CENA 01. COLÉGIO FRAN VICENTINI. DIREÇÃO. INT. DIA.
Continuação imediata do capítulo anterior.
JULIANA: Então
você admite que é o responsável pelo roubo do celular?
DIEGO (sorri): Sim.
EMÍLIO (indignado): E
você fala isso numa boa?
ISMAEL: O
Diego só se preocupa com ele mesmo.
DIEGO (impaciente): Se
tu não calar a boca, eu vou terminar de quebrar sua cara, seu retardado.
Diego balança as pernas nervoso.
JULIANA (bate na mesa): Já
basta. Eu não tô acreditando que você ocultou a história do roubo. Eu me
recuso acreditar.
DIEGO: Então
não acredite, ué.
JULIANA: Posso
saber porque você não contou a verdade?
DIEGO: O
Pato quis assim.
JULIANA: E
você não sentiu culpa pelo seu amigo ter sido expulso injustamente?
DIEGO: Isso
foi escolha dele.
JULIANA: É
inacreditável. E para piorar, hoje teve briga na aula de Educação Física.
Você percebe a gravidade dos seus atos, Diego? Percebe os transtornos
causados por sua conduta irresponsável?
ISMAEL: Surtou
completamente.
Diego vai pra cima de Ismael. Emílio o contém.
JULIANA:
Emílio e Ismael, me deixem a sós com o Diego.
EMÍLIO:
Tem certeza, Juliana? O garoto aí está muito alterado. Não quer que eu
fique?
JULIANA (pensa): Ele
tá sob efeito de alguma substância. Está ansioso, nervoso. Definitivamente
não está em seu estado natural.
Juliana observa Diego balançando as pernas.
EMÍLIO:
Juliana?
JULIANA:
Tá tudo bem, professor. Podem se retirar, por favor.
Ismael sai de imediato. Emílio hesita, mas se retira também.
DIEGO: O
que você ainda quer comigo?
JULIANA: Vamos
ter uma conversa definitiva.
Em Diego, esperando.
CENA 02. COSMÉTICOS LAMBERTINI. ANTESSALA. INT. DIA.
Leonardo chega e faz sinal para Amanda.
LEONARDO: Na
minha sala agora!
Ele entra na sala. Amanda estranha.
CENA 03. COLÉGIO FRAN VICENTINI. SALA DOS PROFESSORES. INT. DIA.
Emílio entra meio atordoado, deixa a porta entreaberta. Ramiro tomando um
cafezinho, Vanice e Lúcia em planejamento.
CAM mostra Ismael encostado na porta.
LÚCIA: Tá
tudo bem, Emílio?
RAMIRO: Parece
que viu um fantasma, professor.
EMÍLIO: Nada
bem. O Diego aprontou mais uma.
LÚCIA: O
que foi dessa vez?
Emílio fala enquanto se serve de café.
EMÍLIO: Agrediu
o Ismael sem motivação aparente e ofendeu o Caio. Mas, ele não tá em seu
estado normal, sabe? Parece descontrolado. Certeza que tá sob efeito de
alguma substância.
VANICE: Você
está nos dizendo que tem um aluno sob efeito de entorpecentes nas
dependências da escola?
EMÍLIO: Ao
que tudo indica, infelizmente sim.
Vanice põe a mão na boca, chocada.
VANICE: Gente,
que absurdo.
LÚCIA: Tem
certeza, Emílio? Isso é muito sério.
EMÍLIO: Não
precisa de muito pra saber quando alguém tá sob efeito de alguma substância
né, galera. Mas, com todo o meu conhecimento na área, não tenho dúvidas.
VANICE:
Mas esse menino precisa ser expulso desse colégio imediatamente!
EMÍLIO:
Me surpreendeu o fato da Juliana não estar surpresa. Parece que sabe de
algo. Mas ela me pediu pra sair da sala e foi o que eu fiz.
RAMIRO: É
melhor eu averiguar.
EMÍLIO: Melhor
não, Ramiro. Ela pediu pra ficar sozinha com ele.
VANICE: Me
recuso a acreditar que a Juliana vai passar a mão na cabeça desse
delinquente mais uma vez. O que mais falta acontecer? Incendiar a escola?
EMÍLIO: Acho
que dessa vez, não tem o que discutir.
RAMIRO: Concordo
com a professora, Vanice. Se o Diego estiver realmente usando essas
porcarias no colégio, é provável que influencie os demais.
LÚCIA: Vamos
com calma. O Diego é um menino muito problemático. Antes de tomar qualquer
atitude, é preciso investigar as razões que o levaram a recorrer às drogas.
Ele tem um histórico familiar complicado.
VANICE: Lá
vem você com seu papinho de madre Tereza de calcutá. Não cansa, não?
EMÍLIO: Não
precisa ser grossa, Vanice.
LÚCIA: Eu
só acho que devemos olhar com mais humanidade para os alunos. É uma situação
extremamente delicada.
CAM procura por Ismael que ouve toda a conversa e, em seguida, se retira.
CENA 04. COLÉGIO FRAN VICENTINI. ENSINO MÉDIO. INT. DIA.
Arnaldo escrevendo no quadro. Alunos fazendo anotações no caderno.
GREGO (fala baixo): Leke,
e o surto do Diego?
CAIO: Cara,
foi sinistro. Sei que ele é díficil, mas hoje ele passou dos limites.
GREGO: Ele
e o Ismael não se batem.
CAIO: O
Diego tava com sangue nos olhos, nunca tinha visto ele daquele jeito.
GREGO: Fiquei
P da vida na hora que ele te empurrou.
CAIO:
Ce sabe que essa parada de homofobia vai rolar muito com a gente né? Isso é
uma coisa me deixa assustado também.
GREGO:
Fica tranquilo que eu vou tá sempre por perto pra te proteger.
Caio sorri envergonhado.
CAIO: Meu
herói. (cochicha) Eu gelei na hora que ele falou que eu troquei a Paulinha
por você.
GREGO: E
ele não mentiu.
Caio sorri e copia a matéria da lousa.
CAM procura por Paulinha e Nanda.
Conversa já iniciada.
NANDA: Ai,
miga, parece que foi combinado, sabe? Na hora que o Pato me beijou, o Ismael
apareceu.
PAULINHA (grita): TO
PAS-SA-DA.
Arnaldo interrompe a aula.
ARNALDO: Com
o que, Paulinha? Posso saber?
PAULINHA: Hã?
ARNALDO: Compartilha
com a turma. O que te deixou “passada”?
Paulinha pressiona o lápis contra o caderno.
PAULINHA (mostra): Meu
lápis quebrou a ponta, fessor, vê se pode.
ARNALDO: E
atrapalhou a aula por isso?
PAULINHA (sem graça): Desculpa,
pensei alto.
Arnaldo se vira e volta a fazer anotações no quadro.
PAULINHA: E
aí, Nanda, o que aconteceu depois?
NANDA: Fui
colocada contra a parede. O Ismael falou que eu teria que escolher entre ele
e o Pato.
PAULINHA: E
quem você escolheu? To curiosíssima.
NANDA: Nenhum,
eu saí correndo feito uma louca.
PAULINHA (alto): Ah
eu não acredito.
ARNALDO: Não
acredita no que?
PAULINHA (sorri): Quebrou
novamente.
ARNALDO: Precisa
de ajuda?
PAULINHA: Não,
prof. pode seguir com a aula.
ARNALDO: Ok,
vamos de teste surpresa. Que tal?
Os alunos encaram Paulinha.
PAULINHA: Galera,
não tenho culpa.
ARNALDO: Abram
a apostila na página 63 e resolvam a questão em uma folha à parte. No final
da aula eu recolho.
NANDA: Pode
ser em dupla?
ARNALDO: Mas
é claro...
ISMAEL: Boa,
Nanda.
ARNALDO: ...
que não.
GREGO: Ah,
professor. Deixa, vai?
ARNALDO: Sem
chance. Agora silêncio e concentração. (aponta para o relógio da parede) O
tempo está correndo.
CENA 05. COSMÉTICOS LAMBERTINI. SALA LEONARDO. INT. DIA.
Leonardo vai pra cima de Amanda demonstrando irritação.
LEONARDO: O
que você pretendia mandando aquelas fotos pra minha mulher? Hein?
AMANDA (finge): Ficaram
ótimas né?!
Leonardo aperta o pescoço dela.
LEONARDO (sério): Eu
vou acabar com a sua raça.
AMANDA (engasga): Me
solta. Eu vou gritar!
Ele a solta. Ela respira, acuada.
AMANDA:
Ficou maluco?!
LEONARDO:
Eu só podia estar maluco mesmo quando fui pra cama com um ser desprezível
feito você. Estava mais do que na cara o que você pretendia com tudo
isso.(passa as mãos no cabelo) Primeiro o filho, depois o pai e agora esse
jogo envolvendo nós dois e uma suposta gravidez. Mas se você pensa que vai
tirar proveito dessa situação, você está muito enganada.
AMANDA: Tô,
é?! Eu acho que não. Você não tem escolha, baby. Está nas minhas mãos.
LEONARDO:
Quanto você quer pra sumir das nossas vidas?
Amanda ri da cara dele.
AMANDA: Ai,
amor, como você pensa mal de mim, eu hein.
LEONARDO:
Cem mil, duzentos, quinhentos? É só falar que eu assino cheque. Mas com a
condição de você sumir de uma vez por todas da nossa vida.
AMANDA:
Você acha mesmo que eu esperei esse tempo todo pra sair com uma mixaria
qualquer, Leonardo? Eu não quero dinheiro. Eu quero me casar com você.
LEONARDO:
Como é que é?
AMANDA:
É isso mesmo que você ouviu. Eu quero me casar com você e usufruir de tudo o
que tenho direito como sua esposa. E de sobra esfregar na cara da nojenta da
Kátia que eu consegui o que queria.
LEONARDO:
Eu não vou me separar da minha mulher.
AMANDA:
É isso ou o Pato vai ficar sabendo o que rolou entre a gente. E você sabe o
que vai acontecer se ele descobrir, não sabe? E aí, o que vai ser?
Em Leonardo, encurralado.
CENA 06. COLÉGIO FRAN VICENTINI. DIREÇÃO. INT. DIA.
Diego está sentado na cadeira demonstrando inquietação.
DIEGO: O
que você ainda quer comigo?
JULIANA: Quero
te ajudar.
DIEGO (surpreso): Não
vai me expulsar?
JULIANA: Sei
que isso é que todo mundo espera que eu faça, até pelo seu histórico, mas
não. Eu não vou te expulsar. Eu prefiro tratar toda essa situação da maneira
correta.
DIEGO: Do
que tá falando?
JULIANA: Do
seu problema com as drogas.
Diego se levanta abruptamente da cadeira. TOCA o sinal do intervalo.
DIEGO: Endoidou
de vez, diretora? Que história é essa?!
JULIANA: Talvez
você não tenha percebido ainda, Diego. Mas você tem um problema sério. Você
tá viciado.
DIEGO (descontrolado): Eu
não sou um viciado.
JULIANA (tensa): Você
vai precisar encarar essa situação de frente. E eu to aqui pra te apoiar,
Diego.
DIEGO (grita): Eu
não to viciado, droga! Me deixa em paz eu quero sair daqui.
Diego corre para a porta, Juliana também. Ela tranca antes que ele saia.
JULIANA: Me
escuta. Eu conheço uma clínica especializada, você vai ficar bem.
DIEGO: Você
não vai me trancar numa clínica pra viciado. Me deixa sair daqui!
Diego empurra Juliana que cai com o impacto. Ele pega a chave e ABRE a
porta, sai. Ramiro ENTRA
RAMIRO (assustado):
Diretora! O que aconteceu aqui? Esse garoto agrediu você?!
Ele se apressa em ajudá-la.
CORTA PARA
CENA 07. COLÉGIO FRAN VICENTINI. CORREDOR DAS SALAS. INT. DIA.
Diego acabou de sair da sala de Juliana. De seu ponto de vista (CAM
embaçada), os alunos no corredor o encaram de maneira hostil.
DIEGO: Tão
olhando o que? Nunca me viram?
Empurra um aluno que cruza seu caminho enquanto caminha.
DIEGO: Cuidem
das suas vidas seus playboys de merda!
De longe Caio, Grego, Nanda e Paulinha observam o comportamento de Diego.
NANDA: Olha
lá, o Diego procurando encrenca de novo.
CAIO: Ele
tá muito estranho hoje.
NANDA: Deve
tá chapado.
CAIO: Na
escola?
GREGO: Do
Diego eu não duvido nada.
NANDA: Tá
mais esquisito que o normal.
PAULINHA:
Real.
Ismael se aproxima.
ISMAEL: O
amigo de vocês surtou. Ele assumiu que foi o responsável pelo roubo do
celular.
PAULINHA: É
sério isso, Ismael?
NANDA: Como
a gente imaginava né, amiga.
ISMAEL: Sim,
pow. E o pior é que ele falou tranquilamente, sem ressentimentos de culpa,
mas na boa, ele tá agitado. O que tá pegando?
CAIO: Também
queremos saber.
NANDA: Deve
tá querendo chamar a atenção. Ele não é mais problema nosso gente, vamos.
Diego passa por eles enquanto fala.
DIEGO:
Seus traidores! É isso que vocês são! Se voltaram contra mim e o Pato pra
ficar do lado desse otário.
Paulinha disfarça o incômodo enquanto Diego se afasta.
ISMAEL: Eu
ouvi os professores comentando que ele tá usando droga.
GREGO: Isso
explicaria o comportamento.
NANDA:
Caramba, será?
PAULINHA (andando): Pessoal,
encontro vocês daqui a pouco. Tô indo ao banheiro.
NANDA: Amiga,
eu vou cont/
PAULINHA: Não,
Nanda. Eu preciso ficar só.
Paulinha sai meio desnorteada.
NANDA:
Tá. Desculpa.
CAIO:
Não deve ser fácil pra ela né.
Nanda concorda.
CENA 08. COSMÉTICOS LAMBERTINI. SALA LEONARDO. INT. DIA.
Continuação da cena 05.
LEONARDO: Eu
não vou ceder a essa sua chantagem barata.
AMANDA: Eu,
se fosse você, pensaria melhor. Se eu conto a verdade pro Pato, suas chances
de ter uma boa relação com ele vão por água abaixo. Quem é mais importante
pra você, baby? Seu filho ou a Kátia?
LEONARDO: Você
não vale nada.
AMANDA: Ah
Léo, não é tão difícil assim fazer essa escolha vai. Sua mulher já passou do
prazo de validade. E eu sei que você me deseja, (aproxima-se) a gente se dar
super bem na cama. Isso você não pode negar.
LEONARDO: Você
só se esqueceu de um detalhe importante. Casar com você significa o Patrício
me rejeitar da mesma forma. Ou você acha que ele encararia isso de maneira
positiva? Ele vai me odiar mais ainda.
AMANDA: Você
não conhece seu filho mesmo né?
LEONARDO:
Do que tá falando?
AMANDA:
O Patrício não tem interesse em mim. Tá apaixonadinho por aquela colega do
colégio, a tal da Nanda. Vê se pode, preferir aquela colegial sem sal à esse
monumento aqui (se exibe). Mas é como dizem por aí: o amor é cego. Ele pode
até ter demorado pra perceber, mas agora tá se dando conta. O Pato não me
quer. Comigo ele só queria sexo, o que é natural da idade né. E foi por isso
que eu tratei de engravidar do pai e não do filho.
LEONARDO:
Você tá blefando.
AMANDA (convicta):
Eu sabia o que queria desde o começo, Léo. E eu consegui. Agora, se é blefe
ou não, você nunca vai saber. A menos que queira pagar pra ver.
LEONARDO:
Eu vou acabar com você.
AMANDA:
Se for de surra na cama, eu a-do-ro.
LEONARDO:
Sai da minha sala.
AMANDA:
Ok. Vou dar o tempo que você precisa pra decidir, mas tenho pressa tá?!
Amanda sai. Leonardo joga uma cadeira longe expressando toda a raiva que
sente.
LEONARDO: Preciso
pensar num jeito de tirar essa vagabunda do meu caminho.
CENA 09. COLÉGIO FRAN VICENTINI. FACHADA. RUA. EXT. DIA.
Diego anda perambulando. Paulinha o alcança.
PAULINHA (chama): Diego!
Ele segue andando.
PAULINHA: Ei,
to falando contigo.
DIEGO: O
que foi?
PAULINHA: Tá
tudo bem?
DIEGO: Você
tá cega garota? Que pergunta idiota.
PAULINHA: Credo,
Diego. Eu toda preocupada contigo e você me trata assim?
DIEGO: Não
sei o que você tá fazendo aqui. Dá pra me deixar em paz?
Ele ameaça sair, mas ela segura no braço dele.
PAULINHA: Me
conta, o que tá acontecendo? Eu quero te ajudar.
DIEGO: Por
que? Por que quer me ajudar? Todo mundo me virou as costas, por que você me
ajudaria? Ninguém pode me ajudar, beleza? Vai embora, volta lá pros teus
amiguinhos! Me deixa em paz!
PAULINHA: Então
é verdade?
DIEGO: O
que?
PAULINHA: Você
tá usando drogas?!
No desespero, Diego senta no chão com as mãos na cabeça.
DIEGO (chora): Eu
to ferrado.
PAULINHA: Você
precisa de ajuda, Diego.
Diego levanta e segue andando. Paulinha vai atrás.
DIEGO: A
Juliana que te mando? Eu não preciso de ninguém. Sempre me virei sozinho.
PAULINHA:
Me deixa te ajudar.
Diego vê a bolsa de Paulinha.
DIEGO:
Quer me ajudar?
PAULINHA:
Muito.
Diego hesita, mas arranca a bolsa das mãos de Paulinha e sai correndo.
PAULINHA:
Diego, volta aqui!!! Dieeego!!!
Ele some na esquina.
PAULINHA: Você
não tá sozinho...
Paulinha senta na calçada, chora.
CENA 10. CASA CAIO. QUARTO. INT. DIA.
Selma limpa o quarto. Ela passa o pano na mesa, encosta no mouse e o monitor
do notebook é ligado.
SELMA: Já
falei pra esse menino desligar o computador.
Selma olha para o monitor e vê uma foto do Grego.
SELMA: Quem
é esse menino? Será que...?
Aparece a notificação, uma nova mensagem de Grego. Selma clica. Heitor
ENTRA.
HEITOR: O
que você tá fazendo mexendo no computador do Caio?
SELMA: Não
tava mexendo. To limpando.
HEITOR: Pareceu
que estava mexendo.
SELMA: Estava
desligando. O Caio insiste em deixar isso ligado mesmo quando não está
usando.
HEITOR:
Já sei! Vamos aproveitar pra ver se descobrirmos o que ele esconde.
Heitor se aproxima e Selma desliga o estabilizador.
HEITOR:
Por que você fez isso?
SELMA:
Não vamos invadir a privacidade do nosso filho.
HEITOR:
Anda, mulher, isso não é nada demais.
SELMA:
Não, Heitor! Eu não vou permitir. Se o Caio esconde alguma coisa, não é
bisbilhotando o quarto dele que temos que descobrir e sim tendo uma conversa
honesta.
HEITOR:
Você sabe que com ele isso não é possível.
SELMA: Quando
chegar a hora, ele vai falar.
HEITOR:
Como assim quando chegar a hora? Você sabe de alguma coisa que eu não sei?
Está me escondendo algo, Selma?
SELMA (tensa): Não.
É claro que não. Só quis dizer que quando ele se sentir pronto, ele vai
contar. Mas pra isso você precisa parar de pressionar.
HEITOR:
Ih já vai começar. O almoço tá pronto? Tenho que voltar pra academia daqui a
pouco.
SELMA:
Sim. Só vou terminar aqui e ponho a mesa.
HEITOR:
Enquanto isso, vou tomar um banho.
Heitor beija Selma e sai. Selma respira aliviada.
CENA 11. COLÉGIO FRAN VICENTINI. BANHEIRO FEMININO. INT. DIA.
Nanda entra.
NANDA:
Miga? Taí?
Ela vai abrindo os reservados pra ver se encontra Paulinha. Chega ao último.
Ninguém.
NANDA:
Não responde minhas chamadas. Não tá onde diz que estaria. Será que ela foi
atrás dele? Vou ter que conferir.
Nanda se encaminha para a saída e CAM a segue por trás.
Ela passa por um corredor que dá acesso ao pátio onde estão vários alunos
espalhados pelo ambiente. Segue caminhando até passar por Lua (com caderno e
caneta nas mãos), Larissa, Andréia e Ricardo, sentados na grama.
LUA:
Nanda! Que bom que eu te encontrei. Ce vai na minha festa de aniversário
né?!
NANDA:
Claro, não perco por nada. Quando vai ser?
LUA:
Em algumas semanas. Mando o convite!
NANDA:
Pode contar com a minha presença
LUA:
O Pato vai adorar!
NANDA:
Diz que preciso falar com ele urgente! (saindo) Tenho que ir... Beijo!
Nanda sai apressada.
LARISSA:
Ai que metida, nem falou com a gente.
LUA:
Não pira, Lari. A Nanda é gente boa. Bem diferente da nojenta da namorada do
meu irmão.
ANDRÉIA:
É impressão ou você tá tentando juntá-los?
LUA:
Digamos que estou tentando dar uma forcinha.
LARISSA:
Operação cupido!
Elas riem.
LARISSA:
Mas vamos voltar ao que interessa? A lista de convidados!
ANDREIA:
Você vai chamar mais alguém do ensino médio, Lua?
LARISSA:
Claro que vai, quanto mais gente do ensino médio, melhor.
LUA:
Por que?
LARISSA:
Porque ninguém merece só os pirralhos da nossa sala né, gente. São 15
anos!!!
ANDRÉIA:
Falou a maior de idade.
LARISSA:
Querida, isso não tem a ver com idade, e sim maturidade tá?
RICARDO (debocha):
Você é super madura né.
ANDREIA:
Aí, não comecem vocês dois. Assim a gente não termina essa lista nunca.
LUA:
É, gente. Colabora. Pensei em chamar os amigos do Pato.
RICARDO:
E os meus amigos, entram nessa lista?
LARISSA:
Nem vem com essa que eu sei onde você quer chegar, Ricardo. Os seus
amiguinhos estão oficialmente barrados nesta festa.
RICARDO:
Não é você quem decide.
Larissa faz careta pra ele.
LUA:
Claro que eu vou colocar o Beto e o DJ, Ricardo. Pode ficar tranquilo.
RICARDO:
Obrigado.
ANDRÉIA:
Então vamos, lá. Já temos quem nessa lista?!
Eles continuam conversando fora do áudio.
CENA 12. AP DE JULIANA. SALA. INT. DIA.
Naná cochila no sofá. O telefone toca, ela se assusta.
NANÁ: Senhor,
que telefone alto.
Ela atende a ligação.
NANÁ: Alô.
JULIANA (off): Naná,
é a Juliana. O Diego foi embora mais cedo do colégio. Ele já chegou aí?
NANÁ: Ainda
não.
JULIANA (off): Se
ele chegar, liga no meu celular, ok?
NANÁ: Está
tudo bem com meu menino?
JULIANA (off): Fique
tranquila, amiga. Quando chegar conversamos.
Naná desliga o telefone.
NANÁ: Diego,
o que você aprontou desta vez?
Em Naná preocupada.
CENA 13. RUA. EXT. DIA.
Nanda se aproxima, apressada.
NANDA: Paulinha,
o que aconteceu? Por que tá chorando?
PAULINHA: O
Diego.
NANDA:
O que aquele cretino te fez?
PAULINHA:
Ele precisa de ajuda, Nanda.
NANDA:
Então é verdade o lance das drogas?
PAULINHA:
Ele levou minha mochila... O Diego me assaltou!
Nanda se choca e dá um abraço apertado em Paulinha.
NANDA:
Não fica assim, amiga. Você é a vítima aqui.
PAULINHA:
Será, Nanda? Será que não temos culpa nisso tudo que ta acontecendo? A gente
virou as costas pra ele.
NANDA:
Não entra nessa pilha, Paulinha. Ninguém tem culpa numa situação como essas.
O que for possível a gente vai fazer pra ajudar o Diego, viu? Mas não se
culpa. Não é culpa sua.
Paulinha não para de chorar.
NANDA:
Vou ligar pros meus pais. Acho melhor a gente não voltar pra escola.
CENA 14. RESTAURANTE MIRTES. INT. DIA.
Ambiente bem movimentado. Lulu dá instruções a um garçom e volta ao seu
posto de trabalho. Mirtes entra e se aproxima.
MIRTES: Bom
dia, Lulu.
LULU: Bom
dia. Tudo bem?
MIRTES: Por
incrível que pareça, sim.
LULU: Isso
é bom né?
MIRTES: Não
sei o que pensar. Ontem foi tranquilo, sabe? O Rubens parecia um homem
normal. Não parecia nem de longe aquele monstro que... Você sabe.
LULU: Isso
quer dizer que você desistiu de denunciá-lo?
MIRTES: Não
sei.
LULU: Fico
preocupada, amiga. Se cuida.
MIRTES: Obrigada
pela preocupação.
LULU: Precisando,
pode contar comigo. (T) Ah, já ia me esquecendo, os fornecedores entregaram
tudo certo desta vez.
MIRTES: Ufa.
Da última vez quase tive um infarto quando eles esqueceram de entregar o
alface.
O celular de Mirtes apita.
MIRTES (lendo): É
o Rubens. Disse que vem almoçar aqui no restaurante.
Em Mirtes.
CENA 15. COLÉGIO FRAN VICENTINI. CANTINA. INT. DIA.
Beto e DJ fazem um lanche quando Ricardo senta com eles na mesa.
RICARDO: Atenção,
notícia boa pra vocês.
DJ: Não
fala, a gente vai tentar adivinhar.
BETO: A
aula vai acabar mais cedo.
RICARDO: No.
DJ: A
Larissa resolveu dá uma chance pro Beto.
RICARDO: Também
não e vocês são péssimos nisso.
BETO: Tá,
fala logo o que é.
RICARDO: Consegui
que a Lua incluísse vocês na lista de convidados da festa de aniversário
dela. Sabem o que isso significa né?
BETO: Que
ela vai fazer aniversário?
DJ: Que
gênio você hein.
RICARDO: Que
vocês terão as chances das suas vidas pra conquistarem as ‘minas’ que
gostam. Sei que estão emocionados agora, mas podem me agradecer depois, não
tem problema.
DJ: Boa,
moleque!
BETO: A
Larissa me deu fora o ano inteiro, o que te faz pensar que no dia do niver
da melhor amiga ela vai me dá bola? Ela nem vai lembrar que eu existo.
DJ: A
menos que a gente se faça notar.
RICARDO: Esse
é o ponto, garoto.
BETO: O
que vocês estão pensando?
DJ: Acho
que tive uma ideia!
BETO: Fala
aí.
Eles continuam conversando fora do áudio.
CENA 16. COSMÉTICOS LAMBERTINI. ANTESSALA. INT. DIA.
Amanda digita no computador. Leonardo aparece.
LEONARDO: Você
venceu.
AMANDA: Eu
sabia que você faria a coisa certa.
LEONARDO: Mas
eu preciso de um tempo. Não posso me separar da Kátia da noite pro dia. Além
do mais, o aniversário da Lua tá se aproximando e não seria saudável pra ela
enfrentar a separação dos pais neste momento.
AMANDA: Tudo
bem. Eu espero. (brinca) Tudo pelo bem da saúde mental da minha enteadinha.
Mas vê se não me enrola.
LEONARDO:
Você sabe que eu sou um homem de palavra.
AMANDA: Ok.
Agora eu preciso ir, marquei de almoçar com o Pato.
LEONARDO: Pensa
bem no que você vai dizer pra ele.
AMANDA: Relaxa,
gato. Pra todos os efeitos, esse filho é do Patinho. Mas não por muito tempo
tá?!
Amanda sai detrás da sua mesa e dá uma bitoca em Leonado. Rubens sai de sua
sala e presencia a cena. Amanda sai.
LEONARDO: Rubens,
você ainda estava aí? Não é nada disso que/
RUBENS:
Fique tranquilo, Leonardo. Você não tem que me dar satisfações, meu amigo.
Imagino que com uma nora dessas seja difícil se controlar. Tá tudo bem. Te
entendo perfeitamente.
Rubens dá tapinhas no ombro de Leonardo e sai.
LEONARDO: Que
dia de cão!
Leonardo volta para sua sala.
CORTA PARA
CENA 17. COSMÉTICOS LAMBERTINI. ESTACIONAMENTO. INT. DIA.
Amanda caminha em direção ao carro. Rubens aparece por trás dela
agarrando-a. Ela grita.
AMANDA: Meu
Deus, você ficou maluco?!
Ele a ‘prensa’ contra um dos carros.
RUBENS: Gosta
de provocar o patrão né, vadia?! Quem brinca com fogo acaba se queimando,
garota.
Rubens a aperta contra seu corpo e tenta beijá-la.
AMANDA: Me
solta, seu escroto!
RUBENS: Para
de charminho. Conheço bem o seu tipo!
Rubens enfia a mão na saia dela.
AMANDA: Me
solta!
Amanda dá uma joelhada entre as pernas de Rubens, que geme de dor.
RUBENS: Desgraçada!
AMANDA: Nojento!
RUBENS: Você
me paga.
Amanda corre enquanto Rubens se recupera da dor.
CENA 18. COLÉGIO FRAN VICENTINI. EXT. DIA.
Caio e Grego conversam na grama. Ramiro circula entre os alunos fazendo sua
inspeção diária.
CAIO: Primeiro
a Paulinha, agora a Nanda.
GREGO: Ela
não voltou do banheiro?
CAIO: Não.
GREGO: Será
que aconteceu alguma coisa?
Um celular faz BIP. Caio retira o aparelho do bolso e lê.
GREGO: Quem
é?
CAIO: A
Nanda. Ce não vai acreditar.
GREGO: Que!
Fala logo!
CAIO: O
Diego assaltou a Paulinha na frente da escola.
GREGO: Caramba.
Atrás deles, Ramiro demonstra surpresa ao ouvir a conversa.
CAIO: Elas
foram pra casa da Nanda.
Ramiro sai apressado.
CENA 19. COLÉGIO FRAN VICENTINI. DIREÇÃO. INT. DIA.
Juliana digita no computador. Ramiro entra, afobado.
RAMIRO: Diretora!
Diretora!
JULIANA: O
que houve, Ramiro? Por que essa pressa toda?
RAMIRO: Você
não sabe o que eu ouvi.
JULIANA: Para
de enrolar e diz logo.
RAMIRO: Eu
estava fazendo a ronda e ouvi os alunos Caio e Grego comentando sobre o
aluno Diego e as alunas Nanda e Paulinha.
JULIANA: O
que eles disseram?
RAMIRO: Bom
depois que o Diego saiu daqui a menina Paulinha deve ter ido atrá dele.
JULIANA (impaciente): Tá
e o que mais, homem? Desembucha!
RAMIRO: O
Diego assaltou a Paulinha na frente do colégio!
Juliana põe a mão na boca, surpresa.
RAMIRO: Você
deve imaginar o que ele vai fazer com os pertences da garota. Ao que parece
o garoto está cada vez mais dependente do vício.
JULIANA: Não
vai ter jeito. Vamos ter que internar o Diego contra a vontade ele.
Em Ramiro.
CENA 20. MANSÃO LAMBERTINI. PISCINA. EXT. DIA.
Amanda e Pato almoçam juntos.
AMANDA:
Quer dizer então que seu pai e você entraram em um acordo? Isso é novo pra
mim.
PATO:
É. Eu disse que me comportaria melhor se ele me liberasse do trampo e
pedisse a Juliana pra me aceitar novamente no colégio.
AMANDA:
Você gosta mesmo daquele colégio né?
PATO:
Acho que sim. Foi um ano difícil. Acho que to aprendendo a ser uma pessoa
melhor.
AMANDA:
Que bom, porque eu tenho uma notícia pra dar.
PATO:
Espera, eu ainda não terminei, Amanda.
AMANDA:
Como assim?
PATO: Amanda,
eu preciso ser sincero com você. Eu tenho pensado muito em tudo que rolou
esse ano, inclusive no lance entre a gente.
AMANDA: Também
penso muito em você, boy.
PATO: Escuta.
Depois que a gente voltou do acampamento, eu senti que o nosso namoro
esfriou. Estamos distantes. Não é mais a mesma coisa, entende? (T) Acho que
deveríamos dar um tempo.
AMANDA (dramática): Você
está terminando comigo, Pato?
PATO: Eu
não queria que fosse assim, mas eu não posso continuar com isso. To tentando
ser honesto com a gente. To gostando de outra pessoa.
AMANDA (chora): Eu
não to acreditando nisso.
PATO:
Eu to apaixonado pela Nanda.
AMANDA:
Você não pode terminar comigo justo agora.
PATO:
Como assim?
AMANDA:
Eu to grávida.
PATO (surpreso):
O que?
CENA 21. CASA NANDA. SALA. INT. DIA.
Nanda e Paulinha chegam com Celo e Estela, vão se acomodando no sofá.
ESTELA:
Vocês enrolaram o caminho todo e não nos contaram o que aconteceu.
NANDA:
É uma situação delicada, gente.
CELO:
Mas precisamos saber. O que estavam fazendo fora da escola?
ESTELA:
A diretora sabia?
CELO:
Estavam matando aula, Fernanda?
NANDA:
Ai, gente, quanta pergunta. Olhem o estado da Paulinha.
PAULINHA:
Tudo bem, amiga. Não tem porque esconder.
CELO:
Estamos preocupados. Você quer que ligue pros seus pais, Paulinha?
PAULINHA:
Não. Por favor, não!
ESTELA:
Então a hora é agora de nos contarem o que aconteceu.
NANDA:
A Paulinha foi assaltada.
ESTELA (alarde): Jesus
então a gente precisa comunicar a polícia. Esses marginais não devem ter ido
muito longe. Pega o telefone agora, Celo. Rápido! Rápido!
NANDA (convicta): Ninguém
vai ligar pra polícia, ok?!
CELO:
Como não, filha? Você acabou de dizer que/
NANDA:
A Paulinha foi assaltada pelo Diego, um de nossos amigos.
ESTELA (chocada): QUEEEE?
NANDA:
Ele tá com problemas e ao que tudo indica roubou a Paulinha pra comprar
droga. Eu acho que já é problema demais pra ele resolver sozinho, não
precisamos criar mais um chamando a polícia né?!
ESTELA:
Esse garoto precisa de ajuda.
PAULINHA:
Foi horrível! Ainda não acredito que ele foi capaz de fazer isso comigo.
ESTELA:
Fica calma, querida. Se esse garoto fez isso sendo amigo de vocês é porque
não consegue mais controlar o vício.
NANDA:
Assim você não tá ajudando, mãe.
CELO:
Leva a Paulinha lá pra cima, Nanda. Ela precisa de um banho pra relaxar,
depois vocês descem pra almoçar.
NANDA:
Vamo, amiga.
Nanda e Paulinha sobem para o quarto dela. Celo e Estela continuam na sala.
CELO:
Que situação difícil desses garotos.
ESTELA:
Essa geração está cada vez mais destrambelhada.
CELO:
Temos que fazer alguma coisa pra ajudar.
Estela concorda com a cabeça.
CENA 22. MANSÃO LAMBERTINI. PISCINA. EXT. DIA.
Continuação da cena 20. Pato levanta da cadeira.
PATO: O
que você disse?
AMANDA: Eu
to grávida, Pato. To esperando um filho seu!
Pato demora a cair em si.
PATO: Como
isso foi acontecer, Amanda?
AMANDA (chora): Eu
não sei, Pato. Aconteceu, me desculpa. Eu não queria. Aconteceu.
Amanda agarra Pato, fingida.
PATO: Não
pode ser verdade.
AMANDA: Você
acha que eu to mentindo, é isso?
PATO: Não.
Não é isso. Mas é que eu... Eu não to preparado pra isso, Amanda. Meu
Deus... Eu vou ser pai?!
AMANDA: Eu
já entendi tudo. Você não vai querer assumir. Tudo bem, eu vou dar um jeito
de resolver esse problema.
PATO: O
que você tá dizendo?
AMANDA: Eu
vou tirar essa criança.
PATO: Você
ficou maluca? Eu não vou deixar você fazer isso. Essa responsabilidade
também é minha.
AMANDA: Eu
to desesperada, Pato.
PATO: Fica
calma, vai dá tudo certo. A gente tá nessa junto.
AMANDA: Mas,
e a Nanda?
PATO: Depois
eu vejo isso. Eu não posso te abandonar nessa situação.
AMANDA: Eu
não quero que fique comigo por obrigação.
PATO: Esquece
o que eu disse. Esquece. A gente vai ter um filho juntos. Isso muda tudo.
AMANDA: Quer
dizer então que...?
PATO: Eu
não vou te deixar na mão.
Amanda beija Pato repetidas vezes.
AMANDA: Obrigada!
Obrigada! Obrigada!
CAM em Pato, visivelmente frustrado.
CENA 23. APARTAMENTO AMANDA. SALA. INT. DIA.
A porta é aberta.
KÁTIA: Moço,
obrigada por ter aberto a porta. Ficou quanto?
HOMEM: 30
reais.
KÁTIA (entregando): Pode
ficar com o troco.
HOMEM: Vai
precisar da chave reserva?
KÁTIA: Não,
eu tenho uma cópia. Pode ir.
O homem sai. Kátia fecha a porta.
KÁTIA: Agora
essa vadia vai saber com quem ela está mexendo.
CENA 24. GOURMET CARIOCA. INT. DIA.
Restaurante lotado para o almoço. Mirtes e Rubens em uma mesa mais
reservada, almoçando. De longe, Lulu observa os dois discretamente. Um
garçom se aproxima da mesa deles, serve os dois de vinho e se retira.
RUBENS: Gostou
da surpresa?
MIRTES: Bom,
não foi bem uma surpresa né. Aliás, está ficando rotineiro você vir almoçar
aqui no restaurante.
RUBENS: Não
gosta?
MIRTES: Fico
me perguntando quais são suas intenções.
RUBENS: Não
entendo o motivo. Qual o problema do seu marido vir almoçar no seu
estabelecimento?
MIRTES: O
que você pretende com toda essa ceninha?
RUBENS: Não
estou gostando do seu tom. Eu vim aqui pra ter um momento de paz com a minha
mulher. Mas parece que você não está disposta.
Rubens coça o pescoço e Mirtes percebe algo na gola da camisa.
MIRTES (curiosa): Isso...
Isso é mancha de batom?!
RUBENS: O
que? Claro que não.
MIRTES: Claro
que é! Você esteve com outra mulher, Rubens?
RUBENS: Não
começa a me irritar, Mirtes. Eu não respondo por mim.
MIRTES: Qual
é o seu problema, afinal? Por que isso tudo? Pra que toda essa encenação se
nós dois sabemos que não existe mais nada consentido entre nós?! Está
fazendo isso pra me torturar?
RUBENS: Você
está completamente desequilibrada.
MIRTES: Não!
Não to! E eu sei que é nisso que você quer que eu acredite. Mas você não vai
conseguir me desestabilizar pra me manter sobre o seu controle.
RUBENS: Olha
em volta, as pessoas estão começando a perceber que você não tá bem.
MIRTES (tom): Cala
essa boca!
Os clientes nas outras mesas observam, constrangidos. Lulu se prepara para
sair de seu posto.
RUBENS (alto): Tá
tudo bem, pessoal! Tá tudo bem!
As pessoas voltam a se dispersar. Mirtes se contém.
MIRTES: Vai
embora daqui.
RUBENS: Não
enquanto terminarmos de comer.
MIRTES: Eu
vou me separar de você.
RUBENS: Não
começa com essa bobagem, meu amor. Nosso casamento não é um namorico
qualquer como o desses jovens de hoje em dia, que se desfaz por qualquer
coisa. Temos uma filha linda.
MIRTES: Você
é doente.
RUBENS:
Um brinde ao nosso amor.
Rubens ergue a taça, mas Mirtes não retribui. Ele bebe o vinho enquanto a
encara. No balcão, Lulu observa a tudo, tensa.
CENA 25. CASA NANDA. QUARTO NANDA. INT. DIA.
Paulinha chora no colo de Nanda.
PAULINHA: Ai,
amiga. Foi horrível. Nunca pensei que o Diego fosse capaz de fazer isso
comigo.
NANDA: Nem
consigo imaginar como você se sente. Mas o Diego deve tá muito encrencado
pra ter feito o que fez. Ele não devia estar em seu estado normal.
Paulinha senta na cama.
PAULINHA: Isso
me deixa tão culpada, Nanda. Mesmo depois de tudo que ele e o Pato
aprontaram esse ano, me sinto culpada por ter me afastado.
NANDA: Você
não tem culpa de nada, Paulinha. Tira isso da sua cabeça. Ninguém tem culpa
numa hora dessas, sabe. Relaxa. Descansa um pouco. To aqui com você tá?!
Paulinha volta a deitar no colo de Nanda, fecha os olhos. Em Nanda,
pensativa
FUNDE COM
MUSIC ON: (ANA GABRIELA - CÉU AZUL)
CENA 26. SEQUÊNCIA DE CENAS
NANDA (O.S): No
fundo, eu também me sinto um pouco culpada por tudo que ta rolando com o
Diego. A vida dele sempre foi tão complicada. E no momento em que ele mais
precisou de nós, nos afastamos.
1. Na boca de fumo, Diego entrega a mochila de Paulinha ao traficante que a
abre, pega o notebook, olha para seus comparsas. Um dos comparsas entrega
mais droga a Diego que pega rapidamente.
NANDA (O.S): Mas
sabe de uma coisa, acho que nunca é tarde pra estender a mão a um amigo.
AMIGO, nunca tinha reparado na força que essa palavra tem!
2. Na sala do fundamental, Vanice ministra a disciplina enquanto Lua e
Andréia tentam prestar atenção e Larissa fica puxando conversa. No fundão,
DJ está no mundo da aula olhando Lua, Beto dá um peteleco na cabeça dele.
Ricardo ri.
NANDA (O.S): Também
sinto culpa por estar feliz enquanto a Paulinha tá nessa bad. Logo agora que
eu e o Pato finalmente estamos prestes a nos acertar, ela e o Diego foram de
mal a pior.
3. Amanda tomando banho de piscina enquanto Pato está desconsolado na
espreguiçadeira.
NANDA (O.S): Mas
eu sei que isso é só mais uma fase e que está quase chegando ao final para
que novos caminhos sejam traçados.
4. Na sala dos professores, Lúcia digita em seu notebook enquanto Emílio a
observa, atento. Ela o encara e ele desvia o olhar. Ela dá aquele sorrisinho
de quem percebeu o que aconteceu.
NANDA (O.S): Sei
também que, inevitavelmente, algumas pessoas vão ficar pra trás.
5. Kátia no AP de Amanda, abre a gaveta e encontra fotos da Amanda.
KÁTIA: Quer
dizer que a vadia é garota de programa?
6. Leonardo em sua sala, pensativo. Faz uma ligação misteriosa.
7. Diego entra em casa sem falar com Naná e se tranca no quarto.
NANDA (O.S): E
no final de tudo, eu espero que estejamos todos reunidos de novo.
CENA 27. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA/NOITE.
Takes alternados de pontos turísticos da cidade na transição do dia para a
noite.
MUSIC OFF.
CENA 28. APARTAMENTO JULIANA. SALA. INT. NOITE.
Naná e Juliana jantando.
NANÁ: Você
tá estranha desde que chegou da escola. Parece que tem algo a me dizer, mas
não sabe como.
JULIANA: De
fato não sei bem como dizer isso.
NANÁ: É
sobre o Diego?
JULIANA: Sim.
Aliás, ele ainda não apareceu?
NANÁ: Tá
no quarto desde que chegou.
JULIANA: Bom,
então vamos chamá-lo. Ele é a parte mais interessada nisso tudo.
CORTA PARA
CENA 29. APARTAMENTO JULIANA. CORREDOR. INT. NOITE.
Juliana e Naná na frente da porta do quarto de Diego. Juliana bate.
JULIANA (chama): Diego?
Abre a porta. Precisamos conversar.
NANÁ: Abre,
filho. A comida está esfriando.
JULIANA: Diego!
Não dificulte as coisas.
Silêncio. Juliana faz sinal para Naná esperar e sai. Naná fica ali sem
entender. Tempo e Juliana reaparece com um molho de chaves na mão.
JULIANA: Chave
reserva. Não queria que fosse necessário, mas com o Diego não tem
negociação.
Juliana coloca a chave na fechadura. Gira. Abre a porta e se choca.
JULIANA: Diego!!!
CAM mostra Diego desacordado, no chão.
Encerra com a música: (NEVER LET ME GO - ALOK, BRUNO MARTINI, ZEEBA) |
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