele no chão) Sai Júlio! (joga as roupas nele)
JÚLIO: - Rosana, nós fizemos amor agora a pouco. Achei que iríamos terminar a noite aqui, trocando carinhos e (pausa)
Rosana ri, debochada.
ROSANA: - Júlio... Nós não fizemos amor. Quero dizer, só se você fez amor sozinho. Eu simplesmente brinquei com você nessa cama. Aliás, já fiz coisa melhor. E outra, não tem e nunca terá momento de carinho entre a gente.
JÚLIO: - Você não parecia estar brincando comigo.
ROSANA: - Sinal de que eu sei interpretar muito bem, não acha? Acorda, Júlio. Você sempre vai ser o meu brinquedo que, quando eu quiser, eu brinco. Mas depois enjoa. Você é grudento, cheio de “mimimi”. Eca!
Júlio se mostra decepcionado. Ele veste suas roupas e vai embora.
ROSANA: - Encosto! Vai embora!
Rosana abre o guarda-roupas, pega o dinheiro que escondeu, conta nota por nota.
ROSANA: - Mas é muita grana!... De onde ele tirou isso?... Bem, de qualquer forma, agora é meu. Pagamento pelos serviços prestados. (ri)
CENA 08. CASA MAURO. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Leocádia, Mauro, Gilson, Selma e André retornam à sala de estar, após o jantar. Selma, Leocádia e André sentam-se no sofá, enquanto Mauro e Gilson se aproximam da copa.
SELMA: - Leocádia, sua paella fica a cada ano melhor!
LEOCÁDIA: - Obrigada! Bom que gostaram!
ANDRÉ: - Mamãe estou com sono... Vamos?
SELMA (a André): - Vamos sim, meu amor. Já vamos... (a Leocádia) e como anda o processo da adoção?
LEOCÁDIA: - Ai Selma, não vejo a hora de ver a Celeste correndo por esta casa, me chamando de mãe.
SELMA: - Vai dar tudo certo, amiga. Estamos todos torcendo.
LEOCÁDIA: - Eu rezo todas as noites. O Mauro também me apoia bastante.
MAURO: - Agora que eu voltei pra ficar, Gilson, eu tenho um objetivo em mente: encontrar um novo talento pra moda no país. A GF precisa de um estilista que traduza essa nova imagem da empresa.
GILSON: - Concordo com você. Se vamos enfrentar esse novo mercado, precisamos de um profissional que também traga ideias novas.
MAURO: - Amanhã mesmo farei isso. Dedicarei meu dia a encontrar a nova aposta da Gonzales Fashion.
Selma se aproxima.
SELMA: - Eu sei que o papo sobre negócios nunca termina entre vocês, mas Gilson, André já está cansado. Vamos?
GILSON: - Vamos sim, querida. (a Mauro) Nos encontramos amanhã?
MAURO: - Com certeza.
SELMA: - E não esqueçam da minha festa! Quero todos lá hein!
LEOCÁDIA: - Iremos sim, Selma, pode nos aguardar!
CENA 09. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / ÁUREA CALÇADOS. INT. DIA.
Imagens do Rio de Janeiro ao amanhecer. (sobe trilha “Corcovado” – Gal Costa) Mostra o Cristo Redentor, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a movimentação na praia. Corta para uma grande empresa. Na fachada, as escritas ÁUREA CALÇADOS. No interior da fábrica, caminhando por entre a produção de calçados e acessórios, Fernando, Orestes e um outro homem (entre 30/35 anos, terno escuro, cabelos pretos e curtos).
CENA 10. ÁUREA CALÇADOS. SALA PRESIDÊNCIA. INT. DIA.
(fade out trilha “Corcovado” – Gal Costa) Orestes e Fernando entram na sala, acompanhados pelo homem.
ORESTES: - Ótimo o andamento que estamos tendo na produção, Tarso. Seu projeto está sendo bem executado.
TARSO: - Obrigado, doutor Orestes. A empresa não para. Já estamos no terceiro mês e a produção já demonstrou sinais de crescimento vertiginoso.
FERNANDO: - Agora é só aguardar a Estér concluir a sua nova criação e a gente começa a fabricação das novas peças.
TARSO: - A Estér tem bom gosto. As criações dela fazem sucesso.
ORESTES: – Será a nossa mola propulsora nesse novo cenário comercial.
TARSO: - Falando em novo cenário, como você está se preparando para enfrentar a vida de casado, Fernando?
FERNANDO: - Tranquilo eu não posso dizer que estou, mas estou levando numa boa. É tudo novo né? Daqui a um tempo, vou ter meu filho correndo por aqui.
TARSO: - Eu não era tão novo quando me casei, mas senti que a vida mudou sim. E depois que se têm filhos, você vive pra eles.
ORESTES: - É, são outras prioridades... Como gosto de dizer, deixa de ser eu para ser nós.
FERNANDO: - Eu e a Raquel estamos praticamente aprendendo juntos a viver esse novo momento...
CENA 11. MANSÃO LINHARES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Raquel recebe a visita de Valquíria.
RAQUEL: - Que bom que você veio, amiga. Não aguento mais ficar nessa casa.
VALQUÍRIA: - Posso imaginar o seu perrengue, Raquel. Conviver diariamente com a Maria Helena não deve ser nada agradável.
RAQUEL: - Ainda bem que tem o seu Orestes, a Estér... Se bem que, a Estér e a Maria Helena vivem brigando.
VALQUÍRIA: - Elas não se dão bem de jeito nenhum né?
RAQUEL: - A mãe não aceita a opção da filha.
VALQUÍRIA: - Também deve ser difícil você aceitar que sua filha, ao invés de gostar de homens, goste de mulheres.
Nesse instante, Maria Helena entra na sala. As duas disfarçam.
MARIA HELENA: - Como vai, Valquíria?
VALQUÍRIA: - Tudo bem, Maria Helena. E a senhora?
MARIA HELENA: - Ótima, como sempre. (a Raquel) Estou indo até a casa da Sandra acertar os detalhes da decoração da festa. Qualquer coisa, os empregados estão todos aí.
Maria Helena sai.
VALQUÍRIA: - Calma aí, é ela que está lidando com todos os preparativos do seu casamento?
RAQUEL: - Eu não posso opinar em nada, Val! Tudo o que eu digo ela critica, discorda. E o Fernando, coitado, fica em cima do muro sempre.
VALQUÍRIA: - Desculpa em dizer isso amiga, mas eu sempre achei esse casamento precipitado demais. Só porque você está grávida do Fernando, não quer dizer que vocês devem casar e viver juntos para sempre!
RAQUEL: - Eu sei, Val... Mas vai explicar isso pra Maria Helena!... E o pior é que eu não posso nem dançar, fazer aquilo que eu mais gosto. Esse início de gravidez ta me deixando louca...
VALQUÍRIA: - Deus me livre se acontece alguma coisa dessas comigo e com o Marcelo. Eu acho que eu surto também!
RAQUEL: - Falando em Marcelo, como está o seu surfista louro?
VALQUÍRIA: - Deve estar dentro do mar. Acho que eu estou namorando um peixe e não um ser humano. Mas eu estou completamente louca por ele, Raquel. Olha aqui (levanta a manga da blusa e mostra uma tatuagem), não é linda?
RAQUEL: - Você fez uma tatuagem pra ele?!
VALQUÍRIA (empolgada): - Não é linda? Ele ainda não sabe, mas eu sei que ele vai amar!
CENA 12. EMPRESA G&B ESPORTES. INT. DIA.
Imagens gerais de um escritório da empresa de artigos esportivos. Ambiente com muitos pôsteres, funcionários trabalhando. Gustavo e Bruno conversam.
BRUNO: - A Marília ficou muito feliz com o pedido de casamento.
GUSTAVO: - É tudo o que eu quero, Bruno. Minha vida está toda dando certo. A empresa está indo bem, vou casar com a mulher que eu sempre sonhei. Só tenho que agradecer a Deus.
BRUNO: - É mesmo. Eu só desejo todo sucesso pra você.
Gustavo se afasta, Bruno fecha o sorriso, fica sério, encarando Gustavo.
CENA 13. AGÊNCIA DE MODELOS. INT. DIA.
(sobe trilha “The Beat Goes On” – Bob Sinclair) Marília posa para fotos. Faz diversas poses. Termina a seção, ela olha as fotos com o fotógrafo. De repente, alguém entra batendo palmas no estúdio. Um rapaz jovem, moreno, cabelos curtos, se aproxima de Marília. (baixa trilha)
RAPAZ: - Só se fala em Marília Pereira, a estrela do desfile de ontem no Jardim Botânico!
MARÍLIA (surpresa/feliz): - Fábio!
Os dois se abraçam.
MARÍLIA: - Voltou quando?!
FÁBIO; - Ontem à noite. Cansei de Nova York (risos)
MARÍLIA: - Seu bobo!... Fez muitos desfiles por lá?
FÁBIO: - Nossa, não parei um minuto! Desfiles, fotos, catálogos. Não sabia que modelo masculino trabalhasse tanto assim.
MARÍLIA: - É amigo, não é moleza não.
FÁBIO (segura a mão de Marília): - E essa aliança aí no dedo? Não me diz que...
MARÍLIA: - Estou noiva. Gustavo pediu minha mão ontem! Estou tão feliz! Hoje vamos jantar juntinhos.
FÁBIO: - Mas que coisa boa! Vocês merecem mesmo! Dois negros, lindos, bem sucedidos! Sucesso e felicidades!
MARÍLIA: - Difícil vai ser marcar a data do casório, porque quando não são os compromissos da empresa dele, são os meus desfiles.
FÁBIO: - Pra tudo se dá um jeitinho, Marília. Para o amor, sempre há tempo.
(fade in trilha “The Beat Goes On” – Bob Sinclair)
CENA 14. RESTAURANTE . INT. DIA.
(fade out trilha anterior) Mauro almoça num restaurante no centro da cidade. Enquanto se serve no Buffet, Rosana vai entrando no local, um tanto apressada. Os dois acabam se esbarrando.
ROSANA: - Meu Deus! Desculpa moço!
MAURO: - Tudo bem!...
ROSANA: - Eu estou atrasada! Tinha uma entrevista de emprego aqui e (pausa)
Os dois trocam olhares.
ROSANA: - Nem almocei direito...
MAURO: - Não seja por isso. Almoce comigo.
ROSANA: - Não, imagina! Você não está acompanhado?
MAURO: - Não estou não. Ia comer sozinho. Por favor. É uma forma da gente se desculpar pelo esbarrão.
ROSANA: - Tudo bem...
Os dois já estão à mesa, conversando.
ROSANA: - Então você é um homem de negócios? Tão jovem assim?
MAURO: - Comecei cedo mesmo.
ROSANA: - E trabalha no quê?
MAURO: - Com moda. Sou dono da Gonzales Fashion.
ROSANA (surpresa): - O quê?! Mentira!
MAURO: - Por quê? Não acredita? (risos)
ROSANA: - Não, não estou duvidando de você não... Acontece que eu adoro essa marca! Na verdade, tenho só uma blusa da GF que eu juntei grana de dois meses pra comprar...
MAURO: - Agora nós estamos em busca de um novo talento. A marca precisa de alguém que traduza nosso novo perfil. Estou entrando em contato com estilistas e designers de moda...
Rosana fica pensativa. Mauro percebe que ela está calada.
MAURO: - Desculpa. Assunto chato esse de negócios, não é? Vamos falar de outra coisa.
ROSANA: - Não, não. Estou adorando esse assunto. Até porque, eu acho que hoje é o seu dia de sorte. E quem sabe o meu também.
MAURO: - É mesmo?
ROSANA: - Se eu disser pra você que sou estilista, você acredita?
(sobe trilha “Me Segura” – Eduardo Dussek) Mauro se mostra surpreso.
MAURO: - Você?
ROSANA: - Eu faço lindos croquis, mas nunca mostrei pra ninguém.
MAURO: - É mesmo?
ROSANA: - A gente pode marcar um novo encontro e eu te levo o meu trabalho. Tenho certeza de que eu sou o talento que você está procurando.
Mauro se mostra interessado. Retira do bolso do paletó um cartão e entrega para Rosana.
MAURO: - Amanhã pela manhã, no meu escritório.
ROSANA: - Estarei lá, pode aguardar.
Rosana estende a mão para Mauro, que a cumprimenta. Ele a encara, sedutor. Rosana o fita, levanta da mesa e vai embora. (fade out “Me Segura” – Eduardo Dussek)
CENA 15. APTO TARSO E SANDRA. INT. DIA.
Maria Helena está sentada num pequeno escritório. De repente, uma mulher, loira (trinta e poucos anos, estatura mediana, cabelos lisos, altura dos ombros) entra no local, trazendo uma pasta.
MULHER: - Estão aqui os projetos que eu organizei.
MARIA HELENA: - Ótimo, Sandra.
SANDRA (abre a pasta, retira os papéis): - Aqui estão os desenhos. Como a festa será na casa da família, em Petrópolis, pensei em dois estilos de decoração.
Maria Helena analisa os projetos.
MARIA HELENA: - Gostei desta daqui. Rosas champanhe é?
SANDRA: - Sabia que você iria gostar.
MARIA HELENA: - Nem quero ver o outro projeto. Este me ganhou.
SANDRA: - Não quer levar o outro projeto para a Raquel dar uma olhada?
MARIA HELENA: - Não precisa, Sandra. A Raquel também vai gostar da escolha. O que eu decidir, ela aceita.
SANDRA: - Ela não opina em nada na festa do próprio casamento?
MARIA HELENA: - Ela já fez o bastante amarrando meu filho com um bebê. Não precisa controlar tudo agora.
SANDRA: - Ai, Maria Helena, não é pra tanto...
MARIA HELENA: - Conheço essas moças, Sandra. Fernando é um partidão. E bobo né? Caiu num golpe da barriga. Mas, agora que está feito, eu tomo as rédeas para que a coisa não saia dos eixos.
SANDRA: - Para que a vida dele não saia das suas mãos é isso que você quer dizer...
MARIA HELENA: - Me chamando de mãe controladora? (risos) eu apenas prezo pelo bem do meu filho, só isso...
CENA 16. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / CASA SÍLVIA. INT. NOITE.
Imagens do Rio de Janeiro à noite. Corta para a casa de Sílvia, que desenha novos croquis. Rosana entra na casa da amiga, sem avisar, levando uma bolsa.
ROSANA: - Sílvia! Você nem sabe!
SIÍLVIA: - O que foi?
ROSANA: - Preciso de uma ajuda sua!
SÍLVIA (simpática): - Fala, o que você quer?
ROSANA: - Eu consegui uma entrevista de emprego, amanhã numa empresa de bacana, lá na Zona Sul! Mas eu não tenho roupa né amiga! Só essa bolsa aqui. Você não tem um vestido, esses seus, comportados, pra me emprestar?
SÍLVIA: - Acho que eu tenho sim, Rosana... Espera aí que eu vou ver um que é a sua cara!
Sílvia sai. (sobe trilha “Infiltrado” – Bajofondo) Rosana espera ela entrar no quarto e começa a vasculhar os croquis. Pega quatro desenhos, dobra e coloca dentro da bolsa, rapidamente.
SÍLVIA (OFF): - Uma cor mais escura né?
ROSANA: - Isso... azul ou preto.
Rosana disfarça. Sílvia retorna, com um vestido preto. (baixa trilha)
SÍLVIA: - Ele tem um detalhezinho dourado, mas é pouca coisa. Bem discreto, perfeito pra uma entrevista.
ROSANA: - Tá ótimo! (pega o vestido) Bem o meu número! Muito obrigada, Silvinha! Você é um anjo na minha vida!
SÍLVIA: - Imagina! O que você precisar pode contar comigo.
ROSANA: - E você, fazendo desenhos ainda?
SÍLVIA: - Me distraindo um pouco. Depois tenho que voltar para as minhas costuras. Tenho três calças pra entregar.
ROSANA: - Não vou atrapalhar você. Valeu mesmo amiga!
Rosana sai. Sílvia volta para os desenhos, nem percebe que faltam alguns. (fade in trilha “Infiltrado” – Bajofondo) Do lado de fora, Rosana vai saindo.
ROSANA: - Até parece que eu vou usar essa coisa brega amanhã... Já tenho o que eu preciso.
(fade out trilha)
CENA 17. EMPRESA G&B. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Marília chega ao escritório da G&B e encontra Gustavo.
GUSTAVO: - Amor! O que está fazendo aqui? Eu ia pegar você na agência.
Os dois se beijam.
MARÍLIA: - Eu sei, mas eu quis fazer uma surpresa pra você. Já está saindo?
GUSTAVO: - Já sim. Só vou levar esses papéis pro marketing, e já estou saindo. Eles só estão me esperando. Me aguarda aqui, ta?
Marília acena com a cabeça. Gustavo sai. Marília aguarda um tempo. O escritório está vazio. De repente, uma mão toca seu ombro, de costas. Marília se vira sorridente, mas se surpreende ao ver Bruno.
MARÍLIA (desfaz-se do sorriso): - Bruno...
BRUNO: - O que foi? Ficou triste em me ver?
MARÍLIA: - Não, nada disso... Eu pensei que fosse o Gustavo.
BRUNO: - Eu passei por ele agora a pouco, estava indo pro marketing. Não sei se vai ser rápido.
MARÍLIA: - Ele disse que seria. Vamos jantar fora hoje, comemorar o pedido de casamento.
BRUNO: - Mas se ele demorar, você pode ir jantar comigo. Eu não me importaria.
MARÍLIA (seca): - Mas eu me importo. Você não tem vergonha não? De agir dessa forma?
BRUNO: - Vergonha? Nenhuma. Agora deixa eu te perguntar... Você não tem vergonha de ter me trocado por ele?
Marília tenta se afastar, mas Bruno a segura pelo braço.
MARÍLIA: - Me solta, Bruno!
BRUNO: - A gente seria felizes juntos, Marília.
MARÍLIA (soltando-se): - Não seria, e você sabe disso, Bruno. Já chega! Para de mexer numa coisa que ficou pra trás. Não vai ser bom nem pro Gustavo, que te vê como amigo e nem pra você, que vai quebrar a cara se continuar insistindo.
Os dois ficam a se encarar, sérios. Gustavo se aproxima, retornando com algumas pessoas, que vão saindo do local.
GUSTAVO: - Bruno! Bom te encontrar aqui ainda!
BRUNO (vira-se para Gustavo, sorri): - Estava aqui, conversando com a Marília, desejando um bom jantar para o casal. Merecem mesmo comemorar.
Marília dá um sorriso amarelo.
GUSTAVO: - Muito obrigado! O pessoal do marketing vai deixar o relatório com você amanhã de manhã, ok?
BRUNO: - Tá certo.
GUSTAVO (a Marília): - Vamos amor?
MARÍLIA: - Vamos sim.
GUSTAVO: - Tchau, Bruno!
Gustavo oferece o braço para Marília, que o abraça e os dois vão saindo.
BRUNO (cínico): - Bom jantar, Marília!
Marília se vira para Bruno, o encara séria. Abre um sorriso falso.
MARÍLIA: - Obrigada, Bruno. Boa noite.
Marília e Gustavo vão embora. Bruno sorri, cínico.
CENA 18. APTO VALQUÍRIA. INT. NOITE.
(sobe trilha “À Francesa” – Marina Lima) Valquíria sai da cozinha alegre, trazendo dois copos de suco, para a sala. Um rapaz, alto, forte, louro, está parado na varanda do apartamento.
VALQUÍRIA: - Marcelo, seu suco!
Marcelo sai da varanda, entra na sala. Expressão um pouco mais fechada, contrastando com a alegria de Valquíria. (baixa trilha)
VALQUÍRIA: - Gostou da minha tatuagem? Fiz especialmente pra você!
MARCELO: - Hum... Legal...
VALQUÍRIA: - Ai Marcelo! Só isso? Bom, deve estar cansado né amor? Surfou o dia inteiro! Bebe o suco de guaraná, pra reforçar as energias e também pra gente aguentar o luau de logo mais, né amor? Ah, tem também uma tigela de açaí prontinha pra gente comer! Eu sei que você que surfa, adora! Li numas revistas que (pausa)
MARCELO: - Valquíria, a gente precisa conversar.
VALQUÍRIA: - Fala amor, meu gatão, meu príncipe dos mares!
MARCELO: - Eu nem sei como dizer isso pra você...
VALQUÍRIA: - Tá nervoso amor? Já sei! (eufórica) Ai amor! Não me diz que é isso que eu estou pensando?
MARCELO: - E você está pensando exatamente no quê?
VALQUÍRIA: - Onde você escondeu as alianças? No seu calção de surfe?
MARCELO: - Alianças? Não, Val... Não é isso.
VALQUÍRIA: - Não vai me pedir em casamento? Então é o quê?
Marcelo respira fundo.
VALQUÍRIA: - Fala Marcelo! To morrendo de curiosidade!
MARCELO: - Eu estou gostando de outra pessoa.
Valquíria deixa o sorriso sumir do seu rosto aos poucos. (termina trilha)
VALQUÍRIA: - Como é que é?
MARCELO: - Eu estou gostando de outra pessoa. Eu já queria ter te falado isso há muito tempo. Não dá mais pra gente ficar... Eu quero terminar.
VALQUÍRIA: - Terminar o quê, Marcelo? O nosso amor?! Como isso? Como você me diz isso assim?
MARCELO: - Não é amor, Val... A gente ta junto há pouco mais de 3 meses...
VALQUÍRIA: - E a vagabunda que tá com você? Há quanto tempo vocês (pausa)
MARCELO: - Um mês.
VALQUÍRIA: - Um mês?! Você está me traindo há um mês?
Valquíria senta-se no sofá, chora. Marcelo fica sem saber o que fazer.
MARCELO: - Eu sei que é difícil, mas tenho certeza que você vai encontrar alguém legal. Foi bom enquanto a gente esteve junto, Val... fica bem.
Marcelo sai apressado do apartamento. Valquíria, irritada, joga o copo com suco na parede, quebra enfeites na sala.
VALQUÍRIA: - Ele não pode fazer isso comigo! Marcelo não vai me deixar assim. Não vai mesmo!
CENA 19. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / ESCRITÓRIO GF. INT. DIA.
Imagens do Rio de Janeiro ao amanhecer. Mostra o centro da cidade, já bem movimentado. Corta para o imponente escritório da grife Gonzales Fashion (GF). Ambiente requintado. (sobe trilha “Me Segura” – Eduardo Dussek) Rosana entra no local, fica vislumbrada com tudo. Com cabelos cacheados, usando um vestido vermelho, justo, que valoriza o seu corpo, ela se encaminha até a mesa da secretária. (baixa trilha)
ROSANA: - Bom dia! Eu sou Rosana (fala baixo) da Silva, (retoma o tom) tenho uma hora marcada com o senhor Mauro Gonzales.
SECRETÁRIA: - Claro, eu vou anunciá-la.
Rosana aguarda, enquanto a secretária fala ao telefone.
SECRETÁRIA: - Pode me acompanhar, por favor.
Rosana acompanha a secretária até a sala de Mauro.
SECRETÁRIA (abre a porta): - Pode entrar.
Rosana entra na sala. O local, todo envidraçado, tem uma bela vista da Baía de Guanabara e do belo dia de sol que faz na Cidade Maravilhosa. Mauro está no centro, aguardando Rosana.
MAURO: - Já gostei de você. Pontual.
ROSANA: - Não se podem dar chances aos erros numa oportunidade como essa.
Os dois se cumprimentam. Rosana lança olhar sedutor para Mauro, que sorri.
MAURO: - Café, água, suco?
ROSANA: - Nada não, obrigada.
MAURO (a secretária): - Pode ir, obrigado.
A secretária sai. Mauro indica a cadeira para Rosana. Os dois se sentam. (fade out trilha “Me Segura” – Eduardo Dussek)
ROSANA: - Belo escritório você tem.
MAURO: - Eu também gosto. Me sinto em casa aqui. E dependendo de como as coisas acontecerem, você também poderá se sentir como eu.
ROSANA: - Será que eu consigo? Aqui é tudo tão chique.
MAURO: - Você tem uma elegância que combina com qualquer lugar, Rosana.
Rosana sorri, finge estar encabulada.
MAURO: - Não foi minha intenção te envergonhar!
ROSANA: - Imagina... fiquei apenas lisonjeada pelo elogio. Ainda mais vindo de um homem como você.
MAURO: - Deixemos então os elogios de lado e vamos tratar de negócios. Você trouxe o seu material?
ROSANA: - Claro, tudo aqui.
Rosana tira da bolsa os croquis de Sílvia e entrega para Mauro, que fica impressionado.
MAURO: - Eis os croquis!...
Rosana observa a reação de Mauro.
MAURO: - São seus mesmo?
ROSANA:
- Sim, todos meus. E então, gostou?
Rosana encara Mauro.
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