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Passos da Paixão - Capítulo 16

Novela de Édy Dutra
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PASSOS DA PAIXÃO - CAPÍTULO 16

 
 
 
 
 
 
NO CAPÍTULO ANTERIOR:
 

LAERTE: - E sua mãe não voltou por quê? Onde ela está?

MELISSA: - Isso o senhor vai ter que perguntar pra ela. A gente estava no mercado ainda, quando ela ficou toda apressada, dizendo que tinha que resolver um assunto importante e que não poderia perder tempo.

Laerte fica pensativo.

MELISSA: - Agora eu preciso arrumar tudo isso aqui sozinha...

LAERTE (a si mesmo): - Assunto importante... Justo hoje? (desconfiado) Será que...

...

CAM mostra a rua onde fica o presídio. De um lado, o prédio, murado, impondo a impressão de solidão, medo, abandono. Do outro lado da rua, Silvinha observa o portão de entrada e saída do prédio. Olhar apreensivo, um tanto angustiado. Nada se vê para dentro do portão. Nem um carro passa na rua, se escuta o som da rodovia ao longe, distante. Sol quente.

De repente, o portão grande se abre. Os olhos de Sílvia se fixam nele. Sai de lá, caminhando vagarosamente, um homem (pouco mais de 45 anos) cabelos curtos, barba por fazer, trajando jeans e camiseta cinza, um tanto surrada, tênis nos pés e uma pequena mochila nas costas. Ele para na calçada, olha em volta, o céu, o sol, respira fundo, fecha os olhos por alguns segundos. Ao abrir os olhos novamente, olha do outro lado da rua e vê Sílvia, que já está com os olhos marejados. (fade in “Doce Castigo” – Nana Caymmi)

Sílvia atravessa a rua. Seu andar é difícil, está tomada pela emoção. Ela se aproxima do homem, fica frente a frente. Na rua, ao longe, um carro preto estaciona. O vidro do motorista baixa, revelando Vitinho. A porta do carona se abre. Rosana sai do carro e observa o encontro de Sílvia com o homem. Vitinho também está no carro.

VITINHO: - O que a gente veio fazer aqui?!

ROSANA: - É ele... Droga!... E a Silvinha veio mesmo.

Sílvia frente a frente com o homem.

HOMEM: - Mesmo depois desses anos todos, eu seria incapaz de esquecer o seu rosto de menina.

SÍLVIA: - Da mesma forma como eu nunca te esqueci. (emocionada) Bom ter você de volta, Júlio. 

Sílvia e Júlio a se olhar, profundamente, enquanto ao longe, Rosana observa tudo, séria.

 

 

 

CENA 01. PENITENCIÁRIA. EXT. DIA.

Continuação do capítulo anterior. Sílvia e Júlio se reencontram, sob os olhares de Rosana.

JÚLIO: - Como é bom poder rever o sol daqui de fora... as árvores, os pássaros.

SÍLVIA: - Como é bom poder rever você, Júlio! Acho que eu pareço mais feliz do que você nessa sua volta à vida.

JÚLIO: - Eu estou feliz sim, mas...

SÍLVIA: - Mas...?

JÚLIO: - Esses anos todos apagaram um pouco da luz que eu tinha nos olhos. Não houve dia em que eu não pensasse em vingança.

Sílvia encara Júlio.

SÍLVIA: - Do que você está falando?

JÚLIO: - Você sabe muito bem do que eu estou falando. A minha vida acabou por causa da Rosana, por causa da armação que ela fez. Da morte que ela provocou e colocou nas minhas costas.

SÍLVIA: - Júlio, vingança não leva a nada.

JÚLIO (grita): - Eu quero a minha vida de volta!

Rosana escuta o grito, entra no carro apreensiva.

VITINHO: - Madame! O que aconteceu? A senhora está passando bem?

ROSANA: - Eu quero ir embora daqui, Vitinho. Vamos, rápido!

Vitinho liga o carro e vai embora. Sílvia e Júlio continuam a conversa.

JÚLIO: - Aquela desgraçada roubou a minha vida. Agora ela vai pagar por tudo o que fez comigo.

SÍLVIA: - Eu sei que deve ter sido difícil pra você, esse tempo todo, mas olhe para frente, Júlio. Uma vida nova te espera agora.

JÚLIO: - Eu sei. E eu terei uma vida nova daqui pra frente. E cada dia dessa minha nova vida, vai servir para chegar ainda mais perto da Rosana. Eu vou viver para acabar com ela, Sílvia.

SÍLVIA: - Você fala com uma frieza no olhar... Me assusta.

JÚLIO; - Pois eu já não me assusto com mais nada... Principalmente com a Rosana. Depois do que ela me disse naquela noite do acidente, que estava grávida e que iria abortar a criança (para, pensa) Você sabe dessa criança, Sílvia?

SÍLVIA (disfarça): - Não, eu não sei.

JÚLIO: - Você mantém contato com a Rosana?

SÍLVIA: - Não mais... Depois que ela casou, foi embora de Vila Isabel. Agora vive num outro mundo, outra realidade, totalmente diferente da nossa.

JÚLIO: - Ela conseguiu o que queria. Fama, dinheiro... Pena que o castelo de areia dela vai cair com a força do meu mar.

SÍLVIA: - Júlio esquece a vingança. Não quero que você se machuque nessa história ainda mais.

JÚLIO: - Eu não vou me machucar, Silvinha. E espero que você esteja junto comigo nessa minha nova fase.

SÍLVIA: - De vingança? Eu?

JÚLIO: - Você sabe que foi a Rosana que provocou aquele acidente, que matou o empresário. Você sabe de tudo, eu sei. Por favor, Sílvia, me ajuda a reconquistar a minha dignidade.

(sobe trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi) Sílvia fica pensativa diante do pedido de Júlio. Ele retira do bolso da calça um pedaço de papel e entrega para Sílvia.

JÚLIO: - É o endereço de um hotel vagabundo. Estarei por lá, por enquanto.

SÍLVIA: - E vai se manter como?

JÚLIO; - Eu dou o meu jeito. Até que a gente consegue se dar bem dentro da cadeia. Fiz contatos e consegui onde me instalar... Mas eu quero mais... Quando quiser me encontrar, já sabe onde estarei.

Júlio beija Sílvia no rosto. Em seguida, vai embora, caminhando. Sílvia fica imóvel, emocionada com o gesto dele.

SÍLVIA: - Não... Meu amor ainda não morreu por você, Júlio.

(fade in trilha)

CENA 02. AGÊNCIA CLASSIC MODELS. SALA MARÍLIA. INT. DIA.

(fade out trilha “Doce Castigo” – Nana Caymmi) Marília e Fábio conversam na agência.

MARÍLIA: - Finalmente nos reencontramos, hein!

FÁBIO: - Verdade, mas você é a culpada. Não para no Brasil um minuto!

MARÍLIA: - Só eu, Fábio? (risos)

FÁBIO: - Graças a Deus, são muitos os compromissos. Isso prova que nossa carreira foi bem construída.

MARÍLIA: - Como você está?

FÁBIO: - Estou bem. Agora definitivamente fincando bandeira em território carioca. Comprei meu apartamento na Barra, vou à praia todos os dias, enfim. Estou vivendo.

MARÍLIA: - E nada de trabalhos por enquanto?

FÁBIO: - Só com a Classic Models.

MARÍLIA (surpresa/feliz): - Então você aceitou a minha proposta?

FÁBIO: - Sim, amiga. Eu aceito!

Os dois se abraçam, felizes. Neste instante, Paula e Ivan entram na sala.

IVAN: - Opa! Chegamos numa hora boa então?

MARÍLIA: - Fábio aceitou trabalhar conosco na agência, na consultoria, em tudo!

IVAN: - Não fica triste não, se eu disser que já sabia dessa novidade.

PAULA: - E não me disse nada, Ivan?

MARÍLIA: - Nem pra mim! Sabia como?

FÁBIO: - Nós andamos nos esbarrando na noite carioca. Papo vai, papo vem, e eu falei que voltei pro Rio justamente pela sua proposta, Marília. Acho que vai ser um passo importante pra mim também.

PAULA: - Nossa, só de pensar em ver Marília Pereira e Fábio Troianni trabalhando juntos, já me arrepia! Imprensa toda vai adorar!

IVAN (pega sua máquina fotográfica): - Por favor, a dupla aí pode fazer uma pose pra mim?

MARÍLIA: - Vamos relembrar os velhos tempos!

Marília e Fábio posam. Ivan tira as fotos.

PAULA: - Marília, logo mais o pessoal da Áurea Calçados vai estar aqui na agência para uma reunião. Querem fazer uma parceria com a gente para o lançamento da nova coleção da empresa.

MARÍLIA: - Que ótimo! Você fica, Fábio?

FÁBIO: - Infelizmente eu não poderei. Estou em processo de mudança ainda... Já estou inclusive de saída.

IVAN: - Eu fico com você, Marília. Aliás, eu e a Paula.

MARÍLIA: - Está certo, obrigada... Acho que essa parceria com a Áurea vai ser muito produtiva. Uma grande empresa, com nossas modelos, temos tudo para fazer um belo trabalho juntos.

CENA 03. CASA DURVAL. QUARTO GUILHERME. INT. DIA.

Guilherme conversa com Diogo e Talles.

TALLES: - Finalmente você conseguiu uma folga pra falar com teus amigos, Guilherme. Seu pai não alivia não hein!

GUILHERME: - Tudo pra ele é em função do restaurante. Também pudera, é de lá que vem o sustento da casa.

TALLES: - Mas só trabalho não é bom pra ninguém. Você precisa se divertir. Aliás, precisamos sair de novo, pegar umas gatinhas.

DIOGO: - Como assim, pegar gatinhas? Não é você que está de casinho com a Duda? Já ta pensando em enganar a garota?

TALLES: - Não to pensando em enganar ninguém, Diogo. É apenas diversão!...

Neste instante, Heloísa entra no quarto, usando um vestido justo, colado no corpo, que valoriza sua bela silhueta. Diogo tenta desviar o olhar. Talles olha, sem vergonha nenhuma, enquanto Guilherme se mostra um tanto sem graça.

HELOÍSA: - Oi rapazes! Nem sabia que vocês estavam aí... Bom saber que o Gui não fica sozinho o tempo todo. Tem sempre ótimas companhias.

GUILHERME: - Você precisa de alguma coisa, Heloísa?

HELOÍSA: - Eu? (sussurra) Do seu corpinho...

GUILHERME: - Como?!

HELOÍSA: - Do seu cesto de roupas sujas, Gui... Vou colocar pra lavar.

Guilherme vai buscar o cesto, enquanto Heloísa arruma o decote. Talles fica atônito. Diogo também presta atenção em Heloísa, que o olha com malícia. Guilherme volta, entrega o cesto para Heloísa.

HELOÍSA: - Obrigada querido... Até logo rapazes!

TALLES: - Tchauzinho...

Heloísa sorri e sai. Guilherme fecha a porta do quarto.

TALLLES: - Meu Deus! Cara, o que é isso?! Essa sua madrasta é demais! Na verdade nem é madrasta, é boadrasta! E põe boa nisso!

GUILHERME: - Não fala besteira, Talles...

TALLES: - Como não? Vai dizer que ela não é gostosa?

GUILHERME: - Ei! Ela é a mulher do meu pai.

DIOGO: - Não quer dizer nada. Você acha ou não acha ela bonita?

GUILHERME: - Até você, Diogo?

DIOGO: - Foi só uma pergunta...

GUILHERME: - Vocês querem saber demais...

TALLES: - Eu com uma madrasta dessas, nossa...

GUILHERME: - Eu não pegaria. De jeito nenhum!

TALLES: - E você, Diogo?

DIOGO: - Não sei... Pagando bem, que mal tem?

GUILHERME: - Como é que é? Você pegaria a Heloísa se ela te pagasse?

DIOGO: - Uma simples troca de favores.

GUILHERME: - O nome dessa simples troca é prostituição, sabia?

DIOGO: - Tem gente que encara como negócio. E lucra alto.

TALLES: - Vocês estão falando do quê agora, que eu já me perdi?

DIOGO: - Esquece Talles... Continua pensando nas curvas das mulheres que você com essa sua inteligência, ganha mais...

CENA 04. CLASSIC MODELS. INT. DIA.

Fernando e Geórgia visitam a agência, sendo recepcionados por Marília, Paula e Ivan.

FERNANDO: - Ver as reportagens nas revistas é totalmente diferente do que estar aqui, presenciando o seu trabalho, Marília. Parabéns.

GEÓRGIA: - É uma agência muito organizada.

MARÍLIA: - Nós precisamos ser organizados para poder oferecer o melhor do nosso trabalho, senão não tem como satisfazer os clientes.

Geórgia se aproxima de uma foto na parede, que mostra uma modelo numa campanha.

GEÓRGIA: - Que coisa linda! Quem é essa modelo?

IVAN (aproxima-se): - Samara Bastos. Agora está na China, carreira independente. Mas foi uma das modelos mais solicitadas da agência.

GEÓRGIA: - Ela é linda. E essa foto, mais ainda. Quem é o fotógrafo?

IVAN: - Eu mesmo! (risos)

GEÓRGIA: - Você?! Nossa, é lindo o seu trabalho...

IVAN: - Obrigado. Gosta de fotografia?

GEÓRGIA: - Gosto. Na verdade, eu estou procurando alguém para registrar o meu casamento.

IVAN: - É mesmo? Se quiser, podemos conversar. As fotos do casamento do Fernando foram minhas. Meu primeiro trabalho nessa área. Antes, eu apenas fotografava moda. Agora faço de tudo.

GEÓRGIA: - É mesmo?! Nossa, Ivan. Eu adorei te conhecer! Quero saber tudo do seu trabalho! Já estou até imaginando você me fotografando na igreja! (ri)

Num outro ponto, Fernando, Marília e Paula conversam.

FERNANDO: - O desfile da Áurea será no Marina da Glória. Vai ser um dos maiores eventos da empresa nos últimos anos, com parcerias de peso. E certamente, a Classic Models será nossa parceira.

MARÍLIA: - Eu ficaria muito honrada.

PAULA (a Fernando): - O senhor aceita um suco, café, água?

FERNANDO: - Um café, por favor.

MARÍLIA: - Eu também aceito, Paula... Pode preparar tudo na sala de reuniões, fica melhor até para a gente conversar depois.

PAULA: - Ok. Eu vou providenciar. (se afasta)

FERNANDO: - Então, Marília, dá muito trabalho administrar tudo isso sozinha?

MARÍLIA: - Na verdade, eu não administro tudo isso sozinha. Tenho meus auxiliares. Paula é meu braço direito. Logo mais, Fábio Troianni, modelo renomado, se junta à equipe. Ivan dá uma força...

FERNANDO: - Eu digo sem uma companhia mais próxima do lado. Um namorado ou marido, por exemplo.

MARÍLIA: - Eu não tenho, nem marido, nem namorado...

Param de caminhar. Os dois se olham, mas desviam o olhar. Marília sorri, encabulada. Os dois seguem caminhando.

FERNANDO: - Desculpa, não quis te deixar sem graça.

MARÍLIA: - Não tem problema... Na verdade, faz tempo que eu não tenho alguém do meu lado nesse sentido, de um relacionamento sério. Eu costumo dizer que a minha vida melhorou graças a algo ruim que, se dependesse de mim, jamais aconteceria.

FERNANDO: - Se não quiser falar, fique a vontade. Não quero causar nenhum mal estar.

MARÍLIA: - Imagina, não há mal nenhum... Eu perdi meu noivo, Gustavo, num trágico acidente de carro. Ele era muito rico. Eu herdei todo a herança dele e resolvi investir na minha carreira.

FERNANDO: - Confesso que fez muito bem... Ainda sente falta dele?

MARÍLIA: - Ele foi uma pessoa muito especial pra mim. Impossível esquecê-lo...

FERNANDO: - Foi um grande amor.

MARÍLIA: - E um grande amigo.

FERNANDO: - Quem sabe a gente não possa fazer o contrário?

(sobe trilha “Aliança das Marés” – Paula Lima e Péricles)

MARÍLIA (para): - Como assim?

FERNANDO: - De uma grande amizade...

Os dois trocam olhares mais uma vez. Paula se aproxima.

PAULA: - Tudo pronto, Marília.

MARÍLIA (sem tirar os olhos de Fernando): - Obrigada, Paula...

Paula se afasta.

FERNANDO: - Desculpa... Me perdoa! Eu estou sendo muito inconveniente, falando essas coisas... Dando em cima de você descaradamente. Um canastrão!

MARÍLIA: - Admiro sua coragem em fazer isso. (risos) Mas não precisa pedir desculpas não. Toda mulher gosta de galanteios.

FERNANDO: - Mas quero que saiba que não sou um galanteador barato!

MARÍLIA: - Isso veremos ao longo de nossa amizade...

Os dois sorriem. Ivan e Geórgia se aproximam, sorridentes.

FERNANDO: - Felicidade é essa, Geórgia?

GEÓRGIA: - Encontrei o fotógrafo do meu casamento!

FERNANDO: - Tens minha total aprovação. Ivan é ótimo!

MARÍLIA: - Já se conheciam é?

IVAN: - Eu fiz as fotos do casamento do Fernando com a Raquel. Aliás, como ela está?

FERNANDO: - Está ótima, cada vez mais linda e feliz com o novo marido.

Eles riem.

MARÍLIA: - Vamos para o café e acertar de vez essa parceria? Tenho um casting ótimo para mostrar pra vocês.

(fade out trilha “Aliança das Marés” – Paula Lima e Péricles)

CENA 05. CASA SÍLVIA. INT. DIA.

Sílvia chega a sua casa e encontra Laerte sentado, sério, no sofá da sala.

SÍLVIA: - Oi amor! Pensei que estivesse na garagem, fazendo a marcenaria... Melissa está em casa?

LAERTE: - Melissa não está. Saiu com a Karina.

SÍLVIA: - Ela trouxe as compras direitinho?

LAERTE: - Trouxe. E disse que você precisava sair, tinha um compromisso importante... Mas você não me disse nada.

SÍLVIA (disfarça): - Esqueci.

LAERTE: - Esqueceu é?... Deve ter esquecido também que eu não sou burro, Silvinha.

SÍLVIA: - Por que você está falando assim comigo?

LAERTE (exaltado): - Você foi atrás dele, não foi? Fala pra mim! Você foi atrás do Júlio!

SÍLVIA (firme): - Sim. 

Laerte encara Sílvia. 

LAERTE: - Eu pedi pra você.

SÍLVIA: - Eu sei, mas eu não prometi nada, Laerte... É impossível, será que você não entende?

LAERTE (segura Sílvia, a sacode): - Será que você não percebe o erro que está fazendo indo atrás dele novamente?

Enquanto Laerte sacode Sílvia, o papel que ela ganhou de Júlio, com o endereço do hotel, cai no chão, mas ninguém percebe.

SÍLVIA (soltando-se): - Erro eu estaria cometendo virando as costas pra ele!... Laerte, o Júlio precisa de ajuda.

LAERTE: - E você precisa de juízo! Não percebe que se ele voltar a se aproximar de você, vai descobrir toda a verdade? É isso que você quer? Que o Júlio descubra que você e a Rosana armaram, enganando a filha dele?

SÍLVIA: - Nós fizemos isso pelo bem da Melissa. O Júlio entenderia perfeitamente.

LAERTE: - Pra você, é tudo um mar de rosas, Silvinha. As coisas não são assim. Você me enganou e eu estou completamente decepcionado com você.

SÍLVIA (aproxima-se de Laerte): - Eu não queria que fosse dessa forma, Laerte. Me desculpa. Mas eu precisava rever o Júlio. Eu nunca escondi meu sentimento por ele, diante de você. Mas eu sempre procurei te respeitar. Acontece que hoje eu precisava reencontrar aquele furor do passado, eu precisava sentir meu coração bater mais forte.

LAERTE (senta-se no sofá, decepcionado): - Coisa que eu não consigo fazer...

Sílvia beija a testa de Laerte, emocionada.

SÍLVIA: - Me desculpa...

Sílvia sai da sala. Laerte fica pensativo no sofá, quando vê o papel no chão da sala. Ele pega o papel.

LAERTE: - Então é aqui que você está escondido, Júlio...

CENA 06. EMPRESA GF. INT. DIA.

Rosana e Vitinho conversam pelos corredores da GF.

VITINHO: - A madame ainda não me disse o motivo da gente ter ido parar naquele lugar. Tem alguma coisa a ver com o seu passado?

ROSANA: - Você não sabe de nada sobre o meu passado, está ouvindo? Não toque nesse assunto aqui dentro. Jamais!

VITINHO: - Mas eu realmente não sei nada sobre o seu passado. Quando você ia me contar, a Leocádia chegou na sala.

ROSANA: - Aquela velha... Ouvindo a conversa dos outros. Ainda bem que eu não abri a minha boca.

VITINHO: - Mas agora me fala, madame. Sei que a senhora está aí, toda preocupada. O que está acontecendo?

ROSANA: - Vitinho, me promete uma coisa...

VITINHO: - Claro, o que a senhora pedir.

ROSANA: - Nunca vai me abandonar?

VITINHO: - Mas por que está me pedindo isso?

ROSANA: - Tem gente que está querendo me derrubar. São pessoas insignificantes, mas eu não quero correr esse risco. Por favor, se alguma coisa acontecer, não me deixa, ta certo?

VITINHO: - Mas é claro! Eu nunca vou abandonar você!... Até porque, você nunca vai cair! Esqueceu que é a diva da moda? Levanta essa cabeça e bola pra frente!

ROSANA: - Bom saber que eu posso contar com você.

Neste instante, Celeste se aproxima.

ROSANA: - Até que enfim, hein, Celeste! Não temos todo o tempo do mundo!

CELESTE: - Desculpa a demora... Eu demorei um pouco para me arrumar.

ROSANA: - Aposto que ficou num abre e fecha de gavetas sem parar!

Celeste baixa o olhar, um tanto constrangida.

ROSANA: - Sabe que, às vezes eu olho pra você, e não consigo enxergar um ponto de normalidade?

VITINHO: - Madame, por favor...

ROSANA: - É, deixa pra lá. Cada um tem seu jeito né? Uns normais, outros nem tanto (encara Celeste). Bem, eu te chamei aqui, porque como você está fazendo jornalismo e tem interesse em cobrir moda, achei que poderia começar tendo uma ajuda. Trabalhar aqui na GF, como auxiliar na comunicação. Que tal?

CELESTE: - Como se fosse uma assessoria de imprensa?

VITINHO: - Assessoria ainda não tem como, porque você nem formada é. Mas pode, como a madame falou, auxiliar na comunicação. O trabalho é quase como o de uma assessoria, cobrindo os eventos da empresa, divulgando pequenas notas na imprensa, organizando entrevistas.

CELESTE (empolgada): - Que ótimo gente! Obrigada, Rosana pela oportunidade!

ROSANA: - De nada querida. Sei que vai ser bom pra você. Talvez se ocupando um pouco mais, você deixe essas suas loucuras de repetições pra trás.

Celeste fica sem jeito.

CENA 07. HOTEL BARATO. QUARTO. INT. DIA.

Júlio está hospedado num hotel barato, quarto simples, cama de solteiro, um guarda-roupas pequeno, de madeira antiga. Da janela do quarto, vê-se outro prédio velho. Há pouca luminosidade no local, dando a impressão de ambiente abandonado.

Júlio está sentado à mesa, num canto do quarto. Sobre a mesa, jornais e recortes de revistas. Fotos de Rosana. Júlio pega uma das reportagens, onde há uma foto de Rosana, ao lado de Mauro, sorridente, com um troféu em mãos.

JÚLIO (lê a foto): - “Rosana Gonzales, ganha o prêmio estilista do ano pela quarta vez, a segunda seguida.” Bandida...

Júlio rasga a foto ao meio, ficando apenas a parte onde Rosana aparece. (sobe trilha “Codinome Beija-Flor” – Luiz Melodia)

JÚLIO: - E eu um dia gostei de você... Eu um dia amei você, sua desgraçada!...

Júlio beija a foto de Rosana, lentamente, e em seguida, a deixa sobre a mesa.

JÚLIO: - Mas não é porque eu te amo, que não poderei cobrar justiça. (levanta-se até sua mochila, sobre a cama, retira uma pasta, volta para a mesa) Agora tudo vai mudar, meu amor. (abre a pasta, retira mais papéis, recortes de jornais e revistas, espalha sobre a mesa. Pega uma das fotos. CAM foca, imagem de Tereza) Tereza Sampaio... (lê a foto) “Grife Cariolinda fecha as portas. Dona se muda da Barra para subúrbio”. O caminho inverso de Rosana. Está na hora de voltar à vitrine, CarioLinda.

Júlio fala, com os olhos fixos na foto de Tereza.

(fade in trilha “Codinome Beija-Flor” – Luiz Melodia)

CENA 08. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / MANSÃO LINHARES. INT. NOITE

Imagens do tempo ao anoitecer. (fade out trilha “Codinome Beija-Flor” – Luiz Melodia) Corta para a mansão dos Linhares. Fernando e Estér conversam na sala de estar.

ESTÉR: - E então, Fernando, como foi a reunião com o pessoal da Classic Models?

FERNANDO: - Foi incrível, Estér. São pessoas muito competentes. Uma equipe sensacional. E Marília Pereira é uma pessoa fantástica!

ESTÉR: - Nossa, quanta empolgação para falar de Marília Pereira... (risos)

FERNANDO: - Empolgação nenhuma.

ESTÉR: - Fernando, eu conheço você. Vi um brilho nos teus olhos agora. Pode confessar. Achou a dona da agência bonita, interessante...

FERNANDO: - Achei sim, confesso. E olha que, desde que eu coloquei os olhos nela, senti alguma coisa diferente em mim.

ESTÉR: - O quê?! Amor à primeira vista?!

FERNANDO: - Será que existe?

ESTÉR: - Eu acredito. Eu e a Valquíria! (risos)

FERNANDO: - Valquíria muito mais do que você! (risos) Mas falando sério... Marília mexeu comigo.

ESTÉR: - Ai meu irmão, que coisa boa! E você sabe se ela também ficou mexida com você?

FERNANDO: - Acho que sim... Não sei... Não senti nenhuma rejeição.

ESTÉR: - Então vai fundo! Investe nela!... Fernando há quanto tempo você não se apaixona, não vive um relacionamento bacana? Só sabe trabalhar e trabalhar. Até a Marcinha já comentou comigo outro dia que achava você muito sozinho. Até a Raquel se arrumou.

FERNANDO: - Eu sei... Talvez esteja na hora mesmo de eu começar a cuidar um pouco mais de mim. Vou seguir o seu conselho. Vou investir na Marília.

CENA 09. CASA MARÍLIA. QUARTO MARÍLIA. INT. NOITE.

Marília, sentada na cama, conversa com Ilza, ao seu lado.

MARÍLIA: - Ele é um empresário muito focado, mãe. Sabe bem o que quer e ficou encantado com a agência.

ILZA: - Que bom, minha filha! Então fecharam a parceria?

MARÍLIA: - Sim, tudo acertado. Fernando foi um doce.

ILZA: - Um doce?!

MARÍLIA: - Eu falei um doce?

ILZA (risos): - Falou, minha filha... Parece até que esse tal de Fernando conquistou muito mais do que sua atenção para os negócios.

MARÍLIA: - Ah, mamãe, não vem com essas histórias aí...

ILZA: - Eu te conheço, Marília. Sei bem quando o seu coração está dando sinais de alegria. Foi assim com o Gustavo, lembra? E agora está de novo.

MARÍLIA: - Mãe! Eu mal conheço o Fernando! Nós vamos ser apenas parceiros de trabalho, nada mais.

ILZA: - Eu preciso apostar no tempo. E olha que eu acho que dessa parceria de trabalho pode surgir uma linda história. De amizade... Ou de amor.

Marília fica pensativa nos dizeres de sua mãe.

CENA 10. APTO VALQUÍRIA. QUARTO. INT. NOITE.

Bruno sai do banho, enrolado numa toalha. Valquíria está no quarto, sentada na cama.

VALQUÍRIA: - Você tem um corpo muito bonito, Bruno. Senti falta de observar ele assim, bem de perto.

BRUNO: - Saudades é?

VALQUÍRIA: - Muita!... Lembra das nossas noites quentes? Ai, meu Deus, as transas nas ilhas gregas!

BRUNO (vestindo-se): - Eu lembro... Lembro também das nossas brigas. Ah, as discussões em Paris!

VALQUÍRIA: - Por que está dizendo isso?

BRUNO: - Mas você parece ter esquecido o motivo do nosso afastamento, da sua volta antecipada para o Rio.

VALQUÍRIA: - Eu sei que eu errei um pouquinho. Mas eu já nem tenho mais tanto ciúmes de você, Bruno. Eu mudei.

BRUNO: - Mudou mesmo?

VALQUÍRIA: - Mudei! Tanto é que voltei a pintar meus quadros. Estou focada na carreira de artista plástica, que eu tinha abandonado pra ficar do seu lado lá na Europa, fingindo ser a namorada perfeita, naqueles jantares de negócios chatos, cheio de gente cretina.

BRUNO: - Aquela gente cretina é que investia no meu negócio e dava o dinheiro pra suas compras.

VALQUÍRIA: - Eu não queria compras. Eu queria você, só você do meu lado, comigo.

BRUNO: - Você era sufocante. Não sei se mudou mesmo.

VALQUÍRIA: - Eu era e ainda sou apaixonada por você. E tão cedo não vou te deixar, Bruno. Mesmo você sendo frio comigo como foi nas outras vezes...

Bruno muda expressão.

VALQUÍRIA: - Pensa que eu esqueci. (mostra as marcas no pulso) eu tentei me matar por sua causa.

BRUNO: - Só pra eu voltar pra você... Você fez isso porque é louca!

VALQUÍRIA: - Louca de amor!... (se agarra em Bruno) E no final você voltou!... Eu te amo tanto! Você é tudo pra mim... A gente briga, discute, mas tudo é por amor. E eu sei que aí no fundo você também me ama.

Bruno se afasta, esconde o riso debochado.

BRUNO: - Eu te amo?

VALQUÍRIA: - Claro que ama. Eu sei que me ama mesmo. Me disse hoje, quando fizemos amor, na volta do aeroporto.

BRUNO: - Se você acredita em tudo o que eu digo na hora do sexo, que bom!... (sorri, cínico) Vamos jantar?

VALQUÍRIA: - Vai me levar pra jantar fora?

BRUNO: - Sim. Não quero comer aqui nesse apartamento.

VALQUÍRIA: - Que ótimo! Um jantar romântico, nós dois... Eu vou tomar um banho, é rapidinho!

Valquíria sai.

BRUNO: - Amor... Enquanto você me for útil, eu te amo, Valquíria... Só por enquanto.

CENA 11. CASA ALCEU E JANICE. SALA. INT. NOITE.

Alceu, Janice e Tereza conversam.

JANICE: - Era hoje que o Júlio saía da cadeia.

ALCEU: - Pobre coitado. Quando eu estava dando confiança pra ele, o cara vai lá e provoca um acidente daqueles.

TEREZA: - Quem é esse Júlio? Eu não o conheço...

JANICE: - Era um rapaz que morava aqui em Vila Isabel. Chegou a se meter em barra pesada, pequenos furtos, depois tomou jeito na vida. Conseguiu emprego decente. Mas aí acabou se metendo em confusão novamente, acidente de carro. Teve até morte.

TEREZA: - Minha nossa!

JANICE: - E hoje era o dia dele sair da cadeia. Será que Silvinha foi?

ALCEU: - E o que Silvinha tem a ver com isso, Janice?

JANICE: - Ora Alceu, Silvinha sempre foi apaixonada pelo Júlio...

TEREZA: - Mas agora, ela casada com o Laerte, não iria fazer essa desfeita com o marido...

JANICE: - Um grande amor não se apaga assim tão fácil...

Neste instante, Karina vai passando pela sala, usando um vestido justo, sapato de salto, bem produzida.

ALCEU: - Ei ei ei! Onde a senhorita pensa que vai assim?

KARINA: - Vou sair, papai.

ALCEU: - De novo? Você já não deu uma volta com a Melissa hoje?

KARINA: - Sim, mas isso foi de tarde, né pai? Agora vou pra outros lados...

ALCEU: - E que outros lados são esses, Karina? Olha Karina, você toma jeito!

JANICE: - Minha filha, não volta tarde!

KARINA: - Pode deixar, mãe. Tchauzinho! Tchau Tereza!

TEREZA: - Aproveita!

Karina sai.

ALCEU: - Essa garota anda muito avoada. Tem que manter as rédeas curtas!

TEREZA: - Karina tem boa cabeça, Alceu. Não há com o que se preocupar.

JANICE: - Eu vou é me preocupar com o assado que eu deixei no forno pro nosso jantar! (sai apressada para a cozinha)

Tereza e Alceu riem.

CENA 12. APTO GEÓRGIA E RENATO. SALA. INT. NOITE.

Geórgia e Renato jantam em casa.

RENATO: - Ótima macarronada, amor. Dos deuses!

GEÓRGIA: - Que bom amor! Como eu sei que você gosta de macarrão, eu caprichei!

RENATO: - Já pode casar! (risos)

GEÓRGIA: - Amor, falando em casar, encontrei o fotógrafo do nosso casamento. Ivan é o nome dele. Nossa, o cara é fera! Foi ele quem fez as fotos do casamento do Fernando.

RENATO: - E encontrou aonde?

GEÓRGIA: - Na agência de modelos que vai participar do lançamento da nova coleção da Áurea. O Ivan é fotógrafo dessa agência. Você precisa conhecer ele, amor. Ele entende tudo, faz fotos incríveis, books... Até deu várias ideias pra gente fazer.

RENATO: - Você ficou realmente empolgada com ele, hein!

GEÓRGIA: - Mas não precisa ficar com ciúmes não, ta? Ivan não gosta da fruta...

RENATO: - Ele é gay?

GEÓRGIA: - É sim, mas quem olha, não diz. É um homem muito bonito.

RENATO: - Bonito é? Sei...

GEÓRGIA: - Só não é mais bonito que o meu noivo, porque meu noivo é lindo!

Geórgia beija Renato.

(sobe trilha “Mania de Você” – Rita Lee)

RENATO: - Sou lindo é?

GEÓRGIA: - Meu deus grego.

RENATO: - E você é minha deusa. Amo você.

GEÓRGIA: - Eu também te amo muito!

Os dois voltam a se beijar. Renato pega Geórgia no colo e a leva nos braços para dentro do quarto. (fade out trilha “Mania de Você” – Rita Lee)

CENA 13. CASA MAURO. QUARTO LEOCÁDIA. INT. NOITE.

Leocádia conversa com Selma em seu quarto.

SELMA: - Você me ligou tão diferente, Leocádia! Saí de casa o mais rápido que eu pude.

LEOCÁDIA: - Bom que você veio, amiga. Desculpa te preocupar assim.

SELMA: - Tudo bem... Mas por que temos que ter essa conversa aqui no seu quarto? O assunto deve ser realmente muito importante e confidencial.

LEOCÁDIA: - E de fato é. Sobre a Rosana.

SELMA: - O que tem a Rosana?

LEOCÁDIA: - Eu acho que a Rosana esconde algum segredo.

SELMA: - Ah, Leocádia... Segredos todos nós temos.

LEOCÁDIA: - Mas o segredo dela não é qualquer segredo, Selma... Eu ia entrar na sala de jantar quando percebi a Rosana e o Vitinho conversando, voz baixa. Ela dizia que estava preocupada com o passado dela.

SELMA: - Você tem certeza que ouviu isso mesmo, Leocádia?

LEOCÁDIA: - Absoluta!...

SELMA: - Mas Rosana é uma pessoa tão querida, adorável. Por que estaria preocupada com o passado dela?

LEOCÁDIA: - Eu também quero saber.

SELMA: - Você nunca foi fã dela, não é?

LEOCÁDIA: - Não vou ser hipócrita em dizer que sim. Rosana nunca me desceu, mas meu filho gosta dela. Não quero ir contra a minha família. Mas eu sinto que a Rosana está escondendo alguma coisa do Mauro. Alguma coisa de grave.

Neste instante, Mauro entra no quarto de Leocádia e escuta parte da conversa.

SELMA: - Será?

LEOCÁDIA: - Tenho certeza. Esse medo que a Rosana disse estar sentindo é muito estranho. Ela está sim com medo de que o Mauro descubra alguma coisa sobre ela.

Mauro se aproxima de Selma e Leocádia, que se surpreendem.

LEOCÁDIA: - Mauro?!

MAURO: - O que você está dizendo mãe? Qual segredo que a Rosana está me escondendo?

CENA 14. BOATE GLAMOURIO. INT. NOITE.

Karina entra na GlamouRio e fica deslumbrada com o local. A casa não tem movimento ainda, poucas pessoas estão na pista. Walter vê Karina chegar e se aproxima dela.

WALTER: - Ótimo rever você!

KARINA: - Olá, boa noite!

WALTER: - Seja bem-vinda à GlamouRio, uma das mais tradicionais casas noturnas do Rio de Janeiro.

KARINA: - Aqui é realmente lindo!... Mas então, o que você quer comigo?

WALTER: - Eu não sou de fazer rodeios, então vou direto ao assunto. Eu quero dar uma mudada aqui na casa, trazer uma outra proposta de diversão. E acho que você se encaixa bem naquilo que eu quero.

KARINA: - E o que você pretende?

WALTER: - Eu quero abrir uma linha de shows, com garçonetes que também dançam, se apresentando aqui na casa. Você tem um corpo bonito, essa carinha então, nem se fala! É simpática, prestativa. Sabe dançar?

KARINA: - Sei sim...

WALTER: - Então. Eu quero você servindo altos drinques para os clientes e quebrando tudo no palco, atraindo todos os olhares, e fazendo a galera delirar!

KARINA: - Olha aqui, Walter, acho que você deve estar me confundindo. Eu não sou dessas coisas não! Prostituição não é comigo!

WALTER: - Ei! Pode parando por aí, mocinha!... Você ouviu eu falar em prostituição aqui?

KARINA: - E precisa falar? Servir clientes, dançar no palco... Isso deu a pouco numa novela aí!

WALTER: - Meu amor, para de neuras!... Ninguém aqui faz nem vai fazer prostituição! Eu sou uma pessoa de respeito! Minha boate é frequentada por todas as tribos. Nada de ilícito acontece aqui dentro. Eu estou te fazendo uma proposta, que você pode aceitar ou não. Se você não quiser, não tem problema. Você vai embora e segue sua vida. Agora, se você quiser, além de ter contato com várias pessoas, de em sua grande maioria da alta sociedade carioca, vai ganhar ainda uma boa comissão. Você é quem decide.

Karina encara Walter, pensativa.

CENA 15. CASA SÍLVIA. INT. NOITE.

Sílvia e Melissa assistem TV na sala.

SÍLVIA: - Pensei que você e a Karina iam sair hoje. Ela passou toda arrumada aqui na frente de casa.

MELISSA: - Ela me disse que ia sair com uns amigos da época da escola.

SÍLVIA: - E seus amigos, Melissa? Por que não trás eles aqui em casa qualquer hora dessas?

MELISSA: - Tá louca, mãe? Trazer pessoal pra cá? É todo mundo bem de vida.

SÍLVIA: - E que mal há nisso?

MELISSA: - Você não entende, mãe... Turma toda é da zona sul. Ninguém vai querer se meter aqui em Vila Isabel. Até parece. Só se for pra rir da minha casa.

SÍLVIA; - Isso mostra que eles precisam aprender muito ainda na vida. O lugar onde se mora não dita o caráter da pessoa.

MELISSA: - Eu sei. Mas eu não pretendo ficar aqui por muito tempo não. Assim que eu conseguir me manter, saio daqui.

SÍLVIA: - Não fala assim, Melissa... Vila Isabel é tão bacana. Você nasceu aqui, cresceu. Tem vizinhos maravilhosos.

MELISSA: - Eu não nasci pra ser pobre, mãe. Não adianta. (se levanta, vai até a janela, olha para a rua)

SÍLVIA (suspira): - Ai filha, você falando assim me lembrou até uma pessoa que eu conheci... Rosana.

MELISSA: - O que você falou?

SÍLVIA: - Nada não... E seu pai hein? Onde se meteu?

MELISSA: - Saiu de tarde, mas não disse pra onde.

SÍLVIA: - Pois é, mas já está ficando tarde. Vou ligar pro celular dele.

CENA 16. HOTEL BARATO. CORREDOR / QUARTO JÚLIO. INT. NOITE.

Laerte está parado em frente à porta do quarto de Júlio, segurando uma pequena sacola. Seu telefone começa a vibrar (está no silencioso). Ele vê a chamada (CAM mostra o nome de Silvia na tela do celular). Laerte recusa a chamada e guarda o telefone no bolso. Bate à porta.

Júlio abre a porta e se surpreende ao ver Laerte.

LAERTE: - Então é aqui que você se esconde agora, Júlio.

JÚLIO: - Laerte?

LAERTE (entrando): - Deve estar se perguntando como eu te encontrei aqui. Mas sei que você é esperto e vai chegar rápido na resposta.

JÚLIO: - Pegou o endereço da Silvinha...

LAERTE: - Está mudado, Júlio. Um homem feito, finalmente.

JÚLIO: - Na cadeia, qualquer um vira homem, Laerte. É praticamente uma vida na selva.

LAERTE: - E aí você sai da sua selva e vem invadir o meu território.

JÚLIO: - Do que você está falando?

LAERTE: - Eu vou ser direto, Júlio. (abre a sacola e despeja sobre a mesa. Maços de dinheiro caem)

JÚLIO (surpreso): - O que é isso?! Que dinheiro é esse?

LAERTE: - Durante todos esses anos eu estive ao lado da Sílvia, amando ela como se fosse a única mulher deste mundo. Mas ela nunca te esqueceu. Passou esses anos todos convivendo com a esperança de te reencontrar. E você não sabe o quanto é sofrido para um homem ter uma mulher do lado e saber que ela não te ama... Por isso hoje à tarde, eu fui ao banco, e saquei todo esse dinheiro. Praticamente limpei minhas economias. Agora é tudo seu, Júlio.

JÚLIO: - É meu?!


LAERTE
: - Aceita esse dinheiro aqui, Júlio, e vai embora. Some do Rio de Janeiro, se possível, do país. Só assim eu poderei conquistar a Sílvia de vez.

 


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