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Antologia Violência Urbana | Capítulo 9 (FINAL): Atos Subversivos

Antologia Violência Urbana | Capítulo 9 (FINAL): Atos Subsversivos
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Atos Subversivos
Cristina Ravela



SINOPSE: O investigador da polícia, Peixotão, está prestes a se aposentar, mas ainda não se conformou de não poder mais exercer seu trabalho. Brilhante na arte de investigar, a criminalidade não tem vez quando Peixotão entra na área.

É quando um novo crime acontece e pode ser o último sob sua investigação para encerrar sua brilhante carreira. Porém, mais importante que resolver esse crime, é entender os métodos de justiça de Peixotão e como ele chegou à fama de paladino da cidade.







Quase todas as noites, perto da madrugada, um sujeito bêbado cantarolava no karaokê de um bar lá da esquina. Cantava mal aquelas canções de corno, mas era uma tradição dormir ouvindo aquela desafinação. Às vezes, soltavam uns fogos por conta de um time de futebol ou porque era dia de santo. Santo deve gostar de barulho; eu também.


Na verdade, eu quase nunca dormia nesse horário. Neste momento, por exemplo, eu estou sendo cavalgado pela Alicinha Santa Cruz, uma puta mulher de seios fartos que sacudiam de quase bater no queixo. Sabia fazer como nenhuma outra. 

Eu, com mais de 50 anos, barriguinha de chop e uma barba grisalha, ainda tinha muito a oferecer. A gente fazia sexo semana sim e semana não, quando o marido dela viajava. Um caminhoneiro responsa, trabalhador, sonhava ser pai, mas Alicinha não nasceu para ser mãe.


— Oh, meu Deus, oh, meu Deus! - Alicinha, veloz e furiosa.
— Isso, vai! Mais rápido, mais rápido, filha da puta! Eu vou gozar!

A mulher revirou os olhos já no auge, e quando gozei, ela gritou de prazer, no mesmo instante que um estampido de fogos ressoou naquele quartinho.

Alicinha caiu pro lado com um tiro na cabeça. Mortinha.


***


A sirene de polícia na capital carioca era tão comum quanto o bêbado cantando música de corno no barzinho da esquina. Os policiais faziam o cerco em frente ao bar do Olavinho. Ali, no chão, o corpo de um sujeito de uns 50 anos, com quatro balaços nas fuças.

— Esse deu a cara a tiro, eu disse, puxando meu cigarro pirateado.
— Piada mais sem graça, Peixotão. Tá fazendo o quê por essas bandas?
— Tava só batendo um papo cabeça.

Timotinho, um sujeito franzino, com 55 anos na cara e rugas de tanto cigarro me enquadrava no canto.

— Ataulfo Medeiros, 50 anos, jornalista do Língua Ferina. Saiu pra comprar queijo e voltou assim. Perfurado.
— Língua Ferina? - dei uma baforada na cara do Timotinho – Né aquele jornal que mete o carai nos políticos e tudo? Demorou até. Por tudo que já escreveu, ele já era para tá no saco faz tempo.
— O cara era dos bons, mas nunca se conformou daquele caso que ele perdeu.
— Jornalista acha que tem caso pra resolver. Quem resolve é nós!
— Testemunhas disseram que ele foi jogado aqui por uns caras de uma van. Parece um recado, que cê acha?

A última vez que vi isso acontecer foi num caso que peguei em 2003. O tal que o jornalista lamentava ter perdido. Não era meu dia de plantão, então resolvi levar minha morena para ir do Leme ao Pontal. Peguei minha brasília amarela e dobrei à esquerda. Foi coisa rápida. Um furgão preto cruzou meu caminho, deu uma freada brusca. Parei e vi a cena escancarada à luz do dia: as portas foram abertas e um corpo de um homem morto foi arremessado na calçada.

Eu disse que um homem morto foi arremessado na calçada.
Em plena luz do dia.
Eu e minha equipe investigamos e descobrimos que o morto era o jornalista Melqui Martins, ativista dos direitos humanos, influente em uma época onde nem existia rede social para postar bosta.

— Me vê um pingado, Olavinho!

Olavinho era um sujeito de cabelo branco, falava bonito, ninguém diria que ele não terminou o fundamental.

— Acha que meu bar vai ganhar notoriedade com esse crime na minha porta? Jornalista, não? De gabarito.
— Esse é seu sonho de uma noite de verão. Vai continuar no esquecimento que nem hit de carnaval.
— Você acha que foi político, é? - Olavinho terminou de servir o pingado e debruçou sobre o balcão – Vou fazer bingo. Já tenho uns políticos em mente.

Conversar com Olavinho era uma experiência em dois mundos. Ora ele falava bonito, usava palavras difíceis; ora ele se comportava exatamente como ele era: um fofoqueiro oportunista. E ainda acreditava em terra plana!

***

Eu cheguei na delegacia e só se ouvia falar do tal Ataulfo Medeiros. Em outras épocas seria só mais um crime, mas o delega já tinha até informação que eu ainda não tinha.

— Ataulfo era alguma coisa daquela belezinha que morreu ontem.
— Que belezinha? - perguntei, enquanto pegava café do bebedouro.
— Alícia Santa Cruz. Não parecia um caso interessante pra você, por isso ia deixar pro Bola.

Bola entrou ali, mascando chiclete, alvoroçado, botões da camisa arreganhados e suor escorrendo no peito. Não preciso nem dizer o porquê do apelido ser Bola, né? A braguila da calça dele saltava por conta da gordura exposta.

— A garota levou um balaço enquanto dava, maluco. (mordiscou os lábios, bem discreto) Quem tava com ela fez um bom serviço ali. Tava toda molhadinha.
— O que tem ela com o jornalista? - Perguntei, ressabiado.
— Ataulfo tinha a foto dela na carteira. Novinha que só, das duas uma: ou era amante ou filha. Em quem tu aposta, Peixotão?
— Que tu se aliviou onde não devia e estragou a cena do crime.

O delega riu. Bola ficou boladão, se estressou.

— Pô cara, tão cansado de saber que não posso pegar esses casos, não. Garota tava fresquinha ainda, ah…

Bola saiu, chateado. O cara era bacana, sempre ia na minha laje comer churrasco, levava a mulherada, pagava as bebidas. Certo dia, liguei pra ele pra gente resolver um negócio. O cara estava aceso, tinha tomado um viagra e a garota não apareceu. O tal negócio era o assassinato de uma puta na esquina de Copacabana. Briga de ponto, sabe? Caso pequeno, sem alarde. Botei o Bola na linha de frente, qualquer coisa, a gente dizia que foi rival. Bola meteu ali mesmo. Caso encerrado.

***

Eu e o Bola fomos até a redação da Língua Ferina colher alguns depoimentos. Os jornalistas não sabiam qual matéria pôr na capa: a morte do conceituado Ataulfo Medeiros, cujo nome talvez estampe placa de rua, ou uma celebridade que foi vista – pasmem! – fazendo compras em um shopping.

— Ataulfo recebia ameaças, piadinhas, tentativas de desacreditá-lo. Coisas normais do ofício, relatou um dos colegas, enquanto bebia café em uma caneca com estampa dos Vingadores.
— A gente tem que ver os tuítes do cara, Bola. Deve ter algo bom ali para ajudar nas investigações.
— Existe um programa que varre todos os tuítes de uma pessoa. Pode ser útil, destacou o colega de Ataulfo.

Eu e o Bola não perdemos tempo; usamos o tal programinha, e não é que o bicho vasculhou tudo? Ataulfo Medeiros gostava de ser irônico e era bem respeitado no meio, menos no meio político, onde rolava fake news. Politizava tudo: da água que bebemos até os filmes que assistimos. Em um dos tuítes, questionava os filmes de maior bilheteria e de impacto, afirmando que eles traziam mensagens subliminares sobre os poderosos de uma tal elite.

O Homem-aranha, por exemplo, naquele filme em que ele ganha um uniforme negro e se transforma. Por que, uniforme negro revela seu lado obscuro? O que queriam dizer com isso?” - questionava, Ataulfo aos seus seguidores.

As respostas eram aleatórias, mas ele mesmo não dava pitaco. Foi numa dessas que percebi um seguidor assíduo e costumaz na arte de dar patadas:

Homem-aranha é só filme, porra! Para com essas teorias da conspiração, imbecil! Toma conta da sua irmã, aquela puta que adora fazer o canguru-perneta!”

Bola riu. Fiquei na dúvida, porque se essa puta for a Alicinha, era puta mesmo, mas eu sempre achei que filmes tentassem nos mostrar alguma verdade sobre o futuro, que nem Os Simpsons.

— Tu anda de papo com o Olavinho do bar, cara. Já já vai querer pular da terra plana, debochou o Bola.

O tal sujeito tinha o apelido de “38 na chapa”. Resolvi varrer os tuítes e stalkear o carinha. Sei lá, bateu uma coisa. Descobri que é fã obcecado pelo político Carlinhos “abençoado”, um dos senadores mais votados do Rio.

— O fanatismo é que atrasa o país, filosofou o Bola.

***

A gente estava no bar do Olavinho, tomando um pingado. Olavinho apresentou uma cartela de bingo pra gente comprar: dez reais para apostar em qual político tinha relação com a morte de Ataulfo Medeiros. Dei uma olhada na lista de nomes.

— Coronel Tino? Esse cara fala muito, mandar matar acho puxado pra ele. Luíz Eustáquio da Silva? Num tava preso? Ataulfo até defendia suas pautas.
— Pior é meteram o Carlinhos “abençoado” aí. Querem tudo morrer vocês? - disparou o Bola.

Nesse momento, percebi um sujeito moreno, com quase 40 anos, encarando a gente no canto, enquanto bebia a cerveja. Deu um gole rápido, sacou uma grana do bolso e se aproximou. O cara jogou 50 pila na mesa.

— Aposto que o Carlinhos “abençoado” é inocente. Quem mais?

Nisso, o sujeito deixou à mostra sua 38 na cintura, achando que era o Chuck Norris da capital carioca. De longe, um cara com autoestima rasa, adorador de político, disposto a partir pro tudo ou nada. Olavinho gostava de briga:

— Aposto que ele não é. - e Olavinho dobrou a aposta, metendo cenzinho sobre a mesa.

O clima ficou pesado. Ambos se encaravam como galos em rinha. Falei que o Olavinho era um velho safado de costas quentes? Ninguém se atrevia a falar de Carlinhos “abençoado” se não tivesse costas quentes.

— Qual é a prova que tu tem contra ele, Olavete? - disparou o sujeito da 38.
— A mesma prova que tiveram contra o Luíz Eustáquio. Mas relaxa que se ele for preso, alguém solta. Não fica com inveja, não.

Olavinho riu e alguns outros também. O tal do Chuck Norris sacou duas notas de cinquenta e meteu na mesa, quase derrubando tudo.

— Cenzinho que tu é viado.

Não entendi o que uma coisa teria a ver com a outra, mas o Bola me espiou de canto e eu até me levantei para não ficar no fogo cruzado. Foi a vez do Olavinho sacar duas notas de 100 e jogar na mesa encarando o sujeito.

— Sou viado mesmo, mas o teu “abençoado” é ladrão e assassino!

Alguns aplaudiram, riram da situação. Mas no meio da risada, o sujeito da 38 puxou a arma e meteu dois tiros no peito de Olavinho. Foi um alvoroço só! Olavinho caiu morto no chão sujo do bar, ninguém estava acreditando na ousadia e alegria do Chuck Norris de 38. Inclusive, ele fugiu, querendo ser o Jason Sthatan da cidade.

***

Passaram-se algumas poucas horas desde que o Olavinho foi derrubado por uma 38. Amigos, familiares, pessoas que nunca vi na vida estiveram no enterro dele.

— Alguma novidade? - perguntei pro Bola.
— O delega acha o caso do jornalista mais importante, mas ó, já descobri que a Alicinha era irmã do Ataulfo. Duas pessoas da mesma família morrem. Pode ser que mataram a garota pra mexer com o jornalista. Que cê acha?
— Se fizeram isso devem estar putos, porque o jornalista também vazou.

Eu sabia que tinha fio solto nessa história. Alicinha podia ter morrido por qualquer motivo aleatório, e ter sido coincidência o irmão morrer na mesma hora. Mas nesse meio sabemos que não existem coincidências.

— Já falou com o marido da Alicinha? - Bola deu a dica.

***

Cheguei no andar de um prédio bem estruturado, com direito a piscina e área de lazer. O caminhoneiro responsa tinha bala na agulha para se sustentar e manter aquela puta. O porteiro nem queria me deixar entrar, mas mostrei o distintivo.

Diante da porta do apartamento que se abria, um susto: o caminhoneiro era o Chuck Norris de 38! Tentou barrar a porta, fez força de um lado e eu de outro, até que ele desistiu. O filho da puta ainda sacou a arma.

— Melhor não tentar nenhuma gracinha, Peixotão!

O Chuck Norris me conhecia. Besteira! Quem não conhece o Peixotão?

— Tu matou meu colega, maluco. Melhor se entregar agora pra não complicar pro teu lado.
— Vai ser tu e mais quantos, camarada? O “abençoado” já já mete o carai na tua cara se marcar bobeira!

O sujeito estava começando num tom que eu não gostei. A gente ia ter problema.

— Num tenho nada a ver com política, não, qual é a tua?
— Mas com a minha garota você tinha muito a ver, né? Tomou quantos viagras pra dar conta?

O frangote riu. Eu não estava diante apenas de um caminhoneiro cheio de rebite nas ideias; ele era um assassino, a serviço do Carlinhos “abençoado”, será?

— Matou a Alicinha e a mim deixou vivo, por quê?
— Por que senão tu ia morrer como herói, paladino de uma justiça puta. Povinho eleva qualquer merda a mito, depois não entende por que toma no cu - o sujeito baixou o nível. Herói de verdade era o Melqui Martins que tu mandou pro ralo, aquele lá poderia ter sido deputado, acho que até presidente.

O Chuck Norris se referia ao jornalista assassinado em 2003, herói de merda, paladino de porra alguma, príncipe dos oprimidos, rei das frases filosóficas que ninguém ligava. Atualmente seria coach, não presidente.

— O “abençoado” tá cobrando o serviço, Peixotão. Tirar um puta jornalista do caminho pro seu ego não sair ferido custa caro. Tem gente inocente na cadeia por isso, enquanto você era alçado a fama de herói.

Levei um baque, mas disfarcei lindamente.

— Não sei do que você tá falando /
— Tu vai encerrar o caso de Ataulfo Medeiros, - falou por cima – afinal, tu sabe bem como funciona a justiça neste país.
— Se eu fizer isso e descobrirem, minha carreira vai pro buraco!

O cara de 38 foi me empurrando até a porta enquanto apontava a arma na direção do meu peito.

— Tá preocupado agora porque esse crime não foi tu que encomendou, né?, ele abriu a porta - Essa será sua última missão, Peixotão. Você não terá mais serventia na polícia para o “abençoado”.

***

Cheguei quase no fim de tarde na delegacia. Fui direto no bebedouro e notei o delega me encarando:

— Alguma novidade sobre o jornalista e o Olavinho?

Bola me espiava de canto, receoso. Notei algo estranho. O delega parecia analisar minhas falas e minha postura, mas continuei a ladainha.

— Amanhã vou atrás do vagabundo. Olavinho era um parceirão da gente, não merece ter sua morte impune.
— O Olavinho sempre foi metido com coisa errada, Peixotão. Uma hora alguém ia encaçapá-lo.

Fiquei de cara com a secura do homem.

— Você não tem nada para me falar? - indagou o delega, fazendo suspense.

Diante do meu silêncio, o delega, com olhar sinistro, mexeu no celular dele e me mostrou um vídeo que me deixou estupefato. Nele, toda a minha conversa com o cara de 38 tinha sido gravada. Nunca antes na história deste país alguém se atreveu a me gravar e correr o risco de ser preso só para me incriminar. Uma patifaria!

— Eu tava sendo ameaçado, seu delega, o cara matou a esposa e o jornalista lá /

— Você mandou matar Melqui Martins, Peixotão /

— Cada um tem seus motivos, delega. Olavinho cometia crimes e a gente fazia vista grossa. O meu crime tá quase prescrevendo.

— Já imaginou se isso vem a público, Peixotão? Não importa se foi só um crime. Todos os casos que você pegou ficarão contaminados. Ninguém vai acreditar que você cumpriu com a verdade. Ninguém! Será um escândalo!

— O senhor sabe que sempre cumpri com a lei. Quer dizer, nem sempre, mas eu to perto de me aposentar, delega. Pega leve, aí.

O delegado colocou a mão no telefone, decidido. Espiei o Bola ali, que me devolveu um olhar de incerteza.

— O seu destino agora tá nas mãos do divino, - decretou o delega.

***

Sentado numa poltrona de rico, tomando uma cervejinha gelada, eu admirava o cenário daquele salão que devia ter o mesmo tamanho do meu cubículo na Penha. Eu estava diante do divino, que me encarava enquanto saboreava um uísque. Era Carlinhos “abençoado”, ostentando saúde aos 64 anos, cavanhaque demodê e camisa listrada azul. Meio brega, mas ninguém podia falar isso.

— O “38 na chapa” já deve ter te passado a moral, né? Você não tem mais serventia pra mim na polícia.

O “38 na chapa” era o carinha do tuíter, que respondia com grosserias ao jornalista Ataulfo Medeiros. Assumiu a autoria de sua morte e da esposa, e ainda teve que inocentar o Carlinhos. Mas ele seria libertado em pouco tempo.

— A justiça neste país não funciona muito bem, disse o “abençoado”. Por isso, o Brasil precisa de um herói. Estão todos cansados dessa patifaria que taí. Que tal aproveitar que você se aposentou e se aliar a mim, por um país melhor?

***

Uma multidão se aglomerava ao redor de um carro. Som de cornetas, placas para tudo que é lado, gente aplaudindo e o povo só ouvia o slogan:

Com ele, a criminalidade não tem vez. É Peixotão quem tem vez! Para deputado federal, vote Peixotão!”

Pois é, quem não me conhecia, vai passar a me conhecer. Prazer, sou Peixotão, e tudo o que fiz pela polícia farei pelo Brasil. Pode ter certeza disso!




Fim.




conto escrito por
Cristina Ravela


produção
Bruno Olsen
Cristina Ravela



Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
 

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