SÍLVIA: - O que você está fazendo aqui?
ROSANA: - Vim cobrar os favores que eu te fiz.
SÍLVIA: - Favores?
ROSANA: - Sim, os favores. Mas nada caro não. Primeiro, só quero saber onde vai ser o meu quarto. Vou passar uns dias aqui.
SÍLVIA (incrédula): - Como é que é?! Mas é claro que não vai!
ROSANA: - Se eu fosse você, eu deixava... Senão...
SÍLVIA (segura Rosana): - Senão o quê, sua falsa?!
As
duas ficam a se encarar. Rosana com um sorriso cínico no rosto.
CENA 01. CASA SÍLVIA. INT. NOITE.
Continuação do capítulo anterior. Rosana e Sílvia discutem na sala. Sílvia segura Rosana, firme, pelo braço. Rosana cínica.
ROSANA: - Vai me bater, Sílvia?
SÍLVIA: - Vontade não me falta, Rosana... Chega à minha casa e fica me ameaçando! Tá pensando o quê?
ROSANA (solta-se): - To pensando que você não tem saída a não ser me ajudar. Pobre Melissa... Ela ta em casa? Melhor ela saber logo da verdade. Eu não tenho nada a perder.
SÍLVIA: - Cala a boca, Rosana! Você não vai dizer uma palavra pra Melissa. E sabe por quê? Porque você tem sim muita coisa a perder. A começar pela admiração que a Melissa tem por você. Tudo isso iria por água a baixo.
ROSANA: - To me sentindo comovida...
SÍLVIA: - Segundo que você iria para a cadeia.
ROSANA: - Ah é mesmo?
SÍLVIA: - Você contando a verdade para a Melissa, eu também conto para o Mauro que ela foi usada como golpe, ou você esqueceu, que fingiu ter perdido um filho dele para não ter a criança?
Rosana muda expressão, se mostra apreensiva.
ROSANA; - Ele já não me denunciou agora. Não iria me entregar.
SÍLVIA: - Pensa, Rosana... O Mauro sonhava com esse filho, você mesmo dizia isso. E pensar que você praticamente acabou com o sonho Mauro, forjando uma morte que não existiu apenas para ficar com a grana dele. Ele não te perdoaria. Jamais!
ROSANA: - Já chega! Você está tentando me coagir, mas não vai conseguir, Sílvia.
De repente, Melissa chega à sala.
MELISSA: - Rosana!... (percebe o clima) O que está acontecendo aqui?
ROSANA: - Como vai, Melissa?
MELISSA: - O que está acontecendo aqui? Vocês estão discutindo, é isso?
SÍLVIA: - Não é nada não, filha. Pode voltar lá para o seu quarto.
MELISSA: - Dá pra sentir o clima pesado aqui da sala.
ROSANA (fingida): - A sua mãe, Melissa, é uma egoísta. Eu e o Mauro brigamos e ela não quer me dar abrigo, acredita?
MELISSA: - Mãe!
SÍLVIA: - Você é muito baixa, Rosana! Colocando a Melissa contra mim!... Filha, a Rosana não pode ficar aqui em casa. Essa mulher não é bem-vinda.
MELISSA: - Não é por quê?
SÍLVIA: - Por que... Por que... Não! Porque não! Nesta casa ela não fica!
ROSANA: - Tudo bem, tudo bem. Eu arrumo outro lugar pra ficar. Graças a Deus, amigos não me faltam. Pode ficar com a sua casa só pra você, Silvinha. E pode ter certeza que eu lembrarei disso.
Rosana pega suas coisas e sai.
MELISSA: - Rosana espera!
Rosana vai embora.
MELISSA: - Você viu o que você fez com ela, mãe? Deixou a Rosana desamparada!
SÍLVIA: - Melissa, essa mulher só fez coisa errada e você está defendendo ela ainda?
MELISSA: - A Rosana me proporcionou ótimos momentos em Nova York. Eu vivi na riqueza!
SÍLVIA: - Mas esse não é o seu mundo. E ela não pode te dar isso sempre.
MELISSA: - Por isso que eu reclamo com Deus! A Rosana é que deveria ser a minha mãe e não você. Eu queria a Rosana! A Rosana!
Sílvia não se segura e dá um tapa no rosto de Melissa.
SÍLVIA: - Nunca mais repita uma coisa dessas... A sua mãe sou eu, Melissa! Sou eu!
Melissa encara Sílvia com lágrimas nos olhos e volta para o quarto, apressada. Sílvia procura conter as lágrimas.
CENA 02. HOTEL LUXO. QUARTO. INT. NOITE.
Renato e Geórgia estão hospedados num hotel de luxo. O quarto é ricamente decorado, pomposo. Geórgia está deitada na cama, com uma camisola de seda, vermelha, sensual. Renato entra no quarto, de cueca, trazendo duas taças de champanhe. Entrega uma para Geórgia e em seguida, traz uma tigela de morangos.
GEÓRGIA: - Hoje está sendo o dia mais feliz da minha vida.
RENATO: - Eu digo o mesmo. (oferece um morango para Geórgia)
GEÓRGIA: - Você está tão sexy... (morde o morango nas mãos de Renato)
RENATO: - Sexy está você. Aliás, você pra mim está sempre sexy, linda...
Os dois brindam, bebem champanhe.
RENATO: - Eu queria ter ido viajar com você, mas (pausa)
GEÓRGIA (interrompe): - Amor, não tem problema. A gente viaja depois. Temos tempo para curtir a lua-de-mel. E eu também não ia conseguir me ausentar agora. Por mais que o Fernando, como presidente da Áurea goste de mim, eu não teria como sair. Estamos prestes a fazer o maior lançamento da história da empresa. Preciso acompanhar tudo...
RENATO: - Negócios, trabalho... Mas agora o negócio mesmo é amor. Eu e você.
GEÓRGIA: - Enfim, casados!
RENATO: - Até que a morte nos separe. Amo você.
GEÓRGIA: - Também te amo!
(sobe trilha “Mania de Você” – Rita Lee) Geórgia pega as taças, coloca no criado mudo, junto com os morangos. Ela deita na cama, Renato fica sobre ela. Os dois trocam olhares apaixonados. Se beijam.
CENA 03. CASA MARÍLIA. SALA. INT. NOITE.
(fade out trilha “Mania de Você” – Rita Lee) Ivan e Marília conversam na sala. Ivan com expressão um tanto cabisbaixa.
IVAN: - Estava tudo tão lindo. Um casamento emocionante...
MARÍLIA: - Mas...
IVAN: - Era ele que estava casando. E com uma pessoa que eu acabei me encantando muito! A Geórgia é uma mulher incrível! Nos tornamos muito próximos, amigos mesmo. Mas a atração com o Renato foi avassaladora.
MARÍLIA: - Ivan, que situação...
IVAN: - Eu nunca iria imaginar que isso fosse acontecer um dia.
MARÍLIA: - Se está sendo duro pra você, imagina pro Renato, que está dividido?... Sem falar que, cedo ou tarde, a Geórgia vai ficar sabendo.
IVAN: - Não! Ela não pode saber... Ela vai sofrer muito!
E a nossa amizade... Seria o fim.
MARÍLIA: - Mas alguma coisa precisa ser feita, Ivan. Você não pode enganar a Geórgia assim. Se você a considera sua amiga mesmo, de verdade, precisa colocar um ponto final nessa história. Conversa com o Renato, eu sei que vocês vão chegar numa conclusão.
IVAN: - Por mais que seja dolorido, você tem razão, amiga. Eu preciso colocar um ponto final nessa história.
CENA 04. RUA. EXT. NOITE.
Rosana entra numa cabine de caixa eletrônico para sacar dinheiro. Ela coloca o cartão e descobre que suas contas estão bloqueadas.
ROSANA (desesperada): - O quê?! Canalha! O Mauro bloqueou as minhas contas? Mas como isso! Ele não pode!... Ai que ódio! E agora, meu Deus? Eu não posso gastar tudo o que eu tenho aqui comigo.
Rosana pensa e tem uma ideia.
ROSANA: - Ai, Rosana... Fico surpresa comigo mesma. (risos) Sempre tem um trouxa pra recorrer...
CENA 05. MANSÃO LINHARES. QUARTO MARIA HELENA. / SALA. INT. NOITE.
Estér e Bia estão na cama de Maria Helena e Orestes, juntas, seminuas.
BIA: - Que loucura a sua, Estér! Fazer amor na cama dos seus pais!
ESTÉR: - Eles deram uma saída, tão cedo não vão voltar... Acho que eu mereço um pouco de aventura na minha vida. (risos) E posso te garantir que esse colchão é melhor do que o meu.
BIA: - Estou adorando tudo isso, sabia? Esse nosso momento.
ESTÉR: - Você é tudo o que eu busquei numa mulher, Bia. Companheira, amiga, romântica, determinada. Amo você.
As duas se beijam, apaixonadas. Enquanto isso, Maria Helena e Orestes chegam a casa.
ORESTES: - Ótima a sua sugestão para esse programa em família. Só não entendi porque você quis vir embora tão depressa.
MARIA HELENA: - Confesso que comida japonesa não é pra mim.
ORESTES: - Pena a Estér não querer ter ido junto.
MARIA HELENA: - Mas era realmente um programa de família, Orestes. E foi uma ideia ótima mesmo, pois a Marcinha e o Fernando resolveram inclusive dar uma esticada na danceteria. É tão lindo ver pai e filha se dando tão bem.
ORESTES: - Assim como eu e a Estér.
Maria Helena com um olhar de reprovação.
MARIA HELENA: - Eu tenho pena de você às vezes, Orestes. Acredita tanto na Estér.
ORESTES: - E como não vou acreditar, Maria Helena? Ela é minha filha!
MARIA HELENA: - Eu sei, mas... Às vezes eu acho que a Estér pode, a qualquer momento, magoar você. E isso pode ser tão doloroso.
ORESTES: - De onde você tira uma coisa dessas? A Estér nunca fez nada para mim... Vamos deixar de conversinha e vamos pra cama, ta certo?
MARIA HELENA: - Claro, vamos sim.
Maria Helena e Orestes sobem as escadas para o andar de cima. Eles caminham pelo corredor, e Maria Helena abre a porta do quarto de Estér.
MARIA HELENA: - Estér saiu. Não está no quarto.
ORESTES: - Todo mundo saiu. Não tinha mesmo o porquê dela ficar sozinha em casa...
De repente, Orestes abre a porta do quarto e flagra Estér e Bia, aos beijos e seminuas, na cama. Maria Helena chega logo em seguida.
MARIA HELENA: - Meu Deus!
ORESTES (grita): - Estér!
Estér e Bia são surpreendidas.
ESTÉR: - Papai!
MARIA HELENA: - Então era isso que você estava tramando, de segredinhos no telefone... Queria trazer uma vagabunda pra dentro de casa!
ESTÉR: - Não fala assim da Bia!
MARIA HELENA: - E na nossa cama, Orestes! Que nojo!
ESTÉR: - Pai, eu posso explicar.
ORESTES: - Não fala nada, Estér. Pelo amor de Deus, não quero que você diga uma palavra.
BIA (enrola-se num lençol): - Eu vou pro banheiro me vestir.
MARIA HELENA: - Vá mesmo, sua sem vergonha.
Bia entra no banheiro.
ESTÉR: - Eu não sabia que vocês viriam tão cedo pra casa. Eu só queria (pausa)
MARIA HELENA: - Você só queria se esfregar com uma sem vergonha feito você!
ESTÉR: - Cala a boca, Maria Helena! Você é que é uma desequilibrada, invejosa, cínica! Sempre quis me fazer me fazer mal e agora deve estar gargalhando por dentro que eu sei!
ORESTES: - Cale a boca, Estér!
ESTÉR (surpresa): - Papai!
Bia sai do banheiro. Estér coloca a roupa, apressada.
MARIA HELENA (a Bia): - Você, saia já daqui.
Bia vai saindo.
ORESTES: - Espera!
Bia para na porta.
ORESTES: - Estér, você vai junto com ela.
ESTÉR: - Sim, eu levo a Bia até a porta.
ORESTES: - Não, Estér. Você vai embora também.
Maria Helena tenta esconder a satisfação. Estér se mostra chocada.
ESTÉR: - O senhor está me colocando pra fora de casa?
ORESTES: - Eu juro que nunca me importei com o jeito com que você leva a sua vida. As suas opções. Você sabe muito bem disso. Mas isso o que eu vi agora, me agrediu e muito, Estér. Na minha cama, na cama da Maria Helena... Eu nunca imaginei você nos braços de outra mulher assim, dessa forma.
MARIA HELENA: - Essa gente é tudo promíscua, Orestes!
BIA: - A senhora me respeite, por favor!
MARIA HELENA: - Fique quieta! Você não tem direito nenhum de falar aqui.
ORESTES: - Maria Helena cale-se você também!...
MARIA HELENA: - Eu só quero ajudar, meu amor, resolver logo essa situação constrangedora... E nojenta.
ESTÉR: - Você quer é me ver longe daqui, é isso! É isso que você sempre quis, Maria Helena e está conseguindo! Você fez a cabeça do meu pai pra isso!
ORESTES: - Ninguém fez a minha cabeça, Estér. Foi a sua atitude que me fez tomar essa decisão que, acredite, me dói muito. Mas as suas intimidades não precisam me agredir dessa forma. Eu não quero que seja assim. Portanto, saia dessa casa.
Estér com olhos marejados. Orestes desvia o olhar, também entristecido. Estér se aproxima de Bia, que segura sua mão.
MARIA HELENA: - Você não ouviu, Estér? Saia dessa casa!
ESTÉR: - Eu vou arrumar as minhas coisas...
Estér sai do quarto. Orestes senta-se na cama, chora. Maria Helena apenas observa.
CENA 06. CASA GILSON E SELMA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Rosana finge-se de coitadinha para Selma, Gilson e André. Selma comovida, Gilson e André nem tanto.
ROSANA: - Foi uma discussão horrível. O Mauro não quis nem olhar para a minha cara. E a dona Leocádia? Ah, eu sempre tive tanto respeito por ela... Me tratou feito bicho.
SELMA: - Que horror! Eu não consigo imaginar a Leocádia agindo dessa forma.
ROSANA: - Nem eu, Selma. Nunca que eu iria imaginar ser tratada da forma como eu fui tratada. Simplesmente por não dar o resultado esperado na empresa.
GILSON: - A sua coleção nos trouxe prejuízos, Rosana.
ROSANA: - Mas foi a primeira vez que eu errei, Gilson. E não tive direito a segunda chance.
ANDRÉ: - O desfile da GF nem parecia ter sido feito pela mesma pessoa que fez nos outros anos.
ROSANA: - Eu não estava num bom momento, só isso.
SELMA: - Mas Rosana, e agora, você vai pra onde?
ROSANA: - Então, Selma... (segura à mão de Selma) O Mauro me colocou pra fora de casa e eu não tenho onde ficar... Pensei que vocês pudessem me dar abrigo, por um tempo, até eu conseguir me equilibrar e seguir a vida.
GILSON: - Eu não acho uma boa ideia não... o Mauro não iria gostar de saber que estamos fazendo isso.
SELMA: - Gilson! Onde está o espírito de amizade, de consideração? Tanto o Mauro quanto a Rosana são nossos amigos e merecem o nosso respeito... Certamente, eles estão passando por uma crise.
ANDRÉ: - Crise que pelo visto não tem fim...
ROSANA: - Mas eu vou lutar para que ela tenha fim, sim, André. Quando se ama alguém, como eu amo o Mauro, tudo é possível.
SELMA: - Rosana, você pode ficar aqui em casa o tempo que precisar.
ANDRÉ: - Dona Leocádia pode não gostar também, mamãe.
SELMA: - A Leocádia tem os seus motivos assim como eu tenho os meus. Não posso deixar de ajudar uma amiga que está passando por um momento tão turbulento na vida. E você, Gilson, não vai abrir a boca para o Mauro. Estamos entendidos?
GILSON: - Tudo bem...
SELMA: - André, leve a bolsa da Rosana para o quarto de hóspedes.
ROSANA: - O da suíte, por favor.
SELMA: - Claro, o da suíte.
André sai. Gilson também.
ROSANA: - Eu sabia que poderia contar com você, Selma. Muito obrigada!
SELMA: - Imagina, você é tão especial.
ROSANA: - Poderemos até, com um tempo, dar uma festa, para celebrar a nossa amizade, que tal?
SELMA: - Ai! Festa é comigo mesma! (risos)
As duas se abraçam. Selma feliz, enquanto Rosana se mostra falsa.
CENA 07. MANSÃO LINHARES. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Estér e Bia descendo as escadas, com algumas malas. Maria Helena atrás delas.
MARIA HELENA: - Está tudo aí? Não quero ter o desprazer de olhar na sua cara entrando nessa casa novamente.
ESTÉR: - Pois saiba que esse dia vai chegar, Maria Helena. Essa casa é minha. E eu não vou deixar que você tome conta de tudo o que é meu.
MARIA HELENA: - Você não tem mais nada, Estér. Nem vergonha na cara. Olha o estado que seu pai ficou. Totalmente entristecido lá em cima... Agora vou ter que jogar lençol, travesseiros e talvez até o colchão fora, por causa da nojeira de vocês!
BIA: - A senhora é um poço de preconceito e ignorância.
MARIA HELENA: - E você uma vagabundazinha de quinta categoria, que fica se esfregando com outra mulher na cama de gente decente!
ESTÉR: - Deixa essa louca aí, Bia... Vamos embora.
BIA: - Você vai lá pra casa, Estér. Pode ir e ficar o tempo que precisar.
ESTÉR: - Obrigada pelo apoio, Bia. Obrigada mesmo.
As duas pegam as malas e saem. Maria Helena, sozinha na sala, vibra, gargalhando.
MARIA HELENA: - Eu venci! A casa é minha, da minha família! (ri, vitoriosa) Vai embora, Estér! Vai para o inferno, sua aberração!... Finalmente, não vou ter essa praga pra me atazanar... Nunca mais ela pisa aqui. Nunca mais!
CENA 08. CASA TEREZA. INT. NOITE.
Tereza se aproxima, querendo ficar com Júlio, mas ele recusa.
TEREZA: - Vem, Júlio, vamos lá pra cama. Não tem porque você continuar dormindo aí no sofá.
JÚLIO: - Eu não posso dormir na sua cama, Tereza.
TEREZA: - Mas Júlio, você já dormiu lá tantas vezes... Fizemos amor...
JÚLIO: - Nem sempre foi amor.
Tereza se surpreende.
TEREZA: - Da minha parte, sempre.
JÚLIO: - Infelizmente eu não correspondi.
TEREZA: - Não acredito que estou ouvindo isso de você, Júlio. Todas às vezes eu me entreguei de corpo e alma pra você acreditando que você estava fazendo o mesmo comigo. Agora você me diz que nem sempre era amor?
JÚLIO; - A verdade é que às vezes eu estava com você, Tereza, mas não era o seu rosto que eu via. Não era o seu corpo que eu tocava.
TEREZA: - Era com quem que você fazia amor então, se não era comigo?
JÚLIO; - Era com a Sílvia.
Tereza se mostra surpresa.
JÚLIO: - Eu estou apaixonado por ela, Tereza. A Sílvia é a mulher da minha vida.
TEREZA: - Como eu não pensei nisso antes... Aliás, eu até tinha pensado, mas não queria acreditar.
JÚLIO: - Eu quero ser justo com você, Tereza. Não há porque a gente dormir junto se meu coração não vai estar entregue para você da mesma forma como você quer.
TEREZA: - Você tem razão. Eu que fui uma boba em pensar que, ao meu lado, você esqueceria a Sílvia de vez... Realmente, não há como lutar contra um grande amor.
JÚLIO: - Tereza olha só... (pausa)
TEREZA (interrompe): - Não, Júlio. Não precisa se preocupar comigo. Eu realmente confundi a ajuda que você me deu com a CarioLinda em atração, paixão. Mas ta tudo bem, eu voltei para a realidade... Estou triste sim, mas isso passa. Já superei tanta coisa... Mas não tenho mágoa de você não. Nem da Silvinha. Sinto até uma ponta de felicidade em saber que, depois de tantos anos, um casal apaixonado vai finalmente ficar junto.
JÚLIO: - Tereza...
TEREZA: - Eu só quero que você seja feliz, Júlio. Com a Sílvia ou com qualquer outra pessoa. Só quero que você seja feliz.
Tereza ensaia um sorriso em meio aos olhos marejados.
TEREZA: - Eu sempre vou amar você... Boa noite.
Tereza se retira. Júlio fica pensativo.
CENA 09. APTO VALQUÍRIA. QUARTO / SALA. INT. NOITE.
Valquíria acorda, em sua cama, e percebe que Bruno não está. Ela se levanta e caminha até a sala. Bruno está próximo da janela da sacada, falando ao telefone e não percebe Valquíria.
BRUNO (ao telefone): - Claro, eu sei disso. (pausa) É preciso tomar cuidado mesmo. (pausa) Mas eu sei que você faz tudo direitinho. E do jeito que eu gosto. (pausa) Só você. Só quero você Amál...(pausa)
VALQUÍRIA: - Falando com quem Bruno?
Bruno se surpreende, desliga o telefone rapidamente.
BRUNO: - Ninguém importante. E você, acordada ainda?
VALQUÍRIA: - Eu nem vi você chegar... Agora você anda cheio dos compromissos.
BRUNO: - Coisas do trabalho.
VALQUÍRIA: - Mas a ligação de agora não tem nada a ver com o trabalho, Bruno. Ouvi muito bem você falando todo meloso no telefone... Parece até que era outra mulher.
BRUNO: - E você acha que eu te trocaria por outra mulher? Claro que não!
VALQUÍRIA: - Então deixa eu ver a ligação, Bruno.
BRUNO: - Que bobagem é essa agora, Valquíria? Não vai ver nada.
VALQUÍRIA (grita): - Deixa eu ver, Bruno! Agora!
BRUNO: - Fala baixo! Quer que os vizinhos escutem?
VALQUÍRIA: - Não me interessa os vizinhos! Eu quero saber quem é a vagabunda com quem você fica falando todo melosinho no telefone!
Valquíria tenta pegar o telefone das mãos de Bruno, mas ele consegue segurá-la. Bruno beija Valquíria, que aos poucos se deixa levar.
VALQUÍRIA: - Por que você faz isso comigo?
BRUNO (beijando o pescoço dela): - Porque eu sei que você gosta... E só assim você cala a boca e para de falar bobagem... Eu sou só teu, Valquíria. Só teu.
Os dois vão aos beijos em direção ao quarto. Bruno deita Valquíria na cama e a beija, calorosamente.
CENA 10. TRANSIÇÃO DO TEMPO. AMANHECER / MANSÃO LINHARES. INT. DIA.
Imagens do Rio de Janeiro ao amanhecer. Corta para a mansão dos Linhares. Orestes desce as escadas cabisbaixo. Fernando e Marcinha o aguardam na sala.
MARCINHA: - Não fica assim, vô.
ORESTES: - Tudo bem, Marcinha. Vai passar...
FERNANDO: - Eu ainda não consigo acreditar no que aconteceu ontem.
Maria Helena entra na sala, vindo da sala de jantar.
MARIA HELENA: - Mas é a mais pura verdade. Cena nojenta de se ver... a Estér rolando na cama, seminua com outra mulher.
ORESTES: - Me doeu tanto em ter que mandar a minha filha embora daqui. Da casa onde ela cresceu, viveu.
MARIA HELENA: - Você fez foi muito bem, Orestes! A Estér não poderia continuar com as promiscuidades dela aqui dentro! Ainda mais na nossa cama!
FERNANDO: - Deixa a poeira baixar, papai. Com o tempo, vocês vão se entender.
MARIA HELENA (a si mesma): - Se depender de mim, nunca.
ORESTES: - É, talvez... Agora vamos para a empresa. Lá eu me distraio com o trabalho e esqueço dos problemas da vida.
MARCINHA: - Tchau vovó!
MARIA HELENA: - Tchauzinho!
Fernando, Orestes e Marcinha saem.
MARIA HELENA: - A Estér não volta pra essa casa nem que seja como empregada. Lésbica. Nojenta.
CENA 11. APTO BIA. INT. DIA.
Estér e Bia conversam na sala do apto de Bia. O local é amplo e moderno, com móveis brancos. O sofá, com almofadas coloridas, dão o toque mais leve ao ambiente. Estér está deitada no sofá, abraça em uma das almofadas. Bia está sentada em um puff grande, próxima.
BIA: - Você não vai para a empresa?
ESTÉR: - Estou sem ânimo para ver o rosto do meu pai. Não só dele... Meu irmão, minha sobrinha. Devem estar pensando o quê de mim?
BIA: - Não pensa nisso agora não, Estér.
ESTÉR: - A Maria Helena deve ter feito a minha caveira pra família toda... Ai que ódio que eu tenho dessa mulher.
BIA: - Não fala assim... Não faz bem guardar sentimentos ruins.
ESTÉR: - Sabe, ontem, eu demorei pra dormir.
BIA: - Eu percebi. Vi que você se mexia bastante na cama.
ESTÉR: - Eu fiquei pensando e... Por um momento me passou pela cabeça que aquele flagra pudesse ter sido armado.
BIA: - Armado?
ESTÉR: - A Maria Helena tinha insistido tanto para sair à noite, coisa que ela nunca faz. E aí eles voltam mais cedo e nos flagram. Ela fez todo o showzinho, meu pai se impressionou ainda mais e me expulsou de casa...
BIA: - Nossa, Estér. Isso já é além da imaginação, não acha?
ESTÉR:- Bia, a Maria Helena nunca me aceitou. Ela nunca respeitou o fato de eu ser homossexual. Ela sempre me quis ver longe da mansão. Quantas brigas nós já tivemos... Talvez eu possa estar mesmo exagerando, mas... Que ela tem um dedo, ou melhor, a mão inteira nessa história, isso ela tem. E eu vou descobrir.
CENA 12. BAR DO NOEL. INT. DIA.
(fade in “Feitiço da Vila” – Noel Rosa) Sandra visita Janice e Alceu.
JANICE: - Fique à vontade, Sandra!
SANDRA: - Obrigada, Janice!... Nossa, que bacana o bar de vocês!
ALCEU: - Modéstia a parte, é o melhor de Vila Isabel.
JANICE: - E você chegou bem na hora do petisco! Acabei de tirar uns bolinhos de feijão do fogão!
SANDRA: - Bolinho de feijão?
ALCEU: - Deixa que eu pego, Janice. Você vai adorar, Sandra!
Alceu se afasta.
SANDRA: - E Karina, onde está?
JANICE: - Daqui a pouco ela chega por aqui. Logo logo ela vai pro restaurante... Essa menina dá duro, viu? Trabalha o dia todo lá no Prato Cheio, depois de noite, estuda num cursinho... Às vezes fica na casa de uma amiga, mas tem dias que eu nem vejo ela chegar em casa.
SANDRA: - Karina é uma moça de ouro! É raro ver pessoas assim hoje em dia.
Alceu retorna com uma bandeja de bolinhos de feijão.
ALCEU: - Prove aqui, dona Sandra. Veja que belezura!
Sandra prova o bolinho.
SANDRA: - Que delícia! Meu Deus! Janice, eu quero essa receita!
Neste instante, Karina chega ao bar e se surpreende ao ver Sandra.
KARINA: - Sandra?
JANICE: - Viu só, filha? A Sandra veio nos visitar!
SANDRA: - E já estou provando os quitutes do bar!
KARINA: - Sandra... Você, tão fina, aqui no bar...
SANDRA: - O que tem de mais, Karina? Nada a ver... O Bar do Noel é um ótimo lugar. To pensando em até trazer o Tarso aqui, Aline, Vitinho, Talles. Um happy hour em família.
ALCEU: - Faz muito bem!
KARINA: - Bom gente, eu to indo pro restaurante.
SANDRA: - Te dou uma carona. To indo pro shopping. Passei mesmo só pra conhecer o bar e visitar seus pais.
JANICE: - Obrigada pelo carinho!
ALCEU: - E apareça mais vezes!
KARINA: - Tchau pai, mãe... Vamos Sandra.
Karina e Sandra saem. (fade out trilha)
JANICE: - Karina fala como se tivesse vergonha da gente.
ALCEU: - Não é nada... A dona Sandra até adorou o bolinho de feijão! (risos)
CENA 13. CASA SÍLVIA. INT. / EXT. DIA.
(sobe trilha “Dura na Queda” – Elza Soares) Sílvia faz faxina na casa, organiza os móveis, tira o pó. A campainha toca. (fade out trilha) Ela abre a porta. É Mauro.
SÍLVIA: - Mauro?
MAURO: - Oi Sílvia... Posso entrar?
SÍLVIA: - Claro. Só não repare na bagunça. Dia de faxina, sabe como é...
Mauro entra na sala.
SÍLVIA: - E então, quer alguma coisa?
MAURO: - Quero sim.
SÍLVIA: - Água, suco? Tem café fresquinho também...
MAURO: - Quero que você venha almoçar comigo. Topa?
SÍLVIA (surpresa): - Almoçar com você? Mas eu nem estou arrumada...
MAURO: - Não tem problema. Eu espero você se arrumar e a gente sai.
SÍLVIA: - Desculpa, Mauro, mas acho melhor (pausa)
MAURO (interrompe): - Por favor, Sílvia. Depois de tudo o que aconteceu, eu preciso de alguém pra conversar, trocar uma ideia... Aceite meu convite. Como amigos.
SÍLVIA: - Tudo bem... Eu também estou precisando me distrair um pouco. Eu vou me arrumar e prometo que não demoro!
Mauro fica aguardando na sala.
Do lado de fora, Júlio vai se aproximando da casa de Sílvia.
JÚLIO: - Agora eu dou a notícia para a Sílvia e a gente vai poder, finalmente, viver juntos e felizes. Sem ninguém para impedir... bom que a Tereza compreendeu. Agora o caminho está livre!
Júlio segue caminhando quando percebe o carro de Mauro em frente à casa de Sílvia.
JÚLIO: - Esse carro...
De repente, Sílvia sai de casa, toda produzida, acompanhada de Mauro. Os dois sorridentes. Mauro abre a porta do carro para Sílvia, que entra sem ver Júlio. Mauro entra no carro em seguida e os dois saem. Júlio fica sem reação.
JÚLIO: - A Sílvia e o Mauro?
Júlio percebe alguém se aproximando. Ele vira, de repente.
LAERTE: - Eu também fiquei surpreso quando vi os dois juntos.
JÚLIO: - Do que você está falando, Laerte?
LAERTE: - Do mais novo casal do Rio de Janeiro. Sílvia e Mauro.
JÚLIO: - Impossível.
LAERTE: - Outro dia mesmo, eu vim falar com ela de noite e vi os dois, abraçadinhos no meio da sala. A Sílvia disse que são só amigos, mas pelo olhar do ricaço pra ela, só for amizade colorida.
JÚLIO: - Você não sabe o que está falando...
LAERTE: - Claro que eu sei! Esqueceu que eu fui trocado por ela? Sei bem o que você está sentindo aí dentro do peito, Júlio. É uma sensação incômoda saber que a mulher que você ama está saindo com outro cara. Está gostando de outro homem... E justo a Silvinha... Se fez de santa pra mim, pra você e agora está com um dos homens mais ricos da cidade.
JÚLIO: - Chega, Laerte! Não quero ouvir mais nada!
LAERTE: - Tudo bem... Então vai lá, corre atrás dela. Vamos ver se ela vai deixar o milionário para ficar com você, que assim como eu, não tem onde cair morto. Esquece, Júlio. A Silvinha não quer saber de você também.
Laerte se afasta. Júlio fica pensativo, entristecido.
CENA 14. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. DIA.
Mauro e Sílvia estão em uma mesa próxima da janela, sentados um de frente para o outro.
MAURO: - Venho neste restaurante há anos.
SÍLVIA: - Eu nunca vim. É um lugar muito bonito e agradável.
Durval se aproxima.
DURVAL: - Mauro! Quanto tempo!
MAURO: - É mesmo, Durval! Como você está?
DURVAL: - Muito bem... Restaurante sempre movimentado, clientes satisfeitos... E feliz pelo meu filho e por sua irmã.
MAURO: - É verdade. Guilherme é um rapaz muito legal. A Celeste está muito feliz com ele.
SÍLVIA: - Então você é o famoso Durval.
DURVAL: - Sou tão famoso assim? (risos)
SÍLVIA: - Me chamo Sílvia. Sou amiga da Tereza Sampaio. Ela sempre fala muito de você.
DURVAL: - Tereza! Claro! Grande amiga... É outra que me deve uma visita... Fique à vontade, Sílvia. Já fizeram os pedidos?
MAURO: - Já sim, obrigado.
DURVAL: - Com licença.
Durval se afasta.
MAURO: - É por isso que eu sempre venho aqui. A receptividade é incrível.
SÍLVIA: - É mesmo.
MAURO: - Mas Sílvia, aproveitando que estamos juntos aqui. Eu queria te fazer uma proposta.
SÍLVIA: - Proposta?
Do lado de fora do restaurante, passando na calçada, Rosana caminha contando dinheiro.
ROSANA: - Vou almoçar aqui mesmo no Prato Cheio. Vou gastar um bom dinheiro, mas pelo menos vou comer bem. Comer de favor na casa dos outros é humilhação demais... (contando dinheiro) Cinquenta, sessenta... E comer ouvindo a Selma falando abobrinha é pior ainda... Bom, acho que dá.
Antes de entrar no restaurante, Rosana vê Mauro e Sílvia juntos.
ROSANA (incrédula): - Não pode ser!
Pelo vidro, Rosana vê Mauro colocando sua mão sobre a mão de Sílvia.
MAURO: - E então, o que você acha?
SÍLVIA: - Eu preciso pensar, Mauro. A CarioLinda voltou faz pouco tempo. Sair assim de lá...
MAURO: - Você é uma ótima profissional, Sílvia. E ironicamente, deu ótimos frutos para a Gonzales Fashion sem nem estar lá dentro. Tenho certeza que agora, com você à frente de tudo, podemos retomar o nosso espaço. E você vai crescer ainda mais.
Rosana se aproxima dos dois.
ROSANA: - Não bastou me entregar pro Mauro, agora você quer o meu lugar na GF, Sílvia?!
Sílvia e Mauro se surpreendem.
MAURO: - Rosana?!
ROSANA: - Surpreso em me ver, Mauro? Pois fique você sabendo que eu estou mais surpresa que você... A gente mal se separou e você já vai se encontrar com uma piranha!
SÍLVIA (levanta-se): - Eu não admito que você fale assim comigo!
MAURO (levanta-se): - Por favor, olhem o escândalo!
ROSANA (grita): - Deixa! Deixa as pessoas ouvirem, verem!... O povo precisa saber quem é o verdadeiro empresário que manda a mulher embora numa noite e almoça com a amante no outro dia!
SÍLVIA: - Para de falar bobagem, Rosana! Eu e o Mauro somos apenas amigos!
ROSANA: - Você é uma interesseira, Sílvia... Agora sim, caiu a minha ficha! Você sempre quis estar no meu lugar! Sempre! Conseguiu me tirar da empresa, agora dá em cima do Mauro... Tá aí. A falsa nessa história toda é você, sua sem vergonha!
Rosana dá um tapa no rosto de Sílvia. Mauro segura Rosana. Durval, Gaby, Heloísa e Karina se aproximam.
DURVAL: - Por favor, sem brigas aqui no meu restaurante.
KARINA: - Sílvia? Apanhando desse jeito?
GABY: - Bah, Karina, ela é a estilista da grife que eu desfilei no Rio Moda... Tu conhece essa mulher?
KARINA: - Mora lá perto de casa... Toda cheia da razão, mas almoçando com o marido da outra...
HELOÍSA: - Vocês duas aí, Gaby e Karina, circulando. Sem fofoquinhas... E vocês aí, brigonas, pode parar com o show!
ROSANA: - Me solta Mauro! Eu quero acabar com essa infeliz! Foi ela que destruiu o nosso casamento!
MAURO: - Para, Rosana! Chega de escândalo! O nosso casamento acabou por culpa sua, só sua! A Sílvia foi quem me fez enxergar o quanto você tinha me enganado esse tempo todo.
SÍLVIA: - Você não vale nada, Rosana. Nada.
Rosana encara Sílvia e Mauro e aos poucos, todos os outros ao seu redor. As pessoas ficam olhando para ela.
ROSANA: - Você queria o meu lugar, Sílvia... Você sempre quis. Tudo bem... Tudo bem... Se for guerra que você quer, é guerra que você vai ter.
Rosana vai embora.
HELOÍSA (aos demais clientes): - O show acabou pessoal. Podem voltar para as suas refeições. (aproxima-se de Durval) Gente rica adora um barraco né?
DURVAL: - Heloísa, por favor...
HELOÍSA: - Pode cobrar um adicional pra esse Mauro aí. Por pouco a gente não perde cliente por causa desse bafafá todo...
Durval e Heloísa saem. Sílvia e Mauro sentam-se.
MAURO: - Desculpa, Sílvia...
SÍLVIA: - Não precisa pedir desculpa não. Você não tem culpa nada, Mauro. A Rosana que é uma desequilibrada.
MAURO: - Seu rosto está vermelho...
SÍLVIA: - Eu vou até o banheiro, passo uma água. Vai ficar tudo bem.
MAURO: - Se você quiser, a gente pode ir embora.
SÍLVIA; - Não mesmo. Você me convidou para almoçar para termos um momento de descanso... E vamos ter. A Rosana não pode atrapalhar a nossa vida dessa forma. Eu vou ao banheiro e volto logo.
Sílvia sai. Mauro sorri pra ela, em seguida, fica pensativo.
CENA 15. AGÊNCIA CLASSIC. INT. DIA.
Fábio conversa com Marília.
FÁBIO: - Só assinar esses papéis aqui e pronto.
MARÍLIA (assinando os papéis): - Tantas coisas para resolver na agência. To precisando de umas férias.
FÁBIO: - Precisa mesmo descansar.
MARÍLIA: - O Bruno também me falou isso.
FÁBIO: - Posso te perguntar uma coisa, Marília, na boa?
MARÍLIA; - Claro.
FÁBIO: - Você ama mesmo o Bruno?
MARÍLIA: - Nossa, Fábio, que pergunta...
FÁBIO; - Ama ou não?
MARÍLIA: - Eu gosto muito do Bruno, ta legal?
FÁBIO: - Não ama.
MARÍLIA: - Por que você quer saber isso, Fábio?
FÁBIO; - É que durante todo esse tempo em que a gente está trabalhando junto, eu nunca vi você assim, tão pra baixo.
MARÍLIA: - E o que isso tem a ver com o Bruno?
FÁBIO: - Marília, você trabalha com o coração. É notório a diferença de quando você estava com o Fernando e agora com o Bruno. Sabe aquela aura, aquela alegria? Simplesmente estão esmaecidas em você.
MARÍLIA: - Mas o que você quer que eu faça?
FÁBIO: - Eu quero que você faça o que o seu coração está pedindo. E eu tenho certeza, pelo o que eu conheço você, que seu coração não está pedindo pelo Bruno.
MARÍLIA: - Mas Fábio, o Fernando disse naquela gravação que não me amava, que eu era só um brinquedo!
FÁBIO: - Será mesmo, Marília? Eu não consigo acreditar que o Fernando seria capaz de uma coisa daquelas.
MARÍLIA: - Mas ele foi. E me machucou muito...
Neste instante, Paula entra na sala.
PAULA: - Lista de modelos para o lançamento da coleção da Áurea Calçados.
MARÍLIA: - Não acredito!
FÁBIO: - Até o seu trabalho chama pelo Fernando... (risos)
MARÍLIA: - Para Fábio!...
PAULA: - E então?
MARÍLIA: - Vem, vamos trabalhar, fazer o quê...
FÁBIO: - Não, antes vamos almoçar. To morrendo de fome.
PAULA: - Eu também.
MARÍLIA: - Tá certo. Vamos ao japonês aqui perto?
PAULA: - Fechado.
Os três saem.
CENA 16. CASA SÍLVIA. INT. DIA.
Melissa chega a casa, procura por Sílvia.
MELISSA: - Mãe?
Percebendo que Sílvia não está em casa, Melissa liga o som. Rock pesado. Ela dança na sala, quando a campainha toca.
MELISSA: - Bem na hora que eu ia aumentar o volume.
Melissa desliga o som e atende a porta. É Rosana.
MELISSA: - Rosana! Entra!
ROSANA (entrando): - Que bom que eu encontrei você em casa, Melissa. Preciso ter uma conversa muito séria com você.
MELISSA: - Eu também queria falar com você, Rosana. Desculpa pela burrada da minha mãe ontem. Ela deveria ter deixado você ficar, pelo menos em consideração por tudo o que passamos em Nova York e (pausa)
ROSANA (interrompendo): - Tá bom, ta bom. Eu já entendi.
MELISSA: - Então, o que você tem para falar comigo.
ROSANA: - Eu vou ser direta, Melissa, porque não sou mulher de fazer rodeios.
MELISSA: - Fala então.
ROSANA: - A sua mãe e eu nos conhecemos há muito tempo. Há anos.
MELISSA: - É, eu já percebi. E pelo visto, não se dão muito bem.
ROSANA: - Nos dávamos, mas aconteceram algumas coisas que fizeram com que a gente brigasse. Principalmente um segredo, guardado a sete chaves entre nós duas.
MELISSA: - Segredo?
ROSANA: - Sim. Segredo... Melissa, a Sílvia não é sua mãe.
Melissa fica em choque.
MELISSA: - Do que você está falando, Rosana?
ROSANA; - A Sílvia não é sua mãe. Ela apenas criou você junto com o Laerte, que também não é o seu pai.
MELISSA: - Por que você está me contando essas coisas, Rosana?!
ROSANA: - Eu estou te contando isso porque achei que já era hora de você saber que a sua mãe... Sou eu.
Melissa se surpreende.
ROSANA: - Eu sou sua mãe biológica, Melissa.
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