ROSANA: - A sua mãe e eu nos conhecemos há muito tempo. Há anos.
MELISSA: - É, eu já percebi. E pelo visto, não se dão muito bem.
ROSANA: - Nos dávamos, mas aconteceram algumas coisas que fizeram com que a gente brigasse. Principalmente um segredo, guardado a sete chaves entre nós duas.
MELISSA: - Segredo?
ROSANA: - Sim. Segredo... Melissa, a Sílvia não é sua mãe.
Melissa fica em choque.
MELISSA: - Do que você está falando, Rosana?
ROSANA; - A Sílvia não é sua mãe. Ela apenas criou você junto com o Laerte, que também não é o seu pai.
MELISSA: - Por que você está me contando essas coisas, Rosana?!
ROSANA: - Eu estou te contando isso porque achei que já era hora de você saber que a sua mãe... Sou eu.
Melissa se surpreende.
ROSANA:
- Eu sou sua mãe biológica, Melissa.
CENA 01. CASA SÍLVIA. INT. DIA.
Continuação do capítulo anterior. Rosana revela para Melissa que é sua mãe biológica. Melissa fica em choque.
MELISSA: - Como é que é? Você?! Minha mãe?!
ROSANA: - Eu sei que você deve estar confusa... Mas eu acho que a Sílvia já te enganou demais, escondendo a sua verdadeira história.
MELISSA: - Não posso acreditar... (sorri, feliz) Rosana! Você é minha mãe!... Como eu sempre quis!
ROSANA (surpresa): - Como você sempre o quê?
MELISSA: - Você é a minha mãe! Eu sempre quis isso... Olhava você na TV, nas revistas e ficava querendo ser como você, ter esse glamour que você tem. Quando eu finalmente consegui me aproximar de você, na GF, já tinha achado que aquele era o meu grande êxito na vida... Mas agora, você me vem com essa notícia maravilhosa e (pausa) Eu não posso acreditar!... Esse é o dia mais feliz da minha vida!
Melissa abre os braços e se aproxima para abraçar Rosana, que se esquiva da garota. Melissa estranha.
ROSANA: - Dia mais feliz?! (ri, debochada) Você não pode ser normal...
MELISSA: - Você não vai abraçar sua filha?
Rosana muda expressão. Fica séria. (sobe trilha “Infiltrado” – Bajofondo) Rosana encara Melissa.
ROSANA: - Você chega a ser patética com esse sentimento de adoração.
MELISSA: - Pensei que você estivesse feliz em saber que eu sou sua filha e que agora nós podemos viver juntas e (pausa)
ROSANA (interrompe): - Esquece, Melissa! Eu nunca quis ser mãe! Nunca quis ter filhos, nada dessa porcaria de milagre da natureza! Acorda!
MELISSA (chocada): - Você não me queria?!
ROSANA: - Jamais!
MELISSA: - E me teve por que então?
ROSANA: - Você foi uma das minhas chances de chegar aonde eu queria, Melissa, só isso. E isso porque eu fui esperta! Se eu tivesse feito aquilo que era a minha primeira, e até então única opção, nós não estaríamos aqui tendo essa conversa chata.
MELISSA: - Você ia me abortar?! Mas quanta crueldade!
ROSANA: - Me poupe, Melissa!... Entre ser mãe de uma filha de um pé rapado, presidiário e ter uma vida de luxo e riqueza, com qual opção você ficaria? Você não é tão trouxa assim.
MELISSA: - Era a minha vida que estava em jogo!
ROSANA: - Era a minha vida! (grita) A minha vida!... Você não estava nos meus planos, Melissa. Nunca esteve... Até que a Sílvia, com seu coração de Madre Tereza, resolveu ficar com você pra mim.
MELISSA: - E você aceitou...
ROSANA: - Óbvio! Só que lógico, não de graça... Ela ficava com você, cuidando como filha, enquanto eu curtia tudo do bom e do melhor da alta sociedade carioca... A Sílvia desenhava tudo o que eu queria, eu apresentava na GF como se fossem meus. Em troca, ela cuidava de você e recebia uma boa mesada por isso. Simples. Essa é a sua história.
MELISSA: - Vocês ficaram brincando de troca de favores comigo, é isso?
ROSANA: - E olha que você foi uma bela moeda de troca, sabia?... Me rendeu tanto!... Pensando por esse lado, foi ótimo ter tido você. Mas só por esse lado.
MELISSA: - E a minha mãe, a Sílvia, nunca me falou nada!... Nem meu pai.
ROSANA: - Quando você diz “pai”, você se refere ao Laerte?
Melissa acena com a cabeça. Rosana ri.
ROSANA: - Ai, isso aqui ta muito bom.
MELISSA: - Eu não vejo graça nisso!
ROSANA: - Eu vejo... Como é fácil brincar com a vida de alguém, meu Deus!... O seu pai mesmo, é o Júlio. Acho que você conhece.
MELISSA: - O Júlio, da CarioLinda?
ROSANA: - Esse mesmo! Esse canalha. Sabia que seu pai é um ex-presidiário, criminoso? Ah, assassino... Nossa Melissa, a única coisa boa no seu DNA sou eu mesmo, porque se você for ver pelo lado do Júlio, não há nada que se possa aproveitar.
MELISSA: - Já chega! (grita) Já chega!
ROSANA: - Vai gritar com a sua mãe? Pelo visto, a Sílvia não soube te educar bem.
MELISSA: - Você não é minha mãe, a Sílvia não é minha mãe... Eu já nem sei mais nada!
ROSANA: - Então fica aí pensando, enquanto eu vou indo nessa... Não tenho paciência para crises existenciais de adolescentes.
MELISSA: - Você é tão fria, Rosana.
ROSANA: - Eu adoro a minha frieza. Foi com ela que eu cheguei aonde cheguei. Agora vendo você aí, choramingando... Só reforça a minha tese de que valeu a pena não ter ficado com você. Na minha vida, não tem espaço pra gente fraca.
Rosana vai embora. Melissa fica a chorar na sala. (fade out trilha “Infiltrado” – Bajofondo)
CENA 02. CLÍNICA MÉDICA. INT. DIA.
Guilherme, Leocádia e Celeste estão sentados em poltronas, na sala de espera de uma clínica médica. O ambiente é claro, tons pastéis, agradável. Celeste segura à mão de Guilherme, um tanto nervosa.
LEOCÁDIA: - Não precisa ficar nervosa, filha.
CELESTE: - Estou com medo do que ela possa me dizer, mamãe.
GUILHERME: - A doutora só vai te ajudar, amor. Só isso.
A secretária (de uniforme verde claro, cabelos escuros, presos, cerca de 20 anos) atende ao telefone.
SECRETÁRIA (ao telefone): - Tá certo pode deixar. (desliga) Celeste Gonzales?
CELESTE: - Sou eu.
SECRETÁRIA: - A doutora Marcela está te esperando.
LEOCÁDIA: - Nós podemos acompanhar a consulta?
SECRETÁRIA: - Claro. Podem vir.
A secretária acompanha Celeste, Guilherme e Leocádia até a sala da doutora. Os três entram no local e são recepcionados por uma mulher (magra, loira, 35 anos, cabelos ondulados).
LEOCÁDIA: - Doutora Marcela.
DRA. MARCELA (simpática): - Olá, bem-vindos. Sentem-se.
Os três se acomodam no consultório. Dra Marcela senta-se em sua cadeira.
DRA MARCELA: - Deduzo que você seja Celeste.
Celeste sorri, um tanto sem jeito.
DRA MARCELA: - Não precisa ficar envergonhada não, Celeste. Estamos aqui para conversar e te ajudar.
LEOCÁDIA: - O Guilherme é namorado da minha filha. Foi ele quem nos convenceu a buscar um auxílio para... Para essas crises da Celeste.
DRA MARCELA: - Fez muito bem, Guilherme.
GUILHERME: - Eu achei que era preciso... Eu tinha um amigo que tinha atitudes muito parecidas com o que a Celeste tem.
DRA MARCELA: - E o que é que você tem, Celeste?
CELESTE: - Eu não sei se quero falar.
LEOCÁDIA: - Como não, Celeste? Você precisa conversar com a doutora.
CELESTE: - Eu sei, mas não quero falar... Isso é coisa minha, só minha... (fala baixo) Estou com vergonha.
DRA MARCELA: - Claro. Vamos com calma... Celeste, você se sente incomodada com isso?
CELESTE: - Isso o quê?
DRA MARCELA: - Com essas “crises” que seu namorado, que sua mãe dizem que você tem... Isso te incomoda?
CELESTE: - Incomoda. Mas não faço isso porque quero. É para me proteger.
DRA MARCELA: - Proteger do quê, exatamente?
CELESTE: - Das coisas... De tudo. Do sofrimento, da solidão. E se eu não fizer o que eu preciso fazer, alguma tragédia acontece e eu não quero isso. Não quero!
GUILHERME: - Calma amor...
DRA MARCELA (a Leocádia): - Desde quando esse tipo de situação vem acontecendo?
LEOCÁDIA: - Pra falar a verdade, a culpa é minha, doutora. Eu é que nunca quis admitir que minha filha precisava de ajuda... Essas crises da Celeste já vêm desde criança. Ela não é minha filha biológica. É adotada...
(sobe trilha “Minha Rainha” – Luiz Melodia) Enquanto Leocádia conversa com a doutora, Guilherme abraça Celeste, que recosta a cabeça em seu ombro.
GUILHERME: - Estou aqui com você, ta bem? Vai ficar tudo bem...
Celeste esboça um sorriso, confortada por Guilherme.
(fade out trilha “Minha Rainha” – Luiz Melodia)
CENA 03. RESTAURANTE PRATO CHEIO. INT. DIA.
Sílvia e Mauro terminam o almoço.
SÍLVIA: - O almoço estava delicioso.
MAURO: - Sabia que você ia gostar.
SÍLVIA: - E gostei mesmo. Do cardápio, do ambiente. Esse restaurante é muito bom. Virei mais vezes, com certeza.
MAURO: - Pena a Rosana aqui, fazendo aquele escândalo...
SÍLVIA: - Não pense nela agora, Mauro. Deixa pra lá.
MAURO: - Tem razão... Mas então, você ainda não me disse se aceita a minha proposta. Vai ser a nova estilista da Gonzales Fashion?
SÍLVIA: - Mauro, eu nem sei o que dizer. Eu me sinto muito honrada com o convite, mas eu não posso aceitar. Pelo menos agora.
MAURO: - Mas... (pausa)
SÍLVIA (interrompe): - Eu acabei de assumir o compromisso de trazer a CarioLinda de volta e estamos tendo resultados ótimos. Eu preciso terminar esse ciclo para depois pensar no próximo, entende?
MAURO: - Entendo, claro.
SÍLVIA: - Mas eu prometo pensar na sua proposta, com certeza.
MAURO (coloca a mão sobre a de Sílvia): - Eu sei que você vai pensar. E estou confiante na resposta positiva.
Sílvia, delicadamente, retira sua mão, sorri para Mauro, graciosa.
SÍLVIA: - Você sempre tão gentil.
MAURO: - Já diz o ditado: “Gentileza gera gentileza”. Faz bem.
Os dois sorriem um para o outro.
CENA 04. ESCOLA DE DANÇA CORPO E ALMA. INT. DIA.
André e Paula ensaiam uns passos de dança. Entre um passo e outro, flertam, paqueram. Paula se afasta, desliga o som.
PAULA: - Estou exausta!
ANDRÉ: - Mas nós nem dançamos!
PAULA: - Realmente, não dançamos. Você fica querendo me beijar!... (risos)
ANDRÉ: - Eu fico com saudade de você, oras! A gente só se vê aqui na escola de dança.
PAULA: - E sorte a sua que eu consegui vir agora. Aproveitei que estava almoçando com a Marília e pedi uma folga.
ANDRÉ: - Folgando no serviço pra ficar comigo é? Tá mesmo apaixonada... Nem parece aquela turrona de antes. (risos)
PAULA: - Vai rindo, vai... Estou na verdade te ajudando! Não foge do foco! Estamos ensaiando para a apresentação que você vai fazer, lembra?
ANDRÉ: - Como é que eu vou esquecer? Finalmente vou mostrar para o meu pai que meu negócio não é terno, gravata e escritório e sim (abraça Paula, deitando-a em seus braços) os passos da música!
PAULA: - Gostei de ver!
ANDRÉ: - Até posso usar terno e gravata. Desde que seja para dançar um tango!
André beija Paula. Raquel chega bem na hora.
RAQUEL: - Não sabia que a minha escola de dança era também um point de namoro! (risos)
Paula e André se recompõem.
PAULA: - Foi ele quem começou!
ANDRÉ: - E você bem que gostou... (risos)
RAQUEL: - Eu só quero dizer uma coisa quanto a isso... No casamento, eu exijo ser a madrinha!
Valquíria se aproxima.
VALQUÍRIA: - Casamento? Festa? Tô dentro!
RAQUEL: - Val? Por onde você entrou, mulher? Acabei de chegar e não vi você!
VALQUÍRIA: - Cheguei logo atrás de você.
PAULA: - Vamos indo, André?
Raquel flagra André e Paula aos beijos.
ANDRÉ: - Vamos sim. Dançar dá fome... To louco por um fast food!
PAULA: - Eu não vou comer, mas acompanho num suco...
Paula e André se despedem de Valquíria e Raquel.
VALQUÍRIA: - Seus alunos?
RAQUEL: - Sim, mas não estavam em aula não. Estão ensaiando para uma ocasião especial.
VALQUÍRIA: - Bacana. E falando em ocasião especial, estou aqui para te entregar isso.
Valquíria entrega o convite da exposição para Raquel.
RAQUEL: - Nossa amiga! Que legal!
VALQUÍRIA: - É o primeiro! E é seu!
RAQUEL: - Nem precisava de convite! Eu estaria lá mesmo assim. (abraça Valquíria) Obrigada!
VALQUÍRIA: - Você, Adônis, Diogo, Marcinha. Toda família está convidada.
RAQUEL: - Iremos com certeza. Não sei quanto ao Diogo. Ele anda meio rebelde com o pai, mas eu vou insistir um pouquinho. Estaremos lá para te prestigiar.
CENA 05. CLÍNICA MÉDICA. INT. DIA.
Dra Marcela conversa com Leocádia, Guilherme e Celeste.
DRA MARCELA: - Depois de todos esses relatos que vocês me deram, eu não posso agora dizer com cem por cento de certeza o diagnóstico da Celeste. Mas pela minha experiência como médica psicóloga e psiquiatra, posso dizer que a Celeste carrega consigo fortes indícios de um transtorno obsessivo-compulsivo. Esse transtorno é popularmente conhecido como TOC.
GUILHERME: - Eu já li algumas coisas a respeito. E por isso desconfiava que o comportamento da Celeste pudesse ter alguma relação com o TOC.
CELESTE: - E o que é o TOC exatamente, doutora? Por que eu tenho isso?
DRA MARCELA: - Bem, os fatores que levam você a ter o TOC são muitos e aí é preciso ter uma análise mais aprofundada sobre a sua vida... Até mesmo sua herança genética, o que pode complicar um pouco não é? Já que você foi adotada, morava em um lar de crianças abandonadas, enfim.
LEOCÁDIA: - A senhora acha que o fato dela ter vindo desse lugar proporcionou o TOC?
DRA MARCELA: - Não. Acredito que isso não seja um fator primordial, mas não podemos descartar nenhuma possibilidade... O TOC é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade, onde o paciente realiza, digamos assim, rituais, para cessar a sua ansiedade, que pode ser causada por diversos fatores, geralmente por medo, manias de organização, preocupação excessiva com a higiene... O paciente, para cessar essa ansiedade, acaba fazendo esses rituais que para as outras pessoas soa estranho, mas se ele não fizer, alguma coisa ruim pode acontecer.
GUILHERME: - Lembra, dona Leocádia, da última crise da Celeste?... (a doutora) Ela dizia que o irmão dela iria morrer se não fizesse as coisas.
DRA MARCELA: - Então, esse tipo de situação é um dos sintomas do TOC. Medo de que algo terrível possa acontecer, principalmente com pessoas próximas. (a Celeste) Você sente isso às vezes?
CELESTE: - Sinto. E isso me deixa muito mal.
DRA MARCELA: - Eu imagino, Celeste. A pressão psicológica é grande e acaba fazendo com que o paciente perca o controle de suas ações, repetindo os rituais, que acabam, muitas vezes, atrapalhando sua vida pessoal, social.
LEOCÁDIA: - Ela nem tem ido mais ao trabalho e nem para a faculdade.
GUILHERME: - E como faz para tratar isso, doutora? Meu amigo tomava remédios...
DRA MARCELA: - O tratamento para o transtorno obsessivo-compulsivo pode ser através de medicamentos ou não. Os medicamentos são antidepressivos inibidores da receptação de seretonina. A seretonina é uma substância que faz a transmissão de dados entre os neurônios no cérebro. Quando ela tem sua função alterada, ela acaba trazendo alguns problemas. O TOC pode ser um deles, pois os neurônios não se comunicam normalmente, fazendo com que a mensagem não seja captada e o paciente continue com aquela sensação de insatisfação, inoperância, sem a confirmação de que o que ele está fazendo é correto, é certo ou é suficiente... Mas o tratamento também pode ser realizado através de terapia cognitivo-comportamental. Ela não exige medicamentos e também apresenta bons resultados no tratamento.
LEOCÁDIA: - O que nós pudermos fazer para ajudar a minha filha, faremos doutora.
DRA MARCELA: - É bom mesmo que toda família esteja a par do tratamento e da situação em que a paciente se encontra. Esconder o problema não é bom. É preciso ajudar a Celeste a superar esses medos. Só assim ela vai conseguir levar uma vida mais tranquila e segura de si.
CENA 06. CASA SÍLVIA. INT. DIA.
Sílvia chega a casa e encontra Melissa entristecida, sentada no sofá.
SÍLVIA: - Oi filha! Desculpa eu saí e nem avisei você. Mas tinha comida pronta e (pausa / vê Melissa triste) O que foi filha?
MELISSA: - Está me chamando de filha por quê? (encara Sílvia) Você nem é a minha mãe.
Sílvia se choca.
SÍLVIA: - Por que você está falando isso, Melissa? É claro que eu sou sua mãe!
MELISSA (levanta/grita): - Não mente! Não precisa mais mentir!
SÍLVIA: - Melissa, fica calma!
MELISSA: - Você ia esconder essa história de mim até quando hein, Sílvia?
SÍLVIA: - Escuta, Melissa, você precisa se controlar! Está muito nervosa!
MELISSA: - Eu estou é muito magoada. Me sentindo uma boba, um simples objeto de troca... Você escondeu a minha história! Você e a Rosana!
SÍLVIA (surpresa): - A Rosana?! Então a Rosana (pausa)
MELISSA (interrompe): - A Rosana me falou tudo, mãe... Ou melhor, Sílvia. Ela me disse toda a verdade! Tudo o que você foi incapaz de fazer desde o princípio.
SÍLVIA: - Ela não poderia ter feito isso! Não!
MELISSA: - Não podia é? Por quê? Você queria me ter debaixo das suas asas, presa até quando? Queria me manter amarrada a você feito um ventríloquo?!
SÍLVIA: - Não, minha filha...
MELISSA (grita): - Não me chama de filha!
SÍLVIA (firme): - Eu chamo! Eu chamo porque eu sou sua mãe sim!... Eu salvei a sua vida, será que você não enxerga isso?
MELISSA: - Você salvou a sua vida. Fica comigo e ganha uma graninha pra manter a casa...
SÍLVIA: - Não, não! A Rosana explicou o lado dela da história. Eu fiz isso pra proteger você, Melissa! Ela não queria ter você!
MELISSA: - Eu sei. Ela me falou.
SÍLVIA: - E você briga comigo? Com a pessoa que te acolheu, te deu amor, carinho, educação. Que te proporcionou coisas maravilhosas!
MELISSA: - Que escondeu o meu passado, a minha história... Nem o Laerte é meu pai! Eu filha desse Júlio, que é um bandido!
SÍLVIA: - Não fale assim do Júlio!
MELISSA: - É um bandido sim!... Ele matou um homem, sabia? Dirigindo um carro... Você acha que eu estou feliz em saber que meu pai é um assassino?
SÍLVIA: - Você não sabe do que está falando, Melissa.
MELISSA: - E você, como sempre, se achando a dona da razão. Mas você não é, Sílvia. Você não conseguiu dar o seu jeitinho dessa vez. Cansei da sua conversa mole, do seu jeito de fingir que se importa comigo.
SÍLVIA: - Eu me importo sim com você! Eu fiz tanta coisa para ter você comigo. Cuidei tanto de você, Melissa...
MELISSA: - Ainda não sei se fez tudo isso por mim ou por você mesma. Às vezes eu penso que você é tão egoísta quanto a Rosana. Não é a toa que foram tão amigas.
Melissa vai saindo de casa.
SÍLVIA: - Filha, aonde você vai?
MELISSA: - Sair, ficar um pouco sozinha num lugar onde eu consiga pensar. Quero ver se tem mais coisas na minha vida que não sejam mentiras...
Melissa sai. Sílvia se joga no sofá, chorando.
SÍLVIA: - Rosana não deveria ter feito isso... Não!
CENA 07. CASA SELMA E GILSON. QUARTO SELMA. INT. DIA.
Selma está em seu closet, conversando com Rosana.
SELMA: - São tantos vestidos que eu nem sei qual eu vou usar no lançamento da nova coleção da Áurea Calçados.
ROSANA: - É mesmo. São tantas roupas bregas que (pausa)
SELMA (interrompe): - Roupas o quê, querida?
ROSANA: - São tantas roupas bonitas que fica difícil escolher uma.
SELMA: - Com certeza, isso sim!... E você, já escolheu o que vai usar? Passou boa parte do dia fora.
ROSANA: - Não, ainda não pensei. Nem sei se eu vou nessa festa. Não creio que seja de bom tom eu recém separada sair badalando por aí.
SELMA: - Rosana, você e o Mauro não estão separados. É apenas uma crise. Só isso.
ROSANA: - Tem razão, Selma. Só uma crise.
Selma abre a gaveta onde guarda as joias. Rosana fica encantada.
ROSANA (aproxima-se): - Selma! Que joias lindas!
SELMA: - Gostou?
ROSANA: - Você tem um bom gosto incrível!
SELMA: - É mesmo? Nossa, recebendo um elogio assim de você eu fico até lisonjeada!
ROSANA: - Faz assim...
Rosana pega um vestido qualquer no guarda-roupas e um colar na gaveta e entrega para Selma.
ROSANA: - Prova esses... Vamos ver como fica?
SELMA: - Você acha que combina?
ROSANA: - São duas peças lindas! Prova lá!
SELMA (empolgada): - Tá bom, eu vou!
Selma vai para o provador no closet. Rosana aproveita e vasculha a gaveta das joias.
ROSANA: - Gente, nunca vi tanto ouro, tanta pedraria junta!... Se eu pegar alguns ela nem vai perceber...
Rosana pega um colar e uma pulseira (ambos de ouro com pedras preciosas) e coloca dentro de sua bolsa. Ouve barulho de Selma se aproximando e disfarça.
SELMA: - E então, como estou?
ROSANA: - É, não ficou bom como eu pensava... Essa roupa tá estranha em você. Tenta outra. Bom, eu vou indo pro meu quarto, nos falamos depois, tá?
Rosana sai.
SELMA: - Roupa estranha em mim? Será?... Bom, ela é estilista, sabe o que diz. Vou ter que escolher outra.
CENA 08. ESCRITÓRIO GF. INT. DIA.
Mauro conversa com Gilson.
GILSON: - Almoçando com a Sílvia? A estilista da CarioLinda?
MAURO: - Essa mesma...
GILSON: - Não sabia que eram próximos.
MAURO: - Ficamos... Por artimanhas do destino. Foi ela que me mostrou a verdade sobre a Rosana.
GILSON: - Sim, você comentou.
MAURO: - Então. Durante o almoço eu fiz uma proposta para que ela seja a nova estilista da GF.
GILSON: - E ela aceitou?
MAURO: - Disse que ia pensar, que já estava comprometida com o projeto da CarioLinda... Mas eu estou confiante. Acho que futuramente vamos fechar.
GILSON: - Isso é ótimo! Essa mulher é um talento!
MAURO: - E finalmente ela vai poder mostrar sua cara como dona do trabalho na Gonzales Fashion. Coisa que aquela bandida da Rosana não deixou. Acredita que ela apareceu lá no restaurante e armou um escândalo? Rosana não tem limites!
GILSON: - Mauro, eu preciso te contar uma coisa.
MAURO: - O que foi?
GILSON: - A Rosana... Ela está hospedada lá em casa.
MAURO: - Como é que é?! Mas você não pode fazer isso!
GILSON: - A Selma insistiu muito. Ela é muito amiga da Rosana... Eu hesitei, mas não posso brigar com a Selma. E a Rosana não tinha para onde ir.
MAURO: - Ela que fosse para o fim do mundo!...
GILSON: - Eu sou seu amigo e achei melhor te contar, mesmo que isso te deixe chateado. Mas eu também não quero confusão pro meu lado.
MAURO: - Tudo bem, Gilson, tudo bem. Eu entendo você... É complicado ficar nessa situação.
Neste instante, Vitinho se aproxima, apressado, expressão preocupada.
GILSON: - O que foi Vitinho? Parece que viu um fantasma!
VITINHO: - Eu acabei de pegar os relatórios do Fundo Pró-Moda.
MAURO: - E então, como estão as coisas?
VITINHO: - Mal. Muito mal. O fundo tem um rombo enorme! Olha só.
Vitinho entrega os relatórios para Mauro, que se impressiona ao ler.
MAURO: - Mas é muito dinheiro! Como isso foi acontecer?
VITINHO: - Alguém acessou o sistema e fazia transferências clandestinas, sem informar.
GILSON: - Realmente, uma falha grave no sistema! Isso não poderia acontecer jamais!
MAURO: - Mas tem como saber quem pegou esse dinheiro todo?
VITINHO: - Quando a pessoa fazia a transferência, o número da conta ficava arquivado.
MAURO: - Tem aqui no papel...
Mauro reconhece o número.
MAURO: - Não pode ser...
GILSON: - O que foi, Mauro?
MAURO: - É o número da conta da Rosana! A desgraçada roubou dinheiro do fundo! Mas isso não vai ficar assim. Não vai!
CENA 09. CASA SÍLVIA. INT. DIA.
Sílvia está sentada no sofá, chorando, quando percebe alguém entrando em sua casa. Ela se vira rápido e vê Tereza. As duas trocam olhares.
TEREZA: - Eu vi a Melissa passar lá na frente de casa, chorando.
SÍLVIA: - A Melissa? Ela não disse para onde ia?
TEREZA (senta-se ao lado de Sílvia): - Nem tive tempo de perguntar...
SÍLVIA: - A gente brigou. Brigou feio. Na verdade, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que acabou pegando a gente em cheio.
TEREZA: - Um turbilhão de emoções. Eu também tenho sido atingida por muita coisa. Lógico, não são problemas familiares, mas são tão íntimos quanto.
Silêncio.
SÍLVIA: - Tereza, eu (pausa)
TEREZA (interrompe): - Eu sei que você não tem culpa de nada, Silvinha. Ninguém tem culpa quando o amor é o ator principal... Você e o Júlio já tem uma história muito antes de mim.
SÍLVIA: - Na verdade, a nossa história começou com a volta dele, depois da cadeia. Antes, era amor platônico.
TEREZA: - Mesmo assim já era amor... E eu fico muito feliz em saber que você não forçou nada para que isso acontecesse. Deixou rolar.
SÍLVIA: - Eu não tinha o direito de fazer alguma coisa, Tereza. O Júlio estava com você e... Eu sei o quanto é incrível quando a gente está do lado de quem ama.
TEREZA: - Deve saber também o quanto dói ouvir de quem você ama que ela não ama você. Que nunca amou. Que deitava na sua cama, pensando em outra pessoa. (enxuga uma lágrima que cai) Dói tanto, Sílvia. Tanto! Mas... Mas eu não posso nem ao menos dar uns tapas nessa sua cara! Eu não posso porque você não tem culpa nisso. Você... Você simplesmente deixou acontecer, nós deixamos acontecer.
SÍLVIA: - Nós deixamos. E o Júlio fez a escolha dele, Tereza.
TEREZA: - Eu sei e eu respeito muito, embora a dor no meu peito continue incomodando um pouco. Talvez demore um pouco para passar. Mas eu sei que ela vai passar.
SÍLVIA: - Eu vou torcer muito para que você também encontre um grande amor. Um novo amor.
TEREZA: - E eu torço para você superar todos esses percalços da vida. Não tenho filhos, mas imagino que ficar de mal com eles deve ser terrível para qualquer mãe.
As duas se abraçam.
SÍLVIA: - Obrigada pelo apoio, Tereza.
TEREZA: - No que precisar, eu estou aqui, tá?
CENA 10. CALÇADÃO DA PRAIA. EXT. DIA.
Melissa caminha desamparada pelo calçadão, chorando. Gaby vem fazendo sua caminhada em sentido oposto, quando encontra Melissa.
GABY: - Mas ali é a Melissa... Nossa, ela tá arrasada...
Gaby se aproxima de Melissa.
GABY: - Melissa, o que aconteceu guria? Tu tá tri mal!
MELISSA: - Ai Gaby, a minha vida é uma mentira...
GABY: - Tá, que tu mente eu já sei, mas (pausa)
MELISSA (interrompe): - Eu não sou filha de quem eu pensava que fosse. Eu fui enganada, Gaby. Eu não tenho ninguém!
GABY: - Bah, que triste, Melissa... (a si mesma) A Duda vai me matar, mas eu não posso ficar sem fazer nada... (a Melissa) Vem, Melissa, vamos lá pro apartamento. Lá você toma uma água, se acalma e me conta essa história direitinho, tá?
Gaby se abraça em Melissa e as duas seguem caminhando.
CENA 11. TRANSIÇÃO DO TEMPO. ANOITECER / CASA MARÍLIA. INT. NOITE.
Imagens do Rio ao anoitecer. Corta para casa de Marília. Bruno e Marília chegam a casa.
MARÍLIA: - Bom que você passou na agência e me deu carona, Bruno. Estou tão cansada que não me animava em pegar o carro e vir dirigindo.
BRUNO: - Eu imaginei. Você nem me telefonou hoje. Deve ter tido muito trabalho mesmo.
MARÍLIA: - Desculpa, meu amor... Mas a agência tá bombando. Muitas campanhas e agora tem o lançamento da Áurea Calçados. Preciso selecionar as modelos.
BRUNO: - Você vai mesmo fazer esse trabalho da Áurea? Mesmo depois de tudo o que o Fernando te fez?
MARÍLIA: - Eu não posso misturar a minha vida pessoal com a profissional, Bruno. O compromisso é com a agência e eu não posso perder.
BRUNO: - Tenho certeza que ele vai querer se aproximar de você de novo.
MARÍLIA: - Não precisa ficar com ciúmes, Bruno. Eu estou com você, não estou?
BRUNO: - Não completamente... Tá faltando alguma coisa para você ser minha por inteiro, Marília... Casa comigo?
MARÍLIA (surpresa): - Como é?
BRUNO: - Casa comigo. A gente se ama tanto, é tão feliz! Não tem porque a gente não casar!
MARÍLIA: - Nossa, Bruno, você me pegou de surpresa! Eu nem sei o que dizer.
BRUNO: - Diga sim!
MARÍLIA: - Eu não posso dizer sim, agora!
BRUNO: - Por que não? Não me ama?
MARÍLIA: - Eu amo, claro... Mas, agora eu estou envolvida em tantas outras coisas. Não estou com cabeça para casamento agora não, Bruno... Mas eu vou pensar com carinho na sua proposta. Eu juro!
BRUNO: - Tudo bem... Eu te dou o tempo que você precisar.
MARÍLIA: - Obrigada...
BRUNO: - Bem, vou indo nessa. Nos falamos amanhã?
MARÍLIA: - Claro.
Bruno beija Marília e sai. Ela fica pensativa.
MARÍLIA: - Casar... Será?
AMÁLIA (entrando na sala): - Se eu fosse você, aceitaria.
MARÍLIA: - Amália! Ouvindo a conversa dos outros?
AMÁLIA: - Deixa de ser boba, Marília! O Bruno está apaixonadíssimo por você! Dá uma chance pro rapaz e casa logo com ele!
MARÍLIA: - Quem sabe dos meus sentimentos sou eu, Amália... E o casamento pra mim agora não é prioridade... Dá licença que eu vou subir, tomar um banho e cair na cama! To morta de cansada!
Marília sai. Amália fica pensativa.
CENA 12. APTO SANDRA E TARSO. INT. / PORTARIA PRÉDIO. INT. NOITE.
Tarso se arruma para sair.
SANDRA: - Aonde você vai, Tarso?
TARSO: - Jantar de negócios. Fernando pediu para eu ir no lugar dele.
SANDRA: - Mas você nem me disse nada... (cheira o marido) Todo perfumado nesse jantar de negócios.
TARSO: - Eu preciso estar bem apresentado, Sandra. E eu não te falei nada porque você não para em casa. Se não tá no shopping, tá na casa de alguma amiga.
SANDRA: - Pra isso existe telefone celular... Poxa, Tarso, logo hoje que eu queria fazer um programa legal com você.
TARSO: - Vai ter que ficar para outro dia, querida. (pega sua maleta) Não demoro.
SANDRA: - Sei.
Tarso dá um selinho rápido em Sandra e sai. Sandra fica pensativa, um tanto desconfiada. Ela pega o telefone e liga.
SANDRA (ao telefone): - Alô? Fernando? (pausa) Oi Fernando, é Sandra! (pausa) Tudo bem... Escuta, Fernando, onde é o jantar de negócios que a empresa vai participar hoje? (pausa) Sim, o jantar que (pausa) Não tem jantar nenhum? (pausa) Tem certeza? (pausa) bom, claro que tem, você é o presidente... (pausa) Não, está tudo bem sim. Obrigada! Boa noite! Beijo na Marcinha! (desliga)
Sandra caminha de um lado a outro no quarto.
SANDRA: - Vou tirar essa história a limpo agora!
Sandra pega sua bolsa e sai do quarto. Ela passa pela sala, Talles está deitado no sofá assistindo TV.
TALLES: - Vai sair também mãe? Tá apressada!
SANDRA: - Eu vou sim, filho, mas não demoro.
TALLES: - E o meu jantar?
SANDRA: - Tem comida pronta na geladeira, chama uma pizza, se vira Talles!
Sandra sai. Ela chega à portaria do prédio, fazendo uma ligação no celular. Desiste.
SANDRA: - Nem a Karina atende... eu precisava conversar urgente com a minha amiga!...
Sandra vê o carro de Tarso saindo mais adiante na rua.
SANDRA: - Agora eu vou saber aonde é esse jantar de negócios...
Sandra pega o seu carro do outro lado da rua e decide seguir Tarso.
CENA 13. APTO GABY E DUDA. INT. NOITE.
Gaby e Melissa conversam.
GABY: - Ai Melissa, que coisa chata tudo isso...
MELISSA: - Eu fiquei sem chão, Gaby. A pessoa com a qual eu cresci, que me criou, não é minha mãe e ainda por cima, escondeu isso de mim a vida toda por puro egoísmo. Eu fui uma moeda de troca nessa história toda.
GABY: - Não fala assim, guria. Algum motivo sua mãe teve pra fazer isso contigo.
MELISSA (firme): - Ela não é a minha mãe.
GABY: - Ai, esqueci... Sua mãe mesmo é famosa Rosana Gonzales então?
MELISSA: - Essa mesma. Outra que não quis saber de mim. Por isso me trocou por desenhos. Será que eu sou tão insignificante assim, Gaby, pra ninguém gostar de mim?
GABY: - Não, claro que não!
Gaby abraça Melissa. Neste instante, Duda e Pedro chegam ao apto. Duda não gosta de ver Melissa no local.
DUDA: - O que essa garota ta fazendo aqui?
GABY: - Calma, Duda. A Melissa ta aqui só por um tempinho.
DUDA: - Veio roubar mais desenhos meus é?
PEDRO: - Calma aí, Duda. Acho que ela não ta bem não.
DUDA: - Não quero saber! Essa garota é mau caráter!
MELISSA: - Desculpa se eu te magoei, Duda. Mas agora eu estou passando por um momento muito difícil. Só aceitei vir pra cá pela insistência da Gaby. Não quero causar nenhum stress com você não.
GABY: - Ela descobriu que não é filha da mãe dela.
PEDRO: - Como assim?
GABY: - Ai! A mulher que ela pensava que era mãe dela não é sua mãe verdadeira. Ela é filha da Rosana Gonzales. Mas a Rosana nunca quis saber dela também. Bah, gente, que história triste...
DUDA: - É verdade, Melissa?
MELISSA: - Eu me sinto tão só... (chora)
Pedro e Duda se olham. Duda se aproxima de Melissa, consternada.
DUDA: - Desculpa, Melissa. Não sabia disso tudo não.
MELISSA: - Tudo bem.
DUDA: - Acontece que já tivemos tantas brigas... Ainda não suportei o fato de você roubar as minhas criações.
MELISSA: - Eu sei. Mas agora eu vou indo nessa.
PEDRO: - Tem certeza, Melissa? Tá bem?
MELISSA: - Eu vou ficar bem. Só preciso pensar um pouco mais na minha vida. Só isso... Obrigada Gaby pela companhia e pelo apoio. E desculpem qualquer coisa.
Melissa sai.
DUDA: - Será que eu fui muito rude com ela?
PEDRO: - Não... Mas essa história é bem triste. Imagina você de uma hora pra outra descobrir que não é filho de quem pensava ser e que a sua mãe biológica não quer saber de você?
GABY: - É tenso...
DUDA: - Tomara que ela fique bem. Embora a gente tenha as desavenças, eu não desejo isso pra ela não. Essa tristeza toda.
CENA 14. HOTEL LUXO. INT. NOITE.
Maria Helena e Diogo estão deitados na cama de um quarto luxuoso de um hotel. Maria Helena recostada sobre o peito de Diogo.
MARIA HELENA: - Você está cada vez melhor, rapaz.
DIOGO: - Acha mesmo?
MARIA HELENA: - Claro... Vou até te dar uma gorjeta bem gorda por isso... Não é a toa que a juventude é um período maravilhoso na vida de qualquer pessoa. Esse fulgor não existe depois.
DIOGO: - Quer repetir?
MARIA HELENA: - Eu quero sim! Mas não hoje... Eu preciso voltar pra casa! Falei para o Orestes que iria ao shopping fazer compras e até agora não voltei pra casa... Aliás, o nosso próximo encontro vai ser lá em casa.
DIOGO: - Na mansão? Mas é arriscado demais, Maria Helena.
MARIA HELENA: - Que nada, Diogo!... Eu sei como fazer tudo e não deixar furos... Eu quero ter o prazer de ficar com você na minha cama!
Maria Helena beija Diogo.
CENA 15. CASA SELMA E GILSON. INT. NOITE.
Gilson e Selma conversam em seu quarto. Rosana, da porta do outro quarto, escuta toda conversa.
GILSON (OFF): - Ladra! Ela roubou rios de dinheiro do Fundo Pró-Moda!
SELMA (OFF): - Não pode ser verdade! A Rosana sempre foi tão honesta!
GILSON (OFF): - O Vitinho mostrou pra gente os relatórios, Selma. É o nosso dinheiro que ela levou, dinheiro de outros investidores. Essa mulher é uma bandida!
Rosana se apressa em pegar suas malas e sair da casa. Ela pega sua bolsa, coloca algumas roupas numa mala e sai apressada. Descendo as escadas, encontra André na sala.
ANDRÉ: - Já vai embora, Rosana?
ROSANA: - Já sim, André. Não quero abusar da bondade de vocês. Mande um abração para a sua mãe para o seu pai e diga a eles que eu agradeço por tudo!
Selma e Gilson chegam à sala.
SELMA: - Saindo sem se despedir, Rosana?
ROSANA: - Eu não queria incomodar, Selma.
GILSON: - A sua despedida não seria um incômodo, Rosana. Seria um alívio, sua ladra!
ANDRÉ: - Papai!
SELMA: - Deixa seu pai falar, André... A Rosana roubou dinheiro do Fundo Pró-Moda, onde seu pai e eu éramos os maiores incentivadores. Essa mulher é uma golpista!
ROSANA: - Isso é mentira!
GILSON: - Os relatórios comprovam... É o número da sua conta, Rosana. Como você pode?
ROSANA: - Foi um ato impensado, mas eu vou devolver tudo, prometo. Agora eu preciso ir embora!
Rosana vai saindo, mas André a impede. Rosana o empurra, mas não consegue passar e acaba deixando a bolsa cair no chão. As joias que ela roubou de Selma caem para fora da bolsa.
ANDRÉ: - Ei, essas joias não são suas, mamãe?
SELMA (pegando as joias): - Você estava me roubando também, Rosana?!
Selma encara Rosana.
CENA 16. BOATE GLAMOURIO. INT. NOITE.
(sobe trilha “World Hold On” – Bob Sinclair) Sandra entra na boate, desconfiada. O lugar está bem movimentado. Walter/Waleska se apresenta no palco, entretendo o público.
SANDRA: - Eu vi o Tarso entrando nesse lugar... Mas veio fazer o quê aqui?
Sandra olha para todos os lados procurando Tarso, quando o enxerga no camarote. Tarso está observando o show de Waleska.
SANDRA: - O que o Tarso está fazendo sozinho nessa boate? Eu vou lá falar com ele.
Antes de Sandra sair, ela vê Karina chegar ao camarote, abraçar Tarso. Sandra fica surpresa. Karina beija o pescoço de Tarso e em seguida, os dois trocam um beijo caloroso. Sandra fica em choque. (fade out trilha “World Hold On” – Bob Sinclair)
CENA 17. CASA SÍLVIA. INT. NOITE.
Sílvia abre a porta de sua casa, Júlio entra.
JÚLIO: - Tentei falar com você, mas você não estava em casa.
SÍLVIA: - É, eu sai.
JÚLIO: - Eu vi. Você saiu com o Mauro, não foi?
SÍLVIA: - Sim, nós fomos almoçar...
JÚLIO: - Vocês dois andam bem próximos, não?
SÍLVIA: - Eu e o Mauro somos apenas amigos, Júlio.
JÚLIO: - Não foi isso que eu fiquei sabendo.
SÍLVIA: - Do que você está falando?
JÚLIO: - O Laerte viu vocês dois abraçadinhos aqui nesta sala outro dia. Fala a verdade, Sílvia. O que há entre você e o Mauro?
SÍLVIA: - Não há nada, Júlio! Eu e o Mauro somos apenas amigos... Ele me chamou para almoçar porque tinha uma proposta de trabalho para me fazer... Mas eu não aceitei. Só isso.
Sílvia senta-se no sofá, abatida.
JÚLIO: - Desculpa, amor. Eu fui bobo mesmo em acreditar no Laerte. Eu sei que você jamais me enganaria.
Júlio abraça Silvia. Neste instante, Laerte entra na casa.
JULIO: - Não se toca mais campainha não?
LAERTE: - Fica na tua, Júlio, porque o meu assunto não é com você.
SÍLVIA: - Laerte, eu já tive um dia muito difícil hoje e (pausa)
LAERTE (interrompe): - A Melissa descobriu tudo, Sílvia. Ela passou por mim chorando, eu tentei falar com ela e fui recebido com mil pedras!
JÚLIO: - A Melissa descobriu tudo o quê?
LAERTE: - Ah, você não sabe, Júlio? E olha que eu cheguei bem na hora do “eu sei que você jamais me enganaria”.
SÍLVIA: - Deixa de ser cínico, Laerte!
LAERTE: - Antes cínico do que mentiroso, não acha? As pessoas tem o direito de saber da verdade!
JÚLIO: - O que está acontecendo aqui?
LAERTE: - Já que a Sílvia não te falou nada, eu mesmo falo. A Melissa é sua filha, Júlio.
Júlio fica em choque.
JÚLIO: - Como é?!
LAERTE: - A Melissa é sua filha. Sua com a Rosana.
JÚLIO: - Não pode ser!
LAERTE: - É a verdade. Mas a sua amada Sílvia escondeu esse segredo por mais de vinte anos!
JÚLIO: - É sério, Sílvia?
SÍLVIA: - Eu posso explicar, Júlio.
LAERTE: - Vamos ao acerto de contas!
JÚLIO: - Então fala! Eu quero saber tudo! Por que você nunca me falou isso, Sílvia?!
Júlio encara Sílvia.
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