NA EDIÇÃO DE HOJE DO BOLETIM
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Veterano está de volta no MV, DNATV adquire domínio, Avant Premiere reúne 13 autores da Antologia Lua
Negra, Cyber TV faz mudanças em sua equipe. As últimas notícias no Giro Virtual
- Marcelo Delpkin de olho nos domingos de Nostalgia da Cyber no Visão Crítica
- Autor do Megapro responde às recentes acusações contra a emissora no Flow
- Foi um dos momentos mais marcantes de minha história, porque, na verdade, eu me dividia como autor, diz Carlos Mota no Diário do Autor |
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BOLETIM VIRTUAL - EDIÇÃO 91 (DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2020) |
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VISÃO CRÍTICA ESTÁ EM CLIMA DE NOSTALGIA - por MARCELO DELPKIN |
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MARCELO DELPKIN:
Olá, queridos leitores! 2020 está
passando tão rápido, não acham? Já estamos na segunda quinzena de junho; daqui a
pouco já é Natal, e nem vimos o tempo passar. E aí, como é que a gente fica?
Vivendo de nostalgia, claro. Aliás, este é o tema do quadro desta edição: o
programa de memórias da Cyber TV que é apresentado pela Débora Costa, também
autora da novela E Vamos À Luta!, fruto de outro item de lembranças — uma
antiga novela da TV Tupi em forma de adaptação livre.
O Nostalgia está no ar desde a fundação da Cyber TV, em 2017, mas foi no ano seguinte que ganhou o formato atual. Desde então, atrações diversas da TV e do cinema já ganharam homenagens: entre elas, o humorístico Os Trapalhões, o seriado Zorro, a telenovela A Próxima Vítima e a trilogia de filmes dos Dólares protagonizada por Clint Eastwood. Os temas geralmente seguem o gosto pessoal e/ou a memória afetiva da apresentadora. O programa passa esporadicamente nas noites de domingo às 20h.
Vou focar no programa relacionado à história de Sílvio de Abreu apresentada pela Rede Globo em 1995. Débora começa fazendo a introdução do tema e segue para a vinheta criada por ela mesma. Após uma passagem envolvente e chamativa sobre o mistério do horóscopo chinês, artifício utilizado pelo assassino para escolher suas vítimas, e a apresentação da abertura da novela, o enredo é contado do início ao fim, assim como os personagens de maior destaque e os motivos pelos quais Débora gostou tanto a ponto de criar sua própria adaptação para a Cyber — Excelsior (2019). Para enfeitar o bolo, algumas cenas anexadas direto do Youtube. Puro deleite para quem tem esperança de vê-la no catálogo da Globoplay nas próximas semanas.
A edição sobre A Feiticeira, série norte-americana protagonizada por Elizabeth Montgomery entre 1964 e 1972, também vem acompanhada da sinopse, de inúmeras fotos e de histórias dos bastidores, como a troca de um Dick por outro no protagonismo masculino — Sargent substituiu York em 1969. Sites como a Wikipédia e o blog TV Séries também serviram de fontes para as pesquisas sobre a versão clássica de Zorro (1957-1959), cujo elenco foi liderado por Guy Williams.
Se você é daquelas pessoas que curtem uma atração em estilo retrô no Mundo Virtual, o Nostalgia é uma boa opção. Embora alguns possam se incomodar com vírgulas em falta ou sobra no texto de Débora Costa, a riqueza de conteúdos coletados e expostos serve como um compensador. A disposição dos vídeos em tamanho grande tem suas vantagens e desvantagens — depende da preferência do espectador. Além disso, a atração é geralmente divertida, tem um tom leve e alimenta o saudosismo nos leitores. Vale a pena dar uma espiada.
Assim fechamos mais uma edição do Visão Crítica. Em julho, temos um novo encontro aqui no Boletim. Enquanto isso, não deixem de acompanhar o Observatório da Escrita e o Cyber Backstage lá na Cyber. Até mais! |
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FLOW: AUTOR DO MEGAPRO RESPONDE ÀS RECENTES ACUSAÇÕES CONTRA A EMISSORA - por HUGO MARTINS |
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HUGO MARTINS: Uma verdadeira bomba nuclear caiu sobre o Mundo Virtual afetando vários autores e algumas emissoras.
Na última semana, após a estreia da novela “O que nos une”, do autor Igor Fonseca, o Facebook bloqueou todas as publicações dos links da DNA, alegando conteúdo inadequado.
De pronto, as desconfianças recaíram sobre denúncias de um grupo organizado, e eu fui um dos que fiquei enfurecido, já que não pude compartilhar o link da minha série.
Até que o site da CyberTV também sofreu ataque. Em seguida, a Rajax também é atacada. E eu sinceramente pensei que ABIN estivesse por trás disso tudo.
Passado o estresse e a decepção de não poder divulgar meu link, fiz o que pude do jeito que deu. Até que a Débora Costa fez um post no Face alegando cansaço por conta das denúncias, dos ataques e creio que você já leu sobre isso.
Alessandro Fonseca, autor polêmico do MV acabou expressando aquilo que muitos, inclusive eu, suspeitava: “Só pode ser coisa da Mega”, disse o autor.
E eu fiquei com essa história entalada.
Em conversa no Whats, Kax Silva chegou a compartilhar que conversou com o Well e que ele disse que os ataques não foram de hacker. O que amenizou minhas desconfianças.
Em outras conversas no Zap, também fiquei sabendo que o Face havia implantado uma nova política contra as Fake News, e tudo estava sendo bloqueado. Menos um ponto pra Mega.
Pronto, havia vários pontos de vista, muitas idas e vindas e uma grande suspeita: será que a Megapro está por trás dessa palhaçada?
Decidi conversar com um dos membros da alta cúpula da emissora. E obtive algumas respostas reveladoras.
Vale ressaltar que eu já havia tentado falar com a Mega no passado. No intuito de esclarecer muitas acusações que havia sobre eles, mas, não tive sucesso. Porém, com as recentes notícias, consegui falar com um dos membros e lancei algumas das principais acusações que já ouvi contra a emissora.
Na conversa, falamos sobre Cristina Ravela e seu Blog. Falamos também
sobre Débora Costa e sua recente passagem pela emissora. Discutimos
ainda sobre os autores da emissora serem taxados de orgulhosos,
arrogantes e de pertencerem a um grupo totalmente desunido. E por
último, as recentes acusações de denúncias no Facebook. Pra saber ainda mais, é só seguir o... FLOW. |
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HUGO MARTINS:
João Carvalho é o responsável pela comunicação da Megapro. Ele é o cara
que faz a diplomacia no MV.E foi com ele que eu troquei algumas ideias.
João foi claro em assumir que sim, há motivos para as desconfianças, mas
explica: “apesar de legítimas, não são justas”. O motivo: todo um
histórico de intrigas que remonta à antiga TVN, do qual João e Lucas são
oriundos.
O autor enfatiza que as suspeitas e a matéria no BDZ não lhe deixaram
indignados. Todavia, ele faz questão de relembrar o episódio em que
Lucas Luciano fez um B.O depois de ser chamado de “gore”, no
inicio do ano, quando o mundo era normal.
O motivo de relembrar o episódio do B.O?
João avisa que a atitude do Lucas foi individual, e que não refletiu na
opinião da emissora.
Ou seja, basicamente o autor afirma que existe sim motivos para
desconfiar do Mega, devido a alguns erros no passado, porém esses erros
foram de indivíduos isolados e não reflete o que é a Mega hoje.
João assume os erros da emissora, informa que atualmente existe uma
divisão de cargos que cuida melhor da comunicação e finaliza que o
propósito agora é criar parcerias. A mensagem é clara: hoje a emissora
vive um novo momento.
João é categórico: Não há desunião, mas liberdade de expressão. Porém,
tem um plano de comunicação que visa controlar melhor essas opiniões.
A última pergunta foi sobre os autores da emissora serem taxados de
orgulhosos, que suas obras são as melhores e tudo deles é muito bom.
João diz que o pensamento é coerente. Que devido eles possuírem o Lucas
Luciano, publicitário e designer, e na época, possuírem os melhores
autores do MV, como: Rynaldo, Weslley e J.P. Essa impressão de serem os
melhores foi pertinente.
Mas, eles acabaram percebendo que a emissora também errava. Errava em
cumprir horários, errava com o texto de outros autores, errava em lançar
essa imagem de prepotência.
Todavia, com a chegada da Débora, eles acabaram baixando um pouco a
bola, por que existia um preconceito com novelas mexicanas. E eles
queriam aceitar a autora com a proposta de uma novela mexicana.
João é enfático ao buscar a redenção da Megapro. Ele assume que erros
existiram, mas que hoje a emissora vive um novo momento. O foco atual é
a integração e a conexão com todo o Mundo Virtual. Ele lembra que na
época de estreia da sua novela “Antes que o Dia Amanheça” chegou a falar
com a Zih que divulgou sua trama no Blog.
A mensagem final é que após várias críticas e ataques sofridos, a
emissora tentou se isolar, mas com a nova liderança de João Carvalho no
setor de relacionamento, o foco mudou e eles hoje buscam a união. João
afirma que existem talentos na casa e que eles querem mostrar o seu
potencial, sem intrigas.
Esse foi o Flow de hoje.
Muitas histórias, muitas polêmicas e duas questões: Quem está por trás
dos ataques? Será que existe alguém por trás?
FLOW: O nome da coluna é inspirado na técnica de escrita em
deixar fluir as ideias. Mas também uma maneira de informar que é preciso
deixar rolar, ser espontâneo. |
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VETERANO ESTÁ DE VOLTA NO MV, DNATV ADQUIRE DOMÍNIO, AVANT PREMIERE REÚNE 13 AUTORES DA ANTOLOGIA LUA NEGRA, CYBER TV FAZ MUDANÇAS EM SUA EQUIPE - por MARCOS
VINICIUS
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MARCOS VINICIUS: Boa noite galera, tudo bem com vocês? Chegamos para mais um giro Virtual. E aí, curiosos pra saberem quais são as boas do Mundo Virtual? Vamos à elas...
Veterano do MV is comeback
E aí, pessoal! Sabem de quem se trata? Estão curiosos? Nós também. Aguardamos cenas dos próximos capítulos!!
Vale a pena ler de novo na WebTV
A WebTV bateu o martelo e a novela Você e Eu, protagonizada por Thalia e Juan Pablo Gamboa vai substituir Passos da Paixão, que deixa a grade no final de julho.
Já a novela Sedutora Melodia será substituída por Sedutora Melodia. Isso mesmo, a emissora vai exibir o especial que mostra os acontecimentos 5 anos depois do fim da novela.
A DNATV agora tem um domínio para chamar de seu e evitar os bloqueios feitos pelo Facebook e Instagram na hora de suas divulgações. A emissora vem crescendo à cada dia e tenho certeza que nada poderá detê-la! No Mundo Virtual há espaço para todos e quem pensa ao contrário vai sentir as consequências.
Em busca de dias melhores II
Sim. Da mesma forma que outras emissoras já foram vítimas destas pessoas sem um pingo de consideração, o site da CyberTV ficou um determinado tempo fora do ar e, graças à competência do seu presidente, que conseguiu consertar tudo, agora já está tudo normal novamente. Que estas pessoas invejosas sintam na pele a força da CyberTV, que não vai se deixar ser vítima de suas ações impensadas! Já a Rajax
A Antologia Lua Negra teve sua tão esperada estreia "causando" no Mundo Virtual. Os produtores não pouparam esforços para divulgarem os contos e trouxeram grandes novidades à respeito da Antologia. Na estreia o conto "O Gritador", da minha conterrânea Raquel Machado, provocou medos e angústias nos leitores. Vale a pena conferir!
E os autores da Antologia Lua Negra nos contam tudo
O Avant Premiere entrevistou os 13 autores selecionados para a Antologia Lua Negra. Nesta entrevista eles revelaram suas grandes inspirações para a criação de seus contos, além de suas dificuldades e as expectativas para a estreia. Pra quem gosta de terror este é um prato cheio para descobrirmos um pouco mais sobre estas histórias que tirarão nossos sonos!
O terror está à solta!
Ainda no ritmo do medo, a DNAtv, buscando inovar para crescer, lançou a Sessão Fantasma, onde toda sexta-feira à meia-noite teremos um conto de terror para deleite dos fascinados pelo gênero. Será aceito contos no formato literário ou no formato de roteiro. Tire da gaveta suas histórias mais macabras e vá publicá-las na DNA!
O futuro à Tech pertence
E o
futuro chegou com a estreia de Tech! A série que fala sobre tecnologia e nos mostra um mundo dominado por robôs em 2091, se mostrou muito eficiente no seu episódio piloto, com personagens marcantes que vão conquistar o público no decorrer dos episódios, em uma trama de perder o fôlego. Não deixe de viajar ao futuro e conferir esta maravilha!
Equipe unida em busca do melhor
A CyberTV e sua direção estão sempre em busca de inovação e melhorias. Seguindo esta linha, Well e Marcelo Delpkin organizaram e selecionaram alguns membros da emissora para colaborarem nos serviços técnicos da mesma. A ideia só tende a trazer benfeitorias para a CyberTV, pois não sobrecarrega ninguém e valoriza os seus colaboradores. São 12 pessoas, divididas entre supervisores, revisores e diretores de núcleos, todos engajados a fazerem um trabalho de excelência em prol de um único objetivo. Uma equipe unida é sinônimo de sucesso!
E aí, qual a sua melhor escolha?
O autor Hugo Martins estreou a sua nova série na DNATV. Trata-se de "As Melhores Escolhas", trama que ele tem grande carinho e, não é para menos. Quem conferiu sabe do que tô falando. A história te traz diversos e diferentes questionamentos à respeito do tema amadurecimento e promete um protagonista cheio de nuances mas com uma empatia e uma vontade de mudar inigualável. Ainda não conferiu? Corre lá na DNATV e se delicie com esta história.
Bom galera, por hoje era isso. Espero que tenham curtido o nosso Giro de hoje! Fiquem ligados e não deixem de prestigiar as estreias do Mundo Virtual! Um abraço e até a próxima na edição! |
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FOI UM DOS MOMENTOS MAIS MARCANTES DE MINHA
HISTÓRIA, PORQUE, NA VERDADE, EU ME DIVIDIA COMO AUTOR, diz
CARLOS MOTA
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Ele mora em Vargem Grande Paulista/São Paulo, é formado em Letras e pós-graduado em Educomunicação e Gestão Escolar, Carlos Mota é professor de língua portuguesa do “Colégio Espaço Verde Rousseau”, município de Cotia, onde desenvolveu o projeto “Livro Coletivo” – no qual cada aluno escrevia um capítulo acerca de um tema proposto pela classe, totalizando 09 edições, lançadas anualmente. Na infância, sua cabeça de criança parecia uma máquina, criava histórias sem parar a partir do que via, ouvia e sentia. Mas foi aos treze anos que sua crônica “Idosos, a flor da humilhação!”, ganhou espaço nas páginas do antigo jornal do Comércio de Marília no interior do Estado de SP, em 1991. Seguiu colaborando com os periódicos “Jornal da Manhã” e “Diário de Marília” por quase duas décadas, onde escreveu crônicas, contos, críticas de novelas, artigos educacionais, entre outros. Em 1998 aventurou-se pelo romance, quando escreveu “Venusa Dumont – da memória à ressurreição”, uma obra ambígua, recheada de muito suspense e grandes reviravoltas. Publicou-a, inicialmente, no site Usina das Letras e em 2020 resolveu produzir “Flor-de-Cera”, o remake de “Venusa Dumont...”, completamente interativa, em que os leitores colaboravam com argumentos que poderiam mudar a vida e os rumos dos personagens. Carlos Mota, seja bem-vindo ao Diário do Autor.
CARLOS MOTA: Eu
que agradeço a oportunidade de estar aqui e falar um pouquinho sobre a arte
de escrever - o que tanto encanta a todos nós escritores. GABO: Carlos, na infância você teve a oportunidade de ler histórias e nesse período surgiu o primeiro contato com a escrita através das crônicas. Ao longo dos anos, as crônicas e os contos fizeram parte do seu dia a dia. Como você mensura essa aventura que começou na infância?
CARLOS MOTA: Acho que as crônicas e os contos possibilitaram que eu pudesse sair de uma realidade triste, permeada por uma infância pobre, em que ter um pão na mesa era algo raro. Mas se na vida real eu não tinha o controle das coisas, o mesmo não acontecia na fantasia - o meu mundo, onde tudo era possível; onde uma criança jamais passaria fome ou teria seus pais separados por questões até então incompreendidas. Na fantasia, eu era um demiurgo, criava minhas personagens e a elas transferia tudo o que uma cabeça de criança poderia desejar de bom. Com o amadurecimento, os textos ganharam forma e passaram a retratar os diversos problemas sociais e políticos de um Brasil que fazia questão de anunciar que o momento era outro, que o número de famílias abaixo da pobreza estava minorando. Balela. Pois em "Seres invisíveis", de 2008, -uma das crônicas mais ácidas que já produzi, com publicação nas páginas do Jornal da Manhã, de Marília/SP - denunciei o que a sociedade é capaz de fazer para esconder as crianças abandonadas, as famílias que moram debaixo da ponte, os que moram na rua porque perdem o emprego e são despejados - os seres invisíveis.
GABO: Antes de escrever seu primeiro livro, você apresentou no “Jornal da Manhã” e “Diário de Marília” crônicas, contos e fez algo inédito na sua carreira, escreveu críticas de novelas da televisão por quase duas décadas. A linguagem visava atingir ao público juvenil e adulto, e por esse motivo a linguagem abordada tinha algumas tonalidades ácida e provocativa. Como foi essa experiência?
CARLOS MOTA: Foi um dos momentos mais marcantes de minha história, porque, na verdade, eu me dividia como autor. Quando escrevia crônicas, focava nos problemas sociais; quando criava contos, tocava em temas considerados surreais e espiritualistas e, quando voltava às críticas de novelas e programas da TV aberta, eu me transformava. Era ácido demais, de um deboche cruel, porque ali, naquela condição, eu procurava sentido às obras e ironizava o que não poderia ser crível ao leitor. Mas minha intenção era brincar, não ofender, porque todo autor, independente da mídia para a qual escreve, sofre dos mesmos problemas: falta de inspiração, barrigas nos textos, desencontros textuais etc. Lembro-me, de que as críticas televisas de mais impacto foram "Caminho das Índias é o clone de O Clone", ambas da excelente Glória Perez e a que comentei sobre o programa "Planeta Xuxa", então da Rede Globo, dizendo que a eterna rainha já não sabia mais para onde atirar para manter o seu público. Não deu outra, hoje na Record TV, percebemos que o que havia sido escrito há vinte anos tinha razão.
GABO: Você acredita a crítica provocativa pode causar danos?
CARLOS MOTA: A crítica provocativa é o momento que o autor deve aproveitar para repensar sua obra, afinal, não estão falando dele como pessoa, mas como autor, e quem está na chuva é para se molhar. Claro que deve existir o respeito sempre, mas ser ácido não quer dizer ser desrespeitoso. Depende de como se enxerga e de como as palavras são escolhidas para que se evitem interpretações dúbias e transtornos desnecessários.
GABO: Em 1998 você escreveu o primeiro romance “Venusa Dumont – da memória à ressurreição”. Uma história que apresentou muito suspense e grandes reviravoltas. Como surgiu a história? Quais foram as inspirações para criá-la?
CARLOS MOTA: Sou apaixonado por "Senhora", de José de Alencar e adoro mitologia. Sempre estou a me pegar estudando sobre o tema. Não é fascinante conhecer as histórias de Marte, Zeus, Vênus e tantos outros? Pois então, eu pensava em iniciar Venusa tendo como mote o casamento arranjado, porém, adornado pela violência, com profundos toques mitológicos - que ocorreriam nas metáforas. A história foi começada e recomeçada diversas vezes, porque eu só tinha 22 anos, era muito jovem, além disso, fazia faculdade de Letras, tinha de ministrar aulas na rede oficial de ensino e dar atenção ao meu filho Vinicius que acabara de nascer. Mas a história acabou bonitinha (que pai não ama seus filhos, não é? kkkk)
GABO: Carlos, outra experiência que você vivenciou foi a publicação online da história no site "Usina de Letras". Como foi a recepção da história?
CARLOS MOTA: Em 1998 não tínhamos as ferramentas de aferição de hoje, em que é possível estratificar o público leitor, separá-lo por idade, nível social e demais balizas, como as que o IBOPE e IBGE realizam. Apenas utilizávamos o número de acesso. Ele nos permitia saber se a história estava ou não sendo acessada. E como também não contávamos com os buscadores, a propaganda era boca a boca. Nos primeiros meses, "Venusa Dumont..." obteve em torno de 600 acessos numa época em que a internet era discada. Terminou com 8 mil leituras em 1 ano. Fiquei contente com os resultados, porque foi meu primeiro romance, aquele em que mergulhei de cabeça, apesar de dividir a vida de escritor com as responsabilidades de um casamento. Enfim! Senti-me feliz com a obra. Se faria tudo de novo? Com certeza! Sem titubear!
GABO: E em relação ao feedback, como era o retorno dos leitores?
CARLOS MOTA: Muito bom! Porque sempre que eu postava um capítulo novo, eu colocava meu e-mail do Bol (acha?) e alguns leitores se aventuravam à arte do comentário, sugerindo situações, parabenizando, além de tirar dúvidas, entre outras coisas. Nada como hoje.
GABO: A minissérie “Diário de um Aidético”, também foi publicada na Usina de Letras. O final surpreendente causou sentimentos de amor e ódio pela obra. Conta pra gente, como foi esse episódio?
CARLOS MOTA: Diário de um aidético foi um conto maravilhoso, porque abordava as memórias de um portador de HIV, com consequências imediatas sobre seus familiares, numa época em que os coquetéis eram raros. Mas a história buscava atrair o leitor não pelo drama do doente, mas de sua família. Como obra, deu-me prazer contar um pouco sobre este mundo. Na Usina de Letras, pelos números de acesso, posso dizer que foi um sucesso, atingindo mais de 12 mil leituras em 4 meses; todavia, com um final anticlímax, muitos leitores ficaram inconformados e passaram a me enviar e-mails ofensivos. Até os entendi, como até hoje entendo; como autor, fiz o imprevisível, frustrando suas expectativas. Até minha mulher, recentemente lendo, ficou com raiva. Para 2021, há a possibilidade de se fazer o seu remake. Vamos ver!
CARLOS MOTA: Completamente diferente da 1ª versão. Decidi fazer o remake de " Venusa Dumont..." nos últimos dias de fevereiro; assim, a partir de 02 de março, quando entrei em férias, retomei a leitura das 156 páginas, que terminei em pouco mais de 12 dias. A partir daí, entrou em cena a nova fase da obra, que recebeu mais 150 páginas, em média. Desta vez fiz o convite para algumas pessoas, levando-se em consideração a estratificação utilizada pelo IBGE, porque desta forma, poderia saber se a linguagem utilizada e as cenas propostas atingiriam a todos os públicos com a mesma intensidade. Com o grupo criado, iniciamos a publicação dos capítulos, que aconteciam em dias alternados no site da Editora Recanto das Letras. Cada um recebia os capítulos, e junto deles, um questionário (em Google Forms ou Whatsapp), que balizava as ações futuras da trama. Como a obra era aberta, outros leitores, que não faziam parte do grupo, acessavam o próprio Recanto para me mandarem sugestões, críticas, pedidos de toda natureza. Como a obra foi produzida em escala industrial, exigia-se muito dos leitores, que precisavam me acompanhar. E olhe, a maior surpresa foi quando avistei uma professora de língua portuguesa, Elaine Teixeira, no treino do futebol do filho dela, com o celular em mãos, lendo minha obra. Ela não me viu, mas, como ela mesma me confessara depois, aquele dia ela não havia acompanhado o treino do filho; havia se dedicado à leitura. Aquilo não tinha e não tem preço. E a Josemara, outra leitora? Ela respondia todas as questões e as encaminhava logo cedo. Era um prazer aguardar suas respostas. Bem, com cada um do grupo tive um momento particular de felicidade.
GABO: Flor-de-Cera conta a história de Catharine, uma mulher culta, porém insegura. Vítima da frieza de seu marido George, com quem vive um casamento de aparências. Mas o amor do motorista Joaquim ameaça as estruturas da mansão dos Dumont e reacende sentimentos esquecidos em Catharine. Uma história com grandes reviravoltas. O que o público pode esperar deste suposto triângulo amoroso?
CARLOS MOTA: Catharine carrega o sobrenome da família mais importante de Vila dos Princípios. Seu casamento é marcado pela frieza do esposo e pela perda da filha Alana. Se ela cederá aos encantos do motorista Joaquim, só o tempo dirá. É importante citar que Flor-de-Cera é um folhetim com estrutura parecida àqueles do século XIX, publicados em jornais, em capítulos semanais, para atingir o público feminino. Na versão atual, o público masculino é atraído pelo deboche do prefeito Tanaka Santuku e por grandes temas da atualidade, que foram inseridos na trama, de modo a demonstrar sua efetiva relação com o presente. Posso apenas adiantar que reviravoltas não faltam nesta trama repleta de diálogos que buscam reportar ao leitor um pouco da vida de uma mulher milionária, que ao mesmo tempo em que tem tudo, não tem nada. Sina de protagonista de novela? Talvez! Kkkk
GABO: Carlos, explica pra gente qual a ligação da flor-de-cera com a protagonista Catharine.
CARLOS MOTA: Aproveitando o espaço, me indagaram de o porquê de Flor-de-Cera ser grafada com hífen. Pois bem, "flor-de-cera" é uma planta muito frágil, extremamente bela e de uma delicadeza fora do comum. O termo se diferencia de flor de cera, sem hífen, que na gramática atual quer dizer planta feita com cera. No livro, Catharine é comparada à flor, porque tem os seus mesmos atributos, sendo chamada desta forma pelo motorista. Daí o novo título da obra. Fiquei tão fascinado com a flor que não conseguia dissociá-la de Catharine. Uma planta que conheci a partir de inúmeras pesquisas para o livro.
GABO: A Ernestina é capaz de enfrentar o patrão para defender Catharine; Tanaka é um prefeito corrupto e debochado; já o Rubens é o médico da família. Três personagens que vão ter ligações diretas com os protagonistas. Carlos, fale um pouco sobre os personagens para o púbico.
CARLOS MOTA: Na 1ª versão, Ernestina praticamente inexistia; na 2ª, conquistou o coração do grupo de leitores, porque, além de humilde, foi pelas mãos de Catharine que ela aprendeu a ler a escrever, deixando de ser "cega", como ela mesma diz. Já Tanaka é um prefeito com tudo que se espera: corrupto, trapaceiro, sem papas na língua, capaz de qualquer coisa para manter os cofres da prefeitura sobre suas mãos. Diferentemente de Rubens Arraia, o médico particular da família, cujo coração é de uma beleza ímpar. Os três juntos vão aprontar muito. Posso apenas dizer que eles são as coadjuvantes que todo autor tem medo; num descuido, poderiam ter destituído Catharine da posição de protagonista da trama. Exagero meu? Quem sabe! Vindo de Vila dos Princípios, tudo é possível! - risos.
GABO: Com qual personagem de Flor-de-Cera você mais se identifica?
CARLOS MOTA: Gosto muito da ingenuidade do Moacir, da pureza do Zé dos Cobres, da altivez do doutor Alberto Médici. Eles, de alguma forma, se entrelaçam e pedem a mesma coisa: um mundo melhor para que todos possam criar seus filhos e viverem à luz da Justiça que, de fato, funcione. Estas personagens carregam ideais esquecidos pela sociedade atual, como a simplicidade, a solidariedade, o desejo intenso de que o povo possa abrir os olhos e cobrar seus direitos. Compactuo destes mesmos ideais.
CARLOS MOTA: Foi
uma surpresa quando Andrea, resolveu dar uma face a cada
personagem. Nunca tinha imaginado isso. Mas como queria ser surpreendido,
deixei que ela trabalhasse livremente, ou seja, depois da leitura de cada
capítulo, ela escolheria, sem qualquer interferência minha, a cena que
gostaria de desenhar. E os desenhos me emocionaram e essa emoção chegou aos
leitores, que passaram a compartilhar dos mesmos sentimentos. Foi um dos
momentos mais lindos dos bastidores da novela.
GABO: Na exibição de Flor-de-Cera, você encontrou uma leitora de Venusa Dumont, que inclusive tem a versão impressa da novela. Muita emoção tomou conta desse momento. Como foi, Carlos?
GABO: O que o público pode esperar da novela Flor-de-Cera?
CARLOS MOTA: Muito emoção, suspense, crise política, romance, ou seja, todos os elementos básicos dos folhetins clássicos.
GABO: Flor-de-Cera, além da exibição online vai virar e-book e livro físico. A divulgação está intensa, no rádio, nos jornais impressos, sites e inclusive lives nas redes sociais. Você chegou a imaginar que a história fosse alcançar tantos públicos? Qual palavra você define toda essa emoção que você sentindo no momento?
CARLOS MOTA: Um presente de Deus. Um sonho realizado.
GABO: Carlos, parte dos livros será destinada a escolas públicas e bibliotecas de Cotia e região. Um excelente incentivo para o público, valorizando o autor da região. Qual a importância desta ação?
CARLOS MOTA: Estimular a leitura entre os jovens, de modo que possam compreender que a escrita vai além do básico; por meio dela, você instiga a criação e ultrapassa todas as fronteiras impostas pelo senso comum. É só pegar uma caneta, uma folha ou um teclado e soltar a imaginação. Há um mundo gigantesco aí fora para você conquistar. E eu acredito nisso!
GABO: Muitas crianças e adolescentes não gostam de ler. No colégio, como incentivo para os alunos, você criou o projeto "Livro Coletivo”, com a finalidade de que cada aluno escrevesse um capítulo. O tema era proposto pela turma, totalizando 09 edições. Como os alunos encararam os desafios? E os pais, como reagiram?
CARLOS MOTA: O projeto teve início em 2010 com "Ladrão de sonhos". Propus ao 9ª ano a produção de um livro coletivo que, em outras palavras, queria dizer a construção de uma única trama por muitas mãos. Fizemos o sorteio de quem escreveria o primeiro capítulo; mesmo processo foi adotado para os demais. Assim, de maio a setembro o livro era escrito, digitado, corrigido e enviado à editora Hedra, em São Paulo. Foram nove edições, com lançamento sempre na última semana do mês de novembro, quando havia a noite de autógrafos e os estudantes entregavam suas obras aos pais e convidados. Todos se emocionavam. Também não tinha como, ter em mãos o resultado de um trabalho tão gigantesco era uma dádiva.
CARLOS MOTA: A Usina de Letras, que é mantida pelo Sindicato dos Escritores de Brasília, conheci por meio de pesquisas na internet, ainda em 2002, e lá publiquei 117 títulos, mas a mesma não evoluiu com o tempo, garantindo apenas o espaço para a postagem, sem opção de retorno dos leitores aos autores. Como disse, gosto de acompanhar a audiência, conhecê-la a fundo, para compreender o público para o qual estou escrevendo. Já à Editora Recanto das Letras cheguei em 2008, e lá possuo o site escritorcarlosmota.prosaeverso.net, em que já publiquei 129 títulos. Lá tenho o estudo dos acessos, com toda a assessoria possível.
GABO: Quando você conheceu o Mundo Virtual, quais foram as diferenças que você encontrou entre o MV em comparação aos sites Usina e Recanto das Letras?
GABO: Quem é Carlos Mota fora do Mundo Virtual?
CARLOS MOTA: Ainda estou procurando saber (risos). Talvez um pouco de tudo que já fiz.
GABO: Carlos, fica o espaço para as considerações finais.
CARLOS MOTA:
Obrigado Gabo e Cristina pelo convite. Que a novela chegue com gás e
conquiste os leitores com os mesmos sentimentos que me visitaram. Obrigado
por tudo! Grande beijo para vocês! |
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editor-chefe Gabo equipe Gabo Hugo Martins Marcelo Delpkin Marcos Vinicius jornalismo contatoredewtv@gmail.com REALIZAÇÃO Copyright © 2020 - WebTV www.redewtv.com Todos os direitos reservados Proibida a cópia ou a reprodução |
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Boletim Virtual - Edição 91: Carlos Mota participa do Diário do Autor
Boletim Virtual - Edição 91
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